Revista valeparaibano edicao de maio de 2012

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POLÍTICA

CULTURA

Terreno mais valioso de S. José é de empresa com sede em paraíso fiscal

Nas redes sociais: Clarice Lispector nunca foi tão pop

FUTEBOL

Violência nos estádios é um problema mundial que aumenta a cada dia

Maio 2012 • Ano 3 • Número 26 R$ 7,80

AGORA SOMOS

METRÓPOLE Nosso desafio será conduzir o pensamento coletivo sem o uso político de cores e siglas nas 39 cidades da RMVale


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Opinião

Palavra do editor

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

RM Vale: o desafio da nova realidade

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lei que criou a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte foi sancionada pelo governador Geraldo Alckmin no dia 9 de janeiro em cerimônia no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão. E já ‘nasceu’ com o status de terceira maior do Estado e a décima maior do país, superando 27 regiões metropolitanas brasileiras, algumas lideradas por capitais, como Belém, Porto Alegre, Goiânia, Recife, Manaus e Curitiba. Chegou após dez anos de espera, desde que o projeto foi apresentado à Assembleia Legislativa de São Paulo pelo deputado Carlinhos Almeida (PT). Ficou parado até 2007, quando uma ofensiva conduzida pela Frente Parlamentar em Defesa do Vale do Paraíba acelerou a tramitação, análise, discussão e aprovação da proposta, que virou realidade há apenas quatro meses. Com quase 2,3 milhões de habitantes, R$ 55,5 bilhões de PIB –5,13% de toda a riqueza gerada no Estado–, a RM Vale virou a esperança de crescimento sustentável, principalmente às pequenas cidades há muito paradas no tempo, sofrendo com enxutos orçamentos municipais. Foi criada para permitir o planejamento e a gestão de questões e problemas comuns aos 39 municípios da região. E nesse contexto, investimentos em saúde, segurança pública, educação, saneamento básico e transporte dominam a pauta de prioridades. Tudo isso sem esquecer a esfera microrregional, principalmente nas cidades do Vale Histórico, onde é preciso recuperar estradas e promover o turismo para fortalecer a economia. A RM Vale precisa acelerar o desenvolvimento das cidades. A lei já foi criada e agora os prefeitos precisam fazer a sua parte: cobrar por mais verba do gorverno do Estado e pensar no crescimento regional, independentemente de siglas partidárias. E nesse processo, a contibuição da população será escolher nas eleições municipais deste ano os prefeitos que vão enfrentar o desafio de conduzir essa nova realidade para a região a partir de 2013.

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br REPÓRTERES Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Isabela Rosemback (isabela@valeparaibano.com.br) e Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br ARTE CAPA Ana Paula Comassetto anapaula@valeparaibano.com.br COLABORADORES Cris Bedendo e Franthiesco Ballerini COLUNISTAS Alice Lobo, Arnaldo Jabor, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti e Ozires Silva CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL Cristiane Abreu, Mellise Carrari,

Tatiana Musto e Vanessa Carvalho comercial@valeparaibano.com.br (12) 3202 4000 RIO DE JANEIRO E BRASÍLIA

Essencial Mídia Carla Amaral e Claudia Amaral (11) 3834 0349

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ASSINATURA E VENDA AVULSA 0800 728 1919 Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h FAX: (12) 3909 4605 relacionamento@valeparaibano.com.br www.valeparaibano.com.br

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A TIRAGEM É AUDITADA PELA

Marcelo Claret editor-chefe

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MODA

Sumário

A LINGUAGEM DA PASSARELA P94

ESPECIAL

RM Vale em debate Criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte já enfrenta seu principal desafio: conciliar as diversidades política, cultural e social das 39 cidades que integram esse novo projeto

POLÍTICA TERRENO

ON LINE

MUNDO FUTEBOL

O ‘pasto’ mais caro de São José P12

Clarice nunca foi tão pop P98

Torcedores em guerra P34

O mais valioso terreno urbano da cidade pertence à empresa com sede em um paraíso fiscal que negocia a área com a prefeitura ECONOMIA INTERNET

Crescem os clubes de compras na rede P20 Sites oferecem produtos com valores até 80% menores que os praticados no mercado ENTREVISTA CARLOS ARAÚJO

“A gente trabalha muito, mas também nos divertimos muito” P28

As redes sociais são inundadas por frases que nem sempre foram ditas por seus autores

VIRADA

Dia de som Virada Cultural traz Luiza Possi, Dominguinhos, Raimundos e outras atrações à região P106

A violência nos estádios é um problema mundial que aumenta a cada dia e que não mostra solução fácil TURISMO SERRA

Santo Antonio para casais P88 Ensaio Fotográfico p80 Hi-Tech p92 Cinema p108 Arnaldo Jabor p114

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Política

Da Redação Prefeitura gastou R$14 milhões com Pinheirinho Levantamento feito pelo PT de São José aponta o valor gasto na desocupação do terreno invadido por sem-teto

BRANCO & PRETO Sobre o processo de legalização do aborto de fetos anencéfalos, aprovado pelo STF em votação no mês passado

“A interrupção da gravidez de anencéfalos não pode ser examinada sob orientações morais e religiosas”

Marco Aurélio Mello Ministro do STF

CUSTO Dinheiro daria para construir 165 casas populares e pagar a dívida da Selecta com a cidade

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desocupação do Pinheirinho, terreno que pertence à massa falida da empresa Selecta, continua rendendo discussões depois de quatro meses da ação. A crítica recai novamente sobre a Prefeitura de São José dos Campos, desta vez mirando os gastos realizados com a reintegração. Segundo levantamento feito pelo PT de São José dos Campos, a administração gastou R$14 milhões com a operação pósdesocupação. O valor é pouco inferior à dívida de IPTU que a Selecta possui com o município (R$14,6 milhões) e daria para construir 165 casas populares, cada uma a R$ 85 mil, de acordo com padrão atual da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano).

O levantamento aponta ainda suspeitas com os R$ 2,7 milhões gastos com marmitex, café da manhã e lanche. O custo apenas do marmitex foi de R$2,2 milhões em 50 dias, que dariam para comprar 6.300 refeições por dia, número bem maior do que a quantidade de pessoas abrigadas nos locais improvisados pela prefeitura. O levantamento petista foi feito com base em dados do portal da transparência, investigação e por meio de laudos da Justiça. Há ainda uma suspeita petista sobre os gastos realizados pela Urbam no valor de R$ 642 mil para a prestação de serviços que seriam de competência da massa falida, como o transporte dos móveis das pessoas que foram removidas. A prefeitura não contestou os valores, mas acusou o PT de fazer política com os números. E quem não fez?

“Esta é a moderna depuração dos nossos tempos. A vida é um dom de Deus, está na sua autoridade dá-la e tomá-la”

Silas Malafaia Pastor evangélico

“A história da criminalização do aborto mostra que essa tutela se fundamenta na necessidade de preservar a dignidade”

Cezar Peluso Ministro do STF


Domingo 6 Maio de 2012

Pedro Simon, senador pelo PMDB

“Não me lembro de ocasião em que o Senado estivesse tão desgastado, tão no chão, tão espezinhado pela opinião pública como agora” Sobre o escândalo envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira

Geração de empregos recua no Vale

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esde a crise pela qual o Brasil passou no final de 2008 que a geração de empregos no Vale não amargava uma desaceleração. O saldo de postos de trabalho criados nas três maiores cidades da região foi negativo em 231 vagas. No ano passado, no mesmo período, 3.736 tinham sido abertas. São José dos Campos foi a cidade que teve o pior desempenho: saldo negativo de 576 vagas, segundo os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério do Trabalho. Os piores setores na cidade são comércio, construção civil e indústria.

Mensalão: há risco de ficar para 2013

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ministro Carlos Ayres Britto, que assumiu a Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado, avalia que se o julgamento do mensalão não for concluído até 30 de junho, ficará para o ano que vem. Segundo o ministro, o principal fator que inviabiliza o julgamento do caso no segundo semestre é a eleição. A partir de julho, seis dos 11 ministros do Supremo também estarão ocupados com o processo eleitoral, pois além do STF, fazem parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para

Somente em março, a construção civil foi responsável pelo fechamento de 327 vagas. Por conta do setor automobilístico, Taubaté foi a única que manteve um saldo positivo, com 647 vagas criadas. Entretanto, o número é bastante inferior ao registrado no mesmo período em 2011, quando a cidade contabilizou 1.476 vagas abertas. Em março, o pior desempenho da cidade foi no setor da construção civil. Jacareí perdeu 303 postos de trabalho na indústria neste primeiro trimestre. Os dados do Caged mostram que a região não acompanhou o cenário nacional. O Brasil registrou a criação de 111.746 vagas com carteira assinada em março. Em relação ao mesmo período de 2011, quando foram criados 92.775 postos, houve um aumento de 20,5%. Nos últimos 12 meses, houve aumento de 1.761.455 postos, o que equivale à expansão de 4,82% no número de empregos celetistas do país. A indústria de transformação foi o setor que teve um dos piores resultados do mês, com fechamento de 5.048 vagas com carteira assinada.

Ayres Britto, “não é bom que um processo dessa envergadura corra em paralelo com o processo eleitoral”. Britto será presidente do STF só até novembro deste ano, quando fará 70 anos e será obrigado a se aposentar. Nesse período, disse, pretende propor uma nova Lei Orgânica da Magistratura. Entre as mudanças estaria uma redução das férias anuais dos juízes, que atualmente são de 60 dias. Ele indicou que também pode discutir o fim do patrocínio de empresas privadas a encontros de magistrados. Ayres Britto ainda disse que deve tornar públicos os salários e os benefícios recebidos pelos juízes, além de divulgar os nomes das pessoas que têm reuniões com os ministros do STF. “O Judiciário, ele deve estar na vanguarda, e não na retaguarda do saneamento dos nossos costumes. Esses princípios do controle, da transparência, da visibilidade, devem ser exigidos e praticados pelo Poder Judiciário”.

Rejeição de ala do PMDB é desafio para Chalita em SP A pré-candidatura de Gabriel Chalita (PMDB) à Prefeitura de São Paulo tem estrutura e apoio da cúpula, mas carece de base partidária e, agora, sofre resistência aberta dentro do partido. Secretário municipal de Esportes, o peemedebista Bebeto Haddad disse que não vai se envolver na campanha. “Vou ficar na minha, ajudar só candidato a vereador”, disse. Bebeto, que era presidente do PMDB paulistano até ser trocado por Chalita, em 2011, calcula que seu grupo tem metade da sigla. Ligados a Orestes Quércia, morto em 2010, perderam poder para Chalita e o vice-presidente Michel Temer.Bebeto vinha sendo pressionado a sair da secretaria para deixar Chalita à vontade para criticar a gestão Gilberto Kassab (PSD), mas decidiu ficar. Uebe Rezeck (Participação), outro peemedebista pressionado a sair, disse ainda não ter posição. Bebeto criticou a pré-campanha: “Chalita tem que fazer uma campanha mais positiva. O candidato não é Kassab, mas José Serra e Fernando Haddad”. Na sexta, Chalita disse que os secretários são livres para ficar no governo e bem-vindos na campanha. Para seus aliados, Bebeto tem 30% do PMDB. O partido está reduzido na capital após várias eleições sem candidato a prefeito e não tem vereadores. Tem dois deputados estaduais e um federal –Chalita que terá ao lado “forças vivas”, como líderes comunitários, religiosos e internautas.


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Política DESAPROPRIAÇÃO

Pasto milionário Terreno urbano mais caro de São José pertence à empresa com sede em paraíso fiscal; prefeitura trava guerra na Justiça para desapropriar parte da área Hernane Lélis São José dos Campos

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uem sobe a Avenida Cassiano Ricardo, que corta parte da zona oeste de São José dos Campos, se vê cercado de prédios e condomínios luxuosos em meio a uma excelente infraestrutura de comércio e serviços. O cenário só muda em uma faixa de 800 metros, onde dezenas de gados pastam durante o dia numa área plana tendo como plano de fundo o Banhado, principal cartão-postal da cidade. O grande vazio urbano é avaliado em R$ 200 milhões –o mais caro do município– e pertence a uma empresa de corretagem de imóveis com matriz em um dos maiores paraísos fiscais do mundo: as Ilhas Virgens Britânicas. A gleba é uma das poucas que ainda resistem ao “boom” imobiliário da região, uma das mais valorizadas e desejadas do município, e está em nome de AL Trabulsi do Brasil, registrada na Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) como corretagem de aluguel imóvel com sede em São Paulo. No endereço da capital paulista funciona um escritório de advocacia onde trabalham duas brasileiras, uma sócia-adminis-

tradora e outra sócia-procuradora da dona do terreno. Ambas, que não quiseram comentar o assunto quando procuradas pela valeparaibano, têm participação de apenas US$ 1 na empresa, o restante do capital pertence a AL Trabulsi Bros. Real Estate Investment, offshore da cidade de Road Town, capital da ilha de Tortola, conhecido paraíso fiscal. Desde 2008 a Prefeitura de São José dos Campos trava na Justiça uma batalha com a AL Trabulsi do Brasil para desapropriar 7.093,30 metros quadrados do terreno para a construção de uma rotatória para ligar a Avenida Eduardo Cury ao Jardim das Indústrias, oferecendo a título de indenização o valor de R$ 564.858 à empresa. Por meio de seus representantes legais a AL Trabulsi questionou o preço oferecido e através de peritos nomeados pela Justiça chegou-se a pouco mais de R$ 2,3 milhões corrigidos monetariamente desde a data da elaboração do laudo pericial –julho de 2009– acrescidos de juros compensatórios de 12% ao ano, calculados sobre a diferença atualizada. A quantia foi considerada exorbitante pela prefeitura, que novamente pediu intervenção para uma nova avaliação da gleba sob alegação de que o laudo pericial se equivocou acerca do endereço do imóvel e, consequentemente, sobre o índice fiscal. A Justiça acolheu no dia 22

ÁREA NOBRE No mais valorizado terreno urbano de São José, as vacas dividem a paisagem com os prédios do bairro vizinho


Domingo 6 Maio de 2012

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Flรกvio Pereira


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Política Reprodução

de fevereiro desse ano o argumento e anulou o antigo valor estipulado de indenização até que seja realizada uma nova perícia. “A fim de ser cabalmente esclarecida a exata localização do imóvel expropriado, se no Jardim das Colinas ou no Jardim das Indústrias e seu valor real”, diz trecho do acórdão publicado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo Ainda não existe data para a realização da nova perícia, mas a prefeitura garante que pretende pagar o valor que for determinado pela Justiça já que está desapropriando a área para fins de utilidade pública. Sobre a proprietária do terreno, a administração afirma conhecer somente a AL Trabulsi do Brasil por meio da ação judicial. “A prefeitura busca sempre garantir o menor preço para os cofres públicos, mas vai cumprir o que for determinado pela Justiça que já determinou a realização de uma nova perícia na área”, esclareceu por meio de nota oficial a prefeitura. No início do ano, após a desocupação do Pinheirinho, a AL Trabulsi conseguiu na Justiça uma ação de interdito proibitório, que visa

ROTATÓRIA Prefeitura tenta desapropriar o trecho próximoà obra do ginásio (área clara da foto), no Jardim das Indústrias


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Política

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Divulgação

PARAÍSO A empresa proprietária do terreno tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal

evitar invasões em propriedades privadas. A empresa alegou que seu terreno estava sob ameaça de ocupação pelos antigos moradores do assentamento. Caso a determinação fosse descumprida seria aplicada uma multa diária de R$ 1.000 ao movimento sem-teto. O documento foi solicitado por duas advogadas que representam a empresa em São José. Nenhuma delas foi encontrada para comentar o processo de desapropriação movido pela prefeitura e sobre as procedências da AL Trabulsi do Brasil. Transações A área de 588.919 metros quadrados pertencia a uma empresa chamada São José S. A. Administração e Negócios, com sede em São Bernardo do Campo. Em 1983 foi comprada pela Avibras Indústria Aeroespacial, com instalações em São José dos Campos e Jacareí. No ano seguinte foi hipotecada ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para garantias de dívidas, saldadas em 1987. Quase dez anos depois, em fevereiro de 1996, a gleba foi alvo de uma penhora que durou apenas três meses requerida pelo Banco da Amazônia. Em 14 de agosto do mesmo ano o terreno foi comprado pela AL Trabulsi do Brasil por R$

15 milhões. A transação ocorreu apenas dois dias após a abertura da sede da companhia em solo brasileiro e foi registrada no cartório de Mococa –município a 315 quilômetros de distância de São José dos Campos. À época de sua constituição, o capital da empresa era de R$ 1.000, hoje, segundo declarado na Jucesp, chega a R$ 43,8 milhões. A empresa não mantém qualquer tipo de débito com a administração municipal, o IPTU (Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) desse ano, no valor de R$ 1,9 milhão, já foi quitado. A criação de uma offshore não é uma prática ilegal e nem tão pouco incomum. O sigilo sobre os proprietários é absoluto e há dezenas de empresas locais que dão o apoio administrativo para a instalação em paraísos fiscais. Com apenas US$ 900 é possível criar uma empresa, segundo pesquisas feitas pela nossa reportagem. Em vários casos, a sede da empresa no local é apenas uma caixa-postal e uma conta bancária. Interesse imobiliário Segundo a Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba), há anos, diversos construtores da região tentam comprar a área, mas desistem da empreitada diante da dificuldade em negociar diretamente com o

proprietário. Além disso, a classificação para o terreno dentro da nova Lei de Zoneamento também desestimula os empresários, uma vez que por se tratar de uma ZUC 1 (Zona de Urbanização Controlada) é permitido apenas imóveis horizontais no local. A última tentativa de compra foi realizada há quatro meses pelo ex-senador do PSDB, Tasso Jereissati, dono da rede de shoppings Iguatemi. “Lógico que se trata de uma propriedade privada, mas o dono poderia apresentar um projeto para a área, dizer o que ele quer fazer com essa gleba. É um grande vazio urbano que deve ser estudada sua viabilidade técnica para ser um bairro urbanizado ou outro tipo de empreendimento. Chamamos isso de ‘Master Plan’, criar um novo bairro urbanizado. Os proprietários deveriam apresentar um plano de ocupação à prefeitura para que seja analisado, mas ninguém sabe quem é o dono”, disse Cléber Córdoba, presidente da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba). Hoje, a infraestrutura que existe no local atende apenas as necessidades de bois e vacas que pastam na grama mais cara de São José dos Campos e de uma família reservada de quatro pessoas que mora em um pequena casa dentro do terreno. •


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Política

Ozires Silva

O Brasil está longe de atingir os níveis de competência mundial

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ue o mundo mudou, todos concordam. Também há acordo que as alterações continuarão avançando e possivelmente com velocidades ainda maiores do que acontece na atualidade. A disseminação do conhecimento cresceu de forma significativa e o estoque disponível das informações, em todos os campos, certamente já excede a capacidade individual ou coletiva captação e de uso com eficiência. Teorias e práticas têm sido formuladas para gerenciar os vários aspectos do conhecimento. Uma verdadeira revolução está presente na vida moderna e a característica básica desse real fenômeno é a crescente taxa de inovação que empolga os empreendimentos. As políticas nacionais e as iniciativas no Brasil, algo atrasadas quando comparadas com outros países, em particular com os emergentes, não aparecem em compasso com esse novo ambiente mundial e não proporcionam bases para taxas de progresso compatíveis com as observadas em outras áreas do globo. As reformas estruturais, aplicadas em várias regiões do mundo, ficaram longe dos nossos horizontes de mudanças. Mesmo se levando em conta o gerenciamento macroeconômico que caracterizou aqui várias ações da década dos 90 não conseguiu tornar reais evoluções comparáveis às atualmente observadas no mundo.

CAMINHOS “O que fazer para avançar e recuperar espaços perdidos?” Mais importante seria observar que o Brasil também fica atrás, quando se compara resultados das empresas dentro do nosso corrente ambiente nacional de negócios. Recentes constatações de equipes de estudo do Banco Mundial identificaram 80 variáveis críticas, coletadas entre 183 países, consideradas essenciais para o estabelecimento de regimes institucionais sólidos para o crescimento sustentado. Nossas posições nessa escala de comparações se mostraram em desvantagem e se alinharam como: regimes institucionais pouco estáveis e incentivos econômicos insuficientes; métodos e processos educacionais pouco eficientes; infra-estrutura estagnada e com investimentos insuficientes para assegurar o clima de competência capaz de vencer a concorrência internacional; sistemas de inovações sem mecanismos garantidos de implementação econômica, resultando em insuficiências de produtos e de marcas mundiais. Analisado pelas mesmas equipes do Banco Mundial, o Brasil, em termos de sua posição global na Economia do Conhecimento, está colocado no último terço da distribuição média, e atrás, por exemplo, do Chile e da Argentina.

Ozires Silva Engenheiro

ozires@valeparaibano.com.br

Quanto a educação foram destacados que: as matrículas no ensino fundamental, embora altas, mostram resultados pesadamente comprometidos pelos problemas das taxas de repetência e evasão; são claras as insuficiências na quantidade de jovens no ensino superior e isso claramente depende de custos, os quais se mostram distantes do rendimento médio do cidadão; adicionalmente a qualidade geral do ensino deixa a desejar, possivelmente consequência dos gastos por aluno que se mostram comparativamente muito baixos; a média de anos de escolaridade da força de trabalho e da alfabetização de adultos aparecem em níveis insuficientes, construindo um débito social crescente. Como conclusão, vem uma pergunta básica e importante: o que fazer para avançar e recuperar espaços perdidos? O Brasil dispõe de uma burocracia conservadora que vem se complicando. Nossos indicadores não são equivalentes aos encontrados no mundo bem sucedido, especialmente os relacionados com a responsabilidade governativa, estabilidade política, qualidade regulatória, além da extensão dos casos identificados de corrupção. Tudo isso precisa ser revisto e alterado. Embora, em alguns aspectos o quadro geral possa ter melhorado, claramente o país necessita avançar em pilares importantes, como os incluídos no Regime Econômico/Institucional e no da Educação abrangente e de qualidade. •



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Economia CONSUMO

Pechincha online Sites oferecem assinatura mensal de produtos com preços até 80% abaixo do mercado; itens entregues em casa vão de vinhos, sapatos, cervejas e até cuecas Hernane Lélis São José dos Campos

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falta de conhecimento sobre vinhos já não pode ser usado como desculpa para evitar que sua adega fique recheada de bons rótulos. O argumento também deixou de ser válido para garantir cervejas de qualidade dentro da geladeira. Sapatos, bolsas e acessórios novos também não precisam mais de pretextos para entrar em seu closet. Até mesmo deixar de renovar sua gaveta de cuecas por preguiça de ir ao shopping não vale mais. Tudo isso pode ser entregue agora no conforto de sua casa sem que você precise arrumar justificativas para ausência de algum produto ou ser grande conhecedor de marcas e tendências. Se para ler esta reportagem tudo o que precisou fazer foi buscar a revista valeparaibano na caixa de correio, o mesmo pode acontecer quando sentir vontade de beber um bom vinho, experimentar uma cerveja diferente, ou ainda desfilar com uma bolsa e um par de sapatos novos. Pagando uma quantia que pode variar entre R$ 20 e R$ 392 por mês, é possível desfrutar desses benefícios oferecidos pelo comércio eletrônico. A assinatura de produ-

tos, semelhantes à de revistas e jornais, está conquistando cada vez mais pessoas –principalmente as que reclamam de falta de tempo e informações para ir às compras. O modelo não é nenhuma novidade no Brasil, mas certamente poucos conhecem seus benefícios na internet. No final da década de 80 o “Clube do Livro” ficou bastante conhecido e funcionava da mesma maneira. Os associados pagavam uma mensalidade com valor pré-estabelecido para receber em uma data especifica de 4 a 6 livros de temas diferentes, seguindo suas preferências. A iniciativa ajudou a popularizar no país o drama “Cristhiane F - Drogada e Prostituída” e o romance “Estranho no Espelho”, do escritor norte-americano Sidney Sheldon. A maior diferença agora é que, além de garantir a entrega do item solicitado, alguns sites oferecem ainda uma espécie de curadoria de produtos, garantindo aos assinantes dicas com base no perfil do cliente. Harmonização de vinhos e cervejas, indicações de roupas e calçados, orientação para maquiagem, tudo sob orientação de especialistas, sendo que alguns, inclusive, assinam peças exclusivas para o portal de vendas, como a linha de sapatos do estilista Reinaldo Lourenço lançada em fevereiro para o site Shoes4You, especializado em sapatos femininos.

VINHOS O arquiteto Cláudio Filho, que deixou de comprar vinhos em lojas convencionais há quase 10 anos


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Flรกvio Pereira


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Economia

CLUBEER Cristiana Ficoni e Káthia Zannata, sócias nas cervejas

O portal está em operação há seis meses e conseguiu atingir nesse período um crescimento de 400% por bimestre em número de assinantes. A empresa cobra R$ 99,99 mensalmente para que cada sócia receba uma seleção personalizada de sapatos de acordo com seu perfil e escolha o que mais lhe agrada. Não é preciso comprar todos os meses e o frete e devolução, em caso de insatisfação com o produto, são grátis. Olivier Grinda, presidente da Shoes4You, explica que o site realiza mais que um e-commerce, funciona na verdade como uma plataforma para as associadas trocarem dicas, compartilharem opiniões e exibir suas aquisições. Outra vantagem apontada por ele é a questão da exclusividade nos produtos e a relação custo benefício, uma vez que alguns modelos podem custar até 80% menos do que se fossem vendidos em lojas de shopping, por exemplo. “Conseguimos bons preços por sabermos exatamente quantos pares de sapatos precisamos produzir em média para nossas associadas. São calçados de qualidade que não podem ser encontrados em lojas do ramo. A cada mês lançamos uma coleção diferente, garantindo sempre uma novidade”, disse Olivier. Pedido íntimo A falta de costume dos homens de sair de casa para comprar cuecas novas levou o site cuecaemcasa.com.br a fazer exatamente o que o nome

propõe: garantir a entrega das peças em domicílio aos que ainda não implantaram o hábito de renovar o conteúdo da gaveta. O negócio que parecia ousado prospera desde junho de 2010 e tem milhares de sócios. São cinco tipos de pacotes oferecidos, onde você personaliza o tamanho, modelo e cor da cueca, alguns incluem meias também. Os preços variam entre R$ 26,90 e R$ 78,90 por ano e as encomendas são enviadas em diferentes períodos. De acordo com Edgar Efeiche, um dos sócios da CD2C, dona do portal, os homens solteiros e que moram sozinhos são os principais clientes. Em sua visão, o perfil citado dependia até então de mães e namoradas para comprar as roupas de baixo. Agora, a assinatura é a forma mais econômica e cômoda de garantir cuecas de qualidade durante todo o ano sem precisar entrar em uma loja especializada ou adquiri-la em baciadas. Após a confirmação do pagamento da primeira mensalidade, o kit é entregue em no máximo 5 dias úteis. “Nosso índice de renovação das assinaturas é de 92%, um percentual excelente para quem está começando no mercado. Estamos trabalhando novas parcerias para oferecer outros produtos, como lâmina e espuma de barbear, perfumes e desodorantes, outras cores de cuecas e meias também. Quem não gostar do serviço pode cancelar a qualquer momento, sem pagamento de multa. Outra opção é congelar a assinatura. De repente a pessoa acha que não

vai precisar por um tempo de cuecas novas e pode interromper por um período o envio e, claro, o pagamento”, disse Edgar. Sommeliers Escolher uma boa cerveja e um bom vinho fugindo das marcas consagradas nas prateleiras de supermercados não é tarefa para qualquer um. Uma decisão óbvia, como levar o produto de maior evidência, nem sempre pode significar satisfação garantida a seu paladar. Por isso, se você se importa com a qualidade das garrafas que mantém dentro da adega e da geladeira de sua casa, mas não tem informações suficientes para escolher o que há de melhor no mercado, pode juntar-se aos associados do Clubeer e do Sociedade da Mesa. Também sob o regime de assinaturas, os clubes garantem a entrega mensal de diferentes rótulos das bebidas criteriosamente selecionadas. Logo no primeiro mês de lançamento do Clubeer, em novembro do ano passado, foram vendidas cerca de 250 assinaturas. Hoje, mais de 2 mil kits de cerveja já foram entregues em todo o Brasil. Por questões estratégicas, o número de associados não é divulgado. Quem quiser virar sócio deve escolher entre quatro pacotes disponíveis –com quatro ou duas garrafas de cervejas, entre nacionais e importadas. O valor pago pode variar entre R$ 44,30 e R$ 105 por mês. O assinante também é constantemente atualizado com notícias sobre as melhores cer-



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Economia

vejas do mundo e recebe dicas de combinações da bebida com pratos quentes e frios. “As cervejas que enviamos não são encontradas em supermercados, somente em empórios, praticamente. O valor de cada garrafa chega a ser até 30% mais barato que nessas lojas”, disse Kathia Zanatta, beer sommelier e sócia-fundadora do Clubeer. “A aceitação do público está excelente, além dos assinantes, temos 53 mil seguidores no Facebook. Isso indica que a aprovação do serviço está sendo boa, ainda que seja uma modalidade nova. Se você prefere conhecer um pouco mais sobre o universo mistificado dos vinhos, pode puxar a cadeira e sentar-se em frente ao computador para inscrever-se no Sociedade da Mesa. Neste clube você não precisa cheirar a rolha, balançar a taça ou fazer barulhos estranhos com a boca para passar a ideia de que sabe o que está fazendo com a bebida. Os vinhos são selecionados por enólogos altamente qualificados. Os rótulos entregues na sua casa seguem critérios como qualidade, novidade, uvas e vinificação, além de serem oferecidos por valores

inferiores aos encontrados no mercado. Em março, por exemplo, muitos assinantes receberam em suas residências uma reserva de 2009 do argentino Las Perdices, com valor de mercado de R$ 150 em média, mas os assinantes pagaram R$ 98. A caixa oferecida vem com quatro garrafas, juntamente com um informativo sobre as variedades, ou seja, se optar por seis unidades pagará naquele mês R$ 392. Por meio desse guia você degusta um pouco da história da seleção do tinto e branco que recebeu, curiosidades sobre os rótulos e sugestões de harmonização. Aos poucos seu conhecimento sobre a cultura dos vinhos ficará ainda mais aguçado. Benefícios Cláudio Daniel Rodrigues Filho, 64 anos, deixou de comprar vinhos em casas especializadas há quase dez anos, quando assinou o Clube da Mesa. O arquiteto de São Francisco Xavier foi um dos primeiros associados a provar os benefícios de se ter um enólogo por correspondência. Quando aderiu ao formato,

apenas 60 pessoas participavam do projeto –hoje são quase 12 mil assinantes. Para ele, a maior vantagem em participar de clubes de assinatura está na certeza de que irá receber produtos de qualidade com preços bem abaixo do que encontraria no mercado. “Não sou um profundo conhecedor de vinhos, mas aprecio a bebida. Para não ter erro na escolha e garantir uma variedade de rótulos, resolvi assinar. Já notei que cheguei a pagar até 65% do valor de mercado cobrado em uma garrafa no clube. Além disso, as safras são sempre as melhores. Por comprarem em grande quantidade, conseguem bons produtos de vinícolas pequenas e grandes. Outra vantagem é a oportunidade que temos em conhecer vinhos de países com pouca tradição na produção”, disse Cláudio, que aprova o surgimento de assinatura de outros produtos. “O mercado vai absorver cada vez mais essa tendência desde que o custo benefício seja interessante. Economizar tempo no trânsito, evitar a correria de supermercado e lojas, filas em geral, para comprar pequenas coisas é interessante”, resumiu. •



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Ciência & Tecnologia

Fabíola de Oliveira

Acordos do ITA com instituições americanas são bons, mas...

O

s possíveis resultados da visita da presidente Dilma aos Estados Unidos no mês passado levam a algumas reflexões sobre uma questão específica que é, acredito, a principal diferença cultural, social, econômica e política entre os dois países –o sistema educacional e o desenvolvimento científico e tecnológico. Não precisamos voltar aos modelos de colonização português e britânico, onde os sociólogos apontam as raízes dessas diferenças, mesmo porque não podemos mudar nossa origem civilizatória. Mas podemos, e devemos, refletir e agir hoje para ver nos americanos o que realmente de bom eles têm a nos oferecer. Atenho-me a comentar sobre a carta de intenções assinada entre o ITA e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a aproximação com a Universidade de Harvard, situada a poucas quadras do MIT, em Cambridge. Primeiro, um ponto a esclarecer. O Brasil envia estudantes de pósgraduação ao exterior desde a década de 1960, a pós-graduação com bolsas sanduíche vem crescendo desde então, e o MIT foi o modelo que inspirou a criação do ITA. Portanto, essa aproximação não é uma grande novidade, como fizeram crer os porta-vozes do governo, e a mídia tratou de repercutir.

MIT O instituto americano serviu de inspiração para a criação do ITA, em São José

A questão que não se resolve e que continua a nos distanciar dos americanos, é o que acontece nos dois extremos da formação dos cidadãos americanos e brasileiros, e o que vem depois da formação superior, ou seja, o mercado de trabalho. Lá, o acesso à formação dos ensinos fundamental e médio de qualidade é público e capaz de atender a toda a população nessa faixa etária. Ou seja, o investimento maior do governo na educação concentra-se na formação básica das pessoas. As grandes universidades são privadas, mas os bons alunos conseguem bolsas que na maioria não são concedidas pelo governo, mas por doadores, sobretudo empresas de ex-alunos bem sucedidos. A filantropia é uma prática enraizada na cultura americana. As universidades e todo o sistema de desenvolvimento científico e tecnológico, buscam seguir programas afinados com o que a sociedade realmente precisa

Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br

para crescer e ser cada vez melhor. E embora seja inegável que a crise econômica recente tenha enxugado postos no mercado de trabalho, os EUA seguem em frente na liderança mundial em vários campos. Aqui sabemos como é. Se os pais querem uma boa formação básica para os filhos, e podem pagar, procuram uma escola particular e amargam pesadas mensalidades até o filho chegar à universidade. E se ele for bom, ingressa em uma boa universidade pública! Mas mesmo sendo bom, agora que fazer universidade também ficou mais fácil, ninguém garante que haverá emprego. É ou não é um terrível contrassenso? Temos sim muito a aprender com os americanos. Pena que muito do que aprendemos limita-se aos péssimos hábitos alimentares (que lá também estão mudando) e ao consumismo bestial. •


GRANDES OBRAS SOCIAIS E DE SANEAMENTO ESTÃO EM ANDAMENTO.

O futuro de São José não é uma promessa, mas uma realidade que se consolida dia após dia. Com diversas obras em execução, incluindo estações de tratamento, tubulações e reservatórios, São José tem como meta atingir 100% de água tratada, que hoje alcança 95%, além de esgotos coletados e tratados. Isso faz com que a cidade tenha um dos melhores sistemas de saneamento do país. As nascentes dos rios e córregos, além das áreas verdes da cidade, passam constantemente por um programa de recuperação, com o plantio de mudas nativas. Com isso, São José é modelo de preservação, garantindo a qualidade da nossa natureza e da água que chega às nossas casas, e ajudando também na revitalização do Rio Paraíba. Esta é a São José que estamos fazendo hoje, construindo o amanhã.

SÃO JOSÉ: FUTURO EM CONSTRUÇÃO.


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Entrevista

Dois Pontos >Carlos Araújo, gerente de negócios do Google, tem missão de ampliar acessos em época de disputa acirrada entre as gigantes das redes sociais

“A gente trabalha muito, mas também nos divertimos muito” Hernane Lélis São José dos Campos

S

e para encontrar respostas às perguntas mais inesperadas do dia a dia você costuma acessar a internet, certamente conhece o Google. A plataforma de busca mais utilizada da web está incorporada à vida das pessoas. Seja um estudante primário ou um alto executivo de uma multinacional, todos têm na ferramenta um item indispensável para seus afazeres. Carlos Araújo, 34 anos, usava o site para pesquisas relacionadas a seu trabalho, hoje o trabalho do engenheiro elétrico é fazer com que cada vez mais pessoas acessem o Google. Contratado como gerente de negócios da filial brasileira do gigante da internet, ele divide seu tempo entre promover ações de marketing vinculadas ao Google e os campeonatos de tênis de mesa que eventualmente acontecem na empresa. “Estou no Google há seis anos, quando comecei tínhamos apenas 20 pessoas, hoje já tem bastante gente, então dá para se divertir ainda mais. Tem gente que gosta de aproveitar o tempo para fazer uma massagem. Cada um se diverte como quer”, disse Araújo. Conquistar uma mesa no Google, seja de escritório ou de pebolim, é o sonho de muita gente. Para cada oportunidade anunciada, o departamento de recursos humanos recebe, em média, mais de 200 currículos do Brasil e de outros países. Em entrevista a revista valeparaibano, Carlos Araújo revela qual o perfil do candidato desejado pela empresa. “O importante é a pessoa ser bastante pro-

ativa, gostar de encarar problemas e ter menos medo de pedir desculpa do que pedir permissão”. Fala também sobre o futuro do Orkut. “Acho que para a parte de comunidades, ainda não existe substituto para o Orkut”. Diz o que pensa sobre as celebridades criadas pelo Youtube. “É mais um efeito do que os usuários estão interessados do que do próprio Youtube. As pessoas utilizam tanto para interagir que acabam criando esse tipo de coisa naturalmente”. E revela qual sua opinião a respeito da polêmica que envolve a privacidade dos usuários da internet. “Acredito que o usuário deve sempre ter o controle total do que deseja compartilhar. A ideia do Google é essa, você tem que ter todo o controle de sua privacidade, decide o que quer abrir ou não. Deve também ter a portabilidade dessas informações”. Procurei seu nome no Google e encontrei pouquíssimas referências sobre o seu trabalho. O que faz o gerente de negócios do Google Brasil? < Ele foca em um determinado segmento, uma indústria específica, para entender muito bem este mercado. Por exemplo, sou focado no segmento de educação, então toda minha equipe estuda muito como funciona o mercado de educação para oferecer a esse pessoal as melhores soluções em internet. Normalmente focamos em como podemos dar mais performance ao setor e fortalecer suas marcas para diferenciá-los com nossas ferramentas. Dá para se divertir neste cargo como propõe a filosofia de trabalho do Google? < Dá para se divertir muito. A gente trabalha muito,

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Flávio Pereira

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PERFIL NOME: Carlos Augusto da Cunha Araújo IDADE: 34 anos NATURALIDADE: São Paulo

ORKUT “ACHO QUE O GOOGLE VAI MANTER SIM O ORKUT, ELE É UMA FERRAMENTA MUITO UTILIZADA. ACREDITO QUE VAI CONTINUAR POR BASTANTE TEMPO”

FORMAÇÃO: Engenharia elétrica, pela USP (Universidade de São Paulo) CARGO: Gerente de negócios do Google no Brasil


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Entrevista Fotos: reprodução

NA WEB Julie Nomura, 4 anos, de São José, ensina a fazer maquiagem. Vídeo foi campeão de acessos

ALEGRIA Vídeo com irmãos cantando a música “Galhos Secos” bombou na internet

YOUTUBE “QUANDO A PESSOA COLOCA UM VÍDEO LÁ E ACABA SE ESPALHANDO ENTRE OS USUÁRIOS DA REDE, O SUJEITO SE TORNA UMA CELEBRIDADE INSTANTÂNEA” mas também nos divertimos muito. Estou no Google há seis anos, quando comecei tínhamos apenas 20 pessoas, hoje já tem bastante gente, então dá para se divertir ainda mais. Temos campeonatos de várias modalidades, o clima é bem descontraído mesmo. Participamos de campeonatos de pebolim, que o pessoal chama de totó no Rio de Janeiro, tênis de mesa, tem gente que gosta de aproveitar o tempo para fazer uma massagem. Cada um se diverte como quer. Por que muita gente sonha em trabalhar no Google e o que o profissional precisa ter para conseguir uma vaga? < Acho que são algumas coisas. Uma é que as pessoas gostam muito de empresas inovadoras e o Google é focado nisso. Sempre fazer parte de alguma coisa nova e oferecer produtos novos. A segunda coisa é por se identificarem com a missão do Google, que é organizar todas as informações do mundo e torná-las úteis e acessíveis para todos. Isso em si é algo que atrai muitas pessoas. Sinto que o meu trabalho tem um fundo social, graças ao que estamos fazendo, as pessoas estão alcançado lugares que poderiam ser inimagináveis. Isso atrai o jovem hoje, principalmente àquele que tem por trás

de tudo alguma causa, algum projeto. Então tem que ter um pouco de altruísmo, empreendedorismo e espírito revolucionário? < Ajuda, mas uma coisa bacana do Google é que as pessoas têm perfis muito diferentes. Eu, por exemplo, sou formado em engenharia elétrica, tenho outra pessoa na minha equipe que é formada em administração, temos outro rapaz que é engenheiro de produção, tem gente formada em letras, jornalismo, tem de tudo. O importante para a empresa é a pessoa ser bastante proativa, gostar de encarar problemas e ter menos medo de pedir desculpa do que pedir permissão. É melhor ver uma oportunidade e fazer o negócio. Se não der certo apenas avisar que não deu certo. Não ficar pensando muito. Recentemente uma notícia falsa circulou na internet afirmando que o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, considerava que os usuários brasileiros estavam “estragando” sua rede social. O brasileiro faz bom uso desse tipo de ferramenta? < Se fosse verdade eu não concordaria com ele. Porque o brasileiro é muito engajado na internet, temos


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sede pelo novo. Então porque o Google Plus ainda não vingou? < Acho que é mais uma questão de percepção. Quando a gente dá uma olhada no Google Plus, vemos que tem uma boa quantidade de gente utilizando. Ainda é um produto um pouco diferente, que está sendo criado. A percepção das pessoas é diferente. O que você pensa dessas sub-celebridades criadas com ajuda de ferramentas do Google, como o Youtube, por exemplo? < Vejo o Youtube mais como uma plataforma social do que como uma plataforma de vídeos. Quando a pessoa coloca um vídeo lá e acaba tendo uma visualização muito grande, acaba se espalhando entre as pessoas, o sujeito se torna uma celebridade instantânea. Surgem de um dia para o outro. Isso é mais um efeito do que os usuários estão interessados do que do próprio Youtube. O Youtube está ali mais como um veículo, as pessoas o utilizam tanto para interagir que acabam criando esse tipo de coisa naturalmente. PROPOSTA GOOGLE “A ideia do Google é que você tenha todo o controle de sua privacidade, decide o que quer abrir ou não. Deve também ter a portabilidade dessas informações”

80 milhões de usuários. Não é muito, outros lugares têm muito mais. Ainda sim o brasileiro é o primeiro e, em alguns casos, o segundo em adoção de vários produtos do Google. O Orkut foi um exemplo disso. Sempre campeão de usuários no Brasil, os brasileiros adoram o Gmail e também usam diversos outros produtos com muita ênfase que não são do Google. Isso tudo de forma saudável, na maior parte das vezes. Não acha que o brasileiro estragou o Orkut? < Acho que não. Você tem alguma rede social? < Uso muito o Google Plus. Se você me procurar lá vai ver que costumo postar bastante coisa. Usava mais o Twitter, só que está um pouco desatualizado por falta de tempo mesmo. Comecei a usar recentemente o Pinterest, que você pode marcar algumas coisinhas. O Orkut você não usa? < Uso muito para verificar aniversários principalmente e algumas comunidades. Eu acho que a parte de comunidades do Orkut ainda não existe substituto. Em sua visão o Google deve manter o Orkut?

< Acho que sim, ele é uma ferramenta muito utilizada. Acredito que vai continuar por bastante tempo. Por que o Orkut perdeu espaço para o Facebook? < Não saberia dizer. Sou muito mais focado na parte de propaganda, mas acredito que sempre existe uma

E o mercado de blog. Ainda vê mercado para essa plataforma? < Sim. O blog é algo para um tipo de conteúdo que muda um pouco a internet, sempre vai ter seu espaço. Antes as pessoas tinham o blog para colocar coisas mais pessoais, agora usam redes sociais para isso. O que temos hoje são blogs de opiniões, blogs de nichos que nunca vão embora. Existem blogs que eu sigo há quatro anos, mas o meu mesmo não atualizo mais por utilizar o Google Plus para isso. No entanto, outras pessoas seguem fiéis à plataforma. Acredita que a política de privacidade na web deveria ser mais rígida para seus usuários? < Acredito que o usuário deve sempre ter o controle total do que deseja compartilhar. A ideia do Google é essa, você tem que ter todo o controle de sua privacidade, decide o que quer abrir ou não. Deve também ter a portabilidade dessas informações. Se eu quiser hoje sair do Google e ir para outro lugar, quero ter a certeza de que eu posso fazer isso com segurança. O Google dá os controles do público ou ser totalmente anônimo. O Google tem conseguido crescer e conquistar espaço oferecendo serviços gratuitos. Até quando este modelo se sustenta? < Acredito que o sucesso do Google é em função da qualidade de seus serviços. Enquanto o produto for de qualidade, útil e relevante as pessoas naturalmente vão continuar utilizando. Uma grande preocupação nossa é que tudo quanto é tipo de propaganda seja útil, seja relevante. O produto é feito para ser útil e relevante, dessa mesma forma tem que ser o anúncio. Temos uma preocupação quanto a isso, o usuário deve inclusive gostar da propaganda. Mas o Google tem alguns serviços pagos, comercializamos alguns produtos. •

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Vale, Brasil & o Mundo

Frases

SEGURANÇA PÚBLICA

“O parlamento tem servido de balcão de negócios para políticos”

STJ liberta acusada de matar norte-americano em São José

Do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, em referência ao recente escândalo que envolve o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira

“Não vou intervir na escalação da seleção, delego com muita responsabilidade para poder cobrar de maneira eficiente e muito dura“ Da presidente da CBF, José Maria Marin, sobre o técnico Mano Menezes

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) libertou a esteticista Regina Filomena Crasovich Rachid, 45 anos, acusada de matar o namorado norte-americano, Raymond James Merrill, 56 anos, em abril de 2006, em São José dos Campos. O pedido de habeas corpus encaminhado pela defesa da suspeita, em março de 2011, só foi julgado um ano depois. Regina estava presa na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, desde junho de 2006, condenada por roubar 3.000 euros de um doleiro. De acordo com o despacho da ministra Laurita Vaz, ela estava presa por mais tempo do que determina a lei –principal argumento usado na apelação da defesa. Com a decisão, Regina poderá aguardar o julgamento em liberdade. Solta em 15 de março, estaria fora de São José visitando familiares. Ela pode ir a júri popular ainda neste ano pelo assassinado de Merrill, respondendo pela acusação de homicídio e ocultação de cadáver. Outros dois acusados de envolvimento no crime, Nelson Siqueira Neves e Evandro Augusto Ribeiro, estão presos e também podem ser beneficiados por habeas corpus impetrados pelos respectivos advogados. Segundo a Polícia Civil, Regina conheceu Merrill em um site de relacionamentos. Ele encontrou-se com a acusada em três oportunidades em São José. Na última visita, desembarcou no Brasil em 21 de março de 2006 e nunca mais voltou aos EUA. Segundo a polícia, ele foi mantido sedado por cinco dias na casa de Regina. Em 1º de abril, Merrill foi morto por estrangulamento e seu corpo foi queimado e jogado numa estrada rural de Caçapava. Regina foi presa em 2 de junho de 2006 acusada de roubar o doleiro em São José. Na bolsa dela estava o cartão de banco de Merrill. Em setembro de 2006, Ribeiro foi preso em Cabo Frio (RJ), confessando o crime. Neves foi preso em 19 de setembro de 2008, em Minas Gerais.

“O Peluso se acha. A Eliana (Calmon) ganhou tudo. Ele (Peluso) não sabe perder. Ele tem uma amargura” Do ministro Joaquim Barbosa, sobre o colega Cezar Peluso, que deixou o comando do Supremo Tribunal Federal. Cargo foi ocupado pelo ministro Carlos Ayres Britto INDÚSTRIA

AGRICULTURA

Volkswagen abrirá 8.000 vagas na região

Embrapa fará mapeamento

A Volkswagen anunciou que investirá R$ 8,7 bilhões nas fábricas de Taubaté e de São Bernardo do Campo até 2016. Com os recursos, o complexo industrial da Volks no Vale do Paraíba será o maior da montadora em toda a América Latina. 8.000 empregos, sendo 1.000 diretos e 7.000 indiretos, devem ser gerados na região no período, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. Com o investimento, a fábrica de Taubaté vai elevar a produção diária para 1.900 veículos –hoje são 1.050 carros. Nas negociações com o sindicato, ficou definida que a PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) da montadora para 2012 será de R$ 12.500. Para os demais anos, o valor será corrigido de acordo com a inflação.

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) vai mapear toda a agricultura no país por imagens de satélite. O mapeamento permitirá, por exemplo, avaliar o impacto das mudanças no novo Código Florestal, daqui a cinco anos. As informações obtidas serão importantes para desenvolver tecnologias que tornem o Brasil de fato a “âncora verde da agricultura no mundo”. Neste ano, a prioridade da Embrapa, com orçamento previsto em R$ 2 bilhões, é contribuir com o planejamento das políticas regionais para a agricultura.


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EDUCAÇÃO

CIÊNCIA

Toma posse novo reitor da Univap

Análise de DNA reforça elo entre humanos e gorilas

O novo reitor da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), Jair Cândido de Melo, tomou posse com a missão de recuperar a credibilidade e elevar os níveis de qualidade de ensino da universidade nos próximos anos. Foi eleito pelo Conselho Curador da FVE (Fundação Valeparaibana de Ensino) para o cargo que esteve por 20 anos nas mãos de Baptista Gargione Filho. Gargione deixou a universidade depois que o MP interveio no comando da instituição, estabelecendo regras para tornar a gestão mais transparente. Outro desafio de Melo será combater a queda no número de alunos matriculados –em 2006, eram 10 mil estudantes de graduação e hoje são 6.000. Ele também pretende elevar a carga horária mínima de aula por dia para quatro horas a partir de 2013. Melo, que já foi reitor do ITA (Instituto Tecnológico Aeroespacial) e atuava como coordenador das engenharias na Univap, foi eleito para uma gestão de quatro anos.

Gorilas e humanos são bem mais parecidos do que se pensava, ao menos quando o assunto é genética. Força-tarefa envolvendo 71 pesquisadores de várias partes do mundo concluiu recentemente o primeiro sequenciamento completo do DNA desses macacos. O estudo revelou que alguns genes são mais parecidos entre humanos e gorilas do que entre nós e os chimpanzés, considerados nossos “parentes” mais próximos. Para chegar a esse resultado, o grupo de cientistas esmiuçou o genoma de Kamilah, uma gorila-comum-ocidental, de 31 anos, e comparou os resultados com os genes dos outros três grandes primatas: humanos, chimpanzés e orangotangos. A surpresa veio na similaridade dos genes. Embora o DNA de humanos e chimpanzés seja, de uma maneira geral, bem mais parecido, 15% do genoma dos humanos é mais similar ao dos gorilas do que ao dos chimpanzés. Nesse conjunto, destacam-se genes ligados ao desenvolvimento do cérebro e da audição. O trabalho também usou as informações genéticas para estimar em que período aconteceu a separação de cada uma das espécies de seu ancestral comum. A separação dos orangotangos foi a primeira, há cerca de 14 milhões de anos. A dos gorilas teve lugar em torno de 10 milhões de anos atrás. Já a divisão entre humanos e chimpanzés foi mais recente, há 6 milhões de anos. Embora os gorilas estejam trazendo pistas sobre a nossa evolução, os humanos não estão colaborando com a deles. Diversas populações, sobretudo a dos gorilas-das-montanhas, estão em risco elevado de extinção devido à atividade humana.

LEI SECA

Tribunal livra de prisão quem recusar bafômetro O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que o motorista que não fizer o teste do bafômetro ou o exame de sangue não pode ser preso pelo crime de dirigir embriagado. Na prática, a decisão esvazia os efeitos da lei seca em casos de ação penal. Como ninguém é obrigado a oferecer provas contra si, se o motorista se recusar a fazer o bafômetro em uma blitz, não poderão mais ser aceitas, para fundamentar um processo criminal, o testemunho de um

Parlamentares podem perder 14º e 15º salários A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou o fim dos 14º e 15º salários dos parlamentares. A proposta precisa passar pelo plenário para começar a valer. O benefício rende até R$ 58 mil aos deputados e senadores. O relatório do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi aprovado por unanimidade. O projeto prevê que os deputados e senadores recebam apenas duas ajudas de custo durante todo o mandato, uma no início e outra no fim. Hoje, os dois salários extras são pagos anualmente.

guarda de trânsito, por exemplo, ou o exame clínico que aponte a embriaguez. As punições administrativas, como suspensão da CNH ou multa, continuam valendo com o exame clínico e a prova testemunhal. A lei seca, em vigor desde 2008, exige, para prisão, um grau mínimo de seis decigramas de álcool por litro de sangue (dois chopes). A aferição só pode ser feita por bafômetro ou exame de sangue. Geralmente, quando um motorista era flagrado embriagado, além das punições administrativas, também respondia à ação na Justiça que poderia levá-lo à prisão. A pena máxima é de três anos. A decisão valerá para todos os casos idênticos.


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Mundo SEGURANÇA

Cartão vermelho A violência entre torcidas já extrapolou os muros dos estádios; no Brasil e na Europa problema só aumenta Yann Walter São José dos Campos

o dia 25 de março passado, horas antes do clássico entre Corinthians e Palmeiras pela 16ª rodada do Campeonato Paulista, a avenida Inajar de Souza, na zona norte de São Paulo, foi tomada por centenas de torcedores dos dois clubes armados com paus, pedras, barras de ferro e rojões. Havia pelo menos uma arma de fogo. André Alves Lezo, 21 anos, e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira, 19, ambos integrantes da Mancha Alviverde, a torcida organizada do Palmeiras, morreram após o confronto. Menos de uma semana depois, na véspera do clássico entre Goiás e Vila Nova pelo Campeonato Goiano, Diego Costa de Jesus, torcedor do Goiás, morreu ao ser baleado nas costas por um torcedor do Vila Nova durante uma briga de torcidas em um parque da região sul de Goiânia (GO). O jovem de 23 anos era deficiente físico. André, Guilherme e Diego são as últimas vítimas de uma violência que já ceifou ao menos 52 vidas desde 1999 em todo o país. O Brasil é hoje o país que tem o maior número de mortos em confrontos ligados ao futebol: há dois anos, deixou para trás a Itália e a Argentina, ex-

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‘campeãs’ do ranking. De lá para cá, pelo menos outras dez pessoas morreram, sendo quatro nos dois últimos meses. Dez dias antes do enfrentamento entre palmeirenses e corintianos, Anderson Ferreira, 28 anos, morreu após uma briga entre torcidas organizadas do Guarani e da Ponte Preta na Avenida Ayrton Senna, em Campinas. Membro da Fúria Independente, do Bugre, Anderson foi espancado com barras de ferro e pedaços de madeira por torcedores da Ponte. Golpeado repetidas vezes na cabeça quando estava caído, sofreu traumatismo craniano e faleceu no hospital. A sucessão de óbitos está se tornando uma dor de cabeça para as autoridades brasileiras, empenhadas em mostrar uma boa imagem do país que sediará a Copa do Mundo dentro de dois anos. O problema é que, assim como vem acontecendo na Europa, os confrontos entre torcedores se deslocaram de dentro para fora dos estádios. Agora, as brigas ocorrem na rua. “A extinção das torcidas organizadas surtiu efeito. Em oito anos, de 1995 para 2003, o número de ocorrências por jogo diminuiu de 16,4 para 0,3 em São Paulo. Com a medida, as organizadas perderam força, mas a violência migrou para fora delas. Hoje, os atos violentos são perpetrados por pequenos grupos, independentes uns dos outros, sobre os quais as organizadas não têm controle. Esta pulverização da violência dificulta muito o trabalho dos

BOCA JUNIORS As torcidas na Argentina têm relação estreita com políticos, uma aliança perigosa

policiais”, destacou Fernando Capez, promotor criminal do Estado de São Paulo. Capez ficou conhecido por conseguir a extinção da Mancha Verde, do Palmeiras, e da Independente, do São Paulo, em agosto de 1995, meses depois de uma batalha campal entre as duas torcidas que deixou um morto e mais de cem feridos durante uma partida de juniores no Pacaembu. “O golpe foi dado no momento certo, quando as facções ameaçavam dominar os estádios. O objetivo principal da medida é a asfixia financeira. Quando uma torcida organizada é processada, perde tudo: sede, contas bancárias, aplicações financeiras e relevância. Tem que recomeçar do zero”, explicou o promotor.


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Fotos: divulgação

Sem controle No entanto, 17 anos depois, o problema continua mais vivo do que nunca. A Mancha Alviverde substituiu a Mancha Verde, e a Tricolor Independente veio no lugar da Independente. O número de seus integrantes, de fato, diminuiu, mas o número de mortos aumentou. Dos estádios, a violência foi para as ruas, onde é mais difícil de ser controlada. O uso de armas de fogo se tornou mais frequente. Ao contrário do que acontece na Europa, a maioria das mortes de torcedores no Brasil é causada por impactos de balas. O mesmo ocorre na Argentina, o país dos ‘barras bravas’. Lá a situação é ainda pior, pois as torcidas organizadas têm muito mais poder.

Comandados, em alguns casos, por verdadeiros criminosos, seus membros são usados por políticos inescrupulosos como seguranças ou cabos eleitorais e acabam adquirindo um peso político importante, particularmente bem vindo em época de eleição. Quando não conseguem dinheiro dos políticos ou dos clubes, os ‘barras’ não duvidam em recorrer aos próprios jogadores para financiar seus deslocamentos. Claro, respostas negativas não são bem aceitas. Para Fernando Capez, a presença de criminosos comuns nas torcidas organizadas é um dos maiores problemas do futebol no Brasil. “Observamos que pessoas com gravíssimos antecedentes criminais estão envolvidos nestas brigas. São traficantes, ou assaltantes,

que se aproveitam do anonimato proporcionado pela presença dos outros torcedores para acertar contas e resolver desavenças pessoais”, afirmou o promotor. Renato Rodrigues Marques, professor de Educação Física da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto, vai além. “O confronto do dia 25 de março não foi entre Mancha e Gaviões, e sim entre dois grupos rivais, com interesses próprios. É importante destacar que a violência não é o feito das torcidas organizadas, e sim de alguns elementos inseridos nelas”. Na opinião de Renato Marques, os grupos violentos do Brasil e da Europa apresentam algumas semelhanças. Embora não haja tan-


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Mundo

tos criminosos comuns e armas de fogo nas torcidas europeias, as motivações, no fundo, são as mesmas. “Assim como os grupos daqui, que nem podem ser chamados de torcedores, as gangues de lá usam o futebol como justificativa. São pessoas violentas, que não precisam do esporte para criar confusão. Se não fosse o futebol, brigariam por outro motivo”. Fatores externos Na Europa, porém, as rivalidades são acirradas por fatores externos. Muitos dos clássicos mais ‘quentes’ do planeta têm componentes extracampo que estimulam a oposição –e, em alguns casos, o ódio– entre as duas torcidas. História, religião e política são alguns exemplos. A cidade de Glasgow, na Escócia, abriga uma das rivalidades mais fortes do futebol: o clássico entre Celtic e Rangers, conhecido como ‘Old Firm’. Enquanto os fãs do Celtic são, em maioria, católicos descendentes de irlandeses, os torcedores do Rangers são protestantes. Na Itália, a capital vive no ritmo dos confrontos entre a Roma e a Lazio. A Irriducibili, da Lazio, é considerada a torcida organizada mais violenta da Europa. Fascistas assumidos, seus integrantes costumam hostilizar os jogadores negros, ostentar faixas antissemitas e expressar apoio a personalidades controversas como o ditador Benito Mussolini, aliado de Hilter na Segunda Guerra Mundial, e o paramilitar sérvio Arkan, que comandou o massacre de milhares de pessoas na Bósnia e na Croácia nos anos 90. Já a torcida da Roma é tradicionalmente de esquerda. A rivalidade entre os dois clubes –que dividem o mesmo estádio– era ainda maior nos anos 70, época marcada pelos enfrentamentos entre as Brigadas Vermelhas e as facções italianas de extrema-direita. A Inglaterra é um caso a parte. O país dos ‘hooligans’ foi o primeiro a ter problemas com brigas de torcidas em grande escala. O pico de violência foi atingido nos anos 70 e 80, quando torcidas organizadas como os Headhunters, do Chelsea; a Inter City Firm, do West Ham; e os Bushwackers, do Millwall, organizavam verdadeiras batalhas de até três mil pessoas. West Ham e Millwall têm a mesma história. Ambos foram fundados no fim do século 19 por estivadores e operários da construção naval da parte leste de Londres. Mas as semelhanças não impedem as torcidas de se odiarem. Até hoje, um clássico entre os dois clubes é garantia de confusão. O último, ocorrido em 2009, teve três invasões de estádio e um torcedor esfaqueado. A rivalidade é retra-

EGITO Torcedor sendo acudido por segurança do estádio durante confronto de torcedores

“O que fazemos hoje é correr atrás do prejuízo. Estamos sempre na reação, e não na ação. Só conseguiremos impedir as brigas com um verdadeiro trabalho de inteligência” Do promotor, Fernando Capez

tada no filme ‘Hooligans’, lançado em 2005. Os hooligans ingleses ganharam projeção internacional em 1985. No dia 29 de maio, o Liverpool ia enfrentar a Juventus na final da Copa dos Campeões da Europa. O palco do duelo era o estádio belga de Heysel. Milhares de torcedores se aproveitaram da segurança inexistente para entrar sem ingresso. Antes da partida, uma centena de fãs do Liverpool invadiu o setor onde ficavam os ‘ultras’ da Juve. Muitas pessoas que não tinham nada a ver com a briga tentaram fugir, criando um gigantesco empurra-empurra na arquibancada lotada. Balanço da ação: 39 mortos, sendo 32 italianos.


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Egito A pior tragédia recente ligada ao futebol não aconteceu no Brasil, na Argentina ou na Europa. No dia 2 de fevereiro deste ano, a cidade de Porto Said, no Egito, foi palco de barbárie e selvageria que não era visto há mais de dez anos em um estádio. A equipe local, Al-Masry, recebia o AlAhly, do Cairo, um dos clubes mais tradicionais do país. Para a surpresa geral, o Al-Masry venceu o jogo por 3-1. Logo depois do apito final, centenas de locais invadiram o campo, perseguiram os jogadores do Al-Ahly e agrediram os torcedores adversários com extrema violência, sob o olhar indiferente dos policiais. Balanço da ação: 74 mortos e cerca de mil feridos. Para alguns especialistas, o massacre não aconteceu por acaso, e teve motivações políticas. Vale lembrar que as luzes do estádio foram apagadas assim que começou a confusão. Muitos acreditam que o marechal Mohamed Hussein Tantawi, que dirige o país desde a derrocada do presidente Hosni Mubarak, precisava de justificativas para estender o estado de emergência, revogado dias antes. Além disso, é sabido que muitos torcedores do Al-Ahly são jovens que tiveram participação ativa no levante da Primavera Árabe e depois nas manifestações contra os militares na capital egípcia.

Providências O governo inglês tomou uma série de providências. O consumo de bebidas alcoólicas nas arquibancadas foi proibido logo em 1985. No ano seguinte, os hooligans conhecidos pela polícia foram sistematicamente impedidos de entrar nos estádios. Invasões de campo passaram a ser punidas com cadeia em 1991. O monitoramento com câmeras se generalizou, e o preço dos ingressos para os jogos foi multiplicado por dez entre 1980 e 2010. Agentes da polícia britânica se infiltraram nas organizadas para identificar e prender os torcedores envolvidos em atos de violência. O Brasil está muito mais atrasado que a Inglaterra em sua luta contra os grupos violentos que gravitam em torno do futebol. Embora tenha sido útil na década passada, o banimento das organizadas dos estádios é hoje uma medida ultrapassada, já que a violência é praticada fora deles por pequenos grupos. O cadastramento dos torcedores é

TRAGÉDIA Cerca de mil feridos e 74 mortos durante a confusão em Porto Said

uma necessidade, mas não é suficiente. Para o promotor Fernando Capez, a luta contra os grupos violentos tem de ser tratada como prioridade. “O que fazemos hoje é correr atrás do prejuízo. Estamos sempre na reação, e não na ação. Só conseguiremos impedir as brigas com um verdadeiro trabalho de inteligência. É preciso criar uma força tarefa para investigar os líderes destes grupos. Temos que usar as mesmas ferramentas que usamos para combater o crime organizado: interceptações telefônicas, infiltração de agentes, e também monitoramento das redes sociais. As investigações têm de ser individualizadas”, afirmou. Porém, na opinião do professor Renato Marques, não basta identificar os baderneiros. Eles também têm que ser punidos. Um caso é particularmente emblemático. Em janeiro de 1992, o corintiano Rodrigo Gasperi, 13 anos, morreu ao ser atingido na cabeça por uma bomba caseira supostamente lançada por torcedores são-paulinos durante uma partida entre junio-

res dos dois times. Hoje, mais de duas décadas depois, ninguém foi condenado pelo crime. O caso está arquivado, sem solução. “É preciso aplicar punições mais severas aos baderneiros, para acabar com o sentimento de impunidade. Foi desta forma que os europeus conseguiram superar o problema”, afirmou. Para o professor, a repressão individual é o melhor caminho para resolver a questão da violência no curto prazo, mas, para ter efeitos mais duradouros, deve ser acompanhada por políticas públicas de educação. “A paixão suscitada pelo futebol desencadeia emoções e sentimentos irracionais, que favorecem as rivalidades. Essas inimizades naturais são exacerbadas por dirigentes e jogadores –que, supostamente, deveriam dar o exemplo– e também pela imprensa, que instiga as polêmicas entre uns e outros para vender jornal. A rivalidade faz parte do futebol, mas talvez esteja na hora de repensar esta abordagem”, afirmou. •


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Especial

ESPECIAL

RMVale: o novo desafio Criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e do Litoral Norte enfrenta sua primeira missão: conciliar as diversidades política, cultural e social das 39 cidades que integram o projeto criado para garantir a resolução de problemas em comum dos municípios e definir projetos que atendam as necessidades da população


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Hernane Lélis e Isabela Rosemback São José dos Campos

I

nstituída, no início do ano, com os objetivos de agilizar soluções práticas para problemas em comum nos municípios e de definir projetos que atendam às necessidades da população, a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e do Litoral Norte encontra em sua própria essência os primeiros desafios para o seu desenvolvimento. Os 39 prefeitos que compõem a RMVale admitem na falta de experiência em lidar com essa gestão participativa o maior obstáculo para chegar a um consenso sobre as medidas que devem ser adotadas para promover o crescimento conjunto, garantindo que a ferramenta criada pelo Estado não seja usada como instrumento político de cores e siglas. A RMVale foi idealizada há quase dez anos, com a apresentação do projeto ao governo estadual, sob o argumento de que não haveria justificativas técnicas para que o grupo de municípios do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira não recebesse o mesmo prestígio das outras três regiões paulistas que já usufruem do título de metropolitanas –Santos, Cam-

Fotos: Flávio Pereira

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pinas e São Paulo. Afinal, o conglomerado urbano daqui configura-se entre os mais importantes do país, com uma população de 2,3 milhões de habitantes e com PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 55,5 bilhões –correspondente a 5,13% de toda a riqueza gerada no Estado. Apesar de os números o credenciarem com o status de região metropolitana, o novo modelo político em nada adiantará se não for bem administrado por seus gestores, ainda que, Edson Aparecido, secretário de Desenvolvimento Metropolitano do Estado, esteja otimista. “Está criado um sistema que é novo, moderno, eficiente e tem o apoio de todos os prefeitos e de todos os parlamentares de forma suprapartidária. Não tem como dar errado. Assim como nas outras regiões deu certo, no Vale será a mesma coisa. O gerenciamento de um investimento tem de ser tomado de forma mais ampla, de modo que todos ou a grande maioria dos municípios sejam beneficiados”, defende. A tarefa de gerir os negócios da RMVale foi incumbida ao prefeito Eduardo Cury (PSDB), de São José dos Campos, empossado como presidente do Conselho Administrativo no último dia 23. O tucano deve estabelecer, entre outros trabalhos, um plano de desenvolvimento integrado com diretrizes bem definidas. Também terá a obrigação de es-


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Especial

MESA DIRETORA O prefeito Eduardo Cury, eleito presidente do Conselho Administrativo da RMVale, fala na cerimônia de posse

timular ações conjuntas de interesses comuns entre os agentes públicos, além de elaborar regimento, convocar audiências públicas e fazer deliberações sobre os projetos que chegarão das cinco sub-regiões que compõem a RMVale, sendo elas as de São José dos Campos, Taubaté, Guaratinguetá, Cruzeiro e Litoral Norte. “A primeira coisa que temos de fazer é organizar e estruturar o trabalho. Depois considerar as prioridades já nas próximas reuniões, olhando sempre a cidade vizinha para entrar em um acordo sobre quais são as prioridades coletivas, lembrando que somos muitos e com muitas diferenças. O objetivo principal é o equilíbrio econômico e social sustentável de todos os municípios envolvidos”, declarou Eduardo Cury, ao ser empossado. Desde que foi firmada a criação da região metropolitana, a quarta do Estado e a 42ª do Brasil, os prefeitos de cada uma das subdivisões da RMVale chegaram a elaborar e a apresentar projetos de melhoria para o setor do qual fazem parte. Encontros individuais com representantes do Estado também foram promovidos com o intuito de que as prioridades de cada município fossem consideradas separadamente. Reuniões entre os prefeitos e técnicos da RMVale, e a troca de experiência com profissionais envolvidos em outros projetos semelhantes, no país e até mesmo fora dele, completam o processo de estudos para ações que visam a estruturação definitiva da região. A partir disso é que os recursos poderão ser repassados pelo Estado, para a realização das obras. Se haverá uma contrapartida dos municípios, bem como se ela será padronizada, ainda é algo controverso e que demanda novas reuniões para que seja fixado. Até o momento, o conselho mostra-se alinhado ao concordar que os investimentos iniciais devem ser focados na otimização dos atendimentos em saúde e na criação de novos acessos viários, além de melhorias e ampliações

em algumas pistas, em estradas que cortam os municípios. Ainda assim, muitas questões internas, sobre como serão formalizados certos procedimentos, continuam na pauta de debate dos representantes regionais. “É um processo lento. Tem hora para nascer, para ser cultivado e para, mais à frente, dar os frutos que deverão ser colhidos”, abranda Hamilton Bernardes Junior, prefeito de Pedreiras e presidente da Região Metropolitana de Campinas, da qual fazem parte 19 municípios. “No nosso caso, estamos no 12º ano de formação e vejo que somos uma criança entrando na adolescência. A cada gestão, fomos construindo algo novo, e agora é que estamos começando a ver os resultados disso. A diferença é que não tínhamos, no início, o suporte que a região do Vale do Paraíba está tendo do Estado. Acredito que isso acelere o funcionamento dela”, compara. Paulo Wiazowski, presidente do Conselho Administrativo da Região Metropolitana da Baixada Santista e prefeito de Mongaguá, também ressalta as dificuldades que os chefes do Executivo das nove cidades que compõem a RMBS enfrentaram no início do projeto estadual. “Foi uma quebra de barreiras e paradigmas para a gente, as coisas não saíam como deveriam acontecer, com estabelecimentos de metas e problemas específicos. Mas também sempre houve a boa vontade de todos os participantes em tirar projetos positivos. Sinto que nesses últimos anos existe um entrosamento, uma integração muito grande e um amadurecimento nas discussões de políticas públicas voltadas à questão metropolitana muito forte”, explica. Superação Entre os maiores desafios da RMVale inclui-se o objetivo de fazer com que esses 39 municípios, com características geográficas e econômicas tão variadas, consigam chegar a um entendimento sobre o que deve sair, prio-


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ritariamente, do papel. AlĂŠm da preocupação, demonstrada por parte dos prefeitos, de que alguns municĂ­pios possam tender a pleitear mais urgĂŞncia aos seus pedidos, essas vocaçþes diversificadas podem interferir de outras maneiras nas estratĂŠgias que deverĂŁo ser traçadas. Enquanto o Vale HistĂłrico ĂŠ formado por pequenos municĂ­pios, com menores orçamentos e que vivem praticamente da agricultura, da pecuĂĄria e do turismo, no eixo de SĂŁo JosĂŠ dos Campos o polo industrial fortalece a economia. No Litoral Norte, enquanto Ubatuba e Ilhabela focam açþes para atrair turistas de maneiras menos predatĂłrias e mais sustentĂĄveis, CaraguĂĄ e SĂŁo SebastiĂŁo optam por aliar infraestrutura a atividades comerciais e industriais mais efetivas. “Vejo como um problema os municĂ­pios terem sido agrupados em subgrupos seguindo um critĂŠrio mais polĂ­tico. Se mais tĂŠcnico, consistiria em unir cidades com situaçþes sociais semelhantes. O grande desafio da RMVale, hoje, ĂŠ pensar regionalmente a partir da uniĂŁo de cidades que tĂŞm necessidades diferentesâ€?, ressalva Edson Trajano Vieira, pesquisador do Nupes (NĂşcleo de Pesquisas EconĂ´mico-Sociais) da Unitau (Universidade de TaubatĂŠ). Ele usa como parâmetro a classificação usada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica), que coloca em um mesmo grupo, por exemplo, Paraibuna e SĂŁo Luiz do Paraitinga. “Do jeito como foi feito aqui, o interesse comum acaba sendo dificultado. Vale lembrar que essa regiĂŁo jĂĄ teve experiĂŞncias semelhantes que nĂŁo deram certo, uma em 1971 e, outra, em 1986. Na dĂŠcada de 1970, objetivava-se melhorar a distribuição de renda, mas as cidades mais ricas ficaram mais ricas e, as mais pobres, mais pobres. Os riscos, agora, podem ser os mesmosâ€?, adverte Trajano. Como justificativa para o fracasso do consĂłrcio firmado

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ESCOLHA Eleição do Conselho Administrativo reuniu os 39 prefeitos no Parque Tecnológico de São JosÊ

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Especial

na dĂŠcada de 1970, que ĂŠ objeto de estudo do pesquisador, ele aponta a falta de participação efetiva de prefeitos em reuniĂľes, o que teria isolado os municĂ­pios de menor porte em uma busca ineficiente de soluçþes para seus problemas. “Os grandes municĂ­pios devem participar. A falta de apoio Ă s cidades menores acaba gerando um fluxo migratĂłrio para esses grandes centros, por suas ofertas de serviços, e isso tambĂŠm acaba gerando mais problemas sociais para eles, que terĂŁo maiores despesas, inclusive. NĂŁo pode haver bairrismo, ainda que ele permaneça forte aqui, e as cidades mais ricas precisam repensar a sua autonomia. Isso deve refletir, tambĂŠm, nas campanhas eleitorais deste ano, que devem começar a focar questĂľes regionais. NĂŁo individuais, nem transferindo responsabilidades de problemas locais aos municĂ­pios vizinhos, como costuma serâ€?, considera. Ainda que haja essa cumplicidade entre os chefes do Executivo, as cidades nĂŁo estarĂŁo blindadas contra a migração, uma vez que, uma melhora na qualidade de vida e um possĂ­vel aumento de postos de trabalho, consequentes do desenvolvimento econĂ´mico, podem despertar o interesse de pessoas de outras cidades em se mudar para a regiĂŁo. “As regiĂľes metropolitanas enfrentam problemas relativos ao aumento populacional. O fĂĄcil acesso e a qualidade de vida fizeram com que a RegiĂŁo Metropolitana da Bai-

xada Santista se transformasse em moradia para quem trabalha na capital. Esse aumento traz mais acĂşmulos na realização de serviços pĂşblicos, uma preocupação com a segurança, a saĂşde, e uma preocupação com a mobilidadeâ€?, alerta o prefeito Paulo Wiazowski, de MongaguĂĄ. Gargalos O problema ĂŠ que alguns assuntos ainda sĂŁo espinhosos nas rodas de discussĂŁo da RMVale, nĂŁo havendo um consenso –e, em alguns casos, muito menos entendimento dos prefeitos– sobre como alguns procedimentos devem ser instaurados. A começar pela criação do Fundo de Investimentos Metropolitano, uma ferramenta de captação de recursos financeiros para serem aplicados a favor das melhorias propostas para a nova regiĂŁo formada. O governo estadual determina, a princĂ­pio, que todos os integrantes da RMVale contribuam para o fundo, assim como acontece nas outras trĂŞs RMs do Estado. A verba teria de partir do Estado com contrapartidas da receita de cada municĂ­pio, que, no caso da RM Vale do ParaĂ­ba e Litoral Norte, varia entre R$ 8 milhĂľes e R$ 1,7 bilhĂŁo. Em alguns casos, unem-se ao montante de investimentos da UniĂŁo. Mas nem todos os 39 prefeitos que compĂľem o conselho pensam ser, esse, o modelo ideal para o perfil da regiĂŁo.

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Divulgação

LITORAL NORTE Porto de São Sebastião, que será ampliado pelo Estado: projeto foi incluído no pacote de obras da RMVale

Municípios com orçamentos reduzidos e com menos habitantes alegam não terem renda suficiente para aplicar no fundo e temem que essa participação comprometa o repasse de seus orçamentos a necessidades básicas locais. “Vamos discutir mais à frente o fundo, que terá a participação do governo do Estado e dos municípios, além de empréstimos nacionais e internacionais. Isso não impede que, mesmo sem o fundo criado, o governador faça investimentos na região. Já aconteceu isso em outras regiões metropolitanas”, diz o secretário Edson Aparecido. “Depois vamos determinar pelo regimento do fundo quais serão as contribuições de cada órgão. Isso tem de ser feito de forma conjunta, todos os municípios precisam contribuir”, concluiu. Entre as obras que estavam em negociação com o governo estadual, já definidas mesmo sem o regimento do Fundo, estão a duplicação da Rodovia dos Tamoios, ampliação do Porto de São Sebastião e prolongamento da Rodovia Carvalho Pinto. A política de participação municipal no Fundo de Investimentos é discutida pelo Conselho Administrativo de cada RM, por isso, não existe um padrão específico criado pelo Estado. O único consenso é que todas as cidades contribuam com um determinado valor. Na Região Metropolitana da Baixada Santista, por exemplo, o repasse é mensal e a quantia pode variar de acordo com a receita de cada município, assim como a retirada da verba, quando aprovada pelo conselho, para aplicação em algum projeto. A participação de Mongaguá no Fundo, segundo o prefeito Paulo Wiazowski, é de R$ 12 a R$ 13 mil. A retirada pode acontecer a cada 12 meses. “O fundo é uma receita que vem para dar ao gestor a possibilidade de elaboração de projetos que, às vezes, a gente tem dificuldade de realizar com o orçamento próprio. Cada cidade, dentro de certos critérios, deposita um dinheiro e o Estado

faz uma contrapartida também. Se eu fizer um depósito, por exemplo, que ao longo do ano deu um total de R$ 100 mil, tenho um retorno, no final, de aproximadamente R$ 240 mil. Cada município que estiver em dia com a sua contribuição recebe o dinheiro para aplicação em um projeto metropolitano previamente aprovado pelo conselho”, esclarece. Os recursos aprovados podem ser usados em obras de âmbito municipal, desde que o resultado final atenda o principal ponto da RM: a coletividade em seus benefícios. O mesmo critério de interesse comum é adotado na região de Campinas, mas, lá, a contribuição dos municípios ao fundo é anual e pode ser paga de uma vez ou em parcelas. “Temos uma agência que é o braço operacional do conselho. A porcentagem com que cada município contribui é estabelecida tendo como base um cálculo específico, que resulta no valor anual e proporcional que deve ser pago. A forma como essa verba será distribuída, então, torna-se debate no conselho, onde serão votados os projetos considerando as prioridades da região”, explica Hamilton Bernardes Junior, presidente do conselho da Região Metropolitana de Campinas. Para ele, municípios menores questionarem se devem ou não fazer parte do grupo que vai investir dinheiro no fundo é um erro. “Não é vantagem não pagar, porque ganha-se uma parcela do Estado e, mesmo com um valor de contribuição alto, o retorno é muito maior”, garante. Na RMVale, as opiniões dos prefeitos divergem quanto à melhor forma de angariar verbas. Há, inclusive, quem defenda que as indústrias instaladas na região destinem parte dos impostos para os fundos, bem como quem proponha que uma parte maior do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) deva ser repassada aos municípios. Algumas cidades menores preferem receber


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ESTRADAS Vista da Rodovia dos Tamoios, o principal acesso ao Litoral Norte: duplicação também foi inserida na RMVale

um repasse inicial para melhorar o orçamento, para posteriormente participarem do investimento. Na avaliação de Miguel Matteo, diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o fato de não existir um padrão de captação de recursos e aplicação no Fundo de Investimentos garante maior autonomia às cidades. “Cada região gere da maneira que achar melhor. A RMVale só não pode juntar municípios que não tenham problemas comuns entre eles. Se um município não tem problema semelhante ao outro, ele não sofre esse processo de metropolização. Então, como ele vai discutir qual é a parte dele desse fundo ou não?”, argumenta. Para Matteo, os prefeitos não podem ver a região metropolitana simplesmente como um instrumento para captar verbas. “Ela não pode ser considerada um meio de distribuição de recursos, ainda que muitos prefeitos pensem assim. Para isso existe a política fiscal, e a RM não faz parte dela. Institucionalizar uma metrópole é ação para resolver problemas comuns de caráter metropolitano e não se deve usar isso para fins estritamente financeiros. Esse pensamento acaba com a proposta da RM, é preciso ter objetivos comuns que não sejam fiscais”, finaliza. Prioridades Independentemente do modelo que será adotado para a captação de recursos, consenso entre os membros do conselho da RM Vale do Paraíba e do Litoral Norte é que serão tratadas com prioridade questões que envolvem a saúde e os acessos viários nos municípios. A criação de mais quatro hospitais regionais –um para


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cada sub-regiĂŁo, com exceção de TaubatĂŠ, que tem a Ăşnica unidade jĂĄ consolidada– ganha destaque nos debates. SĂŁo SebastiĂŁo jĂĄ ofereceu um terreno na divisa com Caraguatatuba, GuaratinguetĂĄ pleiteia que as instalaçþes do hospital Frei GalvĂŁo sejam utilizadas para esse fim, Cruzeiro tambĂŠm pede uma unidade, ainda que nĂŁo tenha projeto definido para tanto, e SĂŁo JosĂŠ dos Campos jĂĄ negocia com o Estado a construção de um novo hospital para atender Ă demanda de moradores de outras cidades. Com esses novos centros de saĂşde, a população da regiĂŁo ganharia atendimento amplificado em especialidades das quais os seus municĂ­pios nĂŁo dispĂľem de profissionais ou equipamentos, bem como teriam acesso a mais leitos de UTIs e mais vagas para a realização de exames de maior complexidade, desafogando o sistema pĂşblico local. Soluçþes, essas, que deverĂŁo ser debatidas na prĂłxima reuniĂŁo do Conselho Administrativo, marcada, inicialmente, para o prĂłximo dia 28 na sub-regiĂŁo de Cruzeiro. No mesmo encontro deverĂŁo ser deliberadas as necessidades regionais no setor de transporte, principalmente no que diz respeito Ă criação e Ă melhoria de acessos viĂĄrios para fomentar o turismo, facilitar o escoamento de produtos agrĂ­colas e industriais e dar maior fluxo nos corredores mais congestionados. Estradas vicinais, estaduais e

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federais entram na mira dos administradores municipais. A implantação do transporte metropolitano ĂŠ outra medida e jĂĄ encontra-se em estudo. Uma comissĂŁo formada por quatro secretarias estaduais analisa qual a melhor maneira de integração do sistema na RMVale e tambĂŠm nas demais RMs. A ideia, segundo o secretĂĄrio Edson Aparecido, ĂŠ que a Secretaria de Transporte Metropolitano assuma de vez a gestĂŁo do setor, que hoje ĂŠ de responsabilidade da Artesp (AgĂŞncia Reguladora de Serviços PĂşblicos Delegados de Transporte do Estado de SĂŁo Paulo) e do DER (Departamento de Estradas de Rodagem). “Existe uma comissĂŁo que estĂĄ fazendo um estudo dessa matĂŠria. Por enquanto, nĂŁo existe nada definido, nada mesmo. Hoje, a coordenação desse sistema, que jĂĄ existe, ĂŠ feita pelo DER e pela Artesp. O que estĂĄ sendo estudado ĂŠ outra coisa. É de que maneira esse sistema intermunicipal vai ser planejado e vai ser executado daqui por diante. NĂŁo ĂŠ sĂł para a RMVale, ĂŠ para todas. A comissĂŁo estĂĄ fazendo esses estudos, mas ainda nĂŁo estabelecemos um prazo para conclusĂŁo. É uma coisa demoradaâ€?, afirma Edson Aparecido. Outra questĂŁo em discussĂŁo ĂŠ o fim da cobrança do DDD (tarifa intermunicipal) nas ligaçþes telefĂ´nicas entre as 39 cidades. O secretĂĄrio de Desenvolvimento Metropolitano negocia com a Anatel (AgĂŞncia Nacional de Telecomunica-

SAĂšDE Fachada do Hospital Regional de TaubatĂŠ: prefeitos pedem a construção de mais quatro unidades no Vale e litoral

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Especial

çþes) a implantação em curto prazo. “Fizemos uma reuniĂŁo com ela e apresentamos um estudo das cidades da RMVale para receber as alteraçþes previstas. A Anatel tem uma resolução que determina que as RegiĂľes Metropolitanas criadas depois de 2011 sĂł podem sofrer alteração depois de 2015, e esse estudo explica os motivos para haver uma reconsideração desse prazo. Vai depender da decisĂŁo da Anatel, do governo federalâ€? conclui o secretĂĄrio. Nas reuniĂľes seguintes Ă agendada para este mĂŞs, projetos que envolvem outras prioridades devem ganhar novos contornos. Entre eles, os que propĂľem soluçþes para a destinação do lixo –que, hoje, tem de ser transportado a aterros sanitĂĄrios de cidades vizinhas, como o de TremembĂŠ, por municĂ­pios que tĂŞm carĂŞncia de local para armazenar e tratar seus descartes. Litoral Norte ĂŠ um exemplo de sub-regiĂŁo que pede urgĂŞncia nesse sentido, ainda que outras cidades de outros subgrupos tambĂŠm passem pelo mesmo drama urbano. AlĂŠm disso, para evitar que o desenvolvimento das cidades agrave problemas de segurança, uma das propostas em debate ĂŠ a criação de um Plano de Segurança PĂşblica Metropolitano. A necessidade desse projeto se dĂĄ pela alta dos Ă­ndices de violĂŞncia nos principais municĂ­pios da regiĂŁo, como SĂŁo JosĂŠ, JacareĂ­ e TaubatĂŠ. Os gestores pĂşblicos apresentam que

muitos dos atos criminosos sĂŁo cometidos por pessoas que migram esporadicamente dos seus locais de atuação, dificultando o rastreamento da polĂ­cia. O projeto impĂľe, ainda, uma polĂ­tica unificada para açþes preventivas no combate ao trĂĄfico de drogas, adotando como ponto de partida uma fiscalização mais rigorosa na via Dutra, principal eixo de ligação entre Rio de Janeiro e SĂŁo Paulo, e por onde acredita-se que passa a maioria dos entorpecentes que chega Ă RMVale. Mas ainda que haja fĂ´lego para oxigenar novas ideias para a construção de planos de ação que visem acelerar o desenvolvimento do colegiado de municĂ­pios da RM Vale do ParaĂ­ba e do Litoral Norte, os membros do conselho concordam que os resultados deverĂŁo ser sentidos a mĂŠdio e longo prazos. “Por ser uma novidade para todos, ĂŠ difĂ­cil fazer projeçþes. Mas acredito que o mais difĂ­cil nesse processo serĂĄ estabelecer uma governança compartilhada entre as cidades, a sociedade e o governo do Estadoâ€?, avalia Eduardo Cury. O pesquisador Edson Trajano tambĂŠm sinaliza que as atençþes devem ser canalizadas nessa direção. “Os prefeitos terĂŁo de entender que a regiĂŁo metropolitana permite um trabalho integrado. No conselho, os municĂ­pios menores tĂŞm peso e, juntos, acabam tendo poder polĂ­tico se pensados proporcionalmente. A partir de agora, o municĂ­pio vizinho ĂŠ fundamental.â€?

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CRESSEM Cooperativa de CrĂŠdito dos Servidores Municipais

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Domingo 6 Maio de 2012

49

Aparecida

Arapeí

Areias

Antônio Márcio Siqueira

Marcos Antonio Oliveira

José Antonio Fernandes

Qual sua expectativa com a criação da RMVale? < De que as coisas vão melhorar, mas sem a ilusão de que tudo será resolvido em curto prazo. Acho que qualquer mudança efetiva vai acontecer a médio e longo prazos. O que reivindicamos em relação a investimentos maiores vai levar algu al gum m tempo t algum ainda, mas ach ac h que a implantaacho çã ção do transporte m metropolitano deve a acontecer rápido. Is será bom para Isso tod to d a região. toda

Como espera que a criação da RMValeinfluencienodesenvolvimento da região e de Arapeí? < Espero que melhore a qualidade de vida da população do Vale Histórico. Grande parte dessas cidades está próxima da Dutra, bem como Bananal está próxima de Barra Mansa. Já Arapeí, São José do Barreiro e Areias estão no meio desses municípios, as três afastadas das vias de acesso. Se nós fizermos um intercâmbio melhor, acredito que melhore o acesso a elas. Poderiam tornar-se uma coisa unitária e igualitária, com as mesmas produções das outras cidades acontecendo nelas, também.

Quais são as prioridades de Areias na RMVale? < Queremos fomentar o turismo, mas temos de pensar na área rural, que aqui tem quase 400km de estrada. A primeira preocupação é o escoamento, porque a nossa identidade é a pecuária leiteira e de corte. Temos a Bocaina, também, com potencial turístico. Para isso apresentamos pedidos de maquinário para reparar estradas e formação de técnicos em turismo.

O que considera prioridade para a RMVale? < A saúde precisa de atenção maior na região. É uma questão comum, discutida por todos os prefeitos. Minha prioridade é resolver essas questões dos hospitais regionais, já que o que temos hoje é insuficiente para atender a demanda. Quero também a extensão das rodovias Carvalho Pinto e Ayrton Senna, atingindo a região de Aparecida e Guaratinguetá, onde o fluxo de turista é expressivo. O senhor pretende apresentar algum projeto? < Entreguei ao governo as prioridades de Aparecida também, que são a estrada vicinal dos Mottas, para dar acesso à Guará, Roseira e Lagoinha. A pavimentação da Avenida Itaú, quase 900 metros de extensão e, por último, a ampliação do cemitério municipal que recebe os mortos de Potim . Como deve ser feita a contribuição ao fundo de investimentos da RM? < Tem que ser feita gradativamente, de acordo com a receita de cada município. Não dá pra exigir das cidades menores a mesma contribuição que as maiores, isso é inviável.

Como tem sido o diálogo de Arapeí com o Estado até hoje? < Nós, gestores de cidades menores, b brigávamos para que o Estado nos recon nhecesse individuaalmente, e agora isso já acontece. Porque an antes ele lançava algun programas para guns todo o seu território e muitos não se encaixavam na realidade de cada município. Agora sim o Estado vai poder olhar com melhores olhos para cada núcleo que ele transformou em região metropolitana. Qual é o atrativo turístico, hoje, em Arapeí? < Temos quatro cachoeiras e uma gruta, mas que estão em áreas particulares. Depois de se tornar cidade, Arapeí deixou de ser estância. Dependemos exclusivamente do repasse do governo, que é o FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Aos poucos vamos sensibilizando as pessoas para formar técnicos em turismo e para esses proprietários terem essa consciência. A igreja também é um atrativo, por causa de Santo Antônio. Mas ainda não temos infraestrutura para receber turistas.

Quanto da renda do município é proveniente do turismo? < Não posso dizer de cabeça, mas acredito que o crescimento foi mais de 100%, porque os leitos aumentaram de 60 para mais de 100. É um setor em que deve se investir, porque dá retorno. Defende que tipo de investimento para possibilitar as melhorias? <Vivemos de repasses e de arrecadação muito baixa, então é muito difícil. A arrecadação virá se aumentar a frequência das pessoas na cidade. Se eu crio isso, aumentam a rede hoteleira, os serviços e, consequentemente, os empregos. Uma coisa leva a outra e, assim, teremos cond condições. O caminho pa isso é o turismo para e a produção leiteira. M as prioridades Mas s diferentes entre são as cidades. Então não sabe sabemos como será feito esse fundo, mas certamente será dado um incentivo do Estado. E como usar a RMVale a favor dessa produção? < Através da influência em cima do governo. Serão 39 municípios brigando para que o recurso venha e cada um coloque a sua posição, exponha as suas necessidades. A região metropolitana é isso. Claro que vamos precisar de mais do que vamos receber.


Domingo 6 Maio de 2012

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Aparecida

Arapeí

Areias

Antônio Márcio Siqueira

Edson Quintanilha

José Antonio Fernandes

Qual sua expectativa com a criação da RMVale? < De que as coisas vão melhorar, mas sem a ilusão de que tudo será resolvido em curto prazo. Acho que qualquer mudança efetiva vai acontecer a médio e longo prazos. O que reivindicamos em relação a investimentos maiores vai levar algu al gum m tempo t algum ainda, mas ach ac h que a implantaacho çã ção do transporte m metropolitano deve a acontecer rápido. Is será bom para Isso tod to d a região. toda

Como espera que a criação da RMValeinfluencienodesenvolvimento da região e de Arapeí? < Espero que melhore a qualidade de vida da população do Vale Histórico. Grande parte dessas cidades está próxima da Dutra, bem como Bananal está próxima de Barra Mansa. Já Arapeí, São José do Barreiro e Areias estão no meio desses municípios, as três afastadas das vias de acesso. Se nós fizermos um intercâmbio melhor, acredito que melhore o acesso a elas. Poderiam tornar-se uma coisa unitária e igualitária, com as mesmas produções das outras cidades acontecendo nelas, também.

Quais são as prioridades de Areias na RMVale? < Queremos fomentar o turismo, mas temos de pensar na área rural, que aqui tem quase 400km de estrada. A primeira preocupação é o escoamento, porque a nossa identidade é a pecuária leiteira e de corte. Temos a Bocaina, também, com potencial turístico. Para isso apresentamos pedidos de maquinário para reparar estradas e formação de técnicos em turismo.

O que considera prioridade para a RMVale? < A saúde precisa de atenção maior na região. É uma questão comum, discutida por todos os prefeitos. Minha prioridade é resolver essas questões dos hospitais regionais, já que o que temos hoje é insuficiente para atender a demanda. Quero também a extensão das rodovias Carvalho Pinto e Ayrton Senna, atingindo a região de Aparecida e Guaratinguetá, onde o fluxo de turista é expressivo. O senhor pretende apresentar algum projeto? < Entreguei ao governo as prioridades de Aparecida também, que são a estrada vicinal dos Mottas, para dar acesso à Guará, Roseira e Lagoinha. A pavimentação da Avenida Itaú, quase 900 metros de extensão e, por último, a ampliação do cemitério municipal que recebe os mortos de Potim . Como deve ser feita a contribuição ao fundo de investimentos da RM? < Tem que ser feita gradativamente, de acordo com a receita de cada município. Não dá pra exigir das cidades menores a mesma contribuição que as maiores, isso é inviável.

Como tem sido o diálogo de Arapeí com o Estado até hoje? < Nós, gestores de cidades menores, b brigávamos para que o Estado nos recon nhecesse individuaalmente, e agora isso já acontece. Porque an antes ele lançava algun programas para guns todo o seu território e muitos não se encaixavam na realidade de cada município. Agora sim o Estado vai poder olhar com melhores olhos para cada núcleo que ele transformou em região metropolitana. Qual é o atrativo turístico, hoje, em Arapeí? < Temos quatro cachoeiras e uma gruta, mas que estão em áreas particulares. Depois de se tornar cidade, Arapeí deixou de ser estância. Dependemos exclusivamente do repasse do governo, que é o FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Aos poucos vamos sensibilizando as pessoas para formar técnicos em turismo e para esses proprietários terem essa consciência. A igreja também é um atrativo, por causa de Santo Antônio. Mas ainda não temos infraestrutura para receber turistas.

Quanto da renda do município é proveniente do turismo? < Não posso dizer de cabeça, mas acredito que o crescimento foi mais de 100%, porque os leitos aumentaram de 60 para mais de 100. É um setor em que deve se investir, porque dá retorno. Defende que tipo de investimento para possibilitar as melhorias? <Vivemos de repasses e de arrecadação muito baixa, então é muito difícil. A arrecadação virá se aumentar a frequência das pessoas na cidade. Se eu crio isso, aumentam a rede hoteleira, os serviços e, consequentemente, os empregos. Uma coisa leva a outra e, assim, teremos cond condições. O caminho pa isso é o turismo para e a produção leiteira. M as prioridades Mas s diferentes entre são as cidades. Então não sabe sabemos como será feito esse fundo, mas certamente será dado um incentivo do Estado. E como usar a RMVale a favor dessa produção? < Através da influência em cima do governo. Serão 39 municípios brigando para que o recurso venha e cada um coloque a sua posição, exponha as suas necessidades. A região metropolitana é isso. Claro que vamos precisar de mais do que vamos receber.


50

Especial

Bananal

Caçapava

Cachoeira Paulista

David Amaral de Morais

Carlos Antônio Vilela

Fabiano Chalita Vieira

Acredita que a consolidação da RMVale vai acelerar, efetivamente, o desenvolvimento da região? < Acredito que sim, porque com a Região Metropolitana os consórcios até perderam um pouco a força. A ligação é direta, agora, com o secretário. O voto da cidade pequena vale tanto quanto o da cidade grande. A liberação de verba, entre outras coisas, em uma relação aberta vai ser muito maior.

O que deve mudar para Caçapava e região agora que foi criada a RMVale? < Não deve haver uma mudança especial para Caçapava ou para qualquer outra cidade da nossa região. Essa foi uma forma de dar voz a todos os municípios, independentemente do tamanho. Não existe mágica, apenas o que vier para cá virá mais bem definido.

Qual é a sua expectativa com a criação da RMVale? < Que melhore o acesso dos municípios ao governo do Estado para discutirmos assuntos regionais. Nossa sub-região quer, entre outras coisas, a incorporação do Hospital Frei Galvão ao regional, queremos um hospital aqui e não ro q que ue em Taubaté. Espero al-al coisas desse tipo realmente aconteçam,, que exista um planejamento regional para os problemas.

E que mudanças espera para Bananal? < A gente reivindica melhorias para a região, mas para Bananal já temos conseguido muitas coisas, emendas. Então acho que, agora, a região metropolitana vai facilitar a liberação dessas verbas. O governador já prometeu que a SP-68 vai ser toda recapeada, o transporte também vai ser mais fácil. Já tem projetos apresentados para Bananal? < A recuperação total da SP-68 já começou no trecho ArapeíFormoso. E deve chegar a Bananal, com acesso a Arapeí. Já eram obras pedidas, mas que o com a RMVale estão sendo facilitadas. Sobre Bananal, a gente esteve com o o Secretário da Região onMetropolitana e conversou sobre o fato de eles terem parceria com a Codasp (Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo), com o Programa Melhor Caminho. Como a nossa malha rodoviária municipal é muito grande, há trechos em que não temos condições de fazer muita coisa, então estamos vendo se podem emprestar maquinário para isso por meio dessa parceria. Porque são máquinas muito caras.

Acredita que deve haver um equilíbrio entre as sub-regiões? Todas deverão ser atendidas nas mesmas proporções? < A proporção vai depender. Temos uma região tão importante para o Estado de São Paulo, mas que, ao mesmo tempo, abriga cidades em que faltam muitas coisas. A nossa região metropolitana inco foi dividida em cinco partes justamentee por essa complexidade. As prioridades das carências sairão por meio daa reconversa entre os prefeitos sobre cada prioridade. E quais são as de Caçapava e da sub-região em que se insere? < Temos necessidade de hospital de referência em Caçapava. Estamos em uma situação em que ficamos em uma fila aguardando uma vaga para os pacientes em hospitais de outras cidades. O cruzamento de vias com a rede ferroviária é outra prioridade para ser resolvida. Falamos também em transporte, além de haver cidades em que há um sério problema de destinação de lixo. Então não há milagre que venha a resolver os problemas do dia para a noite. A região metropolitana não se trata disso. Questões partidárias podem interferir no processo? < Não acredito, não. Pelo menos em relação aos prefeitos, isso não existe.

dade O que é prioridade para a RMVale? < O principal tema hoje da Região Metropolitana do Vale do Paraíba é a saúde. Precisamos de referências médicas, de plantão controlador, isso é uma gritaria de todos os prefeitos. Precisamos ainda referências de UTIs Neonatal e Adulto, temos que melhorar essas coisas que não estão funcionando. Teme que algumas cidades tenham privilégios? < Acredito que isso não vá acontecer, ainda que o governo, às vezes, tenha a mania de olhar apenas para as cidades maiores, que concentram um maior número de eleitores. A RMVale foi criada justamente para que isso não ocorra. Como o senhor acha que deve acontecer a contribuição municipal ao fundo de investimentos da RM? < Acredito que as cidades menores não tenham como contribuir. Cidade pobre vai ter dinheiro para isso? Não. Hoje, tudo é municipalizado, o ensino, o trânsito, a segurança, tudo é de nossa responsabilidade. O fundo tem que ser criado 100% pelo Estado e, se puder, com participação da União. Várias cidades estão com dificuldade de conseguir cumprir com a folha de servidores, como vão ajudar no fundo?



52

Especial

Campos do Jordão

Canas

Caraguatatuba

Ana Cristina Machado

Rinaldo Thimóteo Zanin

Antonio Carlos da Silva

Qual deve ser a prioridade da RMVale? < Uma das situações é a saúde. O Regional de Taubaté abrange muitos municípios e, por isso, está sempre superlotado. Campos tem dificuldades com seus pacientes, não conseguimos vagas de UTI, nem para atendimento ambulatorial especializado ou para um exame um pouco mais especializado. A saúde é muito importante, é preciso pensar numa descentralização e ganharmos outros regionais.

O que Canas pode ganhar com a criação da RMVale? < Espero que venha para ajudar realmente, que não fique apenas em papel. Vamos cobrar do secretário de Desenvolvimento Metropolitano para que realmente tenha benefícios. Canas faz parte do turismo religioso, temos uma termelétrica se instalando em nosso município, criamos um polo empresarial onde já existem seis empresas para se instalar no município. Queremos continuar crescendo dessa forma.

Quais as suas expectativas perante a criação da RMVale? < Não esperava uma região metropolitana para receber investimentos. O Litoral Norte está parado, com problemas de lixo e de saúde, por falta de investimentos. O PSDB está no governo há 17 anos e agora é que saiu a duplicação da Tamoios. E só o, na área de planalto, ainda. O Litoral Norte é a galinha dos ovos para São Paulo, mas a falta de infra-icaa ic estrutura prejudica muito o nosso crescimento, por isso é fundamental obras de melhoria. Isso inclui o sistema viário. O governador tem lançado obras em outras regiões, como grandes hospitais estaduais, e esperamos ter essa prioridade também.

O que Campos pleiteia? < Temos um grande problema que é a questão do destino do lixo. Somos uma área de preservação ambiental permanente e sofremos para encontrar localidades que possam receber o lixo, utilizar de aterro ou fazer o transbordo. A gente espera que exista uma solução sobre isso, gastamos muito dinheiro para que nosso lixo seja levado para Santa Isabel. Como a senhora acha que os prefeitos vão lidar com esse desafio de pensar coletivamente como propõe a RMVale? < É um desafio grande, mas temos que resolver o problema de todos. O lixo hoje é meu, mas Santo Antônio podee em breve passar pela mesma coisa. Daqui cinco ou dez er anos não vai mais ser Tre possível levar para Tremembé. O problema de saúde que a maioria tem é o mesmo que o meu. Temos que pensar coletivamente é uma necessidade. Vamos entrar num bom entendimento e construir boas relações. Deixando questões políticas e partidárias de lado? < Espero que sim, quando se trata dos interesses de cada cidade não podemos lembrar em que partido estamos.

O que Canas mais necessita? < Hoje, para ser sincero, necessito de um viaduto. Fizemos a solicitação junto ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e à NovaDutra (Concessionária que administra a via Du-tra) porque Canas hoje só tem uma entrada que é por baixo ó de um túnel, onde só eio passa carro de passeio. Desde 2009 estamos trabalhando para conquistar isso. O senhor tem dificuldade para dialogar com o Estado? < Não, ao contrário. Nós temos uma amizade muito grande com o governo. No governo federal temos o Mercadante (ministro da Educação) que é amigo da gente. E por qual motivo o senhor não consegue esse viaduto? < É um investimento alto e eu precisava ter argumentos para fazer esse investimento no município. Acredita em dificuldades para um pensamento coletivo? < Os prefeitos são todos amigos, todos querem o crescimento da região.Estamospensandonocoletivo. São vários partidos, mas ninguém está vendo isso. O pensamento é apenas no desenvolvimento da RM.

É a favor da criação de um fundo de investimento com contrapartida de municípios? < Os municípios não têm condições para tanto. Teria de ser estudado um padrão, ter uma intervenção do Estado. Em outras regiões, como a de Campinas, os investimentos estão muito mais altos do que na nossa. Estamos com um déficit muito grande no Litoral Norte. Um problema grande é o lixo, que hoje tem de ser destinado para Santa Branca, Tremembé e Cachoeira Paulista. Quando diz que não esperava umaregião metropolitana para receber investimentos, quis dizer, especificamente, o quê? < Eu não sabia que tinha de ser feita uma região metropolitana para receber investimentos. Fomos os últimos a criá-la no Estado. Mas agora que foi criada, temos de ver como vamos proceder. O Litoral Norte cresceu muito e, se não houver infraestrutura, vai virar um favelão. Os investimentos devem acompanhar o crescimento.



Especial

54

Cidades

População*

PIB**

IDH***

Aparecida

35.007

392,99 mi

0,804

Arapeí

2.493

26,35 mi

0,716

Areias

3.696

38,43 mi

0,723

Bananal

10.223

88,35 mi

0,758

Caçapava

84.752

2,13 bi

0,834

Cachoeira Paulista

30.091

347,40 mi

0,794

Campos do Jordão

47.789

546,44 mi 0,820

Canas

4.385

34,60 mi

0,753

Caraguatatuba

100.840

1,14 bi

0,802

Cruzeiro

77.039

1,02 bi

0,809

Cunha

21.866

127,50 mi

0,733

Guaratinguetá

112.072

2,33 bi

0,818

Igaratá

8.831

84,24 mi

0,764

Ilhabela

28.196

303,69 mi

0,781

Jacareí

211.214

4,83 bi

0,809

Jambeiro

5.349

741,86 mi

0,779

Lagoinha

4.841

48,05 mi

0,752

Lavrinhas

6.590

58,57 mi

0,768

Lorena

82.537

1,19 bi

0,807

Monteiro Lobato

4.120

36,36 mi

0,775

Natividade da Serra

6.678

45,16 mi

0,733

Paraibuna

17.388

156,87 mi

0,771

Pindamonhangaba

146.995

4,17 bi

0,815

Piquete

14.107

104,54 mi

0,801

Potim

19.397

150,66 mi

0,758

Queluz

11.309

78,83 mi

0,766

Redenção da Serra

3.873

36,07 mi

0,736

Roseira

9.599

240,65 mi

0,777

Santa Branca

13.763

136,66 mi

0,796

Santo Antônio do Pinhal

6.486

56,59 mi

0,796

São Bento do Sapucaí

10.468

91,41 mi

0,776

São José dos Campos

629.921

22,01 bi

0,849

São José do Barreiro

4.077

31,53 mi

0,727

São Luiz do Paraitinga

10.397

82,83 mi

0,754

São Sebastião

73.942

3,04 bi

0,798

Silveiras

5.792

46,59 mi

0,721

Taubaté

278.686

8,32 bi

0,837

Tremembé

40.984

393,28 mi

0,834

Ubatuba

78.801

843,73 mi

0,795

Fontes: *IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatíticas) Censo 2010 ** IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatíticas) 2009 *** PNDU (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) 2000

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

629.921 Mil Hab. PIB 22,01 Bi IDH 0,849 2 CARAGUATATUBA

100.840 Mil Hab. PIB 1,14 biBi IDH 0,802 BELO HORIZONTE

457 KM

SÃO BENTO DO SAPUCAÍ

STO. ANTÔNIO DO PINHAL MONTEIRO LOBATO

PI

TREM

CAÇAPAVA IGARATÁ

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

RE

JACAREÍ

JAMBEIRO

STA. BRANCA

SÃO PAULO

82 KM

PARAI

CARA


Domingo 6 Maio de 2012

55

39

MUNICÍPIOS AGRUPADOS EM 5 SUB-REGIÕES (SÃO JOSÉ, TAUBATÉ,GUARATINGUETÁ, CRUZEIRO E CARAGUATATRUBA) COMPÕEM A REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO PARAÍBA

R$ 55,55 Bi 0.780

CRUZEIRO

77.039 Mil Hab. PIB 1,02 Bi IDH 0,809

PIB DA REGIÃO

TAUBATÉ

278.686 Mil Hab. PIB 8,32 Bi IDH 0,837 A

MÉDIA NACIONAL DO IHD

ESCALA VAI DE 0 A 1. CIDADE COM ÍNDICE INFERIOR A 0,800 SÃO CONSIDERADAS DE MÉDIO DESENVOLVIMENTO HUMANO GUARATINGUETÁ

b. Bi

112.072 Mil Hab. PIB 2,33 Bi IDH 0,818

2

RIO DE JANEIRO

QUELUZ CRUZEIRO

192 KM

LAVRINHAS

PIQUETE BENTO APUCAÍ

CAMPOS DO JORDÃO

AREIAS GUARATINGUETÁ

TÔNIO HAL

LORENA

CACHOEIRA PAULISTA

SILVEIRAS

SÃO JOSÉ DO BARREIRO

BANANAL

PINDAMONHANGABA APARECIDA

TREMEMBÉ

ROSEIRA

CUNHA

LAGOINHA TAUBATÉ

SÃO LUÍS DO PARAITINGA REDENÇÃO DA SERRA

NATIVIDADE DA SERRA PARAIBUNA

UBATUBA

2.264.594

HABITANTES NA RM VALE

R$ 5,8 Bi

CARAGUATATUBA

ORÇAMENTO MUNICIPAL DE 2012 DAS 39 CIDADES DA RM VALE

SÃO SEBASTIÃO ILHABELA

R$ 156,6 Bi ORÇAMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA 2012


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Domingo 6 Maio de 2012

57

Cruzeiro

Cunha

Guaratinguetá

Ana Karin

Osmar Felipe Junior

Filippo Júnior

Quais são as suas expectativas para a RMVale? < Cruzeiro hoje abastece muitas cidades no entorno, e acho que a nossa sub-região será beneficiada porque essa é uma política que pensa na cidade vizinha. Nas nossas reuniões, acabamos por colocar o foco de prioridade na saúde, que o go gove vern rn agora está vendo governo de u uma forma melhor. N Não é mais mandar in investimentos pulv verizados, mas, sim, c concentrá-los na regg re região que precisa e onde os o prefeitos estiveonde rem pedindo, em comum acordo. Temos de maximizar os esforços para os pontos que temos problemas, como saúde e transporte. No Vale Histórico vamos investir em turismo, então temos de focar na infraestrutura e no acesso às estradas. Essa é uma visão moderna.

O que a RMVale pode trazer de benefícios aos municípios que a compõe? < Penso que pode trazer mais investimentos para a região e alavancar alguns potencias econômicos que hoje não são explorados. Por exemplo, o turismo em Cunha, que é um polo de cerâmica artística no Brasil, mas tem pouca evidência na região. Existem artesanatos na zona rural, comidas típicas e outras tradições que precisam ser tratados com outros olhos. O turismo no Vale merece ser valorizado.

Como a RMVale pode contribuir no desenvolvimento dos municípios? < Primeiro que ela serve de instrumento de planejamento regional. Até hoje cada município pensou em si, cada um planejou e priorizou o que era mais importante em sua cidade. Mas existem problemas que são comuns a todos eles, e acredito que com a RM vamos ter condições de fazer planejamento pensando na região como um todo. Por exemplo, se você imagina que Guará e o Vale Histórico não possuem um Hospital Regional, o mais perto é Taubaté que está saturado. Isso é um problema da região e não só de Guará.

Fala-se no fundo de investimentos. Que modelo a senhora defende ser o ideal? < Acho que não podemos radicalizar. Se o fundo é bem gerido, criado com eficiência e com transparência, temos como colocar em discussão a sua destinação. Acho que todo município, por menor que seja, tem sim de colaborar. Desde que seja garantido que a verba vai, literalmente, para aquele fim. A região está sendo criada para maximizar os esforços, e não para pulverizar o pouco recurso que você tem. Cruzeiro é a cidade-sede da sub-região. Acredita que a responsabilidade é maior? < Somos a maior cidade. Nossa estrutura é diferenciada, mais avançada que as demais cidades, com mais habitantes e com comércio forte, que atende as cidades daqui, do sul de Minas e do sul fluminense. Então estamos preparados, até pelo número de técnicos que temos para dar suporte e auxílio.

Quais são as prioridades? < No geral, acho que os investimentos em infraestrutura. Melhorias em nossas ferrovias, obras de acesso aos pontos turísticos, infraestrutura básica para facilitar o trânsito t das pessoas de dentro da região. O que pode imped que a RMVale dir dê resultados positiv à região? sitivos < Tenho observado muito otimismo por parte dos prefeitos para trabalhar em prol dessa nova etapa. Se cada um fizer sua parte, não vejo nada que possa impedir o desenvolvimento da região metropolitana. Por mais que exista interesse político envolvido, não acredito que isso vá de alguma forma atrapalhar. O fundo de investimentos da RMVale deve ser constituído com a participação de todos os municípios da região? < Acho que o Estado poderia dar o maior aporte, mas todos os municípios terem uma participação proporcional a seu orçamento. Cada cidade entra de acordo com a arrecadação. Não deve ficar somente a cargo do Estado. Tem que ser como acontece hoje nos convênios, nos quais os municípios entram com uma contrapartida. Isso mostra envolvimento de cada cidade.

Projetos devem ser discutidos e aprovados pelas sub-regiões? < Acho que é como se fosse um funil, cada sub-região levanta sua demanda e depois elas vão passar por um censo comum. Vamos discutir o grau de importância e o quanto ela vai beneficiar às cidades da RM. O que o senhor considera como prioridade na sub-região de Guaratinguetá? <A transformação do Hospital Frei Galvão em Regional. Outra coisa é traba trabalhar para transform mar o aeroporto de G Guará em um aerop porto regional, já que is isso trás o desenvolvim vimento para todos da RM. Tem ainda a questão do escoamento da nossa produção industrial para exportação pelo Porto de São Sebastião, fortalecendo o projeto de ampliação do porto pelo governo do Estado. Tem algum receio em relação ao funcionamento da RMVale? < Não. Ninguém pode se iludir achando que a RM vai fazer milagre, transformação e mágica de uma hora para outra. É alguma coisa a médio e longo prazos.




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Especial

Igaratá

Ilhabela

Jacareí

Elzo de Oliveira Souza

Antonio Luiz Colucci

Hamilton Ribeiro Mota

Quais são suas expectativas? < São as melhores possíveis. Espero que essa união venha a contribuir com a agilidade no processo de melhorias aos municípios e, dessa forma, com o desenvolvimento de Igaratá, que possui um orçamento pequeno.

Qual a sua perspectiva frente a essa união? < Não podemos achar que a RMVale é a solução para todos os problemas individuais dos municípios. A criação dela transforma alguns problemas comuns entre eles em uma questão regional para haver a oportunidade de solucioná-los de forma mais rápida e conjunta. São investimentos grandes com os quais o Estado nem sempre tem condições de arcar.

No que acha que a RMVale trará desenvolvimento para a região? < Lógico que a implantação terá resultados não a curto, mas a médio e longo prazos. O que há de mais importante é que poderemos planejar esse desenvolvimento considerando as nossas noss no ssas as potencialidades, as nossas lo dificuldades e aquilo que é prioridade. E Jacareí, que está na maior sub-região, tem, junto com os os outros municípios mes dela, desafios enormes. Temos a questão viária, por exemplo, e a da saúde, uma vez que as cidades menores recorrem aos serviços das maiores sem que haja uma regulamentação.

Que vantagens acha que Igaratá deverá obter com a formação da RMVale? < Como o município é pequeno, acredito que a união dele com outras cidades de número populacional mais alto, bem como com o orçamento delas, trará benefícios acelerando a liberação de projetos. Quais ações que enxerga serem prioridade para a cidade e para a sub-região? < Assim como acredito ser prioridade na sub-região, Igaratá necessita de mais atenção no setor de saúde. A construção de uma UPA e aquisição de mais ambulâncias seriam fundamentais para o município. Como pensa que deve funcionar esse fundo de investimentos para angariar verba para as melhorias na região? < Acredito que o Estado deverá investirr em obras de infraestrutura para fomentar o desenvolvimento socioe-vel conômico sustentável para geração de empregos, rendas e riquezas para a região. O investimento deve partir do Estado enquanto não houver uma efetiva reforma tributária que fortaleça a arrecadação dos municípios. Qual é o maior desafio de Igaratá, hoje, em relação à RMVale? < Atrair indústrias não-poluentes para o desenvolvimento socioeconômico do município.

E quais são as prioridades de Ilhabela e do Litoral Norte? < A criação de um Hospital Regional, melhoria de saneamento básico, a destinação do lixo e questões de segurança pública são comuns às cidades. A duplicação da Tamoios é outro ponto. aJá foram elaborados projetos? < Apresentamos as propostas da subregião em uma dass reuniões da RMVale, em março, elencando a problemática que deve ser priorizada no Litoral Norte. Mas não são, ainda, as soluções. Estas terão de ser discutidas em conjunto ponderando a viabilidade de cada meio para realizá-las. A verba para melhorias no município deve aumentar? <O governador [Geraldo Alckmin] tem se mostrado interessado em colaborar e há uma expectativa de aumento de recursos. Mas teremos de saber negociar e abrir mão de algumas coisas para poder repartir esse bolo entre cada sub-região. Como priorizar o que é de interessemunicipaleoqueédasubregião para buscar recursos? < Vamos ter de aprender. Assim como os munícipes cobram dos prefeitos a solução de tudo, tendemos nós, prefeitos, a depositar a mesma expectativa no governador.

Quais são as principais necessidades apresentadas por Jacareí à RMVale? < Nós prefeitos da sub-região 1 apresentamos cinco itens para serem discutidos em uma agenda de desenvolvimento da região. São as questões da infraestrutura viária que corta os municípios; a do meio ambiente, que é o tratamento do esgoto para que melhoremos a qualidade do rio Paraíba do Sul; a da saúde, que é uma regulamentação melhor dos atendimentos que os municípios realizam, para um financiamento mais equilibrado; a do desenvolvimento econômico, que é para atrair mais investimentos de forma a garantir a geração de empregos; e a do transporte metropolitano, com integração para melhorar a qualidade do serviço a um custo menor para a população. Integrar a sub-região mais rica da RMVale pode caracterizar alguma vantagem para Jacareí? < De maneira alguma. É a hora de pensar coletivamente e garantir a transparência e a participação de todos.



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Domingo 6 Maio de 2012

Jambeiro

Lagoinha

Lavrinhas

Carlos Alberto de Souza

Jose Sergio de Campos

José Luiz da Cunha

Qual é a sua expectativa em relação à RMVale? <Que a experiência dê certo. Milagres ela não vai fazer, mas vai possibilitar a união dos municípios.

O que Lagoinha pode ganhar com a RMVale? < A expectativa nossa é que essa política coletiva ajude Lagoinha a se desenvolver economicamente e socialmente.

Quais as suas expectativas de desenvolvimento para a região a partir de agora? < Antes o dinheiro vinha para a prefeitura por meio de emenda de deputado, mas era praticamente insignificante. Mas, agora, esse dinheiro que vai ser disponibilizado para Região Metropolitana e que ainda está sendo discutido como, eu vejo que vai ser de benefício regional. Estamos precisando de um hospital regional aqui na nossa sub-região, porque a Santa Casa de Cruzeiro faliu e quem paga é o munícipe que não tem um plano de saúde. Também estamos reivindicando a expansão da Carvalho Pinto, a criação de mais faculdades aqui na região, entre outros projetos grandes que atendam a ela.

A que tipo de dificuldades o senhor se refere quando fala em milagres? Teremos de trabalhar e ne< Terem goc gociar muito, e isso não ac acontece do dia para a noite quando há p poucos recursos. As p pequenas ganharão for e Jambeiro está roforça deadap deada por cidades grandes. Isso sempre foi vantagem ou desvantagem? < Desvantagem, porque ela se tornou uma cidade-dormitório. As pessoas trabalham nas cidades maiores e dormem aqui. Isso acaba não gerando muita renda para o município, mas aumenta a demanda de serviços sociais e de saúde, além de interferir na geração de emprego. Importamos mão de obra, mas estamos mais competitivos, agora, com nosso parque industrial fortalecido. Que perfil traça de Jambeiro, incluindo aspectos econômicos? < É uma cidade com qualidade de vida e uma boa arrecadação. Temos quase 100% do nosso esgoto coletado e conseguimos oferecer serviços, como transporte gratuito a alunos que estudam em outras cidades. Ainda assim, acredito que o transporte metropolitano e a telefonia beneficiarão toda a região. SeráfácilparaJambeiroseparar o que é prioridade do município e o que é de interesse coletivo? < Temos de manter negociação e esforços. E isso vale para os futuros prefeitos. Assim, tudo valerá a pena. Os prefeitos estão alinhados e dependem desse pensamento de interesse comum.

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Para o senhor, qual a prioridade de Lagoinha? < Hoje temos várias prioridades. Primeiro é nossa estrada de acesso a São Luiz do Paraitinga, ela esta péssima. Vamos tratar com a Região Metropolitana do Vale o concerto dessa estrada. Possui algum tipo de receio em relação à RMVale? < Não, nenhum. Sou inexperiente nessa área, mas tenho certeza que o projeto vai dar certo. Acre Acredita que intere resses de políticos p possam prejudic a administracar ç da RMVale? ção < Não. Acho que a polí política a gente deve tratar apenas durante três meses que é a campanha. Depois disso o objetivo é trabalhar para sua cidade e região, unir os prefeitos em torno disso. Os municípios menores vão conseguir fazer uso desse novo instrumento? < A RMVale veio para ajudar todas as cidades, inclusive as pequenas, que têm maior dificuldade em termos de arrecadação e emendas. O meu objetivo como prefeito é contar com a RM para resolver esses problemas. Acho que a intenção de todas as outras cidades menores também é essa. O senhor apoia a participação de Lagoinha no fundo de investimentos? <Não será fácil, mas vamos tentar participar para garantir retorno do Estado.

Para que tudo o que tem sido discutido seja efetivado com sucesso, acha que quais ações merecem maior atenção? < O que precisa é um consenso de todos nos conselhos. Antes, as cidades maiores recebiam o maior volume de investimentos. Mas os municípios menores são muito maiores que elas se somados, então nós devemos ter força e peso ali dentro. Vamos brigar por isso, apesa de sabermos que apesar as maiores também tê as suas necessitêm d dades. Mas São José d dos Campos, por ex exemplo, é independent e praticamente dente não precisa. A grande necessidade da região está em cidades de Aparecida e Roseira para baixo. Acredita que a sub-região de Cruzeiro está balanceada com as demais ou que o atendimento a ela será proporcional? < Sim. Cruzeiro não é cidade tão grande, mas está ao lado do Vale Histórico. Somos em grande número e temos um bom relacionamento entre as sub-regiões.


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Especial

Lorena

Monteiro Lobato

Natividade da Serra

Marcelo Bustamante

Gabriel Vargas Moreira

João Batista de Carvalho

Quais os projetos prioritários entre os prefeitos da RMVale? < Na área de saúde pública e no destino do lixo dos municípios. Outra coisa que tenho salientado é o problema de evasão de nossas empresas do Vale por conta da guerra fiscal, redução de alíquota de outros estados. Precisamos criar instrumentos que ofereçam garantia de permanência dessas empresas na região e que atraem novas indústrias. Estamos deixando de gerar emprego por conta disso.

O que acredita que vai melhorar para Monteiro Lobato? < É o que toda cidade pequena espera. Acho que, de imediato, a ligação telefônica deixar de ser interurbana é importante. O transporte coletivo interurbano também, porque ficaremos melhor atendidos com mais horários e conforto no serviço. São coisas rápidas e práticas que vão resolver uma boa parte do nosso problema. Fora as questões que envolvem saúde.

O que o senhor acha que a RMVale pode trazer de bom para Natividade da Serra? < Só pelo fato de o Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira se tornarem uma região metropolitana já foi um presente. Essa integração garante muito mais força política para reivindique ue car muitas coisas, é o q as acontece com as outras regiões já formadas.

Acha saudável essa competição entre os municípios? < A região precisa crescer, não precisamos de nenhuma competição no sentindo de um município destruir o outro. Acho que temos que pensar agora no crescimento de toda a região. Teme que interesses políticos e partidários possam prevalecer nas decisões? < A RM está acima de qualquer partido político. É uma necessidade trabalhar em conjunto, a proximidade dos municípios é grande, assim como os problemas comuns. As diferenças geográficas e em econômicas podem prejudicar a pro-posta de pensamento coletivo? < Já existe uma o aproximação, mesmo des. com essas diversidades. Daqui a duas horas posso ir para o Litoral Norte, em uma hora posso estar na Serra da Mantiqueira. Os municípios estão se aproximando de seus limites demográficos, por isso, é necessário pensar em uma macropolítica para a região. O que pensa da participação dos municípios no fundo de investimento da RM? < Penso que a princípio isso não seria muito bom.

Qual a prioridade, hoje, para Monteiro Lobato? < A saúde, com consultas médicas. Hoje temos deficiência de exames, o que será resolvido pelo AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Podemos ter mais atendimentos nos hospitais e no AME de São José dos Campos. Nossaa deficiência é maior em cirurgias e não temos atendimento em ortopedia e gine-cologia. Precisamos cobrir isso, e São José dos Campos vai resolver essa questão, aumentando os atendimentos aos moradores daqui. Porque já fizemos concursos para trazer profissionais para cá, mas, pela distância da cidade e pelo salário, esses especialistas acabaram não vindo. O que pensa sobre a criação de um fundo para melhorias? < Tem de ser mais conversado sobre isso. O que Monteiro Lobato pode dar? São José com certeza daria 1.000 vezes mais. O fato de ser uma cidade pequena, na RMVale, é uma vantagem ou uma desvantagem? < Vantagem. Porque muita coisa que sair aqui vamos poder usar. Na parte de consulta e de exames, se aumentar o atendimento em 10% ou 20% já é vantagem. Já saímos nessa condição desde o começo.

Qual deve ser a prioridade nos e? projetosdaRMVale? < Devem trabalharr em conjunto para melhorar o setor da saúde e educação, além da parte de infraestrutura e saneamento básico. Mas, dentro de todos esses que citei, a saúde e infraestrutura devem receber atenção especial. O senhor acha que o fundo de investimento que vai viabilizar esses projetos deve contar com a ajuda de todos os municípios que compõe a RMVale? < Não, tem que ser tudo do governo do Estado. Município pequeno não tem condições de investir nisso. Acho que esse fundo tem que ser feito pelo governo. Nossa cidade é muito carente de recursos, não tem como ajudar. Sobrevivemos de repasses dos governos federal e estadual, que oscilam muito, receita própria não temos nada. Tenho basicamente R$ 13 milhões ao ano para investir na cidade, é muito pouco. Acredita que os prefeitos vão conseguir priorizar o que é de interesse conjunto e não apenas de uma cidade? < O trabalho será conduzido por todos. O grupo tem que tomar as decisões pensando em um todo, sem privilégios. As decisões serão igualitárias, uma vez que é visível a diferença econômica de cada cidade.


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Especial

Paraibuna

Pindamonhangaba

Piquete

Antonio Marcos de Barros

João Ribeiro

Otacílio Rodrigues

Quais são as suas expectativas de melhorias e desenvolvimento para Paraibuna e para a região? < Vem para solucionar os nossos problemas regionais com mais igualdade, porque somos, em maioria, cidades pequenas. Há problemas crônicos que a gente tem convicção de que serão resolvidos. É como o aterro sanitário regional, o hospital regional e a questão de esgoto. Acredito que, juntos, conseguiremos resolver isso em igualdade. Antes a gente tinha de ficar pedindo, pedindo. Numa situação dessa, a gente tem poder para decidir. Não que queira só para a gente, não. Mas podemos ser beneficiados com as verbas, como com a questão do transporte regional. A gente ainda depende muito da boa vontade das empresas de ônibus para o transporte a São José ou Taubaté, por exemplo.

O que Pinda ganha com a criação da RMVale? < Tenho dito é que não é uma ou outra cidade que ganha, o grande benefício é a possibilidade de pensarmos em conjunto, sem privilegiar aos que mais tem, mas trazendo para participar das decisões todos os municípios com suas facetas e características. O ganho é para o conjunto.

Como o senhor acha que a RMVale pode ajudar a desenvolver e ordenar esse desenvolvimento das cidades? < Acredito que vai facilitar o contato de todos os prefeitos com o governo do Estado, além de estreitar as relações entre nós do Executivo. Vamos discutir em tos conjunto os projetos que serão apresenta-dos visando melhorias para o conjunto de cidades.

O que o senhor considera prioridade para a RMVale? < A gente tem na região problemas com transporte, saúde e segurança. Acho que esses seriam os maiores problemas, mas não fica para trás também a questão do meio ambiente, destinação de lixo. Dentro disso, colocaria a saúde em primeiro lugar ça e a parte de segurança que tem preocupado.

E quais seriam as prioridades para Paraibuna? < O tratamento do esgoto, o aterro sanitário regional e o hospital regional. Precisamos de acesso a esses atendimentos de especialidades. Sem eles no mos município, precisamos de um lugar que sejaa próximo à maioria das demais cidades de sub-região.

Os municípios da RMVale têm dife-srentes características, tanto geográfica quanto econômicas, acredita que será possível pensar de uma forma plural na resolução dos problemas? < Acredito que sim. Se você faz, por exemplo, um bom projeto de saúde, com referências em tratamento e diversas especialidades, todo o mundo ganha.

laO fato de a população estar mais concentrada na zona rural de Paraibuna influencia nas tomadas de decisão para o município? < Temos até 60% da população na zona rural e uma vasta extensão de estradas nessa área. Isso cria dificuldades, não que seja problema. Interfere nas questões de estrada, de transporte de alunos para a cidade e de deslocamento de médicos para atendimentos de saúde. Mas ainda não entra nas discussões da RMVale.

Quais os receios que o senhor possui em relação ao desenvolvimento da RMVale? < O grande problema que pode acontecer é as pessoas julgarem que o processo de construção da Região Metropolitana dê resultados imediatos. É importante que as pessoas entendam que é um processo de construção demorado e que precisa ser bem elaborado. O risco que corre é as pessoas desanimarem com o sistema por achar que tudo pode ser resolvido com uma canetada.

nsi O que o senhor considera prioridade para a subregião de Guaratinguetá? < Investir na saúde é uma necessidade. A saúde está cada vez mais difícil, por isso, precisamos urgente de um hospital regional em nossa sub-região. As dependências de Lorena e Guará não estão suportando a demanda de pacientes A sub-região de Guará possui cidades de maior e menor porte, tanto em número de habitantes quanto de recursos econômicos. O senhor acha que isso pode gerar um choque de interesses ao negociar projetos? < As cidades maiores geralmente levam vantagem na hora de negociar com o governo. Com a RM, os municípios menores têm novo acesso de comunicação com o Estado. Nossas reivindicações vão chegar com outros olhos, afinal, vão precisar da nossa consulta e entendimento para viabilizar projetos. Concorda em reservar parte da receita ao fundo da RM Vale? < Acho que deve ser feito um percentual de acordo com o porte do município. Vamos ver qual será o índice estipulado pelo conselho. Tenho R$ 15 milhões de orçamento, tudo vai depender do que vão decidir quanto a minha participação.



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Especial

Potim

Queluz

Redenção da Serra

Benito Carlos Thomaz

José Celso Bueno

João Carlos Fonseca

O que espera da RMVale? < Espero que agilize o encaminhamento dos problemas e das soluções entre municípios e Estado. É um instrumento muito bom para estreitar essa relação. Quero que funcione assim, estou apostando que em curto prazo seja isso. A médio e longo prazos os investimentos sejam direcionados para os problemas em comum.

Quais são as suas expectativas com a criação da RMVale? < Nessa gestão, a tendência é executar ações mais planejadas e de interesse regional, criando soluções integradas que vão facilitar a vida valeparaibana. Ela funcionará como uma esfera intermediária entre o Estado e o município, como uma facilitadora.

Quais o benefícios que a RMVale pode trazer aos municípios? < Acreditamos que a RM ajude principalmente as cidades menores, pois não temos recursos próprios, não temos nada de indústrias. Sobrevivemos dos repasses municipais. O que a gente quer é ie a exeexx que a RM nos auxilie plorar a única fonte d dee recursos viável que é o turismo em Redenção e nas outras cidades pequenas. A esa, perança nossa é essa, emo moss uma vez que não temos condições de trazer indústrias.

Qual é a prioridade? < Falando sobre Potim, é o acesso à Dutra. Uma verba federal que estamos viabilizando, mas que contamos com atuação do governo do Estado na abertura de uma avenida na cidade, a Avenida Industrial. Gostaríamos também da continuação da Carvalho Pinto, que deve passar por Potim. Isso é uma reivindicação de toda a região. Além, é claro, da melhoria de nossas estradas vicinais.

E acredita que trará melhorias? < Certamente vai trazer mais do que investimentos financeiros. Com a RMVale e a agência de desenvolvimento metropolitano, haverão técnicos para auxiliar os municípios a planejar ações para suprir as suas várias necessidades. Essa é uma das grandes dificuldades das cidades menores, que não têm como manter pessoas especializadas para cuidarem de açõess que requerem pessoal mais técnico.

Teme retaliações política ou partidária na hora de decidir a aplicação dos recursos? < Acho que é uma preocupação que existe em todas as cidades pequenas da região. Temos uma perspectiva um pouco melhor em relação à Potim. Nossa cidade uito. está crescendo muito. Vamos nos destacarr em poucos anos, acredito que vamos atrair muitos investimentos privadoss tra com o acesso à Dutra construído, diversas indústrias vão procurar Potim para se instalarem.

Acha que municí-ão pios menores estão em desvantagem em relação aos outros? < Os municípios menores encontram, com a RMVale, a grande oportunidade de não ficarem para trás. Porque no modelo de gestão que temos hoje, os municípios que retêm a maior concentração de recursos acabam se desenvolvendo e crescendo mais, enquanto os menores ficam limitados. Com a região metropolitana, acho que isso tende a criar uma igualdade, guardadas as proporções.

Como deve ser a captação de recursos para a criação do fundo de investimentos? < Acho que só o Estado deve arcar com isso. Se for para criar fundo para tirar dinheiro dos municípios não adianta, principalmente dos pequenos. Dos 39 municípios, pelo menos uns 30 não vão ter condições de colaborar com isso.

Defende que os investimentos sejam realizados pelo Estado ou por destinação de parte do orçamento de cada município? <É um assunto bem delicado, esse. Os pequenos municípios não têm totalmente capacidade de investimento. Para eles devem caber investimentos do Estado, da União e parcerias públicas e privadas.

Quais projetos prioritários da RMVale refletem diretamente em Redenção da Serra? < Melhorias no setor da saúde e estradas. Se a gente fizer isso todo o mundo ganha, o comércio lucra, gera emprego e movimenta a economia. Isso é como se fosse uma cadeia de benefícios, todo mundo vai ganhar alguma coisa. Acha que interesses políticos podem atrapalhar a viabilidade dos seus projetos? <Meu medo é que as cidades maiores, que estão no eixo da Dutra, fiquem com a fatia maior do bolo e deixe as pequenas de fora. Como eles têm maior poder de articulação política, podem conseguir mais benefícios. Quem vai querer olhar para 3.800 votos sendo que em outra cidade existem mais de 50 mil votos? Esperamos do governador, que tem o poder maior da caneta, não deixe que as cidades pequenas continuem sofrendo. Como o senhor acha que deve ser constituído o fundo de investimento da RMVale? < Se puder deixar a gente de fora vou preferir, pois não estamos nem conseguindo manter a cidade com o que temos direito.


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Especial

Roseira

Santa Branca

Sto Antonio do Pinhal

Marcos de Oliveira Galvão

Luis Fernando Leme

José Augusto Guarnieri

Como a RMVale pode ajudar os municípios? < Os municípios menores vão ter infraestrutura técnica. Muitas vezes cidades pequenas não têm um corpo técnico com entendimento para fazer um projeto detalhado, com a RM será interesse mútuo. A RM Vale dará suporte para a gente, pois não temos as mesmas condições de avaliação de uma cidade grande. Tenho sete secretarias com seis secretários e o salário deles não chega a R$ 2.000 por mês, como vou ter uma equipe técnica assim?

Quais prioridades enxerga para Santa Branca e região? < Principalmente na saúde. Exames laboratoriais e de ressonância chegam a gerar espera de 60 a 90 dias. Com a criação de um Hospital Regional, essa demanda deve melhorar. O asfaltamento de estradas vicinais entre as cidades menores também, pois os caminhos de terra geram custos altos para nós, como com transportes.

Qual a sua expectativa em relação a RMVale? < Pelo histórico que temos das outras regiões metropolitanas, espero um grande ganho. No caso específico da Serra da Mantiqueira, essa integração, principalmente com o Vale do Paraíba, que é nosso grande público alvo na questão do turismo local, será muito benéfica. zarr za Temos que priorizar a questão do trans-porte regional para garantir trânsito de qualidade às pesm soas. Espero também quee melhorias na saúde, qu hoje passa por sérios problemas na região. Temos que fazer as coisas acontecerem, não ficar só no papel.

Então, os municípios menores serão os maiores beneficiados? < As cidades maiores vão ganhar também, mas sinto que os municípios pequenos são desprovidos de apoio. A maioria ajuda a gente como pode, só que não tem autoridade para fazer alguma coisa definitiva, assumir responsabilidades. Fora as outras coisas que vem junto, como o custo das ligações entre municípios, essas pequenas coisas para uma cidade pequena contam muito. Qual deve ser a prioridade da RMVale? <Olhar mais para a saúde, sem dúmente vida. Vimos recentemente rque uma criança morreu em Caçapava, cidade razoavelmente grande, por não conseguir UTI neonatal.. m Não conseguia vaga em nenhum município da RM, isso é só um exemplo de como a saúde está defasada. Ter mais hospitais regionais por aqui é o que deve ser prioridade. Como o fundo de investimentos deve ser criado? <Concordoemparticipardofundo, só não pode onerar muito o município. Nosso município é carente, mas 3% da receita é uma quantia razoável. Não é impossível pagar.

O que pensa sobre a criação de um fundo de investimentos? < Acredito que a verba deva vir do governo estadual, somada à participação dos municípios. Mas, no momento, Santa Branca e outras cidades com menor orçamento não têm condições de colaborar.

Considera a saúde prioridade? Qual o desafio de Santa vo Branca nesse novo modelo político? < Promover o crescimento da cidade com responsabilio, dade e planejamento, in não permitindo umaa invasão urbana.

< Sem dúvida. Precisamos de ao menos mais dois hospitais regionais para atender a demanda, principalmente dos municípios pequenos. Existe uma deficiência de especialistas também. Se não discutirmos urgentemente uma nova política de saúde na RM, ela vai entrar em colapso. As necessidades são muitas para o setor.

Qual é o perfil econômico e o que planeja para o futuro de Santa Branca? < Hoje não somos voltados nem para a indústria nem para o turismo, mas queremos direcionar nossas ações para este último. Estamos bem localizados e queremos ser estância. Não conseguimos, ainda, por causa do tratamento de esgoto.

Possui algum tipo de receio em relação ao desenvolvimento da RMVale? < Não adianta aprovar a lei e não colocá-la em prática. Nosso papel é pensar no coletivo. O receio que tenho é que isso se perca com os anos, que acabe em uma administração centralizadora.

Foi pedida alguma atenção especial nesse sentido? < Sim, hoje tratamos apenas 10% do nosso esgoto, mas queremos atingir 100%. Somos a primeira cidade do Vale a poluir o rio Paraíba do Sul. Estamos propondo que a prefeitura compre uma área para a construção de uma estação de tratamento. Com a RMVale, a proposta ganha peso.

Considera viável usar parte da receita municipal que tem como contrapartida para o fundo de investimentos da RM? < Não fiz essa análise ainda, mas acredito que não. Temos que entender que com a vinda da RMVale a expectativa é que dinheiro novo chegue para a região. Se for pra retirar, teremos que debilitar ainda mais esses sistemas.


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MAIOR VALORIZAÇÃO


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Especial

S. Bento do Sapucaí

São José do Barreiro

S. José dos Campos

Ildefonso Mendes

José Milton Serafim

Eduardo Cury

Quais benefícios que a RMVale pode trazer às cidades de menor porte? < Acredito que duas, seis, oito ou dez mãos fazem mais do que uma. Essa união é fundamental para ajudar a angariar fundos, o que é um foco melhor em cima dos municípios. Isso ajuda a diminuir essa diferença que existe entre as cidades mais avançadas, com IDH mais alto e as com IDH menor. Digamos que teremos um irmão rico que tem olhos para os outros irmãos.

O que acha que a RM vai trazer de desenvolvimento para a região e para o município? <Vamos ter mais acesso a recursos e de uma maneira mais ágil. Para as cidades pequenas, especialmente.

O que acredita que deve melhorar a curto prazo com as propostas apresentadas? < Uma maior integração na saúde, no transporte e na questão da despoluição do rio Paraíba do Sul. Poderia citar mais coisas, como questões da Serra do Mar e da Mantiqueira. São questões de nclu nc luem em mobilidade que incluem Taa duplicação da Tao moios e a extensão da Carvalho Pinto.

E quais são essas prioridades? < Você tem macro interesses e micro interesses. Os macros, por exemplo, a RM em São José tem a questão do aeroporto adequado. Existe também o problema da Tamoios que já deveria ter sido duplicada há anos, a questão do Porto de São Sebastião, extensão da Carvalho Pinto, entre outros de interesse comum. Na visão micro, temos estradas vicinais que precisam de melhorias, saneamento básico, investimentos pontuais na saúde, infraestrutura e transporte. As diferenças geográficas e econômicas da RMVale podem criar dificuldades para que os prefeitos pensem em aconjunto na criação dos projetos? < Isso pode haver, mas o que estamos observando é quee rodentro dos micros projetos, veremos uma coisa que interessa a todos. Tenho três projetos que através da RM vou trabalhar para conseguir, eles contemplam as outras cidades da Serra. O esgotamento de águas pluviais, uma ponte como opção de saída de São Bento, a que temos é antiga e não cabem duas mãos de tráfego, e por último a criação de um centro empresarial. Devemos trabalhar com essas sub-regiões que foram criadas para diminuir as diferenças.

São José do Barreiro tem uma dificuldade maior para conseguir recursos? < Dificuldade não. O problema é a morosidade. Porque tem de ter um deputado que fale com o secretário, então é uma lentidão muito grande. Agora, com a região metropolitana, será um processo mais direto. Vai dar uma representatividade maior para o município. O fato de ser um município menor influencia de que maneira? < É mais difícil ganhar voz, comparando com outras cidao des. Dentro da região metropolitana, entretanto, cada um vai ter peso igual. Deno tro da microrregião cada um vai trabalharr o problema que tem de pleitear. Quais são as urgências?

<São o acesso e a saúde. Em todo o Vale Histórico. Na saúde ainda estamos muito vulneráveis. A Santa Casa de Cruzeiro faliu e estamos sendo atendidos um pouquinho aqui, outro ali. O ideal seria fazer um hospital de referência para as nossas cidades. São José do Barreiro é uma das 10 maiores cidades do Estado em território, mas uma das menores em população. E o maior desafio de São José do Barreiro diante da RMVale? < É refazer São José do Barreiro ser localizado no mapa de São Paulo. Dentro do Estado, hoje, acredito que o Vale Histórico é a região mais pobre. O grande desafio como um todo é fazer essas cidades serem ouvidas, que é o que começa a ser feito.

O fato de ser a emaior cidade da resub gião e, também, a subsede de uma das sub-regiões faz com que recaia sobre São José uma responsabilidade maior? < Sem dúvida, porque temos de ajudar os municípios menores com algumas áreas em que já temos estrutura mais avançada. Qual a sua posição diante da ideia da criação de um fundo de investimentos? < Sou contra fundos específicos criados sem destinação. O perigo de se fazer investimentos sem destinação é essa verba ser utilizada para fins menos prioritários. Também não tem como exigir dos municípios valores iguais. A criação de um sistema de transporte metropolitano chegou a ser apontado como uma das principais dificuldades nesse processo... < Esse transporte metropolitano deve ser prioridade, mas não necessariamente para todas as cidades. Nas que têm conurbação, esse problema pega mais, porque muitos trabalham em uma cidade e vivem em outra. É o caso de São José e Jacareí, também de São José e Caçapava. Na nossa subregião inteira percebemos essa necessidade porque já estamos integrados economicamente e buscamos soluções regionais.


A VIA AEROPORTO–TAMOIOS, VIA LESTE E VIA CAMBUÍ SERÃO NOVAS ROTAS DE DESENVOLVIMENTO PARA A CIDADE.

O futuro de São José não é uma promessa, mas uma realidade que se consolida dia após dia. Com a primeira fase concluída, a Via Aeroporto-Tamoios será uma opção para a Avenida dos Astronautas, fazendo uma nova ligação entre a Rodovia Dutra/Carvalho Pinto e facilitando o acesso ao aeroporto, às indústrias e aos bairros da região. A Via Leste vai ligar o Novo Horizonte à região do Jardim da Granja, possibilitando avanço para as duas regiões. Ela vai integrar a Via Cambuí, que vai aproximar a região Leste do Putim, com uma nova passagem sobre a Dutra, desafogando o tráfego na Av. Juscelino Kubistcheck. Estas obras vão tornar mais rápidos os deslocamentos a pé, de carro, de ônibus e de bicicleta, melhorando a mobilidade de todos. Esta é a São José que estamos fazendo hoje, construindo o amanhã.

SÃO JOSÉ: FUTURO EM CONSTRUÇÃO.


74

Especial

S. Luiz do Paraitinga

São Sebastião

Silveiras

Ana Lucia Bilard

Ernane Bilotte Primazzi

Maria Rozana Togeiro

O que a RMVale pode trazer de benefícios para as cidades que a compõe? < O primeiro é o planejamento. Identificar o que cada cidade precisa e ter uma estratégia de resolução dos problemas para a região. Acho que primeiro é essa fase de estudo em todas as cidades. A nossa RM é diferenciada, dividida em cinco sub-regiões. São Luiz faz parte da sub de Taubaté. Nela levantamos algumas dificuldades em comum: saúde, que tenhamos mais especialidades e locais para internações. Segurança, com o aumento de efetivo tanto na Polícia Militar quanto na Civil. Por último a agricultura. Queremos fortalecer o pequeno produtor para que ele possa se manter no campo.

Quais são as expectativas para São Sebastião e região? < São sempre positivas, tendo em vista que hoje em dia não podemos mais pensar individualmente. A região, desde que funcione da forma como foi implantada, tem esse pensamento global. Acredito que vai ser interessante.

Quais prioridades a senhora enxerga para a cidade e sua sub-região? < A fonte de renda dessa região é o turismo e temos de trabalhar as estradas. Estamos batalhando pelo recapeamento da rodovia dos Tropeiros, precisamos muito dela. Nas rurais já fizepre re-mos reparos, mas precisamos viabilizar o acesso às cidades.

Possui algum receio de que a RMVale seja usada como instrumento político? < Acredito que não. Para um governo que quer se desenvolver com a RM não deve ter esse tipo de pensamento. A RMVale tem que trazer um crescimento organizado para a região, sem pensar em siglas ou cores partidárias. dita A senhora acredita e que uma cidade pequena terá a mesma parcela de responsabilidade e e benefícios que e? uma cidade grande? <Aspequenasterãovantagens se souberem exatamente o que querem. Apresentando um plano diretor, seus projetos detalhados. Tem que ir atrás. Estou muito confiante com a RM, ela é uma das principais do Estado e tem tudo para dar certo. A senhora concorda com a participação de todos os municípios na criação do fundo de investimentos da RMVale? < Não. Vamos lutar para que só o governo coloque dinheiro.

Quais são as prioridades do ponto de vista de S. Sebastião? < Preciso que deem continuidade às obras de ampliação de saneamento. Também precisamos da alça de ligação Caraguatatuba-São Sebastião. Para a gente é importantíssimo, mais que a Tamoios. Não adianta trazer mais gente, aumentar estrada e ampliar porto, se não tem como dar fluxo para isso. Defendo a ampliação da Tamoios no desde que esse contorno Caraguá-São Sebas-tião seja feito para que possamos nos desenvolver. O hosm, pital regional também, çãoee para atender à população diminuir a demanda do Vale. Santos já é RM. Era perceptível, antes da RM Vale, um tratamento diferenciado em relação ao Litoral Norte? < Com certeza. Tinha, lá, aquela história do investimento pensando no conglomerado de habitantes. Antigamente, quem ia para a região de Santos dizia apenas que ia para Santos. Foram feitas estradas, como Anchieta e Imigrantes, e o porto, pela proximidade de São Paulo. Mas essa implantação do porto, lá, não foi planejada, até porque não havia preocupações com meio ambiente, por exemplo, como se tem hoje. Por isso deu no que deu. Foi um crescimento desordenado. Aqui isso não ocorre, porque os projetos são bem discutidos e têm licenças prévias e de instalação de todos os órgãos que cuidam para que ele não gere consequências maiores.

O que espera dessa união pen-sando na saúde em Silveiras? < Aqui temos trabalhado essa questão na medida do possível e do impossível. O repasse que recebíamos tem caído muito, sem explicações, e temos passado por dificuldades até mesmo para pagar água e luz. Mas concentramos esforços para garantir o atendimento à saúde. Chegamos até a emprestar ambulâncias para municípios vizinhos. Mas a criação de um hospital de referência em Cruzeiro é esperado, porque temos um gasto muito grande. Que forma acha mais justa para angariar verbas para melhorias? < Uma participação maior do Estado é necessária. Sem ela fica difícil, porque estamos fazendo muito esforço para não ficar com dívidas. Qual é o maior desafio para Silveiras dentro da organização da RMVale? < Garantir que o artesanato de madeira não morra. Essa é a nossa segunda fonte de renda, com 21 empresários do ramo. Aqui temos os turismos rural e ecológico fortes. Mas não adianta crescermos nisso e na agricultura e deixar outras áreas, como o artesanato, de lado.

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Especial

Taubaté

Tremembé

Ubatuba

Roberto Peixoto

José Antonio de Barros

Eduardo César

Qual deve ser a prioridade da RMVale em relação aos projetos que serão apresentados? < Hoje temos aqui um Hospital Regional, certo? Seria muito interessante que outros hospitais também fossem instalados, de duas a três unidades na região. Isso desafogaria um pouco nossos leitos e facilitaria o acesso das pessoas à saúde de qualidade, uma vez que todos precisam se deslocar até Taubaté para ser atendido. Se tivesse outros no Vale e um no litoral, seria ótimo para a população. Acho que é o projeto que mais beneficiaria a RM.

O que a RMVale trará de benefícios para Tremembé? < Tenho uma expectativa positiva. Em audiências que tivemos foi possível identificar otimismo e boa vontade dos prefeitos. Em um desses encontros, coloquei a necessidade de uma compensação financeira para à cidade por causa dos presídios e presidiários que abrigamos. O Estado precisa dar esse suporte, os presos usam serviço de saúde do município, emprestamos equipamentos para os presídios e não temos nada em troca.

Como acredita que a RMVale deva trazer desenvolvimento? < As administrações ficarão mais fortes e interligadas.

Jáfoisolicitadoemdocumento?

< Sim, durante a reunião que Os municípios da RMVale, principalmente Taubaté, sofre com violência. O que o senhor acha que deve ser feito para garantir maior segurança à população? < Na realidade já discuti isso com os prefeitos. Estou falando isso em nossas reuniões antes mesmo de criar a RM. Precisamos elaborar um plano de segurança pública regional urgentemente. Nosso Vale é a principal ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, então a gente acaba sentido os reflexos negativos desses ndois centros. A violência que acontece aquii em Taubaté pode atingir São José e a de lá pode vir para cá. di Dentro da RM se discute a participação dos municípios com um percentual da receita no fundo de investimentos, o senhor concorda? < Quero saber o que vem para minha cidade primeiro. Quero primeiro saber o valor (dos investimentos) que vem para cá para poder responder direitinho. Não sei qual seria o percentual, como ficarão as cidades como Redenção da Serra, São Luis e Lagoinha? Eles não têm verba.

aconteceu em São Luis do Paraitinga. Tive o apoio dos prefeitos da sub-região. O Estado teria que estudar uma maneiraa de aju ajum dar o município com infraestrutura, má-quinas, dinheiro, o que for melhor para eles e para a gente. al O senhor prevê alguma dificuldade na aprovação de projetos? < Ainda é cedo para dizer, quero acreditar nos benefícios que a RM garante. Já pensando em conjunto, qual deveria ser a prioridade de todos os prefeitos? <Investirnasaúde.Aumentaronúmero de leitos e especialidades nos hospitais da região. Foi apresentada uma proposta quase que unânime na RM que é a construção de mais dois hospitais no Vale e outro na região do Litoral Norte. Isso desafogaria São José e Taubaté. A população vai sentir logo os benefícios da RM? < Não. Só depois de medidas efetivas do Estado para melhorar e incentivar os municípios com seus projetos, principalmente esses relacionados à área da saúde.

Para a região de Ubatuba você enxerga que benefícios com a criação da RMVale? < Vai sistematizar a forma de pedir. ada, Ela vai ser diferenciada, vai ganhar peso. O prefeito não precisa ter uma iniciativa diferenciada ou um grau de influênciaa maior, porque todaa a região vai estar sendo monitorada e o governo vai otimizar a distribuição de recursos. A região vai ganhar muito com isso. Ubatuba tem uma característica que é a sazonalidade. Tem picos de 300 mil a 500 mil pessoas vivendo na cidade em férias e feriados e, no resto do ano, esse número cai para 80 mil. É uma cidade pequena, mas tem de ter preparo para se tornar grande. Quando tem esse fluxo maior, você precisa de investimentos nas áreas de segurança e saúde, por exemplo. Quais são as prioridades para Ubatuba e sua sub-região? < Acesso é o principal problema para nós. A estrutura viária é importantíssima e o Litoral Norte tem a Tamoios, a Oswaldo Cruz, o anel e as ligações Ubatuba-Caraguá e Caraguá-São Sebastião. A questão dos aeroportos, também. Só temos, no Litoral Norte, o de Ubatuba. O Hospital Regional também vai ser discutido. O lixo é um problema grave do Litoral Norte, de onde saem dezenas de carretas junto com os carros de turistas que levam esse lixo para o Vale do Paraíba. Temos de encontrar soluções ecologicamente corretas para essa destinação, licenciamento e apoio para a infraestrutura. Petróleo e gás vão ser diferenciais, porque com o pré-sal as cidades vão ter visibilidade e uma economia aquecida. •



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Ensaio fotográfico

Luciano Coca fotógrafo

Divina luz O jornalista Luciano Coca mostra neste ensaio a tradição da Festa do Divino de São Luiz do Paraitinga. Durante dez dias da festa, pessoas de todas as cidades da região vão até o município para rezar, pedir bênçãos, pagar promessas e acompanhar a procissão do Divino


Domingo 6 Maio de 2012

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CELESTIAL Feixe de luz ilumina as crianรงas vestidas de anjos na procissรฃo


Ensaio

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PRÊMIO Garotos se aventuram em pau-de-sebo na praça central, durante a festa

MÚSICA Integrantes de grupo de congada em frente à Igreja Matriz de São Luiz


Domingo 6 Maio de 2012

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DEVOÇÃO Fieis com bandeiras do Divino saindo da igreja matriz, após a missa


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Ensaio

SÍMBOLO Bandeira do Divino durante pouso em bairro rural de São Luiz MOVIMENTO A Cavalhada é uma das manifestações mais esperadas atrações da festa

SABOR Seu Durvalino faz o Afogado, prato típico a festa



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Coisa & Taltigo

Marco Antonio Vitti

Abril, o mês da mentira e do descobrimento do Brasil

F

ico pensando, será que não houve um erro histórico e o Brasil não foi descoberto no dia 22 de abril, mas sim no dia 1º, Dia da Mentira. É um problema sério. O brasileiro gosta de mentir, e principalmente em desobedecer leis criadas por deputados e senadores mentirosos e, portanto, corruptos, como mecanismo de desobediência civil. No trânsito, é enorme o número de jovens sem a habilitação que morrem diariamente por conta do medo. Medo! Mas medo do quê? Medo de serem pegos por uma blitz policial sem documentos, e ao tentar fugir, dirigem tresloucadamente para escapar da polícia, mas caem nos braços da morte. Quantos pais atendi por sofrerem a dor maior de perder um filho nessa situação. Quem sai com a documentação desatualizada já sai cometendo um crime e com a intenção de cometer outros, como atravessar sinais vermelhos em busca de sangue, pois, vão matar ou morrer ou ambos. Impressiona também como o teste do bafômetro é evitado pela totalidade dos motoristas abordados. Como irá funcionar uma lei aprovada por políticos corruptos? Que cometem atos que desafiam a Constituição Brasileira, muitos sem beber uma gota sequer de álcool. Que exemplo que eles dão se eles que deviam legislar para o povo, legislam para punir o povo? Qual filho não desobedece ao pai que não dá o exemplo de decência

CORRUPÇÃO Como irão funcionar leis aprovadas por políticos corruptos?

dentro da própria casa?! O Tribunal de Justiça Eleitoral diz que devemos votar para mudarmos o país, mas o que sempre acontece é que elegemos quase sempre um criminoso para legislar leis como a do cigarro que todo mundo desobedece. Como médico, não sou hipócrita, sei que o cigarro e o álcool fazem mal, mas muito menos mal do que a corrupção que assola nosso país. O que vemos no Brasil hoje são políticos querendo resolver problemas que não são da alçada deles, como, por exemplo, o caso da ação em São Paulo para atuar sobre os usuários de crack. Pobres coitados, já deficientes da saúde psíquica e física pelo uso da droga recebem uma tropa de ataque composta de granadas de efeito moral, cães e balas de borracha, que machucam mais a alma do que o corpo. Mentiras e mais mentiras governam no nosso país. Por exemplo: nossos políticos mentirosos, porém honestos, querem agora aprovar uma lei que menores aviltados sexualmente desde a infância e que se prostituem para sobreviver, se forem estuprados não são mais vítimas, mas réus, pois o criminoso que

Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br

abusa sexualmente é inocente perante a sua desonestidade de abusar de uma criança que já foi abusada e se prostituiu para sobreviver. Triste é o país que é obrigado a votar em corruptos e ladrões, pois não sobra ninguém honesto para ser eleito. E por que querem nos obrigar a votar? Para nos tornarmos cúmplices inconscientes da corrupção e da mentira deslavada que eles, se eleitos, governarão para o “polvo”, pelo “polvo” e com o “polvo”; mas, sem o povo, mas com o “polvo”. Triste Brasil! Como podes ter filhos tão desalmados e cruéis que roubam as merendas de teus filhos; que gastam o dinheiro das intempéries, que a cada ano se repete em festivais de aumentos de salários injustos uma vez que os brasileiros não sabem mais o que fazer para manter suas famílias. A única maneira de se eliminar um corrupto é torná-lo desnecessário, sem valor. Quando tornarmos todos os políticos desnecessários, nós os brasileiros teremos valor. Povo brasileiro: não voltem [votem] no polvo [petiscus marinus]. •



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Turismo SERRA

Terapia para o casal Com o mesmo clima de Campos do Jordão e opções de hospedagem e gastronomia requintadas, Santo Antonio do Pinhal é puro romantismo

Adriano Pereira Santo Antonio do Pinhal

S

e no interior a tradição de colocar a imagem de Santo Antonio de ponta cabeça faz a moça se casar, uma pequena cidade da Serra da Mantiqueira tem o poder de firmar qualquer laço amoroso. Com o clima agradável da montanha, uma movimentação de turistas menos “baladeiros” do que na vizinha Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal é destino certo de casais de todas as idades que querem desfrutar de boa hospedagem e gastronomia. A palavra pousada não consegue definir a

experiência de se hospedar na Vila 3 Lagos. Com uma decoração meticulosa que reúne obras de arte com nomes como Di Cavalcanti, os nove chalés parecem ter saído de uma vila da Toscana, com cores que contrastam com o verde da montanha. Nos mais sofisticados, os lençois egípcios de 800 fios garantem o conforto, a lareira traz o calor e o zelo em todos detalhes da gentil Dione de Paula, proprietária da pousada, é a garantia de uma estadia memorável. O local conta com uma estrutura completa e acolhedora. Piscinas, sala de massagens, biblioteca, gazebos espalhados pelos jardins que são um convite à preguiça e um clima proposital de privacidade. A sofisticação chega

ao ponto de aos finais de semana o brunch servir prosecco aos casais que se hospedam por lá. “Ao ter zelo pela pousada, estou zelando pelo hóspede”, confirma Dione. Aliás, cuidado é palavra chave no relacionamento com o turista em Santo Antonio do Pinhal. No coração da cidade fica o “Bistrozin Canto da Gula”, um restaurante administrado por três grandes amigas que resolveram traduzir as receitas da família para um contexto que reúne sofisticação e os sabores da montanha. O picadinho, por exemplo, é um sucesso da casa, mas as massas, trutas, carnes e uma receita exclusiva de strogonoff de salmão deixam o cardápio irresistível. Não deixe de experimentar a casquinha


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Fotos: Adriano Pereira

TRUTA A especialidade do Mr. Richard

PAISAGEM O restaurante Arco-Íris, na entrada da cidade

BISTROZIN O picadinho do Canto da Gula

CONFORTO A sofisticação rústica dos chalés da bela Pousada Vila 3 Lagos

MATRIZ Revitalizada, a praça da Igreja Matriz de Santo Antonio do Pinhal


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Turismo

ARTE peças do ateliê de Nancy Barros em Santo Antonio

de truta, com sabor levemente cítrico servida numa fina crosta crocante e aproveite a simpatia da Cristina Amaro para um papo gostoso. “Nos tornamos amigos dos nossos clientes, nosso maior objetivo é fazer com que eles se sintam em casa”, explica Cristina. Na sobremesa, uma dica é a mousse de queijo com calda de goiabada quente, uma transgressão calórica do clássico Romeu e Julieta. E se você quiser almoçar em um cenário cinematográfico, o destino é o restaurante Arco-Íris, logo na entrada da cidade. Com um grande lago na porta, você faz uma pequena caminhada até chegar à sua mesa, que pode ficar de frente para uma cachoeira que traz a água cristalina e gelada para as trutas que ilustram o cardápio. A sugestão é a receita que vem acompanhada de um molho de maracujá e um risoto de brócolis. Se o frio for um incômodo, o ambiente mais intimista do salão resolve seu problema. Menos formal, mas também saborosíssimo, é o restaurante Mr. Richard. Cuidado pela família e com a cozinha comandada pela advogada Maria do Carmo de Castro, a lei lá é comer com os olhos. No cardápio, os ingredientes da montanha encontram a criatividade da chef. A truta com bacon e farofa de pinhão é uma das mais pedidas, mas a que vem regada ao molho curry também não fica para trás. E se você tiver sorte ainda pode ser fotografado pelo Bernardo, o filho mais novo que serve as mesas com a câmera a tiracolo.

Cerâmica A concentração de casais que circula pelas ruas e pontos turísticos de Santo Antonio mostra que ele vem fazendo um bom trabalho no que diz respeito ao matrimônio ou ao que pode resultar num enlace matrimonial. A maioria volta para casa carregando além de fotos e boas recordações, artigos produzidos artesanalmente por moradores locais, como cerâmicas, joias, quadros, trabalhos em patchwork, velas, sabonetes aromáticos e até mesmo móveis. Tudo encontrado num roteiro chamado “Caminho das Artes”, criado para facilitar o acesso a essas “lembrancinhas”. Você pode conhecer, por exemplo, o Jardins de Barro Cerâmica, da paulista Nancy Barros. Ela transformou sua chácara de final de semana em casa definitiva, onde montou também um ateliê para trabalhar e criar peças exclusivas, produzidas uma a uma e queimadas em alta temperatura. Se preferir pode optar por hospedar-se com qualidade, conforto e tranquilidade na pousada Sans Souci e, sem dar muitos passos, conhecer a Cerâmica Dejulis, ambas de propriedade do ex-executivo e agora ceramista e empresário Luís Dejulis. No lugar mais alto da pousada, com uma vista exuberante, ele construiu o seu ateliê. O artista Dejulis utiliza uma milenar técnica japonesa, conhecida como Raku, que dá as peças uma esmaltação bem diferenciada e trabalha

também com o que ele chama de “ceramigami”–peças de origami em papel pardo com um banho de cerâmica. No Caminho das Artes vale também visitar a Phamarcia de Quintal com produtos elaborados artesanalmente com ervas e flores, a Fazenda Renópolis que, além de vender artesanatos feitos com material da fazenda, como palha de milho e sementes, tem uma casa de chá onde é possível escolher entre mais de 40 tipos para acompanhar os bolos e tortas vendidos por lá. Já a Prata d`lua vende peças produzidas em prata, cobre e latão com pedras semipreciosas. Todas com design exclusivo. Depois de conhecer tudo isso, passe no restaurante Donna Pinha ou Santa Truta e saboreie uma das obras de arte feitas pelas mãos da chef Anouk Rosa. No Donna o cliente tem à disposição um cardápio afrodisíaco, carregado de ervas e temperos especiais. Uma dica é o risoto de arroz preto com funghi. Já no Santa Truta não deixe de pedir a famosa linguiça de truta e uma truta com alcaparras ao molho catupiry. Para o turista que visita Santo Antonio do Pinhal é bom ter em mente que o sossego é palavra chave. Não espere uma cidade agitada como Campos do Jordão e uma avalanche de merchandising de luxo. A ordem é curtir cada momento, seja uma lua-de-mel, uma celebração ou um recomeço. O santo casamenteiro mostra sua força na Serra da Mantiqueira.•


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Turismo

ARTE peças do ateliê de Nancy Barros em Santo Antonio

de truta, com sabor levemente cítrico servida numa fina crosta crocante e aproveite a simpatia da Cristina Amaro para um papo gostoso. “Nos tornamos amigos dos nossos clientes, nosso maior objetivo é fazer com que eles se sintam em casa”, explica Cristina. Na sobremesa, uma dica é a mousse de queijo com calda de goiabada quente, uma transgressão calórica do clássico Romeu e Julieta. E se você quiser almoçar em um cenário cinematográfico, o destino é o restaurante Arco-Íris, logo na entrada da cidade. Com um grande lago na porta, você faz uma pequena caminhada até chegar à sua mesa, que pode ficar de frente para uma cachoeira que traz a água cristalina e gelada para as trutas que ilustram o cardápio. A sugestão é a receita que vem acompanhada de um molho de maracujá e um risoto de brócolis. Se o frio for um incômodo, o ambiente mais intimista do salão resolve seu problema. Menos formal, mas também saborosíssimo, é o restaurante Mr. Richard. Cuidado pela família e com a cozinha comandada pela advogada Maria do Carmo de Castro, a lei lá é comer com os olhos. No cardápio, os ingredientes da montanha encontram a criatividade da chef. A truta com bacon e farofa de pinhão é uma das mais pedidas, mas a que vem regada ao molho curry também não fica para trás. E se você tiver sorte ainda pode ser fotografado pelo Bernardo, o filho mais novo que serve as mesas com a câmera a tiracolo.

Cerâmica A concentração de casais que circula pelas ruas e pontos turísticos de Santo Antonio mostra que ele vem fazendo um bom trabalho no que diz respeito ao matrimônio ou ao que pode resultar num enlace matrimonial. A maioria volta para casa carregando além de fotos e boas recordações, artigos produzidos artesanalmente por moradores locais, como cerâmicas, joias, quadros, trabalhos em patchwork, velas, sabonetes aromáticos e até mesmo móveis. Tudo encontrado num roteiro chamado “Caminho das Artes”, criado para facilitar o acesso a essas “lembrancinhas”. Você pode conhecer, por exemplo, o Jardins de Barro Cerâmica, da paulista Nancy Barros. Ela transformou sua chácara de final de semana em casa definitiva, onde montou também um ateliê para trabalhar e criar peças exclusivas, produzidas uma a uma e queimadas em alta temperatura. Se preferir pode optar por hospedar-se com qualidade, conforto e tranquilidade na pousada Sans Souci e, sem dar muitos passos, conhecer a Cerâmica Dejulis, ambas de propriedade do ex-executivo e agora ceramista e empresário Luís Dejulis. No lugar mais alto da pousada, com uma vista exuberante, ele construiu o seu ateliê. O artista Dejulis utiliza uma milenar técnica japonesa, conhecida como Raku, que dá as peças uma esmaltação bem diferenciada e trabalha

também com o que ele chama de “ceramigami”–peças de origami em papel pardo com um banho de cerâmica. No Caminho das Artes vale também visitar a Phamarcia de Quintal com produtos elaborados artesanalmente com ervas e flores, a Fazenda Renópolis que, além de vender artesanatos feitos com material da fazenda, como palha de milho e sementes, tem uma casa de chá onde é possível escolher entre mais de 40 tipos para acompanhar os bolos e tortas vendidos por lá. Já a Prata d`lua vende peças produzidas em prata, cobre e latão com pedras semipreciosas. Todas com design exclusivo. Depois de conhecer tudo isso, passe no restaurante Donna Pinha ou Santa Truta e saboreie uma das obras de arte feitas pelas mãos da chef Anouk Rosa. No Donna o cliente tem à disposição um cardápio afrodisíaco, carregado de ervas e temperos especiais. Uma dica é o risoto de arroz preto com funghi. Já no Santa Truta não deixe de pedir a famosa linguiça de truta e uma truta com alcaparras ao molho catupiry. Para o turista que visita Santo Antonio do Pinhal é bom ter em mente que o sossego é palavra chave. Não espere uma cidade agitada como Campos do Jordão e uma avalanche de merchandising de luxo. A ordem é curtir cada momento, seja uma lua-de-mel, uma celebração ou um recomeço. O santo casamenteiro mostra sua força na Serra da Mantiqueira.•


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Flávio Pereira

LANÇAMENTO

Velocidade máxima Mitsubishi adapta Lancer GT para o Campeonato Brasileiro de Marcas; montadora estreia na categoria com modelo derivado do esportivo Evolution X, que brilhou nas pistas de Rali com quatro títulos mundiais

Yann Walter São Paulo

A

s principais montadoras do Brasil disputam o Campeonato Brasileiro de Marcas, também conhecido como Copa Petrobras de Marcas, que começou em 22 de abril no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. A prova, para modelos sedãs de quatro portas, está em sua segunda edição. “A Copa Petrobras é um evento organizado para promover as principais montadoras do

país. Não é um simples campeonato, é uma competição entre marcas”, definiu Carlos Eduardo Padovan, piloto da Serra Motorsport, uma das dez equipes que participam do torneio. Padovan e seu companheiro de equipe, o piloto de stock-car Marcos Gomes, dirigem um Mitsubishi Lancer GT adaptado especialmente para a competição. Derivado do esportivo Evolution X –que brilhou nas pistas de Rali com quatro títulos mundiais– o veículo tem todas as características do modelo Mitsubishi Lancer GT de série, mas foi turbinado com diversos acessórios. Conta com freio da AP Racing, um tanque ATL de borracha com capacidade para 70

litros, um câmbio sequencial de seis marchas Xtrac e um aerofólio traseiro com regulagem, colocado no porta-malas para dar mais estabilidade ao carro. O motor, de 4 cilindros e 300 cavalos, ganhou potência. O capô e os para-lamas dianteiros são feitos de fibra de vidro. As rodas são de aro 18 e tala 10 e os pneus, da Pirelli, são slicks. Além da equipe Serra Motorsport, a Officer ProGP também compete com o Lancer GT. Ao todo, cinco modelos se enfrentam na Copa Petrobras: o Cruze (Chevrolet), o Civic (Honda), o Focus (Ford) e o Corolla XRS (Toyota). “Todos os carros têm basicamente as mesmas características. O equilíbrio na ca-


Domingo 6 Maio de 2012

ESTABILIDADE O aerofólio traseiro com regulagem, colocado no porta-malas para dar mais estabilidade ao carro

tegoria é muito grande, então são os detalhes que fazem a diferença. O entrosamento entre os pilotos e os engenheiros é fundamental”, disse Chico Serra, dono e comandante da equipe de Gomes e Padovan. Expectativas Os três têm altas expectativas para o Brasileiro de Marcas 2012. Marcos Gomes, que substituiu na Motorsport o vice-campeão do ano passado, Daniel Serra, cristaliza as maiores esperanças. “Eu vim para brigar pelo título. Temos um carro competitivo, apesar de ser o primeiro ano da Mitsubishi na categoria”, afirmou. “Gomes foi escolhido a dedo. Ele é muito

2012

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COMPETIÇÃO

CÂMBIO

Ano de estreia da Mitsubishi com o modelo Lancer GT no Campeonato Brasileiro de Marcas

Sequencial de seis marchas Xtrac. Modelo ainda conta com tanque ATL de borracha para 70 litros

FICHA TÉCNICA Mitsubishi Lancer GT CARROCERIA: Original de fábrica ACABAMENTO: Material composto RODAS: OZ Racing Aro 18 Tala 10 PNEUS: Pirelli PZero PESO MÁXIMO: 1.030 kg com piloto MOTOR: 4 cilindros, 300 cv CÂMBIO: Xtrac seq. de 6 marchas

rápido, e é a aposta da montadora para ganhar o campeonato. Com os pontos dele e os meus, temos tudo para levar o Brasileiro de Construtores”, garantiu Padovan, que terminou o campeonato de 2011 na 13ª posição. “Nossa meta é o título. Vamos brigar por cada corrida. Marcos é um piloto muito competitivo, experiente e rápido, e vai nos dar muitas alegrias este ano”, finalizou Chico Serra. O Brasileiro de Marcas 2012 é disputado em oito etapas, realizadas nas cidades de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Londrina (PR), Nova Santa Rita (RS) e Tarumã (SP). A última prova está marcada para o dia 2 de dezembro em Curitiba. •


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Moda&estilo NEOLOGISMOS

Habla ‘modês’ ? Identificar as nomenclaturas do mundo da moda a cada temporada não é tarefa fácil. Conheça um pouco sobre a lógica dessa renovação e os novos termos do inverno 2012 Cristina Bedendo São José dos Campos

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busca por constante renovação na indústria da moda (e nela podemos incluir a mídia especializada) acarreta no surgimento de novas nomenclaturas para itens já existentes no mercado, modelagens e, principalmente, a cartela de cores. Há algumas temporadas, por exemplo, o bege virou nude, o caramelo virou camelo –ou camel–, o gelo virou off white. Para o verão 2013, você vai observar que os tons pastel serão chamados de tons sorbet (ou tons adocicados, de sorvete). Para o inverno 2012, além da cartela de cores com nomes como nude rosado (tipo um rosa pastel), as modelagens ganham as versões saia sereia, golinha Peter Pan, entre outros neologismos que, muitas vezes, só o

público fashionista e que atua no mercado de moda entende. Segundo Patrícia Sant’Anna, doutora em História da Arte, mestre em Antropologia e diretora de pesquisa da Tendere Pesquisa de Tendências, a ideia de que a moda é cíclica é ilusória, assim como a concepção de que ela cria novidades a cada seis meses. A verdade é que a moda fica entre esses dois extremos, criando dentro de padrões e propostas que são aceitos agora. “Criar novos nomes para cores, detalhes e caimentos que já conhecemos é um jeito de dar a sensação de novo ou ao menos de renovação ao consumidor final”, afirma a pesquisadora. Ou seja, para se ter um ar de novidade, cria-se outro nome, o que acaba mudando o significado de uma já conhecida gola, saia ou cor. “Outra coisa comum, e que infelizmente também acontece, é que algumas pessoas não conhecem o nome dado em português. Assim, acabam não traduzindo e mais um estrangeirismo nasce”, completa.

Glossário inverno 2012 Nude: é a denominação atual para o bege Off white: é um branco não puro, quase como um gelo Saia sereia: trata-se de uma saia lápis com detalhe godê nas barras, fazendo o volume como de uma sereia Cropped: refere-se a um comprimento curto e vale tanto para calças como para blusas mais curtas Golinha Peter Pan: referência dos anos 40, são as golinhas redondinhas. Se tornaram hit do inverno 2012 e podem ser encontradas ou versões removíveis ou em cores diferentes do restante da camisa Tons sorbet: nova denominação para os tons clarinhos, justamente por serem adocicados, com um ar fresco e leve

O fato é que esses nomes, quando não traduzidos e explicados pela mídia, acabam gerando dúvidas para o consumidor final. Nesse contexto, Patrícia lembra da calça ‘carrot’ (cenoura, em inglês), que voltou às araras há algumas temporadas. O modelo não passava da tradicional calça baggy dos anos 80, com cintura alta, cós e pregas leves. “Muitas pessoas pronunciavam como se estivessem falando francês. Se traduzíssemos simplesmente para calça cenoura, não ficaria mais fácil a compreensão do consumidor?”, reflete. Traduzir esses termos para o consumidor final e facilitar a sua compreensão é, sem dúvida, um aparato inevitável para a tão falada democratização da informação de moda, que muito vem sendo feita pelo fácil acesso à internet. “Tornar a moda acessível, democrática, só faz todos ganharem. Há espaço para todos; a classe média não para de crescer e ela quer estar ‘na moda’, pois isso é uma afirmação positiva de suas conquistas nos últimos anos”, acredita a pesquisadora. •


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Fotos: divulgação

CORES À esquerda, o off-white que seria um branco gelo; abaixo o bege que se transformou em cor ‘camelo’; no destaque, a gola ‘Peter Pan’. Na página ao lado, o nude rosado


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Tempos ModernosArtigo

Alice Lobo

Quarto do bebê: além da beleza, tem que apresentar segurança

O

Nick chegou! Depois de 37 semanas esperando ansiosamente, meu filho nasceu com 48 cm e 3 kg. Mas antes disso teve muita preparação para fazer o enxoval, o quarto e comprar todos os apetrechos que um bebê precisa. É tanta coisa que parece não acabar nunca. Mas é muito gostoso curtir cada uma delas. E, para escolher dentre tantas opções, o melhor é se informar. Chegou a hora de preparar o quarto? Aqui vão algumas dicas que adotei e visam sempre garantir a saúde e o bem-estar do bebê. Móveis de madeira certificada são uma boa opção, mas costumam ser caros. Procure saber como são feitos para descobrir o quão sustentáveis eles são. E, mais do que isso, o tipo de tinta ou verniz usado para pintá-los. Procure sempre os a base d’água e atóxicos, e que não emitem compostos orgânicos voláteis (COV). O mesmo serve para as tintas da parede do quarto. Pense que o bebê vai passar muito tempo lá e que este ambiente deve ser o mais livre de químicos possível. Aliás, outro ponto importante é o colchão. Prefira comprar um novo, firme, que tenha algum certificado de segurança –no Brasil, os berços devem obedecer às normas técnicas da ABNT (NBR 15860) e do Inmetro (NBR 15860-1 e 15860-2) –e, de preferência seja livre de com-

BELEZA O quarto pode ser uma obra-prima da decoração, mas deve ser seguro

ponentes que possam emitir gases tóxicos, como retardantes de chama conhecidos por PBDE (éter difenil polibrominado), vinil, espuma de poliuretano e metais pesados. Na hora das roupas de cama e de banho, no mercado brasileiro já existem versões feitas com algodão orgânico e tingimento natural. Outra opção “eco” é reutilizar o que é herdado de amigas ou da família, desde que estejam em boas condições, claro. Por último, mas não menos importante, algumas regras estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Pediatria devem ser respeitadas. Estas mesmas são adotadas aqui nos Estados Unidos pela associação de pediatria para prevenir o risco da Síndrome de Morte Súbita Infantil. Dentro do berço do bebê só é per-

Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br

mitido o colchão (cuja medida deve ser justa no berço para não ficar nenhuma fresta) com o lençol de baixo, aquele de elástico. Nem protetor lateral se usa mais, para evitar perigo de sufocamento quando o bebê começa a se virar. Nada de travesseiros, brinquedos, pelúcias, almofadas decorativas ou cobertor. Se tiver que usar este último, invista nas mantas vestíveis com zíper na frente. Ela esquenta o corpo da criança e previne que ela puxe para o rosto evitando maiores complicações respiratórias. A lista de recomendações é ainda maior e pode ser vista no site da SBP (www. conversandocomopediatra.com.br). No mês que vem, trarei mais dicas de tarefas pré-natal, além de cuidados e produtos para os recém-nascidos. •



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ValeViver CULTURA

Clarice Lispector nunca foi tão pop Frases da escritora retiradas de seu contexto original inundam as redes sociais e ganham centenas de compartilhamentos; popularização benéfica ou uma deturpação da obra? Isabela Rosemback São José dos Campos

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omeçar este texto com uma citação seria o extremo do piegas. Tão simplista quanto começá-lo negando-me a fazer referência a uma frase pronta que ajudasse a elucidar o assunto. Mas o fato é que o próprio tema tornou-se clichê, quando, talvez, não merecesse ter desandado da maneira como se proliferou: Clarice Lispector, nos últimos anos, deslocou-se da condição de complexa literata para ganhar forma de um vírus devastador, que logo transforma as redes sociais em uma espécie camuflada de autoajuda. O misterioso vira fragmentado e óbvio. Clarice é pop. Mas nem por isso perde a sua luminosidade. Por dia, centenas de imagens e mensagens contendo aspas da escritora são postadas na internet em contextos tão duvidosos quanto muitas vezes seus conteúdos aparentam ser. Nesse fenômeno digital onde tudo se compartilha, o que menos parece importar é a fonte daquilo que está sendo consumido sem o mínimo do prazer de de-

gustação. Já vem tudo mastigado e misturado, pronto para ser rapidamente engolido –estilo fast-food. Mas há quem enxergue vantagens nessa massificação, ainda que as perdas não devam ser ignoradas. Quem é, mesmo? Ucraniana naturalizada brasileira, a autora de clássicos como “A Hora da Estrela”, “A Paixão Segundo G.H.” e “Laços de Família” morreu em decorrência de um câncer em 9 de dezembro de 1977 –dia anterior àquele em que completaria 57 anos–, mas muitos dos que hoje a reverenciam na internet acreditam que ela ainda esteja viva. “Parei de ler as mensagens que mandam para mim, porque muitas delas são sem noção. Acham que eu sou a própria Clarice. Dizem que me amam, pedem textos...”, incomoda-se o publicitário Lucas Freire, 27 anos, que mantém um perfil no Twitter com o nome da escritora e que o atualiza com frases destacadas da obra dela. “A cada 50.000 seguidores novos eu coloco uma mensagem esclarecendo que tudo não passa de uma homenagem”, completa. Lucas criou a conta em 2008, quando afirma ter começado a ler um livro de Clarice atrás do outro. “Estava dando uma utilidade para o Twitter, apenas com o intuito

de guardar para mim as frases das quais gostava. Mas, quando o microblog estourou, os seguidores apareceram e multiplicaram-se muito rápido”, explica. O sucesso de sua página, hoje acompanhada por cerca de 180.000 usuários, exigiu que novos grifos das folhas de papel fossem transportados para o universo virtual. Ainda assim, o blogueiro não vê com bons olhos o excesso de citações da escritora em plataformas como o Facebook. Na percepção que tem, isso não desperta o interesse pela leitura dos livros de Clarice. “As pessoas acham legal e postam. É isso. É modinha. Espalham aquilo, mas não se preocupam em entender o que significa, nem em buscar o contexto em que foi escrito. Quando posto frases mais herméticas, que mostram o lado mais misterioso e difícil de sua literatura, o retorno é muito pequeno”, lamenta, comparando com quando posta frases que falam de amor. “Aí é diferente. Os compartilhamentos chegam a 500 por segundo. O efeito disso é uma popularização que pode ter um efeito contrário ao de estimular a procura por sua obra. E já desisti de lutar contra os perfis que postam frases que não são dela, porque não tem como ter controle”, rende-se. Só no Twitter, existem mais de 200 perfis


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ValeViver

fakes [falsos] da escritora. Alguns que se propõem sérios e, outros, que aproveitam a onda para atribuir à escritora frases falsas que variam dos tipos mais reflexivos aos mais escrachados, inclusive com trechos de músicas populares creditados a ela. Revirando no túmulo Se, neste instante, fosse lançado o desafio de encontrar uma resposta à pergunta que não quer calar –“O que Clarice Lispector pensaria sobre tudo isso?”–, certamente, muito do que já foi escrito ou dito pela autora poderia ser usado para justificar algumas teses. O poeta Affonso Romano Sant’Anna, que acaba de concluir, junto com a escritora e sua mulher Marina Colasanti, um livro que relata a convivência do casal com a autora, faz isso de uma forma mais elegante. “Quando diziam que Clarice estava sendo lida por muita gente, ela comentava que começava a questionar o seu próprio valor. Obviamente, ela estava sendo irônica. Acredito que se acompanhasse esse movimento na internet, hoje, ela ficaria

feliz e desconfiada, porque cada leitor lê um texto à sua maneira. A internet é uma arma de dois gumes, mas vejo que essa divulgação ajuda a despertar a curiosidade das pessoas, e a literatura de Clarice só faz o bem. É a linguagem de quem vive em transe”, define Sant’Anna. Marina Colasanti completa que a internet é um mal de que todos os autores padecem. “Escritores são frequentemente distorcidos e têm textos que não são deles atribuídos aos seus nomes. O mesmo acontece com Clarice, e não vejo como uma coisa ruim. Ela não precisa de divulgação para ser lida. Os bons autores não escrevem para agradar o leitor. Apenas expressam as suas ideias, que estão abertas a interpretações”, considera a escritora. Para ela, o fato de as frases de Clarice Lispector estarem provocando comoção em grande escala não tem razão para ser associado a algum evento extraordinário –seria apenas uma consequência da qualidade literária deixada pela autora. “Não é que ela esteja mais forte, mas, sim, esse é o resultado de um crescendo. É um processo

lento, porque ela nunca foi um best seller, popular. Não escrevia para distrair ou divertir ninguém. Sua linguagem era da mais sofisticada estirpe da literatura”, resume. Dá para refletir? Professora da área de Letras e de Comunicação Social da Unitau (Universidade de Taubaté), Miriam Puzzo preocupa-se, entretanto, com os rumos que essa propagação de trechos soltos de Clarice podem tomar. “Penso que informação assim, em grande quantidade e sem filtros, banaliza ideias e conceitos. O senso crítico se perde. Quem recebe esses conteúdos de uma só vez não os assimila ou reflete sobre eles. Além disso, tende a confiar demais na autenticidade daquilo que lê na internet”, critica. O receio é que o entendimento sobre a escrita da autora seja deturpado, por trechos serem assistidos de longe e isoladamente. “Clarice usa uma linguagem simples, mas aborda questões muito profundas e fundamentais. A reflexão sobre a existência humana, dos problemas que enfrentamos, está presente em toda a sua obra. A vida e a morte


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Divulgação

COMPLEXIDADE Frases com o lado mais misterioso da literatura de Clarice Lispector não fazem tanto sucesso

são questionadas até mesmo em textos mais eróticos, porque o sexo e a morte estão muito ligados. Então eu entendo que, se lidas fora de contexto, essas frases acabam respondendo apenas aos problemas de quem as lê, não há interpretação”, conclui Miriam. Analú Pires do Rio Oliveira, sócio-proprietária da livraria Literacia, de São José dos Campos, admite que já compartilhou frases de Clarice Lispector na internet. “Fiz porque achei a frase bonita, como faço com as de outros autores. Mas será que o sentido original dela é o mesmo que surtiu para mim? A velocidade da informação acaba comprometendo a leitura crítica. Vejo essas frases como se elas fossem um pouco autistas. E é uma coisa boa, por outro lado. É mais uma forma de mostrar aos jovens que ela existe, sem ser por meio daquela imposição da escola”, afirma, lembrando que muitos chegam à sua loja procurando por títulos exigidos para o vestibular. Isabelita Maria Crosariol, também professora do Departamento de Letras na Unitau, acredita que o efeito seria positivo se houvessem bate-papos ou outras ações que promovessem um aprofundamento na literatura lispectoriana. “Há absurdos sendo publicados, como poemas assinados por ela, quando, na verdade, a sua narrativa era em prosa. Se houvesse

conhecimento sobre ela, isso seria rapidamente identificado. Mas a predileção por Clarice pode ser explicada pela abordagem dos sentimentos e das angústias da existência, presentes em seus textos sempre com discursos centrados no ‘eu’. E o compartilhamento dessas frases nas redes sociais podem estar atreladas à construção da identidade virtual do indivíduo e à sua necessidade de ser aceito”, afirma. O escritor Ignácio de Loyola Brandão é radicalmente contra esse tipo de manifestação. “Acho muito perigoso extrair frases, que funcionam em um texto, aleatoriamente. É uma bobagem achar que isso estimula a leitura. A partir dessas citações, as pessoas não vão até o livro, não adianta. A internet está aí para ser dominada. Ainda é muito mal utilizada”, reprova. Para ele, esse tipo de ação gratuita não agrega em nada. O ideal seria que as pessoas lessem a autora e incentivassem os outros a conhecerem a sua obra. “Não vejo em nada a internet como aliada dos escritores. Frases que nunca escrevi têm sido atribuídas a mim, também. Eu fico indignado e tentando entender por que fazem isso. Clarice Lispector é uma escritora completa, profunda. Esqueça essas frases, não quero nem saber delas. Clarice é esplêndida”, encerra. •

PERFIS FALSOS Ainda que seja a grande estrela das frases póstumas ou fakes na internet, Clarice Lispector não é a única. Caio Fernando Abreu, morto em 1996, também faz sucesso na rede. O número de perfis falsos do poeta gaúcho no Twitter está próximo de 150. Há, inclusive, páginas que unem frases de Clarice Lispector e de Caio Abreu em um único espaço. As citações costumam figurar com frequência nas páginas de apresentação dos usuários, muitas vezes como recurso para a pessoa descrever a própria personalidade. Enquanto há leitores que realmente retiram esses trechos dos livros, são muitos os casos de frases destacadas a esmo de fontes não tão seguras da rede. “É o mal da internet”, reforça a escritora Marina Colasanti. Entre os internacionais, Charles Chaplin, Nietzsche, Charles Bukowski e músicos como Bob Marley integram a lista dos pensadores da timeline. E nem é preciso estar morto para ter textos de origens desconhecidas com créditos trocados circulando pela internet. Arnaldo Jabour e Luís Fernando Veríssimo sabem bem como é isso.


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ValeViver

CULTURA

Teatro da Rua Eliza Artistas da Companhia do Trailler, do Laboratório Teatro Químico e da La Cascata Companhia Cômica se unem e criam espaço para espetáculos em São José


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Flávio Pereira

TRUPE Atores e atrizes de três companhias de teatro criam opção além dos centros institucionalizados de cultura

Isabela Rosemback São José dos Campos

os últimos seis meses, um espaço comercial no São Dimas, em São José dos Campos, perdeu paredes e ganhou um tablado para receber o público em atrações artísticas principalmente voltadas à dramaturgia. Nomeado como Teatro da Rua Eliza, o galpão foi ocupado por três companhias de teatro que enxergam na iniciativa uma opção além dos centros institucionalizados de cultura. “Hoje, a cidade conta com poucos e concorridos espaços para apresentações. Optamos por criar este independente, que terá espetáculos aos finais de semana”, explica o

N

ator Fernando Rodrigues, 39 anos. Com um repertório inicial de 13 espetáculos, a trupe pretende abrir as apresentações em maio, mas aulas de interpretação –também foco de suas ações– já são realizadas. “São José tem potencial de público muito grande, mas o acesso à cultura é complicado. A tendência é a criação de espaços alternativos, e apostamos no diálogo artístico como o nosso ponto forte”, avalia o ator André Ravasco, 33 anos. À frente do projeto estão artistas da Companhia do Trailler, do Laboratório Teatro Químico e da La Cascata Companhia Cômica. “Queremos discutir teatro, mas também cinema e outras artes”, diz Glauce Carvalho, 30 anos, adiantando que o grupo tem interesse em, mais adiante, se tornar ponto de cultura –reconhecido e apoiado pelo Ministério da Cultura. Por enquanto,

os idealizadores do Teatro da Rua Eliza se dobram para bancar as reformas do espaço. “Assumimos os custos no início, mas agora criamos mecanismos de colaboração, porque o valor é alto”, justifica a atriz. Em contrapartida a ajudas financeiras que receber, o grupo oferecerá opções equivalentes de benefícios. Entre eles, apresentações exclusivas na casa do colaborador, serenatas, aulas grátis de teatro e cartões fidelidade. “É uma troca, mas futuramente queremos manter o teatro com o nosso próprio trabalho”, afirma Fernando Rodrigues. O espaço possui estrutura móvel e deve oferecer entre 60 e 80 lugares na plateia. Também estão previstas matinês e sessões da meia-noite. • Teatro da Rua Eliza - rua Eliza Costa Santos, 154, no Jardim São Dimas, em São José dos Campos. http://teatrodaruaeliza.blogspot.com/


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ValeViver Reprodução/Bob Gruen

EVENTO

Let’s rock! Exposição, que segue até o dia 27 de maio, traz o universo roqueiro à Oca Adriano Pereira São Paulo

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ocê já chegou perto de um disco de ouro dos Beatles? Instrumentos de lendas do rock, discos autografados por artistas que influenciaram gerações, enfim, materiais que valem ouro para fãs estarão disponíveis para que seus olhos vejam de perto um pedaço da história do rock n’ roll na exposição Let’s Rock, a maior do gênero na América Latina, que acontece na Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, até o dia 27 de maio. São quatro andares. O primeiro é todo dedicado à essa memorabília variada, e bandas nacionais e internacionais têm lugar neste espaço, que conta com objetos emprestados do Rock and Roll Hall of Fame, colecionadores e, em alguns casos, dos próprios músicos. No subsolo, além do auditório, estão expostas as fotos de Bob Gruen (um dos maiores nomes mundiais da fotografia de rock), Marcelo Rossi e Otávio Sousa. Dividindo o espaço alguns lounges de cada década, decorados como quartos de adolescentes cheios de colagens das bandas preferidas, tocam os respectivos sucessos. Lá também há um gigantesco porco inflável, alusão ao símbolo do Pink Floyd integrante da capa do disco “Animals”. No último andar fica a “Let’s Rock Experience”, onde os visitantes podem deitar em puffs aconchegantes e, com a ajuda de fones, ouvir e assistir as projeções de trechos de shows no teto da Oca. A exposição fica aberta até o dia 27, das 10h às 22h. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) e podem ser adquiridos no local ou pelo site ingressorapido.com.br. •


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MÚSICA

Virando com Luiza Luiza Possi traz seu som para a sexta edição da Virada Cultural Paulista no Parque da Cidade, em São José, e no Teatro Mário Covas, em Caraguá Isabela Rosemback São José dos Campos

PROGRAMAÇÃO MUSICAL 2012 *

20/05

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PARQUE DA CIDADE 18h30 DJ Dom KB 19h30 Apanhador Só 21h00 Fernando e Fabiano 22h30 Luiza Possi 00h00 Móveis Coloniais de Acaju 01h30 DJ Dom KB 15h00 Paranga 16h30 Casuarina 18h00 Dominguinhos

20/05

19/05

TEATRO MUNICIPAL 18h00 Abertura oficial 22h30 Samba de Roda Nega Duda 00h30 Lulina 15h00 Pitanga em Pé de Amora 16h30 Banda Sinfônica do Estado de São Paulo

CARAGUATATUBA

20/05

19/05

PRAÇA DE EVENTOS 18h30 MC Dedé 19h30 Ludov 21h00 Caraguá Jazz Big Band 22h30 Canastra 00h00 Cachorro Grande 01h30 MC Dedé 15h00 Orquestra Piracuara de Viola Caipira 16h30 Filhos da Judith 18h00 Raimundos

TEATRO MÁRIO COVAS 18h00 Abertura oficial 22h30 Pedro Granato - Incendiário 00h30 Curumin e os Aipins 15h00 Luiza Possi 16h30 Vanguart

19/05

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SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

20/05

cantora Luiza Possi tem vivido dias de profundas imersões musicais, mas já tem reservado, em sua agenda, o final de semana dos dias 19 e 20 de maio para fazer shows em São José dos Campos e em Caraguatatuba, como parte da programação da sexta Virada Cultural Paulista. Nas duas cidades, o encerramento da jornada cultural totalmente gratuita ficará por conta do músico Dominguinhos e da banda Raimundos, respectivamente. Ainda em turnê do disco “Seguir Cantando”, o sexto de sua carreira, Luiza Possi prepara novidades para quem for conferir de perto as suas apresentações aqui na região. “Eu sou meio doida quando seleciono o repertório dos shows, porque eles são matéria viva, permitem alterações. Experimentamos algumas músicas mais antigas, mas com uma cara nova, e as incorporamos ao set list”, adianta Luiza. Do repertório antigo da cantora, “Over The Rainbow” volta a ser interpretada ao vivo. “Ela está na trilha da novela ‘Chocolate com Pimenta’, que está sendo reprisada, então achamos que deveria voltar aos shows. Também estamos ensaiando ‘Regra Três’, do Toquinho, e alguma coisa de Lulu Santos”, conta a ex-jurada do programa “Ídolos” (Record). Única atração musical comum entre as duas cidades, a filha de Zizi Possi cantará no dia 19 no Parque da Cidade, em São José, e, no dia seguinte, contemplará a plateia do teatro Mário Covas com o mesmo espetáculo, no Litoral Norte. “Para mim o palco é sagrado, é onde me comungo com Deus”, confessa, sem se importar com o fato de os dois locais marcados para os shows terem perfis tão distintos. “Curto mesmo é o contato com o público. Gosto de shows em teatros menores, quando estou praticamente sentada no colo das pes-

* Com intervenções circenses e teatrais entre as atrações

soas e com fome vendo a comida deles passar [risos]. Mas a proposta dos shows gratuitos, ao ar livre, me fascina. É quando as pessoas que não conhecem o meu trabalho têm acesso a ele. Há os fãs, mas há aqueles que vão apenas abertos para receber o que você tem a oferecer. Não pedem música, nada. E você dá o melhor que pode para eles”, avalia. Luiza acaba de fazer uma participação especial no DVD de Thiaguinho, interpretando ao lado dele o hit “Ainda é Tudo Seu” –também gravado no último trabalho da cantora–, e já se debruça sobre novos desafios. “Criamos algumas músicas, mas ainda sem compromisso de lançar um álbum com data certa. Mas ele deve vir já já. Agora estamos priorizando outro projeto, a que devemos dar o nome de ‘Dona Flor’. Serão shows que farei com presença e músicas de outras pessoas”, adianta, evitando dar detalhes. Atrações Mas a Virada Cultural Paulista se ramifica, além da apresentação de Luiza Possi, nas duas cidades da região. Outros músicos, artistas circenses e grupos teatrais deverão animar os dois dias do evento promovido pela Secretaria do Estado da Cultura em parceria com os 27 municípios que receberão sua programação neste ano. Dominguinhos fecha a edição de São José dos Campos, que tem como outros destaques da agenda a banda brasilense Móveis Coloniais de Acaju e o conjunto de samba Casuarina, revelado no Rio de Janeiro, mas que tem lotado casas de show em temporadas em São Paulo. No Litoral Norte, a atração principal é a banda Raimundos, que encerra a programação de Caraguatatuba depois de apresentações, entre as quais se sobressaem a banda de rock gaúcha Cachorro Grande, o multi-instrumentista paulistano Curumin acompanhado da banda Os Aipins, e os meninos do Vanguart –todos, esses, destaques da cena alternativa recente. •


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ValeViver

CINEMA

Fôlego espacial No terceiro filme da franquia ‘Homens de Preto’, a história se desprende da sequência anterior, ganha versão em 3D e aposta em ultrapassar os US$ 240 milhões de bilheteria de seu antecessor; mais uma jogada milionária de Will Smith


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Franthiesco Ballerini São Paulo

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ill Smith é um dos atores mais bem adaptados ao jogo de Hollywood. O ator não faz cerimônias quando a oferta é ficar repetindo personagens bemsucedidos do passado. Afinal, parafraseando o título de um filme de lá, ‘pagando bem, que mal tem?’. Em suma, ao contrário de outras celebridades que de vez em quando são acometidos por um surto anticinema comercial, topando apenas filmes

“intimistas” e “autorais”, Will Smith não vê problema algum em ser o rei do cinemão comercial. Mas para isso, a proposta tem que ser realmente boa, como foi em “Homens de Preto 3”, sequência da franquia que estreia no dia 25, para a qual Smith ganhou nada menos do que US$ 20 milhões para algumas semanas de filmagem e uma rápida turnê mundial para promover o longa, como fez em fevereiro no Rio de Janeiro, posando sorridente com algumas sambistas no Copacabana Palace. Com estreia simultânea no mundo inteiro, “Homens de Preto 3” promete superar a bilheteria do filme anterior, que em 2002 faturou US$ 240 milhões. Isso porque

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a trama do terceiro filme teve tempo para aperfeiçoar o roteiro, com tiradas ainda mais engraçadas de Will Smith, sem falar no visual tecnológico das armas, carros e alienígenas. Além disso, o filme chega em 3D em grande parte do mundo, e esse é o tipo de produção que realmente vale a pena conferir com esta dimensão extra. No elenco, Smith se junta novamente a Tommy Lee Jones para caçar os alienígenas em atividade na Terra. Outros astros também batem ponto no filme, como Josh Brolin, Emma Thompson, além de Steven Spielberg retornando como produtor executivo da trama. Na história, o Agente J (Smith) descobre que a vida do Agente K (Jones) e a Terra estão em perigo e preci-


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ALIENS

Os vilĂľes dessa vez querem acabar com o passado do Agente K

sam retornar ao tempo, em 1969, para impedir um alienĂ­gena criminoso chamado Boris de assassinar K e mudar o curso da histĂłria no planeta, encontrando o jovem Agente K (Josh Brolin) que terĂĄ 24 horas para resolver o problema antes de ficar preso no passado para sempre. No Rio de Janeiro, Will Smith brincou que aceitou fazer o filme em 3D extremamente preocupado com sua aparĂŞncia. “Tinha medo de saber como ficariam minhas orelhas em trĂŞs dimensĂľes na tela, mas nĂŁo ficaram tĂŁo ruins assimâ€?, disse ele na coletiva de imprensa. “JĂĄ eu fiquei preocupado com minha cabeçona na telaâ€?, completou a piada Josh Brolin. Na ocasiĂŁo, ambos receberam fotos do jogador Neymar, da Mulher Melancia e de Suzana Vieira e foram indagados sobre quais lhe pareciam celebridades ou alienĂ­genas fantasiados de humanos. Claro, como todo bom ator treinado pelos seus Public Relations de Hollywood, Smith escapou pela transversal. “Cara, adoro o Brasil, mas nĂŁo vou me comprometer com essaâ€?, disse. “Ela lembra minha madrastaâ€?, brincou o destreinado Brolin ao olhar para Suzana Vieira. A ideia dos produtores de “Homens de Preto

STARK

Robert Downey Jr. volta como o Homem de Ferro: cachĂŞ milionĂĄrio

3â€? foi trazer uma histĂłria quase que completamente nova, pois o Ăşltimo filme da franquia foi hĂĄ 10 anos e uma parte do pĂşblico talvez nem tenha ido aos cinemas ver os filmes anteriores. Assim, nĂŁo existe um gancho do filme anterior neste novo produto, e a trama ganhou uma nova oxigenada, suficiente para alimentar mais filmes da franquia. Filmes para os quais, claro, Will Smith deverĂĄ renegociar seu salĂĄrio, que pode subir para acima de US$ 20 milhĂľes caso a franquia atinja o raro patamar de US$ 400 milhĂľes de faturamento mundial. “Homens de Preto 3â€? certamente deixa muitas brechas para dar continuidade nos cinemas nos prĂłximos anos. Basta pagar bem, muito bem, seu astro principal. TrajetĂłria meteĂłrica Crescido na FiladĂŠlfia, Will Smith recebeu o apelido de ‘Prince’ (prĂ­ncipe) pelo jeito que saĂ­a charmosamente dos problemas na adolescĂŞncia, razĂŁo pela qual sua sĂŠrie mais longĂ­nqua na televisĂŁo se chamou “The Fresh Prince of Bel-Airâ€? (1991-1996). A sĂŠrie o levou a um sucesso meteĂłrico, o que foi terrĂ­vel para o ator, que quase declarou falĂŞncia por ter gasto todo o dinheiro que

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ganhava em casas, carros e joias. No cinema, só começou a despontar com “Os Bad Boys” (1995) e “Independence Day” (1996), quando então disse adeus para a telinha e abraçou de vez a telona. Ele conheceu sua mulher, Jada Pinkett Smith, quando ela foi recusada na série de Bel-Air. Pai de três filhos, os dois primeiros com Sheree Smith, para quem paga anualmente US$ 300 mil de pensão, um deles está se tornando o novo milionário da casa, Jaden Smith (“Karate Kid”). Fã incondicional de Harrison Ford e seu papel em “Guerra nas Estrelas”, um dos maiores arrependimentos de Smith foi ter negado o papel de Neo para “Matrix”, que acabou indo para Keanu Reeves. “O ‘Matrix’ era um conceito difícil de se entender. Eu vi a performance do Keanu e raramente digo isso, mas eu acho que teria estragado o filme. “Naquele momento, eu não era esperto o suficiente como ator para carregar um projeto como esse, na qual o diretor e a história às vezes conduzem mais a trama que o ator”, comentou alguns anos atrás. Por outro lado, o filme que ele disse sim imediatamente e se arrependeu amargamente de fazer foi “As Loucas Aventuras de James West” (1999). Milionário antes dos 20 anos, Will Smith é um dos mais bem pagos atores de Hollywood, com uma fortuna estimada em mais de US$ 250 milhões –segundo a Revista Forbes, o astro ganha cerca de US$ 30 milhões anualmente. Isso porque ele é o ator recordista em aparições em filmes que faturam mais de US$ 100 milhões consecutivamente. “As pessoas riem, mas se eu realmente me convencesse disso, em 15 anos seria presidente dos EUA”, disse certa vez. Autoconfiança –e dinheiro– ele tem de sobra para a campanha. •

SEM SEQUÊNCIA

Trama ganhou uma nova oxigenada, suficiente para alimentar novos filmes

São José dos Campos - Rua Serimbura, 174. Vila Ema. (12) 3941 1196 Mogi das Cruzes - Rua Cel Santos Cardoso, 47. Centro. (11) 4794 8480 Rua Prof. João Cardoso Pereira, 281. Pq. Monte Líbano. (11) 4726 7512

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ValeViver

MĂşsica&mais


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LOU REED

SOLTA O PAUSE

BIOGRAFIA

Gravações feitas entre 1972 e 1974, em Nova York, Paris e Bruxelas, para a televisão. Bacana.

Acompanhe as notícias do mundo da música por meio do blog http://soltaopause.com.br

O que poderia ser o line-up de um festival é na verdade um pedaço do currículo de Dave Grohl

WEB

Fotos: divulgação

POP

Woodstock in door

CD’S & MAIS

Crosby, Stills & Nash revivem o clima flower power no Via Funchal em maio

VALE DESTAQUE

Adriano Pereira São José dos Campos

O

s cantores David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash, que formam o Crosby, Stills & Nash, mostram no próximo dia 10, no Via Funchal, em São Paulo, porque são uma referência histórica no folk rock. David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash reuniram-se na Califórnia, em 1968. Originários das bandas The Byrds (David Crosby), Hollies (Graham Nash) e Buffalo Springfield (Stephen Stills), gravaram o disco homônimo de estreia em 1969, mesmo ano em que participariam do lendário festival de Woodtstock com o cantor e guitarrista Neil Young. Consolidaram a mistura de folk, rock, psicodelismo e pop em 1970, com o lançamento do clássico “Déjà vu”, já com Young incorporado à banda. O trabalho renderia uma turnê e um registro ao vivo, “4 way street”, com canções gravadas em shows realizados entre os meses junho e

julho de 1970, no The Fillmore East (Nova York), The Chicago Auditorium (Chicago) e no The Forum (Los Angeles) –em 1997, algumas décadas e álbuns depois, foram introduzidos ao Rock and Roll Hall of Fame. Conhecidos por seus arranjos vocais contrastantes, letras bem elaboradas e por um estilo musical que varia entre o folk e pop melódico, bem como pela relação de amor e ódio entre seus integrantes. Desde seu surgimento a banda já se separou mais de três vezes, mas Crosby, Stills, Nash sempre voltaram a tocar juntos, tanto é que estão em turnê até os dias de hoje, mais de 40 anos desde sua formação. O repertório da turnê de 2012 inclui clássicos como “Woodstock”, “Marrakesh express”, “Déjà vu”, “Our house”, “Almost cut my hair”, “For what It’s worth”, entre outras. Os ingressos para o show na capital paulista já estão à venda no site www.viafunchal.com.br ou nas bilheterias do Via Funchal. O preço dos ingressos varia entre R$ 140 (mezanino lateral e plateia 2) e R$ 390 (plateia VIP e camarote).Time for Fun (www. ticketsforfun.com.br).

Smash Mouth no Brasil

NORAH JONES “Little Broken Hearts” Norah gravou piano, teclados, baixo e guitarra. Com produção de Danger Mouse, o disco é esperadíssimo

KEANE “Strangeland” Segundo a banda, esse disco coloca o Keane de volta nos trilhos depois de alguns experimentos frustrantes

GARBAGE “Not Your Kind of People” O disco marca o retorno da banda depois de sete anos parada

O Smash Mouth se apresentará no dia 20 de maio na Via Funchal. Será a primeira vez que o grupo norte-americano, que já vendeu mais de 10 milhões de cópias em sua carreira, tocará no Brasil.Surgido em 1994 na cidade de San Jose, na Califórnia, o Smash Mouth estourou em 1997 com a música “Walkin’ On The Sun”, faixa de seu álbum de estreia, “Fush Yu Mang”. Mas foi “Astro Lounge” (1999) que solidificou a popularidade da banda liderada pelo vocalista Steve Harwell, incluindo como destaques “All Starr”, “Can’t Get Enough Of You Baby” e “Then The Morning Comes”. Além dos integrantes originais Steve Harwell (vocal) e Paul De Lisle (baixo), a atual formação do Smash Mouth traz Mike Krompass (guitarra), Randy Cooke (bateria) e Michael Klooster (teclados).


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Ponto Final

Arnaldo Jabor

Manual de sobrevivência na CPI

H

á oito anos, escrevi um artigo sobre o “Se...” de políticos sob suspeita, em vaga homenagem ao poema célebre de RudyardKiplingde 1910. Estávamos às vésperas de uma CPI. Agora estamos diante de outra CPI, inédita, autofágica, uma espécie de banho de descarrego de todos contra todos. Creio que tem sido tanta a vergonha dos escândalos, tão forte a repulsa da opinião pública que, estranhamente, os congressistas resolveram se purgar em público, em um ritual coletivo de ‘purificação’. Estão arrependidos, porque cederam a um impulso inconsciente e vão deparar com mil crimes insuspeitados sobre a voraz corrupção que atinge todos os empreendimentos privados com grana pública. Por isso, repito e atualizo esse texto para hoje, pois mudaram as circunstâncias, mas os delitos e as negações continuam iguais. Veremos um ‘replay’, mas creio que essa CPI é bem ‘contemporânea’ e atende a uma demanda da vida atual: a democracia, a imprensa livre, o crescimento econômico e cultural criaram uma nova ‘ética de mercado’, rejeitando a mixaria de antigas ladroagens feudais. O que devem fazer os acusados para escapar? Sigam o manual de instruções do bom corrupto: “Se puderes manter a cabeça erguida, quando todos te acusarem, chamando-te de “corrupto”, se mantiveres a aparente dignidade, com sorrisos diante de provas inabaláveis do teu crime e disseres com voz serena: “Tudo é uma infâmia de meus inimigos políticos”, se disseres isso sem

suar, sem desmanchar a gravata, com roupas impecáveis que não revelem o esterco que te vai na alma, se fores capaz de chorar diante da CPI, ostentando arrependimento profundo, usando filhos, pais, pátria, tudo para se livrar e, sobretudo, se puderes construir uma ideologia que te justifique e absolva, de modo que os atos mais sujos ganhem uma luz de beleza política, se puderes trair sem remorsos e roubar com júbilo, se puderes crer que tens direito de roubar o povo para vingar uma infância pobre, ou porque tua mãe foi lavadeira e prostituta para pagar teu diploma fajuto, se acreditares mesmo que tens direito de trair ou tascar granas ou superfaturar remédios de criancinhas com câncer porque também sofreste como menino comido por garotão mais forte no porão da tua infância, se acreditares que a mutreta, a maracutaia, a “mão grande” tem algo de transgressão pós-moderna, algo de Robin Hood para si mesmo, ou se, convocando uma ideologia conservadora, pensas que a roubalheira sempre houve na humanidade, ou se, em homenagem ao populismo tradicional, plagiares antigos slogans “Roubo, mas faço...” enquanto enfias a língua na orelha da lobista gostosa ao teu lado no “Piantella” de porre e feliz ou se justificares tua fortuna escrota por motivos mais científicos, invocando Darwin ou Spencer, declarando que o animal humano sobrevive pela agressão e competição e que portanto, assim como o chimpanzé ataca o mico-leão e o jacaré come o veado, também cumpres a ordem natural das coisas: “Roubo sim, pois isto está inscrito no genoma dos hominídeos...” ou ainda assumires tua fisionomia de rato ou de preá, tua carinha emboche-

Arnaldo Jabor Jornalista e cineasta

jabor@valeparaibano.com.br

chada por anos de uisquinhos, licores, pudins, se puderes erguer o queixo diante do espelho ou diante de amigos como fez o grande (raro gesto) Arruda e o inesquecível PC que cunhou a frase eterna “10% é pra garçon...”, se te orgulhares de tua esperteza e, de cuecas diante do espelho, enquanto a amante se lava no banheiro, berrares em júbilo: “Eta garoto bão, espertalhaço!” ou seja, se diante de si e do mundo, puderes enfunar a barrigona cheia de merda e dizer: “Sou ladrão sim, mas quem não é?” ou se puderes justificar com serenidade tua vida de estelionatos, pequenos furtos, se puderes fazer tudo isso, confiante nos teus advogados sempre alertas como escoteiros na pilhagem nacional, confiante na absoluta conivência de rituais jurídicos que sempre te livrarão da cadeia enquanto os pardos pobres apodrecem nas celas com Aids e “quentinhas” superfaturadas pelo marido da perua louca, e se, além da confiança na cega Justiça, no manto negro dos desembargadores que sempre te acolherão, se, além deste remanso, deste consolo que te encoraja, roubares mesmo, no duro, por amor, por paixão, por desejo sexual, pela bruta tesão de acumular o máximo de dólares para nada, pela fome de lanchas, jatos, putas, coberturas, Miami, Paris e se, com fé e coragem, reconheceres esse prazer com orgulho e sem remorsos, então, eu te direi, com certeza, que vais herdar a terra toda com todos os dinheiros públicos dentro e, mais que isso, eu te direi que serás sim impune para sempre, um extraordinário exemplo do canalha brasileiro, meu filho!!!” •


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