UseFashion Journal - Março 2010

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ANO 7 • nº 74 • março 2010 • Edição Brasileira

moda profissional

inverno 2010

temporada brasileira Fashion Rio + SPFW | pág. 64

R$20,00

ISSN 1808-6829

Impressões da Bread & Butter | pág. 12 Calçados e bolsas para o inverno | pág. 18 Novos ternos de Milão e Paris | pág. 30 Bacharéis em moda | pág. 44 Marília Carneiro, figurinista da Globo | pág. 61


F/Coelho

A Vicunha, uma das maiores empresas da indústria têxtil mundial, produz o índigo e o brim que são utilizados pelas marcas mais importantes do universo da moda e que você aplaude nas passarelas dos desfiles do Brasil e do mundo. Acesse agora WWW.VIPREVIEW.COM.BR para saber as novidades do mundo fashion e conhecer a linha de produtos inovadores e modernos da coleção Vicunha.


VI

O D N A C I R FAB A D A O H M N U C


4

nesta edição foto: © Agência Fotosite

Capa: A temporada de moda brasileira é generosa com quem gosta de brilho e rock'n'roll. Na foto, desfile da Iódice no SPFW.

na capa

gente

12 VESTUÁRIO

08 é moda

Impressões da Bread & Butter.

Looks comentados do Fashion Rio e do SPFW.

18 CALÇADOS & BOLSAS

10 paparazzi

Destaques do inverno nacional.

Os estilos de Mariana Ximenes, Alice Braga e Ana Furtado.

30 MASCULINO

Novos ternos de Milão e Paris.

54 perfil

Fernando Pires em entrevista.

44 REPORTAGEM

Bacharéis em moda.

38

61 estilo

Marília Carneiro, figurinista da Globo, em foco. 64 EDITORIAL DE MODA

SPFW e Fashion Rio inverno 2010.

18

moda 22 ACESSÓRIOS

Um Rio de opções. 26 radar internacional

Plásticos e acrílicos x Tules e rendas. 44

28 radar nacional

Indispensáveis I e II. 34 INFANTIL

Jeans para o verão 2011.

curtas 06 Portal usefashion.com

Verão nas vitrines do hemisfério norte; Tendências dos desfiles do inverno 2010 nacional e 2011 internacional, Megatendências inverno 2011. 07 dicas da redação

Lançamento do livro “Joalheria brasileira - Do descobrimento ao século XX”; Museu da Imagem e do Som; Projeto Parede, no MAM-SP. 38 ACONTECE

Premiére Vision Brasil e Couromoda. 58 campus

Programação de cursos da Escola São Paulo; 11º Prêmio House & Gift de Design; Moda Insights. 34

78 MEMÓRIA

Brigitte Bardot.


expediente visual de loja

design

40 visual de loja

50 design

Vitrines para o inverno. 40

Capacetes Ruby ®; Cabides Rethink; Luminárias Pinch; Cadeiras pingentes; Relógio Everyday Special.

5

Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretor Executivo Wilson Neto Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Planejamento e Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

Núcleo de Pesquisa e Comunicação

50

negócios 56 negócios

Fashion Rio e Rio-à-Portêr.

opinião 52 cultura

Notas desconcertantes. Por Eduardo Motta. 60 opinião

Moda do futuro. Por Ana Paula de Miranda.

Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Subeditora Portal Aline Ebert (Mtb 13.687) Redação Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Eduardo Pedroso e Juliana Wecki (assistentes) Projeto Gráfico Ingrid Scherdien Produção de Arte Ingrid Scherdien (design gráfico), Francine Virote (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens) Equipe de Pesquisa Carine Hattge (coordenadora de design), Náthali Bregagnol (coordenadora de Pesquisa), Aline Romero (assistente de pesquisa), Nájua Saleh (assessora de pesquisa de moda), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web designers), Ingrid Scherdien (designer gráfica), Daiane Padilha, Daiane Silva, Francine Virote, Patrícia Hagemann, Renata Brosina e Thaís de Oliveira (classificação e tratamento de imagens) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea), Daniel Bender (inovação), Eduardo Motta (vestuário feminino e masculino), Juliana Zanettini (beachwear e jeanswear), Paula Visoná (malharia circular), Renata Spiller (infantil, acessórios, surfwear e underwear) e Vanessa Faccioni (visual de loja) Colaborou nesta edição Ana Paula de Miranda

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

ao leitor Metalizado, transparência, pedraria, couro preto e jeans escurecido são alguns ingredientes que refletem a veia rock apontada na temporada de moda brasileira. Um reflexo das tendências internacionais mimetizadas pelas marcas, que escolheram por oferecer boas interpretações, provando que a competência técnica proporcionou mais solidez às edições da São Paulo Fashion Week ao Fashion Rio. Nesta edição, apresentamos as peças-chave e os melhores looks femininos que despontaram nas passarelas brasileiras para o inverno 2010 em Editorial de Moda. Além disso, o crescimento das faculdades de moda no país e a importância da formação desses profissionais para o mercado de trabalho também são destaque, em Reportagem. Entrevistamos algumas das principais graduações, além de profissionais do ramo para saber sobre a grade curricular oferecida, a demanda de alunos, as expectativas do mercado, entre outras informações relevantes para quem busca profis-

sionalização na área. Ainda nesta edição, as impressões da Bread & Butter, em Vestuário; os destaques para o inverno em Calçados & Bolsas e a moda masculina de Milão e Paris, que evidenciam a referência Dândi para o inverno 2011. Confira também as imagens escolhidas pela figurinista da Globo, Marília Carneiro, em Estilo; as tendências em jeanswear para as crianças, em Infantil; a entrevista com o designer de calçados Fernando Pires, em Perfil, e o balanço do Fashion Rio e do Rio-à-Portêr na matéria de Negócios. E muito mais!

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por tal u se fa s hion .com co n t e ú d o pa r a a ssin a n t e s

É verão nas vitrines do hemisfério norte!

Tendências dos desfiles

Por Aline Ebert Com as tradicionais liquidações de janeiro e fevereiro, é em março que as vitrines do hemisfério norte ficam efetivamente só com produtos da próxima temporada, no caso o verão 2010 de lá, que corresponde ao verão 2011 do Brasil. Desde janeiro, o Portal está publicando as primeiras imagens da estação. Referências náuticas voltaram a aparecer com força, como no look Dorothy Perkins e nas bolsas Chanel, ambas em Londres. Como acessar: Home>Vitrines>Segmento>Gênero

Como acessar: Home>Tendências>Tendências dos desfiles>Segmento>Gênero foto: © Agência Fotosite

fotos: UseFashion

Dorothy Perkins

A cada semana de moda, todos os desfiles são analisados. Terminada a temporada nacional de inverno 2010, as tendências de SPFW e Fashion Rio são publicadas. O mesmo acontece em relação aos desfiles internacionais de inverno 2011. Ao longo de fevereiro e março, os pontos altos das duas temporadas estarão no link Tendências dos Desfiles, muito importante para sua pesquisa de moda.

Chanel

Megatendências inverno 2011 Feiras de fios, tecidos e outras matérias-primas de inverno 2011 serviram de referência para este estudo. Adiantamos que o natural perdura, agora unido a ações do tempo. A tradição segue com renovação. Tem ainda conforto, sensibilidade, expressão e excesso. Como acessar: Home>Tendências>Megatendências>Gênero

Gucci | Milão

março

foto: divulgação

calendário

Lanificio Bigagli

02 03 03 07 09 10 10 12 16

a a a a a a a a a

05 06 11 09 11 12 12 14 18

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Micam Mipel Semana de Moda de Paris Children’s Club Spin Expo GlobalShop 48º Bijoias GDS Lineapelle


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dicas

da redação Joalheria brasileira

A gemóloga Mariana Magtaz prepara o lançamento do seu livro “Joalheria brasileira Do descobrimento ao século XX” nos Estados Unidos. O evento acontece em uma das principais feiras de arte do mundo, a SOFA (The International Expositions of Sculpture Objects & Functional Art), de Nova York, entre os dias 16 e 19 de abril, no Park Avenue Armory. A obra traz um pouco da história do Brasil, tendo o ouro e as pedras preciosas como fios condutores de uma trama que tem origem na época do império. Nomes importantes do design de joias nacional como, por exemplo, Bettina Terepins, Sonia Pasetti, Thais Guarnieri, Vivien Feisthauer, Willian Farias e Yael Sonia, são mencionados no livro e, além disso, estes também já marcaram presença no lançamento. Encontre: “Joalheria Brasileira, do descobrimento ao século XX”, autora Mariana Magtaz, 296 páginas, à venda nas livrarias Saraiva, Cultura e Livraria da Vila por R$ 240,00.

foto: reprodução

Museu da Imagem e do Som Já estão a todo vapor as obras para a construção do Museu da Imagem e do Som (MIS), na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O local da sede, que antes era uma boate e ponto de prostituição, teve seu projeto aprovado em meados de 2009. Desenhado por um escritório de arquitetura americano, através dos profissionais Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio, o museu terá seis andares e contará com salas de exposições, permanentes ou temporárias, um café e um cinema ao ar livre no terraço, um restaurante panorâmico, um piano bar e um auditório no subsolo. Além disso, a fachada será totalmente envidraçada, permitindo que as pessoas possam ver a praia, estando dentro do prédio, e quem estiver fora possa visualizar o interior do museu. Segundo a presidente do MIS, Rosa Maria Araújo, o acervo contará com o arquivo da Rádio Nacional, 40 mil partituras, entre outros acervos. A previsão de inauguração é daqui a dois anos, mas já está dando o que falar. Acompanhe: www.mis.rj.gov.br

Pli selon pli

Saiba mais: www.mam.org.br ou tel. (11) 5085-1300.

foto: reprodução

O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) convidou o artista Vicente de Mello para compor o novo trabalho do Projeto Parede. Até o dia 4 de abril, os visitantes poderão conferir fotos em papéis de lambe-lambe na parede que liga o hall de entrada à Grande Sala. A obra do fotógrafo teve inspiração na música “Pli selon pli” do compositor francês Pierre Boulez, que por sua vez teve como referência os poemas do também francês Stéphane Mallarmé (1842-98) para compor essa canção. Segundo Mello, assim como Boulez, que passou a considerar novos caminhos para sua obra a partir da criação de uma música em especial, ele considera o Projeto Parede como uma porta para a liberdade concedida ao artista.


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Hairstyle curto e make leve ganham sintonia com o resto do look.

Estampado com formas geométricas, multicoloridas e com linhas escuras é o grande destaque do look. Itens em tons fechados como o tênis e a bolsa são adicionados para manter o equilíbrio do visual.

O estilo “relaxado” carioca é referência de quem vive em uma cidade tropical, aliando praia com vida urbana e tornando seu lifestyle descontraído e original. Roupas com modelagem comfort e peças estampadas são preferência.

Apesar da modelagem ampla, o vestido acompanha um cinto do mesmo tecido para limitar a cintura.

Tênis casual é a opção confortável e despojada da produção. Ele interfere com peso no resultado final, pois se ela estivesse usando um sapato de salto, o look ganharia outra conotação.

Bolsa de mão em proporção menor deixa o visual delicado e gracioso. Justamente por isso, ela chama muito a atenção na produção.


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fo to U s: se s Fa

O cinturão interfere em todo o visual, deixando sofisticado o vestido com corte simples. O acessório ganhou apliques de pedras, mistura de couros e malha de metal, proporcionando uma produção com estilo de sobra.

Unindo o atrativo e o discreto, a sandália se destaca pelo laranja neon e se neutraliza pelas tiras transparentes.

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O hairstyle é simples e adequado ao visual. A maquiagem é leve, apenas com um reforço nos olhos, marcando o estilo rock da modelo e produtora musical.

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Pulseira pontiaguda dourada remete aos punks e dá força à produção. Com a mesma ousadia, esmalte violeta nas unhas cria um tom sobre tom com o vestido.

P

Vestido tomara-que-caia, ajustado, com fechamento por zíper central, é cheio de recortes que modelam o corpo. As tatuagens ficam à mostra.

S

Com estilo arrojado, Julia Petit representa os paulistas, conhecidos por sua vida típica de metrópole, onde bares, lojas e danceterias são algumas das concentrações mais importantes da cidade. Vestuário estruturado e requintado é o preferido.


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p ap ara z zi

Cores vibrantes no SPFW

fotos: ©

otosite A gência F

Por Nájua Saleh

il do no desf Ana Furta

e da Forum

Tufi Duek

Alice Braga no desfile da Maria G racia

Na 28º edição do SPFW, as cores vivas alegraram a primeira fila dos desfiles. As atrizes Ana Furtado e Mariana Ximenes, que prestigiaram o desfile da Forum Tufi Duek, surgiram com cores como rosa e vermelho que quase se confundiam. Já Alice Braga optou pelo azul na apresentação de Maria Garcia, ganhando destaque por onde passava. Drapeados, babados e franzidos também foram pontos de referência, assim como o decote V, que foi ponto em comum entre os três looks.

Mariana Ximenes no desfile da Forum Tufi Duek


Grupo903

LIBERDADE CRIATIVA

COLIBRI COLEÇÃO VERÃO 2011

www.dalilatextil.com.br


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ve s t uรกrio

p o n to d e v is ta


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fotos: divulgação

Multidão na entrada da feira

Tradição e originalidade Bread & Butter propõe o futuro do pretérito Por Juliana Zanettini

Mesmo com tantas marcas apontando rumos para o futuro por meio dos tecidos tecnológicos e shapes inovadores, na Bread & Butter, o caminho foi diferente. No “futuro do pretérito” da feira, o peculiar segmento de jeanswear moldou sim os mais futurísticos aparatos tecnológicos, porém, sempre com os olhos voltados ao passado. Tendo como ponto de partida essa viagem nostálgica, o antigo aeroporto de Tempelhof novamente foi o cenário, representando a mesma força e tradição das marcas ali apresentadas. Aliás, diga-se de passagem, as melhores marcas

do planeta. Para o deleite dos visitantes, nesta edição, a Diesel passou a integrar o seleto grupo crème de la crème da Bread & Butter. E a viagem ao passado começou ainda na véspera do evento. A festa “The Original Opening Party”, no Original Sin Saloon, contou com a participação da banda country The BossHoss e uma divertida cenografia western. Numa sinergia entre espaço físico, ambientação e design, o “Zeitgeist” (espírito do tempo) da Bread & Butter fincou acunho ao passado,

também entre as coleções, por intermédio da herança particular de cada marca e não do simples conceito vintage que, na minha opinião, não pode mais ser tratado como tendência, e sim característica própria do segmento. Os visitantes provindos de mais de 100 países agregaram ao evento diferentes visões culturais. A moda de rua da feira dialogou com os mais variados estilos de forma entusiasta e original. Por sinal, este foi o espírito dessa edição da feira. Originalidade acima de tudo.


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ve s t uário

p o n to d e v is ta

Impressões da Bread & Butter Convidados mais que originais Tendo o denim como uniforme, o público presente foi sinônimo de essência jovem e cultura urbana. É interessante como uma simples calça jeans pode ganhar diferentes releituras, através de uma moda de rua singular. Primando pelo conforto, a maioria dos convidados vestiu a calça comfort, modelo-chave da estação vigente no hemisfério norte.

fotos: UseFashion


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Ambientações extraordinárias Além do espaço físico para os expositores, os shows, festas e desfiles ganharam ambientações magníficas. A cenografia fez com que a proposta e o estilo de cada marca conversasse também com outros setores como a arte, a decoração e até a música, inspirando os compradores. As oito áreas da feira foram cuidadosamente distribuídas de acordo com o espírito das marcas, sendo uma dose extra de inspiração. fotos: divulgação

Estande da Mustang

Desfile da G-Star

Movimentação em frente ao estande da Wrangler


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ve s t uário

p o n to d e v is ta fotos: divulgação

Salsa

Guess

Profecy

Edwin

Pontos altos Os mais de 600 expositores presentes no evento lançaram olhar ao passado e, na maioria dos casos, esse passado não foi tão remoto. Se enganou quem pensou que o estilo rock’n’roll, tão explorado há, no mínimo um ano, iria tornar-se obsoleto no inverno 2011. Os designers investiram aos montes na estética rock 1980 e, para tanto, insumos metálicos e shapes agarrados ao corpo, pontuaram o quadro de coleção das marcas. Prestando uma homenagem à herança de cada grife, jeans inspirados nas roupas de mineradores e cowboys mereceram destaque. A marca Edwin buscou inspiração no passado das Américas, lançando jeans com aspecto de poeira, grãos e manchas de sangue.

Mavi

Gas



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c alç ados e bol s a s

Inverno nos trópicos Pontos altos das semanas nacionais Por Eduardo Motta

Sandal boots e bolsas ecléticas - Fashion Rio Sandal boots, sempre muito sexy, valorizadas por aberturas e transparências, comandam o império dos abotinados na semana carioca. Sob calor de 40 graus, nem o longo cuissard da Ausländer, nem a bota fechada de lã da Coven, ficaram de fora. É do Lucas Nascimento o modelo de tamanco que simula modelagem aberta no talão quando, na verdade, trata-se de um traseiro de couro. Os saltos e meias-patas, em medidas exageradas, são outro ponto comum da Fashion Rio, quebrado apenas por propostas rasteiras. Como é tudo ou nada, no que diz respeito à altura das construções, a regra fica mesmo é no onipresente comprimento médio dos canos.

Espaço Fashion

Ausländer

Claudia Simões

Juliana Jabour

Coven

Lucas Nascimento


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fotos: © Agência Fotosite

New Order

Cantão

Grandes bolsas de alma esportiva, voltadas para a vida urbana. Pequenos modelos inventivos e a tiracolo estruturada com alça de corrente vêm para garantir a sobrevivência da onda Chanel.

Mara Mac

Victor Dzenk

Redley

New Order

Juliana Jabour

Juliana Jabour

New Order


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c alç ados e bol s a s

Boots, invenções e mais bolsas ecléticas - SPFW A bota folheada do Reinaldo Lourenço, um efeito obtido com vários zíperes e consumo generoso de couro, dá o tom de invenção que rege os abotinados da semana paulista. Discrição e elegância na Huis Clos, experimentações com divisões no salto e misturas de materiais para o Herchcovitch, transparência na Cori, fechos e saltos poderosos na Forum, todos com meia-pata considerável. Vale tudo para criar a silhueta desenhada pela Ellus, ágil em cima e pesada em baixo. A variação de estilos entre os modelos de Jefferson Kulig, Simone Nunes e Erika Ikezili aponta para a grande diversidade da SPFW. Desde que seja um abotinado, é claro.

Jefferson Kulig

Reinaldo Lourenço Huis Clos

Alexandre Herchcovitch

Forum

Cori

Ellus

Fause Haten


fotos: © Agência Fotosite

Simone Nunes

Erika Ikezili

Tiracolo grande e mochila, ambas em materiais diferenciados. Pele na Colcci e paetizado na Triton, subvertendo o espírito utilitário. Modelos estruturados, médios e pequenos, fecham o mix paulista.

Colcci

Simone Nunes

Triton

Iódice

2nd Floor


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aces sórios

Um Rio de opções Destaques do inverno carioca Por Inêz Gularte

Aperte o cinto A cintura voltou para o lugar. Cintos nem muito largos, nem muito finos, vêm para marcar ainda mais as curvas femininas. Sobre saias, vestidos e calças, eles apareceram principalmente em couro, em tecido e até em molas e correntes. Podendo ser fechados por fivelas ou simplesmente amarrados.

Andrea Marques

Cantão

Claudia Simões

Claudia Simões

Graça Ottoni

Graça Ottoni

Maria Bonita Extra

Patachou


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Para brilhar As meias são vedetes da estação. Giulia Borges aposta na transparência em preto pontuada com poás, mas, as meias das coleções cariocas querem mesmo é brilhar. O lurex, além de frequentar o vestuário, aparece nas meias da Cantão. Mais brilho, agora espelhado, nas meias em látex colorido de Juliana Jabour. Na Maria Bonita Extra, sobreposição para proteger os pés do frio e dar estilo ao conjunto. fotos: © Agência Fotosite

Giulia Borges

Cantão

Juliana Jabour

Maria Bonita Extra

Ora bolas As bolas marcaram presença em tamanhos grandes, tanto em colares como em pulseiras, nas coleções da Têca, da Printing e da New Order.

Têca

Printing

New Order


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aces sórios

Tudo junto Que somar que nada! A hora é de multiplicar. Os colares de correntes coloridas são tantos, que praticamente cobrem do pescoço até a cintura. No modelo da Graça Ottoni acontece o mesmo. As pulseiras também. Vêm sempre em dose mais que dupla.

Alessa

Graça Ottoni

Alessa

New Order

Ao máximo Pingentes imensos, brincos enormes. As bijus continuam fazendo a diferença. Na Ausländer, a munhequeira ganha grandes pregos, bem no clima punk rock chic.

Alessa

Claudia Simões

Ausländer


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Papo cabeça O Rio usou e abusou dos acessórios na cabeça, principalmente sobre cabelos presos em coques ou tranças. Chapéus bem românticos, fechando em topes abaixo do queixo, ou bem diferenciados, com adornos em múltiplos zíperes, estão entre os destaques. fotos: © Agência Fotosite

Acquastudio

Juliana Jabour

Maria Bonita Extra

Gloria Corbeta

Pura diversão pop Pulseira em forma de osso, disquinho de vinil que vira colar e também brinco. Acessórios divertidos para quem tem atitude e sustenta o estilo.

New Order

Alessa

Alessa

Walter Rodrigues


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rad ar intern ac ion al v e r ão 2011

Plásticos e acrílicos Para quem não acreditava que os solados e saltos em acrílico pudessem retornar, eis uma novidade, eles voltaram e não estão sozinhos. Além de acrílicos, os plásticos e as transparências siliconadas foram adotadas em calçados, bolsas e acessórios de grandes marcas. É bom prestar atenção nas misturas com outras matérias-primas e nas cores que podem ganhar tons leves, como verde e fumê.

Burberry | Londres

Charles Anastase | Londres

Chanel | Paris

Michael Kors | Nova York

Dsquared2 | Milão

Fendi | Milão

Bruno Pieters | Paris

Prada| Milão


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Tules e rendas Com a tendência apontando para o ar romântico e sensual das peças de lingerie, materiais como o tule e a renda são candidatos a favoritos. Eles são adaptados tanto para os calçados quanto para as bijuterias, passando pela ampla utilização no vestuário. Nas bolsas, estão em detalhes aplicados e em bordados.

Caroline Charles | Londres

Doo.Ri | Nova York

Ermanno Scervino | Milão

fotos: © Agência Fotosite

Valentino | Paris

Nina Ricci | Paris

Zac Posen | Nova York

Chloé | Paris Ermanno Scervino | Milão


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r ad ar n ac ion al in v e rn o 2010

indispensáveis I Desfiles e feiras confirmam os itens indispensáveis da estação. O vestido casco de formato casulo, usado com abotinado, é uma boa proposta da Cantão. Na Couromoda, as bolsas médias estruturadas e com metais, o matelassê, a camurça, os sandalhões pesados, os solados tratorados e o scarpin com meia-pata e salto fino ( de parar o trânsito), estão na lista dos hits da estação.

foto: divulgação

Dona Sinhá

Carolina Martori

Dona Sinhá

Maruá

Cantão | Fashion Rio

Schutz

Carrano

Via Uno


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indispensáveis II A Cavalera propõe este look bem urbano em três peças. No lugar dos vestidos solitários, combinações assim estão entre as novidades da estação. Nos acessórios, a pegada rocker do preto, da corrente e dos tacheados convive bem com elementos clássicos e românticos. Caso da bolsa à la Chanel e dos babados. Nos pés, o que vale são as botas com adornos, as aberturas estilo peep toe e um leve toque militarizado. Tudo isso pairando entre o masculino e o sexy.

Choice

Via Uno

fotos produtos: UseFashion

Miesko

UZA

Arezzo

fotos desfiles: © Agência Fotosite

Arezzo

Dona Sinhá

Cavalera | SPFW


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m a s c ulino

Vis探es de Mil達o e Paris Inverno 2011 Por Eduardo Motta

Z Zegna | Mil達o

Bottega Veneta | Mil達o


31 fotos: © Agência Fotosite

Hermès | Paris

Terno

C.P. Company | Milão

Sempre outro. Nunca o mesmo.

Terminados os desfiles masculinos em Milão e Paris, é fácil perceber que a moda para os rapazes chega às passarelas sob o signo do Dândi. Justamente o personagem que cunhou a clássica parceria paletó e calça, aquela que entrou para o repertório da roupa masculina e não saiu mais de lá. Isso tomou uma forma mais próxima do que entendemos hoje, lá pelo final do século XVIII e, desde então, ainda que, à primeira vista, nem pareça, o terno é sempre outro, sempre novo, e nunca o mesmo. Comandado pela alfaiataria, que sabe como tirar ou acrescentar medidas no corpo de acordo com o interesse do cliente, o terno desenha uma silhueta no particular, mas condicionada a de uma época. Pelo menos era o que acontecia,

antes que todas as possibilidades de desenho de silhuetas passassem a conviver simultaneamente, como de fato se dá atualmente. Nem por isso, dentro desta multiplicidade, desaparecem algumas diretrizes. Um ponto comum é a larga oferta de estruturas casuais. Estão lá o velho paletó e a calça, quase sinônimos de formalidade, entretanto, a matéria-prima, as proporções e os acompanhamentos redirecionam o conjunto para algo que embora continue elegante é também confortável e embebido em estilos da hora. Veja as silhuetas nestas duas páginas. Elas evoluem da proposta grudada no corpo da Z Zegna, passam pelo conjunto de paletó acinturado e calça curta da Bottega Veneta, pela modelagem leve-

mente solta do corpo da Hermès e chegam até as formas amplas de verdade da C.P. Company. Como se não bastasse tanta diferença nas proporções e ajustes, também nos estilos as misturas são curiosas em alguns momentos. O paletó da Z Zegna tem todas as características de um jaquetão dos anos 1970, por sua vez herdado dos anos 1940, e nas duas décadas em que esteve na moda foi sempre grandalhão e folgado. Agora ele retorna com um grau de parentesco bem mais próximo da calça que o acompanha, justa como só uma legging poderia ser. Na Bottega, o terno é rockabilly. O estilo de um e as medidas de outro retornam do passado para nos ensinar algo sobre as silhuetas e os estilos do inverno 2011.


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m a s c ulino

O desenho da gola

Os ombros deslocados

Ermano Scervino | Milão

Colarinho rebaixado

Lanvin | Paris

Mix de materiais e zíper

John Varvatos | Milão

Paletó

Les Hommes | Milão

Recortes e costuras

Issey Miyake | Paris

Sem mangas, com recortes

Gaspar Yurkievich | Paris

Como sempre, diferente.

Em tempos passados, um conjunto de dados servia de bússola para o desenho de um paletó. 1 - A gola: estreita ou larga. Baixa ou alta, considerando o ponto de onde partia na frente da peça, que determinava o abotoamento. 2 - Os ombros: estruturados ou não. No lugar ou fora dele. 3 - Os comprimentos: da manga. Da barra. 4 - O ajuste: sem ou com. Na cintura ou fora dela. 5- Os abotoamentos: de um, dois, três botões, ou cruzados com abotoamento duplo em até seis botões.

Todos esses itens eram e ainda são determinantes. Ainda é neles que se concentram as experimentações, que hoje expandem a modelagem do paletó ao limite. Tanto que a linha entre a tradição e a invenção, que é cruzada todo o tempo e em ambas as direções, preserva a estrutura que identifica a peça como tal.

Se o desejo pelo novo não se concentra na forma, na matéria-prima, nem nos componentes, ainda resta a forma de usar e o detalhe da execução. Alternativas que podem esconder subversões técnicas e de estilo, sob a aparente normalidade da constatação de que um paletó ainda é um paletó.

Outros recursos e pontos propícios à renovação também entraram na pauta. O zíper passou a fazer parte deste contexto, a mistura de materiais e cores virou ingrediente de interesse e as padronagens clássicas estão submetidas a distorções e são obrigadas a conviver com novas propostas.

Moda masculina é assim. Ela muda. Mas só aos olhos de quem quer ver.


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Puzzle de padronagem e recortes

Inovando na forma de usar fotos: © Agência Fotosite

Louis Vuitton | Paris

Inovação no detalhe

Mihara Yasuhiro | Paris

Dior Homme | Paris


in fant il

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Novíssima geração Jeans do verão 2011 preza o conforto em peças supertrabalhadas Por Fernanda Maciel Consultoria: Renata Spiller No desfiles infantis para o verão 2011, o jeanswear supertrabalho, aliado principalmente ao conforto, foi a aposta da estação, confirmando a megatendência Bem-estar já analisada e apresentada pela UseFashion em 2009. Com diversos beneficiamentos, lavagens e muitos efeitos elaborados, que acompanham as tendências das coleções adultas, as peças ganharam modelagens renovadas, além de pedrarias, tachas e lantejoulas. Acompanhe:

Modelagem As peças têm modelagens confort como boyfriend, sarouel e oversized, ou mais ajustada, como os modelos skinny e slim fit. Aqui, o importante é o conforto.

Monnalisa | Pitti Bimbo

Miss Grant | Pitti Bimbo

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo

Barras dobradas ou cuffed Assim como na moda adulta, o detalhe começou tímido para o público infantil no verão 2010. No inverno 2010, as barras dobradas fizeram maior sucesso e, para o verão 2011, elas estão pra lá de confirmadas. Seja para calças, bermudas ou macacões, para meninos e meninas.

Replay & Sons | Pitti Bimbo

Simonetta | Pitti Bimbo

Monnalisa | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo


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Lavanderia Tingimentos claros como délavê e baby blue se destacam, apesar dos escuros, deep blue e black, continuarem entre as principais tendências, especialmente quando a referência é o rock. fotos: © Agência Fotosite

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Elsy | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo

Elsy | Pitti Bimbo

Efeitos Entre os principais efeitos estão: manchas por corrosão ou por lavagens ácidas; efeito devorê com destruídos, rasgados e puídos; sobretingimentos; resinas criando novas superfícies; bigodes e amassados criados a partir de prensas ou resinas; estampas no lado avesso ou direito das peças.

Miss Grant | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo

Replay & Sons | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo


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in fant il

Detalhes e aviamentos Aplicações de metais, pedrarias e lantejoulas adornam o jeans por toda a extensão das peças.

Monnalisa | Pitti Bimbo

Miss Grant | Pitti Bimbo

Miss Grant | Pitti Bimbo

Peças-chave - Menino Jaqueta Modelagens tradicionais continuam fazendo sucesso em lavagens escuras e claras. A Diesel sugere alguns detalhes renovados, como o fechamento em zíper no lugar de botões e bolsos laterais com zíperes.

Diesel | Pitti Bimbo

Levis | Pitti Bimbo

Bermuda Em modelagens mais ajustadas ou oversized, acompanham a moda cuffed.

Replay & Sons | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo


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Peças-chave - Menina saia A grife Billionaire apostou na saia de pregas em denim leve com pespontos contrastantes. Na Calvin Klein, corte em babado e comprimento mini. A modelagem reta e mini também esteve em evidência em diversas marcas.

Jaqueta Renovada, ganha novos fechamentos, recortes, aplicações e lavagens. fotos: © Agência Fotosite

Billionaire | Pitti Bimbo

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Replay & Sons | Pitti Bimbo

vestido Com modelagem mais solta, privilegia o conforto ao deixar a cintura deslocada para cima, como na Calvin Klein e na Elsy, ou para baixo, como na Replay & Sons. Recortes e babados nas barras são opções para divertir a peça.

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Elsy | Pitti Bimbo

Replay & Sons | Pitti Bimbo


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acontece

Vendas na feira correspondem a 30% da produção anual de calçados Couromoda | inverno 2010

A UseFashion marcou presença no evento com o workshop de tendências para o verão 2011 para calçados e bolsas ministrado pelo consultor da empresa Eduardo Motta. Para ele, em primeiro lugar, a diferença de realidades do hemisfério norte e dos países emergentes, influencia bastante nas coleções.“Será um verão mais sombrio no hemisfério norte, mas com humor por aqui.

fotos: Couromoda/divulgação

Com vendas correspondentes a 30% da produção anual da indústria de calçados, os quatro dias da 37ª Couromoda, que aconteceu entre 18 e 21 de janeiro em São Paulo, apontou o fortalecimento dos negócios interno. Os 1.100 expositores da feira receberam cerca de 67 mil visitas de lojistas, importadores e industriais da cadeia de couros e calçado. “O volume de negócios fechados e encaminhados para os próximos 60 dias reflete a confiança da indústria no crescimento do mercado interno e na gradual recuperação das exportações”, afirmou o presidente da Couromoda, Francisco Santos.

O sentido de internacionalização parte de dentro das culturas emergentes para fora. E não o contrário”, destacou. Motta evidenciou a influência do conceito militar com força total para o verão 2011. “O Militarismo estará presente nas formas, cores, estilos e uso de metais em sapatos e acessórios. Tudo para um look inovador para o século XIX”. Já, entre os lançamentos para o inverno 2010, apresentados na feira, destacam-se a bota versátil da Dumond, que propõe duas maneiras de uso. Ela fica acima dos joelhos, mas pode ser usada com parte do cano dobrado, ficando com a altura tradicional do cano longo; o peep toe bicolor da Jorge Bischoff, que buscou inspiração nos movimentos das décadas de 1940, 1970, 1980 e 1990; e a sandália em tonalidades neutras da Capodarte.

Jorge Bischoff

Mais novidades e lançamentos da Couromoda você encontra no portal usefashion.com. Boa pesquisa! fotos: Couromoda/divulgação

Capodarte foto: UseFashion

Workshop de tendências com o consultor Eduardo Motta.

Dumond


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Inovação e durabilidade aliadas à moda Première Brasil | verão 2011 A 1ª edição do Première Brasil, realizada em São Paulo entre os dias 20 e 21 de janeiro, superou as expectativas dos organizadores e expositores. Em dois dias, o salão, que reuniu 67 expositores de oito países como Brasil, França, Espanha, Itália, Turquia, Inglaterra, Alemanha e Uruguai, recebeu cerca de 3 mil pessoas, sendo 90% brasileiros e os demais da América do Sul. A abertura contou com a conferência de moda ministrada pela diretora da Première Vision, Pascaline Wilhelm, que abordou as tendências para a temporada de verão 2011. Inovação e durabilidade em conformidade com a moda, além de ecologia com o auxílio da tecnologia, foram os principais temas propostos, confirmando as megatendências de verão 2011 antecipadas pela UseFashion. A cartela de cores da

entre seus lançamentos em algodão, seda e linho, mostrou as malhas estampadas. Assinadas por designers europeus, as padronagens contemplam desenhos florais, orgânicos, batik e tie-dye.

Première Vision destacou 19 tons, entre eles os das flores europeias guimauve e pivoine, além de tonalidades ligadas à água. Conforme Pascaline, a estação será divertida, misturando o estilo adolescente ao clássico. “Para a mulher, transparências de cores intensas se misturam aos tons claros brutos, e o street art sacode a tradição. No sporstwear, o multicolor exuberante desafia o delavê, o décor estampado; o bordado ou jacquard rivalizam com o liso intenso para uma silhueta expressiva e colorida”, adiantou.

O diretor geral do Première Vision, Jacques Brunel, aprovou a primeira experiência no Brasil e considerou o evento compatível com a edição francesa. “A qualidade dos produtos expostos na Première Brasil é a mesma dos apresentados na versão francesa. Isso comprova a visão que sempre tivemos do país: a de um mercado em potencial”, afirmou. A Première Vision é realizada duas vezes por ano, em Paris e também em edições especiais em cidades estratégicas como Xangai, Nova York, Moscou, Beijing e Tóquio.

Entre as novidades em tecidos, fibras e acessórios, destaque para o lançamento da Têxtil Farbe, o “Eco Plastic”, produzido a partir de Pet reciclado e algodão penteado, e para o “Tricot Duna”, que reproduz o visual de um leve tricô e é feito de viscose e elastano. Já a Sultêxtil

Malhas estampadas são as novidades da Sultêxtil para o verão 2011. fotos: divulgação

Lançamento “Eco Plastic” da Têxtil Farbe.

fotos: Palavrear Comunicação/divulgação

fotos: Daniel Cruz/divulgação

Fórum de inspiração criado pela equipe da Première Vision.


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v i s ual de loja

Para um inverno quente Aqueça as vendas investindo no visual da loja Por Vanessa Faccioni | Arquiteta

Exatamente quando os termômetros apontam as mais altas temperaturas, os responsáveis pelas ordens de compra das lojas e as equipes de visual merchandising estão a todo vapor preparando a nova estação para seus clientes. Então, nada melhor nesta hora que receber algumas dicas para montar a nova decoração da loja e ambientação das vitrines. Acompanhe.

Profundidade Normalmente as vitrines escurecem no outono-inverno em função dos tons mais fechados presentes nos looks da estação. Brincar com a dimensionalidade pode fazer uma vitrine mais atrativa sem tirar o foco dos produtos. Este efeito pode ser obtido pelo uso de imagens estampadas em painéis de fundo ou, simplesmente, pelo posicionamento dos manequins.

Mango | Bruxelas


Destacar as peças de tons escuros com o uso de um fundo claro proporciona destaque aos produtos e a sensação de amplitude na vitrine. Brincar com o contraponto entre o peso de casacos grossos e a leveza de elementos suspensos foi uma boa jogada desta loja da H&M.

H&M | Berlim

Copa do Mundo Este ano o inverno será superaquecido por um grande acontecimento que deixará o mundo todo ligado em dois temas: futebol e África do sul. Isso mesmo, a Copa do Mundo de futebol tem grande apelo comercial, podendo ser usado não apenas por lojas de artigos esportivos - como é o caso da Adidas, que já explora bem o fato de ser a fabricante das bolas oficiais dos jogos - mas também por lojas de vários segmentos.

Adidas | Nova York

fotos: UseFashion

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Amplitude


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v i s ual de loja

Cores Dar alguns toques de tons inusitados e pouco vistos no inverno pode trazer um resultado maravilhoso. A Mulberry deu grande destaque para suas bolsas em tons neutros fazendo uso de expositores com cores – e formas – inusitadas. Mas, estas pinceladas de tons quentes também podem ser dadas por meio das próprias peças.

Mulberry | Londres

Tommy Hilfiger | Bruxelas


Peças da estação Algumas peças típicas do inverno exigem atenção especial na hora da exposição. Chapéus, meias-calças e gravatas, por exemplo, devem figurar na vitrine de maneira apropriada. Acompanhe algumas boas ideias.

Inno Galerie | Bruxelas

Gillis Modistes | Bruxelas

John Brayer | Bruxelas

fotos: UseFashion

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repor tagem

Bacharéis em moda Graduações crescem no Brasil

Por fernanda maciel

Há pouco tempo, falar em cursos de moda no Brasil era remeter a cursos técnicos ou de extensão. Atualmente, o mercado de trabalho exige cada vez mais especialização. Afinal, só o faturamento estimado da Cadeia Têxtil e de Confecção, referente ao ano de 2009, contabilizou US$ 47 bilhões, conforme dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil). E justamente para atender a esta demanda de um setor cada vez mais promissor, aumentam, em todo o país, as instituições de ensino que oferecem graduação em moda. O UseFashion Journal entrevistou algumas das mais importantes para saber um pouco mais sobre o currículo oferecido por elas, como cada uma alia teoria e técnica para capacitar seus alunos ao mercado de trabalho, qual é a demanda de estudantes, além de saber os principais destaques e diferenciais de cada faculdade ou universidade. Também consultamos dados do MEC (Ministério da Educação) e do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) que revelam esse crescimento que se destaca em todo país.

Croqui de aluna da Feevale


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foto: divulgação


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repor tagem

Estudantes de moda da Faculdade Santa Marcelina fotos: divulgação

A Faculdade Santa Marcelina de São Paulo é pioneira no ensino de Moda no Brasil. Conforme Andréia Miron, professora da instituição, o curso Desenho de Moda formou sua primeira turma em 1991 com 11 alunos, porém, já era ministrado antes, mas com outros nomes. O foco da programação atual do curso, que tem duração de quatro anos e forma em média 100 alunos por ano, é voltado para a formação de criadores de moda apoiado por diversas atividades extracurriculares, como concursos e exposições. “A grande ênfase do curso da Faculdade Santa Marcelina é na criação, portanto, o estímulo ao processo criativo faz parte de todas as disciplinas. Para a aplicação das técnicas aprendidas no curso, os alunos têm à disposição uma infraestrutura que conta com diversos recursos em salas especiais como a de Modelagem, de Confecção Industrial, de Joalheria, do Ateliê de Desenho Têxtil, do Laboratório de Fotografia e Computação Gráfica (CAT - Centro de Arte e Tecnologia) com os softwares mais utilizados no mercado de moda. A proposta da Faculdade Santa Marcelina não busca especializações fragmentárias, mas uma formação unificadora e abrangente dos conhecimentos que permite ao aluno atuar profissionalmente, trabalhando em todos os elos da cadeia produtiva do mercado de Moda”, explicou a professora.

foto: Aline Gazze Botelho/divulgação

formação de moda no Brasil dava seus primeiros passos no início década de 1990. De um lado estavam as empresas e indústrias do ramo, que passaram a apostar em profissionais mais qualificados. De outro, estudantes que queriam ir além dos cursos técnicos ou profissionalizantes. Com as primeiras turmas formadas, o surgimento de novas graduações foi uma constante, pois percebeu-se que a faculdade iria além de formar estilistas. Outras atividades do ramo, como consultoria, produção e o próprio ensino se descortinaram aos alunos. Segundo dados do MEC e do INEP, em 1996, eram oito cursos de graduação em moda, (três em universidades públicas e cinco em privadas), em 1998, 14 (cinco públicas; nove privadas) e, em 2003, 27 (cinco públicas e 22 privadas). Atualmente, entre universidades, faculdades, centros universitários, centros de ensino tecnológico, públicos e privados, o Brasil conta com 426 cursos relacionados à moda: 325 de Design e Estilismo; 78 de Desenho de Moda, 1 de Estilismo; e 22 de Moda.

Essa formação unificadora, proposta pela Santa Marcelina, revelou ao mercado, nestes 21 anos, grandes nomes da moda nacional e internacional. Profissionais como Alexandre Herchcovitch, Icarius de Menezes, Gisele Nasser, Simone Mina, Adriana Barra, Lorenzo Merlino, Vinícius Campion (Mulher do Padre), Érica Ikezili, Thaís Losso (Cavalera), Igor Bezerra de Barros, Fábia Bercsek (estilista e ilustradora de moda), Karlla Girotto, Brenda Vidal (Joalheria), Aline Prado, Emanuelle Junqueira, entre outros. Para Andréia, além da formação acadêmica, o perfil esperado do futuro profissional de moda é que ele seja atento a assuntos comportamentais, culturais e artísticos e não somente na área de moda pretendida. “E que aprecie a vida dinâmica e a integração cultural. Seja extrovertido, comunicativo, afeito a estabelecer grandes redes de relacionamento pessoal que lhe darão acesso a outras opiniões, desejos e oportunidades”, complementa. Aulas práticas no curso de Design de Moda da Anhembi Morumbi


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foto: Ben Hur Ribeiro/divulgação

foto: divulgação

Desfiles com criações dos alunos da Universo

linkada com a ideia de produção é o foco do curso, que busca aplicar teoria sobre a prática e a prática como uma forma de repensar a teoria. Conforme a Adriana, os formandos da universidade buscam, inicialmente, a criação da própria marca, mas, no decorrer do processo, acabam descobrindo outras áreas de atuação como gestão de produto, assessoria de moda, desenvolvimento da área de pesquisa, produção, modelagem e varejo. Juliana Beatriz Haas recebe menção honrosa em desfile na UCS

A Universidade Anhembi Morumbi também é tradição no ensino de moda no Brasil. Datado em 1990, o primeiro curso na área formou 40 alunos na primeira turma e hoje a demanda fez com que este número se multiplicasse. Conforme a Coordenadora do Curso de Design de Moda da Universidade Anhembi Morumbi, professora Eloize Navalon, atualmente, a instituição oferece dois cursos distintos, de Negócios de Moda e Design de Moda, que duram quatro anos. Em ambos, há um equilíbrio entre disciplinas práticas e teóricas e foco da formação não está na pesquisa, nem no estilismo e nem na produção. “O foco no curso de Design de Moda é na formação de um profissional que tenha o conhecimento completo para a criação e o desenvolvimento de produtos e imagens de moda. O foco do curso de Negócios da Moda é preparar um profissional que tenha o conhecimento do funcionamento do universo da moda para a aplicação em várias áreas correlatas”, explica a coordenadora. Segundo Eloize, o campo de atuação é amplo para os dois cursos, e abrange indústrias têxteis, comércio, escritórios de consultoria, editoras de jornais e revistas, departamento de criação, mercado autônomo, organizações detentoras ou gestoras de marcas de moda, empresas de representação de marcas, de importação e exportação de produtos de moda, etc. Na Região Sul, a formação de moda na Universidade de Caxias do Sul é uma das mais antigas. O curso de Tecnologia em Design de Moda, que tem duração de três anos, foi inaugurado em 1992 e formou 20 alunos na primeira turma. De acordo a professora Adriana Job Ferreira Conte, coordenadora do curso de Tecnologia em Design de Moda, a criação

Com dois cursos de Design de Moda, em dois campi, a Universidade Salgado de Oliveira - Universo - , forma, em média, 60 alunos por ano. A instituição inaugurou o curso superior em 1997, no campus de Niterói, e, em 2003, o campus de Goiânia. De modo geral, a proposta da Universo é de formar profissionais completos com base teórica e prática. O Universo Fashion, realizado no campus de Goiânia, é um exemplo desse posicionamento. Trata-se de um trabalho interdisciplinar feito no último período do curso, que tem o intuito do desenvolvimento teórico-prático da atividade profissional do designer. A atividade constitui na construção de um projeto de coleção experimental de forma metodológica e objetiva, exposição do mesmo em artigo, em pôster e em um desfile de moda organizado pelos próprios alunos. Já virou tradição na comunidade acadêmica. As professoras Rita Quintanilha, gestora do curso de Design de Moda do campus Niterói, e Meire Oliveira Santos, gestora do curso do campus Goiânia, afirmam que “o currículo é formado de modo a possibilitar um entendimento da moda como forma de conhecimento, desenvolvendo competências e habilidades para elaborar projetos e executá-los”. A Universo acredita que o campo da moda cresce a cada dia e, neste sentido, a formação de seu curso é focada nas áreas de pesquisa, desenvolvimento de coleção e produção, que

se complementam. O professor René de Moraes Ruduit, coordenador do curso de Design de Moda e Tecnologia da Feevale, em Novo Hamburgo (RS), nos conta que o curso foi lançado em 2002, com quatro anos de duração, e formou cerca de 55 alunos na primeira turma. Segundo Ruduit, a maioria das disciplinas envolve atividades práticas e o processo de criação. Ele conta que as aulas contam com laboratórios amplos, climatizados, além de máquinas e softwares atualizados. “O foco é formar um profissional que possa atuar nos diferentes ramos da moda, seja criação, produção ou gestão, tendo conhecimento de toda a cadeia produtiva”, argumenta. Com seis anos de existência, o curso Design de Moda da Faculdade Católica do Ceará tem dois anos e meio de duração e foca mais na prática do ensino, embora trabalhe com muitas disciplinas teóricas para a fundamentação dos assuntos. Para isso, a faculdade disponibiliza laboratórios de criação, desenho e estamparia, têxtil, beneficiamento, modelagem plana, modelagem tridimensional, computação para trabalhar com os softwares específicos, confecção e conta ainda com o Núcleo de Moda, um espaço para o aluno desenvolver os seus projetos. Conforme Ana Cláudia Farias, coordenadora do curso de Design de Moda, o objetivo é que, ao longo da formação, “os alunos possam ter uma visão geral de toda a cadeia têxtil e do vestuário, e também conhecimentos em tecnologia, sendo capazes de selecionar as mais eficientes para a criação, o desenvolvimento e o acompanhamento de coleções de produtos de moda”. De acordo com a professora, o curso pretende atender a uma necessidade premente do setor de confecção, que é a profissionalização rápida e com competência para criação, planejamento e execução de produtos.


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repor tagem fotos: divulgação

“O designer com formação específica, visão abrangente e organizada torna-se necessário nas empresas de moda, pois, o Ceará, neste momento, passa por uma transformação muito grande de modernização de suas indústrias e seus serviços, não só com tecnologias novas (maquinários, informática etc.), mas com reformulação e treinamento de seus recursos humanos para poder competir internacionalmente”, afirma. O designer Eduardo Biz, formado em 2007 pelo IED (Istituto Europeo di Design), afirma que a faculdade foi essencial para sua carreira profissional. “Durante os anos de faculdade, eu já mantinha minha marca de camisetas, a Alguns Tormentos (www.algunstormentos.com). Depois de formado, pude me dedicar mais integralmente ao negócio, e, desde então, a empresa vem crescendo bastante. Sem dúvida a faculdade de moda contribuiu significativamente para isso, tanto na parte criativa quanto no business”, argumenta. De acordo com Biz, os contatos feitos durante o período que esteve na faculdade também foram importantes e serviram para abrir portas no mercado, sendo este fato o diferencial na faculdade que fez. “O mercado de moda, como sabemos, vive em constante mutação, e somente um profissional atuante, que vive isso diariamente, saberia transmitir uma real visão para os estudantes. Muitos alunos chegam à faculdade deslumbrados com o glamour da moda, sem imaginar o trabalho duro que há envolvido nos bastidores, e isso acaba gerando frustração. Quanto à formação que as instituições oferecem, acredito que seja completa e de qualidade, mas vale salientar que, em se tratando de uma formação de cunho artístico, é preciso saber aplicar o que é ensinado ao talento individual de cada um. O destaque fica por conta das faculdades que apostam em profissionais atuantes, e também quem topa investir nos novos talentos que todo ano debandam das salas de aula, como o evento Casa de Criadores, por exemplo,” reflete Biz. A professora e chefe do Departamento de Design da Universidade Estadual de Londrina (PR), Dorotéia Baduy Pires, afirma que o “surgimento dos cursos esteve quase sempre atrelado ao aquecimento da economia desde a década de 1980, à instalação de novas indústrias de fiação, de têxteis e de confecção de vestuário, da posterior política de abertura de mercado e do surgimento de muitos cursos de design de moda em países do hemisfério norte”. Para a professora, o ensino de moda no Brasil tem evoluído em qualidade e em quantidade. “Apesar da grande quantidade de instituições que formam profissionais designers de moda, e embora haja um número significativo de publicações especializadas, são poucas as que tratam do design como aspecto constitutivo do assunto. Na última década, houve representativo crescimento na produção científica e acadêmica.” É preciso que a área avance muito ainda para fazer definitivamente a transição de uma cultura de concepção de produtos que, ao desconhecer o potencial do design, utiliza-o como estilo, frivolidade estética ou aplica-o em um estágio já avançado do projeto, como num acabamento ou detalhe. É importante que a academia e outros setores invistam em pesquisa e publicações que disseminem o design de moda como processo, como um método de trabalho integrado nos estágios iniciais, combinando a

Aula de serigrafia na Faculdade Católica do Ceará

Na Feevale, aluna na aula de Modelagem e Costura

engenharia de produção, o marketing e outros setores da empresa ou, ainda, incorporando o design na formulação da estratégia comercial. É necessário haver muito apoio, estímulo e ações que concorram para superar a subcultura de design de moda.”, alerta. Segundo o doutor em Comunicação e Semiótica e diretor do portal Carreira Fashion e da EnMOda - Escola de Empreendedores, Airton Embacher, o perfil do estudante de moda no Brasil é, em sua maioria mulheres jovens, das classes A, B e C. “Há também, em menor número, mulheres acima de 35 anos que já atuam na área, porém não se formaram em Moda porque na época não havia cursos, bem como empresários empreendedores e ou herdeiros de empresas de confecção que também buscam a profissionalização,” explica. A expectativa é de que, segundo Embacher,

outros setores da indústria buscarão os profissionais de moda. ”A indústria moveleira, a automobilística, de telefonia e tecnologia, decoração e arquitetura, empresas de pesquisa de mercado e comportamento do consumidor, entre diversas outras já começam, ainda que timidamente, a contratar profissionais de moda. As escolas precisarão se aproximar ainda mais da indústria – tanto da têxtil e de confecção quanto desses outros segmentos - para dar a formação adequada aos seus alunos. Cursos melhor adaptados à realidade do mercado e às suas rápidas mudanças serão fundamentais para preparar profissionais de moda com maior repertório e atitude mais voltada para resultados. A demanda pelos profissionais também dependerá da economia nacional, mas não faltará vaga para o bom profissional. Esse sempre será muito disputado”.


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Algumas das principais escolas e faculdades de moda do Brasil

REGIÃO NORTE Unama - Universidade da Amazônia Informações: www.unama.br Telefone: (91) 4009-3000.

REGIÃO NORDESTE Faculdade Cidade do Salvador Informações: portal.faculdadedacidade.edu.br Telefone: (71) 3254-6000. Universidade Católica do Ceará Informações: www.catolicaceara.edu.br Telefone: (85) 4009-6266.

REGIÃO CENTRO-OESTE Universidade Federal de Goiás Informações: www.ufg.br Telefone: (62) 3521-1000.

REGIÃO SUDESTE Centro de Estudos da Moda ECA - USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) Informações: www.eca.usp.br/moda/conheca/ text.htm

Escola de Moda Promoda

Faculdade Senai - CETIQT

Informações: www.cursosdemoda.com.br/

Informações: www.cetiqt.senai.br

Telefone: (11) 3331-1193.

Telefone: (21) 2582-1001.

Faculdade de Artes Plásticas da FAAP

Universidade Estácio de Sá

(Fundação Armando Alvares Penteado)

Informações: www.estacio.br

Informações: www.faap.br

Telefone: (21) 3231-0000.

Telefone: (11) 3662-7085. Universidade Salgado de Oliveira - Universo Faculdade Santa Marcelina

Informações: www.universo.edu.br

Informações: www.fasm.edu.br

Telefone: (21) 2138-4999.

Telefone: (11) 3824-5800. Faculdade Senac de Moda

Universidade Veiga de Almeida Instituto Zuzu Angel

Informações: www.sp.senac.br

Informações: www.uva.br/cursosdemoda

Telefone: (11) 3865-4888.

Telefone: (21) 2574-8888.

Faculdade Paulista de Artes

Universidade Federal de Minas Gerais

Informações: www.fpa.art.br

Informações: www.ufmg.br

Telefone: (11) 3287-4455.

Telefone: (31) 3409-4184.

IBModa - Instituto Brasileiro de Moda

Centro Integrado de Moda

Informações: www.ibmoda.com.br

Informações: www.faculdadecimo.com.br

Telefone: (11) 3086-3521.

Telefone: (31) 3464-1584.

Istituto Europeo Di Design Informações: www.iedbrasil.com.br

REGIÃO SUL

Telefone: (11) 3660-8000. Universidade Estadual de Londrina Senai Vestuário

Informações: www.uel.br

Informações: www.sp.senai.br/vestuario

Telefone: (43) 3371-4483.

Telefone: (11) 3361-3787. Universidade Tuiuti do Paraná

Telefone: (0xx11) 818-5019. Universidade Anhembi Morumbi

Informações: www.utp.br

UNIRP - Centro Universitário de Rio Preto

Informações: www.anhembi.br

Telefone: (41) 3331-7700.

Informações: www.unirp.edu.br/

Telefone: (11) 5095-5600. Universidade de Caxias do Sul

Telefones: (11) 5576-7300. Panamericana - Escola de Ideias

Informações: www.ucs.br

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

Informações:

Telefone: (54) 3218-2100.

Informações: www.belasartes.br/

www.escola-panamericana.com.br

Telefones: 0800-121500 ou (17) 3211-3000.

Telefone: (11) 3661-8511.

Universidade de Passo Fundo Informações: www.upf.br

EMP - Escola de Moda Profissional

Escola de Moda Cândido Mendes

Informações: www.escolademoda.com.br/

Informações: www.candidomendes.br

Telefones: (11) 5571-3985 ou 5573-2917.

Telefone: (21) 2523-4141.

Telefone: (54) 3316-8100. Centro Universitário Feevale Informações: www.feevale.br Telefone: (51) 3586-8800.

Acompanhe no portal UseFashion a lista com mais instituições de ensino que oferecem cursos na área de moda no Brasil.


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de s ign

POR Carine Hattge e ingrid scherdien

Capacetes Ruby ® O gosto por esportes radicais, em especial o motociclismo, fez com que o designer francês Jérôme Coste investisse seu talento na criação de uma marca de acessórios esportivos que alia uma concepção convencional de produto à utilização de novas tecnologias e estampas exclusivas. Entre os artigos disponíveis, a Ruby ® apresenta uma série de capacetes inspirados em filmes de ficção científica. Eles têm design arrojado, cores vibrantes, reforço na parte interna para proporcionar mais segurança e, é claro, um toque do tradicional requinte francês. Para a criação das estampas, a marca também realizou parcerias com estilistas como Karl Langerfeld. Saiba mais em www.ateliersruby.com

Cadeiras pingentes A Bruxe Design, em parceria com a empresa Uranium, desenvolveu uma série de pingentes no formato de cadeiras que revolucionaram a produção de móveis e os processos de design de produto em meados do século passado. As miniaturas representam as clássicas criações dos designers, pioneiros na atividade e que foram capazes de mudar a forma como as pessoas interagem com os objetos. As joias estão disponíveis em ouro, prata e bronze. Acesse: www.bruxedesign.com e www.uranium.ws


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Everyday Todas as pessoas possuem uma data especial que é lembrada com carinho e têm desejo de registrar o momento para sempre. A marca Mr. Jones Watches tornou isso possível ao lançar um novo modelo de relógio, o Everyday Special. O produto possui um diferencial em seus ponteiros: o das horas enuncia um mês enquanto que, o dos minutos, um dia. Dessa forma, é possível relembrar diariamente a data mais especial, ou ainda, ter um relógio diferente em cada dia do ano. Veja outros modelos em www.mrjoneswatches.com

Luminárias Pinch fotos: divulgação e reprodução

Que tal uma luminária diferente sempre que surgir vontade? A Pinch possibilita isso! Criada por Shinyoung Ma, a luminária possui um plug em formato de pinça que transfere energia para a folha que estiver sendo pinçada. Dependendo de como for a imagem impressa, haverá diferenças na iluminação. Conheça outros trabalhos do designer em www.artmasy.com

Cabides Rethink Repensar os produtos que utilizamos é uma tarefa necessária em tempos de aquecimento global. A reutilização de produtos que seriam imediatamente descartados após o uso é uma das formas de diminuir o impacto que é causado à natureza. O cabide Rethink utiliza esses conceitos ao ser composto de apenas um gancho com duas conexões para garrafas plásticas. O tamanho do cabide pode variar de acordo com a garrafa, além de economizar espaço na bagagem durante viagens. Veja mais imagens em www.rethinkconcepts.com


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c ul t ura

p o r E d ua r d o Mot ta foto: Pedro David/divulgação

Notas desconcertantes

Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar Histórico”.

Terminada as semanas de moda, não restam apenas os balanços das tendências, as listas dos melhores e as previsões de negócios. Ficam os acontecimentos que desafiaram expectativas e alteraram padrões. Eles incomodam, mas também corroboram o fato de que a moda é um terreno complexo, com muitos mais veios comunicantes com as inquietações da cultura em geral do que normalmente se pretende.

Carlota Joakina | SPFW

OEstudio | SPFW

Isso pode?

Magras demais?

Fora de contexto?

A presença dos patrocinadores em um desfile de moda segue regras que se consolidaram ao longo do tempo, e que não estão descritas em nenhum manual de comportamento público. Na real, estão sujeitas apenas a acordos entre marcas, organizadores e empresas financiadoras. Ganharam uma forma adotada como ideal e, quando as luzes se apagam, estão lá os discretos sinais luminosos atrás dos espectadores, e a batelada de folders, releases e brindes, devidamente acomodados dentro de sacolas sobre as cadeiras. Os presentes assistem a um vídeo curto que inclui material de propaganda e isso é tudo e é mais que suficiente. Nesta edição da SPFW, a marca Carlota Joakina cruzou esta barreira e colocou o carro de um patrocinador na boca de cena do desfile. Não foi difícil justificar a medida por uma associação com o tema da coleção, nem é complicado entender o interesse em valorizar a parceria financeira. Entretanto, abre-se um precedente.

Reacendem as discussões em torno do padrão de massa corporal a que estão submetidos os corpos das garotas que apresentam a moda. De belas a vítimas esquálidas de uma perversa distorção estética, as modelos estão no centro de uma acalorada batalha. Há poucas chances de uma mudança repentina. A propaganda é magra, a beleza é magra e a humanidade contraditória: hoje o mundo exibe o maior número de obesos da história e todos querem ser magros. A urgência do tema, com implicações dramáticas, envolvendo patologia e mortes, fez dele um dos mais comentados do circuito, mesmo assim, nesta temporada de moda brasileira, algumas garotas pesavam menos que em edições anteriores.

Em um terreno onde os produtos são apresentados por profissionais de biótipo semelhante, e o público em torno assina junto, a visão de outros corpos, radicalmente fora dos padrões celebrados, não é uma experiência corriqueira. Não se trata de levar gente comum, ou de certa idade, ou fora do peso considerado ideal para a passarela, como já foi feito, mas de apresentar um garoto de 11 anos com paralisia cerebral cujo corpo não tem estrutura óssea para se sustentar. O coletivo OEstudio trouxe esta imagem forte para o desfile-vídeo e abriu uma fenda nos códigos de representação do corpo em um evento do gênero.


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fotos: © Agência Fotosite

foto: reprodução

Alexandre Herchcovitch | SPFW

Albert Eisntein

Ellus | SPFW

Insolúvel e impertinente

Dois neurônios

Classe trabalhadora

No desfile estranhamento de Ronaldo Fraga, nem a roupa, nem o corpo têm frente, costas ou gênero, e o espectador não deve se prender a apenas uma referência, pois o que ele vê ali, não se trata só de moda, nem de belo, nem de feio. Para apresentar roupa masculina, Alexandre Herchcovitch soltou representações assustadoras da morte na passarela. Marcelo Sommer, um criador de imagens que sofrem de alegria como sofrem de acidez e melancolia, maltratou as roupas o quanto pôde, até ficarem surradas e tristes como as dos personagens de Charles Dickens. E colocou os amigos para andar com dificuldade sobre um piso instável e sombrio de carvão. A Reserva adotou um tema faca de dois gumes: o desejo de um anônimo, que saiu da obscuridade, de preservar a fama a todo custo. No seu sistema de exibição, a moda se presta a questionamentos sobre si mesma, seus códigos, suas destinações. No momento seguinte, deve integrar e promover o sistema que põe em xeque, expondo sua mais antiga e insolúvel contradição. Isto não invalida o fenômeno que ela é. Apenas o torna mais agudo, falível, rico e desconcertante.

Enquanto rolaram os desfiles no prédio da Bienal, o ZigueZague, já na sétima edição, acontecia no edifício do MAM, que fica bem ao lado. Ali, a moda entrou em discussão na visão de profissionais da área e de pensadores vindos das universidades. Grosso modo, o que sustenta um evento é a roupa, e o que sustenta o outro é o pensamento. E não precisa ter mais de dois neurônios para saber que ambos são estados de uma mesma coisa. Apesar de iniciativas como o ZigueZague e o SPFW esticarem a mão um para o outro, ouvir profissionais afirmando que, na moda, mais de um (neurônio) atrapalha é uma bobagem recorrente. Do outro lado, escutar antigos preconceitos acadêmicos não é coisa rara. Estes são sintomas de como as partes não se juntam nem se reconhecem perfeitamente, e de que o sistema da moda ainda não opera com toda a potência das partes que a tornam possível. Cada macaco no seu galho? Nada disso. Pura imaturidade de uma cultura ainda em formação.

Jesus Luz é um nome poético, típico das classes devotas e trabalhadoras do Brasil. É também o nome do namorado da Madonna. Não há como não embaralhar uma coisa e outra, e o garoto de biótipo latino, modelo e aspirante a DJ aterrissou na SPFW com status de celebridade máxima. A mídia caiu em cima, o que é normal. Triste foi o fluxo de bobagens que alimentou a fervura das informações inúteis. É óbvio que escrever sobre ele atrai leitores e os muito desejados acessos. E, cá estou eu fazendo o mesmo. Porém, destilar preconceito ainda é feio (ou não é?). E engrossar o discurso dos desapontados, como se não houvesse celebridades decepcionantes aos montes por aí, soa falso, afetado e bobo. Esperavam o quê? Não tem raio de luz em torno da cabeça do rapaz, nem a mulher famosa fica plantada ao lado dele todo o tempo. Relaxa minha gente, e deixa o moço trabalhar. Jesus Luz é apenas o nome de mais um modelo profissional.


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p er f il

Fernando Pires Arquitetando sonhos Por INÊZ GULARTE

Ele deixou a profissão de arquiteto para investir em outro tipo de construção. Longe dos canteiros de obras, Fernando Pires se tornou um dos mais conhecidos designers de calçados do país. E tudo começou a partir da sugestão de uma de suas clientes, que, durante a realização de um projeto, percebeu seu interesse pela moda. Desde então, ele acabou se tornando um dos preferidos entre as celebridades, criando modelos que permeiam os sonhos e são objetos de desejo entre o público feminino, com saltos altíssimos, plataformas em acrílico, construções inusitadas e muita sensualidade. Mais atual, impossível.

modelos desenvolvidos em escala industrial. Neste instante, suas criações tornavam-se um sonho possível de se tornar realidade, para um público antes inatingível.

Este aquariano, conhecido por suas criações artesanais, praticamente exclusivas, no ano passado, começou a investir em um novo desafio. Com o mercado abalado pela crise econômica, veio a oportunidade de criar a Fernando Pires Chic, uma segunda marca, a preços mais acessíveis, com

Na entrevista, ele falou sobre o Carnaval, as celebridades, como pesquisa para criar, e, entre outras curiosidades, sobre sua carreira e seu modo de viver. Acompanhe!

Conversamos com Fernando Pires no finalzinho de janeiro, quando ele estava às voltas com os modelos encomendados para as madrinhas e rainhas de bateria que desfilam no Carnaval. Um show à parte, que todos nós já conhecemos, mas que não deixa de nos encantar. Mesmo quem não é adepto da folia, fica surpreso com a beleza daquelas luxuosas e altíssimas sandálias que brilham nos pés das celebridades da Sapucaí.

UseFashion: De que maneira a arquitetura lhe auxilia na construção dos calçados? Fernando Pires: A arquitetura me auxilia no sentido de poder enxergar plasticamente, em forma tridimensional, o desenho do objeto. No caso, o sapato. UF: Você tem, entre suas clientes, mulheres famosas, celebridades. Você cria pensando nelas? FP: Às vezes, me pego sim, desenhando sapatos que, certamente, teriam endereço certo, tais como o de Madonna, Claudia Raia, Hebe Camargo, entre outras. UF: Pode contar uma situação inusitada em relação a uma cliente famosa? FP: Eu era fã de carteirinha de Wanderléa nos anos 1960/1970, mas vim a conhecê-la pessoalmente só no início dos anos 1990, por causa dos calçados.


55 fotos: divulgação

fotos: Petronio Cinque/divulgação

Hebe Camargo com sandália de Fernando Pires

Certa vez, fui ao camarim dela e pude encontráme envolvendo (já estamos na segunda coleção) la cara à cara antes do show. Claro que levei um a rotina vai mudando e vai mudar muito ainda, sapato de presente e, para minha creio eu! surpresa, ela gostou tanto do modelo que substituiu o sapato UF: Você tem um trabalho que usava como figurino do show Às vezes, me pego desenhando bem autoral. Como é seu pelo o que eu havia lhe dado. sapatos que, certamente, te- processo criativo? Você viaja, Para mim foi um momento de glória e de reconhecimento. Eu riam endereço certo, tais como faz pesquisa para desenvolver decobrira o caminho que me o de Madonna, Claudia Raia, seus produtos? estava predestinado. Hebe Camargo, entre outras. FP: Nunca viajo com a finalidade de pesquisa. Apenas folheio publicações internacionais, UF: O que é indispensável em tipo Vogue, Elle, Bazaar, e vou uma criação Fernando Pires? então absorvendo sinais que me FP: Conforto, sensualidade e basta! interessam e/ou tem a ver com aquele sapato que venho fazendo há 20 anos. UF: A crise acabou afetando seu trabalho, levando à criação de uma marca mais acessível, UF: As boot legs, que tomaram conta dos desa Fernando Pires Chic. Como está sendo esta files internacionais, estão em sua coleção há experiência de trabalhar em escala industrial? bastante tempo. Os saltos nas alturas também. FP: Ainda não estou perfeitamente adaptado a esta Você se considera um visionário? nova realidade. Pensar em produção industrial é FP: Desde o filme “Uma linda mulher”, Julia muito diferente da produção artesanal a que estava Roberts me induziu a fazer as boots legs, que acostumado durante 20 anos. Mas estou aprensão indubitalvelmente sex, sedutoras e poderodendo muito com isso. sas. Nunca mais abandonei esta arma! Não me considero um visionário não. Apenas insisti em um UF: A rotina mudou muito com a nova marca? formato que acabou virando a minha cara, o meu FP: Ainda não muito, mas sinto que, conforme vou DNA e hoje, parece que o mundo girou, girou e

parou aí, neste mesmo formato! UF: Você gosta de trabalhar com o acrílico. O que este material lhe proporciona que lhe atrai? FP: O acrílico remete à Cinderela, que é, na verdade, a grande culpada da obsessão feminina por sapatos. E, ao mesmo tempo, é futurista, tem um apelo sensual e, além disso, para um aquariano, é um prato cheio para viajar na hora de criar saltos! UF: Em que está trabalhando no momento? Está com novos projetos? FP: Carnaval, carnaval, carnaval... Muitas madrinhas e rainhas de baterias. Ufa! Estou também formatando um novo projeto de franquias. UF: Um lugar? FP: São Paulo, Jardins. UF: Um livro? FP: O poder da Cabala – Yehuda Berg. UF: Um hobby? FP: Dançar.


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negóc ios

Eloysa Simão no comando do Fashion Business

A história de duas feiras Eventos cariocas mostram o vencedor: a moda Por Daniel Bender

Em paralelo ao segundo maior evento de moda nacional, o Fashion Rio, ocorreram duas feiras de negócios de moda. As duas maiores do país, Fashion Business e Rio-à-Porter. No entanto, o que tinha tudo para ser uma competição em que o maior engole o menor mostrou-se uma excelente forma de criar eficiência para ambos eventos e também alavancar o faturamento dos eventos do setor.

para a InBrands (ou seja, de Eloysa Simão para Paulo Borges), o objetivo era ter um balcão de negócios integrado à principal semana de moda fluminense. Com a coorganização da experiente Francal Feiras, vários apoiadores institucionais, como Firjan, Sebrae, Abit e Abest, e o fato de dividir espaço com a semana de moda carioca, fazia do Rio-à-Porter uma promessa garantida de sucesso.

surgiu uma vítima improvável: o Minas Trend Preview. Isto porque, para continuar a diferenciar-se do Rio-à-Porter, Eloysa Simão decidiu aumentar a periodicidade do Fashion Business, superpondo-a ao calendário do evento mineiro com edições programadas para maio (verão), agosto (alto-verão) e novembro (preview outono/inverno) de 2010.

Juntos, os dois salões de negócios movimentaram mais de R$ 1,1 bilhão, o triplo do que a feira realizada na edição anterior do Fashion Rio. É claro que vale destacar o papel da crise financeira global que deprimiu os negócios do setor em 2009.

Do outro lado, a Dupla Assessoria de Eloysa Simão, que havia perdido o contrato de realização da semana de moda carioca para a InBrands, decidiu corajosamente realizar o Fashion Business com o apoio do Sistema Fecomércio-RJ nas mesmas datas do Fashion Rio e do Rio-à-Porter. Para diferenciar-se, acrescentou um salão de soluções para varejistas e promoveu diversos desfiles.

Eficiência Três eventos de moda simultâneos no Rio de Janeiro foram uma boa novidade para os visitantes de outros estados. Em apenas uma viagem, poderiam acompanhar alguns dos melhores desfiles brasileiros da temporada e ainda visitar duas feiras. Maior parte dos expositores, independente de qual salão escolheram, registraram aumento de vendas.

O sucesso de ambos eventos foi tanto que

Leonardo Chiasso, da grife de mesmo nome,

Rio-à-Porter X Fashion Business Criado durante a mudança do comando do Fashion Rio, que passou da Dupla Assessoria


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fotos: divulgação

Movimentação nos corredores do Rio-à-Porter

que participou do Rio-à-Porter, por exemplo, registrou vendas 20% maiores de suas confecções nesta edição. Outro indicador de sucesso é a fila de espera. Segundo o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, 60 expositores ficaram na lista de espera. “Nosso desafio para a próxima edição é trazê-los para o salão”, afirmou. No Fashion Business, não foi diferente. Grifes, como a Cholet, disseram ter superado a meta nos primeiros dias e fecharam o evento vendendo 20% mais do que previam. Na mesma linha, Patricia Bonaldi, que assina sua grife, afirma que o Rio-à-Porter superou suas expectativas. “A coleção encantou aos clientes, fechamos um bom volume de negócios, inclusive com vendas para o mercado internacional. Além disso, fizemos vários novos contatos no Brasil e exterior”, conta. Participando do Fashion Business pela primeira vez, Dona Florinda, diz que se surpreendeu com o resultado apesar de lançar dúvidas sobre a proposta de duas feiras simultâneas na cidade. “O evento tem muita força, mas há uma preocupação nossa com a divisão entre duas feiras de mesmo objetivo e público. O Fashion Business

ainda se mostra muito bem projetado e executado e, claro, pretendemos fazer parte da próxima edição” declara Josenias Júnior, diretor de estilo da marca. Na opinião do diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, este Rio-à-Porter foi a 15ª edição do balcão de negócios do Fashion Rio, por isso é natural apoiá-lo formalmente. “Por outro lado, quanto mais negócios de moda

conseguirmos gerar, tanto melhor será para o segmento e o país”, afirma. Sobre o sucesso dos eventos, Pimentel aponta que a última edição do Fashion Rio ocorreu durante um momento de crise global. “O Brasil sofreu moderadamente, mas sofreu, e isto certamente impactou no resultado dos eventos realizados em 2009”.

Balanço final Fashion Business

Rio-à-Porter

Visitantes

46 mil

85 mil

Expositores

220

169

Negócios

R$ 580 milhões

R$ 560 milhões

Compradores VIP

519

480


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c am pu s

11º Prêmio House & Gift de Design Inscrições abertas O 11º prêmio House & Gift de Design levará seu vencedor para uma viagem à Alemanha a fim de visitar a feira Ambiente, um importante evento do setor. Podem participar designers, estudantes e arquitetos de todo o Brasil. Os interessados podem concorrer nas seguintes categorias: Decoração (acessórios, quadros, molduras e gifts), Eletrodomésticos (áudio e vídeo, eletroportátil e linha branca), Iluminação

(acessórios de iluminação, iluminação externa, iluminação de mesa, iluminação de parede e iluminação de teto), Movelaria (sala de jantar, living, dormitórios, banheiros e mobiliários de exterior), Têxtil (cama, mesa, banho e revestimento) e Utilidades Domésticas (utensílios de cozinha, limpeza e organização doméstica, churrasqueira e piscina).

no Museu de Arte Moderna de São Paulo. As inscrições podem ser feitas no site da organizadora do evento, a Grafite Feiras e Promoções. 11º Prêmio House & Gift de Design Inscrições: até dia 4 de junho Informações: www.grafitefeiras.com.br

A solenidade de premiação será dia 9 de agosto

Moda Insights foto: Leonardo Rosa/Feevale/divulgação

Em maio O evento Moda Insights, que acontece sempre durante a semana acadêmica do curso de Design de Moda e Tecnologia da Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, confirmou suas datas, de 10 a 12 de maio. Podem participar acadêmicos e profissionais das áreas de Moda, Design, Arte, Comunicação e Cultura. Durante o evento, acontecem debates e palestras com grandes nomes da moda. Para participar é necessário fazer inscrição. A programação será divulgada em breve no site da Feevale. Nas fotos, acompanhe imagens da última edição. Moda Insights Data: 10 a 12 de maio Local: Campus II da Feevale (RS-239, 2755, Novo Hamburgo) Informações: www.feevale.br Palestra de André Lima

Palestra de Marcelo Sommer

Público assistindo palestra de André Robic e Luciane Robic


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Cursos Escola São Paulo foto: divulgação

Programação 2010 A Escola São Paulo está divulgando toda a programação de cursos para este ano nas áreas de artes visuais, arquitetura, cinema e vídeo, fotografia, gastronomia, moda e novas mídias. Confira. ARTES VISUAIS UM ANO DE ARTES Direção Adriano Pedrosa 2 de março a 30 de novembro HISTÓRIA DA ARTE, ARQUITETURA E VESTUARIO Cyro del Nero 30 de março a 13 de abril GRAFITE EM MURAL Loro Verz 6, 8 e 10 de abril ARQUITETURA UM SEMESTRE DE ARQUITETURA SUSTENTÁVEL Marcos Costa 25 de março a 17 de junho CINEMA E VÍDEO UM ANO DE CINEMA Coordenação Philippe Barcinski 16 de março a 9 de dezembro UM SEMESTRE DE CINEMA Coordenação Philippe Barcinski 16 de março a 30 de junho UM SEMESTRE DE DIREÇÃO DE ARTE Coordenação Vera Hamburger 18 de março a 29 de junho A DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E A DIREÇÃO DE ARTE NO CINEMA Lauro Escorel

FOTOGRAFIA

MODA

UM SEMESTRE DE FOTOGRAFIA

1 ANO DE MODA

Coordenação Claudia Jaguaribe

Coordenação Geni Ribeiro

15 de março a 26 de junho

22 de março a 8 de dezembro

FOTOGRAFANDO EM ESTÚDIO

WORKSHOP INTERNACIONAL

Bob Wolfenson

Marie Rucki

Data a definir

12 a 16 de abril

GASTRONOMIA

HISTÓRIA DA MODA Denise Pollini

O VINHO E A CULTURA FRANCESA

24 de março a 14 de abril

Josimar Melo

11 e 13 de maio

NOVAS MÍDIAS

GASTRONOMIA CONTEMPORÂNEA

APRENDA A UTILIZAR O TWITTER

Paola Carosella

Lili Ferrari

29 de abril

13 a 27 de abril

25 de maio

você na Usefashion A vez do estudante Campus é um espaço dedicado à publicação de notícias, cursos, eventos, acontecimentos e temas que são do interesse de estudantes e professores ligados aos cursos de moda, estilismo e design. Você pode participar enviando para nossa redação sua contribuição. Sugira assuntos a serem abordados, opine, envie notas a serem divulgadas sobre a programação de sua universidade ou instituição de ensino, sobre trabalhos premiados e atividades extra-curriculares. Estamos aguardando sua participação. Contate-nos através do email: campus@usefashion.com


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opinião

Moda do futuro Por Ana Paula de Miranda*

Novo ano, nova temporada de moda. Como diz um conhecido meu de forma pensativa com um toque de assombro e um ar jocoso: A moda muda muito?!

Sabemos que moda e roupa coexistem e interagem, mas são distintas entre si. O cérebro do estilista filtra os desejos da humanidade e seu lápis desenha estes textos visuais que chamamos coleções de moda. Trata-se de um sistema de renovação permanente das maneiras de se vestir e de se comportar, contextualizado no meio cultural de cada cidadão. Gostos, preferências e personalidades são levadas em consideração. Quanto mais variados esses anseios, maior diversidade alcança a moda. Os lojistas não apresentavam mais a tendência da temporada, mas vários temas, formas, cores e texturas emergentes. Então, respondendo à pergunta inicial, encontramos as ameaças constantes da instabilidade climática provocando a celebração da roupa como algo não descartável. A moda autoral

Ser um consumidor sintonizado com o comportamento da nossa era atual é possível pelo acesso à informação que constrói opinião própria, ao contrário da simples adesão à opinião alheia. Como nos anos 1910 do século passado, em que a I Guerra Mundial provocou uma transformação na visão de mundo, liberando a mulher do espartilho, não só o que apertava seu corpo, mas, principalmente, o que apertava sua alma. Na atual estética da moda, que revela a ética do nosso tempo, temos agora o medo real e imediato de que o futuro tenha chegado e que isso talvez signifique o fim da estrada da chamada “evolução humana”. Se a humanidade quiser continuar a caminhar, a solução é usar a atemporalidade, originalidade e autenticidade como vetores da direção certa.

*Ana Paula de Miranda é doutora pela FEA-USP com tese em consumo de marcas de moda. Publicou mais de 30 estudos em congressos, encontros e revistas científicas no Brasil e exterior. Coautora do livro Moda é Comunicação: experiências, memórias, vínculos e 46 Livros de Moda que Você Não Pode Deixar de Ler. Membro da Comissão Científica do Colóquio de Moda e do conselho editorial da revista dobra[s]. Professora do Mestrado em Administração da Faculdade Boa Viagem (FBV) - PE . É diretora de negócios da Modus - Marketing & Semiótica.

foto: divulgação

A silhueta variou constantemente na primeira década deste milênio, oferecendo uma variedade de estilos tão ampla que a criação não acaba na confecção. O desafio de ser consumidor de moda profissional passou a ser a autocriação, onde a invenção e reinvenção de si mesmo, ao sabor das referências (por adesão ou aversão), foi o vício do momento.

parece cada vez mais ser a resposta, pois, se nunca esteve “na moda”, nunca vai sair da mesma permitindo a este tipo de consumo uma questão que nega a própria essência da moda: atemporalidade.

foto: © Agência Fotosite / arte: UseFashion

Desafios do novo milênio


foto: Marcos Pinto/divulgação

es t ilo

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MARÍLIA CARNEIRO A figurinista destaca seu estilo de vida em imagens

Colorido “Adoro essa blusa comprada em Nova York, da estilista Ileen Fisher. Essa peça tem o colorido e o conforto despojado das cariocas típicas, como é o meu caso, que são apaixonadas pela praia de Ipanema e pela Pedra da Gávea”.

foto: reprodução

foto: reprodução

foto: acervo pessoal

Marília Carneiro é uma das mais conhecidas figurinistas da Rede Globo. Com 40 anos de carreira, tem no currículo nada menos que 22 novelas e 12 minisséries, além de 26 filmes. Quem não se lembra das meias de lurex com sandálias, em “Dancin´ Days”? O hit, que virou febre e é lembrado até hoje, é criação dela. Recentemente, Marília foi responsável pelo figurino da novela “Caras e Bocas” e da minissérie “Dalva e Herivelto, uma canção de amor”. Nos últimos dias de suas férias, prepara-se para o novo desafio, o figurino do remake “Tititi” que substituirá a atual novela das 19hs, Tempos Modernos, na Globo. Sempre ligada em tendências e novidades, a figurinista define seu estilo, confira:

Proust “’Em busca do tempo perdido’, de Marcel Proust é um livro atemporal, deve se ter na cabeceira para estar sempre relendo. Adoro Proust.”

Petrópolis

foto: Marcos Pinto/divulgação

foto: acervo pessoal

“Petrópolis é um lugar marvilhoso. Foi lá que fui criada com a minha irmã. Minhas lembranças mais doces sobre a juventude têm como fundo a neblina da cidade”.

Amigos “Essa imagem tem relação direta e forte com a minha personalidade, um momento muito especial, que me encontro com os meus amigos, entre eles, o ator e diretor Daniel Filho e a atriz Vera Fisher em Londres.”

Art Déco “O espelho Art Déco que ganhei de presente de casamento do meu primeiro marido, o cineasta Mario Carneiro, é o meu objeto preferido.”




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Fa s hion R io

Temporada de moda brasileira fotos: © Agência Fotosite

direção de pesquisa: patrícia souza rodrigues edição de moda: Eduardo Motta

A temporada de moda brasileira é generosa com quem gosta de brilho e rock ’n‘ roll. Um reflexo das tendências globais que, justiça seja feita, a grande maioria das marcas cuidou de não mimetizar, literalmente, optando por oferecer boas interpretações. Esta é uma prova de competência técnica e estilística que deu maior solidez às últimas edições do Fashion Rio e da São Paulo Fashion Week. Lurex, transparência, pedraria, brilhos encrespados, spikes metalizados, couro preto e jeans escurecido são alguns ingredientes que irão abastecer o mercado, em combinações de saia e blusa, short e blusa e calça e blusa. Acompanhadas por casacos longos, curtos e jaquetas, elas chegam em duplas e em trios para tomar o lugar que pertencia ao solitário vestido. Outras propostas, bem menos reconhecíveis, têm público crescente. Elas apontam para mais um sintoma do amadurecimento da moda nacional, hoje receptiva, tanto a este alinhamento internacional quanto ao rigor formal dos estilos depurados e aos excessos desafiantes da moda experimental, ambos de inclinação autoral. Nem tudo é um mar de rosas, naturalmente. Uma parcela de marcas do line-up ainda padece com problemas técnicos, por exemplo, mas aqui nos interessam os acertos, e eles não foram poucos. Optamos por tratar em separado as duas semanas, mas abordadas de forma complementar, cuidando de apontar pontos altos distintos entre uma e outra. É o que dá a esta edição o necessário caráter de cobertura global. Em um segundo momento, comentamos um número significativo de marcas de cada semana. Acreditamos, desta forma, oferecer um painel importante da temperatura da moda brasileira atual. Acompanhe, informe-se e faça bons negócios.

Printing Luxo ostensivo sem escorregar para o mau gosto é coisa rara, mas é o que a Printing faz. E faz bem. A inclinação tecnológica, fundida com a alfaiataria e o vintage, é o trunfo dessa marca que ainda tem pouco tempo de estrada e alinhase por tendências da hora. É também pano de fundo para um exuberante painel decorativo. A Printing correu todos os riscos sem cair em nenhum deles e passou soberba e moderna do começo ao fim, faiscando em lurex, transparências e canutilhos.


edi torial de mod a

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t e mp o r a da br a si l e ir a | in v e rn o 2010

Militarismo

Efeito lingerie

Coven

Vestidos curtos

Ombros rebeldes

Claudia Simões

Saia inflada

Patachou

Brilhos

Veludo

Zíper aparente

Cantão

Graça Ottoni

Walter Rodrigues

Transparência

Cantão

Meias e sandálias

Printing

Lucas Nascimento

Calça reta

Jeans dois tons

Supercolar

Mara Mac

Ausländer

Casaco curto

Têca

Espaço Fashion

Tricô luxo

Giulia Borges

Andrea Marques

Artesania fina

Acquastudio


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Fa s hion R io

Graça Ottoni

Patachou

Costura competente a serviço da coleção exacerbadamente feminina, transmitindo bem a identidade da marca, focada na precisão dos cortes e na excelência dos tecidos, e sem pretensões de experimentação formal. As proporções amplas dos casacos são harmonizadas com modelos secos e delicados de saias e vestidos. As folgas, sutilmente distribuídas, dão conforto e mobilidade às peças justas, algumas com jeito de lingerie, sem embaçar os contornos ou modificar a silhueta natural do corpo.

Inspirada em Joana d’Arc, misto de santa e guerreira, a coleção tenta juntar as duas coisas em vestidos-armadura um tanto sóbrios, excessivamente curtos, mas, de acordo com as tendências do momento, inclusive nos volumes, poderosos. Os ombros em destaque e o corpo ajustado convergem para uma silhueta colante e sinuosa, alterada com volumes nos casacos. O saldo do desfile da Patachou é positivo e a expectativa é que a marca compareça também às próximas edições do Fashion Rio.


edi torial de mod a

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t e mp o r a da br a si l e ir a | in v e rn o 2010

Espaço Fashion

Coven

Novos planetas e outras galáxias inspiraram a coleção de veia futurista. Quase tudo é minucioso e bélico no futuro construído pela marca carioca. O problema é que o apetite por imagens fortes compromete, saturando de informações a modelagem colada ao corpo e marcada pelo desenho agressivo dos ombros pontudos, dos volumes inflados e drapejados. Nem se trata de sugerir contenção, mas de esperar algo como um equilíbrio, ou melhor, alguma propriedade, mesmo quando a estética é a do excesso. Ainda assim, trata-se de uma coleção potente.

Para representar a ambivalência da vida contemporânea, a Coven partiu de significados opostos. De um lado a fantasia e o espetáculo do circo, do outro, a austeridade militar e as guerras de todos os tempos. Não há convergência forçada nesta via de mão dupla. A não ser nos muitos recortes e no brilho quase absoluto do lurex e dos canutilhos de metal, a dualidade é preservada todo o tempo, ainda que em uma mesma peça – de um lado justa, de outro folgada, por exemplo.


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Fa s hion R io

Walter Rodrigues

mara mac

Em momento inspirado, Walter acerta em praticamente tudo. Bem feliz esta retomada do japonismo, referência que norteia a coleção sem “saudosismo entediado” como ele mesmo escreveu, mas com o frescor e a propriedade de quem volta a um terreno que conhece bem. Terminada as duas semanas de moda, fica evidente que o trabalho dele não se parece com o de ninguém. E isto deve ser tomado como um elogio.

Os mares revoltos que inspiraram a Mara Mac deram origem a uma coleção elegante e sem grandes riscos. Cores, estampas e modelagens seguem de perto a cartilha esportiva com forte tempero náutico. Como a roupa navega rumo ao inverno, existem variações de belos casacos corta-vento, além de tricôs e moletons quentinhos. Tudo no lugar, ou seja, nada de experimentalismos. Com exceção de algumas golas e decotes assimétricos, destinados a alterar desenho e proporções.


edi torial de mod a

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t e mp o r a da br a si l e ir a | in v e rn o 2010 Acquastudio Na forma poética de um vaso Lalique.

Lucas Nascimento Inventando o tricô contemporâneo.

Melk Z-da Com extrema habilidade artesanal.

Maria Bonita Extra

Andrea Marques

Experimentando sobre a aura de marca bem comportada, a Maria Bonita Extra abraçou a rebeldia beatnik e pôs o pé em estrada incerta, a que foi trilhada pelo escritor americano Jack Kerouac, autor do clássico On the Road. A modelagem busca entrar em sintonia com as transgressões do autor adotando misturas de amplo com justo, de sensualidade e inocência. Mas não foi desta vez que a marca ultrapassou a barreira do bom comportamento. E quem foi que disse que ela precisa fazer isso?

A estilista partiu da obra da artista plástica Malu Saddi para fazer coleção de proporções equilibradas e acabamentos atraentes, particularmente, no trato com as transparências e texturas. Abriu com cores fechadas e evoluiu para outras mais luminosas. É evidente que ela domina uma coisa e outra, forma e aspecto, e manipula com habilidade tecidos bem diferentes entre si. Uma boa apresentação desta criadora que trabalha com produção em quantidades limitadas e gosta disso.


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SPF W

Alexandre Herchcovitch Um tom acima da habitual competência, Alexandre Herchcovitch fez inverno austero e luxuoso, com forte sotaque étnico e décor, além do costumeiro. O militarismo, que é uma das tendências da hora, aplaina os excessos e equaliza a bela coleção. Alfaiataria impecável, casacos de abotoamento assimétrico, vestidos frescos e todas as pequenas, grandes e sempre decisivas invenções na modelagem do estilista estão lá. Desta vez, recobertas por uma miríade de correntes, cristais, tachas e pingentes.


edi torial de mod a

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t e mp o r a da br a si l e ir a | in v e rn o 2010

Estranhamento

Nova silhueta

T-shirt dress

Amarrações

Recortes

Carlota Joakina

Ellus

Feito faca

Bolsa + metal

Cavalera

Osklen

Saia e blusa

Huis Clos

Maria Bonita

Manga escultural

Animale

Cavalera

Jeans escuro

Tricô superlativo

Gloria Coelho

Samuel Cirnansck

Ronaldo Fraga

Casacos

Em camadas

Mistura de materiais

André Lima

Animale

Cabeças trabalhadas Pulseira

Erika Ikezili

Alexandre Herchcovitch

Animale


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Forum

Osklen

Sexo e fetiche é o mote da coleção (e não foi sempre?), mas a Forum escapa do clichê do superjusto para seduzir e adota materiais sugestivos, comprimentos curtos e transparências para falar do assunto. Quem assina é o Eduardo Pombal, que trouxe cortes renovados e a estonteante Lara Stone com a missão de fazer subir a voltagem da apresentação. Lara, que aparece na foto acima, tem medidas maiores, dentinhos separados e anda de um jeito estranho. Nada que esfrie a temperatura que ela eleva por onde passa.

Não é uma coleção fácil esta que o Oscar Metsavah chamou de “Trópico de Capricórnio” e recheou de modelagem tipo caixa, arriscando-se em novos desenhos. Mas é inegável a força da imagem de moda criada por ele. Apesar das formas rígidas e geométricas, a marca mantém o clima cool e preserva a invenção, tal como uma projeção daquilo que poderia ser a Osklen daqui a algumas décadas. Uma espécie de space age esportivo, construído em materiais com um quê de muito rústico.


edi torial de mod a

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t e mp o r a da br a si l e ir a | in v e rn o 2010

Huis Clos

maria bonita

Se o inverno da Huis Clos vai na direção contrária ao que tantos apresentaram, é porque ele toma o rumo do que é a essência da marca, mais chegada à pureza do desenho e à excelência da execução, do que aos efeitos de última hora. A coleção foi desenvolvida com peças leves, poucos bordados e modelagens contidas, sem excessos ou grandes arroubos arquitetônicos. Apenas um mix enxuto e de bom gosto, com o máximo de qualidade e elegância, o que é muito, muito difícil de se fazer.

Em desfile no Sesc Pompéia, a Maria Bonita partiu das obras da arquiteta Lina Bo Bardi, responsável pelo projeto do prédio onde aconteceu o desfile, e também de outros tantos que revolucionaram a arquitetura pública no Brasil. O gosto por formas limpas, bem próprio da marca, encontrou uma fonte adequada de referência, traduzida em coleção rigorosa e inteligente, mas, sobretudo, original. Os vazados mimetizaram as treliças de ventilação. A silhueta era rígida em alguns pontos e fluida em outros, trafegando entre a forma natural e a construída.


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Animale Com engrenagens industriais como cenário, spikes matadores, roupa justa e curta e aquele casting que só vemos em alguns poucos desfiles (e gostaríamos de ver mais), a Animale serviu prato temperado, sexy e agressivo. Na imagem, Ana Beatriz Barros, interpretando com perfeição a mulher máquina e belicosa da marca. A roupa forte e o desfile-impacto fazem parte da vocação da Animale, e a Priscilla Darolt sabe fazer as duas coisas muito bem. As superfícies que mais repelem do que aproximam recobrem toda a roupa. A digestão é um pouco espinhosa, mas o exercício é pra lá de interessante.

Isabela Capeto Em apresentação desacelerada, sobre passarela em dois níveis, vista apenas de frente como um palco, a estilista Isabela Capeto apresentou sua coleção e citou filtros em geral como fonte de inspiração. De alguma forma, ela aplicou os seus, amenizando as formas do hippie-chic e introduzindo linhas clássicas, obviamente repensadas por ela em termos de proporções. O eixo do trabalho da Isabela, que é o luxuoso décor artesanal, está lá e elaborado como sempre. Com esta coleção, ela amplia o repertório da modelagem.


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t e mp o r a da br a si l e ir a | in v e rn o 2010 Ronaldo Fraga Embaralhando frente e verso, ele homenageia a bailarina e coreógrafa alemã Pina Bausch em apresentação surreal.

Amapô Mendigos e Cubismo na coleção da Amapô.

cavalera

Reinaldo Lourenço

Aprofundando a vocação rock’n’roll, uma conexão poderosa com a sua clientela, a Cavalera levou o desfile para a tradicional Galeria do Rock, reduto roqueiro no centro de São Paulo, e recrutou pessoas que trabalham e transitam por lá, mais Paulo Miklos, do Titãs, Igor Cavalera, do Sepultura, e um bom casting profissional para mostrar coleção acertada. São ótimos os jeans, com acabamentos que vão do preto ao dourado e tornam os básicos irresistíveis. Os vôos mais altos, como este do look acima, também são bem-sucedidos.

A Cabala é uma das fontes citadas pelo Reinaldo Lourenço, mas a imagem que se vê e registra é militar. Com o requinte técnico e o domínio da forma que ele tem de sobra, o estilista serviu coleção luxuosa, com base no uniforme e em proporções contemporâneas. Com alguns truques de modelagem, Reinaldo atualiza a inspiração militar, mas não ameniza o rigor da forma, que só é quebrado pelos vestidos alongados e outras minúcias artesanais.


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Maria Garcia

Carlota Joakina

Embalada pelo som bem-humorado do Cake, a Maria Garcia montou guarda-roupa hip hop. A cena musical indie dos anos 1990 rendeu um streetwear esperto, mas que é refinado o suficiente para não se afastar do filão da marca. A silhueta é ampla quase todo o tempo. Alguma contraposição fica por conta das minissaias, minivestidos e minibermudas. Muitas cores, brilho e mesmo rendas, para dar conta deste mergulho revigorante da marca na moda de rua.

Sai o esportivo-lego-futurista das últimas estações e entram flores para encantar o coração das meninas da marca. Tem troca de estilistas por trás disso, mas tem redirecionamento também. Nesta coleção, a aproximação com os vestidos de babados, que poderia resvalar para o romântico, sofre a ação de detalhes modernizantes, com zíperes expostos e controle de outros excessos. Somados às jaquetas, às saias tulipa e às leggings, temos o suficiente para abastecer o guarda-roupa enxuto da garota da Carlota.


edi torial de mod a t e mp o r a da br a si l e ir a | in v e rn o 2010 Ellus Esportiva.

Do estilista Existencialista.

Colcci Campestre.

Triton

2nd Floor

Os anos 1990 voltam a bater nas passarelas, no caso da Triton, representados pelo o harajuko style, aquele das japonesinhas bem-humoradas, coloridas e cheias de penduricalhos. Isso explica porque no mix tem tudo e mais um pouco. Outro tempero foi dado pela parceria com a Lovefoxxx, vocalista da banda Cansei de Ser Sexy. É ela que assina a direção de arte, a trilha e as estampas. Há opções para todos os gostos e situações, desde que se goste de brilhos, adornos, cores e da pegada esportiva que contamina a proposta acima.

Inspirada no popular jogo Detetives, que ajudou a matar o tempo de muita gente nas férias de todas as estações, a coleção de inverno da 2nd Floor chega menos exuberante que de costume, apoiada em microestampas que não se veem de longe, ou folhagens estilizadas, e fazendo alfaiataria com tecidos “impróprios”, como a malha. Combinações bem resolvidas de saia e blusa e vestidos espertos compõem este streetwear atualizado e comercial. A 2nd Floor ainda promete embalar a todos com trench coats dos bons.

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Eterna inspiração Por Juliana Zanettini

A moda nunca esteve tão relacionada à Brigitte Bardot como na atualidade. Na temporada de verão 2011 do hemisfério-norte, a musa francesa foi inspiração para estilistas como Alexander Wang, Dolce & Gabbana e Alexandre Herchcovitch em primeira coleção à frente da Rosa Chá. Além das criações em si, a tendência Bardot se fez presente também no beauty da Prada, da Dior (como na capa da edição de janeiro do UseFashion Journal), e também no styling da mais recente campanha de lingeries da Victoria’s Secret na qual a beleza natural da atriz foi encenada pela modelo Doutzen Kroes. Aliás, esta não é a primeira vez que sua beleza serve de inspiração. Se nos anos 1980, Claudia Schiffer era constantemente comparada à Brigitte Bardot, hoje, aspirantes como Lara Stone, uma das modelos mais requisitadas de 2009, e Georgia May Jagger, considerada a melhor modelo de 2009 pelo British Fashion Awards, usam e abusam de suas semelhanças físicas com a atriz. Ícone fashion, foi ela quem mudou a forma de pensar e de vestir das garotas no início da década de 1960. Com seus cabelos despenteados, Brigitte simbolizou toda uma geração ansiosa por liberação sexual. BB, como também era

chamada, causou alvoroço ao vestir um ousado biquíni no filme A Moça Sem Véu (1952), em uma época em que o símbolo maior de sensualidade, Marilyn Monroe, vestia maiô.

nhos leves e camisetas pretas. À frente do seu tempo, BB foi a primeira a aparecer em filmes sem meias-calças, além de usar o sutiã com a armação alta.

O alavancar cinematográfico de Bardot foi dado por seu namorado e futuro marido, o jovem cineasta Roger Vadim, que incentivou a então modelo a fazer um teste para um papel no cinema. Foi em seu segundo filme, E Deus Criou a Mulher (1956), dirigido por Vadim, que ela ganhou fama internacional. Para o seu casamento com o cineasta, Brigitte lançou moda ao usar um vestido de noivas em xadrez vichy, uma das muitas marcas registradas da atriz.

Presente no imaginário coletivo, Bardot emprestou ao mundo uma beleza selvagem, servindo de inspiração para canções de artistas como Billy Joel, The Who e Elton John. Declaradamente fã do estilista Ted Lapidus, no seu auge, Brigitte desfilou para o estilista Roberto Cavalli.

Com fama de namoradeira, ela casou-se quatro vezes. No seu segundo casamento, então com o ator Jacques Charrier, BB deu a luz ao seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier, que nasceu em 1960. Nessa mesma época, ela foi responsável pela popularização de St. Tropez, na França, e também se rendeu aos encantos de Búzios, cidade brasileira que não foi mais a mesma após a chegada de Bardot. Por conta disso, por vezes, a atriz teve a sua imagem vinculada ao clima litorâneo e apelo casual. Portanto, ela ditou uma moda despretensiosa ao popularizar os vestidi-

Em 1973, aos 39 anos, ela retirou-se da vida artística. Usou e usa até hoje a sua fama para a luta em defesa dos animais. Tornou-se vegetariana e chamou a atenção do mundo ao denunciar massacres contra bebês-foca, situações desumanas dos matadouros, touradas e caças a baleias. Atualmente, ela é responsável pela Fondation Brigitte-Bardot, que tem como membro honorário Dalai Lama. Por conta de seus princípios, inevitavelmente, rompeu com o mundo da moda e protestou contra o uso de peles. Entretanto, embora tenha abandonado o mundo fashion, a moda jamais abandonará Brigitte Bardot.


memória

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fotos: reprodução

Brigitte Bardot fotografada por Terry O’Neil durante a filmagem de The Legend of Frenchie King (1971)

Claudia Schiffer

Lara Stone

Georgia May Jagger


fotos: ©Agência Fotosite e reprodução

Muito mais que inspiração

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