Journal UseFashion - dezembro 2009

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ANO 6 • nº 71 • DEZEMBRO 2009 • Edição Brasileira

moda profissional

A moda em

2010/11

com matérias especiais e reflexões de

R$20,00

ISSN ISSN1808-6829 1808-6829

Paulo Borges Francesco Morace Edson Matsuo Mario Queiroz Paco Underhill Manu Carvalho Sergio Valente Giovanna Furnaletto Gabriel Felzenszwalb Consuelo Blocker Luciano Deos céline bertrand DEborah Barros Tasso Azevedo Adriana Costa Gilles Lasbordes Alessandro Teixeira Anna Kuntz Carla Assumpção

e rt ias a c c en dên m n co te de


F/Coelho

A Vicunha, uma das maiores empresas da indústria têxtil mundial, produz o índigo e o brim que são utilizados pelas marcas mais importantes do universo da moda e que você aplaude nas passarelas dos desfiles do Brasil e do mundo. Acesse agora WWW.VIPREVIEW.COM.BR para saber as novidades do mundo fashion e conhecer a linha de produtos inovadores e modernos da coleção Vicunha.


A H N U VIC

O D N A C I R FAB A MOD


4

nesta edição

reportagem 80 Os negócios de moda em 2010/11

Quais as expectativas das empresas para o novo ano? Como elas sentiram os efeitos da crise? Quais as estratégias adotadas? A UseFashion ouviu mais de 700 empresas, em pesquisa realizada em novembro, a fim de compreender como os empresários do setor estão vendo 2010/11. Também entrevistamos especialistas com o intuito de fazer projeções para o futuro.

05 calendário 06 editorial

tendências de moda Acompanhe as análises da UseFashion sobre a moda masculina, feminina e infantil, em todos os segmentos, para o inverno 2010 e o verão 2011. VESTUÁRIO 8 20 26 28

Estilos Tricôs Malhas Jeans CALÇADOS

32 34 36 38

Por Céline Bertrand. 18 Fios e fibras na origem da criação.

Por Gilles Lasbordes. 23 O homem brasileiro e a moda em 2010.

Por Mario Queiroz. 24 A (re)volução dos tecidos.

Por Consuelo Blocker. 30 Versatilidade do jeans faz mercado crescer.

Por Anna Kuntz.

48 Made in Italy: Furla. Por Giovanna Furnaletto.

BOLSAS

60 Luxo inspirado na natureza.

ACESSÓRIOS Saindo da monotonia Excesso permitido Padrões nobres e volumes Ousadia em cores e formas INFANTIL 60 61 62 64 66 67 68 69 70 71

12 Como serão os aviamentos.

Nas alturas Naturalismo Quebrando paradigmas Praticidade

42 Linhas puras e estética décor 44 Indispensáveis e funcionais 47 Fora do padrão

50 52 54 56

artigos

Sem miniaturas Força nos beneficiamentos Mix de técnicas e tradições 1980 no ar Jeans adornado Ligadas às tendências Do punk rock aos esportes de montanha Mix que inova Para proteger Para enfeitar CARTELA DE CORES

94 Inverno 2010 95 Verão 2011 Fotos desta edição: desfiles © Agência Fotosite; vitrines UseFashion Na capa: Fendi | Milão | verão 2011

41 Visão sobre tendências. Por Edson Matsuo.

Por Adriana Azevedo. 61 Brilho permanente na moda.

Por Carla Assumpção. 72 Com quantas histórias se faz uma coleção?

Por Deborah Barros. 74 Maturidade e profissionalismo.

Por Paulo Borges. 75 2010 será um ano interessante...

Por Gabriel Felzenszwalb 76 Novos tempos. Por Manu Carvalho. 78 A moda mudando o clima mundial.

Por Tasso Azevedo. 86 O papel do Brasil na globalização.

Por Francesco Morace. 88 O fator feminino: O culto às deusas.

Por Paco Underhill. 90 Quando menos é mais. Por Luciano Deos 91 O caminho para o crescimento passa pela

diversificação. Por Alessandro Teixeira.

92 A fofoqueira da janela. Por Sergio Valente.


c alen d ário de eventos 2 010 Eventos

Data

Local

Eventos

Data

JANEIRO

Local

MAIO

Fashion Rio

07 a 13

Rio de Janeiro

49ª Bijoias

06 a 08

São Paulo

Children’s Club

10 a 12

Nova York

Surtex

16 a 18

Nova York

Fashion Business

10 a 13

Rio de Janeiro

Texfair

18 a 21

Blumenau

Rio-à-Porter

10 a 13

Rio de Janeiro

Vicenzaoro Charm

22 a 26

Vicenza

Minas Trend Preview

Pitti Uomo

12 a 15

Florença

Pitti Woman

12 a 15

Florença

Surf Expo

14 a 16

Orlando

SICC

01 a 03

Gramado

Milano Moda Uomo

16 a 20

Milão

Pitti Uomo

15 a 18

Florença

SPFW

17 a 22

São Paulo

Bubble

20 a 21

Londres

Couromoda

18 a 21

São Paulo

Pitti Bimbo

24 a 26

Florença

FIT 0/16

19 a 21

São Paulo

Semana de Moda Masculina

Texworld

19 a 21

Nova York

Fashion Rio

A confirmar

Rio de Janeiro

Première Vision Brasil

20 a 21

São Paulo

SPFW

A confirmar

São Paulo

Bread & Butter

20 a 22

Berlim

Fit

A confirmar

São Paulo

JAM

20 a 22

Berlim

Denim by Première Vision

A confirmar

Paris

A confirmar

Belo Horizonte

JUNHO

24 a 27

Paris

Pitti Bimbo

21 a 23

Florença

Fimi

A confirmar

Valencia

Semana de Moda Masculina

21 a 24

Paris

Salão Moda Brasil

A confirmar

São Paulo

Fimi

22 a 24

Valência

Salão Internacional da Lingerie

23 a 25

Paris

Alta-costura

05 a 08

Paris

Eclat de Mode Bijorhca

23 a 26

Paris

Francal

05 a 08

São Paulo

JULHO

Alta-costura

25 a 28

Paris

Pitti Filati

06 a 08

Florença

Fenim

26 a 29

Gramado

Premier Kids

07 a 11

Londres

Pitti Filati

27 a 29

Florença

Miami Swimshow

17 a 20

Miami

Bubble

31 a 1/02

Londres

Spin Expo

19 a 21

Nova York

Playtime

31 a 1/02

Paris

JA

25 a 28

Nova York

FEVEREIRO

Playtime

A confirmar

Paris

Bread & Butter

A confirmar

Berlim

Feninjer

06 a 09

São Paulo

London Edge

07 a 09

Londres

Premier Kids

07 a 11

Londres

Children’s Club

01 a 03

Nova York

*Première Vision Pluriel

09 a 12

Paris

50ª Bijoias

25 a 27

São Paulo

AGOSTO

Semana de Moda Nova York

11 a 18

Nova York

Curve Expo NY

A confirmar

Nova York

Margin

14 a 15

Londres

Margin

A confirmar

Londres

Pure

14 a 16

Londres

Pure

A confirmar

Londres

Milano Unica

16 a 18

Milão

Semana de Moda de Londres

19 a 24

Londres

Spin Expo

Curve Expo NY

21 a 23

SETEMBRO 07 a 09

Shangai

Nova York

GDS

10 a 12

Düsseldorf

Milano Moda Donna

24 a 03/03

Milão

Surf Expo

10 a 12

Orlando

JA NY Winter Show

28 a 02/03

Nova York

*Première Vision Plural

A confirmar

Paris

Milano Unica

A confirmar

Milão

15 a 18

Milão

15 a 18

Milão

29 a 7/10

Paris

MARÇO Micam

02 a 05

Mipel Semana de Moda de Paris

Milão

Micam

03 a 06

Milão

Mipel

03 a 11

Paris

Semana de Moda de Paris

Children’s Club

07 a 09

Nova York

Courovisão

Spin Expo

09 a 11

Shangai

GlobalShop

10 a 12

Las Vegas

Children’s Club

48ª Bijoias

10 a 12

São Paulo

JA Special Delivery

12 a 14

Düsseldorf

Lineapelle

Lineapelle

16 a 18

Bolonha

ABRIL

A confirmar

Novo Hamburgo

OUTUBRO

GDS

03 a 05

Nova York

24 a 26

Nova York

A confirmar

Bolonha

NOVEMBRO 51ª Bijoias

17 a 19

São Paulo

Fimec

13 a 16

Novo Hamburgo

Minas Trend Preview

A confirmar

Belo Horizonte

Indigo

20 a 21

Nova York

Casa de Criadores

A confirmar

São Paulo

A confirmar

Fortaleza

Victoria’s Secret Show

A confirmar

Nova York

Dragão Fashion

5

*A Première Vision Pluriel engloba os seguintes eventos que acontecem simultaneamente: Expofil, Première Vision, Le Cuir Paris, Indigo, ModAmont e Zoom by Fatex. As datas que constam “a confirmar” não foram anunciadas por seus organizadores até o fechamento desta edição.

DEZEMBRO Denim by Premiere Vision

A confirmar

Paris


6

expediente

edi torial

Vivendo o futuro O desejo de conhecer o futuro assombra a humanidade há gerações. Não foram poucos os métodos ou as necessidades. No tempo dos faraós, por exemplo, os sacerdotes se reuniam às margens do Nilo para observar a coloração e o volume das águas no início da primavera. Se as águas estivessem verde-escuras, as cheias viriam cedo, com consequências trágicas. Se estivessem escuras, a cheia encharcaria os campos no momento exato, garantindo uma colheita abundante. O faraó, ao ouvir seus sacerdotes, decidia então se usava os armazéns para reserva de estoque de grãos. Na Grécia, havia o Delfos. Na Bíblia, profetas orientam os povos em diversas ocasiões. Na Renascença, a previsão passou a ser menos teológica e mais científica. Maquiavel, em O Príncipe, já adiantava que o futuro variaria de acordo com as ações dos homens ao escrever que o porvir seria mutável a partir da vontade no monarca. Galileu, Maupertuis, Fichte, George Wells, Aldous Huxley, George Picht, Gaston Berger, Herman Kahn, Lorentz e tantos outros escreveram sobre o assunto. A cada ano, a UseFashion publica, em seu portal e em seu jornal, cerca de 6 mil textos fazendo projeções de futuro, descrevendo as tendências de moda, design e comportamento de consumo. O material que estará na estação, a silhueta indicada, as cores, os estilos, as marcas, as peças-chave e por aí vai. Temos uma equipe dedicada, criativa, inteligente, transdisciplinar e corajosa que, pensando em pessoas como você, leitor ou leitora, acerta em quase 100% das vezes. Comemoramos como se o Brasil tivesse sido campeão mundial a cada cliente que gasta seu tempo para entrar em contato conosco e agradecer por alguma previsão correta, que o fez manter empregos, gerar renda e negócios. É para isto que vivemos. No final de 2008, passamos a prospectar o futuro também para os negócios de moda, em uma pesquisa que contou com mais de 700 respondentes de todo o Brasil. Agora, repetimos a dose e fomos além. Além da pesquisa, além das tendências. Este jornal que está em suas mãos é fruto deste trabalho. Ele vem com 16 páginas a mais e também um painel de referências para que você possa prender em sua parede. Ele traz uma reportagem de

seis páginas, construída ao longo de dois meses de muito esforço, sobre os negócios de moda para os próximos dois anos. Ele vem com tendências para o inverno 2010 e o verão 2011 divididas por gênero e segmento: ninguém ficou de fora. Na moda, tão volátil, assumimos o desafio de fazer uma edição com validade para o ano inteiro. Mas, esse desafio não foi assumido exclusivamente pela UseFashion. Reunimos, pela primeira vez numa mesma publicação, Paco Underhill, autor do livro de varejo mais vendido da história; Francesco Morace, presidente do Future Concept Lab; Alexandre Teixeira, presidente da Apex; Gilles Lasbordes, diretor da Expofil; Céline Bertrand, da ModAmont; Giovanna Furnaletto, presidente da Furla; Paulo Borges, diretor da Luminosidade; Gabriel Fezenszwalb, CEO da InBrands; Sergio Valente, presidente da DM9DDB; Luciano Deos, diretor-presidente do GAD´; o estilista Mario Queiroz; a diretora de estilo Consuelo Blocker, da Santaconstancia; Anna Kuntz, diretora comercial da Vicunha; Carla Assumpção, diretora da Crystallized Swarovki; Manu Carvalho, diretora de estilo da Trama; Tasso Azevedo, consultor do Ministério do Meio Ambiente; Deborah Barros, estilista da Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre; Adriana Costa, designer da Vivara; Edson Matsuo, gerente de pesquisa e desenvolvimento de produtos da Grendene. Com muita competência e boavontade, este grupo de personalidades trouxe, com exclusividade para os leitores da UseFashion, o que eles projetam para 2010/11 e reflexões sobre o dia-a-dia de seus trabalhos. A todos eles, nosso sincero agradecimento. É certo que, dentre estas projeções, algo não se concretizará. Talvez o Vietnã não seja um concorrente importante em dois anos, ou talvez alguma personagem de novela atravesse as tendências e faça moda. E é por isto, caro(a) leitor(a), que passaremos os 365 dias de 2010 respirando e vivendo a moda e o futuro, trazendo para você as melhores informações disponíveis no mundo.

Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Negócios Wilson Neto Diretor de Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

Núcleo de Pesquisa e Comunicação Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Redação Aline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Eduardo Pedroso e Juliana Wecki (assistentes) Projeto Gráfico Ingrid Scherdien Produção de Arte Ingrid Scherdien (design gráfico), Francine Virote (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web design) Equipe de Pesquisa Alexandra Duarte (coordenadora de pesquisa), Nájua Saleh (assessora de pesquisa de moda), Kamila Hugentobler (assistente de pesquisa), Fernanda Nicolodi (assistente de coordenação de imagens), Aline Romero, Daiane Padilha, Francine Virote, Juliana Geisel, Nícolas Samuel Gehlen, Patrícia Hagemann e Thaís de Oliveira (classificação e tratamento de imagens) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Daniel Bender (inovação), Eduardo Motta (vestuário feminino e masculino), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular), Renata Spiller (infantil e acessórios) e Vanessa Faccioni (visual de loja)

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

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Boa leitura e ótimos negócios!

Jorge Faccioni Diretor-Presidente Copyright © 2009 Sistema UseFashion de Informações Rua São Joaquim, 720 | Centro | São Leopoldo/RS CEP 93.010-190 | Fone: (51) 3037 9507



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ve s t uรกrio

inverno 2010

Kris van Assche | Paris

Bottega Veneta | Milรฃo


9

verão 2011

Stella McCartney | Paris

Esta edição começa com um resumo do que foi o inverno. Este que já aconteceu no campo da informação, nos departamentos de criação e desenvolvimento, e chega ao mercado ano que vem.Também apresenta uma seleção que identifica como será o verão. Ele que ganha corpo como informação agora, e vira produto nas ruas entre 2010 e 2011.

Versace | Milão

Se os invernos são tropicais, ficam de fora os agasalhos siberianos e permanecem as orientações globais de estilo. Se o verão do hemisfério norte se apresenta descolorido e com jeito de meia estação, sem problemas. Apontamos as alternativas para o aquecido ambiente da moda Brasil.


10

ve s t uário

estilos do inverno 2010 Poser

erudita

Rodarte | Nova York

Vivienne Westwood | Londres

rebelde

underwear

Julien McDonald | Londres

Sintetizar toda a variedade de ofertas em apenas três pode parecer temerário e simplista. Na verdade, é bem mais complexo e necessário do que pode parecer a quem não está acostumado com o ambiente volátil da moda global. Estes direcionamentos sintéticos não são trabalhados como campos fechados, mas como eixos centrais de uma gama de possibilidades que coloca o profissional em sintonia com os desejos de consumo de uma época. No inverno, abordamos uma linha de estilo com base na modelagem tradicional que já ganhou penetração não apenas em ambientes de trabalho, mas também nas noites indie das capitais brasileiras. Está se tornando frequente ver garotas em torno dos 20 anos envergando versões de tailleurs combinados com colarzinhos de pérola. Também apontamos para o preto e os tacheados de metal, elementos que estão fazendo o caminho inverso e migram para o guarda-roupa de moças bem-comportadas. Muito brilho e anos 1980 definindo a modelagem são outras frentes de referências para os produtos da estação. A partir daí, solte a imaginação.

Alberta Ferretti | Milão


estilos do verão 2011 militar

natural

Stella McCartney | Paris

Calvin Klein | Nova York

Com Dita von Teese como musa, a lingerie sexy ou romântica chega às ruas no verão. Os tecidos transparentes viram matéria em editoriais e em programas sobre como usar, ganhando as vitrines e as ruas. Para atender o senso utilitário, que redime a culpa deixada pela crise econômica mundial, surge um estilo bem oportuno para a vida urbana. A base é o uniforme, seja ele militar ou de trabalho, e o ganho é a imensa praticidade. Para fechar o trio de tendências do verão, entra o lifestyle que abraça a relação sadia com o próprio corpo e com a natureza como filosofia de vida. Ele demanda por roupas em algodão 100%, com texturas e um despojamento refinado e elegante. A tecnologia é um dado forte em todas as correntes de estilo para o verão. Mesmo quando ela não é evidente, a presença como diferencial anunciado favorece a empatia e a adesão ao produto. É o caso específico da tendência Natural. Tudo que envolve esta linha de trabalho inclui avanços têxteis elaborados. Eles se ocultam sob aspectos rústicos, mas garantem qualidades como memória, impermeabilidade, adaptação térmica e, sobretudo, processos limpos de produção. Observe que, se em uma edição como esta, os estilos aparecem em imagens icônicas, de identificação imediata, em looks prontos os direcionamentos são misturados de mil formas. Não estranhe se encontrar um colete militar sobre um vestidinho que mais parece uma camisola.


12

ve s t uário

Como serão os aviamentos foto: divulgação

Céline Bertrand

A próxima edição da ModAmont, feira internacional para componentes e aviamentos de moda e de design vai acontecer no Hall 03 do parque das exposições Paris Nord Villepinte, de 9 a 12 de fevereiro de 2010, durante a Première Vision Pluriel. Cerca de 250 expositores vão mostrar as suas coleções para a primavera-verão 2011/12 no evento. O salão terá como tema “Smiley Inspirations”, levando como proposta tendências alegres e altamente coloridas que, por si só, têm tudo para funcionar em um país como o Brasil. Revelamos algumas das características que vão nortear os componentes e aviamentos do futuro. Surrealismo mágico ou cromático, design com alma utilitária, aberrações óticas ou a graça da invisibilidade, textura de papel chiffon ou a desmaterialização, uma certa travessura kawai ou o novo luxo da récup´ (reciclagem). Tudo isso atravessa o espelho da nova estação. Oito temas serão propostos pela feira para o conjunto dos setores de prêt-à-porter, masculino, feminino, casualwear, sportswear. Eles são divulgados com exclusividade, aqui para a UseFashion, e

serão detalhados apenas na coletiva de imprensa e para os expositores, em fevereiro do ano que vem, um pouco antes da feira. São eles: Flip Flop Raibow, Smiley Drugstores, Wonderland, Jurassic Park, Abysses, Porto Alegre, Récup’ Design e Rag Paper. O que podemos adiantar é que, mais uma vez, a importância dos acabamentos e dos efeitos especiais será colocada em evidência. Componentes e aviamentos terão as seguintes características em destaque: serão desbotados, branqueados, metalizados, iridescentes, em padrão moiré, com aspectos enferrujados, usados, engomados, estampados, fluorescentes ou autorreflexivos. Basta aguardar para ver.

“O que podemos adiantar é que, mais uma vez, a importância dos acabamentos e dos efeitos especiais será colocada em evidência.”

Céline Bertrand é de nacionalidade francesa, formada em marketing. Responsável pelo departamento de expositores da feira de aviamentos e componentes para a moda ModAmont, em Paris. Desde a criação do evento, em 1996, Céline faz parte da equipe de coordenação do evento.



14

ve s t uário

Highlights Femininos Inverno 2010

Topshop | Londres

St. John | Los Angeles

Um resumo dos highlights de inverno aponta para o vestido como peça-chave, de preferência em algum material acetinado ou brilhante. Identifica o paetê como um enfeite fundamental e o preto, o couro, o zíper e a jaqueta perfecto como ícones. Outras listas seriam possíveis, naturalmente, mas estes itens dão conta de transmitir o espírito da temporada.

Zapa | Paris


Highlights Femininos verão 2011

Fendi | Milão

Matthew Williamson | Londres

Fendi | Milão

No verão, ficamos com shorts de tecidos leves e sedosos, em looks que mesclam um quê de utilitário com o efeito lingerie. Também ficamos com o underwear propriamente dito, que revela o que até então estava escondido e favorece o décor. Para completar este recorte enxuto, entra a estampa construída em rapport, este efeito de duplicidade que bebe do passado e soa mais que contemporâneo.


16

ve s t uário

estilos do inverno 2010 Ilusionista

Neodândi

Lanvin | Paris

Radical

Neil Barret | Milão

Os rapazes no inverno têm a opção de se divertirem com truques ilusionistas aplicados à modelagem tradicional. Entre eles, efeitos em trompe-l´oeil que simulam costuras e detalhes e estabelecem um clima de non sense sobre a modelagem sóbria. O gosto ousado do neodândi recupera a cor, ajusta a modelagem e não teme adornos. A tradução masculina do eco sustentável tem tempero forte, radicaliza no engajamento e se expressa com rebeldia, em cortes bem secos e em atitude firme, na hora de vestir roupas de linhas tão despojadas quanto afiadas.

Prada | Milão


estilos do verão 2011 esportivo

Natural

Louis Vuitton | Paris

militar

Kenzo | Paris

Bottega Veneta | Milão

No verão, a onda é outra. Em primeiro lugar, o mimetismo com a natureza é grande e os tecidos amassados em tons de areia deixam isso bem claro. Para a dinâmica da vida urbana acontece uma incorporação de qualidades e detalhes de estilo da roupa esportiva em associações que visam conforto e performance. Do já citado senso utilitário, chega-se ao militar que, felizmente, tem pouco de belicosidade e ganha corpo em versão light e funcional.


18

ve s t uário

Fios e fibras na origem da criação foto: divulgação

Gilles

Lasbordes

Realizada duas vezes ao ano, a Expofil, feira das fiações e produtores de fibras que acontece em Paris Nord Villepinte dentro do conjunto Première Vision Pluriel, oferece uma gama extremamente diversificada de fios voltados para a malha, a tecelagem plana, as meias, o tricô e o crochê, bem como utilizações técnicas. A meta do salão é poder apresentar com exclusividade e de forma adiantada as tendências das estações futuras. Em sua última edição, setembro de 2009, o verão 2011/12 foi o destaque do fórum de tendências instalado no coração da feira. Pascaline Wilhelm, diretora de moda da Première Vision/Expofil, definiu o futuro da estação como “uma estação acolhedora e dinâmica, que valoriza as alianças e joga com as misturas”.

Fatores que apresentam atuação termo-regulador e de secagem rápida se adicionam à pureza do algodão de fibra extralonga, pura ou em mistura com os sintéticos. Elevação dos aspectos: modificar os comportamentos e os aspectos dos tecidos com a combinação de filamentos e fibras. Jogar com o brilho e o lustro através das diferenças de texturização, de merceirização, misturar o algodão com a seda para unir flexibilidade e sutileza.

Trunfos ecológicos: a mistura dos bios abre novos caminhos de desenvolvimento. Os reciclados unem-se ao linho, ao Lyocell e à viscose de bambu, com o objetivo de chegarem aos produtos que respeitam o meio ambiente. Combinações em que atuam as propriedades naturais das fibras se Para melhor nos orientarmos sobre o futuro, foram aproximam das qualidades renováveis para um definidos pela feira quatro temas, que apostam na bem-estar voluntariamente durável: fibras de Crabyon, de proteínas diversidade das misturas de forma do leite e fibra de a tornar os tecidos e malhas cada “Combinações em que atuam as milho. vez mais com melhor desempepropriedades naturais das fibras Levando em conta nho e fáceis de usar.

se aproximam das qualidades a proximidade entre Conivência bruta: claramente renováveis para um bem-estar França e Brasil com complementares, as fibras, fios e filamentos associam-se para dar voluntariamente durável.” relação às questões ambientais, é possíum toque de sofisticação com disvel dizer que a precrição e pretensão. O que resulta em uma aliança refinada e ao mesmo tempo ocupação com a sustentabilidade, por meio da rude, com os fios brutos e a mistura de fios fan- tendência “trunfos ecológicos”, é um dos apontasia, no intuito de obter fios retorcidos “jaspes”, tamentos que mais deve ganhar força tanto no Brasil quanto na França. multicoloridos e bicolores. Oportunidade de conforto: associa o desempenho para aperfeiçoar o valor agregado.

A próxima Expofil acontece de 9 a 12 de fevereiro de 2010.

Gilles Lasbordes é Diretor da Expofil, feira que acontece dentro da Première Vision Pluriel em Paris. É formado em Administração de Empresas e também atua como diretor da feira de desenhos e criações têxteis Indigo.


Feel


20

ve s t uário

texturas e volumes no inverno feminino te! s o Ap

es rçõ o p Pro liadas Am p

Max Mara | Milão

Missoni | Milão

Na malha retílinea, os estilos baseiam-se na tradição, com longas mantas, casacos e pulls. A diferença está nas proporções ampliadas em todo o modelo e, particularmente, nas golas. A textura é um elemento fundamental, presente em desenhos variados e em canelados volumosos.

Nadine | Milão


21

ares rebeldes no inverno masculino Apost

e!

Card igãs leves

Mango | Paris

Cerruti | Paris

Zara | Londres

O cachecol coordenado com a blusa, no colorido, no ponto e na matéria-prima, é recurso de estilo que merece atenção na estação. Para contrabalançar com estes modelos volumosos e quentes, o cardigã leve da Mango é mais que adequado a um inverno brasileiro. Para o público jovem, ele passa longe da conotação de conservadorismo e tem status de modernidade. Os metais aplicados no modelo da Zara reforçam esta crescente proximidade do tricô com a moda que é radical e rebelde na essência.


22

ve s t uário

tricô de verão é pura leveza

Diane von Furstenberg | Nova York

Academy of Art University | Nova York

Marc Jacobs | Nova York

masculino Para os rapazes Natural e Bem-estar são estilos que aparecem fundidos na modelagem confortável e nas fibras naturais. Elas ora emprestam um aspecto rústico, caso da regata do Phillip Lim, ora ganham aparência, toque sedoso e delicado, como acontece na coleção Duckie Brown. A tecnologia comparece em fios brilhantes extrafinos, permitindo superposições elegantes.

te! s o Ap

Apost

m as Tra s rta e b a Pringle of Scotland | Londres

e!

f ios brilha n extra tes f inos

Feminino

Phillip Lim | Nova York

A adaptação da malha retilínea ao verão anda a passos largos, e isso vale para a tecnologia de fios, cada vez mais leves, e para a tecelagem. As tramas abertas são elementos decorativos, mas são também aberturas refrescantes. Entre peças e detalhes referenciais da temporada estão os vestidos leves e tramados, bem chegados ao estilo Natural e os trabalhos de construção de volumes apresentado pela Academy of Art University. Vale tomar nota da associação ao romantismo, em que a malharia é misturada a outros tecidos e a babados delicados, ideia presente na coleção do Marc Jacobs. Salvatore Ferragamo | Nova York

Duckie Brown | Nova York


m a s c ulino

homem brasileiro e a moda em 2010 Toda a passagem de ano remete a transformações que resultam em frustrações quando os fogos acabam e o mundo está igualzinho a antes da meianoite. Mas, fantasias de réveillon à parte, me parece muito certo esperar um ano realmente novo. E qual a novidade que se espera para 2010? Devo falar de minhas expectativas de quem vive o dia dentro da moda masculina. As pesquisas sobre o gênero masculino querem saber se neste novo milênio estamos tendo mudanças nas formas do homem se apresentar e de ser visto. Será que em 2010 o homem estará tão aberto a mudanças da moda quanto a mulher? Eu e todos que trabalham com moda masculina esperamos que sim. Num espírito mais natalino, poderíamos até desejar que todos os homens se sentissem à vontade para usar aquilo que eles desejassem. Isto significaria diversidade e ampliaria as opções. A moda se tornaria realmente profissional e assumiria o compromisso de apresentar produtos diferentes. Podemos esperar que o homem de 2010 venha a consumir mais moda? Acredito que sim: a proporção de homens brasileiros que gostam de moda tende a aumentar. O que será que encontrarão no mercado? O homem que não se preocupa com o que vestir, não tem autoconfiança suficiente para escolher a cor, o tecido, a forma que mais o interessa. Muitas vezes se torna um cego por marcas. Ele reconhece no status o verdadeiro valor das suas peças caras. O importante é o logo bem visível, que o faz pensar como sendo pertencente a um grupo seleto.

do futebol. A publicidade das empresas mais rentáveis é feita por jogadores de futebol, por tapetes vermelhos e celebridades. Da joia que um ídolo usa, à cueca, tudo é produzido pelas grandes marcas e difundido por toda rede. Quando vemos o número de lojas que uma marca possui, somado ao número de anúncios por toda a mídia, entendemos o verdadeiro alcance deste negócio. Sem falarmos das grandes redes que reelaboram coleções com todos os hits das grandes marcas e conseguem se colocar com status de grife de luxo (o maior exemplo é a loja Zara na Rue Faubourg Saint-Honoré). Por que as marcas brasileiras de moda masculina não param de correr sempre atrás das marcas estrangeiras e propõem alternativas mais criativas? Talvez porque este mercado ainda teime na divisão “comerciais” e “conceituais”. Comerciais parecem ser as que dão dinheiro e, por não se interessarem em ser “lançadoras de moda”, estão sempre atrás de quem lança. Conceituais são as marcas que não dão dinheiro, trazem “conceito”, que deve ser a forma como alguns chamam a “criatividade”.

Criatividade é difícil em tempos de “fast fashion”, já ouvi profissionais dizendo que, no ritmo de aprovar várias peças-piloto por dia, já não sabem o que é coleção. E podemos imaginar quantas coleções os compradores de uma rede de varejo veem por dia? A novidade como criação vem daqueles que conseguem imprimir estilo na marca que trabalham e dos novos designers em formação. Vejo mais possibilidades de criação em O homem de 2009 nas grandes cidades brasilei- outras regiões além do eixo Rio-São Paulo, em ras aparece uniformizado com marcas estrangei- eventos como Dragão Fashion, no Ceará, e o ras que estão ativamente no mercado nacional, Santa Catarina Moda Contemporânea. Acho formidável pensar que, em em centenas de postos de 2009, além da paulistavendas, e anunciando em vá“Por que as marcas brasileiras na Casa de Criadores, rias mídias. de moda masculina não param surgiram grandes pasAs marcas masculinas brasisarelas também para de correr sempre atrás das leiras estão crescendo, é visíos inovadores de moda marcas estrangeiras e propõem vel como empresas de moda dos homens. feminina começaram a se alternativas mais criativas?” interessar por este setor, até então, pouco atrativo. Podemos concorrer com a marca estrangeira na qualidade e originalidade do mercado. Mas algumas empresas entendem concorrência como o caminho da cópia. As marcas masculinas ainda não investem nas suas próprias apostas, elas seguem as marcas estrangeiras em destaque. Tornam-se as versões mais econômicas das marcas que são usadas pelos grandes ídolos

Não creio no Brasil que só acredita nas disputas de preços. Vou acreditar que 2010 será um excelente ano para a moda masculina brasileira. Que designers, como eu, irão conseguir espaços, parcerias e garra para fazerem crescer nossos trabalhos. Que o mercado estará aberto às inovações. Que surgirão cada vez mais rupturas que façam o homem brasileiro quebrar seu gesso.

Mario Queiroz é Designer de moda masculina, Empresário, Professor e Pesquisador do pensamento sobre as questões do homem contemporâneo. Autor do livro “O herói desmascarado – A imagem do homem na mídia”.

foto: America Cupello/divulgação

MArio Queiroz

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ve s t uário

A (re) evolução dos tecidos

foto: Romulo Fialdini/divulgação

consuelo blocker

A tecnologia mudou quase tudo nos últimos 150 anos. Máquinas de lavar pratos, roupas e o aspirador foram só alguns dos cúmplices que libertaram a mulher, proporcionando mais tempo livre para ela poder desenvolver uma carreira ou seguir seus interesses. Criou-se assim um mercado feminino ativo. Hoje, 80% de qualquer compra têm a influência direta ou indireta da mulher, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) com a Mind and Mood, a Sadia e a Johnson & Johnson. Também podemos viajar pelo mundo muito mais rápido e barato que antigamente. A informação está na ponta dos nossos dedos e, em qualquer lugar, graças à Internet, Google e Wifi. Podemos ainda encontrar facilmente pessoas, a qualquer hora, com o celular. No entanto, alguns valores como conforto, estética, qualidade e funcionalidade ficaram inalterados. Quase surpreendentemente, ganharam até mais importância, pois passaram a diferenciar e completar as novidades.

não amassam e economizam tempo) e o conceito ecofriendly (secagem rápida, portanto menos gasto energético, além de cores resistentes às lavagens) é muito presente. Existem ainda versões de tecidos com ações bacteriostáticas, ou seja, que evitam a proliferação de bactérias, consequentemente não propiciando o mau cheiro. Há os que não formam “bolinhas”, prolongando a vida útil das roupas. Quando se fala em desenvolvimento de tecidos para 2010/11, se fala também do melhoramento da fibra e das suas características como conforto, toque, resistência do material e das cores e do conceito easy care. Alguns exemplos desses tecidos são o Light®, Leggerissimo®, Sil Jersey® e Fluity® - malhas de peso leve, perfeitas para o clima tropical, que não amassam, têm ótimo conforto, graças ao toque e respirabilidade, e não desbotam.

Da Europa, mando com regularidade informações de tendências para a fábrica da Santaconstancia. E é no departamento No mercado têxtil as melhorias de estilo, com a direção “Quando se fala em desentambém foram grandes. Quase e alma de Costanza ninguém se lembra que, quando volvimento de tecidos para Pascolato, que são criacomeçamos a usar viscose, ela 2010/11, se fala também do das as coleções que renão podia ser lavada em água e únem beleza no visual e melhoramento da fibra e das amassava muito. Fibras sintéticas modernidade nas suas suas características.” eram as promessas do futuro, nos características técnicas. filmes dos anos 1960, que mostraQuem quiser trabalhar vam os homens habitando a lua. com esta qualidade de Hoje, a realidade é outra. Uma fibra como a po- serviço e enfrentar o mercado competitivo dos liamida é capaz de servir às nossas necessidades próximos anos deverá obrigatoriamente combinar modernas com pouca manutenção (roupas que estes dois fatores.

Consuelo Blocker é Diretora Internacional de Estilo da Santaconstancia Tecelagem. Formada na Brown University em Rhode Island (EUA), pertencente à Ivy League. Seu primeiro trabalho oficial foi no Bloomingdale’s, em 1986 (NY), como assistente. Dali passou a ser manager. Foi morar na Itália e trabalhou no buying office de uma organização americana de lojas Duty Free. Desde 1998, trabalha no departamento de estilo da Santaconstancia como Diretora Internacional enviando informações de tendências da Europa. Colabora com várias publicações como Elle, Folha de São Paulo, entre outras.



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ve s t uário

glam rock e neodândi rebelde no inverno

te! s o Ap

is eria s t a o M izad t e pa Who Killed Bambi | Berlim

Causeway bay | Hong Kong

Mango | Londres

masculino Para a moda street, valem as orientações que conjugam o estilo neodândi com um acento rebelde, tendo como referências os movimentos de contracultura. O resultado valoriza o bom e velho moletom. Unir opostos – como esportividade e um certo apelo formal – é uma prerrogativa de estilo importante no próximo inverno. A orientação é urbana, e o resultado é leve e elegante.

Apost John Richmond | Milão

Feminino

e!

Es por tivida de e ape lo for m al H&M | Londres

Materiais paetizados ou aplicações de cristais sobre as peças são detalhamentos importantes para o inverno da malha circular. A orientação é o Glam Rock. Modelagens elaboradas para imprimir uma atmosfera de glamour ao dia-a-dia, aproveitando os efeitos fluídos de malhas leves. Para a moda jovem, acessórios em metal, geralmente com aspecto pesado e malha encorpada. Vivienne Westwood | Milão

Reiss | Londres


delicada transparência para o verão te! s o Ap

idos t s Ve

Z Zegna | Milão

Apost

e!

Malha levíss s imas

Costume National | Milão

Yigal Azrouël | Nova York

Yigal Azrouël | Nova York

Feminino

masculino

A estação promete sensualidade, e uma das formas de chegar a esse aspecto é com a utilização de malhas delicadas, com discreta transparência. Dentre os efeitos de construção, a assimetria merece destaque. Em termos de peças, destaque para os vestidos.

Tratamentos diferenciados reforçam a relação com tecnologia. No que diz respeito às peças, a malha de bom caimento funciona muito bem com este modelo de bermuda que tem excesso de material nas laterais e é recorrente na estação. A malha soma um apelo esportivo ao clima de descontração. Malha levíssima, para criar transparência e refrescar.


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ve s t uário

mistura de materiais e efeitos manchados para o inverno e! t s Apo

e nos r o s Ad r te o c re

Pepe Jeans | Londres

Salsa | Barcelona

Oasis | Londres

masculino Com efeitos que simulam manchas, sujeiras e até mesmo mofos, a máxima é buscar os tons inusitados, chamando atenção para a visualidade, ao invés da modelagem em si. Denims mais casuais são constantes, como este de efeito sobretingido, aliviando em detalhamento, geralmente muito presentes no masculino. Em tempos de economia de recursos, vale a pena criar soluções com os próprios elementos obrigatórios do jeanswear, caso deste efeito ilusório em que a costura simula uma etiqueta.

Dsquared2 | Milão

Feminino O jeanswear tem estreita relação com a contracultura e o cenário musical, sendo uma das melhores materializações da vertente rebelde das tendências. O fato determinante dessa relação é a lavagem ácida. A mistura de materiais ameniza o efeito all jeans e abre possibilidades variadas de adornos e recortes na modelagem. Aplicações em alta, desde que sejam robustas e assertivas.

Energie | Londres

Apost

e!

Tons inusit ados Gaetano Navarra | Milão

Armani Jeans | Londres


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MILITAR, ROMÂNTICO E ESPORTIVO PARA O VERÃO

D&G | Milão

Stella McCartney | Paris

Vivienne Tam | Nova York

masculino O conceito natural é próprio do jeanswear. Entram os denims leves e amassados para modelos de cortes confortáveis. Para quebrar a sisudez e seriedade dos casacos de verão são empregados sofisticados recursos de lavanderia. Elementos da moda esportiva como metais, viés e vivos, acompanham denims com altas doses de elastano.

te! s o Ap

ilo Est r a milit

Balmain | Paris

Feminino O estilo militar marcou o trabalho do estilista Christophe Decarnin para a Balmain e também o de várias outras marcas. Decarnin apostou nas sarjas em tons militares e nos cortes retos. Já que o jeans por si só é uma peça de caráter masculino, com o intuito de agregar romantismo e certa malícia entram os babados e outros atributos típicos da costura feminina. Sem complicações na modelagem e apostando nas tonalidades médias, peças-chave casuais definem uma moda despretensiosa e de olho no conforto. Vale prestar atenção nas texturas e vazados. O jeans é quase uma renda, nestes casos.

Apost

e!

Missoni | Milão

Eleme n es por tos tivos

Unnity | Paris

Jean Paul Gaultier | Paris


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ve s t uário

Versatilidade do jeans faz mercado crescer

foto: divulgação

Anna Kuntz

O jeans conquista, a cada temporada, mais espaço nas coleções de grifes sofisticadas. Calvin Klein surpreendeu ao introduzir o denim, pela primeira vez, nas passarelas na década de 70, abrindo as portas da moda para que o produto ganhasse, ao longo do tempo, status quase de alta-costura. Louis Vuitton, Chanel, Ralph Lauren e Dolce & Gabbana foram somente algumas das marcas que deram grande destaque ao jeans nos desfiles das últimas semanas de moda. Fora das passarelas, nas ruas, a peça tornou-se indispensável, coringa por seu conforto e composição de looks variados.

zar as peças. As modelagens mais amplas devem ser bastante exploradas pelos designers nas calças. Por outro caminho, artigos com alta elasticidade devem se sobressair no mercado, uma vez que as calças justíssimas são uma forte aposta do segmento feminino. Além das passarelas e vitrines, a popularidade do jeans movimenta cada vez mais o mercado nacional. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o Brasil é o segundo maior produtor de denim do mundo e movimenta no país cerca de R$ 8,2 bilhões por ano.

Essa larga utilização do índigo deve-se à sua versatilidade, já que pode ser usado tanto em peças descontraídas do streetwear como em fits mais clássicos de alfaiataria.

A qualidade na “Crescente em negócios e produção do íngeração de empregos, além de digo está também às princiintegrado a conceitos de susten- alinhada pais práticas amtabilidade, o segmento deve se bientais. Com o mercado cada vez De olho nesse vasto mercado, manter consolidado na moda e no confeccionistas buscam, cada vez consumo consciente.” mais exigente neste campo, existe mais, artigos diferenciados. Para a necessidade de atendê-los, a indústria têxtil reaatuar de maneira liza um intenso investimento na pesquisa de novas tecnologias para o desenvol- ecologicamente responsável num setor que convimento de tecidos mais inovadores com altíssi- some muito recurso hídrico. A Vicunha Têxtil, por ma qualidade. A cada coleção, novos tingimen- exemplo, reutiliza 75% de água em suas fábricas tos, construções e acabamentos são lançados de Denim. Em números, são reaproveitados cerca com o objetivo de aumentar a oferta de opções de 50.000 m³/mês. aos estilistas. Crescente em negócios e geração de empregos, Entre as grandes vedetes da indústria, as colorações de azul intenso, cinza ou preto estarão em voga no próximo ano, e, algumas intervenções dos processos de lavanderia permitem personali-

além de integrado a conceitos de sustentabilidade, o segmento de produção de tecido para o jeanswear deve se manter consolidado na moda e no consumo consciente.

Anna Maria Kuntz é Diretora comercial Índigo e Brim da Vicunha Têxtil. Formou-se em pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), realizou curso de pósgraduação em Administração pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) e curso de pós-graduação em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, além de MBA – Desenvolvimento de Gestores pela Fundação Dom Cabral.



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c alç ado s

f e m i n i n o | i n v e r n o 2010

Nas alturas No Brasil, os previews que acontecem por todo lado consagram alguns personagens, derrubam outros e guardam algumas surpresas. Não era novidade que teríamos brilho nas coleções, nem que alguns centímetros seriam acrescidos na altura da meia-pata elevando ainda mais o salto. O que não era certo é que seria o glitter o mais prestigiado entre os novos materiais brilhantes, nem que os centímetros a mais seriam tantos. Estas novidades somam-se a outros pontos importantes.

Sandal boot

Meia-pata poderosa e salto bem fino

Elas são uma evolução das gladiadoras. Algumas estão mais para bota, outras para sandália, e isto depende do tanto que se fecha o cabedal.

Esta é uma dobradinha difícil de ser vencida. Os desenhos que lidam com esta dupla nunca foram tão bem-resolvidos.

te! s o Ap d al San t Boo

Keito | Nova York

Minelli | Paris

Salvatore Ferragamo | Nova York

Tachas de metal

Pump renovado

Difícil é saber onde elas não estão. O fato é que funcionam muito bem e seguem em frente.

A fôrma não é mais a mesma, muito menos o salto. Se todo o desenho foi alterado e encorpado, é a força da tradição que impulsiona as vendas. Só não vai funcionar se você insistir em proporções do passado.

Prada | Milão

Printemps | Paris


c alç ados

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f e m i n i n o | i n v e r n o 2010

camurça Enfeites volumosos, confeccionados no material do cabedal.

Estilos Poser: Para se fazer notar

Lord and Taylor | Nova York

Bota de cano curto Com meia-pata embutida e com zíperes no fechamento, é imbatível.

D&G | Milão

clássico estilizado

Marc Jaco

bs | Nova

York

Gianfranco Ferré | Los Angeles

Leg boots Em número de vendas elas podem não ser tão relevantes. Como imagem de moda, são a cara da estação.

Salvatore Ferragamo | Milão Chloé | P ari

rock & roll

Emilio Pucci | Milão

Loewe | Paris

Dsquared

s

2 | Milão


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c alç ado s

f e m i n i n o | v e r ão 2011

Naturalismo Nos estilos, a correspondência com o vestuário é algo desejável, embora, no calçado, as possibilidades dentro de cada vertente se desdobrem ainda mais. O naturalismo continua movimentando as vendas. Ele se sobrepõe às referências étnicas que perdem força, e dá valor a aspectos utilitários e a materiais autênticos, como madeira, cortiça, couro de acabamento transparente e outros mais. Lado a lado com esta onda, entram construções elaboradas de saltos altos e finos, e os solados e cabedais translúcidos. A meia-pata e a sandal boot atravessam o inverno e se mantêm em alta no verão.

Rasteira

Supersandália

Colada ao chão e de linhas precisas muito bem ajustadas ao pé. O refinamento da execução é primordial. É assim que a rasteira ganha valor. No mercado brasileiro, também são necessários os adornos. Os melhores migram das pedrarias para adereços executados no próprio couro do cabedal.

A sandália está para o calçado como o vestido está para o vestuário. É um ícone. Mas não é qualquer uma que se encaixa nesta definição. É preciso construção elaborada, salto alto e cabedal muito original para funcionar.

te! s o Ap

lia ndá a s er ão ruç Su p t s n co com borada ela

Chloé | Paris

Just Cavalli | Milão

Tamanco enigmático Anabela é promessa Scarpin colorido Com várias construções em madeira girando nas passarelas e nos editoriais, ficamos com este, de proporções singulares, cheio de personalidade ao misturar muitas referências. É natural, é esportivo, é tecnológico. Tudo ao mesmo tempo.

Louis Vuitton | Paris

Já decretaram o fim dela, mas isto nunca aconteceu. A prova é a variedade de ofertas.

Bottega Veneta | Milão

Com meia-pata é supercontemporâneo, apesar de clássico.

Lanvin | Paris


c alç ados

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f e m i n i n o | v e r ão 2011

Arte da transparência É fácil encontrar propostas de solados em acrílico e cabedais vinílicos. Difícil é acertar a mão. Esta emprega um belo efeito jateado no solado.

Estilos Natural

Stella McCartney | Paris

Cynthia Ste ff

Militarizado

e | Nova

York

Gaultier |

Paris

Josh Goot | Londres

sandal boot Em plena forma, cruzando de uma estação para a outra.

Chloé | Paris

Sexy Romântico

Julien MacDonald | Londres

Jean Paul

Christopher Kane | Londres Dior | Pari

s


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c alç ado s

m a sc ul i n o | i n v e r n o 2010

Quebrando paradigmas Um painel diversificado em que a inovação é orientada pela quebra de paradigmas. Este princípio não vale só para o que é visivelmente novo. Vale também para o estilo supostamente clássico, em que nem sempre as coisas são o que parecem.

Brogue

Tênis casual

Mais que tradicional, ganhou uma lingueta esportiva avantajada.

Sempre em alta, precisa se adaptar a situações e looks nem tão informais. É aí que entram materiais de alta qualidade, brilhos discretos e desenho de causar desejo.

te! s o Ap

is T ê n al u Cas

Prada | Milão

Lanvin | Paris

Oxford

Estética irreverente

Não é uma meia da mesma cor do cabedal, é um cano em stretch que acompanha este falso comportado.

Mistura de materiais, estilos e detalhamentos rústicos.

Borgioli | Pitti Uomo

Borgioli | Pitti Uomo


c alç ados

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m a sc ul i n o | i n v e r n o 2010

Estilos

Desert Boot Camurça e cor em sintonia.

Tradicional, mas nem tanto

Burberry | Milão

Raf Simon

s | Paris

ilusionista: Exibicionista por natureza

Russel & Bromley | Londres

Fôrma Alongada, com bico cheio e entrada pronunciada nas laterais é um dos desenhos mais bonitos.

Gucci | Milão

Thierr y Mu

gler | Pari s

Radical: Movido por ideias e convicções

Salvatore Ferragamo | Milão

Frankie Morello | Milão Julius | Pa

ris


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c alç ado s

m a sc ul i n o | v e r ão 2011

Praticidade A sandália sobe várias posições no ranking de preferência. Enquanto isso, as muitas bermudas e calças encurtadas não deixam nada escondido neste verão em que o senso prático comanda boa parte das coleções.

Sandália natural

Sandália de muitas tiras

É quase um ícone, reforçando o gosto eco com trançados e palmilha estampada.

Causa grande efeito e define a imagem de moda da estação.

Dries Van Noten | Paris

John Galliano | Paris

Deck shoe

Esportivo casual

Não há como não trabalhar com ele na temporada.

Bem raso e em cores claras. Aposta certa. Observe que a fôrma tem planta mais larga no bico.

Iceberg | Milão

C.P. Company | Milão


c alç ados

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m a sc ul i n o | v e r ão 2011

Estilos

Oxford Com detalhes contrastantes e vira bem larga.

Militarizado: Pronto para o combate

Vivienne Westwood | Milão

Bottega V eneta | M

ilão

Esportivo: Das quadras para as ruas

Wooyoungmi | Paris

modelo Coringa Oxford de camurça com fôrma robusta.

te! s o Ap

de d r o oxfamurça c

Duckie Brown | Nova York

Louis Vuitton | Paris

Hermès |

Paris

Natural: Uma aposta no conforto

Hermès | Paris

Versace | M

ilão


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c alç ado s

Visão sobre tendências Para falar sobre visão, tendências e futuro há uma frase de Marcel Proust que considero exemplar: “o verdadeiro ato de descoberta consiste não em encontrar novas terras, mas em enxergar com novos olhos”.

foto: divulgação

Edson Matsuo

o que o público deseja, seja comédia ou drama. Isto é: mais dependendo do “Peopleware” do que de “Software” e “Hardware”.

Reforço aqui a “atitude visionária” para não perder o foco no “enxergar com novos olhos”, referência É um fato. Criar é, antes de tudo, dar novos sig- fundamental para todos os profissionais. Consnificados às coisas existentes e, para que isto seja truo a partir da experiência responsável, aquela possível, é preciso investimento em repertório vi- fundamentada em repertórios. De quem cria e vencial. Podemos enxergar, ou não, novas coisas de quem vai usar. Estar na posição do usuário à nossa frente em função dos referenciais que é uma tarefa complexa, pois pressupõe eliminar acumulamos ao longo de nossas experiências filtros, vícios e preconceitos adquiridos. É preciso profissionais e de nossas vidas. É um processo ser simples no olhar, simples na maneira de traducontínuo de construção e desconstrução, de acei- zir os valores, percebendo e reconhecendo como tação e rejeição, de empatia e antipatia, amor e seus. Qual é o “extra” que podemos oferecer? Se ódio... É esse caminho de constante embate que não houver o “extra” ficaremos apenas com o “ornos dá a possibilidade de dar novos significados dinário”. Para oferecer o procurado e valorizado às coisas existentes, termos atitudes visionárias, “extraordinário”, é preciso ser simples: “basta redesmistificarmos que o novo pode não ser o novo, tirar o óbvio e acrescentar o significativo”, segundo John Maeda, designer e mas sim o atual revisitado diretor da Rhode Island e revigorado. School of Design. “Criar é, antes de tudo, dar Enxergar com novos olhos

Acredito que inovação tem significa uma postura com novos significados às coisas de ser algo simples para a vida, de prontidão para existentes e, para que isto seja que possa também ser ensentir qual será o próximo possível, é preciso investimento tendida de maneira simples passo, baseado naquilo em repertório vivencial.” e sustentável, pois o que que chamo de “atitude vivale para o usuário de seu sionária”, aquela que não projeto é ter a imediata sanecessita de bolas de cristal nem de equipamentos sofisticados de “previ- tisfação de sentir que era exatamente aquilo que são”, mas de extrema percepção dos fatos e dos ele estava buscando, e não saber o que você pencenários existentes. Mudar a maneira de ser e se sou ou de onde tirou a ideia para criar um objeto transformar em protagonista da peça, estar no ou serviço. palco e não na plateia. Só assim podemos sentir

Edson Matsuo é arquiteto de produtos de plástico da Grendene. Lidera o design de produtos de todas as marcas da empresa. Tem como formação Arquitetura e Urbanismo. Começou sua trajetória na Grendene na década de 80, após o primeiro boom da Melissa, quando foi contratado para conceber uma bicicleta Melissinha de plástico como alternativa ao mercado de calçado que, na época, enfrentava dificuldades. Acidentalmente, foi convidado para participar de um projeto de calçado masculino, com tecnologia inovadora. O sucesso de vendas gerou novas linhas de produtos e uma área de design, que hoje envolve mais de 120 colaboradores.


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bol s a s

f e m i n i n o | i n v e r n o 2010

linhas puras e estética décor As linhas puras mantêm parte da modelagem na linha divisória entre o clássico e o moderno e dão origem a modelos muito funcionais. Como nem tudo é sobre objetividade na moda, a estética fala alto na modelagem, que é para ser notada, e se inclina pelo décor e pelos tacheados ostensivos.

Estilos Tradicional

Christian Lacroix | Paris

poser

Alma rocker

Marc Jacobs | Nova York

Roberto Cavalli | Milão

Atemporal

Ornamentos

Agressividade domada

Modelo limpo, com discreta mistura de tonalidades na alça e no corpo.

Ornamentação vistosa para quem não tem medo de ser visto.

Inversão da estação: tacheados agressivos, sobre bolsa branca domam a referência punk rock.

te! s o Ap

ais met re sob nco bra

Düsseldorf | Max Mara

Buenos Aires | Cacharel

Los Angeles | Gucci


bol s a s

f e m i n i n o | i n v e r n o 2010

Grandes No Brasil, os previews revelam que ainda funcionam.

Para Raio | Minas Trend Preview

Mistura de materiais

Tachas

Bem resolvida, é tiro certo no mercado nacional.

Em menor quantidade, mas com a mesma eloquência.

Mara Mac | Minas Trend Preview

Cour´Art | Minas Trend Preview


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f e m i n i n o | v e r ão 2011

Indispensáveis e funcionais As grandes cidades e o dia-a-dia intenso e complexo de quem vive nelas, faz da bolsa muito mais que um acessório. Simplesmente não dá para tratar como coadjuvante algo tão indispensável. Sob esta perspectiva, elas têm formatos médios ou grandes, cores discretas e aproveitamento total de espaço interno. Nas horas de calma, em que o estilo se sobrepõe, é hora de aderir a um lifestyle de sabor campestre, ou então de apostar as fichas no romance.

Estilos militar utilitário

rústico poético

Blumarine | Milão

Fendi | Milão

Romantismo Atual

Versace | Milão

Naturalismo Em misturas insólitas e bem coordenadas.

Jaeger | Londres

Dolce & Gabbana | Milão


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f e m i n i n o | v e r ão 2011

Formato

Senso utilitário

Aqui, a ênfase é na forma.

A cor forte, os metais e o maxipingente não disfarçam o senso utilitário.

Alberta Ferreti | Milão

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Vivienne Red Label | Londres

Tudo misturado

mesclando

Volumes românticos criados com pregas, metalizado e um certo toque militarizado no conjunto.

Variação leve de pasta executiva em mistura de tecido e couro

te! s o Ap de x i M ilos est

Marc by Marc Jacobs | Nova York

Betty Jackson | Londres


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m a sc ul i n o | i n v e r n o 2010

fora do padrão A pasta foi um dos primeiros modelos a conquistar o público masculino. As exigências de trabalho explicam o fenômeno. Um ponto crucial para que outros modelos fossem assimilados é o redesenho do formato original da pasta. Com proporções alteradas e contemplando estilos menos formais que o do executivo, ela não apenas migrou para outros usos, como abriu caminho para a diversidade de modelos que vemos hoje. Na temporada, há uma boa concentração nesta referência, variando entre modelos de linhas horizontais ou verticais e com medidas fora do padrão.

Estilos ilusionista

neodândi

radical

te! s o Ap

elos d o m nos me ais m for

Prada | Milão

FOLES ESTREITOS

Burberry | Milão

Salvatore Ferragamo | Milão

PADRONAGEM CLÁSSICA

Louis Vuitton | Los Angeles

Diesel | Nova York

estruturadas

Andrea D´amico | Pitti Uomo


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m a sc ul i n o | v e r ão 2011

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novos materiais e modelagem descomplicada A referência no Militar chega à bolsa, valorizada pela funcionalidade extrema. Os estilos Natural e Esportivo também saem ganhando. O primeiro viabiliza a introdução de materiais com aspectos novos, incluindo os tecidos rústicos e os couros de acabamento em anilina em modelos que, aqui e ali, se assemelham a grandes sacolas despojadas. O segundo ajuda a descomplicar a modelagem, que se torna compacta, de linhas dinâmicas, com fechamento em zíper e pouco detalhamento no corpo do modelo. Alças bem longas fazem a diferença.

Estilos natural

Utilitarismo

Esportivo

te! s o Ap

elos os d o m ojad p des

Gucci | Milão

Material RÚSTICO

Kenzo | Paris

Yigal Azroüel | Nova York

Prada | Milão

Couro manchado alça longa

D&G | Milão

Missoni | Milão


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bol s a s

Furla: Made in Italy Nossa empresa foi fundada há 80 anos. Comecei a trabalhar na área da moda quando me juntei ao meu pai no negócio da família. Ele me transferiu toda sua paixão e conhecimento técnico. Quando criança, eu adorava andar ao redor do seu atelier, já me sentindo atraída por sua atividade. E ele me envolvia mais e mais nas decisões relativas aos produtos, pedindo opinião e contribuições. Trabalhar na empresa tornou-se para mim algo natural. Durante todo este tempo, temos investido continuamente em desenvolvimento e tecnologia para garantir coleções inovadoras e caracterizadas pelo estilo clean, moderno e elegante, que definimos como timeless style. Hoje, apesar das incertezas do mercado global, a Furla continua firme com seu espírito de excelência a fim de garantir a alta qualidade de todos seus produtos. Usamos finos acabamentos e damos grande atenção à perfeição dos detalhes e às mais qualificadas técnicas artesanais italianas. A força da Furla decorre do fato de sempre estarmos investindo na companhia e qualificando sua distribuição.

foto: divulgação

Giovanna

furnaletto

Estamos, atualmente, suprindo muitos clientes que saem de outras marcas. Pessoas que, normalmente, compram bolsas de luxo a preços altíssimos. Elas estão, provavelmente, migrando destes produtos, por encontrarem conosco ótima qualidade. A Furla, por seu posicionamento de preço, história e evolução, é a única marca de acessórios que tem toda a rede de distribuição, com 307 lojas, em 64 países ao redor do mundo, em locais proeminentes, junto dos maiores players da moda. Nós estamos muito orgulhosos da visibilidade que a marca alcançou e desejamos continuar a defender nosso “know how Made in Italy”. Em cada coleção, nossa equipe de designers trabalha em diferentes moods, trazendo a inspiração de suas viagens, procurando inovação em termos de materiais, cores, detalhes e formas no desenvolvimento das novas coleções. Para nós, simplicidade e equilíbrio são valores importantes e os projetamos para uma mulher que segue as tendências sem ser uma vítima da moda. A cliente Furla faz suas escolhas comparando e escolhendo uma marca qualificada com um alto conteúdo de custo-benefício. Nossos acessórios para o verão 2010/11 trazem feminilidade em formas refinadas, caracterizada por cores fortes. Dentre as clássicas bolsas cult, existe a coleção “Giovanna Furlanetto for Furla”, que traz à tona modelos clássicos da marca de uma forma moderna, usando couro e acabamentos naturais. Nós prestamos muita atenção ao tema da eco-sustentabilidade: lançamos, há alguns meses, uma nova edição da linha “ecobag”, produzida com acabamentos naturais, antialérgicos e amigáveis ao meio ambiente.

Giovanna Furnaletto é Presidente da Furla. Começou a trabalhar com o pai ainda garota. Ela atua há 40 anos, passou por diversos departamentos, e há 9 anos está na presidência da empresa.

Sobre os produtos, durante os últimos anos, temos diferenciando nosso negócio. Estamos evoluindo, no segmento masculino, com a Furla Uomo, que foi lançada em 2008, pois consideramos este mercado muito atrativo e com um enorme potencial. Estamos também investindo na coleção fe-

minina de calçados, com o trabalho do designer Max Kibardin. Falando sobre distribuição, estamos muito mais focados na remodelação das lojas do que na inauguração de novas. É uma fase de reflexão, parcialmente devido à situação econômica, para reforçar nossa posição no varejo. Estamos focando para que nossas lojas sejam mais interessantes e tenham vitrines de maior impacto. Como parte do esforço, também planejamos algumas novas flagships ao redor do mundo. Em 2009, abrimos uma em Barcelona, assim como na Ropongi Hills, em Tóquio, apenas mencionado algumas. Acabamos de finalizar a decisão de um ponto comercial excelente para uma flagship em Paris e iremos expandir nossas lojas em Roma, Via Condotti, dobrando de tamanho. Aliás, acreditamos que Furla tem um enorme potencial de crescimento no mercado brasileiro, pois os resultados são animadores. Até o final deste ano, vamos completar nossa plataforma de e-commerce, inaugurada há um ano na Europa, depois nos Estados Unidos e agora, em dezembro, no Japão. Acreditamos que o e-commerce representa um canal adicional às vendas, graças à habilidade da internet de alcançar clientes potenciais que vivem em áreas que não são cobertas por nossas lojas. Dentre os nossos planos, pretendemos continuar promovendo o projeto “Talent Hub”, com eventos internacionais encorajando os jovens talentos de design de moda no cenário internacional e possibilitando a a criação de suas coleções “for Furla”. Um aspecto interessante do sistema de evolução da moda, que notei durante minha carreira, é o crescente interesse pela arte contemporânea e sua sinergia com os dois mundos. Eu comecei a expressar minha paixão pela arte e a encorajar talentos emergentes há 10 anos, com o lançamento do Furla Art Award, para ajudar jovens artistas italianos. Em 2009, o prêmio teve sua 7ª edição. O jovem artista italiano Alberto Tadiello foi o vencedor e seu trabalho será apresentado em Veneza, no início de junho. Temos ainda a Fundação Furla, com base em Bologna. Ela mira seus esforços em uma legítima think-tank, capaz de hospedar jovens talentos criativos, tornando-se uma área de comparação entre a arte contemporânea e o design de moda. Promover a arte e a cultura nas suas diversas formas significa expandir os horizontes da empresa, além de ser um importante exercício. O contato com os artistas e a tentativa de entender suas visões é uma maneira de tentar ler o futuro.

“Estamos, atualmente, suprindo muitos clientes que saem de outras marcas. Pessoas que, normalmente, compram bolsas de luxo a preços altíssimos.”



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aces sórios

f e m i n i n o | i n v e r n o 2010

Saindo da monotonia Em épocas difíceis, os acessórios passam a ter uma importância maior no vestuário, pois, além de representarem um escape e ajudarem a criar um cenário teatral, o consumidor têm neles a possibilidade de otimizar seu guarda-roupa para sair da monotonia. Tamanhos exagerados, contraste de cores e a mistura de materiais são propostas para renovar o visual.

Estilos Poser

Erudita

Bottega Veneta | Milão

Rebelde

Giorgio Armani | Milão

Mitenes

Luvas longas

Loewe | Paris

Mango | Milão

Chapéu fedora

Miss Sixty | Nova York

Y-3 | Nova York


aces sórios

f e m i n i n o | i n v e r n o 2010

Cinto Gladiador

Maxielos

Michael Kors | Los Angeles

Topshop | Londres

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Óculos máscara

Fendi | Milão

Meia-calça rendada Meia-calça colorida Meias aparentes te! s o Ap as Mei

Topshop | Londres

Blugirl | Milão

Marc by Marc Jacobs | Nova York


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aces sórios

f e m i n i n o | v e r ão 2011

Excesso permitido O excesso tem continuidade nos acessórios de verão 2011, exibindo volumes exagerados, colares e braceletes usados de forma múltipla, cores vivas e tendo os cintos como destaque. Dos finíssimos até os mais largos.

Estilos Romântico

Militar

AF Vandevorst | Paris

Transparências

Michael Kors | Nova York

Natural

John Galliano | Paris

Vivienne Westwood | Paris

Óculos Redondos Óculos Degradês

A-Lab | Milão

Matthew Williamson | Londres


aces sórios

f e m i n i n o | v e r ão 2011

Colares estruturados

Múltiplas pulseiras

Laura Biagiotti | Milão

Braceletes

Just Cavalli | Milão

finíssimos

extra largo

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Fendi | Milão

amarrações

te! s o Ap os t n i C

Giorgio Armani | Milão

Elie Tahari | Nova York

D&G | Milão


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aces sórios

m a sc ul i n o | i n v e r n o 2010

padrões nobres e volumes Os acessórios misturam estilos e dão cara nova a peças já conhecidas do guarda-roupa masculino. Volumes bem trabalhados, materiais e padrões nobres estão em destaque.

Estilos real e radical

neodândi

Salvatore Ferragamo | Milão

ilusionista

Y-3 | Nova York

Gianfranco Ferré | Milão

Aviador Renovado Gravatas

Lenços

Lanvin | Paris

Moschino | Milão

Battaglia | Los Angeles


aces sórios

m a sc ul i n o | i n v e r n o 2010

Relógios coloridos

te! s o Ap

Boinas

Nixon | Los Angeles

Suspensórios

Dsquared2 | Milão

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age n o r Pad bres no

Hugo Boss | Paris

ns

Thierry Mugler | Paris

Couro trabalhado Volumes

Giorgio Armani | Milão

Gianfranco Ferré | Milão


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aces sórios

m a sc ul i n o | v e r ão 2011

ousadia em cores e formas Mais ousados, tanto nas formas como nas cores, os acessórios destacam tons vivos, brilhos, e materiais acetinados em contraste ao rústico e ao natural.

Estilos esportivo

militar

Bottega Veneta | Milão

natural

Phillip Lim | Nova York

Carlo Pignatelli | Milão

chapéus renovados

Cinto branco

te! s o Ap

s çõe a m Ar ridas colo

Gucci | Milão

Dunhill | Paris

Monarchy | Nova York


joia s

Luxo inspirado na natureza O mercado de luxo sofreu com a crise econômica, não há duvidas, mas está se recuperando e as expectativas para 2010 são bastante positivas. No cenário internacional vemos as grandes marcas de luxo expandirem seu alvo de atuação e focarem sua atenção nos mercados emergentes como Brasil e China. De acordo com a revista Exame, algumas marcas de luxo internacionais estão fechando lojas no Japão e abrindo na China, berço de grande número de novos milionários. Vemos um deslocamento de eixos, a China, tomando o lugar do Japão, tradicionalmente o mais forte mercado do luxo na Ásia, e este movimento se repete em outras regiões.

Uma grande novidade que a Vivara traz neste lançamento está nas joias modernas para o cabelo. Extremamente versáteis, joias das coleções Esteira (técnica exclusiva Vivara) e Pavão oferecem a opção de serem usadas no cabelo. O broche/ presilha de Esteira em ouro amarelo e diamantes e plumas naturais resume o conceito de toda a coleção Joias da Natureza. O bracelete da linha Pavão em ouro amarelo e fita de “chamois” pode e deve ser usado como tiara, se transformando de acordo com o desejo de cada um. Destacaria a versatilidade em todo tipo de produto como uma forte tendência e a joalheria não foge desta regra. Em tempos de valorização da diferenciação do indivíduo, os produtos devem permitir usos diversos e a interação do consumidor, que pode brincar de descobrir a melhor adequação e forma de uso do produto.

Com todas as incertezas econômicas, mudanças no mercado, ameaças ambientais e a compreensão da necessidade de revermos nossos conceitos de produção e consumo, percebemos a valorização das raízes e da natureza. Ser verde A mistura de materiais e o uso de materiais orgâé cada vez mais imperativo. A próxima coleção nicos ganham espaço. Couros, penas e madeida Vivara, Joias da Natureza, aposta exatamente ras são vistos como nobres e usados na joalheria neste “mood”. Inspirada na diversidade da fauna juntamente com ouro e diamantes. A prata voltou e da flora, a equipe de criação trabalhou técni- com tudo, está em alta, aliada às pedras precas artesanais e alta tecnologia para transformar ciosas em joias diferenciadas, oferecendo uma esta diversidade em joias contemporâneas, mas opção de joia mais fashion e acessível. O design sempre com o espírito de permanência da joia. e a criação ganham liberdade e desafio com esta maior diversidade no Pássaros e flores fouso de materiais. ram traduzidos em “Em tempos de valorização da difeouro e prata com Na cartela de cores da renciação do indivíduo, os produtos pedras preciosas. Na joalheria, foi-se o tempo devem permitir usos diversos e a criação das joias, as em que uma cor de ouro interação do consumidor, que pode tendências, que pesprevalecia. Hoje, tanto quisamos e acreditaouro amarelo quanto o brincar de descobrir a melhor ademos, foram visitadas. ouro branco estão em quação e forma de uso do produto.” alta e o ouro rose se desDestacam–se: o rotaca por sua coloração mantismo, a organielegante e feminina. A cidade, texturização, melhor cor de ouro é aquela que está de acordo dualidade high-tech e artesanal, tridimensionalidacom o look e a ocasião. Não existem regras. de, efeitos luz e sombra, movimento e sinuosidade.

Adriana Costa faz parte da equipe de designers da Vivara. É formada em Desenho Industrial pela UEMG e pós-graduada em Joalheria pelo Instituto de Arte e Design de Birmingham, da Inglaterra. Finalizou, em 2007, o curso de Pós-graduação em Negociações Comerciais Internacionais, na PUC Minas, com ênfase no mercado do luxo.

foto: divulgação

Adriana costa

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c ri s tai s

Brilho permanente na moda foto: divulgação

Carla

Assumpção

Cristais deverão continuar sendo aplicados como fator de diferenciação na moda dos próximos meses. Jeanswear, calçados e bolsas seguirão tendo no brilho a oportunidade de chamar a atenção e encantar as consumidoras. A grande novidade, no entanto, será a presença dos cristais na decoração de interiores, através das aplicações nas louças, nos revestimentos, nas ferragens, nos tecidos de decoração e na movelaria.

criação utilizando esses cristais são muito variadas, de bolsas a cintos, até colares e acessórios para a cabeça.

A Crystal Coral Pearl propõe réplicas perfeitas das pérolas naturais, mas com uma gama de cores muito maior. Dessa vez, uma versão vibrante de tom coral recebe atenção especial. Essas pérolas são capazes de transformar acessórios comuns em objetos de desejo, e entendemos que estarão em boa parte das melhores “Hoje o mundo pede por felicibolsas grandes, botas confortáveis e ankle dade, por leveza, por momentos boots de saltos bem alde descontração. E os cristais tos da estação.

Em termos de lapidações, temos entendido que os cristais, em formas orgânicas, imitarão rochas naturais em cores leitosas como as das nos remetem a essa sensação rochas em estado bruto. Por Ainda falando sobre copositiva e de contentamento.” isso, a mistura dos cristais res, o destaque será o com elementos rústicos esGreige, uma tonalidatará na coleção de outonode discreta, que mistura inverno 2011 da CRYSTALLIZEDTM – Swarovski tons de bege e cinza e permite combinações Elements, marca de componentes da austríaca de cores sofisticadas, além de aplicações tom Swarovski. A partir disto, gostaria de destacar sobre tom. Já a Crystal Metallic Light Gold traas linhas Designer Editions, Crystal Coral Pearl, rá um acréscimo cintilante à gama de efeitos Greige e Crystal Metallic Light Gold. metálicos. É a tonalidade ideal para contrapor As primeiras linhas Designer Edition foram a o tom escuro e opaco de tecidos e couros tipiDiamond Leaf, criada por Giorgio Armani, e camente invernais. a Fantastic Flower, de Andrée Putman. No outono-inverno 2011, lançaremos a Divine Rock - desenvolvida em parceria com uma importante casa de moda italiana. As possibilidades de

Hoje o mundo pede por felicidade, por leveza, por momentos de descontração. E os cristais nos remetem a essa sensação positiva e de contentamento.

Carla Assumpção é Diretora da CRYSTALLIZED™- Swarovski Elements. Formada em Propaganda e Marketing pela Universidade Paulista, é pós-graduada em Administração pela Universidade da Califórnia. Trabalha há 10 anos na Swarovski, tendo sido responsável pela implantação dos programas de marketing da empresa no Brasil e, desde 2007, pelas atividades de Marketing na Argentina. Atualmente, exerce a função de Diretora Geral da Divisão Crystal Components Business no Brasil e na Argentina.



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in fant il

v e s t uá r i o | i n v e r n o 2010

Sem miniaturas A era da miniaturização acabou. Só reproduzir as roupas dos adultos não basta. A hora é de criar estilo com materiais metalizados e renovar clássicos com padrões e modelagens.

Jaqueta + cinto

Dress Coat

Miss Blumarine | Pitti Bimbo

Camisa + listras

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Woolrich Kid | Pitti Bimbo

Colete

te! s o Ap

e n d o l y N o ect p s a lico viní

Koch | Düsseldorf

Vestido Xadrez

Timberland | Hong Kong

H&M | Düsseldorf


in fant il

v e s t uá r i o | v e r ão 2011

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Força nos beneficiamentos Mais trabalhados e recebendo diferentes beneficiamentos, os materiais destacam superfícies rústicas e naturais misturadas a superfícies tecnológicas. Nas modelagens, o diferencial está nos detalhes.

Blazeres

Alfaiataria

Simonetta | Pitti Bimbo

eta u q Ja ber bom

Billionaire | Pitti Bimbo

Levi’s | Pitti Bimbo

Toque empapelado

Volume nos ombros Assimetria

Miss Grant | Pitti Bimbo

te! s o Ap

Simonetta | Pitti Bimbo

Replay & Sons | Pitti Bimbo


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in fant il

v e s t uá r i o | i n v e r n o 2010

Mix de técnicas e tradições Diferentes possibilidades nas tecnologias das máquinas, a volta dos simplificadores de malharia, a mescla de materiais e o uso de técnicas manuais nos acabamentos são algumas propostas. Destaque para: tricô+pele, tricô+nylon e tricô+circular.

trompe-l’oeil

MaxiCardigã

Elsy | Pitti Bimbo

Moschino | Pitti Bimbo

tricô+pele

Dip Dye

Diesel | Pitti Bimbo

te! s o Ap

s rõ e d a P igos s ant a do z i n er mod

Kidspace | Londres

Mistura de materiais

Lu-Má | Pitti Bimbo

Next | Londres


in fant il

v e s t uá r i o | v e r ão 2011

fugindo do básico A malharia retilínea infantil está cada vez mais elaborada. Casaquetos, cardigãs, boleros e coletes tornaram-se os clássicos das coleções, em que os fios metalizados em pontos trabalhados e ajoures de aspecto artesanal são destaques.

Cardigã

e! t s Apo

de a r u Mist eriais mat

Billionaire | Pitti Bimbo

Casaqueto

Miss Blumarine | Pitti Bimbo

Babados

Simonetta | Pitti Bimbo

Metalizados

Billionaire | Pitti Bimbo

Listras localizadas

Elsy | Pitti Bimbo

Replay & Sons | Pitti Bimbo


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in fant il

v e s t uá r i o | i n v e r n o 2010

1980 no ar O inverno infantil tem como maior fonte de inspiração os anos 1980, destacados nas modelagens, nas estampas, nos brilhos e nas referências que guiam as coleções.

Hoodie

Legging

Diesel | Pitti Bimbo

Estampas sobre listras

Replay | Düsseldorf

te! s o Ap

ras i e v Ca

Diesel | Pitti Bimbo

Skate Wear Baby | Los Angeles

Trompe-l’oeil

Plush

Polarn Pyret | Londres

Baby Dior | Londres


in fant il

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v e s t uá r i o | v e r ão 2011

Efeitos e Conforto Propostas luxuosas foram enfatizadas na malha circular. Aplicações e acabamentos deixaram a malha com aspecto metalizado, iridescente ou com aspecto artesanal. Nas modelagens, prevalece o conforto.

Vestido camiseta

Estampas Dip dye

Levi’s | Pitti Bimbo

as t e u Jaq tas cur

Modelagem Evasê

Replay & Sons | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo

Grafite

te! s o Ap

Monnalisa | Pitti Bimbo

1980

Diesel | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo


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in fant il

v e s t uá r i o | i n v e r n o 2010

Jeanswear adornado A tendência anos 1980 traz cores vivas, principalmente em bottoms. Outro destaque são os recursos de modelagem como pregas e pences, as barras cuffed, bordados e patches, que dão o diferencial nas peças.

te! s o Ap

Bordados e aplicações

Color

Woolrich Kid | Pitti Bimbo

r Sho

Kenzo | Londres

Maxibolsos

Patches

Replay & Sons | Pitti Bimbo

ts

H&M | Londres

Cinza

Spirit | Londres

Next | Londres


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v e s t uá r i o | v e r ão 2011

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ligadas às tendências A temporada pede por peças bem trabalhadas, com diferentes lavagens e beneficiamentos, criando efeitos elaborados e acompanhando as tendências adultas em versões mais infantis.

a uet q a J nca bra

Sarouel

Boyfriend

Monnalisa | Pitti Bimbo

Strip denim

Replay & Sons | Pitti Bimbo

te! s o Ap

Miss Grant | Pitti Bimbo

Bolsos trabalhados

Diesel | Pitti Bimbo

Simonetta | Pitti Bimbo

Estampas no avesso

Monnalisa | Pitti Bimbo


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c a lç a d os | i n v e r n o 2010

Do punk rock aos esportes de montanhas Os anos 1980 continuam a reinar também nos pés da criança. As referências vão do punk rock até esportes de montanha. Metalizados, vinílicos e peles trazem nova roupagem para clássicos como o oxford.

Modelo Ugg

te! s o Ap

Abotinados

a a li z t e M

Miss Blumarine | Pitti Bimbo

Liu Jo | Pitti Bimbo

Tênis casual Oxford renovado + estampa

Igloo | Londres

d os

Diesel | Pitti Bimbo

Vinílicos

Vans | Los Angeles

Zara | Barcelona


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c a lç a d os | v e r ão 2011

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mix que inova A temporada pede por construções elaboradas. A proposta é combinar materiais delicados com rústicos e naturais, ou com superfícies vinílicas e metalizados. O mix garante a novidade da estação.

de a r u Mist eriais mat

Dockside

Gladiador

Monnalisa | Pitti Bimbo

Geometrias

Simonetta | Pitti Bimbo

te! s o Ap

Simonetta | Pitti Bimbo

Abarcas e alpargatas

Monnalisa | Pitti Bimbo

Simonetta | Pitti Bimbo

Tachas

Diesel | Pitti Bimbo


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Ac e s só r i os | i n v e r n o 2010

para proteger Mais do que adornar, no inverno, eles têm a função de proteger. Os acessórios são para cabeça, pescoço, pés e pernas. Eles seguem referências anos 1970 com o uso do crochê e materiais artesanais. E também flertam com os anos 1980, em luvas, meias e cores vivas.

Boné em tricô

Mitenes te! s o Ap as Boin

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Golas em tricô

Ice Ice Iceberg | Pitti Bimbo

Parrot | Pitti Bimbo

Meias longas

H&M | Nova York

Next | Londres

Tachas

H&M | Düsseldorf


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ac e s só r i os | v e r ão 2011

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para enfeitar te! s o Ap

Para a temporada, os acessórios saem do estigma de apenas proteger e agora passam a ser utilizados como adornos para diferenciar os looks da criançada.

o + c i t Rús ológico n te c

Cintos+listras

Fedora

Elsy | Pitti Bimbo

Replay & Sons | Pitti Bimbo

Bandanas

estilo 1980

Diesel | Pitti Bimbo

Simonetta | Pitti Bimbo

Xadrez

Levi’s | Pitti Bimbo

Billionaire | Pitti Bimbo


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Com quantas histórias se faz uma coleção? foto: divulgação

Deborah BarrosSchroeder

Criar para criança é como voltar no tempo. É co- Bom, e depois disso, vem todo aquele verniz de meçar uma brincadeira do nada, é não sentir o tendências que todo mundo já conhece, dando tempo passar: ficar horas e horas mergulhada em corpo a coleção. um mundo de imaginação, onde os objetos falam, Mas, a melhor parte mesmo está na emoção de as cores têm cheiro e as imagens têm vida. Criar ver a história pronta, resolvida. Todos os esboços, uma coleção é inventar uma história. O start se cartela de cores, tecidos e aviamentos, que andá através de uma imagem, texto ou objeto. As tes estavam apenas no projeto, se transformam referências podem vir de todos os lugares, um magicamente em roupas. É a fantasia se tornanlivro sobre frascos de perfumes, um porta-joias, do realidade através dos catálogos e desfiles de uma viagem pelos lugares do mundo. Quanto moda, mostrando que o nosso negócio tem comais se olha, mais colorida se torna a cartela de meço, meio e fim. cores. Os tecidos são a imaginação, parte do Agora, com quantas processo, assim como os botões, histórias se faz uma fitas e laços, que parecem pedir “Todos os esboços, cartela de coleção infantil, eu para fazer parte da coleção. ainda não sei, mas cores, tecidos e aviamentos, É a história sendo construída, posso garantir que que antes estavam apenas no passo a passo, com a ajuda de a minha história projeto, se transformam magitoda a equipe. Nela, todos são está presente em camente em roupas.” personagens: as estilistas são cada uma das noscomo fadas, os desenhistas são sas coleções, o que os mágicos e as modelistas têm faz transparecer um o dom de transformar o desenho em realidade. pouco da minha infância. As auxiliares são como anjos, levando a informação de um lado para o outro. Os analistas e os Da época que andava de um lado para o oucoordenadores são nossos professores, sempre tro, com o livro do Gato de Botas embaixo do direcionando para o caminho certo. E a Marisol braço, ou mesmo quando criava uma vida innos dá toda a liberdade criativa que precisamos teira para uma única boneca (montando seu para fantasiar uma coleção. Assim como o padri- guarda-roupa de inverno e de verão). Restou nho Veloso, da personagem Maria, em “Histórias essa essência infantil, que me ajuda a criar as de um quebra-nozes”, de Hoffmann: - “Deixem as histórias que são contadas nas coleções da Lilica Ripilica e do Tigor T. Tigre. crianças sonharem”.

Deborah Barros-Schroeder é Estilista da Lilica Ripilica e do Tigor T. Tigre. Graduada em Moda e especialista em Negócios da Moda. Trabalha na Marisol há oito anos e comanda a equipe de criação da Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre há quatro.



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negóc ios

Maturidade e profissionalismo 2010. Ano de Copa do Mundo de Futebol, a primeira na África. Ano de novas eleições no Brasil, inclusive presidenciais, a sexta pós-ditadura militar, consolidando ainda mais nossa democracia. E ano em que o SPFW comemora 15 anos. foto: divulgação

Paulo Borges

empresarialmente, ter uma identidade própria eram questões essenciais. E a plataforma SPFW foi ponto-chave nesse processo. Hoje, nos dias em que a SPFW acontece, cerca de 2.500 showrooms são montados parar gerar vendas. Há todo um processo de negócios em torno do evento, que é um dos de maior repercussão de mídia espontânea do país, o que demonstra o nível de interesse pelo setor aqui existente - e isso também nos faz refletir que começa a existir também uma cultura de moda brasileira.

Para se pensar em um futuro, é essencial analisarmos o passado e principalmente, o que mudou e o que ainda temos a percorrer. À moda brasileira mudou muito de 1996 para cá. Conseguimos estabelecer um calendário de forma profissional dentro de um novo conceito. Mais que semanas “A moda no Brasil comede desfiles, criamos uma A Luminosidade, empresa que ça a atingir um nível mais plataforma de convergêncriei para gerir todo este procia, onde vários segmentos que razoável de profissionacesso, hoje tem três sócios: a se interligam e se complelismo, maturidade e recoInBrands, o Grupo ABC e eu. mentam: a criação, a gesEm abril passado, assumimos nhecimento internacional.” tão, a discussão produtiva o Fashion Rio e, no início deste em vários níveis. A moda segundo semestre, também o no Brasil começa a atingir Rio Summer. um nível mais que razoável de profissionalismo, Os três eventos se complementarão, cada um maturidade e reconhecimento internacional. atuando de maneira focada, integrando um caEm 1996, ainda se falava pouco em globalização, lendário que têm como ponto de partida valomas já sentíamos os efeitos da abertura de mer- rizar cada vez mais a moda brasileira em todos cado iniciada anos antes. Nossa indústria têxtil foi os níveis. Os olhares do mundo já estavam sobre muito afetada, por falta de competitividade, e no nós antes mesmo de se anunciar a realização da setor de confecção, as marcas internacionais co- Copa de 2014 e das Olimpíadas 2016 aqui. E meçavam a entrar de forma organizada no país. uma boa parte desta percepção internacional era Isso mudou a maneira de pensar e de agir dos para nossa moda, e assim deve continuar, mesmo profissionais de moda. Percebeu-se que não bas- após a Copa e as Olimpíadas. Sempre com protava criar para ter sucesso. Vender, se posicionar fissionalismo crescente e paixão.

Paulo Borges é Diretor da Luminosidade. Idealizador e diretor artístico da São Paulo Fashion Week. Sua carreira começou nos anos 1980, trabalhando com a jornalista Regina Guerreiro, na Vogue Brasil. No início da década de 1990, produziu desfiles para estilistas brasileiros em uma época em que a moda ainda não era vista como negócio no país. Em 1993, lançou o Phytoervas Fashion, evento de moda que comandou por três anos antes de fundar, em 1997, o Morumbi Fashion, evento que mais tarde viria a se tornar a São Paulo Fashion Week.


negóc ios

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2010 será um ano interessante... A história da moda brasileira terá importantes capítulos em 2010. Um deles é a comemoração dos 15 anos do São Paulo Fashion Week. Acreditamos que essa data será um marco e que vamos entrar num novo capítulo pelos próximos 15 anos. Afinal, a moda nacional continua seu processo de maturação e acreditamos que isso vai se acelerar ainda mais com a união das semanas de moda do país, para fortalecer o setor, SPFW, Fashion Rio e Rio Summer. Estamos convencidos de que o mercado se beneficiará com um calendário convergente e semanas complementares. Os resultados começarão a aparecer já, por exemplo, com a primeira edição do Rio-à-Porter, salão de negócios do Fashion Rio, em janeiro de 2010. Outra medida marcante para 2010 será a nota fiscal eletrônica, que será adotada em todos os estados da federação. Isso vai acelerar a formalização e ajudar no processo de profissionalização do setor. Muitas empresas do nosso ramo ainda operam com um alto grau de informalidade no seu faturamento, nas suas compras e na folha de pagamento.

ciso ser o mais arrojado possível na comunicação com o público, para despertar desejo, e o mais conservador possível na gestão interna e nos custos. Queremos que nossos estilistas e criadores surpreendam, encantem e engajem os consumidores. Enquanto isso, na retaguarda, precisamos focar em um planejamento eficiente de compras e produção, em uma gestão administrativa enxuta e no desenvolvimento de fornecedores com cada vez mais qualidade e menor custo. O Brasil é a bola da vez no mundo, nosso mercado doméstico está convidativo e as marcas brasileiras sofrerão cada vez mais o ataque de marcas estrangeiras, marcas que compram em volumes altíssimos com uma eficiência operacional admirável. Para competir, a moda e o varejo nacional precisam ser capazes de atrair mais o consumidor ou operar com um custo menor. O ideal mesmo é conseguir os dois, mas poucas empresas conseguem isso.

Estamos convencidos de que muitas marcas brasileiras têm qualidade para competir com marcas in“Para competir, a moda e ternacionais: têm identidaA informalidade ainda mascao varejo nacional precisam de, projetam um estilo de ra muitas ineficiências. Muitas ser capazes de atrair mais vida único, são inovadoempresas não são viáveis, não ras, têm uma modelagem dão lucro se estiverem pagando o consumidor ou operar que atende à consumidora todos os impostos devidos. Isso com um custo menor.” brasileira. Também estamos demonstra duas coisas: que a convencidos de que o Brasil carga tributária brasileira é alta tem tudo para ter operademais e que algumas empresas não sobreviverão no médio ou longo prazo se ções formais tão competitivas quanto as marcas internacionais. Para isso, será preciso investir em não mudarem sua forma de operação. Sobre o primeiro ponto, cada agente em separado escala e capacitação gerencial. não pode fazer muito. O empresariado brasileiro até poderia se unir e reivindicar democraticamente uma redução dos tributos, mas enquanto isso não acontece, só nos resta cumprir as leis e pagar o que é devido. Sobre o segundo ponto, há muito o que se fazer. Nossa visão é que em moda é pre-

Esta é a estratégia da InBrands: construir escala com um portfólio de marcas e trabalhar incansavelmente o desenvolvimento do seu corpo gerencial, misturando experiência com sangue novo, numa cultura meritocrática e focada em resultados.

Gabriel Felzenszwalb, Diretor da InBrands, é engenheiro com MBA pela Harvard Business School. Já trabalhou no Banco BBM, na consultoria estratégica McKinsey & Co, na Vivo e na área de investimentos em participações em empresas do Banco Pactual.

foto: divulgação

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O novo tempo Os anos 2000 foram aguardados com muita expectativa e especulação. E não foi à toa. Eles eram mais do que um número redondo. Mais que uma virada de ano. Eram uma virada de década, uma virada de século, de milênio. E o tempo realmente virou. Virou os conceitos de cabeça para baixo, quebrou regras, misturou extremos. E o que saiu desse turbilhão, é o que estamos vendo agora. O século 21 não é nada parecido com o que se imaginava. Nada de roupas minimalistas e prateadas, em casas totalmente espaciais, com transportes flutuando logo ali ao lado. Pelo contrário, o mundo girou numa espiral e nosso tempo é, na verdade, uma grande mistura de tudo o que aconteceu na história. É tudo muito real. foto: divulgação

manu carvalho

E como a moda sempre ilustrou o seu tempo, como um espelho, o resultado atual é um reflexo ultramultifacetado. No século que passou, a moda viveu a rigidez do espartilho e do combo (colete, chapéu e bengala) nos anos 1910. Depois, soltou o corpo e entrou no swing com pérolas e franjas nas modelagens dos anos 1920. Nos anos 1930, com a impossibilidade de escapar da sizudez de uma Guerra Mundial, a roupa ficou sóbria e funcional. Nos anos 1940, ainda durante a Guerra, um brilho sutil de Hollywood entrou nos tecidos, nos cabelos e nas silhuetas. Nos anos 1950, já no pós-guerra, o ‘New Look’, com cintura marcada e saia rodada, de Christian Dior, virou chamada de capa: “War is over!”. Nos anos 1960, a simplicidade e a geometria andaram em paralelo com as pesquisas nucleares e a primeira visita do homem à Lua. Nos anos 1970, o movimento hippie e a contracultura fizeram o vestido dar lugar à calça, o cabelo crescer e o artesanato, em couro e madeira, tomar conta dos acessórios. Nos anos 1980, força nos negócios. O clima plural dos anos 1970 se tornou competitivo, com uma linguagem businesslike, de ternos estruturados, ombreiras, scarpins de salto alto e bico fino, cores vivas e materiais brilhantes. Já os anos 1990 começam com a neutralidade natural em contraponto à década anterior. Se os anos 1980 eram a imagem de poder, os anos 1990 vêm com despojamento, em ternos soltos e cartela de tons neutros e calmos. Em meados da década de 90, tudo começou a se misturar aos poucos. Na esteira da estética do futuro, agora bem próximo e real, a indústria da moda passou a rever todas a décadas, num claro exercício de retomada do

caminho, para seguir em frente. Interessante observar que outras indústrias fizeram o mesmo. Nessa época, o termo ‘fusion’ permeou também a música e a gastronomia, por exemplo. Vimos nossos estilistas favoritos fazendo um vestido com “corte anos 20”, um casaquinho com “manga anos 50”, tubos “bem 60” e calças com bocas “super 70”. Logo percebemos o estímulo retrô e que esse desejo poderia ser saciado no brechó da esquina, por um preço bem melhor e de maneira muito mais rápida do que as coleções chegavam às lojas. Foi aí o estouro do fenômeno da moda vintage, que também veio suprir a demanda da exclusividade. Nos anos 1990, a economia ia bem e o consumo bombava sem pensar no amanhã, o que acabou, de uma certa maneira, banalizando a moda. Era a fase das filas de espera das marcas mais bacanas e caras do planeta, lembram? E foi ótimo pegar esse gosto renovado pela busca do original. Descobrir modelagens, texturas e cores de outras épocas. Ver, por exemplo, que o conceito de volumes não é novo. Que vem lá dos anos 1930 e foi muito trabalhado nos anos 1950. O consumidor fez a viagem no tempo junto com a indústria. Para ele, foi produtivo entender e estreitar a relação com a moda e o que vem pela frente. Para a indústria, foi o exercício necessário para chegar nessa grande mistura, um dos fortes fenômenos dos anos 2000. Percebemos que o tempo está mais curto, os dias passam mais rápido. A física quântica diz que nossos dias agora têm 16 horas e não mais 24, diante do volume de coisas e acontecimentos. E a gente também vê esse encurtamento nas cenas picotadas de cinema, nos beats mais quebrados das músicas e, até na gastronomia, em mais pratos, com menores quantidades. O tempo mais curto também está nas ‘pop up stores’ ou ‘temporary stores’, as lojas temporárias, que pipocam pelo mundo. Muitos de nós também temos trabalhos mais curtos, os freelas, ao invés dos trabalhos contínuos. E para muitos, o dinheiro também está mais curto, nem tanto pela situação econômica, mas pela infinidade de opções e interesses. A mesma conta do tempo na física quântica. A informação gira mais rápido e os desejos são mais efêmeros, até perecíveis. Para fechar o ciclo, o preço precisa ser mais baixo. É aí que entra o fast fashion, outro forte fenômeno dos anos 2000. Essa moda totalmente conectada com as tendências das passarelas e traduzida rapidamente, com matéria-prima e aca


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bamento inferiores e a preços superacessíveis. Com o fast fashion, pela primeira vez a moda pode ser recíproca aos desejos de consumo comuns do povo. Esse duo de clássicos e modinhas a preços razoáveis viabiliza a moda na mão do consumidor final. Outro grande fenômento dos anos 2000 é o high low, o equilíbrio entre paradoxos. O conceito começou com o caro e barato, mas logo abriu para outros opostos: novo e antigo, volumoso e seco, brilhante e fosco, nobre e tosco... E por aí vai... Pode ser infinito, pois sempre vale equilibrar. E esse conceito é mistura pura. É a resposta àquela pergunta básica: “Não tá muito justo? Não tá muito largo? Não tá muito isso, ou muito aquilo?”. Com o high low, carinhosamente abreviado de hi-lo, a gente nunca tá muito assim ou assado. Nada é inteiro. É sempre dividido e equilibrado. E também, nada é limpo. A moda de cada um vem cheia de informação. Detalhes, historinhas, camadas... Tudo o que possa ser um diferencial, afinal, a ideia é se destacar. Nos anos 2000, o indivíduo está em alta e a moda é um recurso implacável para isso. Essas camadas são as sobreposições, mais um fenômeno, que vem desse desejo de individualização. Acho que também tem a ver com o fato da gente sair cada vez mais cedo de casa e voltar cada vez mais tarde. A roupa tem que acompanhar esse ritmo, e ainda se adequar às mudanças de clima que podem acontecer. Sim, agora não é mais só um desafio paulistano. O global warming fez o clima ficar maluco mesmo, no mundo todo. A moda deixou de ser imperativa e ganhou uma voz mais ampla. Se continuasse imperativa, aliás, poderia até correr o risco de se tornar obsoleta e perder seu posto, em termos de desejo, para a tecnologia, por exemplo. Também entrou numa fase mais experimental, ilustrada em ombros exageradamente pontudos e tiaras com orelhas de coelho, só para citar alguns exemplos.

Nos anos 2010, eu acredito que veremos esses conceitos dos anos 2000 se estabelecerem e se firmarem. A mistura continua. Nos estilos, décadas, procedências, nos materiais, cada vez mais tecnológicos, e, principalmente, no styling, que é o jeito de combinar. A moda vem sem censura, sem limite, sem medo e sem vergonha. Mais do que nunca, poderá ser efetivamente uma ferramenta de expressão. Os movimentos são os mesmos e continuam nessa direção de abertura e liberdade. A luz está mais acesa e dá para ver tudo melhor e com menos nuances. Dois pólos se estabelecem como fortes ferramentas de moda para o consumidor final: os clássicos e a modinha. Já está claro que, ano após ano, precisamos das mesmas peças, os clássicos. E que, a cada temporada, dá um frio na barriga pela novidade que a indústria apresenta das maneiras mais bacanas e sedutoras, e que agora, podemos adquirir gastando pouco. O consumidor está aprendendo a fazer essa equação e a entender uma engrenagem que tem o mercado criativo e o difusor andando lado a lado.

por puro desejo e ousadia. E possibilidade. Com a globalização, a internet, a força do jovem e da rua, a moda veio para a mão da sociedade. Não tem mais intermediário, não tem mais tradutor-intérprete. Nenhum juiz dizendo o que é ‘certo e errado’. E é um caminho sem volta. Nos anos 2000 cada um quer fazer o seu, quer entender, ser expert. Entender de moda é gostoso e poderoso, pois, na prática, significa administrar a própria imagem, a segunda pele, fundamental para autoconhecimento, autoestima, para as pequenas questões do dia-a-dia, para a vida.

Veremos mais moda segmentada, mais marcas de menor porte e mais marcas na web. Também imagino ver maior investimento na moda, que é de fato um grande negócio, e que tende a ficar mais forte, mesmo se reorganizando diante do estabelecido.

O bom é aproveitar a fase, sem precedentes, e aprender ainda mais sobre moda, se apropriar, exercitar, usar a moda como uma forma de comunicação.

No mundo acadêmico, um paradoxo: ao mesmo tempo, que teremos mais formação, mais gente sem formação acadêmica entrará no mercado,

A sociedade percebeu essa mudança e está buscando informação de moda nos livros, nos manuais, nos programas de tv, nas revistas, sites e blogs. Essa informação será um tipo de poder. Atualmente, a moda está na moda por poder ser experimentada e avalizada por mais pessoas. Sua força hoje não está em ser inacessível, como antigamente, na época dos nobres. Pelo contrário. A moda hoje é para mais gente e é essa gente que está mantendo a moda viva e como ciclo girando.

Tenho uma amiguinha, de 5 anos, que manda SMS exatamente como ela fala e tudo numa linha só, num tiro só... O futuro vai ser assim: direto, sem lenga-lenga, tipo a vida como ela é.

“Nos anos 2010, eu acredito que veremos esses conceitos dos anos 2000 se estabelecerem e se firmarem. A mistura continua. Nos estilos, décadas, procedências, nos materiais, cada vez mais tecnológicos, e, principalmente, no styling, que é o jeito de combinar.”

Manu Carvalho tem 15 anos de carreira e atua em várias vertentes da moda. Trabalha como editora e consultora de moda, stylist, figurinista e consultora de figurino de novelas. É também professora e consultora de artistas e marcas. Teve sua formação em Nova York, na Escola Parsons. Iniciou sua carreira na Casa Vogue, colaborou para Vogue Homem, Vogue Passarelas e Vogue Noivas, como repórter e editora. Foi editora de moda da Revista Key e ministrou aulas institucionais na NK, Schutz e Arezzo. Atualmente, cuida do visual dos artistas da Trama, atuando como diretora de estilo da gravadora. Já trabalhou a imagem de Carolina Dieckmann, Taís Araújo, entre outras atrizes. Deu consultoria de figurino para a novela “Duas Caras” e para “Viver a Vida”, da Rede Globo. Hoje está trabalhando com Alessandra Negrini. Tem uma coluna de moda na rádio Mitsubish e uma série televisiva de dicas de moda veiculadas no Discovery Home & Health. Colabora com publicações como a revista Joyce Pascowitch e com a Folha de São Paulo, no caderno Vitrine.


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meio am biente

A moda mudando o clima mundial

foto: divulgação

tasso azevedo

A conta é relativamente simples, o impacto quase imensurável. Se o planeta emitir mais de 1.800 Gt CO2eq (bilhões de toneladas de gases do efeito estufa medida sem seu equivalente em dióxido de carbono) durante este século, é grande a chance da temperatura média do planeta aumentar mais de 2°C, causando enormes impactos aos meios de sustentação da vida humana. Um gigaton (Gt) de CO2 equivale à emissão de um bilhão de carros populares movidos à gasolina durante um ano. A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas é o espaço em que se busca um acordo internacional ambicioso que possa reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa.

tecnologias de biocombustíveis. Este desafio envolve todos os setores da economia. E o mundo da moda pode dar muitos exemplos em várias áreas. Pode valorizar tecidos de fibras renováveis – ao invés de fibras sintéticas oriundas do petróleo – e preferir aqueles produzidos com menos fertilizantes (também em grande maioria vindos do petróleo). Pode também estimular a produção das peças de vestuário o mais localmente possível, diminuindo as emissões no transporte.

Todas estas transformações da economia de baixo carbono ganharão escala à medida que envolvam a educação, a cultura e a formação de tendências. E é aí que o mundo fashion talvez teCombater as mudanças climáticas é um dos maio- nha a sua maior contribuição a dar. O mundo da res desafios da humanidade e moda e do design vive de fundamental importância de captar, criar e fazer “É hora de se colocar a sustenpara o Brasil, que poderá ser vingar tendências – e um dos países mais afetados tabilidade no centro da pauta inclusive de sepultá-las pelas mudanças climáticas gloquando são ultrapasde debate do país. E o mundo bais, em especial, as alterações sadas. Este setor pode fashion deve se integrar ao no regime hídrico que colocam abraçar a causa das enfrentamento deste desafio.” em risco a agricultura e a geramudanças climáticas ção de energia elétrica. criando novas tendências de consumo Paradoxalmente, a orientação responsável, usando matérias-primas sustentápara esta nova economia descarbonizada será veis, trabalhando com processos mais limpos e geradora de grandes oportunidades para o país. de menor emissão de gases do efeito estufa, entre A necessidade da descoberta de novas soluções outros. Ao mesmo tempo, pode ajudar a promotecnológicas desafiará nossos cientistas e deverá estimular uma expansão significativa de nossa ver o sepultamento do desperdício e de produtos capacidade de P&D. A grande maioria das alter- e processos poluentes. nativas energéticas renováveis está baseada em Nos últimos 20 anos, o Brasil conseguiu avanços ativos muito abundantes no Brasil, como é o caso significativos na formação como nação, alcande energia solar, eólica, biomassa e hidroelétrica çando a estabilidade econômica e implementan(rio e marés). O Brasil tem uma das maiores áreas do uma efetiva política de inclusão social. Agora, de insolação do planeta e um dos maiores poten- é preciso ir além. É hora de se colocar a sustenciais eólicos, tanto em terra quanto em mar. Além tabilidade no centro da pauta de debate do país. disso, temos a maior capacidade de produção de E o mundo fashion deve se integrar ao enfrentabiomassa de todo o planeta, além do domínio de mento deste desafio.

Tasso Rezende de Azevedo é Engenherio Florestal, consultor para florestas e clima e Ex-Diretor Geral do Serviço Florestal Brasileiro. Atualmente, presta consultoria ao Ministério do Meio Ambiente.



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repor tagem

foto: UseFashion

I贸dice | Nova York


foto: reprodução/royalt free

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Os negócios de moda em 2010/11 UseFashion ouviu mais de 700 profissionais para fazer projeções Por Thomas Hartmann Colaboração: Aline Ebert, Daniel Bender, Eduardo Pedroso e Juliana Wecki

No final de 2008, motivado pela crise financeira internacional, o portal UseFashion realizou uma pesquisa, junto a centenas de empresas brasileiras de moda, para projetar 2009. Naquele momento, havia muita expectativa em torno dos efeitos da derrocada econômica para os negócios de moda, e tomamos como princípio a orientação de que o pensamento coletivo seria um bom termômetro do mercado. Os resultados foram mistos. À época, muitas empresas já haviam sido atingidas, mas a projeção para o futuro era boa. Este ano, decidimos repetir a pesquisa e averiguar o que mudou, o que acertamos e, principalmente, o que se errou. De 21 de outubro a 9 de novembro de 2009, 717 usuários do Portal UseFashion descreveram o que esperam dos negócios nos próximos dois anos. Os temas gravitaram entre variações de vendas, contratações, concorrentes e também estratégias utilizadas para enfrentar a crise. Depois da pesquisa, entrevistamos profissionais dos mais variados ramos de atividade - desde que ligados à moda -, para validarmos as expectativas. Nesta reportagem, apresentamos os dados compilados e consolidados desse estudo. É fato que não acertaremos tudo. Mas, também é fato que o exercício do pensamento a respeito do amanhã faz com que tomemos melhores ações hoje. Nas respostas deste ano, destaque para o equilíbrio entre as empresas cujas vendas cresceram e as que retraíram durante 2009. Destaque também para o clima de otimismo para 2010. Preste atenção no Sudeste, no Sul e no Nordeste, que deverão ser as regiões a receberem mais investimentos no próximo ano, com o Brasil se confirmando como local das melhores oportunidades para a moda.


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repor tagem fotos: UseFashion e divulgação

Lupo cresceu 22% no período mais agudo da crise

A Patachou apostou no juvenil criando a ChouChou

Graça Ottoni criou a linha infantil Gracinha

Grendene aumentou o lucro em 57% no 1º trimestre de 2009, comparado ao mesmo período de 2008. A Puket vai expandir a rede de franquias em corners dentro de multimarcas


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2009 equilibrado, 2010 otimista Na pesquisa realizada neste ano, 36% das empresas afirmaram que cresceram durante 2009, enquanto 32% apresentaram retração nas vendas. O resultado mostra recuperação frente ao cenário da pesquisa anterior, realizada em novembro de 2008, quando 49% dos entrevistados afirmaram que a crise já havia impactado negativamente seus negócios. Esta recuperação veio das estratégias utilizadas, desde o ano passado, para enfrentar a ameaça que se apresentava no horizonte. Entre elas, a monitoria mais frequente dos resultados e o investimento em informações de tendências de moda, motivado pelos desejos de atender melhor os mercados atuais e também de investir em novos mercados. Metade das empresas passou a monitorar resultados com mais frequência. A DTA, fabricante mineira de jeans, é um exemplo. No segundo semestre de 2009, implantou um sistema de gestão (Enterprise Resource Planning, ou ERP) mais robusto do que o existente até então, o que permitiu agilizar o controle de dados financeiros e gerenciais. "Antes, precisávamos copiar os dados manualmente para outros programas e, então fazer as análises, o que é demorado e está sujeito a erros de execução", explica Marco Vidal, diretor industrial. Com as análises realizadas de maneira mais rápida, hoje a empresa consegue aproveitar melhor suas alternativas de investimento, e não deixa nenhuma oportunidade passar. Em relação às estratégias de mercado, podemos dividir as formas de enfrentar a crise em quatro grupos: produtos, preços, divulgação e pontos de venda/distribuição. Graça Ottoni aproveitou o ciclo de vida de seu público, que está tendo filhos, para lançar a marca infantil Gracinha. A proposta, apresentada no último Minas Trend Preview, em novembro, é que a menina vista-se da mesma forma que a mãe. Estão lá referências punk, suavizadas por modelos românticos e delicados. Neste caminho, também seguiram as marcas Le Lis Blanc e Patachou, que lançaram recentemente a Le Lis Petit e Chou Chou, respectivamente.

A Grendene mexeu no preço médio praticado, com aumentos de 24,3% no Brasil e 58,5% no exterior, privilegiando os produtos com matérias-primas mais resistentes e design elaborado. O lucro dos primeiros três meses de 2009 subiu 57%, comparando com igual período do ano anterior. Para Valquirio Cabral Junior, diretor comercial da Lupo, o que fez a empresa crescer 22% no período mais agudo da crise - de janeiro até maio - foi investir forte em mídia e marketing para o carro-chefe da empresa: meias-calças. As 200 inserções na televisão, ao custo de R$ 2 milhões em programas populares de SBT, Record e TV Cultura, deram tão certo que a empresa teve de antecipar a chegada de 17 máquinas para aumentar a produção. Mas, não precisou ser um ano de investimentos milionários. Afloraram opções de divulgação em redes sociais, especialmente Twitter, Orkut e também espaços criados especialmente para a moda - como o www.bymk.com.br, uma espécie de Orkut de moda brasileiro. Por lá, anunciam marcas como Tanara, Renner e Camiseteria. Já a Puket aproveitou o ano para desenvolver uma nova estratégia de distribuição e de parceria com fornecedores. Expandir a rede de franquias e entregar para lojas multimarcas tem aumentado o resultado. "Em 2010, vamos seguir nesse caminho e investir num modelo de store in store (corners), isto é, um espaço da Puket dentro de uma loja multimarcas para cidades que não têm um mercado grande o bastante para sustentar um franqueado", diz Carlos Eduardo Padula, diretor comercial da empresa. Nenhuma destas estratégias é nova. Aproveitar o momento de crise para ganhar novos mercados, reforçar os atuais e investir em inovação faz com que algumas empresas obtenham resultados muito acima da média. Durante a grande depressão, nos anos 1930, a DuPont investiu pesado em pesquisa, contratou cientistas desempregados e criou, entre outras coisas, o nylon. Entretanto, mesmo assim, houve retração durante 2009. Muitas empresas sentiram o baque da crise internacional, notoriamente aquelas voltadas à exportação. Segundo Fernando Pimentel, diretor

superintendente da Abit (Associação Brasileira das Indústrias Têxteis), o setor deixou de gerar cerca de 34 mil empregos entre janeiro e setembro de 2009, na comparação com o mesmo período de 2008. "Este setor é um excelente gerador de empregos, principalmente para mulheres. Em janeiro, fevereiro e março, no entanto, a soma das demissões chegou a cerca de 10,7 mil", explica. Oportunidades dentro do território brasileiro O mercado interno se mostra uma alternativa mais presente nos planos empresariais do que na previsão para 2009. Na pesquisa realizada no ano passado, 53% das empresas disseram que o Brasil seria a maior oportunidade em 2009, ante 74% que disseram, agora, que o Brasil foi a melhor oportunidade do ano. Para 2010/11, o foco no mercado interno é ainda mais forte: 82% das empresas pretendem investir em território nacional. Em 2010, teremos a comemoração dos 15 anos do São Paulo Fashion Week, a consolidação do calendário de moda entre SPFW, Fashion Rio e Rio Summer, e a criação de eventos como a Première Brasil, que acontecerá no Transamérica Expo Center, em São Paulo, entre 20 e 21 de janeiro. O ano também marcará a preparação para o São Paulo Prêt-à-Porter, que acontecerá em janeiro de 2011. Paulo Borges, em artigo redigido especialmente para esta edição do Journal, lembra que os olhares do mundo naturalmente estarão voltados para as terras brasileiras até a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Gabriel Felzenszwalb, CEO da Inbrands, complementa: "O Brasil é a bola da vez no mundo, nosso mercado doméstico está convidativo e as marcas brasileiras sofrerão cada vez mais o ataque de marcas estrangeiras, marcas que compram em volumes altíssimos com uma eficiência operacional admirável." O Brasil representa uma oportunidade para as marcas de luxo. A Tiffany possui mais lojas em São Paulo que em qualquer outra cidade do mundo, enquanto a Louis Vuitton, até recentemente, tinha seus maiores lucros por m² nas lojas da capital paulista.


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repor tagem Para Carlos Ferreirinha, diretor e presidente da MCF Consultoria e Conhecimento, especialista em mercado de luxo, o potencial de crescimento deste setor para 2010/11 é de 6% a 9%. "Quem quiser atrair este público precisa investir na região Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro em total evidência, mas o interior de São Paulo e Brasília, na região Centro-oeste, terão oportunidades únicas, também", avalia. Para o consultor, para atingir esta fatia de mercado, é preciso praticar o preço real, mesmo que seja muito acima do habitual. Mas há oportunidades de negócios também na base da pirâmide. Nos últimos anos, o Brasil tem conquistado importantes resultados na diminuição da diferença entre os mais ricos e os mais pobres. Usando dados coletados pelo PNAD/IBGE, o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas divulgou na pesquisa "Consumidores, produtores e a nova classe média: miséria, desigualdade e determinantes de classes" que a classe C cresceu de 37,56% da população, em 2003, para 49,22% em 2008. A variação, de 31,05%, só foi menor percentualmente que a entrada de pessoas na classe AB, de 37,12% no período. A classe C considera residências com rendimento mensal entre R$ 1.115 e R$ 4.807, enquanto a AB inicia em 4.807 e não possui limite máximo (atualizado a valores de dezembro de 2008). Segundo a pesquisa, em 2008 tínhamos 19,4 milhões de brasileiros na classe AB, e 91 milhões na C. A projeção da FGV é de que em 2009 este número tenha variado pouco, com decréscimo de 0,5% no tamanho da classe AB e crescimento de 2,5% na classe C. Renato Meirelles, sócio do Instituto Data Popular, empresa de pesquisa voltada para baixa renda, acredita que nos próximos meses sairão na frente as marcas que apostarem em estratégias de longo prazo, que prevejam este aumento de poder de compra.


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"Há muitos jovens que estão começando a ganhar dinheiro, são mais antenados que seus pais, e vão buscar as marcas que mais se aproximem de suas realidades desde já", analisa. Para quem trabalha com alto grau de informalidade, uma possível ameaça para 2010 é a implantação da nota fiscal eletrônica. Hoje, cerca de 40% da economia do país é informal, segundo a ONU, o que dificulta o trabalho de quem tem as contas em dia. De acordo com recente estudo do Fundo Monetário Internacional, o Brasil é o país número 150, de 183, em termos de facilidades para pagar impostos. No médio e longo prazo, contudo, a NF eletrônica deverá fortalecer o setor. Na contramão da maioria, há empresas que continuam a investir no exterior, como a Dalila, malharia especializada em circular. Ela expôs na Première Vision de setembro pela primeira vez. A Eclat de Mode inverno 2010, promovida pela Bijorhca, em setembro último, também mostrou o peso do Brasil. Das 400 marcas que expuseram, 12 eram brasileiras - e estavam reunidas no Pavillon Brésilien, área dedicada ao design daqui. Neste caso, vale fazer como Camila Klein, que expôs peças da coleção lançada para o verão brasileiro, adaptando as pedras para as cores usadas no inverno europeu - como ametistas e pérolas. Outra marca que se destacou no evento foi Gio Bernardes, que teve uma peça exposta no espaço de tendências Fête Orientaliste. Concorrência é o que mais impacta nos resultados dos negócios Segundo 51% dos entrevistados, o que mais afeta o negócio é a concorrência, seguida por renda e emprego (37%), oferta de crédito e tecnologia de desenvolvimento (ambos com 22%). Para os empresários, até 2011, esta concorrência deverá vir principalmente da China, seguida pelo próprio Brasil e pela Índia.

A ameaça da China se justifica, pois o país claramente é voltado para ser o grande centro industrial do mundo. Basta ver o quanto a China exporta. Em 2001, as exportações respondiam por 20% do PIB do país, enquanto que, em 2007, o valor subiu para 36%. No Brasil, apenas para fins de comparação, do PIB de US$ 1,3 trilhões de 2007, as exportações representavam menos de 10%. Outra diferença brutal vem na carga tributária. A brasileira representa 34,8% do PIB, enquanto a chinesa é de apenas 18,1%, segundo dados de 2007 - ano da mais recente atualização destes dados nos dois países. O setor calçadista é um dos mais atingidos pela concorrência externa. Para Heitor Klein, diretor da Abicalçados, na disputa entre condições diferentes de tributos, o Brasil sai perdendo. "Os altos impostos cobrados durante o processo de fabricação do calçado oneram demais as operações. Temos solicitado continuamente ao governo uma política industrial que garanta a competitividade em momentos de alta concorrência, como a que vivemos atualmente com os países do Oriente", explica. As exportações do setor, que já estavam em queda desde o início do ano, caíram ainda mais em setembro. Os índices da balança comercial de calçados e suas partes apresentaram queda de 34,4%, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e Abicalçados. Segundo a revista The Economist, a China deverá manter baixo o yuan, moeda local, nos próximos meses. Lá, é o Conselho de Estado que toma este tipo de decisão, não o Banco Central, como no Brasil. Outra diferença é que, na China, a moeda é regulada; no Brasil, ela flutua de acordo com os mercados. Mas a revista aponta para a possibilidade de aumento da moeda chinesa em comparação ao dólar em 2010. Isto pode ser bom para a competitividade dos brasileiros, que viram o real valorizar-se 42% diante do dólar, desde março de 2009, e perder competitividade no mercado glo-

bal. A tempo: para 2010, a revista projeta crescimento no PIB de 8,6% para China, 3,8% para Brasil, 6,3% para Índia e 6% para Vietnã. Estados Unidos deverão crescer 2,6%, enquanto a Europa, segundo a publicação, crescerá apenas 1,2%. Até 2011, os entrevistados na pesquisa da UseFashion esperam um acirramento na concorrência promovida por China, Índia, Vietnã e Itália. Vietnã, que recebeu 26 menções como forte concorrente em 2009, é projetado como concorrente importante por 44 dos entrevistados. Itália salta de 35 para 51 menções. No momento em que a concorrência é cada vez mais global, os empresários brasileiros querem defender o território. Bom para quem cobre o Brasil, como a UseFashion, melhor para os consumidores. Amostra Participaram empresas de todo o país, com predomínio do Sudeste, com 332 respondentes (ou 46% do total). A região Sul contou com 246 representantes (34%), seguida por Nordeste (55 respondentes, 8%), Centro-Oeste (47 respondentes, 7%) e Norte (9 respondentes). Algumas respostas não continham a região de origem. A maior parte da amostra foi composta por microempresas, seguidas por pequenas, médias e grandes. Indústria e varejo dominaram as respostas - com muitas empresas caracterizando-se nas duas opções. Foram 330 respondentes da indústria (46%), ante 289 (40%) do varejo e 197 (27%) de serviços. Comparando a pesquisa realizada em 2008 com esta, surpreende o aumento da participação da indústria. Na pesquisa anterior, apenas 26 respondentes eram desta categoria. 92% das empresas trabalham com o gênero feminino, 51% com o masculino e 37% com infantil. É difícil encontrar quem aposte em apenas um gênero. Isto se repete quanto ao segmento.

entenda a pesquisa Realizada entre 21/10 e 9/11 de 2009, esta pesquisa foi enviada por e-mail, em autopreenchimento, para cerca de 80 mil nomes cadastrados na newsletter do Portal UseFashion. Os resultados foram compilados utilizando o modo formulário do Google Docs e o pacote estatístico Numbers. No portal www.usefashion.com, link Notícias, há um Dossiê Especial, com mais cinco grandes reportagens como esta, cada uma tratando de um destes aspectos: investimentos, comportamento do consumidor, produtos e marcas, empregos, e mercados. Acesse, informe-se e invista nos melhores negócios.


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com por tamento

O papel do Brasil na globalização foto: divulgação

Francesco Morace

O fenômeno da globalização assumiu uma dinâmica que se afasta da concessão homologante de alguns anos atrás e adquire, ao contrário, a ideia de uma revalorização das culturas locais, e da capacidade de governar o encontro entre mercados diversos. O desafio de cada empresa e de cada país torna-se, portanto, aquele de selecionar as próprias especificidades, os próprios valores e os próprios talentos, e de se posicionar em relação a um quadro de evolução das tendências internacionais.

no plano internacional. Uma situação complexa e ao mesmo tempo de grande estímulo criativo, que encontra no desenvolvimento projetual do binômio ética-estética referências importantes. Todos os elementos deste grande caleidoscópio cultural são continuamente fertilizados e nutridos pelo fator humano, elemento fundador da identidade brasileira, e relançados pela grande importância do fator relacional. É preciso, portanto, considerar o Brasil como um laboratório espontâneo.

Trata-se de uma visão renovada do approach Neste sentido, vale citar dois casos brasileiros de Local-Global, que aponta para a constituição grande sucesso, Osklen e Galeria Melissa, que de um pensamento estratégico para confrontar o representam, por um lado, a grande oportunidadesafio da nova internacionalização, que sai da de do país em apropriar-se do tema da sustentadimensão homologante e defensiva. Trabalhan- bilidade de forma estratégica e criativa, e por oudo nesta direção, o Future Concept Lab coloca tro, oferecer produtos com alto valor agregado, em pauta a questão da a um custo baixo, no globalização avançada qual o consumidor leva e o fundamental papel para casa a experiência “O desafio de cada empresa e de do Brasil neste cenário, do design. cada país torna-se, portanto, aquele também na área das Moda democrática, leve de selecionar as próprias especitendências da estética e solta. A Osklen tem a ficidades, os próprios valores e os (principalmente Moda liberdade de expressão próprios talentos, e de se posicionar e Design). no seu DNA, integran-

em relação a um quadro de evolução do o dinamismo urbaO Brasil contemporâdas tendências internacionais.” no com a exuberância neo é um catalisador da natureza. Destacade extraordinário dise por unir sportswear namismo, com aspectos e diversas dimensões que representam uma com um prêt-à-porter de alta tecnologia e ecorealidade e uma sensibilidade em forte evolução logicamente sustentável. Já a Galeria Melissa retambém em outras latitudes e culturas. Paradoxos volucionou o conceito de flagship store, levando culturais, dinâmicas sociais contraditórias, surpre- conteúdo e cultura para suas instalações. endentes e, por vezes, fortemente dramáticas: neste labirinto de realidade, cultura e visão, o Brasil é hoje um dos países com mais alta elaboração de linguagens expressivas e do seu intercâmbio

Projetada pelo cenógrafo e artista multimídia Muti Randolph, é um espaço no qual diferentes universos, como a arquitetura, a arte, o design, a música e a moda, convivem.


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No panorama do estilo, da moda e da expressão do gosto, assistimos a um retorno à substância, entendida como busca de consistência de projeto e excelência de produto. Agora, a reflexão caminha em direção ao tema da qualidade real, fruto de um novo metabolismo, do sistema: aquilo que é absolutamente natural e necessário. O mundo da moda está reestabelecendo, com muita dificuldade, suas novas regras calcadas nos parâmetros de autenticidade, competência, virtuosismo e capacidade de realização. Uma série de objetos “com um toque de arte”, que exprimem habilidade e gênio, criatividade e excelência. Também os produtos da indústria têxtil e da confecção tornam-se de algum modo peças únicas. No mundo do estilo, há um desejo de voltar a “tocar a beleza com a mão”. A capacidade de produção estética e expressiva do setor têxtil (de roupas e de acessórios) afrontará um novo desafio, talvez o mais difícil de todos: superar com as lógicas da imagem e do espetáculo, que tiveram espaço e sucesso durante um longo período, para retornar às próprias raízes de alfaiate e de gosto pelos detalhes quase invisíveis. Esta profunda renovação corresponde a uma recuperação do toque artístico que chega de baixo, do talento dos “fazedores” de moda, que demonstra ser capaz de valorizar o caráter dos materiais escolhidos para plasmar novas formas e presenças cromáticas, renovando a lógica dos cadernos de tendências. Falar hoje de inovação significa dar ao design e à criatividade um papel que até pouco tempo era assumido quase exclusivamente pela tecnologia. Podemos definir este processo inovador como “design thinking”. A experiência estética – na sua expressão ligada ao sentir, ao gosto e à estética –

permeia o consumo em todo o mundo e reabre os jogos, nos oferecendo um mercado para ser repensado, recriado e redesenhado. Um mercado em permanente transformação, na qual o verso é múltiplo: arquitetura, moda, design, gráfica, artes visuais. Neste percurso, o “design thinking” é muito próximo à experiência renascentista de encontro entre arte, espírito e tecnologia e, nas invenções de Leonardo, encontramos o exemplo mais elevado desta união. É nesta dimensão que o senso de inovação merece ser repensado, também como modalidade de afrontar estrategicamente a crise. As análises do Future Concept Lab demonstram como há um espaço para uma visão neo-renascentista das profissões e do mercado: um relançamento dos valores humanísticos, uma regeneração da pesquisa científica e da tecnologia em torno de um núcleo forte de valores criativos que vêm da tradição humana e social, e a definição de estratégias de longo prazo para um aprimoramento da qualidade de vida e de seu gosto cotidiano.

“No mundo do estilo, há um desejo de voltar a ‘tocar a beleza com a mão’. A capacidade de produção estética e expressiva do setor têxtil (de roupas e de acessórios) afrontará um novo desafio, talvez o mais difícil de todos: superar com as lógicas da imagem e do espetáculo, que tiveram espaço e sucesso durante um longo período, para retornar às próprias raízes de alfaiate e de gosto pelos detalhes quase invisíveis.”

O italiano Francesco Morace é sociólogo, escritor e jornalista, Presidente do Future Concept Lab, um instituto avançado de pesquisa de tendências de consumo e consultoria estratégica. Trabalha há mais de 15 anos no campo de pesquisas sociológicas. Como consultor, desenvolveu inúmeros trabalhos para empresas do mundo todo, além de palestras e seminários na França, Espanha, Alemanha, Holanda, Japão, Colômbia e Brasil. Professor da Domus Academy e da Bocconi, escola de administração, ambas em Milão, Francesco publicou inúmeros livros, entre eles “Consumo Autoral: As gerações como empresas criativas”.


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varejo

O fator feminino: o culto às deusas Aproximadamente 70% de todas as mulheres adultas americanas trabalham fora de casa. As mulheres não controlam apenas uma porcentagem da renda ativa no mundo – dinheiro que levam para casa de seus próprios trabalhos -, mas também uma grande porcentagem da renda passiva, ou seja, o dinheiro da família, ou o dinheiro que herdaram. Mulheres dominam o ensino superior. Na maioria das faculdades e universidades nos Estados Unidos e Canadá, elas perfazem 60% ou mais do corpo estudantil. Hoje, há números recordes de mulheres estudando engenharia, física, ciências da computação, biologia e psicologia clínica.

foto: divulgação

Paco Underhill

Os níveis mais altos das empresas - bem como da medicina, direito e ciência -, são cada vez mais femininos. Essa tendência começou nos anos 1970, quando as mulheres começaram a invadir programas educacionais que as treinavam para se tornarem advogadas, médicas e arquitetas - para mencionar apenas algumas das profissões antes tipicamente masculinas.

Big Bend, tomando banho de sol em Nantucket, ou simplesmente sem fazer nada. As mulheres continuam criando seus próprios filmes e programas de TV, bem como as suas próprias marcas de humor, artes visuais e música. Claro, alguns desses exemplos são mais visíveis do que outros. Alguns são evidentemente furtivos o modo como a circulação de alimentos orgânicos decolou, por exemplo, ou a maneira como, apesar das desigualdades salariais existentes em toda a indústria do entretenimento, uma roteirista e comediante malvada chamada Tina Fey distorce completamente a nossa última eleição presidencial. Igualdade nunca será absoluta entre os sexos. Mas ela está aumentando, e só vai ficar mais perceptível.

Sendo assim, se você é um homem administrando um negócio, e se o poder e a influência feminina não foram completamente registrados na tela do seu radar, bem, então, o que temos é uma falha na comunicação. Se a sua loja, restaurante, banco, hall de hotel, shopping ou qualquer outro Com exceção das caminhonetes, mulheres in- espaço público ou de conveniência não reconhefluenciam quase todos os carros de sucesso que ce o fator feminino, se não convida mulheres a vêm de Detroit – seja a minivan da família ou o entrarem e fazerem com que se sintam em casa, metade tanque, metade posto de observação, tranquilas, seguras, limpas, respeitadas e no conColossus seguro, conhecido trole, se não leva em como SUC (que nunca teve conta o que as mulheres a intenção de ser um veículo “Se a sua loja, restaurante, querem e esperam (que para machos). não é muito diferente do banco, hall de hotel, shopping que os homens querem e Elas tomam conta de famílias ou qualquer outro espaço esperam); bem, então, é e de empresas, frequentam público ou de conveniência não um negócio ruim. Você escolas de administração, reconhece o fator feminino... corre o risco de perder e, hoje em dia, são parte de então, é um negócio ruim.” para sempre uma podeum percentual crescente de rosa maioria de consuviajantes globais a negócios. midores que ficam mais As mulheres também representam uma grande maioria de todos os compra- do que felizes – até alegres! - em contar para todores de livro nos Estados Unidos. Elas adquirem das as suas amigas sobre o seu provador sujo, a alimentos para a família inteira, e estão por trás iluminação insuficiente, o hall de hotel assustador, do crescimento de mercados agrícolas e da circu- o atendimento brusco, os espelhos encardidos (ou lação de alimentos orgânicos. falta de espelhos) e o sentimento de ter sido trataAs mulheres coreografam a vida social de suas da como uma cidadã de segunda classe. famílias, e têm palavra decisiva na escolha das férias, seja para passar o verão acampando em

Na minha experiência, as mulheres são muito boas em espalhar fatos.

Paco Underhill, antropólogo norte-americano, é considerado o criador da ciência do consumo. Fundador, CEO e presidente da Envirosell, em Nova York, uma empresa de consultoria especializada em comportamento do consumidor no varejo. “Vamos às compras! A ciência do consumo” foi seu primeiro livro. Publicado em 27 idiomas, já vendeu mais cópias do que qualquer outro na história do varejo. Em 2008, conforme pesquisa realizada pelo Mundo Marketing, a obra ficou em 3º lugar entre os livros mais vendidos de marketing no Brasil. Suas colunas e editoriais têm aparecido no The New York Times, na revista Money e no Wall Street Journal, entre outros. Atualmente, está trabalhando em novo livro cujo título é “O fator feminino: O culto às deusas”. Nele, analisa como a mudança de status das mulheres está influenciando o mundo. O artigo publicado nesta edição do UseFashion Journal é uma prévia exclusiva do autor, adiantando um pouco o conteúdo de sua nova obra.



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des ign

Quando o menos é mais! O fortalecimento do design brasileiro, do seu papel cada vez mais estratégico, posiciona o país como um potencial centro para a geração de novos negócios nesse segmento. Mesmo diante da crise mundial, o setor ganha relevância, credibilidade, consolida sua imagem internamente e se projeta no exterior, abrindo espaço e oportunidades de crescimento.

foto: divulgação

Luciano deos

A criação de cursos acadêmicos e a inserção da categoria no Festival Internacional de Publicidade de Cannes, considerado o mais importante evento de comunicação do mundo, trazem amadurecimento e estimulam a demanda interna e externa por design. No cenário otimista e de pós-crise, a previsão mais imediata para 2010 é o vínculo cada vez mais forte entre design e inovação, com uma relação de dependência recíproca e saudável.

Além da reflexão permanente para diagnosticar novos caminhos ao segmento, um dos desafios para os profissionais do setor será criar alternativas para gerar cada vez mais relevância às marcas. E a vinculação de estratégias de branding com design e inovação revela-se como a solução mais eficiente. Vale dizer que inovação aplicada ao design não significa cometer excessos ou exageros. Ao contrário. Neste momento, menos é mais! Durante a Revolução Industrial, período marcado por profundas mudanças na sociedade, os novos conceitos de moradia, transporte e produção simplesmente desprezaram o meio ambiente. Hoje, com a evolução da tecnologia e de modelo de produção, a sociedade se redesenha mais uma vez, só que atenta às questões ambientais. O ser humano precisa achar soluções simples para problemas complexos. Os recursos são finitos e, consequentemente, precisam ser preservados.

O futuro transcende as tendências sempre associadas aos produtos, já que o design deve ser compreendido como uma disciplina transversal, Tal realidade aplicada ao que se relaciona diretamente universo corporativo dea outros nichos, como moda, “A lógica é mais ou menos monstra que, diante desse mobiliário e tecnologia. Difeessa: quem não investir em panorama, as empresas rentemente do que acontece que não forem capazes em países como a Inglaterra inovação e design, ficará um de se reinventar perderão e Coreia do Sul, que contam passo atrás.” oportunidades e serão com políticas e suporte goversuperadas, classificadas namental, no Brasil é recente o como espécies inimigas do apoio de organizações públicas e privadas para fomento e financiamento de progresso. A lógica é mais ou menos essa: quem projetos no setor. Felizmente, isso contribui para não investir em inovação e design, ficará um pasque o design passe a ser visto como uma valiosa so atrás. Mas, como quase tudo na vida, sempre ferramenta de desenvolvimento. E nesse contexto, há tempo para se repensar. a inovação é palavra de ordem.

Luciano Deos é Diretor-presidente e Sócio-fundador do GAD’ e Presidente da Abedesign (Associação Brasileira das Empresas de Design). O GAD’ é a maior consultoria de branding e design do Brasil, com uma equipe de mais de 200 profissionais e escritórios de São Paulo, Novo Hamburgo e Porto Alegre. Luciano Deos é reconhecido como um dos principais especialistas em branding e design do Brasil, com diversos cases e trabalhos premiados e publicados. É formado em Arquitetura com especialização em Marketing e management pelo ISE/ESPANHA.


novos merc ados

O caminho para o crescimento passa pela diversificação Uma das lições apreendidas da crise econômica global é que ficou cada vez mais claro, do ponto de vista de exportação, o que torna o Brasil competitivo: a diversidade e a qualidade de seus produtos. Tenho a convicção da importância de diversificarmos nossa produção e investirmos cada vez mais em inovação e tecnologia nos mais diversos setores de nossa cadeira produtiva. Tudo isso é fundamental para consolidar a nossa presença no mercado externo e para que estejamos menos vulneráveis a possíveis turbulências. Nesta linha, algumas indústrias vêm ganhando destaque. A produção brasileira de calçados está se tornando uma referência lá fora. Usar nossa criatividade para desenvolver, por exemplo, uma sandália com design e funcionalidade inovadores é um dos caminhos primordiais para que posicionemos nossos produtos de forma competitiva. É uma maneira de concorrer com outros mercados sem levar em conta apenas o preço, aspecto no qual alguns importantes competidores, como os chineses, ainda são imbatíveis. Temos um cenário desafiador, mas promissor, pela frente. Especialistas apontam que a moda brasileira deverá crescer 5% ao ano no próximo biênio. Um sinal de que nossa indústria têxtil está no caminho certo. Mesmo com a crise econômica, países como o Japão continuam comprando nossos produtos de moda, devido, evidentemente, ao patamar de qualidade que alcançamos.

moda que difere das mais tradicionais, vindas da Europa e da China. É o chamado “novo luxo”: em vez de ostentação pura e simples, a indústria têxtil brasileira é reconhecida por sua capacidade de criar e inovar, levando em conta também a preocupação com a sustentabilidade. Esse diferencial tem sido demarcador para os produtos brasileiros. A diversificação deve estar não apenas na produção, mas também no destino das nossas exportações. Estudos desenvolvidos pela Apex-Brasil indicam que é preciso um amplo olhar sobre os mercados mundiais. União Europeia e Estados Unidos não são os únicos destinos vantajosos para os produtos brasileiros. Em 2009, promovemos 741 eventos no exterior e uma parcela importante desses eventos está em mercados não tradicionais. É necessário consolidar nossa presença em mercados tradicionais, mas precisamos ampliar a pauta exportadora e investir na abertura de novos mercados. É o que temos feito com excelentes resultados. Devemos olhar com carinho para América Latina e Ásia. Chile, Peru e Colômbia são países que têm demonstrado um crescimento importante na sua economia. Entre os asiáticos estão Malásia, Indonésia, Vietnã e China, países com potencial econômico forte. Temos muito espaço para ampliar a participação do Brasil no comércio mundial, crescendo na África, na Ásia, no Leste Europeu e no Oriente Médio.

foto: divulgação

Alessandro Teixeira

“É necessário consolidar nossa Todos estes merNão tenho dúvida de que as presença em mercados tradiciocados devem ser empresas brasileiras exibem nais, mas precisamos ampliar a olhados com atenum conjunto de atributos que ção pelos exportagarantem uma posição favopauta exportadora e investir na dores brasileiros. E rável nas relações econômicas abertura de novos mercados.” a moda, os calçado mundo globalizado. Nosso dos e, sobretudo, o espírito empreendedor, a aberdesign aplicado a tura para as inovações e nossa criatividade nos colocam em posição privilegia- toda a cadeia produtiva brasileira, têm um papel da ao enfrentar os desafios da nova realidade cada vez mais importante na consolidação da econômica mundial. Na América Latina, o Brasil imagem do Brasil como referência de criatividaestá criando uma nova vertente no segmento da de e diversidade. Alessandro Teixeira é presidente da Apex-Brasil e da WAIPA (World Association of Investment Promotion Agencies), a organização que reúne as agências de promoção de investimentos de 156 países. É Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Economia na América Latina pela Universidade de São Paulo e doutor em Competitividade Tecnológica e Industrial, com ênfase em Comércio Exterior, pela Universidade de Sussex, Inglaterra. Participou da criação e presidiu a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI. Foi coordenador da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do Governo Lula, Secretário Executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial – CNDI e conselheiro dos Fundos Setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT. Atualmente, exerce a função de Secretário Executivo do Joint Economic and Trade Comitte (Brasil-UK) e do Forum de CEO’s (Brasil-EUA). É Conselheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e do SEBRAE Nacional. Com larga experiência em comércio internacional, foi membro da equipe de transição do Governo Luiz Inácio Lula da Silva na área de Desenvolvimento e Comércio Exterior.

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comunic aç ão

A fofoqueira da janela foto: divulgação

sergio valente

Na cultura brasileira, existe um personagem texto, imagem e meio como chegou. Só um típico, que já foi retratado de maneira magní- equilíbrio perfeito de todo esse processo fará fica, em grandes produções televisivas, como a comunicação tocar a mente do consumidor na antiga série “O Bem Amado”. Um perso- a ponto de conseguir que ele estabeleça uma nagem que não pode faltar em boas novelas e relação com a marca e tenha vontade de divique, até no artesanato brasileiro, garantiu es- dir essa experiência com todos com quem se paço exclusivo. Estou falando da fofoqueira da relaciona. O papel da propaganda hoje deve janela. Aquela pessoa que adora ficar ali, na extrapolar a mensagem para criar uma atitude. janela, se relacionando com os demais, para A receita de como conseguir esse resultado, em ver, ouvir e saber de tudo o que acontece para uma estratégia de comunicação, não existe. Aldepois compartilhar essa informação privile- guns casos já provaram que é possível chegar giada com toda a sua rede de relacionamento. lá. O mais emblemático deles foi a campanha O consumidor, hoje em dia, senhores, é como de Barack Obama à presidência dos Estados a fofoqueira da janela. Ele quer ser o primei- Unidos. Ele nos mostrou o que o neoconsumidor ro a saber das informações, para ser o primei- busca. Relevância. Mobilização. Engajamento. ro a compartilhá-las e, assim, influenciar toda Relacionamento. Influência. Agora as marcas e a sua rede, aumensuas agências pretando o seu prestígio cisam encontrar um perante a comunidade caminho próprio “O consumidor, hoje em dia, senhores, com que se relaciona. de como conseguir é como a fofoqueira da janela. Ele quer Mas, tem um detalhe. fazer essa entrega. ser o primeiro a saber das informações, Esse neoconsumidor Cada marca terá para ser o primeiro a compartilhá-las é extremamente anseu jeito exclusivo, tenado e esperto, por por isso fórmulas e, assim, influenciar toda a sua rede, isso só aceita informapré e s tab ele cidas aumentando o seu prestígio perante a ções que sejam reletêm grande chance comunidade com que se relaciona.” vantes, tanto para ele de não funcionaquanto para seu grurem. Exemplos paspo de relacionamensam a servir como to. Ele sabe o que quer. E ele quer conteú- inspiração, e não mais como garantia de sucesso. do, informação, serviço e entretenimento. Como conseguir resultados, então? PlanejanEsse comportamento do público está mudan- do, trabalhando, ousando e testando. É precido a propaganda brasileira e mundial. Hoje so quebrar barreiras, experimentar o novo. Mas ela tem que ser relevante e, para isso, precisa estamos falando de negócios e não de arte. O se concentrar na grande ideia aliada ao máxi- compromisso com resultado precisa nortear o mo de criatividade e a todo o esforço do pla- pensamento inovador, por isso uma aproximanejamento. Tudo para que, ao chegar ao con- ção das agências com os clientes é tão imporsumidor, a propaganda prenda a atenção pelo tante. Comunicação é e vai se tornar cada vez


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mais estratégica para empresas que querem empreender e construir uma história de sucesso. A boa notícia é que o ano que vem será 2010. A crise financeira que assustou a economia mundial está controlada, deixando a fase do medo do futuro para trás. O horizonte está cada vez mais limpo e nele o Brasil enxerga a Copa do Mundo. Não a de 2010. Mas a de 2014. Sim, claro que o ano que vem trará grandes oportunidades para marcas. Só que 2010 já está, ou deveria estar, praticamente pronto, ao menos do ponto de vista de planejamento e execução de grandes ações. Quem ainda está pensando em 2009 está atrasado. O calendário com a Copa do Mundo da África do Sul, os jogos panamericanos, as semanas de moda de Nova York, Milão e Paris, além da São Paulo Fashion Week, está definido. Agora é trabalhar para criar novas oportunidades para marcas e produtos. Já para o intervalo dos próximos cinco anos, as perspectivas são entusiasticamente desafiadoras tanto para as empresas como para as agências e para o país. O Brasil está na moda e estará na principal vitrine do mundo até, pelo menos, 2014, quando sediaremos a Copa do Mundo. Se trabalharmos bem, há chances de não sairmos mais de lá. Aqui, entra a gestão estratégica da comunicação. A publicidade brasileira foi considerada a melhor do ano em 2009 e tem competência criativa e estratégica para ajudar a fortalecer a marca Brasil e a construir inúmeras marcas brasileiras, tanto para o mercado interno como para o externo. Certamente avançamos muito nos últimos anos na construção de um país líder econômico de uma região. Certamente somos considerados uma grande potência mundial. Mas não dá

para termos vertigem. É preciso trabalhar. Somos reconhecidos como um grande player mundial de commodities. Mas, não somos só isso. Somos um país do futuro que é mais uma coisa e outra, do que uma coisa ou outra. Temos commodities, sim. Mas também temos uma indústria forte. Temos algodão, mas também temos tecido, temos design, temos estilo e temos mercado comprador. Temos a cadeia completa. Com toda essa força e esse cenário tão promissor, só nos resta uma coisa: cacarejar. Costumo dizer que ovo de pata é tão nutritivo como o de galinha, mas comemos o segundo porque, na hora de colocá-lo, a galinha cacareja e a pata fica em silêncio. Ficam, então, dois convites. Convite número 1: vamos trabalhar duro para aproveitar todas as oportunidades que se apresentam. Convite número 2: vamos cacarejar alto para que o mundo conheça o Brasil e nossas empresas. E lembrem-se: a publicidade brasileira tem papel fundamental nesses dois convites.

“Convite número 1: vamos trabalhar duro para aproveitar todas as oportunidades que se apresentam. Convite número 2: vamos cacarejar alto para que o mundo conheça o Brasil e nossas empresas. E lembremse: a publicidade brasileira tem papel fundamental nestes dois convites.”

Sergio Valente, 45, é Presidente da DM9DDB. Formado em Engenharia e Administração de Empresas, tornou-se publicitário ainda em sua cidade natal, Salvador. Após se consagrar como um dos publicitários mais premiados da região Nordeste, mudou-se para São Paulo onde trabalhou na LewLara, na própria DM9 e na Publicis. Em 2004, voltou para a DM9 como Vice-Presidente, tornando-se Presidente em 2005. Sob sua gestão, a agência foi eleita Interactive Agency of the Year no Festival de Cannes de 2005 e recebeu o 4º título de Agency of the Year, no Festival de Cannes de 2009. Sergio Valente é também sócio do grupo ABC.


c ar tel a de cores | inverno 2 010

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feminino calçados

vestuário Preto

16-3520 TPX 14-4103 TPX 18-3945 TPX Pantone 420C Pantone 2726C Pantone 2573C

18-1154 TPX 19-1524 TPX Pantone 4645C Pantone 1817C

18-1945 TPX Pantone 214C

16-1509 TPX 17-1564 TPX 19-3830 TPX Pantone 180C Pantone 5275C Pantone 435C

Branco

13-4201 TPX Cool Gray 2C

18-1027 TPX 14-1209 TPX Pantone 498C Pantone 4675C

19-2315 TPX Pantone 519C

18-15661 TPX Pantone 484C

Preto

18-3945 TPX 17-1312 TPX 18-0306 TPX Pantone 445C Pantone 7530C Pantone 2726C

16-4021 TPX Pantone 652C

17-1664 TPX 17-2625 TPX 19-3632 TPX 19-2520 TPX Pantone 668C Pantone 5185C Pantone 2375C Pantone 1787C

18-1658 TPX Pantone 704C

18-1574 TPX Pantone 1815C

19-0812 TPX Black 4C

18-5105 TPX Pantone 424C

acessórios

bolsas Preto

18-1130 TPX Pantone 7518C

Preto

16-1443 TPX Pantone 471C

16-1144 TPX Pantone 7509C

12-4302 TPX Cool Gray 1C

19-1245 TPX Pantone 499C

19-2520 TPX Pantone 5185C

Branco

17-0613 TPX Pantone 416C

16-0726 TPX 18-1561 TPX Pantone 1797C Pantone 7503C

Dourado

Prata

17-1929 TPX Pantone 204C

13-0917 TPX 14-0108 TPX Pantone 7401C Pantone 7527C

masculino calçados

vestuário 16-0726 TPX 19-1530 TPX Pantone 7503C Pantone 4985C

19-0506 TPX Pantone 447C

18-1110 TPX Pantone 404C

19-1020 TPX 18-5105 TPX 18-6114 TPX Pantone 7519C Cool Gray 10C Pantone 5615C

19-4010 TPX Pantone 432C

17-1564 TPX 17-1553 TPX Pantone 180C Pantone 7425C

Preto

11-0671 TPX 19-0508 TPX 18-5105 TPX Pantone 446C Cool Gray 10C Pantone 7499C

14-4515 TPX 19-3940 TPX Pantone 7533C Pantone 534C

16-1133 TPX Pantone 465C

bolsas Preto

19-2315 TPX Pantone 518C

14-1212 TPX 19-1317 TPX Pantone 4975C Pantone 4645C

18-1725 TPX Pantone 491C

acessórios 19-4010 TPX Pantone 432C

18-1415 TPX Pantone 438C

19-4229 TPX Pantone 431C

Preto

Branco

18-0513 TPX Pantone 405C

19-1020 TPX Pantone 7519C

17-1137 TPX Pantone 730C

19-0506 TPX Pantone 446C

12-4302 TPX Cool Gray 1C

17-0613 TPX Pantone 416C

16-0726 TPX Pantone 7503C

15-6304 TPX Pantone 413C

19-1331 TPX 17-1312 TPX Pantone 490C Pantone 7530C

19-0812 TPX Black 4C

19-1116 TPX Pantone 476C

16-0726 TPX 17-4041 TPX Pantone 7503C Pantone 2757C

19-4015 TPX Pantone 532C


c ar tel a de cores | verão 2 011

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feminino vestuário 14-2710 TPX Pantone 495C

13-0513 TPX Pantone 602C

12-4302 TPX 18-1033 TPX Pantone 7505C Cool Gray 1C

calçados 14-1159 TPX 13-3803 TPX 14-0216 TPX Pantone 367C Pantone 5215C Pantone 1375C

18-1651 TPX 17-4433 TPX Pantone 299C Pantone 032C

13-1012 TPX Metalizado

19-4026 TPX 17-0929 TPX Pantone 4495C Pantone 2965C

Preto

Branco

19-3830 TPX 18-3949 TPX 19-4026 TPX Pantone 2965C Pantone 072C Pantone 5275C

17-0929 TPX 17-4433 TPX Pantone 299C Pantone 4495C

13-1012 TPX Metalizado

14-0852 TPX 13-0513 TPX Pantone 602C Pantone 7404C

13-0002 TPX 17-1210 TPX Warm Gray 6C Pantone 434C

14-5002 TPX Metalizado

12-4302 TPX Cool Gray 1C

14-2710 TPX Pantone 495C

18-1651 TPX 19-1762 TPX 18-1616 TPX 17-1930 TPX Pantone 239C Pantone 4985C Pantone 1955C Pantone 032C

acessórios

bolsas 18-1033 TPX 19-1334 TPX Pantone 483C Pantone 7505C

Branco

14-2710 TPX Pantone 495C

13-1012 TPX Metalizado

12-4302 TPX 13-0915 TPX Pantone 7500C Cool Gray 1C

14-5002 TPX Metalizado

17-1930 TPX Pantone 239C

18-1033 TPX 19-1762 TPX 18-1651 TPX Pantone 032C Pantone 1955C Pantone 7505C

14-5002 TPX Metalizado

18-3949 TPX Pantone 072C

18-0525 TPX Pantone 575C

18-1651 TPX 17-1930 TPX Pantone 239C Pantone 032C

17-1340 TPX Pantone 471C

14-0216 TPX Pantone 367C

13-0513 TPX 14-0852 TPX 18-0525 TPX Pantone 575C Pantone 7404C Pantone 602C

13-1012 TPX Metalizado

Preto

Branco

13-0002 TPX 14-1159 TPX 18-3949 TPX Pantone 072C Pantone 1375C Pantone 434C

Preto

masculino calçados

vestuário Branco

Preto

17-1210 TPX 17-4433 TPX 18-1033 TPX Pantone 7505C Pantone 299C Warm Gray 6C

13-3803 TPX 14-0216 TPX 14-1159 TPX 14-2710 TPX 17-0929 TPX Pantone 4495C Pantone 495C Pantone 1375C Pantone 367C Pantone 5215C

13-1012 TPX Metalizado

Branco

13-1012 TPX Metalizado

18-1033 TPX 18-3949 TPX 18-1664 TPX Pantone 1797C Pantone 072C Pantone 7505C

19-1334 TPX Pantone 483C

18-1616 TPX 18-3949 TPX Pantone 072C Pantone 4985C

13-0915 TPX 12-4302 TPX Cool Gray 1C Pantone 7500C

acessórios

bolsas Preto

Preto

Branco

13-0915 TPX 19-1334 TPX Pantone 483C Pantone 7500C

12-4302 TPX Cool Gray 1C

13-1012 TPX Metalizado

14-5002 TPX Metalizado

18-1664 TPX Pantone 1797C

18-3949 TPX 18-1033 TPX Pantone 7505C Pantone 072C

Preto

Branco

12-4302 TPX Cool Gray 1C

14-5002 TPX Metalizado

18-1033 TPX Pantone 7505C

18-3948 TPX Pantone 072C

18-1651 TPX Pantone 032C

17-1930 TPX Pantone 239C

13-1012 TPX Metalizado

14-1159 TPX Pantone 1375C


fotos: ©Agência Fotosite e reprodução

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