NOVA CULTURA #13

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Revista NOVA CULTURA - www.novacultura.info

Em um país mutilado pelo desemprego massivo deixado pela crise capitalista mundial, o número de desempregados não parava de aumentar – o aumento massivo de trabalhadores dependentes da chamada “economia informal”, as filas de milhões de pessoas que requisitavam benefícios como Bolsa Família e outros, etc., eram sintomáticos –, e a despeito dos golpes de frase feita contra a “bandidagem” e a “bagunça”, persistiram as formas e números grotescos da criminalidade e delinquência. As políticas neoliberais refletiam na desvalorização da moeda brasileira e a disparada dos preços dos combustíveis, que desdobravam, por sua vez, na escalada dos preços dos produtos básicos, afetando principalmente as camadas mais empobrecidas do operariado e do campesinato brasileiros. Contra as manifestações espontâneas do povo, tal como nos governos anteriores, o Exército e a polícia foram chamados para a repressão a ferro e fogo, como em processo de implantação da “GLO” (“Garantia da Lei e da Ordem”) em Suzano-SP e nas intervenções militares no Rio de Janeiro e Fortaleza. Em um país que se encontrava – e se encontra ainda mais atualmente – em polvorosa, o que fez Bolsonaro pelo povo brasileiro nesse primeiro período de seu governo? 1) Entregou um pedaço estratégico do território brasileiro para o usufruto do imperialismo ianque, em Alcântara-MA, dando ao governo dos Estados Unidos o direito a utilizar a Base de Alcântara para operações espaciais e militares, recebendo, em troca, alguns trocados do patrão Donald Trump. Sim, tal manobra entreguista foi feita com apoio de parte de um setor que se autodenomina “esquerda brasileira”, em especial, o revisionista PCdoB; 2) Num ato de servilismo, permitiu a entrada de norte-americanos, canadenses e australianos no Brasil sem a necessidade de visto, num momento no qual os brasileiros residentes nos Estados Unidos, Canadá e Austrália são alvos de discriminação e formas grotescas de chauvinismo, em troca nada mais do que promessas de inserir nosso país na OCDE (algo que, por sua vez, não se concretizou); 3) Inseriu nosso país como peão no xadrez de guerra do imperialismo ianque da agressão contra a Venezuela bolivariana e independente, isto é, contra um povo irmão, reconhecendo governos paralelos fantoches do nível de um Juan Guaidó e colocando lenha na fogueira de uma escalada de tensões que, por muito pouco, não eclodiram numa guerra continental em fevereiro de 2019; 4) Alinhou-se com o regime racista de Israel para insultar os povos do Oriente Médio ao tentar, por um momento que fosse, transferir a embaixada brasileira em Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo um território sagrado para os povos do Oriente Médio como uma ocupação sionista, resultando até mesmo na ameaça ao bloqueio na importação de carnes por diversos países árabes; 5) Depenou os pensionistas brasileiros, viúvas, inválidos, etc., ao aprovar uma Reforma da Previdência que aumentou expressivamente o período de contribuição para a requisição de aposentadorias e benefícios, bem como outras exigências danosas ao povo; 6) Liberou o mercado brasileiro para a importação predatória de produtos agropecuários, como uma cota de importação de 750 mil toneladas anuais de trigo dos Estados Unidos isentos de taxas e tarifas de importação (mais de 10% do volume total anual importado), e a liberou a importação do leite europeu sem tarifas, reduzindo os preços locais e conduzindo mais um golpe contra os camponeses médios e ricos, que já passavam por grandes dificuldades; 7) Com seu discurso, empoderou e estimulou os déspotas e pilantras das áreas rurais, grileiros, empresários e latifundiários, a se apoderarem ilegalmente de vastas extensões de terras e massacrarem populações locais, donas por direito das terras e dos territórios; 8) Aprofundou o estrangulamento do financiamento de órgãos dedicados a combater o trabalho análogo à escravidão e as formas mais predatórias de desmatamento do meio ambiente – que para Bolsonaro são verdadeiras “indústrias da multa”! –, facilitando a disseminação das formas mais atrasadas de servidão nas áreas de expansão da fronteira agrícola, principalmente na Amazônia Legal. Bolsonaro, com o poder que seu cargo público lhe oferece, aprofunda o massacre da nação brasileira e retira as atenções de seus verdadeiros atos com declarações absurdas e pitorescas para as condições de um presidente. Certamente há muito mais males a serem mencionados, mas é possível citar apenas estes para verificarmos como seu governo contribui


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