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Figura 6 Dymaxion House

Seu primeiro projeto voltado à questão da habitação foi em 1928, nomeado por Dymaxion House, que embora não tenha saído do papel, atraiu a atenção do público e levou Fuller a desenvolver novos projetos futurísticos.

Figura 6 — Dymaxion House

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Fonte: ArchDaily, 2013.

No final da década de 40, Fuller desenvolveu a Witchita House (imagem 12), que possuía algumas das características das edificações portáteis de uso militar: produção em massa por meio de componentes industrializados, leveza (cada um dos componentes não pesava mais de 5kg) e facilidade na montagem (6 pessoas em apenas um dia). Cerca de 37.000 unidades foram encomendadas, mas apenas 2 protótipos foram construídos.

Imagem 12 — Protótipo Witchita House, montado em 1946, na cidade de Witchita, Kansas, EUA.

Fonte: ANDERS, 2007.

O arquiteto Cedric Price influenciou diversos arquitetos com seu conceito em aplicar tecnologias industriais à arquitetura, de modo a alcançar flexibilidade e portabilidade. Em 1961, Price propôs para o Fun Palace uma estrutura espacial de aço que permitia a manipulação dos componentes conforme uso. Esse centro comunitário tinha aproximadamente 2.000 m² e foi projetado para ser um espaço capaz de sofrer inúmeras alterações em seu layout para abrigar diferentes usos (ANDERS, 2007).

Imagem 13 — Croqui Fun Palace e Maquete física Fun Palace.

Fonte: ArchDaily, 2018; Projeto Batente, 2019.

Frei Otto, arquiteto alemão, outro inovador, tendo como premissa dos seus trabalhos a busca da eficiência da forma, leveza e flexibilidade. Suas inovações no século XX mostraram o potencial das tensoestruturas, que são portavéis, leves e flexiveis — capazes de resolver inúmeras questões projetuais.

Imagem 14 — Membrana estrutural projetada por Frei Otto - Estádio Olimpico de Munique, 1972

Fonte: DoARCH 152, 2015

1.3.1 – Soluções tipológicas para abrigos emergenciais

Há duas linhas de solução para abrigos emergenciais, as Construções in loco e os Kits, cada uma delas possuindo características distintas: • Construção in loco: São os abrigos que podem ser construídos com materiais locais e possuem baixo custo. Posteriormente esses materiais podem ser reciclados pela população após o período de emergência. • Fornecimento de Kits: São os abrigos duráveis, em unidades pequenas e leves, de aparência temporária e aceitabilidade cultural.

Invariavelmente, as estruturas transportáveis associadas como abrigos emergenciais nem sempre oferecem soluções adequadas, desse modo, os Kits consideram prioritariamente o usuário final e suas características culturais, obtendo uma maior aceitação e consequentemente maior eficácia. A partir da revisão literária de Anders (2007), esses métodos serão agrupados em quatro categorias: Module, Flat-Pack, Tensile e Pneumatic.

1.3.1.1 - MODULE

O sistema modular compreende em unidades que são entregues praticamente prontas para o uso, sem necessidades de complexas para montagem. Dentro dessa categoria há dois subgrupos:

• O primeiro subgrupo engloba unidades totalmente independentes, entregues prontas para uso, com a necessidade de conexão às redes de esgoto, água e eletricidade (imagem 15 - 1). • O segundo subgrupo diz respeito a unidades modulares que possuem o mesmo tamanho de uma unidade independente, mas em função de necessidades especificas, podem ser otimizadas quando conectadas umas às outras (imagem 15 - 2). Os materiais mais utilizados nesse sistema são a madeira e o aço, e em alguns casos materiais compostos como fibras e plásticos. Ambos os subgrupos são transportados por caminhão e, em casos extremos, por helicóptero ou avião (Anders, 2007).

Imagem 15 — 1 - Unidade MSS (Mobile Shelter Systems), desenvolvida pela Força Aérea Real Norueguesa; 2- Abrigos formados por várias unidades MSS.

Fonte: Anders, 2007.

1.3.1.2 - FLAT- PACK

Esse sistema também modular possui uma característica que o diferencia da anterior: todos os componentes são entregues desmontados, o que significa que seu tamanho quando transportado é muito menor. Outra vantagem, se verifica onde há limitações de acesso, assim o peso e volume tornam-se restrições (Anders, 2007). Os materiais utilizados são semelhantes às unidades Module, mas sua eficácia está diretamente atrelada ao procedimento de montagem.

Imagem 16 — Abrigo desenvolvido pelo exército americano chamado COGIN Imagem; 02 O abrigo COGIN pode ser montado como uma unidade independente ou anexado a outros para conformar grandes abrigos

Fonte: Anders, 2007.

1.3.1.3 – TENSILE

O sistema Tensile é composto por uma armação rígida geralmente de aço ou alumínio, que trabalha à compressão que sustenta uma fina membrana (tenda) geralmente em lona, e mais recentemente um composto de poliéster coberto com PVC. Devido sua flexibilidade são mais indicadas em situações onde espaços flexíveis são necessários (Anders, 2007).

Imagem 17 — essas estruturas são muito similares às utilizadas em áreas de camping, sendo uma das soluções mais empregadas em abrigos emergenciais – posto que sua estrutura é leve, fácil de montar e de baixo custo.

Fonte: Anders, 2007.

1.3.1.4 – PNEUMATIC

As estruturas pneumáticas ou infláveis, funcionam de modo semelhante às estruturas tensionadas. Sua estabilidade deriva de uma membrana sob tensão, sendo esta exercida pelo ar. É facilmente montada e podem oferecer soluções para diversas tipologias construtivas. No entanto, há problemas relacionados a sua resistência, uma vez que podem ocorrer esvaziamentos acidentais provocados por furos ou falhas no funcionamento de ar, pois é necessário o suprimento constante de energia.

Imagem 18 — Shelt Air, abrigo infável adaptado à pandemia do coronavírus para isolar pacientes infectados. Sua montagem é feita em até 8 horas.

Fonte: Disponível em: (https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Casas/noticia/2020/04/abrigoinflavel-e-montado-em-8-horas-para-isolar-pacientes-com-covid-19.html)

2 – ESTUDOS DE CASO

2.1 PAPER LOG HOUSE

Imagem 19 — Casa Paper Log House

Fonte: CARBONARI, LIBRELOTTO, 2019

2.1.1 Ficha Técnica

Arquiteto: Shigeru Ban Local: Japão, Turquia, índia, Filipinas Solução Construtiva: Modulação Metragem: 16m²

A Paper Log Houser é uma habitação temporária desenvolvida pelo arquiteto Shigeru Ban para acolher os desabrigados da cidade de Kobe, no Japão, após um terremoto de magnitude 7,4 na escala Richter ocorrido no ano de 1995. Este desastre culminou em trezentas e vinte mil pessoas desabrigadas e cerca de duas mil edificações destruídas.

A habitação é facilmente montável e desmontável, tendo sido concluída em menos de seis horas em sua primeira implantação. Os critérios para a Paper Log House eram materiais locais e de baixo custo, métodos construtivos simples e isolamento térmico satisfatório, baixo impacto ambiental e qualidade estética.

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