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Educação ao volante evita perigo constante
Foto: Tiago Oliveira
Falta de conscientização dos cidadãos no trânsito contribui para o caos nas vias públicas
O grande número de carros nas vias exige atenção e paciência
O trânsito virou uma das principais dores de cabeça de quem vive nos grandes centros urbanos. Em Belo Horizonte, muito já foi dito sobre a deficiência dos transportes públicos, a falta de estrutura de ruas e avenidas e o número cada vez maior de veículos circulando pela cidade. Mas
a situação caótica, geralmente atribuída apenas ao poder público, é agravada por atitudes de quem mais sofre com o problema: a população. A falta de educação dos motoristas transformou em rotina ações marcadas pelo individualismo e pela impaciência. Parar em fila dupla,
esquecer de acionar a seta, estacionar em local proibido, fechar a passagem do carro que está próximo, bloquear a ultrapassagem do veículo ao lado e ficar irritado quando outro motorista passa à frente são cenas corriqueiras. O antropólogo Roberto DaMatta, no livro Fé
“Em praticamente todo acidente ocorrido há sinais de falha humana. E o que mais influencia isso é a mentalidade das pessoas”
em Deus e pé na tábua, estudou os motivos pelos quais as pessoas dirigem com tanta agressividade e selvageria. Segundo o especialista, as pessoas não se percebem como participantes do chamado sistema trânsito, ou seja, das relações que englobam motoristas, ciclistas, motociclistas
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4 e pedestres. Para ele, as tragédias nas vias públicas são resultado da “ausência de educação para a igualdade”. A pessoa tende a evitar regras e a ignorar os outros por pensar que é a única “dona da rua”. O chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG, professor Nilson Tadeu Ramos Nunes, ressalta: “Em praticamente todo acidente ocorrido há sinais de falha humana. E o que mais influencia isso é a mentalidade das pessoas, principalmente dos motoristas mais jovens, que têm uma tendência em desrespeitar as leis”.
número muito superior ao total de 51.911 acidentes ocorridos nas estradas de todo o estado no mesmo período.
“Em Belo Horizonte, ocorre um acidente de trânsito a cada seis minutos” O aumento da frota e a diminuição da fluidez são apontados como principais causas do problema, seguidos pela imprudência. A falta de educação no trânsito contribui sig-
nificativamente para a situação atual. O desrespeito no trânsito gera ações inconsequentes e condutas arriscadas, que propiciam acidentes. Pedestres e motociclistas também têm suas parcelas de culpa. Os primeiros não hesitam ao atravessar vias longe de passarelas ou fora das faixas destinadas a eles. Já os motociclistas são as maiores vítimas da própria imprudência. Os acidentes fatais com motos correspondem a pelo menos 40% das mortes em vias públicas.
Para o professor Nilson, a solução para o desrespeito às leis de trânsito seria uma punição mais severa dos infratores. “É
Mantenha a etiqueta no trânsito Antecipe-se ao trânsito Ao dirigir, a atenção não deve estar apenas logo à frente, mas sim a alguns metros adiante – podem haver obras, buracos e pedestres. Cuide bem de você Procure dirigir em ótimas condições de saúde e atenção. Evite fumar, não tome remédios nem coma nada que provoque sonolência. Em hipótese alguma dirija com sono. Pare o carro e descanse. Todos já sabem, mas nunca é demais repetir: não consuma drogas ou bebidas alcoólicas antes de assumir o volante. Concentre-se em dirigir Ajuste os espelhos e o banco, não se esqueça do cinto. Mantenha as duas mãos no volante, em posição “15 para as três”. Se precisar ligar para alguém, mandar mensagens, ler um jornal ou se maquiar, pare o carro.
Falta de educação gera imprudência
Mantenha a fluidez do trânsito Não atrapalhe o fluxo nem diminua a velocidade nas faixas. Estacione em lugar permitido, nunca em fila dupla. Faça os retornos corretamente e não dê ré no meio da via. Foto: Tiago Oliveira
Em Belo Horizonte, ocorre um acidente de trânsito a cada seis minutos. De acordo com o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), em 2011 foram registradas 82.329 ocorrências na cidade,
preciso associar a educação às penalidades. Infrações mais graves exigem medidas mais rigorosas”, enfatiza.
Avançar o sinal vermelho e fechar o cruzamento são cenas comuns no trânsito de Beagá
Não banque o espertalhão Não ande pelo acostamento para ultrapassar no engarrafamento. Se você errou o caminho, espere que lhe deem passagem. Ao estacionar em mercados, shoppings ou ruas, dê preferência a quem já estava à espera da vaga.
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TRILHOS URBANOS
“No trânsito, o que vejo mais é gente alterada, buzinando e xingando. Mas eu não me preocupo, finjo que nem ouço.”
“Ninguém respeita ninguém. Os motoristas não respeitam a faixa de pedestre e avançam o sinal. Alguns são conscientes, mas outros não.”
Renato de Almeida, motorista
Kelly Míriam Matias, auxiliar de serviços gerais
Edição 22 l 30 de abril de 2012