Mídia B

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dos Amigos Mascarados de Maragogipe (Gramma), Máximo Muniz sente tanto orgulho da festa que chega a comparála, ao mesmo tempo, a uma religião e ao carnaval de Veneza. “As pessoas aqui brincam com tranquilidade, é muito bonito. Se quiser colocar talco, você coloca, se quiser botar só uma máscara, tudo bem. Tudo vale”, enfatiza. Antes de Armandinho – O Bloco das Almas, as Resistentes, o Trio Maragós e o Gramma são algumas das atrações que fazem da festa um evento singular. Na praça Conselheiro Rebouças ou na Rua do Dendê, foliões fantasiados oferecem um colorido a mais à cidade que, graças à localização destacada, detinha o título de entreposto comercial mais importante do Recôncavo durante

o período colonial. Tão importante quanto a figura de Aidil do Nascimento, o Mestre Dica, 79, um dos primeiros a montar um trio elétrico e a fazer shows nos bairros locais. Como se não bastasse a contribuição de uma vida inteira, o músico autoproclama-se, com propriedade, o responsável pela invenção de um instrumento fundamental para a folia. “Tem a história de uma guitarrinha de cinco cordas que eu criei, do tamanho da guitarra baiana. Mais tarde, vieram dizendo que foi Armandinho, mas, na verdade, ele inventou aquela do estilo bandolim”, esclarece, sem mágoa. É com o auxílio das palavras do historiador e escritor Ronaldo Souza, autor do artigo Maragogipe: de como aconteceu a primeira lavagem, que

se pode traduzir como a comunidade se identifica com o seu bem maior, a autenticidade espontânea, elevada ao grau máximo durante os dias da festa. “O nosso carnaval é único, diferente de tudo o que se vê por aí. Ele é feito por um povo que teima em ser feliz: piratas do Porto Grande, palhaços das Palmeiras, pierrôs do Caijá, colombinas do Areal, sultões e marajás do Angolá, venezianos da Enseada, todo mundo junto e misturado, num congraçamento fraterno de mascarados”. Se depender da animação de Rosa Carapeba, da criatividade de Mestre Dica e da devoção de Máximo, a singularidade do carnaval maragogipano ainda vai perdurar, atravessando o século e reescrevendo a própria história. Arquivo IPAC

A animação dos zorros da cidade carnavalesca são uma mostra da alegria que toma conta dos maragogipanos e visitantes. [MÍDIA B] 2009


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