Jornal Toda Hora Edição Nº13

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Brasília e Goiás - De 27 de Fevereiro a 26 de Março de 2019 - w ww.to w w.to d aho rawe b.co m

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TODA HORA J O R N A L

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BRASIL

“O medo de morrer soterrado tinha nome e sobrenome: barragem B6, vizinha ao local. “O medo só não era maior que o nosso objetivo. Mas ele é importante, é o medo quem nos mantém vivos. A cada vez que o comando dava um alerta, a gente sabia que era o risco mais perto”, relatou.” BOMBEIRO MILITAR ORÍGENES MAURÍCIO ROCHA JÚNIOR 32, PASSOU 12 DIAS COM EQUIPE BAIANA EM MINAS

E S P E C I A L

FOTO:ALMIRO LOPES/CORREIODABAHIA FOTO: WASHINGTON ALVES/REUTERS

BRUMADINHO

UMA TRAGÉDIA, DOR SEM FIM

Após mais de 30 dias de angústia, e algumas famílias de Brumadinho sepultarem seus entes queridos, o sentimento de impunidade e a dor da perda permanecem POR NILTON MAGALHÃES Da Redação / Toda Hora

O

dia 25 de janeiro parecia um dia normal, mas por volta das 13h37, a Barragem do Feijão, da Vale, se rompeu, destruindo parte dos prédios da mineradora, casas, estradas e pontes. O Corpo de Bombeiros informou por volta das 8h30 de sábado (26) que havia entre 300 e 350 pessoas desaparecidas. Os bombeiros afirmaram também que as sirenes de emergência não tocaram e divulgaram uma lista de pessoas resgatadas vivas. Foram retiradas nove pessoas com vida da lama e 189 foram resgatadas. Quase 100 bombeiros estavam no local. A empresa disse que, dos 427 empregados que estavam no local, apenas 279 foram localizados. Segundo o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, vazaram 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos - na tragédia de Mariana, há 3 anos, foram 43,7 milhões. Segundo o presidente da Vale, uma das barragens se rompeu e o vazamento do rejeito também fez outra barragem transbordar. Ele diz que a barragem que rompeu não era usada há três anos. Os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia, inclusive um refeitório, e parte da comunidade da Vila Ferteco. Ao menos seis prefeituras emitiram alerta para que população se mantenha longe do leito do Rio Paraopeba, pois o nível poderia subir. Às 15h50, os

rejeitos atingiram o rio; em seguida Rodovia estadual que leva a Brumadinho foi fechada. Segundo informações as barragens recebem classificações quanto a risco e dano potencial. Quase todas as barragens da Vale no Córrego do Feijão eram consideradas de Baixo Risco, mas Dano Potencial Alto (apenas a Barragem VII tinha Dano Potencial médio).

NÚMEROS

108 200 166

PESSOAS

DESAPARECIDAS

MORTES

CONFIRAMADAS

VÍTIMAS

IDENTIFICADAS

Ações de emergência De acordo com a Defesa Civil, os moradores que viviam na parte mais baixa da cidade foram retirados das casas. Vários helicópteros iniciaram trabalhando no local no resgate de vítimas. Pois não havia como chegar ao local por terra. A Polícia Rodoviária Estadual informou que no momento a MG-040, entre as cidades de Brumadinho e Mário Campos, foram totalmente interditadas por causa do rompimento. Em Betim, uma equipe da Defesa Civil estavam às margens do Rio Paraopeba. A intenção foi monitorar o nível da água e verifiFOTO:REUTERS/ABR

Lama devastou tudo o que havia pela frente

car se haveria risco de o rio transbordar. A Cruz Vermelha informou que uma equipe de 50 voluntários treinados em resgate foram enviadas para a região. Onda de rejeitos O vazamento de rejeitos deixou em estado de atenção municípios banhados pelo Rio Paraopeba. Na região Centro-Oeste de Minas, Pará de Minas e Itaúna. A ANA (Agência Nacional de Águas) fez o monitorando sobre onda de rejeito e coordenando ações para manter o abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do Rio Paraopeba. Segundo a Copasa, o abastecimento de água na Região Metropolitana de BH não foi prejudicado. A companhia está monitorando a situação. Governo federal “Lamento o ocorrido em Brumadinho-MG. Determinei o deslocamento dos Ministros do Desenvolvimento Regional e Minas e Energia, bem como nosso Secretario Nacional de Defesa Civil para a Região. Nossa maior preocupação neste momento é atender eventuais vítimas desta grave tragédia. O Ministro do Meio Ambiente também está a caminho. Todas as providências cabíveis estão sendo tomadas”, disse o presidente Jair Bolsonaro. O presidente se reuniu na mesma tarde com o ministro-chefe da pasta, Onyx Lorenzoni, para discutir o rompimento.

Conforme a Casa Civil, o encontro definiu que os ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia), Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) foram escalados para acompanhar o caso. Governo estadual A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que a Mina do Feijão e a Barragem 1, que se rompeu no início daquela tarde, “estão devidamente licenciadas”. “As causas e responsabilidades pelo ocorrido seria apuradas pelo governo de Minas”, disse o órgão. “O governo de Minas Gerais designou a formação de um gabinete estratégico de crise para acompanhar de perto as ações”, disse por meio de nota.”Por volta das 15h40, Romeu Zema saiu do interior de Minas e indo para Belo Horizonte, para comandar o gabinete de crise. “O governador atuou e acompanhou os desdobramentos, para que as primeiras medidas fossem tomadas, e o atendimento imediato seja dado às vítimas e população local, além de acompanhar a apuração dos fatores que causaram o acidente”, disse o governo. A Defensoria Pública de Minas Gerais imediatamemente já estava atuando em Brumadinho e funcionando em regime de plantão. Alerta das prefeituras Nas redes sociais, a

FOTO: WASHINGTON ALVES/REUTERS

Corpos são encontrados e retirados

prefeitura de Brumadinho, Mario Campos, Juatuba, São Joaquim de Bicas, Igarapé e Betim já publicaram alertas para que a população não fique perto do leito Rio Paraopeba. Anos antes Há 3 anos, rompimento em Mariana foi o maior desastre ambiental do país Segundo o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, vazaram 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos - na tragédia de Mariana, há 3 anos, foram 43,7 milhões. - Mina do Feijão: O que se sabia (informações atualizadas até a manhã de sábado, 26): 1 - Rompimento ocorreu no início da tarde na Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho; 2 - Mar de lama destruiu casas; 3 - Havia empregados da Vale no local atingido pelo rompimento; 4 - Há 9 pessoas mortas, outras sete feridas e até 350 desaparecidas; 5 - A Vale tinha 427 pessoas no local, e 279 foram resgatadas vivas; 6 - Corpo de Bombeiros e Defesa Civil foram para o local; helicópteros resgatam pessoas ilhadas em diversos pontos; Ao menos seis prefeituras emitiram alerta para que população se mantenha longe do leito do Rio Paraopeba, pois o nível pode subir. Às 15h50, os rejeitos atingiram o rio; Rodovia estadual que leva a Brumadinho foi fechada; Governo montou gabinete de crise, e 3 FOTO:ADRIANO MACHADO/REUTERS

Buscas continuam após semanas

ministros foram ao local; Bolsonaro sobrevoou o local no sábado (26). Vítimas Os nove mortos localizados naquele momento ainda ainda não tiham sido identificados. O Corpo de Bombeiros informaram que 182 pessoas foram resgatadas em Brumadinho (MG). A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII estava preparado para receber feridos. Números atualizados semanas após a tragédia O número de mortes confirmadas na tragédia de Brumadinho vai a 200, vítimas desaparecidas ainda somam 108 pessoas, 166 corpos já foram identificados após 30 dias de buscas. A Defesa Civil de Minas Gerais atualizou no MG1 desta quarta-feira(13/02), os números da tragédia do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. Apenas o número de 166 mortes confirmadas subiu após o último balanço divulgado na segunda-feira (11/02). O número de identificados permanece em 160 vítimas. De acordo com o tenente coronel Flávio Godinho, os trabalhos de buscas pelos bombeiros continuam sem interrupções. Ele também destacou que a Defesa Civil esteve presente na manifestação de moradores dos bairros rurais de Brumadinho e que já acertou com a Vale as reivindicações de acessibilidade cobradas pelos moradores. Eles demandaram aumento do número de ônibus e uma ambulância na região de Piedade de Paraopeba. Informações atualizadas até o fechamento desta edição. Após semanas angustiantes, famílias de Brumadinho sepultam seus entes queridos. Mas o sentimento de impunidade e a dor da perda permanecem.


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