Quarteto da Cidade - Temporada 2013

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Theatro Municipal de São Paulo Temporada 2013 Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Sala do Conservatório PRAÇA DAS ARTES



A execução da integral dos quartetos de cordas de Beethoven é uma tarefa hercúlea para qualquer grupo desta natureza. O Quarteto da Cidade este ano se propôs a apresentá-la, e com esse imenso desafio inauguramos nossa nova sala de Música de Câmara, o recém restaurado salão do Conservatório Dramático Musical de São Paulo. De uma beleza simples e singular, essa sala parece perfeita para se transformar na sede do Quarteto da Cidade, tradicional conjunto que antes se apresentava em salas alternativas, enquanto o Theatro, ou melhor, a Fundação do Theatro, não lhe podia oferecer um lugar conveniente e à sua altura. E assim, com a execução de um conjunto de quartetos que pontuam o desenvolvimento do gênio de Bonn, que o mostram desde jovem ainda ligado à tradição vienense até sua maturidade total, quando compôs obras até hoje não superadas em sua complexidade e dificuldade formal, São Paulo ganha mais uma sala especializada nesse tipo de repertório. Pretendemos estender os Concertos no Conservatório a outros campos da criação musical, e teremos a oportunidade de ouvir grupos tão díspares como um octeto de cordas ou de sopros, um conjunto barroco, até formações de jazz e de choro. Sempre música de câmara de grande qualidade. Espero vê-los amiúde nessa belíssima sala, quando quiserem usufruir horas de deleite musical. Bem-vindos à Sala do Conservatório! John Neschling Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo


A integral dos quartetos de cordas de Beethoven Ludwig van Beethoven (1770 – 1827) - um marco inaugural. A poucos compositores podemos atribuir de forma inequívoca tal epíteto, e o fato é que a transformação que Beethoven implementou no mundo da música é uma das mais radicais de toda a história. Alguns autores sugerem como paralelo a mudança da primeira para a segunda prática em finais do século 16, mas a nenhum escapa a diferença de que, naquele contexto, lidamos com uma mudança que é fruto do esforço mais ou menos coordenado de diversos atores. A “nuova musica” do século 17 é fruto da visão de financistas, intelectuais e artistas, preocupados não apenas em entender a expressão cultural de uma época, como de encontrar os meios para transformá-la — e, neste contexto, devemos assumir a obra de Claudio Monteverdi mais como epitome de uma era que como motor de uma transformação. Já a “nuova musica” do século 19 (o termo não existe neste contexto) é fruto da radicalização da linguagem proposta por um homem só. A Sinfonia como gênero, por exemplo, não é a mesma antes e depois do Beethoven, por culpa única e exclusiva dele, mais precisamente do primeiro movimento de seu opus 55, a “Eroica”. Ali, se mostra algumas referências às obras antecedentes — preservando, por exemplo, o contraste entre os elementos tímbricos da orquestra (desdobramento da escola de Mannheim) e a estrutura em quatro movimentos (provavelmente resquício dos concertos italianos de finais do século 18) — e se vale de procedimentos tonais e estruturais completamente novos (decorrência do famoso dó sustenido da primeira frase do primeiro tema). Sobretudo a carga expressiva que inaugura nesta obra, permite a Beethoven, pela primeira vez na história do gênero, construir o que reconhecemos como uma certa “dimensão épica” na música instrumental. Cria-se assim um “problema da sinfonia” para todos os sucessores do compositor, pois o sucesso de Beethoven em relacionar pela primeira vez extremos emocionais, virulência e rigor formal torna o gê-

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nero, de certa maneira, cronicamente inviável — inviabilidade que estará na base de toda querela novecentista entre Brahms e Wagner. Beethoven, com o primeiro movimento da Eroica, tira a Sinfonia do ambiente do mero entretenimento, de cuja relação direta com público é tão caro o seu amadurecimento, e dá ao gênero pretensões metafísicas (e políticas) originais. Por tudo isso, com Beethoven a Sinfonia se tornará o emblema da grande arte — ou seja, tudo que reconhecemos como o esforço mais elevado da tradição clássica instrumental. Da mesma forma, a Sonata — seja para piano solo, violino ou violoncelo acompanhados — é recebida por ele não como um elemento acabado, mas como uma matéria prima que, cultivada em termos rotineiros pelas gerações anteriores, deveria através dele ser devidamente atualizada. Hoje, habituados que estamos à audição de sua Sonata op. 47, dita “à Kreutzer”, ou de seu opus 53 (a “Waldstein”), assim como das obras tardias como os opus 109 e 110 para piano, pouco nos damos conta do quanto há de estranho e mesmo de revolucionário nestas obras. Deixamos de perceber que à luz de seus contemporâneos, aquela era uma música nova, mais respeitada que realmente compreendida ou, para pesar os termos, uma música mais temida que de fato amada. Talvez esta seja a maior perda que temos com a popularidade do compositor: naturalizamos o que era absolutamente controverso, tornamos ordinário o que soava — com desejo deliberado do seu criador — como uma expressão radical e pouco inteligível, a música genuína de um momento histórico pleno de transformações sociais e culturais cuja resolução poucos podiam prever. Da mesma forma, os quartetos de cordas de Beethoven marcam a mais radical transformação do gênero inventado por Joseph Haydn em meados do século 18. A transformação sugerida por Beethoven é a que vivemos até hoje, e sob a qual vivem os grandes compositores que o sucedem, sem jamais ultrapassá-lo, ao se dedicar a ele — de Schubert e Brahms a Bartók e Shostakovich. Além disso, Beethoven cria não somente 16 obras para quatro instrumentistas, mas perfaz com elas um arco de 27 anos de atividade profissional, com a culminância de seu último opus, no número 135. Por isso, a audição da integral dos quartetos de cordas do compositor é oportunidade de acompanhar não


apenas a evolução do gênero, mas também de entender o amadurecimento e crise da linguagem de um dos mais influentes personagens da arte de todos os tempos. Os seis quartetos do opus 18 realizam a suma das referências deixadas por Haydn e Mozart. Temos informações de vários deles devido à correspondência entre Beethoven e o violinista Carl Friedrich Amenda, amigo pessoal do compositor e funcionário do dedicatário da obra, o Príncipe Lobkowitz. Como cultivo do clássico é que devemos ouvir essas obras: plenas de vigor juvenil e simplicidade, evidente cuidado com as proporções e alguns elementos de drama decoroso — sobretudo no quarteto em dó menor, o quarto da série. Entre os momentos notáveis, há de se destacar o segundo movimento do primeiro quarteto que, segundo as próprias palavras do compositor, foi pensado com a história de Romeu e Julieta como plano de fundo. No op. 18, não estão ausentes o humor e picardia caros a Joseph Haydn que, absorvidos de forma mais que convincente nestes quartetos, nos fazem lamentar o fato de Beethoven cultivar poucos momentos flagrantemente divertidos no resto de sua obra. Os três quartetos do opus 59, Quartetos Rasumowsky, são os mais populares até hoje. De certa maneira, são também os mais importantes: neles, Beethoven incorpora pela primeira vez a alta voltagem emocional que caracterizará seu estilo maduro. Exatamente por isso, estas obras marcam a expansão dos limites expressivos e formais dos quartetos de cordas. Isso fica claro já no primeiro quarteto, que não raramente é associado à própria “Eroica”: ali vemos não apenas a reutilização de algumas artimanhas harmônicas correlatas, mas também um singelo terceiro movimento que, à guiza de marcha fúnebre, poderia ser entendido como análogo àquele do opus 55 — mas onde na sinfonia temos uma procissão pública e solene, no opus 59/1 temos um lamento austero e íntimo. O Conde Razumowsky é homenageado pessoalmente nos dois primeiros quartetos da série — que preveem melodias reconhecidas da música russa. O terceiro e último da série guarda uma mensagem mais pessoal e misteriosa. No manuscrito do Allegro Molto final, Beethoven escreve “não faça segredo de sua surdez, nem mesmo na arte”, o que nos permite entender a obra como uma espécie de roman à clef e sua obstinada batalha sobre a surdez.

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A estes seguem os quartetos opus 74 "Harpa" e opus 95 "Serioso". O primeiro, de 1809, é contemporâneo do Concerto para Piano “Imperador” e a Sonata “les Adieux” (op.81a) e, com elas, preserva a tonalidade de Mi Bemol Maior. Assim como as outras duas, o opus 74 é fruto de uma evidente maturidade, expressa não apenas na homogeneidade emocional, mas sobretudo em graus elevados de introspecção. Seu título é uma alusão ao pizzicati do primeiro movimento, e vários momentos desta inspirada obra servirão como matéria prima do quarteto em Si Bemol Maior de Johannes Brahms. Já o título do opus 95 é obra do próprio compositor, que no manuscrito grafou: “Quartetto, Serioso”. O que causa espanto, pois é uma invocação explícita, mas atualmente desnecessária: afinal, qual obra de Beethoven não ganharia tal alcunha? Trata-se de seu quarteto mais curto e, porque não dizer, denso — pela riqueza de materiais rítmicos, soluções harmônicas mas também variedade de texturas, com uma pequena fuga no segundo movimento! É em tudo uma peça fascinante e estranha. Talvez para Beethoven, “Serioso” dissesse algo do terreno do mistério. Finalmente, os últimos Quartetos, que são não apenas suas últimas incursões no gênero, mas também as últimas obras completas do compositor. O caso é que Beethoven faz sua revolução dentro da revolução sem que para isso precise retornar a qualquer expediente conhecido; não há qualquer maneirismo nesta escrita absolutamente individual e nova. Beethoven não esgota suas próprias superações, e faz nesta sobras o que para muitos são as mais importantes composições musicais jamais escritas. Talvez muito exigentes para serem efetivamente populares — talvez a popularidade fosse a última coisa que preocupasse o compositor àquela altura — sem sombra de dúvidas, são peças que fazem o compositor seguir não apenas muito além de seu tempo, mas muito além de qualquer tempo. Tratam-se de cinco obras notórias em sua complexidade formal e intelectual. Atravessá-las é não apenas estar diante de obras belas ou assustadoras, mas compreender pequenos universos que extrapolam em muito as perspectivas expressivas de todo o projeto romântico. A serenidade do opus 127, as dimensões gigantescas do opus 130 (que com a GroßeFuge original se torna o mais longo da série), a resigna-


ção do opus 131, a escrita fragmentada do opus 132 e, finalmente, a simplicidade do opus 135, todas marcam uma aparente rejeição do pathos romântico, tão caro à segunda fase do compositor. Nesta rejeição, Beethoven planta a última estaca para fundação daquela ideologia a nós todos a mais cara. É ele, o artista, o eleito, aquele que deve guiar nossa escuta a seu mundo. A nossa tarefa é buscar compreendê-lo, ou ser aceito por ele. Para muito além de Brahms e Wagner (onde são incontestáveis), a influência destas obras pode ser encontrada em todo radicalismo formal das vanguardas pictóricas do século 20, na arquitetura que dispensa a funcionalidade, nos filmes que dispensam a narrativa. Sua influência advoga o primado da arte moderna e pós-moderna, que é o primado do indivíduo-artista e de sua mensagem sobre o público, aquele de seu tempo ou de qualquer tempo. Os últimos quartetos realizam o que poucos artistas podem almejar; são, em sentido estrito e radical, cinco desafios à eternidade. Leandro Oliveira

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Programação

Junho 13/6 Quinta-feira 20h00

Maio

LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 18, n. 4 (25')

16/5 Quinta-feira 20h00

Allegro ma non tanto

LUDWIG VAN BEETHOVEN

Scherzo: andante scherzoso

Quarteto op. 18, n. 2 (22')

quase allegretto

Allegro

Menuetto: allegretto; trio

Adagio cantabile; allegro

Allegro; prestissimo

Scherzo: allegro; trio Allegro molto quasi presto LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 59, n. 2, “Rasumowsky” (35') Allegro

LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 59, n. 3, “Rasumowsky” (33') Introduzione: andante con moto; allegro vivace

Molto adagio

Andante con moto quasi allegretto

Allegretto

Menuetto: grazioso

Finale: presto

Allegro molto

30/5 Quinta-feira 20h00

27/6 Quinta-feira 20h00

Dimos Goudaroulis – Violoncelo

Edelton Gloeden – Violão

FRANZ SCHUBERT

BENJAMIN BRITTEN

Quarteto op. 125, n. 1 (24')

Quarteto n. 3, op. 94 (26')

Allegro moderato

Duets: With moderate movement

Scherzo: prestissimo

Ostinato: Very fast

Adagio

Solo: Very calm

Allegro

Burlesque: Fast – con fuoco

LUDWIG VAN BEETHOVEN Quinteto para Dois Violinos, Viola e Dois Violoncelos (arranjo de Ferdinand Ries

Recitative & Passacaglia: La Serenissima LEO BROUWER

da 1ª Sonata em Fá Maior para Violon-

Quinteto para Violão e Cordas (1957)

celo e Piano, op. 5) (25')

(18')

Adagio sostenuto; allegro

Allegro

Allegro vivace

Lento Finale: allegro vivace


Julho

Agosto

4/7 Quinta-feira 20h00

15/8 Quinta-feira 20h00

LUDWIG VAN BEETHOVEN

LUDWIG VAN BEETHOVEN

Quarteto op. 95, “Serioso” (22')

Quarteto op. 18, n. 1 (27')

Allegro con brio

Allegro con brio

Allegretto ma non troppo

Adagio affettuoso ed appassionato

Allegro assai vivace ma serioso

Scherzo: allegro molto; trio

Larghetto espressivo;

Allegro

allegretto agitato LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 127 (40')

LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 132 (50') Assai sostenuto; Allegro

Maestoso; allegro

Allegro ma non tanto

Adagio, ma non troppo

Molto adagio; andante

e molto cantabile Scherzando vivace; presto

Alla marcia, assai vivace Allegro appassionato

Finale; allegro con moto 29/8 Quinta-feira 20h00 Milton Masciadri - Contrabaixo RADAMÉS GNATTALI Quarteto Popular (20') Movido Lento Allegro moderato ANTONIN DVOŘÁK Quinteto de Cordas em Sol Maior, op. 77 (30') Allegro con fuoco Scherzo: allegro vivace Poco andante Finale: allegro assai

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Setembro

Outubro

12/9 Quinta-feira 20h00

17/10 Quinta-feira 20h00

LUDWIG VAN BEETHOVEN

LUDWIG VAN BEETHOVEN

Quarteto op. 18, n. 6 (25')

Quarteto op. 18, n. 5 (31')

Allegro con brio

Allegro

Adagio ma non troppo

Menuetto

La malinconia: adagio; allegretto

Andante catabile

quasi allegro; prestíssimo LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 131 (40') Adagio, ma non troppo e molto espressivo

Allegro LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 59, n. 1,“Rasumowsky” (39') Allegro Allegretto vivace e sempre scherzando

Allegro molto vivace

Adagio molto e mesto

Allegro moderato

Theme russe: Allegro

Andante, ma non troppo e molto cantabile

31/10 Quinta-feira 20h00

Presto

Flavio Augusto – Piano

Adagio quasi un poco andante

HEITOR VILLA-LOBOS

Allegro

Quarteto n. 2 (20') Allegro non troppo

26/9 Quinta-feira 20h00

Scherzo: allegro

Romain Guyot – Clarinete

Andante

WOLFGANG AMADEUS MOZART

Allegro deciso; final: prestissimo

Quarteto K. 168 (14')

CÉSAR FRANCK

Allegro

Quinteto para Piano e Cordas

Andante

em Fá Menor (39')

Menuetto

Molto moderato quasi lento

Allegro

Lento con molto sentimento

JOHANNES BRAHMS Quinteto para Clarinete e Cordas, op. 115 (36') Allegretto Adagio Andantin.; presto non assai, ma con sentimento Finale: con moto

Allegro non troppo ma non fuoco


Novembro

Dezembro

14/11 Quinta-feira 20h00

5/12 Quinta-feira 20h00

LUDWIG VAN BEETHOVEN

LUDWIG VAN BEETHOVEN

Quarteto op. 74, “Harpa” (34')

Quarteto op. 18, n. 3 (21')

Poco adagio allegro

Allegro

Adagio ma non troppo

Andante con moto

Presto; più presto quasi prestissimo

Allegro

Allegretto con variazioni

Presto

LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 130 (39')

LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 135 (27')

Adagio, ma non troppo; allegro

Allegretto

Presto

Vivace

Andante con moto, ma nontroppo

Lento assai, cantante e tranquillo

Alla danza tedesca: allegro assai

Der schwer gefasste Entschuss: grave,

Cavatina: adagio molto espressivo Finale: allegro

ma non troppo tratto; allegro LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 133, “Grande fuga” (17')

28/11 Quinta-feira 20h00 LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 18, n. 4 (25') Allegro ma non tanto Scherzo: andante scherzoso quase allegretto Menuetto: allegretto; trio Allegro; prestissimo LUDWIG VAN BEETHOVEN Quarteto op. 59, n. 3, “Rasumowsky” (33') Introduzione: andante con moto; allegro vivace Andante con moto quasi allegretto Menuetto: grazioso Allegro molto

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Biografias

Quarteto da Cidade (Betina Stegmann, Nelson Rios, Marcelo JaffĂŠ, Robert Suetholz) Dimos Goudaroulis Edelton Gloeden Milton Masciadri Romain Guyot Flavio Augusto


Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Considerado um dos mais ilustres ensembles da América Latina, o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo foi fundado em 1935 por iniciativa de Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura de São Paulo. Inicialmente com a denominação de Quarteto Haydn, com a premissa de difundir a música de câmara e estimular compositores brasileiros à composição de novo repertório do gênero, o grupo passou a se chamar Quarteto de Cordas Municipal a partir de 1944, chegando à sua forma definitiva em 1981, como Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. A atual formação conta com os violinistas Betina Stegmann e Nelson Rios, o violista Marcelo Jaffé e o violoncelista Robert Suetholz, músicos de intensa atividade no cenário musical brasileiro e de prestígio internacional, que se destacam também pela atuação em concertos, recitais e atividades pedagógicas. O Quarteto apresenta-se constantemente em várias cidades brasileiras, na América Latina, Estados Unidos e Europa, em eventos como a Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha; o Festival de Música de Saragoza, na Espanha; e o Festival Internacional de Música de Morelia, no México. Realiza também intercâmbio com universidades norte-americanas, levando o repertório brasileiro àquele país em várias oportunidades. No Brasil, além da participação nos mais importantes festivais e cursos de música, desenvolveu projetos de estímulo a jovens instrumentistas por meio de concursos e de concertos didáticos em escolas da rede pública, universidades e escolas de música. Em concertos comentados, o Quarteto apresenta o amplo repertório para a formação, inclusive o de vanguarda, promovendo o contato do público com todas as tendências e escolas de composição, como parte do projeto original do grupo, de fomento e formação de plateias. Parte significativa deste trabalho se dá com obras dedicadas ao grupo. Recebeu em sete oportunidades o prêmio de Melhor Conjunto Camerístico da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e por três vezes o Prêmio Carlos Gomes.

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Betina Stegmann Violino Nascida em Buenos Aires, Betina Stegmann começou os estudos de violino em São Paulo com Lola Benda, continuando-os com Erich Lehninger. Diplomou-se pela Escola Superior de Música de Colônia, onde cursou a classe de violino de Igor Ozim e a classe de música de câmara do Quarteto Amadeus. Seguiu logo após para Israel, onde se aperfeiçoou com Chaim Taub em Tel Aviv. Mais tarde frequentou cursos ministrados por Pinchas Zukerman e Max Rostal. Como recitalista e solista, apresentou-se em várias cidades do Brasil, Argentina, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Bélgica. Realizou gravações nas rádios WDR (Alemanha) e na RAI – Trieste (Itália), estreando obras de compositores contemporâneos. Ex-integrante do Quinteto D'Elas, com quem ganhou em 1998 o Prêmio Carlos Gomes na categoria de música de câmara, é spalla da Orquestra de Câmara Villa-Lobos e professora de violino na Faculdade Cantareira.

Nelson Rios Violino Iniciou a formação musical na Escola de Música de Piracicaba, sob orientação de Maria Lúcia Zagatto e posteriormente de Elisa Fukuda. Participou dos principais festivais de música no Brasil (Campos do Jordão, Brasília, Londrina e Curitiba) e em Mendoza, na Argentina. Bacharel em música pela Faculdade Mozarteum, graduou-se também em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Como bolsista da Fundação Vitae, frequentou a Carnegie Mellon University em Pittsburgh, EUA, em 1996. Integrou a Orquestra Sinfônica da Paraíba, de Câmara de Blumenau e a Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, entre outras. Como professor, lecionou na Escola Municipal de Música e em importantes Festivais no Brasil e no exterior. Atualmente é membro das orquestras de Câmara Villa-Lobos e Sinfônica da USP.


Marcelo Jaffé Viola Aos seis anos de idade, orientado pelo pai, Alberto Jaffé, Marcelo iniciou o estudo de violino. Em 1977, aos 14 anos, passou a tocar viola, ganhando, no mesmo ano, o 1º Prêmio no Concurso Nacional da Universidade de Brasília. Após aperfeiçoamento na Universidade de Illinois e no Centro de Música de Tanglewood, nos Estados Unidos, apresentou-se em vários países, participando de destacados conjuntos camerísticos e orquestrais. Atuou como Maestro da Kamerata Philarmonia e foi diretor artístico da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo. Atualmente, residindo em São Paulo, é professor de viola da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e apresentador da Rádio e TV Cultura.

Robert Suetholz Violoncelo Natural de Milwaukee, EUA, trabalhou sob orientação de George Sopkin e Wolfgang Laufer, do Quarteto Fine Arts, e Uzi Wiesel, do Quarteto de Cordas de Tel-Aviv, Israel. Durante o ano de 1997 obteve o seu Mestrado em Violoncelo, sob a orientação de Hans Jørgen Jensen, da Universidade de Northwestern, em Chicago (EUA). Completou seu Doutorado em Música na Universidade de São Paulo em 2011. Atuou em várias orquestras internacionais, como a Israel Sinfonietta (três anos como spalla) e a Orquestra Sinfônica de Milwaukee (EUA), entre outras. Desde 1985 reside no Brasil e foi spalla dos violoncelos das orquestras sinfônicas da USP, do Estado de São Paulo e da Sinfonia Cultura — Orquestra da Rádio e TV Cultura. É professor de violoncelo no Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da USP.

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Dimos Goudaroulis Violoncelo Nascido em 1970 na Grécia, estudou violoncelo em Thessalônica e depois em Paris, com Philippe Muller e Reine Flachot. Na França, começou a tocar jazz e música improvisada, explorando novas possibilidades e criando uma linguagem original para o instrumento. Em 1996 mudou-se para o Brasil e, desde então, dedica-se à interpretação historicamente orientada da música antiga. Paralelamente, apresenta-se como solista com várias orquestras e toca música contemporânea e música brasileira. Em 2003 recebeu o Prêmio Carlos Gomes de “melhor solista”; em 2008 sua gravação das 3 primeiras Suítes para Violoncelo Solo de Bach ganhou o Prêmio Bravo-Prime de Cultura como “melhor cd de música erudita” do ano; e em 2010 como membro da Camerata Aberta recebeu o Prêmio APCA. Ainda em 2010 gravou com Nicolau de Figueiredo ao cravo o álbum duplo O tenor perdido, e em 2011 lançou a integral das 6 Suítes Solo de Bach.

Edelton Gloeden Violão Um dos mais destacados músicos brasileiros da atualidade, teve entre seus mestres Henrique Pinto, Eduardo Fernandez, Guido Santórsola, e Abel Carlevaro. Apresenta-se em recitais solo, com grupos de câmara e em concertos com orquestra em todo o Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa. Dedica-se ao repertório brasileiro, realizando primeiras audições de obras de compositores como Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Cláudio Santoro e Gilberto Mendes, entre outros. Em sua discografia, destacam-se os CDs Uma Festa Brasileira (Paulus), Os Anos 20 (EGTA) e, com o Quarteto Brasileiro de Violões, Encantamento, Essência do Brasil e Four Bach Suites for Orchestra (Delos International - EUA). Sua mais recente gravação é Sons das Américas (selo SESC), com o Núcleo Hespérides, onde interpreta o Tríptico para


dois violões de Leo Brouwer. Em 2008, 2009 e 2011 foi diretor artístico do Festival Leo Brouwer em São Paulo, com a presença do artista cubano e de vários nomes importantes do violão internacional.

Milton Masciadri Contrabaixo Começou a estudar contrabaixo com seu pai e aos 17 anos já era o segundo contrabaixo da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Aos 19 anos se tornou professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em 1982 foi para os Estados Unidos, onde realizou curso de Mestrado e Doutorado, estudando com Gary Karr, Julius Levine e Lawrence Wolfe. Milton Masciadri tem freqentemente se apresentado em recitais solo e em música de câmara, no Brasil, Argentina, Estados Unidos, Itália, Espanha, Alemanha, México, Grécia, leste da Europa e América Central. Seu entusiasmo pelo repertório de contrabaixo o tem levado a realizar as primeiras audições de obras de muitos compositores contemporâneos. Ele próprio tem feito transcrições e arranjos para o instrumento. Atualmente é professor na University of Georgia, EUA, além de coordenador artístico do Festival Internacional de Inverno da UFSM.

Romain Guyot Clarinete Um dos mais brilhantes clarinetistas da cena internacional, Romain Guyot venceu em 1996 a Young Artists International Auditions, em Nova York, alçando internacionalmente a carreira pela Europa, Japão, Coréia, América do Sul e Estados Unidos. Como solista, se apresenta com importantes orquestras em salas de concerto de Nova York, Washington, Tóquio, Seul, Paris, Amsterdã, Berlim, Moscou e São Petersburgo. Em música de câmara divide o palco com artistas como Myung-

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-Wung Chung, Pierre-Laurent Aimard, François-Frédéric Guy, Claire Désert, Emmanuel Strosser, com os violinistas Isabelle Faust, Alina Ibramigova, Valery Sokolov, Gordan Nikolich, os celistas Xavier Philipps, Marc Coppey, Jean-Guihen Queyras e os quartetos de cordas Artis, Lindsay, Sine Nomine, Ysaye, dentre outros. A convite de Claudio Abbado foi músico da Orquestra Jovem da União Europeia e clarinete solista da Ópera Nacional de Paris. Em 2008 foi escolhido solista da Chamber Orchestra of Europe. Professor no Conservatório de Genebra, Romain Guyot é apaixonado por esportes e, em setembro de 2004, escalou o Mont Blanc (4.810 metros de altitude) para um recital do ‘teto’ da Europa.

Flavio Augusto Piano Natural de Poços de Caldas (Minas Gerais), Flávio Augusto começou a estudar piano aos quatro anos e foi aluno de Dalva Resende, Homero de Magalhães, Gilberto Tinetti e Myrian Dauelsberg. Estudou ainda no Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro, além de se graduar em Filosofia pela Unimontes e realizar mestrado pela UFRJ. Desde os 13 anos de idade tem sido solista das principais orquestras do país, sob a regência de maestros como Isaac Karabtchevsky, Eleazar de Carvalho, David Machado, Nelson Nilo Hack, Sergio Magnani, Júlio Medaglia, Roberto Tibiriçá e Silvio Barbato. Na carreira ele acumula 28 primeiros prêmios dos 32 concursos dos quais participou, dentre eles o Concurso Internacional G. B. Viotti (Itália), Concurso Internacional de Música da Cidade do Porto (Portugal), Concurso Internacional de Piano Robert Casadesus (Estados Unidos) e o Concurso Internacional de Genebra (Suíça). Como solista, já se apresentou nas principais salas de concerto do país e também na Venezuela, Chile, Paraguai, Peru, Portugal, Suíça, Espanha, Itália, Alemanha, Áustria, França, Estados Unidos, Nova Zelândia, Finlândia, Panamá, Costa Rica, Caribe, Guatemala e Benin.


FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Diretor Geral José Luiz Herencia Diretor Artístico John Neschling

Municipal. O palco de são paulo

co-realização

apoio cultural

Edição Marcos Fecchio Projeto gráfico e diagramção Kiko Farkas/Máquina Estúdio Impressão Imprensa Oficial de São Paulo

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO Prefeito do Município de São Paulo Fernando Haddad Secretário Municipal de Cultura Juca Ferreira


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