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PÁGINA 03 14 A 20 DE JUNHO DE 2020 Destaque Um legado de pai para filho
Após morte de Gil Vianna por covid-19, Bruno, de 23 anos, é sucessor no comando do PSL regional
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Marcos Curvello
Assumir o diretório regional do Partido Social Liberal (PSL) foi uma experiência agridoce para Bruno Vianna, de 23 anos. O jovem jogador de futebol e pré-candidato a vereador foi apontado pelo presidente da representa ção estadual da legenda, o deputado federal Sargento Gurgel, comandante da sigla em Campos e outros quatro municípios: Quissamã, São Fidélis, São João da Barra e São Francisco de Itabapoa na. Estreante na política, ele chama a escolha de "opor tunidade" e "responsabilidade", mas sua chegada é consequência direta de uma perda pessoal: Bruno sucede o pai, o deputado estadual Gil Vianna, morto no dia 19 de maio, vítima do novo co ronavírus. Bruno conta que o convite para presidir o diretório do PSL surgiu como uma oportu nidade de dar "seguimento" ao trabalho que vinha sendo feito na região. "Após o faleci mento do meu pai, ficou esse espaço vago. Na semana se guinte, fui ao Rio e tive a oportunidade de conversar com o Sargento Gurgel. Ele foi muito cortês comigo e me deu essa oportunidade, essa honra", revela. O anúncio foi feito no dia 26 daquele mesmo mês. Desde então, Bruno vem cumprindo agendas políticas e conhe cendo a estrutura do partido na região. "É uma respon sabilidade grande, até por causa do tamanho do PSL no cenário político nacional. Campos, talvez seja a maior
Foto: Carlos Grevi
Decisão | Jogador de futebol profissional, Bruno já vinha discutindo com o pai possibilidade de candidatura à Câmara de Vereadores de Campos
Exemplo | Gil Vianna é citado pelo filho como modelo a ser seguido

responsabilidade de todas. Mas, temos, também, os ou tros municípios. Já conversei com a maioria deles e está tudo bem encaminhado", fala. "Por conta de a janela partidária já ter se fechado e de todo o suporte anterior que meu pai recebeu, ficou mais fácil trabalhar."
Segundo Bruno, porém, sua entrada na política não foi uma decisão repentina. O projeto vinha sendo matura do com o pai nos últimos seis meses. "Era um sonho nosso, sobre o qual conversávamos há algum tempo. Sempre fa lava com meu pai que queria a oportunidade de representar à população e a ele na Câmara de Campos. Até por conta de pessoas que contavam com ele e que, por conta de estar na Alerj, não conseguia aten der 100% aqui na cidade", diz o jovem, recordando a base eleitoral de Gil, que cumpriu dois mandatos como vereador no município, entre 2008 e 2016. Contudo, a escolha de refazer os passos do pai, sempre pre sente em seu discurso, não foi fácil. "Após a morte dele, isso se tornou uma questão para mim. Dar continuidade a um legado, às vezes, pode parecer fácil, mas não é. Con vivo com a lembrança diária de meu pai. Onde ando, as pessoas se lembram dele. A comparação é constante; e me honra muito. Mas, ao mesmo tempo, representa uma responsabilidade".
Perfil conciliador
Embora se descreva como um "conservador", Bruno re jeita, para si e para Gil, o rótulo de radical e se diz pronto para dialogar com diferentes setores da sociedade. "Meu pai nunca foi um extremista. Quem convivia com ele, sabe que era um conciliador. E a li nha que pretendo seguir, que enxergo como forma mais inteligente de se fazer algo, é você tentar escutar", confi dencia. Embora se reconheça como herdeiro político de uma família com tradição nos bastidores do Poder regional, Bruno acredita que é capaz de unir velhas e novas ideias. "Enxergo isso como uma junção dessa experiência familiar com novos pensamentos. Ouço muito na rua que jovem não decide eleição, que jovem não participa. Mas, sempre digo que se um jovem se engajar na política, ele vai fazer grande diferença". Além de Bruno, Gil Vianna teve mais um filho e duas filhas. A primogênita, Gabriela, morreu em 2010, aos 19 anos. Ela tinha necessidades especiais, o que levou o pai a entrar para a política e assumir a causa das pessoas com deficiências, que defendeu também na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde atuou como suplente, entre 2017 e 2018, e como vereador eleito, de 2019 até sua morte. Uma bandeira que o jovem garante que irá manter. "Essa era uma luta prioritária do meu pai e, se eu vou seguir o legado dele, também preciso dar prioridade às pessoas com deficiência", revela.
Mariane Pessanha
Com uma filha no terceiro perí odo do Ensino Fundamental, a assessora política Swany Paes obteve a redução de 30% na mensalidade, um alívio para o bolso, já que mensalmente de sembolsava R$ 1.517,00. Assim como Swany, outros pais estão conseguindo reduzir os custos graças a Lei 8.864/20, aprova da pela Alerj e sancionada pelo governador do Rio Wilson Wit zel, que determina a redução proporcional de mensalidades escolares em estabelecimen tos da rede particular. A norma vale para todos os segmentos de ensino, sendo eles: pré-escolar, infantil, fun damental, médio (incluindo técnico e profissionalizante) e superior (incluindo cursos de pós-graduação). Para unida des escolares cuja mensalidade é de até R$ 350,00, não haverá desconto; já aquelas com mensalidade acima desse valor devem aplicar um des conto de 30% sobre a quan
Mensalidade menor equilibra gastos
Com aulas on-line e permanecendo mais tempo em casa, pais e alunos se beneficiam da nova lei estadual
Caroline| reduziu os custos
tia que ultrapassa a faixa de isenção. A redução nos valo res será aplicada apenas aos contratos que preveem aulas na modalidade presencial, e não valerá para contratos com inadimplência há pelo menos duas mensalidades. Para Swany, a redução vai ajudar com os gastos extras com energia elétrica, água, alimentação, material escolar complementar para as ativi dades em casa, que ela está comprando para as aulas on - -line, como papel A4, cola, tinta, cartucho para impressão de material e hidrocor. “Estamos em casa em tempo integral, os gastos aumenta ram muito. Achei o cálculo justo, desonera para nós pais que estamos tendo gastos extras e também não deixa a escola desamparada, visto que precisa manter a folha de pagamento de seus funcioná rios, evitando as demissões”, acredita Swany. Estudante de Medicina e presi dente do diretório acadêmico, Caroline Bourguignon, conta que no mês de maio as mensa lidades tiveram uma redução de 6.5% e, agora, em junho, do 1º ao 4º ano, 15% de desconto e retirada de juros e multas de abril e maio, se pagos até o dia 15/06. Já do 5º e 6º ano 15% de desconto, e parcelamento dessa mesma mensalidade em 50%. A mensalidade, sem desconto é de R$ 8.160,00 reais e, agora do primeiro ao quarto período, custa R$ 6.936,00.
Polêmicas
Na confluência entre velho e novo, Bruno promete candidaturas "humanas" e afirma que a política na esfera Municipal afasta o PSL de polêmicas recentes envolvendo a legenda, que chegou ao poder, em 2018, inflada pelo discurso de combate a práticas demeritórias de antigos caciques, mas já se viu envolvida em denúncias de candidaturas laranjas e prática de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, que deixou a sigla. "Dentro do PSL, temos pensamentos diferentes, como em qualquer legenda. E isso é especialmente verdade na esfera Municipal, em que, muitas vezes, a questão ideológica fica em segundo plano nas escolhas de com quem se vai caminhar. Meu pai escolheu a dedo as pes soas que estão no partido hoje. Sem considerar a ques tão política, mas no aspecto humano. São pessoas boas, nas quais ele confiava. En tão, posso dizer que estou seguro que não teremos pro blemas", garante.
Coronavírus
A morte repentina de Gil Vianna, aos 54 anos, após oito dias de internação em um hospital particular de Campos, é uma lembrança que Bruno carregará para sempre. Com a pandemia aparentemente longe do fim, se posiciona a favor do isola mento social. "Compreendo quem precisa sair, compreendo quem quer ficar em casa. Mas, hoje, não posso falar que concordo com quem deseja quebrar o distanciamento social. Sa ber que você perdeu um pai saudável, que praticava es portes, para um vírus, é algo que te marca para o resto da vida", encerra.
Foto: Carlos Grevi

AloysioBalbi Com Girlane Rodrigues

Grupo Barcelos cria linha Premium
Essa coluna foi a primeira a anunciar a compra do Green Fruit pelo Grupo Barcelos que controla a rede Super Bom. Agora, segura essa – o Super Bom, com essa compra, vai inaugurar o que ele próprio definiu de Premium, ao seja classe A. A loja da 28 de Março, onde era o Green Fruit, vai ter um padrão altamente sofisticado.

Nada visto ainda por aqui
Uma fonte do grupo diz que Campos e Região vão se surpreender com a sofisticação, variedades de produtos, inovações tecnológicas, inclu sive em detalhes como gôndolas de hortifrutigranjeiros. O sistema vai contar com aspersão de micro gotículas de água em torres, controlada por computadores.
Praça dos carros
Além da Praça São Salvador e da Quatro Jornadas existe apenas uma outra Praça no núcleo Central da cidade, lo calizada no final da avenida 7 de Setembro, onde existe uma igreja e um estátua de Tiradentes. Mas aos poucos ela vai se trans formando em um estacionamento. Jardim São Benedito, Alberto Sampaio e Praça da República não entram nesta conta.

Resposta
Desde que fechou o Sesc de Grussaí, paira no ar uma dúvida sobre o seu futuro. Essa coluna pediu uma posição do Sesc de Minas Gerais, que administra aquela imensa infraestrutura. Vamos à resposta fres quinha: “O Sesc em Minas informa que, desde 2019, vem passando por uma série de adequações estruturais, cujo objetivo é tornar a institui ção mais sustentável e com produtos e serviços cada vez mais alinhados ao perfil dos clientes. Tais mudanças foram feitas a partir de uma série de pesquisas e análises técnicas, que sinalizaram a necessidade de adequação do portfólio oferecido pelo Sesc em Minas. Após a con clusão dos estudos, entre os diversos pontos avaliados, definiu-se pela não viabilidade de manter com recursos do Sesc em Minas a unidade de Grussaí em funcionamento. A decisão foi tomada por unanimidade pelo Conselho Regional do Sesc em Minas, considerando, entre outros aspectos, os elevados custos de manutenção de uma unidade de 1.800.000 m², com vocação exclusiva mente turística e a localização fora do território mineiro. Diante do cenário atual do país e dos recentes acontecimentos mundiais, que estão provocando uma forte queda na atividade econômica, o Sesc voltará seus esforços, em especial, para os Pro gramas Educação e Saúde, entre outras atividades fundamentais para a população”.
Covid mata um vulto campista
Opinião A máscara que cai O velho e surrado mau conselho que diz “faça o que digo, não o que faço”, é o que a consciência de muitos está falando, ou pior, fazendo do que imaginamos. No Japão, por exemplo, o uso de máscaras é obrigatório com ou sem pandemia, para as pessoas que estão simplesmente gripadas. por aí. As medidas de higiene e prevenção contra a Covid-19, em CamE não estamos falando aqui de classes sociais. Guarus tem um visível ín pos, é quase uma coisa sorrateira, tanto quanto o Lockdown foi para dice de desrespeito às regras de prevenção, mas existe um desrespeito inglês ver, como se diz na gíria em bom português. quase invisível em todos os cantos da cidade, como festas em luxuosas Dizem que caráter é aquilo que a pessoa tem quando nenhuma outra está residências na avenida Pelinca. lhe observando. Todos dizem que lavam suas mãos com água e sabão, Temos que pensar coletivamente e agir de forma correta individualmen álcool 70 ou gel. Todos dizem que ao colocar o pé fora de casa estão sem te. A vacina ainda vai demorar. Em uma visão otimista, ela não será trapre usando máscaras devidamente limpas e que quando volta, tiram os zida por Papai Noel, então é expectativa para o próximo ano. Para se ter calçados antes de entrar em casa. uma medida, a vacina mais rápida descoberta pelos cientistas foi contra A maioria das pessoas, tem observado que a maioria de outras, está sendo a caxumba e levou quatro anos. hipócrita, não no sentido ofensivo da palavra, mas relaxando quando não Fato é que essa pandemia requer esforço, e não estamos fazendo a nossa está sendo vista. Poucos observam na íntegra o protocolo fora do isola lição de casa e de rua como deveríamos. Nas escolas, a primeira lição que mento social. Concluímos que estamos mascarando as coisas e que a muaprendemos é a que diz que quem não se esforça não passa de ano, e dança de hábitos necessária não está acontecendo. essa analogia deveria nos arrepiar. Não usem máscaras para mascarar Não é por falta de informação. Todos sabem como proceder neste momento uma situação grave e não lavem as mãos como quem não estivesse nem e que alguns hábitos terão que ser mudados mesmo, como a higiene entre aí, porque estamos todos juntos, embora não deveríamos estar mistura outros. O uso obrigatório de máscaras pode perdurar por muito mais tempo dos, como ainda acontece.
A “alma” do Centro de Estudos Jurídi cos da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (Cejur). É assim que o procurador do Estado e colega Leo nardo Espíndola define a passagem da servidora Marilânia Lacerda de Deus, que dedicou quase 30 anos de sua vida ao ofício. Ela morreu na última segun da (8/6) vítima da Covid-19. Era campista, nascida em Santo Eduardo. Mari, como era chamada pelos amigos, contribuiu na organização de todos os concursos públicos para a Procuradoria desde 1991 e era a responsável por receber os que ingressavam na instituição. O atual ministro do Supremo, Luis Roberto Barroso, que trabalhou no Cejur foi um dos que lamentou sua morte.
Acervo de um campista ilustre
O CPDOC da Fundação Getúlio Vargas recebeu o arquivo pessoal de Jorge Zahar (1920-1998). Nascido em Campos, filho de pai libanês e mãe francesa, autodidata, ele foi o maior editor de Ciências So ciais do país. O arquivo, doado pela filha Cristina e a neta Mariana Zahar, é formado por documentos e fotos que, segundo o antro pólogo Celso de Castro, diretor do CPDOC, “permitem reconstituir grande parte da história do mundo editorial brasileiro”. Há ainda correspondências dele com seus melhores amigos, Ênio Silveira e Paulo Francis. “Acho que é importante observar que há pouquíssi mos arquivos organizados de editores brasileiros e essa memória é fundamental para entender como circularam e circulam as ideias no país”, disse Paulo Roberto Pires, autor de “A marca do Z: a vida e os tempos do editor Jorge Zahar”. E Campos nem sabia que tinha um filho tão ilustre.
Luxo
Essa coluna apurou que o prédio de 18 andares que está para ser erguido no nobre Flamboyant, será um dos mais luxuosos de Campos, além de um dos mais altos, como já falamos. O nome do prédio será Voleio, mesmo nome da quadra de tênis que fun cionava no local e foi demolida para receber o novo empreendimento. A Voleio Empreendimentos e Participações é formada por um consórcio de pelo menos três empresas, entre elas a Melo Teixeira Engenharia.

A dívida injusta que se carrega na pele O racismo, uma forma de preconceito, é, a princípio, uma herança histórica do Brasil colônia. Com a importação de negros da África para o trabalho escravo, nas lavouras do país, reforçou-se a idéia de supremacia branca que já existia no mun do. Mais que herança histórica, é uma espécie de dívida injusta que os negros carregam na cor da pele. Estamos no século XXI e essa miséria humana ainda não foi superada, haja vista aconte cimentos recentes nos Estados Unidos, como a morte brutal do negro George Floyd pelo policial branco e a do menino negro Miguel, filho da empregada negra, por negligência da patroa. Chama muito atenção a forma como esses fatos ocorreram. A abordagem do policial com os dois joelhos sobre o homem deitado no chão e o descaso da senhora branca, responsável pelo menino naquele momento, deixando-o sozinho no eleva dor. Enquanto isso, a mãe do garoto foi levar a cadela da família para passear e entregou-a sã e salva. Quando menina, lembro-me de que, em duas cidades mineiras nas quais morei, na década de sessenta, setenta havia o clube dos negros e o clube dos brancos. Festas separadas, como di ziam, não havia mistura. No colégio de freira em que estudei por longos anos interna, não tive sequer um(a) colega negro (a). Parecia que eram mundos díspares. Simplesmente os negros não tinham acesso àquele tipo de educação. Não que existisse uma lei que os proibisse de tal, mas existia sim o abismo econô mico que sempre reservou, historicamente, aos negros a menor parte, entre outras questões. Curioso, que não havia questio namentos sobre isso, como se tudo estivesse certo, cada um no seu lugar. O número de negros nas universidades há oito anos era mí nimo, em um país em que mais de 50% dos brasileiros se declaram pardos e pretos. A política de cotas vem se afirmando como uma das ações mais positivas para enfrentar o abismo social e econômico entre brancos e negros. A linguagem é um importante veículo de reprodução ou não de discriminação racial. Ela detém o poder de legitimar ou não a cultura de um país. Desse modo, observa-se como as expres sões corriqueiras usadas pejorativamente pelos falantes reproduzem e reforçam o racismo no país: “negro de alma branca”, “pessoa de cor”, “ovelha negra”, “a coisa tá preta”, “não sou tua nega”, fulano tem um pé na cozinha”, “você está na minha lista negra”, “samba do crioulo doido” etc. Há também expressões que são empregadas como se fossem um elogio como, por exemplo, “ ela tem a cor do pecado” para moças de pele escura. É o perigoso e, muitas vezes, imperceptível racismo estrutural que muitos de nós carregamos em nossos hábitos, costumes e falas demonstrando preconceito e segregação. A constituição de 1988 tornou a prática do racismo sujeito à prisão, imprescritível e inafiançável. Mas não bastam as leis. É preciso vencer os estereótipos advindos do período escrava gista que possibilita essa mentalidade atrasada, retrógada de que ao negro cabe um papel menor, um emprego precário, uma desconfiança sem fim e traiçoeira. As balas “perdidas” sempre encontram um negro. Muita conscientização, muitas políticas públicas afirmativas, debates nas escolas, em espaços públicos e privados são necessários para superarmos essa brutal desi gualdade.
A ânsia de Deus
Fernando da Silveira - Professor universitário, advogado e jornalista
“... a verdade é que o homem necessita da transcendência e aspira à eternidade”. - Ferreira Gullar.
Sempre acreditei em Deus e agora com a tragédia que nos avassala, Nele me agarro fortemente. Curioso, é que Ferreira Gullar, embora não tenha sido religioso, foi um dos escritores que mais fortaleceram a minha crença em Deus. É que o tom ensaístico dos seus textos em prosa revela uma visão de mundo amadurecida e aprofundada por longas e atiladas reflexões. Algo que cresce com o seu perfil de polemista, sempre pronto a suscitar desafios intelectuais. Lembro-me bem quando colocou em dúvida a existência da alma. Imbuído, porém, de marcante honestidade intelectual, admite que “a própria ciência diz que não é capaz de responder a questões como esta”, já que não há como provar a existência ou a inexistência da alma. Em outra manifestação de honestidade intelectual, pondera que “o homem necessita da transcendência e aspira à eternidade”. Lembro-me ainda que ele afirmou que os gregos da antiguidade designavam este algo a mais, que nos torna diferente de outros animais, pela palavra “pneuma”, que significa o ar, o sopro, ou seja, a respiração de quem está vivo. E arrematou que “pneuma” para esses gregos não era mais que isso: respiração de quem está vivo. Acredito, porém, que a palavra “pneuma” tinha outras acepções para os primitivos habitan tes da Terra de Homero. O mundo civilizado apenas coloriu as crenças antigas. Os gregos dos primórdios não poderiam ser tão diferentes dos outros povos do seu tempo, inclusive até daqueles que não foram além da cultura de folk, como negritos, pigmeus e aínos, que acreditavam num Ser Supremo, identificando na alma o sopro divino, como nos esclareceram os pesquisadores da célebre Escola de Viena. Os próprios cultos órficos da Grécia pré-helênica, citado paradoxalmente por Ferreira Gullar numa crônica inesquecível, celebravam também a alma, como os espiritualistas a entendem, e a sua transmigração. Mais elucidativo é o texto bíblico encontrado no Gênesis: “E formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra; e soprou- -lhe no rosto o sopro da vida; e tornou-se o homem um ser vivente”. Por outro lado, estou convencido de que o vocábulo “pneuma” tinha para os gregos citados por Ferreira Gullar as acepções de ar, sopro, respiração, mas, sobretudo, de hálito divino. As minhas limitações de ordem religiosa ou –quem sabe?- as forças intuitivas que agitam o meu ser, levam-me a acreditar na alma humana. E, mais que tudo, em Deus. O homem pode ter inventado vários deuses. Mas há instantes que O intui, como Algo que está acima de sua razão e de sua imaginação. O ser humano, por ter alma, é, assim, atraído pelo Puro Espírito, como um rio a correr para o Oceano. Eis a razão dos cristãos enfrentarem a pandemia confiantes num Deus que é o próprio Amor em Plenitude.