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Radar Regional, ao vivo, ao meio-dia

Jornalístico traz informações para as tardes de Campos e região

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As principais notícias do dia, de Campos e região, estão no Radar Regional. Apresentado pelo jornalista Júlio Tinoco, o programa aborda temas como saúde, economia, entretenimento, entrevistas, esporte e muita prestação de serviço.

O telejornal vai ao ar, ao vivo, de segunda a sexta-feira, ao meio-dia, na J3News TV. Também é possível assistir a atração pelo canal da J3News TV no YouTube e redes sociais. Telespectadores e internautas interagem com o apresentador, enviando perguntas e sugestões de temas.

A jabuticabeira é a árvore da minha vida por uma razão especial. Ela me traz a infância lá nas Minas Gerais, numa vila qualquer perdida entre os montes. Vejo-me, na Fazenda Morro Alegre dos meus tios Mauricio e Oneida, subindo nos pés apinhados de frutinhos pretos. Uma delícia! O rosto ficava todo lambuzado de um caldo escuro, assim como nossos pés, pois era tanta jabuticaba que, ao subir na árvore, esmagávamos muitas. Era uma aventura coletiva: irmã, primos, amigos e eu.

Hoje, quando querem falar sobre algo esdrúxulo, que só existe no nosso país, dizem: “É mais uma jabuticaba do Brasil.” Esse termo é mais aplicado no contexto político. A palavra jabuticaba, nesse sentido, significa bobagem, tolice, asneira que não é praticada em outro país que não seja o Brasil. Na verdade, não gosto dessa invenção do povo, mas os fatos linguísticos não são controlados por gosto pessoal. A expressão continuará existindo de acordo com o gosto e a necessidade de se expressar de um grupo bem maior de pessoas. O povo consagra o uso da língua. Dizem que esse significado surgiu de uma frase dita pelo engenheiro e economista Mário Henrique Simonsem: “ Se só existe no Brasil e não é jabuticaba, é besteira.” Realmente, a jabuticabeira é originária da Mata Atlântica, mas existe também no Uruguai, Paraguai, Argentina, México e Bolívia.

Há uma cidade no estado de São Paulo que se chama Jaboticabal em homenagem à fruta. Nada mais merecido. Em tempo: a palavra jabuticaba tanto pode ser escrita com “u” quanto com “o”, jaboticaba. Assim como canta Alceu Valença “Jaboticaba seu olhar maduro”. Lembro-me também de que íamos lavar o rosto e beber água numa mina que havia dentro do pomar e, para isso, colhíamos folha de taioba e com ela, fazíamos uma espécie de concha, enchíamos de água servindo de copo. Uma vez entrou uma formiga no ouvido da minha irmã e a folha de taioba com água resolveu o problema. E quando íamos comer jamelão no pé? Maravilha! Aí que o rosto ficava roxo, preto. Jamelão é uma fruta também conhecida como jambolão, joão-bolão, topin, azeitona-preta, ameixa roxa, brinco de viúva entre outros nomes. Essa árvore é muito alta, podendo chegar a dez metros de altura.

As mangueiras, as goiabeiras, os pés de abio branco também não eram esquecidos. Coitados! Tomavam cada surra de bambu! Isso por que, pequenos que éramos, precisávamos de algo que nos ajudasse a pegar as frutas mais altas. Plantei um pé de jabuticaba no vaso. Ele já deu quatro frutinhos pequenos, bem tímidos. Desejo antigo. Minha infância está distante, mas a saudade desse tempo está presente. Daí ir para o papel o que a alma transborda.

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