Tela Viva 256 Abril de 2015

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 24_#256_abr2015

Cinema diverso Com amadurecimento do mercado, realizadores voltam os olhos aos gêneros incomuns na produção nacional recente. Radiodifusão Setor se mostra mais confiante com o cenário convergente nos Estados Unidos

Entrevista Paulo Franco conta como a Record se prepara para contar mais com a produção independente


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Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski

André Mermelstein

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

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André Mermelstein Fernando Lauterjung Leandro Sanfelice Lúcia Berbert (Brasília) Lizandra de Almeida (colaboradora) Samuel Possebon Letícia Cordeiro Edmur Cason (Direção de Arte) Bárbara Cason (Web Designer) Lúcio Pinotti (Tráfego/Web) Wilson Dias (Assistente) André Ciccala (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Gislaine Gaspar (Gerente) Gisella Gimenez (Gerente) Julia Poggetto (Assistente) Claudia Tornelli Zegaib (Gerente) Marcelo Pressi (Gerente) www.telaviva.com.br assine@convergecom.com.br (11) 3138-4600 telaviva@convergecom.com.br (11) 3214-3747 comercial@convergecom.com.br Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Tela Viva é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903. Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável: Rubens Glasberg (MT 8.965) Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

m abril TELA VIVA esteve mais uma vez em dois dos mais importantes eventos de televisão do planeta. Um deles, o MipTV, em Cannes, mostrou um mundo no qual se multiplicam os players em busca de conteúdo. São novos canais lineares, mas principalmente plataformas de VOD (vídeo on-demand) que se proliferam. Parece boa notícia para quem tem conteúdos para vender, mas são vendas mais complexas, fragmentadas, e de valores menores que aqueles obtidos pela indústria tradicional. E com uma boa dose de insegurança. É difícil prever quais dessas plataformas, com seus variados modelos de negócio, sobreviverão após alguns anos. Já a NAB, tradicional encontro dos broadcasters norteamericanos em Las Vegas, mostrou um mercado que tenta, relutante, abraçar o mundo digital sem tanto medo de ser engolido por ele. Os leilões de frequências podem fazer com que a TV aberta perca quase metade do espectro que ocupa hoje, e se caracterize cada vez mais como uma geradora e curadora de conteúdo do que uma rede de comunicação. Pensa-se até que pode ser boa, estrategicamente, uma aliança da radiodifusão com o OTT (over the top), a primeira oferecendo o que faz de melhor - conteúdo ao vivo, jornalismo, esporte, eventos de massa - e o segundo cuidando do entretenimento on-demand, filmes e séries. O cenário não é muito interessante para a TV por assinatura, que cumpre hoje este papel. Numa demonstração de que as bases que sustentaram esta indústria por 40 anos podem estar começando a ser desmontadas, a ESPN entrou com ação nos EUA contra a Verizon, pela oferta, por parte da operadora, de pacotes “desmembrados” de canais, ou seja, por alegadamente desrespeitar as regras de empacotamento, que sempre permitiram que canais mais relevantes “carregassem” outros de menor porte de uma mesma programadora. Este debate, entre outros, será travado durante a INTX, evento da associação de cabo norte-americana que acontece agora em Chicago. Percebe-se, enfim, que a indústria de TV vive um momento de transformação claro, que gera, como sempre, incertezas. Ninguém quer passar pelo que passou a indústria de discos. Os acertos e erros das estratégias atuais serão conhecidos talvez num prazo mais curto do que se imaginava.

capa: ilustração de capa: seri

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ilustração: seri

(índice ) 14

scanner figuras cinema

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evento

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Produtores começam a se arriscar em gêneros pouco tradicionais para o cinema brasileiro recente Broadcasters se mostram preparados para o cenário convergente e fragmentado na NAB

internacional

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MipTV mostra a força do VOD na busca por conteúdos

TV pública

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Nelson Breve, da EBC, confronta posições defendidas pelas emissoras comerciais

entrevista 18

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Paulo Franco conta como a Record se prepara para ser mais aberta à produção independente e às diversas plataformas

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fomento

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Spcine lança, em parceria com o Brasil de Todas as Telas, suas primeiras linhas de investimento em produção e distribuição

making of mercado

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Nova plataforma de VOD, Videocamp tem apenas filmes com temática engajada 28

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case

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Discovery e Bossa Nova Films desenvolvem formato original de reality de sobrevivência

fornecedores

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AD-Digital anuncia três novas unidades de negócios, entrando com força no mercado TI

upgrade agenda Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 4

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( scanner )

( xxxxxxxxx) Reconhecimento

Fotos: divulgação

Cozinhando de novo

O reality ”Cozinheiros em Ação” iniciou as gravações da sua terceira temporada. Apresentado no GNT por Olivier Anquier, o programa contará com 13 episódios e reunirá cozinheiros, profissionais e amadores, de todo o Brasil. Além do chef no comando da atração, também voltam os Com apresentação de Olivier Anquier, o programa jurados Ivan Achcar, Mônica Rangel e contará com cozinheiros amadores e profissionais. Renata Vanzetto. A produção da Moonshot conta com direção e Roberto d›Avila e tem estreia prevista para agosto deste ano. Nos cinco primeiros episódios, o programa terá uma mudança nas suas regras. Duplas com alguma ligação familiar ou afetiva cozinharão juntas. Após essa primeira etapa, os cozinheiros passam a se enfrentar individualmente. Desta forma, duplas compostas por noivos, irmãos ou até mesmo pais e filhos, passam de aliados a concorrentes.

Pescaria

Foram selecionados os seguintes projetos: • ‘‘A Vida nas Bacias Hidrográficas da Região Sudeste”, da Aventuras Produções e Edições Educativas Ltda., com R$ 355 mil; • “Guaíba, Onde as Águas se Encontram’’, da Paralelo 30 – Cinema e TV Eirele, com R$ 645 mil; • “Mergulhando’’, da Clip Produtora de Cinema e Vídeo Ltda., com R$ 410 mil; • “Cenários Futuros’’, da Alexa Filmes Ltda, com R$ 645 mil; • “Mar de Histórias’’, de Eduardo Baptista do Amorim – Mundo Filmes, com R$ 645 mil; • “A Pesca Esportiva e as Comunidades da Amazônia’’, da GP Athanazio – Gaba Films, com R$ 490 mil; • “Tesouros do Tapajós’’, da Olé Produções Ltda, com R$ 410 mil.

Produção de eventos • EPTV – Empresa Paulista de Televisão; Tradução, legenda e dublagem • Dispositiva Produções Audiovisuais; Serviços e equipamentos de infraestrutura de condomínio/adm. • C.M. Arquitetura; Serviços e equipamentos de infraestrutura técnica • Adeclair Torres de Refrigeração; Sistemas/software • Zarpa Media Tecnologia da Informação; Serviços de TI & Telecom • Micro Mídia Serviços; Equipamentos de engenharia de TV • Hitachi Data Systems do Brasil; • Serviços de recursos de humanos SulAmérica Seguro Saúde. Fotos: divulgação

Aleksandar Mijatovic/shutterstock.com

O programa ‘‘Novos Horizontes da Fish TV” divulgou o resultado do edital da chamada pública iniciada dia 23 de janeiro, que selecionou sete projetos de séries documentais inéditas, contendo 13 episódios com 26 minutos cada, que abordam a filosofia ambiental da emissora. Os trabalhos selecionados serão exibidos em horário nobre.

A Globosat lançou o “Programa de Reconhecimento de Fornecedores”. Em sua primeira edição, a iniciativa premiou parceiros que prestaram serviços em 2014. Os vencedores foram premiados em um evento no dia 25 de março na sede da empresa em São Paulo. As mais de duzentas empresas que concorreram à primeira edição do prêmio tiveram a qualidade dos seus serviços avaliada por um comitê formado por profissionais da Globosat, a partir de indicadores estabelecidos para nove categorias. Confira os vencedores: Produção de programas • Zola Produções, Moonshot Pictures e Floresta Realizações Audiovisuais;

Na telinha O SBT lançou novo aplicativo mobile que torna sua programação mais acessível. O app TV SBT trará todo o catálogo do SBT Vídeos – inclusive conteúdos de algumas emissoras regionais, tais como Brasília, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul -, detalhes da grade de programação, lembretes de início do programa na TV, informações extras dos programas, além da opção de compartilhamento do conteúdo nas redes sociais. Um dos diferenciais será a transmissão ao vivo de coberturas especiais, como o Teleton, por exemplo. Para o lançamento, o SBT fechou parceria com a Microsoft, que disponibilizará o novo aplicativo já instalado no recém-anunciado modelo de smartphone, o Microsoft Lumia 532 Dual SIM DTV, previsto para abril no país. 6

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Parceria argentina Em parceria com a Side Cinema, a 3dar está abrindo uma unidade no Brasil. A produtora de origem argentina atua há 11 anos no segmento de animação, tecnologia e conteúdo. No Brasil, vai oferecer serviços de animação, instalações de vídeo arte, branded content, concept art e desenvolvimento de software para web, vídeo games e apps. À frente das atividades no mercado brasileiro estão os sócios Renato Assad e Marina Camasmie, que são, respectivamente, diretor de cena e produtora executiva da Side Cinema. Na composição societária da 3dar Brasil também estão German Heller, Federico Heller e Jorge Tereso, já sócios da empresa na Argentina. A 3dar Brasil está instalada em São Paulo, em um espaço anexo ao da Side Cinema. O portfólio da produtora é composto por campanhas para anunciantes como Google Brasil, Vivo, OI, Perrier (NY) e ‘‘Shoe Matrix” (Las Vegas). Além disso, conta com a produção do curta-metragem ‘‘Shave It”, conhecido no Brasil por conquistar o prêmio Anima Mundi em 2013.

Fotos: divulgação

Fotos: divulgação

Concorrência

German Heller, Marina Camasmie, Renato Assad e Jorge Teroso

Está em gestação uma nova plataforma de vídeo on-demand OTT (over the top) no país. A Looke terá um modelo misto de assinaturas (SVOD) e VOD transacional, para títulos mais recentes. A plataforma, que será lançada no início de junho, pertence a um grupo de mídia internacional e não tem ainda operação própria no país. O desenvolvimento vem sendo tocado localmente pela Encripta, que está montando toda a operação tecnológica e cuidando do licenciamento dos conteúdos. A plataforma nasce no Brasil, mas está sendo pensada para atuar em toda a América Latina. Desde o início, a Looke estará disponível nas TVs conectadas da Philips, Samsung e LG, nos consoles Xbox e nos dispositivos Android e iOS. Também está sendo negociado um pacote de devices da Sony. No caso dos dispositivos Apple, a plataforma deve vir com um modelo inédito para este tipo de serviço, o in-app purchase, ou seja, a possibilidade de qualquer usuário, mesmo sem ser cliente do serviço, comprar um filme usando sua senha da AppStore. Segundo apurou TELA VIVA, o foco da Looke não será competir diretamente com a Netflix, mas será uma plataforma complementar. Primeiro, porque terá conteúdos mais recentes (lançamentos), fora da assinatura (no transacional). Segundo porque investirá em conteúdos que não estão na plataforma da americana, como grande quantidade de shows, programas religiosos, filmes nacionais, curtas metragens etc. A Looke conta também com uma grande quantidade de conteúdos Globo (apenas no transacional), e de outros provedores nacionais como Fish TV (programas de pesca) e Cennarium (peças de teatro). A Looke também será parceira da Saraiva em seu serviço de VOD. A rede de livrarias descontinuou seu serviço de locadora virtual, e fechou parceria comercial com a Looke, por intermediação da Encripta, no qual terá participação no tráfego gerado para o OTT. Ou seja, ao invés de operar sua própria plataforma, a Saraiva agora irá direcionar seus clientes que queiram comprar ou alugar filmes online para a Looke.

Esportivo O concurso IV do projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro divulgou os oito contemplados deste ano. Eles receberão até R$ 230 mil cada um para a realização de documentários sobre atletas nacionais e modalidades com representantes brasileiros na história dos Jogos Olímpicos – no total, será investido mais de R$ 1,8 milhão. Haverá ainda um nono documentário, realizado por um cineasta convidado pelo Instituto de Políticas Relacionais (IPR), responsável pelo projeto. O Memória do Esporte tem patrocínio da Petrobras, ESPN e EBrasil Energia e apoio da ABPITV, Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV/Minc) e Cinemateca Brasileira. Entre os projetos contemplados, quatro são de São Paulo, dois do Rio de Janeiro, um de Minas Gerais e um de Pernambuco. Confira os contemplados: T e l a

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Projeto

Produtora

Atleta

Clodoaldo – O Tubarão das Piscinas

Modo Operante Produções (RJ)

Clodoaldo Silva (natação/Paralímpíca)

O Discreto Charme de uma Campeã

Polana Filmes (SP)

Fofão (vôlei)

Irmãos Grael

Conde de Irajá Produções (RJ)

Torben e Lars Grael (vela)

Meninas, Arte, Memória Olímpica

Lua Azul Produções (SP)

Várias (ginástica artística)

O Nado de Joanna

Rec Produtores (PE)

Joanna Maranhão (natação)

Procura-se Irenice

Memória Viva (SP)

Irenice Maria Rodriguez (atletismo)

Rosinha – A Força de uma Guerreira

Carlos Antonio dos Santos Segundo (MG)

Rosinha (arremesso de peso/ lançamento de disco/ Paralímpiada)

Seguindo a Linha – A História de Ricardo Prado

RM Produções Artísticas (SP)

Ricardo Prado (natação)

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( scanner) Receitas globais

Livro do diretor Rodolfo Nanni traz histórias de sua carreira

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Resultados financeiros Grupo Globo

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2013 2014

Lucro líquido Receita líquida com vendas, publicidade e serviços (consolidado)* Receita líquida com vendas, publicidade e serviços (resultados diretos da controladora)** *Inclui o resultado proporcional das empresas em que o Grupo Globo tem participação. **Empresas diretamente operadas pelo grupo

Fonte: Globo T e l a

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O nonagenário diretor de cinema Rodolfo Nanni lançou seu primeiro livro, “Quase um Século – Imagens da Memória”. Trata-se de uma autobiografia ilustrada em que relata fatos vividos junto às mais importantes figuras dos últimos oitenta anos da cultura brasileira. O livro inclui sua vivência entre os principais artistas do modernismo brasileiro, suas lembranças como artista plástico, estudante de cinema e ativista político na Paris do pós-guerra, sua experiência como cineasta no Brasil e no exterior, fotos pessoais e de suas obras nas diferentes modalidades artísticas que praticou.

2,357

Vida em livro

10,7

O Ibope Media lançou em abril a medição de audiência em Time Shifted Viewing (TSV) para as 15 praças regulares. A aferição, que desde setembro do ano passado consolida os resultados de audiência da programação gravada e assistida posteriormente à audiência já mensurada na Grande Rio de Janeiro e na Grande São Paulo, passa a reportar também as praças: Grande Belém, Grande Belo Horizonte, Grande Campinas, Grande Curitiba, Distrito Federal, Grande Florianópolis, Grande Fortaleza, Grande Goiânia, Grande Porto Alegre, Grande Recife, Grande Salvador, Grande Vitória e Manaus.

receitas. No caso do resultado apenas da controladora, o crescimento em receitas líquidas também é de 11%, considerando-se que o número em 2013 foi de R$ 10,7 bilhões. No quesito custos de venda, publicidade e serviços (principal custo do grupo), houve um aumento de 13,8% nos resultados da controladora, para R$ 7,1 bilhões em 2014, e de 10% no consolidado, para R$ 8,53 bilhões. Possivelmente por conta da distribuição dos direitos da Copa do Mundo, a Globo teve resultado positivo com a venda de direitos esportivos. De um resultado negativo de R$ 308 milhões em 2013, o grupo passou a ter um resultado positivo com direitos em R$ 280 milhões em 2014. Em compensação, o adiantamento a clientes pesou negativamente em R$ 509 milhões. Também pesou negativamente para o resultado do grupo o aumento do pagamento de imposto de renda e contribuição social. Nos dados consolidados, as despesas nesse quesito passaram de R$ R$ 1 bilhão em 2013 para R$ 2,26 bilhões em 2014. Na controladora, o número foi de R$ 591 milhões em 2014 para R$ 1,5 bilhão em 2014. Em 2014, o Grupo Globo pagou R$ 3,4 bilhões em dividendos, e terminou o ano com R$ 1,97 bilhão em caixa na controladora, ou R$ 2,5 bilhões no resultado consolidado.

14,6

Medição ampliada

O Grupo Globo registrou em seu balanço de 2014 um lucro líquido de R$ 2,357 bilhões. O resultado é 6% menor do que os R$ 2,503 bilhões de lucro líquido registrados em 2013. Esse número refere-se ao consolidado do grupo, ou seja, inclui o resultado proporcional das empresas em que o Grupo Globo tem participação. Segundo informações de mercado, os resultados do grupo teriam sido afetados negativamente no último trimestre, apesar do ano positivo com a Copa do Mundo. O esfriamento da economia teria feito com que o quarto trimestre de 2014 tivesse um resultado pior do que o do mesmo período do ano anterior, e os resultados em 2015 ainda não mostraram sinais de melhora. O balanço mostra, contudo, um crescimento significativo de receita líquida com vendas, publicidade e serviços em 2014. O Grupo Globo teve receita líquida no ano passado de R$ 16,2 bilhões considerando o consolidado de todas as empresas, ou R$ 11,9 bilhões, considerando apenas os resultados diretos da controladora, ou seja, das empresas diretamente operadas pelo grupo. No caso do resultado consolidado, o volume de receitas líquidas é 11% maior em relação a 2013, quando o Grupo Globo tinha registrado R$ 14,6 bilhões em

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A Turner International do Brasil lançou a plataforma de TV everywhere dos canais Cartoon Network e TNT no Brasil. Assinantes da Sky e da Vivo terão acesso ao CN Go e ao TNT Go em computadores, tablets e smatphones. Os usuários poderão assistir às programações destes canais ao Assinantes de Sky e Vivo terão acesso vivo e acessar um acervo com ao CN Go e TNT Go em computadores, filmes, séries e desenhos tablets e smartphones. animados. Com um formato inédito no Brasil, o CN Go traz o conceito ‘‘watch and play”, que permite que a criança jogue e assista ao Cartoon Network na mesma tela do tablet. O aplicativo foi baseado em pesquisas feitas com crianças da geração dos chamados millenials, que nasceram na era da Internet e já estão acostumadas a fazer várias atividades ao mesmo tempo. Nesta primeira fase, o CN Go está disponível apenas para assinantes das duas operadoras citadas, que poderão fazer o login pelo computador no site próprio do aplicativo ou baixálo na AppStore e no GooglePlay em smartphones e tablets. Em comunicado, o canal disse que o serviço em breve estará disponível para assinantes de outras operadoras.

(em R$ bilhões)

CPdesign/shutt erstock.com

Ver e jogar

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A Warner Channel está renovando sua identidade visual para 2015. A mudança engloba proposta gráfica on-air e off-air, redes sociais, site e peças de comunicação, publicidade e marketing do canal, a partir deste mês. O projeto foi idealizado pela equipe da Injaus Design, agência interna da Turner, com apoio de Gerardo Kerik, vice-presidente de marketing & gestão de marca da Turner Broadcasting System Latin America, e de Vicky Zambrano, vicepresidente e gerente geral da Warner Channel. O novo visual tem estética inspirada em ícones de navegação por toque e nas plataformas online, com objetivo de promover uma aproximação com o público jovem. Seguindo essa linha, cada série do canal ganhou seu próprio ícone, que facilita a identificação imediata do tema, seja no on-air ou online. A nova identidade propõe uma paleta de cores de forte identidade, composições gráficas limpas e recursos de animação para logotipos, bumpers, menus e marca. No que se refere ao pacote fora do canal, o projeto envolveu a renovação completa da comunicação da Warner Channel em outras mídias e formatos, como anúncios, folhetos, brindes, vídeos e redes sociais.

Conectividade

Contando

Já um outro equipamento, o LU500, pode operar fora do carro em uma mochila, comunicando-se com a CNG Sat por meio de um dispositivo wireless com visada de até trezentos metros. O LU500 trabalha com oito modems 4G internos que, somados aos seis do Xtender, expandem a capacidade do bitrate de transmissão para catorze simcards. Em locais desprovidos de cobertura de celular, é possível fazer a transmissão via satélite banda Ka, forma ainda inédita em unidades móveis na América Latina. A CNG Sat pode captar, editar, transmitir e gravar. Para isso, é munida de infraestrutura que inclui o sistema Tricaster, que atua como switcher com entrada de até quatro câmeras; inserção de vinhetas; gravação; geração de caracteres; e geração de cenários virtuais. O carro carrega quatro câmeras full HD. A empresa pretende ampliar a frota com mais dois ou três veículos este ano, dependendo da resposta do mercado. O equipamento pode ser contratado com ou sem a equipe de produção.

A Ucan, dedicada a soluções de transmissão digital usando as redes 3G e 4G de telefonia celular, desenvolveu uma unidade móvel que integra diversas tecnologias de transmissão de áudio e vídeo. A CNG Sat (Cellular News Gathering) é uma estação montada em um automóvel Fiat-Doblo, equipada com instrumentos de captação portátil, ilha de edição, switcher e tecnologia de transmissão via múltiplos modems de telefonia celular ou satélite. Traz ainda uma estrutura de produção para qualquer tipo de evento empresarial, corporativo, jornalístico ou cultural. Segundo a empresa, a tecnologia de cellular bonding, que soma a banda de múltiplos chips de telefônica celular das operadoras, aliada à transmissão via satélite banda Ka, atende à demanda atual e absorve um novo mercado, pois até então o preço para transmissões ao vivo era impeditivo. A proposta é oferecer ao mercado um carro pequeno que usa uma tecnologia híbrida e bem menos custosa. O resultado é eficaz em áreas onde há 3G e 4G. O equipamento LU700 utiliza uma antena externa instalada no teto da CNG Sat denominada Xtender, que opera com seis chips 4G instalados e que possibilita a Primeiro exemplar da nova transmissão em HD.

unidade móvel foi montado em um automóvel Fiat-Doblo T e l a

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A GfK entrou efetivamente em operação com seu serviço de medição de audiência de TV no país. Seus clientes – Record, SBT, Band e Rede TV! – começaram este mês a treinar suas equipes técnicas no uso da plataforma. Durante a fase de treinamento, os clientes utilizarão apenas dados fictícios, para evitar interpretações equivocadas dos números reais. A partir de maio, os clientes já trabalharão com dados reais da medição de audiência e do real time rating. O serviço que está sendo implementado pela empresa alemã no Brasil conta com um painel com mais de 6 mil domicílios, distribuídos entre as classes A a E – incluindo, pela primeira vez, comunidades. Os dados iniciais se referem às regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro. O painel completo, que inclui as demais 13 regiões metropolitanas, será disponibilizado ao mercado no início do segundo semestre. Segundo a empresa, o painel de televisão cobre 90% ou mais do IPC (Índice de Potencial de Consumo) de cada região metropolitana, garantindo a representatividade de todos os targets. A medição será feita por meio de um people meter que considera o conteúdo ao vivo e o gravado em cada mercado e cada aparelho de TV. Além disso, a medição considera cada espectador do domicílio, tanto moradores quanto convidados. A GfK também já trabalha em um serviço de medição do consumo de conteúdo televisivo na internet (por computadores, tablets e smartphones).

Maxx-Studio/shutterstock.com

Novo look


( scanner) Mais local

Das Arábias Fotos: divulgação

“Apresentado pelo humorista Antonio Tabet, o Kibe Louco, “Show do Kibe” é primeira produção original da Turner a estrear em 2015“

A Turner apresentou sua primeira produção original a estrear este ano. “Show do Kibe” é um “anti talk-show” apresentado pelo humorista Antonio Tabet, o Kibe Louco, e vai ao ar aos domingos à meianoite. Com produção da Contente, e usando recursos do Artigo 39, o programa simula a realização de um talkshow clássico, com bancada e sofá. Mas o entrevistado não sabe que a conversa com o apresentador antes da gravação, quando o estúdio está aparentemente sendo ainda montado, é no fundo a entrevista real que vai ao ar. A direção é de Lilian Amarante, e na primeira temporada Tabet entrevista apenas humoristas. Segundo Rogério Gallo, VP de programação da Turner, é a primeira estreia este ano de um pipeline de cerca de 80 horas de programação brasileira original em produção. O programa cumpre cota de programação nacional independente no canal TBS – Muito Divertido, mas, curiosamente, apenas nas reprises, já que os episódios originais vão ao ar fora do horário considerado como prime time pela Ancine.

Mais simples A Ancine publicou resolução liberando as produtoras de apresentar o pré-licenciamento da comunicação pública de programa piloto para um dos segmentos de televisão no momento da contratação dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Pela norma, a apresentação do licenciamento oneroso terá que ser feita 12 meses após a obtenção do Certificado de Produto Brasileiro (CPB). Além disso, caso a proponente não apresente a comprovação da oferta para, no mínimo, cinco emissoras ou programadoras, os direitos de comunicação pública da obra ficarão disponíveis para utilização de forma gratuita, sem exclusividade, a partir do primeiro dia do 13o mês após a data de emissão do CPB, para os canais de programação comunitários e universitários e emissoras que exploram o serviço de radiodifusão pública e televisão educativas.

A Globo está ampliando a programação regional na grade de suas emissoras afiliadas a partir deste mês de abril. As principais mudanças estarão concentradas no fim de semana e proporcionarão quase duas horas a mais por semana de conteúdo local. Segundo a emissora, com a mudança as afiliadas terão mais oportunidades de acordos publicitários regionais. Após o “Jornal Hoje”, aos sábados, será criada a faixa de humor “Sessão Comédia”, cuja exibição ficará a critério das emissoras afiliadas. A nova faixa de programação será seguida pelo programa “Estrelas” e, na sequência, pelo “Caldeirão do Huck”. A sessão de cinema “Cine Fã Clube” será descontinuada. No começo das manhãs de sábado também será criada uma faixa de uma hora para conteúdo regional. Com isso, o “Como Será?” irá ao ar de 7h às 9h, podendo começar às 6h ou às 6h30 nas afiliadas que quiserem ocupar a faixa com produção local. De acordo com a Globo, os ajustes complementam outras iniciativas recentes. Em dezembro, a emissora colocou no ar o ‘‘Hora 1” e ampliou em meia hora a duração diária dos Bom Dia Regionais. O projeto de ampliação e aperfeiçoamento dos espaços regionais na grade está entre as prioridades estratégicas da emissora, e foi feito em parceria pelas áreas de programação, relacionamento com afiliadas, marketing, jornalismo e as 118 emissoras afiliadas. Com a flexibilização da grade, a Globo e suas afiliadas pretendem ampliar a oferta de conteúdo jornalístico e de variedades.

Só na rede

Fotos: divulgação

O History lançou em seu portal no final de abril a websérie ‘‘Na Corrida”, a primeira do canal feita exclusivamente para a internet. O reality show acompanha o piloto de Stock Light Marco Cozzi e sua equipe durante o Campeonato Brasileiro de Turismo 2015, em provas da categoria de acesso à Stock Car. A websérie será dividida em dez episódios mensais de cinco minutos cada. O primeiro deles trará uma visão geral do mundo do automobilismo, a apresentação dos personagens e a história da paixão do Cozzi “Na Corrida” acompanha rotina do piloto Marco Cozzi, da Stock Light e de seu pai pelas corridas. 10

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Resultados O canal Curta! estreia em maio a sua primeira série original. Dirigida por Marcos Ribeiro, ‘‘Catálogo Brasil” trará depoimentos de artistas plásticos de todo Brasil. Com 20 episódios, o programa entra na grade do canal na faixa Terças das Artes. Coproduzida pela Indiana Filmes e pelo Cinema Imaginário, o primeiro episódio será com o artista goiano e professor de Artes Visuais da Universidade de Brasília Elder Rocha. De acordo com o canal, a série é apenas a primeira de uma leva de quatro projetos contratados pelo canal em janeiro de 2013. Desde então, o Fundo Setorial do Audiovisual já aprovou investimento em outras 177 horas de produções independentes selecionadas e pré-licenciadas pela curadoria de conteúdos do Curta! no início de 2014. •

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( figuras) FOTOs: divulgação

Novos negócios

Atendimento

A Popcorn Filmes anunciou a contratação de Cláudio Tolentino, ex-Dinamo Filmes, para atuar em sua equipe de atendimento. O profissional irá trabalhar com a prospecção de novos negócios e na relação com o mercado publicitário. Tolentino, especializado em atendimento e Cláudio Tolentino produção executiva, também tem passagens pela Zohar Cinemas e Áudio Boutique. A produtora também firmou parceria internacional com a Salado, produtora de filmes publicitários que atua na América Latina. Com o acordo, a Porcorn passa a representar sete diretores vindos de Buenos Aires, Montevidéu e Santiago do Chile. Na lista de representados estão os argentinos Ariel Guntern, Cali Ameglio, Frederico Vidal e Matias Ameglio, o sueco Mauri Chifflet, o uruguaio Michael Abt e o chileno Brian Luco Peña. Os diretores brasileiros da Popcorn serão representados pela Salado no mercado latino. O acordo também prevê o compartilhamento das estruturas das produtoras.

Larissa Miranda, Gabriela Lemos e Aghata Mendes

A Trator Filmes tem novidades em seu núcleo de atendimento. Aghata Mendes, ex-Sonido, assume a direção de atendimento, e Larissa Miranda, que estava na Fulano, será assistente de atendimento. As duas profissionais trabalharão em parceria com Gabriela Lemos, sócia e produtora executiva da empresa.

Live action Julia Levy assumiu a assessoria de planejamento estratégico da ABPITV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão). Com a nomeação, a entidade pretende ampliar sua articulação com agentes públicos e privados. Economista pósgraduada em cinema documentário, foi coordenadora do departamento audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Em 2010, assumiu a Superintendência do Audiovisual. Julia iniciou sua carreira como pesquisadora acadêmica no curso de economia e, Julia Levy posteriormente, como produtora de festivais de cinema dentre os quais destacam-se o Festival do Rio, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e Festival É Tudo Verdade. Também foi gerente de distribuição da Filmes do Estação, uma das principais distribuidoras de filmes de arte do Brasil. Atualmente, gerencia a área de novos negócios do Grupo Estação de Cinema e dedica-se a pesquisas no campo de história do cinema brasileiro.

Despedida Fred Medina, VP executivo e managing director da BBC Worldwide para a América Latina e mercado hispânico dos Estados Unidos, anunciou que deixará a companhia. Ele deixa em 1º de julho a posição que ocupou nos últimos três anos e meio. Não foram divulgadas as razões da saída e nem há um substituto apontado ainda. Durante sua gestão, Medina reestruturou a configuração do negócio da empresa na região, supervisionando todas as áreas de negócio a partir de Miami.

Da esquerda para direita: Daniel Rosenfeld, Santiago Mitre, Hernan Corera e Lara Arellano; Dionisio Naranjo, Miguel Bueno e Zac & Mac

Parcerias internacionais A Paranoid fechou acordo para representar mais sete diretores internacionais no mercado brasileiro. Com a parceria de representação, a produtora passa a contar com mais de 20 nomes em seu casting de direção. A produtora representará Dionisio Naranjo, Miguel Bueno e a dupla Zac & Mac da espanhola Harry Rules. Além disso, a Paranoid expandirá sua parceria com a Argentina Cine ao representar Daniel Rosenfeld, Hernan Corera, Santiago 12

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Mitre e Lara Arellano. Além dos sete novos nomes representados pela Paranoid, estão no time de direção da produtora os estrangeiros Augusto Zapiola, François Vogel, Mantin Romanella e Miguel Coimbra. O time nacional da produtora conta com Banzai Estudio, Daniel Semanas, Denis Cisma, Dulcidio Caldeira, Fabiana Serpa, Hardcuore, Heitor Dhalia, Kid Burro, Luis Carone, Paulo Vainer, Pedro Coutinho, Rafa & João, Vera Egito e Will Etchebehere. •

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Habilidade, estratégia, inteligência e até sabotagem são ingredientes indispensáveis. Não perca.

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Leandro Sanfelice

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O desafio da diversidade

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volume de recursos disponíveis para a produção e distribuição de filmes levou a um aumento no número de obras produzidas no país. Apenas no último ano, o Fundo Setorial do Audiovisual liberou R$ 548 milhões para produções nacionais. O valor é seis vezes superior ao ofertado em 2010. Como resultado, o Brasil manteve uma produção anual superior a cem filmes nos últimos dois anos – foram 129 em 2013 e 114 em 2014. Em meio a esse cenário, produtores tem começado a arriscar em gêneros pouco tradicionais para o cinema brasileiro recente, como ação, policial, aventura, ficção científica e até guerra. A maior parte da produção, no entanto, segue concentrada nos gêneros de comédia e, principalmente, drama. Em meio à lista de 74 lançamentos categorizados como filmes de ficção da Ancine em 2014, encontramos 36 dramas, 18 comédias, cinco aventuras, quatro comédias românticas, dois romances, dois suspenses, uma cinebiografia, um policial, um musical, um roadmovie e um terror. Nas bilheterias, a concentração também é evidente, com uma diferença importante. Se na produção o drama aparece em maior quantidade que a comédia, nas bilheterias esse cenário se inverte. Entre os dez longas lançados no ano passado com maior bilheteria, oito são comédias: “O Candidato Honesto”, “Os Homens são de Marte... E é para lá que 14

ilustração: seri

Com mercado em amadurecimento, produtores enfrentam ceticismo na produção de filmes de gêneros pouco convencionais.

eu vou”, “S.O.S. Mulheres ao Mar”, “Muita Calma Nessa Hora 2”, “Vestido pra Casar”, “Confissões de Adolescente - O Filme” (comédia dramática), “Copa de Elite” e “Os Caras de Pau”. Em busca de um mercado pouco explorado, produtores arriscam em gêneros menos comuns novamente em 2015. Entre os lançamentos previstos para esse ano, encontram-se filmes de ação policial, guerra, suspense, aventura e até ficção científica. Os

“Nosso cinema vai ter um mercado vigoroso comercialmente quando tiver variedade, quando o filme brasileiro não for um gênero em si”. Matias Mariani, da Primo Filmes

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principais desafios incluem orçamentos apertados, poucas referências nacionais e um ceticismo natural de público e exibidores. Potencial inexplorado Para Matias Mariani, produtor da Primo Filmes, diversificar a produção e a comercialização de filmes é um passo indispensável para a construção de um mercado sustentável. “Nosso cinema vai ter um mercado vigoroso comercialmente quando tiver variedade, quando o filme brasileiro não for um gênero em si. É comum ouvir as pessoas falando que não gostam de filme brasileiro. Como assim? É uma nacionalidade, não um gênero. Filme brasileiro pode ser qualquer coisa, e é essencial para

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o mercado que o publico encare nossa produção dessa forma”, avalia. “A questão do gênero no Brasil está muito relacionada às histórias que queremos contar. Me parece que há uma percepção no Brasil de que o filme tem que ser absolutamente acessível, com uma linguagem similar a televisão, ou tem que seguir pelo caminho da relevância cultural e seguir para o drama. Acho isso muito pobre para o potencial do cinema brasileiro”, diz Mariani. A Primo Filmes é uma das envolvidas na produção de “A Estrada 47”, coprodução entre Brasil, Itália e Portugal que reúne quatro empresas: Três Mundos Produções (Brasil, majoritária), Primo Filmes (Brasil), Verdeoro (Itália) e Stopline Films (Portugal). Com orçamento de R$ 8 milhões, o projeto contou com recursos dos editais de coprodução Brasil-Portugal e Brasil-Itália, promovidos pela Ancine em parceria com agências reguladoras locais. “A Estrada 47” contará a historia dos soldados brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial. “O filme tem uma relevância cultural grande, mas segue uma narrativa de gênero. Nossa ideia foi fazer um filme amplo, aberto ao público, mas que não seguisse a receita da comédia clássica que costuma dar certo”, explica. Para ele, existem exemplos que comprovam o potencial de gêneros pouco explorados pelo cinema nacional. “Já tivemos sucessos como o ‘Tropa de Elite’ que tiveram sucesso e conversam com convenções de gênero, e isso nos mostra que há um relevante potencial comercial”. Na produção de “A Estrada 47”, conta, um dos principais desafios foi não ter referências recentes na produção nacional. A solução foi realizar um processo amplo de pesquisa e contar ao máximo com a experiência dos parceiros internacionais. “Aprendemos muito

“É um mercado pouco explorado, e existe demanda do público, principalmente o público jovem”. Tatiana Quintella, da Popcorn Filmes

com as parcerias. Nunca havíamos filmado nessas condições, em meio a montanhas, nem feito filme desse gênero. Nosso diretor de arte e nossa figurinista, por exemplo, eram italianos, com experiências em filmes da Segunda Guerra. Eram profissionais que tinham o know-how de como produzir esses filmes”, diz o produtor. O filme chega em maio aos cinemas, e a produtora espera conseguir uma boa distribuição para o longa. “É um desafio, e nossos melhores exemplos de sucesso não são tão recentes. No entanto, é um desafio

o aumento na produção ao longo dos últimos anos amadureceu o mercado, e isso viabiliza novas experiências. que temos que enfrentar, ou seguiremos produzindo as mesmas coisas e isso me parece muito pobre para o potencial do cinema brasileiro”, conclui o produtor. Evolução do mercado A Popcorn Filmes, que iniciou suas atividades em junho de 2014, prepara para o segundo semestre deste ano o lançamento do seu primeiro longametragem. Resultado de uma parceria com a Dartagnan Filmes, "EAS – Esquadrão Anti Sequestro", é um filme de ação policial e começou a ser produzido antes mesmo de a equipe da Popcorn ocupar a nova sede

da produtora, na Vila Nova Conceição, em São Paulo. A trama do longa tem a Copa do Mundo de 2014 como pano de fundo e narra o sequestro da filha de um famoso jogador de futebol durante o torneio. As filmagens já foram finalizadas e a produção está em fase de montagem. No elenco principal estão os atores Murilo Rosa (protagonista), Humberto Martins e Carol Castro. "É um filme com bastante ação, do tipo que não se costuma ver no Brasil. Nos últimos anos, o cinema brasileiro começou a se diversificar, avançando para gêneros que não costumavam ser produzidos aqui", diz Tatiana Quintella, sócia e cofundadora da Popcorn Filmes. “É um filme com bastante apelo comercial também. É um mercado pouco explorado, e existe demanda do público, principalmente o jovem”, avalia. Para ela, o aumento na produção ao longo dos últimos anos amadureceu o mercado, e isso viabiliza novas experiências. “É comum que a comédia seja um gênero muito explorado, porque o brasileiro gosta e tem boa aceitação, no cinema e também na TV. Com o amadurecimento do mercado, é comum também que se abram possibilidades para replicar esse sucesso em outros gêneros. Hoje vemos mais profissionais qualificados, inclusive na produção de roteiros, e estão todos querendo provar que

“A Estrada 47” contará a historia dos soldados brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial.

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( capa ) “O exibidor precisa pensar de forma pragmática no resultado financeiro do seu negócio. Ele fica com o pé atrás porque não temos muitos exemplos recentes de sucesso com esses gêneros”.

podem trabalhar em projetos variados”, diz. Novos no pedaço Para Silvia Cruz, da Vitrine Filmes, a resistência de exibidores com gêneros pouco tradicionais é natural. “O exibidor precisa pensar de forma pragmática no resultado financeiro do seu negócio. Ele fica com o pé atrás porque não temos muitos exemplos recentes de sucesso com esses gêneros”, diz. Segundo ela, ainda existem poucos projetos que se arrisquem fora dos gêneros mais tradicionais. “Só muito recentemente começamos a ver produções fora do tradicional. Direcionamos nosso trabalho para filmes autorais e alternativos, e mesmo assim a esmagadora maioria dos filmes que recebemos são comédias ou dramas”, diz. Com distribuição da Vitrine Filmes, “Branco Sai, Preto Fica”, é uma obra pouco convencional. Combinando ficção científica com a documentação de fatos reais, o longa de Adirley Queirós chegou aos cinemas no dia 19 de março deste ano. Na trama, o detetive Dimas Cravalanças (Dilmar Durães) viaja no tempo em um container de metal em busca de provas contra o Estado brasileiro pelos assassinatos de jovens negros da periferia. Na sua jornada, o detetive do futuro encontra Shockito e Marquim da Tropa, mutilados após uma invasão

Silvia Cruz, da Vitrine Filmes

da polícia em um baile funk promovido nos anos 1980 em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. Com orçamento de R$ 250 mil, aportados pelo edital público anual de Brasília, o filme participou de diversos festivais internacionais, recebendo o prêmio especial do júri e o prêmio da crítica internacional no Festival Internacional de Cartagena das Índias e o de melhor filme no Festival de Mar del Plata. No 47º Festival de Brasília recebeu onze premiações, incluindo o de melhor filme do júri oficial. A recepção favorável da crítica, no entanto, não garantiu vida fácil para o filme nas salas de cinema. Em sua primeira semana de exibição ocupou 12 salas. “Nos dois principais mercados, São Paulo e Rio, tínhamos apenas uma sala em cada, e com apenas um horário em São Paulo quase até a data de estreia. Só aos ‘47 minutos do segundo tempo’ conseguimos abrir mais três horários em São Paulo”, conta Silvia. “Sabíamos, acompanhando pelas redes sociais, que o filme estava recebendo uma atenção maior que as demais produções desse tamanho. Mas é difícil convencer os exibidores com essas informações”, explica. Contando com pouca verba para divulgação, “Branco Sai, Preto Fica” quase dobrou o número de salas em sua segunda semana de exibição. Entre as duas semanas, a atração foi protagonista de um “Contos do Amanhã”, longa de ficção científica que debate divulgado está sendo produzido pela Bactéria Filmes. pelo Facebook e 16

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promovido no Cine Caixa Belas Artes, em São Paulo. Com 4,2 mil pessoas confirmadas na rede social, o evento foi tema de diversas colunas e matérias em veículos jornalísticos, atraindo a atenção e público e exibidores. “Além de conseguirmos mais salas, quase todas disponíveis nas principais cidades lotaram. Sem muitos recursos para divulgação, escolhemos o caminho das redes sociais e o efeito foi positivo, o cinedebate certamente contribuiu para chamar a atenção do público e convencer exibidores do potencial do longa. Contudo, não é um modelo que possa se aplicar para todos os projetos. Esse filme aborda questões sociais e polêmicas, tem um perfil adequado para esse tipo de ação”, diz Silvia. Em sua sexta semana de exibição, o filme vendeu cerca de 16 mil ingressos. Apesar de estar longe das bilheterias milionárias das comédias mais populares, Cruz avalia o resultado como positivo. “Trabalhamos com muitos projetos pequenos e autorais, e a repercussão de ‘Branco Sai, Preto Fica’ foi muito boa. Sem atores famosos e com quase nenhum valor destinado à divulgação, o filme conseguiu um público considerável, foi muito bem recebido pela crítica e gerou repercussão nas redes”. Criatividade O diretor Pedro Marques reforça o discurso de que há um grande potencial inexplorado pela produção cinematográfica nacional em gêneros como ação, ficção científica e terror. Ele é um dos criadores de “Contos do Amanhã”, longa de ficção científica que está sendo produzido pela Bactéria Filmes. A obra conta a história de um jovem que, em 1999, recebe arquivos de áudio com depoimentos sobre um crime que ainda não aconteceu. Com uma

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trama dividida entre presente e futuro, "Contos do Amanhã" mostrará uma Porto Alegre destruída por catástrofes climáticas e governada por uma organização secreta em 2165. A produtora está finalizando a primeira parte das gravações, que retratam os trechos vividos no final dos anos 90, e a previsão é que o longa chegue aos cinemas ainda este ano. Para dar vida à esta Porto Alegre distópica, a produção promete a utilização de técnicas como sets virtuais, cenas subaquáticas e a integração de computação gráfica 3D com ações reais, entre outras ferramentas – tudo isso com um orçamento de R$ 400 mil. Marques diz ter idealizado o filme há cerca de sete anos. No entanto, foi apenas em 2013, quando o projeto recebeu R$ 150 mil pelo Funproarte de Porto Alegre, que “Contos do Amanhã” começou a sair do papel. “Ao participar de editais, nosso maior desafio era justamente aprovar a viabilidade dos efeitos visuais. É preciso criatividade para recriar um ambiente futurista e distópico com um orçamento limitado. Foi preciso

“Branco Sai, Preto Fica “: longa combina ficção científica com a documentação de fatos reais.

Filmes nacionais lançados em 2014 (por gênero) Dramas 36 Comédias 18 Aventura 5 Comédia romântica 4 Romance 2 Suspense 2 Cinebiografia 1 Policial 1 Musica 1 Road-movie 1 Terror 1 Total 74 Fonte: Ancine

20 maiores bilheterias entre filmes de ficção nacionais lançados em 2014 Título

Gênero

O Candidato Honesto Os Homens são de Marte... E é para lá que eu vou S. O. S. Mulheres ao Mar Muita calma nessa hora 2 Vestido pra Casar Alemão Confissões de Adolescente - o Filme Tim Maia Copa de Elite Os Caras de Pau em o Misterioso Roubo do Anel Getúlio Made in China A Noite da Virada Trash - A Esperança vem do Lixo Na Quebrada Hoje eu quero voltar sozinho Irmã Dulce Julio Sumiu Boa Sorte Praia do Futuro

comédia comédia comedia comédia comédia policial comédia musical comédia comédia drama comédia comédia aventura/ drama drama romance drama comédia drama drama

Salas no lançamento 595 465 450 422 491 368 393 540 267 530 177 396 297

2.237,537 1.794,385 1.776,579 1.429,862 1.267,600 955,841 816,971 776,824 646,224 618,2 508,901 381,782 314,726

24.825.913,62 21.762.933,89 20.732.500,00 15.888.595,19 14.719.956,63 11.339.991,54 8.605.015,98 10.254.202,77 7.793.226,00 7.517.790,00 6.447.968,11 4.171.162,46 3.756.748,23

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253,762 204,748 200,739 181,913 144,702 133,009

2.932.914,29 2.394.355,50 2.332.512,11 2.237.355,02 1.851.664,00 1.727.545,85

Público Renda em R$

Fonte: Ancine T e l a

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planejar desde o roteiro, e apesar de ter cenários futuristas em parte do filme, o foco está nos personagens e na narrativa. Além disso, utilizamos efeitos especiais mais conhecidos, que já são utilizados há algum tempo”, conta. O elenco de 21 atores, encabeçado por Bruno Barcelos, Bruno Krieger e Duda Andreazza, foi escolhido em castings públicos que reuniram cerca de 700 inscritos entre julho e agosto de 2014. A produtora também realizou workshops para treinar e selecionar profissionais de apoio. Apesar dos desafios enfrentados até agora, Marques antecipa que “Contos do Amanhã” encontrará seus maiores obstáculos na distribuição. “Já começamos a falar com distribuidores conhecidos e a avaliação é que será difícil encontrar projeto nas salas de exibição”, diz. Por isso, a produtora planeja disponibilizar o filme gratuitamente na internet após a exibição nos cinemas. “Claro que iremos explorar os meios tradicionais em um primeiro momento, mas nossa intenção é levar o longa para a internet de forma gratuita pouco tempo depois do lançamento”, conta o diretor. Ainda sem ter o modelo de negócios definido para a exibição online, a Bactéria pretende chegar a um número maior de pessoas com a iniciativa. “É natural que exista uma desconfiança do exibidor, que vai sempre optar por aquilo que é mais seguro para o seu negócio”, diz Marques. “Por isso, é preciso convencer o mercado de que existe demanda para esse conteúdo. Nosso principal objetivo é chegar ao maior número de pessoas possíveis com esse projeto e mostrar que esse tipo de conteúdo tem potencial”, conclui.


cobertura

(evento)

Fernando Lauterjung, de Las Vegas

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Sem mimimi

FOTOs: divulgação

Radiodifusão dos Estados Unidos deixa de lado o discurso protecionista e busca a fórmula e os parceiros para atuar no mundo online mantendo a força da distribuição “de um para muitos”.

Evolução para o 4K e o 8K foi destaque na feira.

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inimigas, ainda que mordam cada vez mais a audiência da televisão tradicional, incluindo aí a TV paga. Wheeler foi ao evento pedir o apoio dos radiodifusores para garantir a Internet aberta. “Eu sei que os broadcasters sempre tiveram receio aos gatekeepers. As regras do must carry (na TV a cabo) são uma manifestação desse receio. É esse tipo de sensibilidade que nos levou a focar em uma Internet livre”, disse Wheeler. Segundo o presidente da FCC, a Internet aberta garantirá um canal cada vez mais importante para o que chamou de “o produto mais importante dos broadcasters”, a informação e as notícias locais, sem o risco de ser barrado pelos donos do serviço de acesso. “Quando vocês quiserem oferecer alguma coisa através da Internet, ninguém deverá estar no caminho. Por fim, ninguém fica entre vocês e os consumidores que se

omo sobreviver e garantir algum protagonsimo no cenário cada vez mais segmentado, ainda que globalizado, é hoje o principal desafio dos grupos de mídia. Desafio ainda maior no caso dos grupos regionais. O tema estava explícito nas discussões sobre o futuro da radiodifusão e implícito nos debates sobre evolução tecnológica na qualidade de vídeo que aconteceram em abril no NAB Show, em Las Vegas. No evento organizado pela associação de radiodifusores dos Estados Unidos, não ficou claro quem serão os parceiros e quem são os inimigos destes grupos. Segundo o presidente da FCC, órgão regulador das comunicações nos Estados Unidos, Tom Wheeler, as empresas over-the-top não são as 18

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beneficiarão de seus serviços. Isso vale para o rádio e para a TV”, disse. Apesar das novas formas de distribuição de conteúdo e informação, Wheeler diz que a radiodifusão “é uma importante parte do futuro, assim como foi indispensável no passado”. Para ele, a TV e o rádio locais ainda são a mais importante fonte de notícias de última hora nas cidades. “Enquanto nossa economia vai cada vez mais para o online, o conteúdo da radiodifusão não deveria ser deixado de fora”. Oportunidade Tom Wheeler também falou sobre o leilão de frequências que está marcado para ocorrer. O presidente da FCC deu uma “pista” de como será a regulamentação da

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última fase do leilão de espectro nos Estados Unidos, resultado do dividendo digital e da venda voluntária por parte de radiodifusores. Segundo ele, os esforços são para tornar a participação dos radiodifusores mais cômoda. A FCC pretende realizar os leilões no início de 2016 e deve começar a receber a adesão dos radiodifusores no segundo semestre (do hemisfério norte). A AT&T já se comprometeu a gastar até US$ 9 bilhões no leilão, enquanto T-Mobile e Dish também pretendem participar. “E eu duvido que os únicos lances serão dos compradores tradicionais”, completou. Por outro lado, disse Wheeler, centenas de broadcasters já manifestaram interesse em participar, incluindo grandes grupos de TV aberta como Fox, Ion e Univision. Trata-se, segundo ele, de “uma oportunidade única”. O presidente e CEO da NAB, Gordon Smith, seguiu pelo mesmo caminho em seu discurso na abertura do evento. Para ele também, o leilão de espectro prestes a acontecer nos Estados Unidos pode ser uma oportunidade para o setor se preparar para o futuro da mídia, ainda mais fragmentada. As emissoras de TV podem se desfazer de todo o espectro – abrindo mão da presença do canal na TV aberta de uma localidade – ou de apenas parte do seu espectro, passando a dividir uma faixa de 6 MHz com outras emissoras e mantendo a sua presença no line-up da TV aberta e por assinatura local. Smith disse que os leilões que já aconteceram foram um sucesso e que os que estão por vir também serão “se a FCC não atrapalhar”. O temor dos radiodifusores é que a agência reguladora dos Estados Unidos intervenha na determinação de preços do leilão. No entanto, coube um alerta por parte de Smith: “se tiver sucesso, o leilão deixará a indústria com 80%

“ Todas as outras indústrias estão inovando e avançando com suas tecnologias. Ao seguir para uma nova geração, o broadcasting estará atuando defensiva e ofensivamente.” Gordon Smith, da NAB

das estações com maior poder de transmissão, mas com apenas 60% do espectro atual”. De acordo com ele, cabe ao próprio setor aproveitar a oportunidade para “fazer mais com menos”. O presidente da NAB incentivou os radiodifusores a se reinventarem para continuar tendo a relevância regional que

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têm hoje, mas com mais ferramentas para competir com outras plataformas, sobretudo com maior presença nos dispositivos móveis. “Todas as outras indústrias estão inovando e avançando com suas tecnologias. Ao seguir para uma nova geração, o broadcasting estará atuando defensiva e ofensivamente”, disse Smith. Segundo ele, a defesa estará na habilidade de integrar com parceiros existentes, enquanto a ação ofensiva seria a conquista de flexibilidade para perseguir a ultraalta definição e a publicidade direcionada, bem como ampliar a transmissão multicanal em canais compartilhados. “É um tempo crucial para a indústria trabalhar em conjunto para garantir que a arquitetura da TV aberta ‘de um para muitos’ se estenda às plataformas emergentes”, completou. Para Gordon Smith, o broadcasting norte-americano passa por um momento menos turbulento. Segundo o ex-senador, quando ele assumiu o comando da associação, há cinco anos, o setor estava desacreditado. Hoje, segundo ele, a radiodifusão é a fonte segura de informação em um universo bombardeado com informações sem procedência, sobretudo na Internet. OTT e o mercado global O presidente da FCC também falou sobre a importância

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presença brasileira em Las Vegas para o NAB Show ainda é massiva, mas significativamente inferior à do ano passado. A estimativa de pessoas ligadas à participação da delegação brasileira é que o número de visitantes do país tenha caído de 1,7 mil, em 2014, para algo perto de mil. As equipes de emissoras e produtoras do Brasil acompanham o evento, mas estão mais enxutas.

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( evento) FOTOs: divulgação

“Quando vocês quiserem oferecer alguma coisa através da Internet, ninguém deverá estar no caminho. Por fim, ninguém fica entre vocês e os consumidores que se beneficiarão de seus serviços. Isso vale para o rádio e para a TV.” Tom Wheeler, da FCC

estratégica, na visão da FCC, do OTT no mercado. Wheeler diz que a nova modalidade de entrega de conteúdo traz competição ao setor. Segundo ele, o estudo anual da agência sobre o serviço da TV por assinatura trouxe, pela primeira vez, uma queda na base de assinantes, sobretudo no cabo. “A banda larga traz aos consumidores novas opções de OTT, como o Hulu e a Amazon Prime, e com os alto preços dos pacotes de cabo, cerca de US$ 125 ao mês, os consumidores estão buscando alternativas”. Uma das alternativas é buscar a TV aberta e, segundo ele, o número de casas que dependem exclusivamente da antena para receber o sinal da TV é crescente nos Estados Unidos. “Estamos vendo um aumento no número de pessoas cortando o cabo e combinando uma antena com serviços OTT”, disse. “Eu espero ver mais canais de TV aberta incorporados nos serviços OTT”, completou. Grandes grupos de mídia também apontam que a distribuição por plataformas online é fundamental para sua sobrevivência. Em um dos debates do evento, ficou claro que o setor vê que os modelos de programação e distribuição de conteúdo tradicionais estão defasados e não têm chances de se manter no futuro. 20

Marc DeBevoise, da CBS Interactive, aponta que a migração para os novos modelos de programação e distribuição não é exclusiva aos entrantes na indústria. A HBO e a própria CBS vêm seguindo os passos da Netflix, mas com uma bagagem maior no acervo e no conhecimento da audiência. Segundo ele, dar aos consumidores acesso ao conteúdo ao vivo e gravado em plataformas móveis era o passo natural para um grupo como a CBS, seguindo a evolução tecnológica e a popularização dos dispositivos conectados. Não se trata mais do modelo multiplataforma, mas de uma “plataforma multi-modelo”, capaz de abrigar diferentes modelos de distribuição e de negócios. A distribuição online por um décimo do preço da assinatura da TV paga tradicional somada à fragmentação da audiência parece levar a um cenário no qual menos dinheiro chega à indústria,

demandando um volume ainda maior de conteúdo. Os novos modelos movimentam menos recursos para manter toda a cadeia – da produção à distribuição. Segundo Brett Sappington, da Parks Associates, há uma mudança evidente no hábito de consumo do consumidor que se reflete na remuneração da indústria. “Nós já estamos acompanhando a mudança de olhos para o vídeo online e isso começa a ser uma mudança nas receitas”, disse. Segundo ele, os serviços over-the-top estão presentes em 40% dos lares no Estados Unidos. Um terço do consumo de conteúdo em vídeo é através da Internet. A fórmula para viabilizar esse conteúdo já foi muito bem demonstrada pela Netflix, explorar a escala potencial do mercado global. E essa parece ser a estratégia por parte da FCC para garantir a saúde dos grupos tradicionais de mídia. Segundo Tom Wheeler, os Estados Unidos devem ampliar o teto de participação estrangeira em empresas de radiodifusão – hoje fixado no país em 25% (no Brasil o teto é de 30%). O presidente da FCC disse que esta é uma meta que vale a pena ser perseguida, trazendo benefícios como maior capacidade de investimentos e “um potencial de tratamento recíproco em nossas relações e investimentos em território estrangeiro”. Segundo ele, ainda há detalhes importantes que

Presença internacional

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NAB – a associação de radiodifusores dos Estados Unidos – vem ampliando a sua presença internacional através de parcerias na realização de eventos. A SET e a NAB renovaram a sua parceria na realização do SET Expo. O evento aconteceu pela primeira vez em 2014, já tendo uma parceria com a NAB, e trazendo o tradicional Congresso da SET. Em 2015, o evento acontece entre os dias 23 e 27 de agosto, em São Paulo. A NAB realizará algumas sessões na programação do congresso. Além da parceria com os brasileiros, a NAB anunciou também um acordo para realizar um novo evento em Pequim, o NAB Show Global Innovation Exchange | Shanghai. O evento acontecerá nos dias 3 e 4 de dezembro, contando com um congresso e uma exposição com participantes no formato de tabletops.

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“Todos estão preparando o lançamento da UHDTV, mas ninguém está pronto para lançar. Ainda há uma dúvida sobre lançar agora, ou esperar a ‘fase dois’, com o 8K.”

precisam ser considerados, como garantir a segurança nacional em questões que possam surgir. A proposta, destacou Wheeler, é bipartidária, tendo partido do conselheiro da FCC Michael O’Rielly, um republicano. O presidente da agência se disse otimista com a rápida tramitação da regra.

Thomas Wrede, da SES

Evolução tecnológica Outro tema importante nos debates do evento, que é bancado pelos fornecedores de tecnologia, é a evolução para a ultra-alta definição. Hoje, o 4K é a bola da vez, com o 8K, demonstrado já há alguns anos no evento pelos japoneses da NHK, na fila. Não contemplar esta qualidade nos novos conteúdos produzidos hoje pode encurtar a vida potencial destes produtos, enquanto as telas 4K, 8K e com tecnologia HDR (High Dynamic Range – que garante melhor qualidade de cor e contraste) finalmente ganham escala. Segundo Jim Mainard, da DreamWorks Animation, “a mudança do padrão atual de cores para o padrão presente na ultra-alta definição e no 4K dará às audiências a oportunidade de aproveitar uma melhora imensa de qualidade,

enquanto os monitores do futuro ganharão brilho e trarão apelo ao conteúdo”. “O HDR (high dynamic range), além de maior gama de cores, trará ao consumidor final um contraste muito melhor, com brancos mais brilhantes e pretos mais escuros. Hoje, nas lojas, o consumidor sempre gravita ao redor das telas mais brilhantes, que trazem imagens com maior apelo”, completa JoDee Freck, da Lionsgate. Bryan Barber, da Warner Bros, aponta que, no entanto, as tecnologias só conseguirão se estabelecer quando virarem padrão. “O principal fator que fez do DVD uma experiência de sucesso para o consumidor foi a padronização”, disse em debate no evento. Em entrevista a TELA VIVA, Thomas Wrede, vice-presidente de recepção da operadora de satélites SES, disse que a adoção do 4K avança lentamente, pelo menos por enquanto, por pressão, sobretudo, dos fabricantes de telas. Para ele, quem está na frente nessa corrida são

os serviços over-the-top. “Se os streams para os vários modelos de smart TVs 4K tiverem especificações diferentes, para a Netflix não faz muita diferença. Mas o resto da indústria precisa de padronização”, disse. Segundo o executivo, além da padronização, para massificar a adoção da tecnologia é necessário um ecossistema completo. “Precisamos do Blu-ray 4k promovendo a tecnologia. Precisamos dos conteúdos certos e de mais conteúdos com tecnologia HDR”, diz o executivo. Segundo Wrede, no entanto, o OTT deixa a desejar na qualidade de imagem, uma vez que o 4K demanda uma banda que não está popularizada. É aí que o satélite ganha, pois garante qualidade de forma que o OTT jamais conseguirá, explica. “Estamos preparados para o 4K e fazendo diversos testes com parceiros em todo o mundo. Todos estão preparando o lançamento, mas ninguém está pronto para lançar. Ainda há uma dúvida sobre lançar agora, na ‘fase um’, ou esperar a ‘fase dois’, com o 8K”, diz Wrede.

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cobertura

(internacional) André Mermelstein, de Cannes

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Mercado comprador

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annes assistiu no final de março a um MipTV menor em público e número de expositores. O evento sente os efeitos da concorrência de mercados como a Natpe, em janeiro, que voltou a ganhar força, do LA Screenings, que este ano ficou bem colado ao evento francês, e do próprio Mipcom, organizado pela mesma empresa, também em Cannes, no segundo semestre. Muitas empresas, aliás, dizem manter seus estandes no evento de abril apenas para garantir seu espaço no evento de outubro, já que a organizadora Reed Midem faz uma espécie de “venda casada”, quer dizer, não garante o espaço na feira maior se o expositor não vier neste evento. O resultado são corredores alargados, muitos espaços não vendidos, e uma sensação de esvaziamento. Para compensar, o evento criou uma série de eventos paralelos, como o MipFormats, para discutir e apresentar formatos originais. Há também uma tentativa de abraçar o mundo da internet com o MipDigital, e o já tradicional MipDoc, com foco nos documentários.

fotos: Telaviva

MipTV assiste a uma explosão de players em busca de conteúdos, graças à proliferação dos canais lineares e das plataformas de VOD. Países emergentes ganham força, e coproduções estão na ordem do dia.

Ainda assim, executivos de vendas ouvidos por esse noticiário afirmaram que o mercado mundial está aquecido. Um efeito curioso da nova realidade digital é que se, por um lado, diminuiu o número de vendedores, especialmente depois de alguns movimentos de consolidação de estúdios, cresceu o número de compradores, pois há uma proliferação de plataformas on-demand. Dos 3,8 mil compradores cadastrados no evento, segundo a organização, pelo menos mil buscam direitos para VOD. O que há é uma pulverização. Se uma empresa como a Globo até alguns anos atrás vendia apenas novelas, hoje tem um portfólio diversificado, em que oferece séries, filmes, esportes e footage (imagens gravadas para uso em outras produções, como cenas da Amazônia, Pantanal, Carnaval etc). O mesmo acontece com diversos provedores de conteúdo. Televisa e o produtor britânico Mark Burnett se uniram para coproduzir o game show “Generation Gap”.

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Há também novos mercados ganhando força na geopolítica do conteúdo. Potências emergentes como Israel e Turquia, que vem se destacando nos últimos três anos, ganham a concorrência de países como a Índia, que vem produzindo telenovelas em grande escala. O Brasil esteve presente em quatro estandes no MipTV 2015. Além da Globo, da Record e da BTVP (Brazilian TV Producers, programa da ABPI-TV apoiado pela Apex), presentes em todas as edições, o recém lançado PetChannel foi ao evento oferecer conteúdos em 4K ligados à temática dos animais de estimação. O estande da BTVP estava menor, como tem sido neste mercado, em contraposição ao Mipcom. Estiveram presentes as produtoras 2DLab, Berny, Due Produções, Cygnus, Il Vagabondo e TV Pinguim, e as distribuidoras Elo, Grand Prix Media, Synapse e Sato. Coproduções Uma das tendências que vem se verificando nos últimos anos, e que se viu novamente neste mercado, é a da

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Dos 3,8 mil compradores cadastrados no evento, segundo a organização, pelo menos mil buscam direitos para VOD.

intensificação das parcerias internacionais, buscando criar conteúdos que alcancem escala global ou no mínimo panregional. A Televisa, por exemplo, anunciou em Cannes, que se associou com o produtor britânico Mark Burnett para coproduzir o game show “Generation Gap”. A emissora mexicana produzirá o formato para exibição em seu canal principal no slot de domingo à noite a partir de setembro, mas já está comercializando o formato internacionalmente. Burnett é o criador de formatos consagrados na TV, como “Survivor” e “O Aprendiz”. “Generation Gap” é um game show em que competem famílias completas, com representantes de três gerações: netos, pais e avós. Ganha mais pontos o membro que conseguir responder perguntas que não são de sua geração. Assim, a avó ganha mais pontos se responder sobre um cantor atual, enquanto a neta ganha mais se responder corretamente sobre um filme dos anos 60. A ideia da emissora, como já fez no passado, em acordos de

coprodução com a França e até com a China, é expandir suas fronteiras e passar a ser cada vez mais um player global, e não regional. Já a NBC Universal, a Mediengruppe RTL Deutschland e a TF1 anunciaram um acordo de coprodução para séries de drama procedural (gênero de série que em geral envolve episódios de

investigação policial). A RTL e a TF1 estão entre os principais canais de TV comercial da Alemanha e da França, respectivamente. Este é o primeiro acordo entre as TVs europeias e uma TV americana para produzir algo nesse gênero, garantindo uma janela inédita de exibição em seus países de origem. O objetivo é produzir até três séries nos primeiros dois anos. A NBC tem experiência no gênero, com produções no currículo do porte de “Law & Order” e “House”. A RTL e a TF1 terão os direitos para seus territórios originais, e a NBC fará o licenciamento para os EUA e o resto do mundo. Entre os brasileiros, o canal Gloob, da Globosat, entrou em três coproduções internacionais, contou a gerente de conteúdo e programação do canal,

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Paula Taborda (quarta) anunciou três coproduções internacionais do Gloob em painel sobre canais infantis. V i v a

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Paula Taborda dos Guaranys, que participou de painel sobre canais infantis no MipTV. As séries são “Paperport” (“Porto Papel”, em português), com produtores do Chile (Zumbastico, proponente do projeto), Argentina e Colombia, e “Trullalleri”, com Canadá, Itália e França. “Paperport” será exibida no Chile pela TVN, na Colômbia pela Señal Colombia e na Argentina pelo Paka Paka, coprodutores da série. A distribuição internacional será da francesa Millimage. “Trullalleri” é um projeto da italiana Congedo Culturarte, com produção da francesa Gaumont e coprodução da ICI Radio-Canada, Groupe PVP (Canadá), Rai Fiction (Itália) e Fandango (Itália) e Disney Junior EMEA. As duas séries estão em desenvolvimento. O canal entrou ainda na coprodução da série “Alvin”, projeto da Bagdasarian, criadora original dos personagens, com produção da francesa OuiDo! e participação de PGS e M6. A série será exibida globalmente pela Nickelodeon, mas é exclusiva do Gloob no Brasil. O orçamento da série de 140 episódios é de US$ 30 milhões. A estreia está prevista para junho. Paula ressaltou no painel o crescimento rápido que o canal teve em seus três anos de existência, tendo chegado aos top 5 entre os canais pagos, devido em grande parte ao conteúdo nacional. Seis dos dez programas mais vistos são brasileiros, conta.

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23ª edição

PERFIL DE INTERESSE: Operadoras de TV por assinatura e telecomunicações, programadoras e canais, emissoras de TV, produtores de conteúdo, distribuidoras de cinema e TV, fornecedores de equipamentos de rede e distribuição, fornecedores de sistemas de acesso condicional, billing e costumer care, fornecedores de equipamentos de produção audiovisual, provedores de Internet e banda larga, operadoras de satélite, escritórios de advocacia e consultorias.

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( internacional) fotos: divulgação

Rene Rechtman, da Maker Studios diz que vídeo será 69% do tráfego global de dados até 2017.

O canal também aposta fortemente no conteúdo digital. São hoje 15 apps publicados, com 1,7 milhão de downloads. Os programas do Gloob acumulam 20 milhões de views de VOD (“Detetives do Prédio Azul” foi o programa mais visto na plataforma Now, da Net, no ano passado), e o canal tem 120 games online. Online Falando no tema, a geração nascida no início do século XXI é o foco principal dos criadores de vídeo digital, na opinião de Rene Rechtman, VP da Maker Studios, produtora de conteúdos online comprada ano passado pela Disney por US$ 900 milhões. Segundo ele, o vídeo será 69% do tráfego global de dados até 2017, e no último ano esse consumo cresceu 247%. E a nova geração está à frente desta tendência. Os millenials formam hoje 25% da população europeia e ficam por dia 1,8 horas conectados às rede sociais, o dobro do resto da população, disse, baseado em pesquisas da Eurostat e da Delloite. Os números da Maker reforçam o argumento. A empresa tem 11 bilhões de views mensais, com 650 milhões de assinantes em seus diversos canais. Sua rede agrega hoje 55 mil criadores de conteúdo, e 70% de sua audiência é internacional, ou seja, de fora do país de origem de cada conteúdo. Rechtman levou a Cannes três talentos seus na Internet: Mr. Kate, que tem um canal de “do-it-yoursefl”, 26

o comediante Alphacat e o ator Bart Baker. Um fator fundamental para se comunicar com esta geração, disseram os criadores, é ser autêntico. Segundo relatório da Acumen Report, os millenials se relacionam duas vezes mais com o conteúdo digital do que com o da TV. “A Internet começou como uma coisa prática, pra comprar passagens, facilitar a vida, mas hoje é ligada à paixão, à emoção. Tem uma grande influência nas pessoas”, lembrou Rechtman. Ele aponta também que o conteúdo está mais fragmentado. 68% do consumo é do que chamou de “snackable content”, vídeos curtos. O tempo médio de audiência de um vídeo caiu de 5,1 minutos para 3,7 minutos de setembro de 2013 a setembro de 2014, e ainda segundo Rechtman, 87% das sessões do Netflix tem menos de dez minutos. O digital não muda só a cadeia de

valor, mas também começa a interferir na própria forma de se negociar conteúdos. A startup Righstrade foi a vencedora do prêmio de inovação Miplab, promovido pelo MipTV. A empresa criou uma plataforma de pesquisa e negociação de conteúdos online. Através dela, os compradores podem buscar conteúdos disponíveis de todos os gêneros, por tipo de licença, territórios disponíveis, etc. Estão disponíveis screenings de todos os conteúdos, bem como todos os metadados. Ele então entra em uma etapa de negociação com o detentor dos direitos, define os parâmetros (janelas, prazos, territórios etc) e a plataforma então elabora um contrato, que pode ser assinado digitalmente. “É como um AirBnB para conteúdos”, disse a esse noticiário o CEO da Rightstrade, Steven Polster. A plataforma cobra uma pequena assinatura, de cerca de US$ 20, mas seu modelo de negócio é baseado em uma comissão sobre as transações realizadas.

Homenagem

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diretor de Negócios Internacionais da Globo, Ricardo Scalamandré, recebeu uma homenagem em Cannes, durante o MipTV 2015. Criada em 2013, a Médaille d’Honneur é um prêmio concedido aos executivos que “fizeram uma contribuição significativa para o mundo da televisão e para o desenvolvimento da comunidade internacional de TV”. Essa é a primeira vez que um executivo latino-americano recebe a medalha. Scalamandré começou na Globo em 1971, aos 19 anos. Desde então, liderou a Diretoria de Planejamento e Controle da área Comercial da Globo, que seria a futura Diretoria de Marketing, assim como a Diretoria Geral da Região de São Paulo, a Central Globo de Comercialização e a Diretoria de Negócios Internacionais da Globo, onde desenvolveu a estratégia global dos negócios internacionais da empresa, que inclui o lançamento do primeiro canal internacional da Globo, o licenciamento de conteúdos de dramaturgia e esportes e, mais recentemente, as produções internacionais Diretor de negócios com importantes parceiros da indústria. internacionais da Nestas quatro décadas, cerca de 130 títulos da Globo Globo, Ricardo foram exibidos em mais de 170 países. Os negócios contam Salamandré recebeu homenagem no Mip também com seis canais internacionais que chegam a mais de 2,2 milhões de assinantes em todo o mundo. TV 2015

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Nova Comunidade de Vídeo da América Latina Recentemente posicionado na privilegiada posição 48° Oeste *, o satélite NSS-806 oferece uma expansão da comunidade de vídeo premium do SES-6, na posição 40.5° Oeste. O satélite permite que programadoras, operadoras de TV e instituições governamentais alcancem novas audiências na região. Ambas comunidades de vídeo são vialibilizadas pelo Programa de Antena da SES nas principais programadoras e receptoras de TV por assinatura da região. www.ses.com

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* Satélite ocupa posição Brasileira 48° Oeste com offset de -0.5° (47.5° Oeste)

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(tv pública) Samuel Possebon, de Brasília

sam uc a@ co nvergeco m .co m .br

Voz dissonante

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EBC é hoje a principal voz em defesa da TV pública no país. Responsável pela TV Brasil, a estatal presidida por Nelson Breve acaba se tornando uma voz divergente dentro do mercado de radiodifusão. Nessa entrevista, ele confronta posições defendidas pelas emissoras comerciais, e também critica o governo, pela falta de coordenação entre as políticas de comunicação, infraestrutura e conteúdo. TELA VIVA - O que você achou da portaria do VHF alto, que prevê prioridade aos canais públicos previstos no Decreto de TV Digital? Nelson Breve - Ainda não tive tempo de analisar, mas pelo visto saiu na linha do que estava sendo conversado, ainda que eu nem soubesse que estava sendo preparada uma portaria. As nossas conversas com o Ministério das Comunicações sempre foram nesse sentido. Quem primeiro apresentou a viabilidade do VHF foi o professor Gunnar Bedick quando estávamos estudando a reformulação do projeto do operador de rede. Coma indisponibilidade de espectro, levamos a ideia ao Minicom, porque eles nem estavam cogitando isso. Mas queríamos antes testar na nossa realidade, não no ambiente de laboratório. Para isso precisava da consignação do espectro para testes. Depois, tinha que testar a viabilidade econômica, porque para nós o que mais interessa é ficar no espectro entre o SBT e a Globo, não em uma faixa que ninguém pega. Com a decisão do Gired de limpar o canal e padronizar uma antena híbrida, esse 28

foto: divulgação/Agência Senado

Nelson Breve, presidente da EBC, confronta posições das emissoras comerciais e aponta falta de coordenação nas políticas de comunicação, infraestrutura e conteúdo.

problema se resolve em tese, então dá para ficar no VHF alto. Houve um mal entendido com o (ex-ministro das Comunicações) Paulo Bernardo, que achava que a gente tinha recusado essa faixa. O que houve é que estávamos apenas insistindo em uma decisão que viabilizasse tecnicamente essa faixa, para não sermos excluídos. TELA VIVA - No processo de desligamento da TV analógica, como a TV pública será financiada e como será a organização desse processo entre vocês? Nelson Breve - Havendo a priorização da TV pública no VHF alto e havendo as condições técnicas, isso facilita muito a nossa situação. Podemos voltar a projetar um operador único para a rede, de modo a reduzir os custos de digitalização, e inclusive podendo acomodar emissoras privadas que tenham dificuldades de •

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fazer os seus investimentos. Claro que ainda precisa fazer todo um levantamento da situação, mapear as torres, os transmissores etc. Defendemos que a empresa que foi criada para fazer essa organização da migração, a EAD, também possa dar condições para viabilizar esse operador público-privado da rede. Isso economiza dinheiro, fora que dá igualdade de competitividade, porque fica todo o mundo com a mesma mancha de alcance do sinal. Além disso, tem o imobilizado dos investimentos, porque daqui a 20 anos a tecnologia será outra. Essa lógica funciona bem para você, que tem uma rede limitada e precisa expandir, mas para as emissoras comerciais, que têm uma rede construída e investimentos feitos, a lógica é outra. Temos que considerar que

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grande parte dessa rede comercial está em torres mantidas por prefeituras. E as próprias emissoras comerciais podem capitalizar seus ativos, ser sócias desse operador de rede, como fez a Bandeirantes, que abriu uma empresa para isso.

distribuição melhor via radiodifusão, mas por meio de redes de telecomunicações, porque muito do nosso conteúdo vai ser distribuído overthe-top, via banda larga das teles. Com esse dinheiro, teríamos mais conteúdo, gerando mais tráfego e mais receita.

TELA VIVA - A rede ainda prejudica o resultado de audiência da TV pública? Isso melhora no ambiente digital? Nelson Breve - Sim. A rede tem muita relevância na audiência. Temos mais de 700 retransmissoras e cerca de 50 geradoras distribuindo nossos sinais nos acordos de parceria. A questão é que o alcance é limitado pela defasagem tecnológica e depreciação do equipamento. Embora eu esteja presente, não tenho como garantir o alcance. E mesmo tendo alcance, se a qualidade de imagem for inferior à dos concorrentes, ninguém assiste, porque ninguém quer ver chuvisco. A TV pública precisa fazer os investimentos necessários para montar essa rede, para que possa ter relevância. Mas estamos falando de um horizonte de décadas, não de anos. Só que a nossa chance é agora, nesse momento do apagão analógico. É onde nós vamos entrar junto com os outros, ou na frente. Aí dá para comparar e dizer que a questão está no conteúdo, no interesse que as pessoas vêm naquilo como entretenimento e informação.

TELA VIVA - Esse ano as teles estão pagando ou estão ainda fazendo o depósito judicial? Nelson Breve - Pela receita que a gente observou, o recolhimento caiu em relação ao ano passado. Pelo visto, apenas duas das quatro grandes operadoras de telecom estão recolhendo, mas não sei dizer quais ainda. Nós só temos, até agora, o valor que foi pago até o dia 31 de março, que é R$ 80 milhões a menos. Caíram na conta R$ 144 milhões. Esse ano o nosso orçamento deve mudar ainda pelo contingenciamento, mas estamos trabalhando para manter, no mínimo, o custeio e o investimento do ano passado, que foram de R$ 210 milhões e R$ 30 milhões, respectivamente.

TELA VIVA - Como financiar a rede digital na TV pública? Nelson Breve - Em princípio, deveria ser com o dinheiro da contribuição para a TV pública que precisa, pela lei, ser paga pelas empresas de telecomunicações. Tem mais de R$ 1,5 bilhão depositado na Caixa Econômica desde que eles começaram a contribuir e isso está parado por uma disputa judicial. Precisamos ter uma conversa com o setor de telecom para mostrar os benefícios que a aplicação desses recursos pode trazer. Não só na

”A TV pública precisa fazer os investimentos necessários para montar a rede nacional, para que possa ter relevância.” TELA VIVA - E qual o planejamento de vocês para esse desligamento analógico? Nelson Breve - Queremos incluir no Plano Plurianual de Investimento do governo, o PPA, que vai de 2016 a 2019 e coincide com o apagão analógico, projetos que possam permitir que a gente consiga chegar pelo menos nas cidades com mais de 50 mil habitantes. Estamos tentando convencer as áreas de orçamento e planejamento do governo da importância desse acesso, e estamos colocando nossa visão sobre as diretrizes que julgamos mais importantes e os resultados que a sociedade teria com o fortalecimento da TV pública. TELA VIVA - Essa diretriz, em tese, está na Lei da EBC. Pelo visto você está

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brigando é por uma política que contemple a TV pública. É isso? Nelson Breve - Da mesma forma que não se pode pensar em uma infraestrutura de transportes sem pensar naquilo que você quer distribuir, não pode pensar em uma estrutura de comunicação sem considerar o conteúdo. Para que eu quero uma infraestrutura de banda larga, de TV digital interativa, de comunicação pública? Se o projeto é ter uma Pátria Educadora, é preciso pensar em aplicações e conteúdos educativos, e isso precisa contemplar a banda larga e a própria radiodifusão de maneira integrada, porque por algumas décadas a radiodifusão ainda vai suprir uma carência de conexão e familiaridade com as novas tecnologias. TELA VIVA - A TV pública é a responsável pela universalização da radiodifusão? Porque hoje não existe nada que garanta que a radiodifusão seja universal. Nelson Breve -A Constituição prevê o modelo complementar entre a TV comercial e a pública. O que precisa é uma política nacional de comunicação, que é a base para um planejamento, que também precisa ser feito. Não pode parar tudo para definir uma política, mas também precisa definir o que a gente quer como sociedade. Queremos uma comunicação voltada ao entretenimento apenas? Queremos incentivar a nossa capacidade criativa? Queremos disputar com as empresas estrangeiras? Vamos disputar que fatia desse mercado das indústrias criativas? O que estamos fazendo por isso? Perdemos várias chances na história de entrar com as tecnologias de momento. Estamos chegando sempre atrasados. Essa indústria de comunicação é a indústria desse século. TELA VIVA - E tem espaço para a TV pública e para uma empresa pública nesse cenário? Nelson Breve -Temos espaço,

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( tv pública) seleção dos conteúdos regionais que vão abastecer a programação das TVs universitárias e comunitárias que estão na TV paga e, a depender da qualidade, podem abastecer as nossas parceiras regionais e a TV Brasil, nacionalmente, como janela de distribuição. Mas tinha que ter começado a conversar lá atrás, até para colocar coisas na própria legislação. O setor de telecomunicações concordou, por exemplo, em pagar a Condecine, mas está resistindo em pagar a contribuição da TV pública, e é na prática a mesma coisa.

foto: Rodrigues Pozzebom/ABr

mas não vamos ser os protagonistas, porque tem muita gente envolvida. O importante é ter uma coordenação disso. Hoje todo o mundo está fazendo o seu melhor, remando com a melhor disposição, só que o barco é redondo e sem coordenação ninguém sai do lugar nem sabe onde quer chegar. Quem faz isso não é uma empresa pública, mas o governo federal precisa fomentar essa articulação, primeiro dentro do próprio governo. TELA VIVA -E o governo não está coordenado? Nelson Breve -Acontecem coisas como uma discussão para o canal da educação previsto no Decreto da TV Digital. Vai sair uma portaria conjunta criando o canal da educação sem ouvir a Secretaria de Comunicação do governo. Pode isso? Pode, mas tá errado. Porque vai se fazer, gastar recursos e não tem uma unificação das estratégias. No caso do Ministério da Cultura, para viabilizar o canal deles, estão conversando conosco, o que razoável. Dentro do governo existe um fenômeno de “bunkerização”, o que é natural, até porque ninguém quer entrar no fim da fila do outro. Mas isso gera sobreposição. Em vez de organizar antes, definir prioridades e processos, cada um vai fazendo o seu. Outro exemplo é o satélite do governo (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação - SGDC, a ser lançado em 2016). Ele poderia ter sido pensado para ter banda Ku também e ser usado para distribuição de TV. Quando a Telebrás veio nos falar do projeto, já estava fechado, não dava para mudar. Alguém precisa pensar na coordenação da política de comunicação, a política de infraestrutura e a política de conteúdos. Quem sabe nos próximos satélites planejados pelo governo isso não seja levado em consideração? Qual é o jeito mais barato de fazer com que as pessoas tenham acesso a seus direitos?

”Quem formula as políticas públicas hoje são, na prática, as entidades privadas, porque o estado perdeu sua capacidade de formulação.” Radiodifusão é um direito? Quem formula as políticas públicas hoje são, na prática, as entidades privadas, porque o estado perdeu sua capacidade de formulação. A regulamentação que temos hoje vem por demanda do setor privado. TELA VIVA - Como está isso na área de conteúdo? A condução está com a Ancine. Como isso está coordenado com a TV pública e com a EBC? Nelson Breve - Pontualmente, há algumas coisas sendo feitas. Estamos conseguindo viabilizar com a Ancine a distribuição dos 10% de recursos da Condecine para a regionalização. Isso tem sido feito com a ajuda da EBC e tem funcionado razoavelmente. Não no prazo e no tempo que gostaríamos, mas está começando, com os escritórios regionais e processos seletivos para a 30

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TELA VIVA -A parceria com a Ancine traz mais recursos para vocês? Nelson Breve - Não, porque os projetos são executados a partir do orçamento da Ancine, exceto um custo de administração desses escritórios, que é um contrato nosso com a Acerp. Estamos tentando definir as diretrizes de uma política de produção de um determinado tipo de conteúdo, que é diferente das emissoras comerciais, mas tem que ser ao mesmo tempo diferente e interessante. Do nosso ponto de vista, teremos um grande laboratório para estabelecer competências, e com um uma política de melhores práticas vamos depurar a qualidade. É isso que é importante para a comunicação pública. A Lei da EBC diz que a gente é responsável pelo fomento, pela capacitação, pela qualidade, mas não conseguimos fazer sozinhos. São onze princípios, onze objetivos e onze competências previstos para nós, e isso é muita coisa. Nossa missão principal nesse momento é a formação da rede, incluindo uma rede para distribuição pela Internet. TELA VIVA - O que a EBC espera em relação aos set-tops que serão distribuídos gratuitamente para os beneficiários do Bolsa Família no

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processo de desligamento da TV digital? Nelson Breve - As emissoras comerciais defendem a caixa mais simples e barata possível. Esperamos espírito público, que se pense nas pessoas e não nos negócios. Não esperamos ter veto nem poder de decisão nesse processo, mas esperamos ser ouvidos e levados em consideração. Quando defendemos uma caixinha com interatividade, por exemplo, temos um argumento. O governo pode decidir diferente por outras razões. Mas minha obrigação é não ficar calado e se formos voto vencido, acatamos a posição. Mas se não formos ouvidos, vamos gritar. TELA VIVA -E qual a posição de vocês? Nelson Breve - Primeiro, que antes de uma decisão que afete a

radiodifusão, nós, que somos por lei responsáveis pela operação dos canais do Governo Federal, sejamos ouvidos e possamos ouvir os argumentos contrários. Infelizmente não temos poder de veto e, portanto, não temos nada a negociar. Estamos decidindo o espaço no espectro e a defesa do modelo de TV digital, que tem a interatividade e mobilidade previstas em decreto. Não se pode jogar isso no lixo, porque pode parecer que se enganou a sociedade. A TV pública está dando todos os elementos para que o governo confirme que fez a melhor escolha do padrão de TV digital. Provamos a multiprogramação, provamos que o Ginga é viável, inclusive do ponto de vista do impacto socio-econômico. Vamos aceitar, com argumentos, muita coisa. Mas não vamos aceitar que se coloque dinheiro para financiar a propaganda da TV digital, remunerando as emissoras comerciais, e não se ponha dinheiro na caixa interativa.

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TELA VIVA - E a série C do Campeonato Brasileiro? Vão repetir o modelo esse ano? Nelson Breve -Temos mais um ano de direitos, mas estamos tentando renovar. O esporte é um investimento interessante, faz parte da cultura. O retorno foi muito menos do que o prometido, nem 10%. Então isso vamos colocar na renovação. No curto prazo não tem modelo sustentável, mas no longo prazo pode criar um modelo sustentável. Ano passado não tivemos grandes audiências como tivemos com Santa Cruz e Sampaio Correia. Mas acho que esse ano deve ser mais interessante, e independente disso tem um grande ganho institucional. Queremos tentar jogos de série B, estamos negociando com a Globo alguns direitos que eles não conseguem exibir, como campeonato feminino de futebol, outros esportes.


(entrevista) André Mermelstein

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Portas abertas

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Record está repensando seu posicionamento para enfrentar a nova realidade da mídia, com a fragmentação da audiência e o surgimento de novas plataformas. O superintendente de programação da emissora paulista, Paulo Franco, é um dos que está à frente desta mudança, no chamado Projeto Record 65 Anos (a emissora completa esta idade em 2018). Ele, que teve passagens anteriores por canais como SBT e a própria Record, volta de uma temporada na Fox, onde como responsável pela programação deu um impulso de audiência aos canais pagos. Agora traz parte da experiência da TV por assinatura a uma realidade de broadcast. A estratégia, expressa pelo slogan «Record: aberta para o novo», é criar novas relações em todas as frentes, seja com o público, com os anunciantes, com as outras plataformas e com a produção independente. Em relação aos anunciantes, a emissora vai buscar cada vez mais parcerias com as marcas para a geração de conteúdo (branded content). Quanto aos canais, Franco diz que a Record está disposta a se aproximar das outras plataformas, como Netflix, YouTube e Twitter, e também dos demais canais de TV aberta e por assinatura. Finalmente, em relação ao público, a promessa da Record é de uma maior interatividade. A emissora fechou contrato com a israelense Screenz, cujo sistema já foi usado no reality «A Fazenda», mas agora a 32

foto: marcelo kahn

Paulo Franco, superintendente de programação, fala dos planos da Record para ser uma emissora mais aberta à produção independente e às diversas plataformas. interatividade será levada a toda a programação. Nesta entrevista, Paulo Franco conta como está se dando esta mudança, e como tenta conciliar as necessidades do dia a dia com a dura tarefa de pensar no futuro.

“a estratégia de todos os grandes grupos internacionais é pensar na marca, não só no real time.” •

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TELA VIVA - A TV aberta sempre foi, paradoxalmente, muito fechada, isolada da produção de cinema e TV independente e das outras redes. Isso está mudando? Paulo Franco - É verdade, sempre fomos fechados, veja o modelo da Globo. Só mais recentemente fez parcerias, como a que tem com a O2. O SBT também, acho que a primeira produção aberta foi o “Um contra 100”, formato da Endemol, feito com a Casablanca. Na Record houve uma mudança de postura já na mudança da direção, com um novo perfil de executivo, quando entrou o Marcelo Silva. Quando eu cheguei aqui já senti essa intenção de mudar. O que fiz foi propor uma política mais aberta, aproveitando uma intenção que já existia tanto na direção artística e de programação quando na financeira e na administração da emissora. Já existiam algumas iniciativas, mas não víamos isso como meta, como objetivo de trabalho, pensando no futuro, e também na atual situação econômica do país. Não dá pra querer fazer tudo sozinho. A gente também tinha aquela ideia de que as outras plataformas eram concorrentes. Até o próprio R7 (portal da Record). A gente tinha o catch-up de séries e novelas no nosso próprio portal. Aproveitei o momento e trouxe uma estratégia parecida com

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a que se aplica na Fox, não só no Brasil, mas a estratégia de todos esses grandes grupos internacionais, de pensar na marca. Não só na audiência hoje, no real time. TELA VIVA - E como isso é feito? Paulo Franco - Para o fortalecimento da marca Record, a gente precisa estar em todos os lugares, todas as mídias, plataformas. Pra isso temos que estar abertos a parcerias. Não é só o lado financeiro, de fazer coproduções para ajudar a viabilizar os projetos, mas parcerias porque todo aquele conteúdo que você produz vai ser visto em outros lugares, sem que isso coloque em risco a minha existência, sem que traga prejuízo para o meu negócio. Muita gente ainda pensa assim, que se eu tiver o capítulo da novela ou a série no Now, no YouTube, Netflix etc, eu vou perder com isso. Achamos que não, vamos ganhar com isso, porque no futuro teremos, aliás, já temos, dezenas de janelas. No futuro a TV vai ser mais uma janela, no meio de dezenas. Então qual vai ser o meu diferencial? TELA VIVA -A audiência de TV vem caindo e envelhecendo. Há nessa ideia uma preocupação geracional, de atingir um público que está chegando? Fizeram pesquisas sobre isso? Paulo Franco - Sim. Desde que cheguei aqui pedi cem dias para analisar e mapear o mercado, ver pesquisas sobre o futuro da TV. Vimos o que está acontecendo com a TV aberta nos EUA, que sempre acaba acontecendo aqui com algum delay, cada vez menor. O que a gente entende é isso, a estratégia é trabalhar em três frentes: o ao vivo, a interatividade e o conteúdo original. O ao vivo é o grande diferencial que temos em relação à TV paga e à Netflix, com o jornalismo. Você vê que a Globo também está investindo nisso. Colocaram o “Hora1” a partir das 6h da manhã, uma maratona

de jornalismo, como disse o (apresentador) Chico Pinheiro. Temos que ser “quentes”, nisso a TV aberta ainda é imbatível. A TV por assinatura também faz, mas não tem a mesma estrutura e verbas, então a TV aberta ainda consegue por no ar todo dia muitas horas de jornalismo de qualidade. TELA VIVA - E os outros? Paulo Franco - O outro pilar é a TV aberta conversar com todas as mídias, ter interatividade. Alguns produtos conseguem conversar com o público jovem, como os reality shows. Aqui temos “A Fazenda”. O Ibope ainda não mede essa interatividade, mas a gente vê que durante o programa ficamos em primeiro lugar em interações. Ano passado o programa tinha 35 milhões de pessoas engajadas, enquanto o segundo lugar, o “Legendários”, tinha 5 milhões. Passamos até o “BBB” nesse aspecto. Você vai ver no Twitter, 80% dos assuntos são ligados à TV. Em “A Fazenda” as pessoas participam, mudam as regras, então é uma participação bem intensa. Por isso fechamos parceria com os israelenses da Screenz. TELA VIVA - E o terceiro pilar? Paulo Franco - É a produção de conteúdo original. Aí não é necessariamente nosso, pode ser de uma produtora, a gente pode ter 49%. Não precisa ser feito em casa e nem ser nosso patrimônio. Veja o caso da Fox com “Os Simpsons”. A série pertence à Gracie Films, uma produtora. E é a cara da Fox. Então quando digo que tem que ter conteúdo original, quer dizer criar conteúdos que possam ter várias temporadas e possam virar a cara da Record, que viajem e trafeguem em todas as mídias além da televisão. TELA VIVA - As TVs então serão menos produtoras e mais curadoras e agregadoras de conteúdo? Paulo Franco - Exatamente, como acontece nos EUA. A Fox Studios produz para todos os canais. Claro, pode ser que a gente ainda produza, a gente tem investimento, tem o Rec9 (complexo de produção no Rio de Janeiro), talentos

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contratados. Mas não necessariamente temos que fazer tudo. Novela a gente produz há muito tempo e vai continuar, mas quando falo em conteúdo original, um dos que a gente mais acredita no potencial são as séries. O brasileiro ainda não adotou totalmente este formato, é apaixonado pela novela, mas essa cultura vai acabar chegando aqui. Já chegou pra uma faixa, mas isso vai crescer. Então vamos investir nesses conteúdos originais, que são o contrário do conteúdo “quente” do jornalismo, porque o quente também é perecível. Esse é um conteúdo perene. TELA VIVA - E temos condição pra isso? Paulo Franco - Temos essa preocupação. Produzir coisas que deem certo, deem audiência, e se perpetuem no VOD, viajem para fora. É difícil o conteúdo brasileiro viajar, fora a novela, mas pode acontecer. Veja o que aconteceu com as novelas turcas. Ninguém imaginava, mas é um sucesso no mundo inteiro. Será que a gente não consegue produzir um conteúdo tipo “Seinfeld”, que deixou de ser produzido nos anos 90 e até hoje gera milhões? Não temos condições? Acho que ainda não apareceu no Brasil. Conseguimos um nicho com as séries bíblicas. Fazem muito sucesso no VOD, por exemplo, e vendem bem no exterior. TELA VIVA - Há projetos concretos nesse sentido? Paulo Franco - Temos um projeto chamado “Reinos”, escrito pela Vivian Oliveira, que levamos à Natpe (feira de programação que acontece em Miami em janeiro). É uma espécie de “Game of Thrones” baseada nos Livros dos Reis, da Bíblia. É uma coisa épica, tem batalhas, disputas. Faremos em coprodução, e falada em inglês. Tem valor total de US$ 10 milhões, e já captei US$ 5 com parceiros para produzir.

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( entrevista) O John Garcia, da Warner, me disse que com “look and feel” de novela o programa não viaja mais, não vai pra Europa, então queremos produzir com textura de série, com essa linguagem. TELA VIVA - E para o futuro? Paulo Franco - Para este ano temos programadas quatro séries, e cinco em 2016, uma parte feita em casa, parte buscando parcerias. É um orçamento alto, e na TV ainda não é prioridade. Mas tem que fazer, a quantidade vai trazer qualidade. Ano passado tivemos “Conselho Tutelar”, foi bem de audiência, não é um fenômeno mas foi bem. “Plano Alto” também, vamos fazer a segunda temporada. O modelo é diferente da novela ou do programa de linha. É difícil recuperar o investimento, são poucos episódios, só a primeira exibição não paga, então as emissoras não querem produzir. Mas são conteúdos que se remuneram depois. TELA VIVA - Como isso está sendo operacionalizado? Paulo Franco - Criamos um plano pra isso, com um novo organograma. Criamos um departamento de parcerias e coproduções, sob responsabilidade do Hiran Silveira, que cuida também de aquisições. Fomos para a Natpe este ano com uma intenção diferente dos anos anteriores. Não fui só para comprar, mas para buscar parceiros. Estamos adquirindo menos séries e filmes, que não têm funcionado na TV aberta. Até brincaram que eu tinha virado vendedor, porque levei folders do “Reinos”, “Conselho Tutelar” e “Plano Alto”. Voltei da feira com US$ 5 milhões pro “Reinos” e US$ 6 milhões para as outras duas. Não foi uma venda de “lata” (produto acabado), mas um investimento em coprodução, para as novas temporadas. “Conselho Tutelar” vai custar US$ 6 milhões. US$ 3 milhões vêm da Universal 34

“Estamos adquirindo menos séries e filmes, que não têm funcionado na TV aberta.” Studios e US$ 3 milhões são nossos, com recursos de Artigo 3ª (da Lei do Audiovisual). Ano passado, pra comparar, a gente bancou tudo, parte incentivado, parte dinheiro bom. Assim dividimos os custos e as janelas de exibição. TELA VIVA - Ou seja, estão fazendo o que o mundo inteiro sempre fez. Paulo Franco -Claro. Você olha Hollywood, cada filme tem mil parceiros, sempre fizeram assim. Então quem somos nós? Eles lá são curadores e captadores de recurso. É uma mudança de postura e cultura. Ainda enfrenta algumas resistências, a programação acha estranho exibir logo depois da outra janela... TELA VIVA - E as parcerias com canais pagos? Paulo Franco - Estamos marcando reuniões, já fizemos e vamos fazer mais. Vamos exibir “Na mira do crime”, com a •

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Fox. Fechamos o programa do Buddy Valastro (Confeiteiro americano conhecido pelo reality “Cake Boss”) com a Discovery, em parceria com o Buddy e a Endemol. Todo o mundo ganha. TELA VIVA - Com tudo isso, vocês investiram recentemente em atrações totalmente tradicionais, como Gugu e Xuxa. É uma contradição? Paulo Franco - Por enquanto, e não sei por quanto tempo, se até 2030, ou daqui a dez anos, o que ainda nos traz retorno é a publicidade, e para ter uma fatia do bolo precisa de audiência, e pra dar audiência estes tipos de programa funcionam. Minha preocupação é com o futuro. É um caminho sem volta. O dinheiro pode continuar, até crescer, mas não dá pra só pensar no dia a dia. Então tem que dividir a vida em 50% no dia a dia e 50% pensando no que vai fazer. O Gugu por exemplo entra naquela estratégia de ter conteúdo ao vivo, mais perto do jornalismo e da interatividade.

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REALIZAÇÃO


(fomento)

Cidade em movimento

Spcine lança primeiras linhas de investimento retornável em produção e distribuição, em parceria com o Brasil de Todas as Telas. Ação é a primeira de uma série de políticas prometidas para o setor.

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Os editais valorizam o filme médio, com a ideia de dar mais legitimidade a esse perfil de produção. “Hoje, o filme médio é o grande que não deu certo. Precisamos de um produto pensado para esse porte desde o início. Para criar gradação do filme de nicho ao grande lançamento”, explica o executivo. Em relação ao filme de grande porte, segundo o presidente da Spcine, São Paulo não tem regularidade. “Este é outro desafio importante. A característica da produção de São Paulo está na diversidade e na busca por formatos e o desafio é deslanchar economicamente, buscando uma visão de público com o conceito de autenticidade. É um equívoco acreditar que grandes lançamentos têm que ter baixa qualidade de produção e de roteiro.” Por fim, Manevy aponta um mal-trato ao filme de nicho, “como se não tivesse uma carreira a seguir”. Uma das linhas visa dotar esses lançamentos de uma melhor estratégia. foto: marcelo kahn

Spcine – Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo lançou as primeiras linhas de seu programa de investimento em parceria com o programa Brasil de Todas as Telas, gerido pela Ancine com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual. Nesta primeira fase serão destinados R$ 20 milhões para a produção e distribuição de longasmetragens. Em junho, serão investidos R$ 10 milhões na produção independente para TV, completando o acordo de R$ 30 milhões assinado durante a inauguração da empresa. De acordo com Alfredo Manevy, diretor-presidente da empresa, estas ações constituem o primeiro passo do plano da Spcine para 2015-2016, mas novas ações previstas para este ano terão foco em desenvolvimento de roteiro, circuito de salas, parcerias internacionais, eventos estratégicos do setor, curta-metragem, apoio à film commission, entre outras frentes. “Todos estes pontos são fundamentais. A política deve ser mais ampla que os editais”, diz. Segundo Manevy, as linhas estão baseadas em um novo modelo de financiamento, partindo de uma visão estratégica do setor observando a diversidade, os desafios de mercado, e levando em conta resultados artísticos e econômicos. “Os editais visam promover os projetos de pequeno, médio e grande portes, sem entrar na dicotomia do autoral versus comercial. Estamos lidando com diferente portes de lançamentos. Já no desenvolvimento, os projetos devem ter perspectiva do seu real tamanho e da sua lógica de lançamento”, explica Manevy a TELA VIVA.

Investimento A Spcine participará dos resultados dos investimentos. Uma das maiores mudanças é o abandono do recurso a fundo perdido e a adoção de uma visão de investimento e desenvolvimento da atividade, que levará em conta um maior engajamento nos resultados e, quando for possível, poderá trazer receitas para a própria empresa municipal. Esse é um processo progressivo, que respeita o potencial de cada linha da produção. “Não é possível esperar retorno igual do pequeno e do grande filme. Temos uma perspectiva gradual e responsável. Nos casos dos pequenos e médios, é mais interessante fortalecer a receita líquida do produtor e distribuidor no início e depois, em outras janelas e territórios, a Spcine poderá ter uma participação maior. Já no grande lançamento, é obrigatório o retorno em curto e médio prazo. Isso nos dá uma segurança e gera um compromisso no agente privado. A Spcine terá participação já no theatrical e em posteriores janelas de exploração do conteúdo”, explica. Em levantamento realizado no ano passado, a Spcine mapeou mais de 50 filmes paulistas já finalizados, mas sem espaço de exibição. A pesquisa deu origem ao Programa de Apoio à Comercialização e Distribuição, que investiu R$ 2 milhões no lançamento de 20

“É um equívoco acreditar que grandes lançamentos têm que ter baixa qualidade de produção e de roteiro.” Alfredo Manevy, da Spcine

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longas-metragens em salas comerciais. Segundo a empresa, o atual programa de investimento representa uma evolução do modelo a partir da inteligência geradas no mecanismo.

Como aplicar

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Diálogo O processo de elaboração das primeiras ações contou com a colaboração direta do setor audiovisual. Durante rodadas de conversa realizadas entre janeiro e abril deste ano, a Spcine ouviu e incorporou sugestões para tornar os mecanismos mais efetivos e democratizar o acesso aos recursos. Foi implantado um comitê consultivo para discutir as políticas do setor, algo inédito no Brasil. Além disso, o programa de investimento apresenta outras novidades como o processo de inscrição pela plataforma online SPCultura e a criação da “banca de canais”, ação complementar que deve ajudar a conectar projetos e canais de TV. O grupo, formado por canais de TV, terá acesso aos projetos inscritos na Linha 1, conforme autorização do proponente. Canais devem manifestar interesse na participação, que é voluntária e não gera obrigação para nenhuma das partes. “Os canais começam a mostrar uma predisposição a olhar para a produção de nicho e de filmes de médio porte, para já manifestar interesse em eventuais licenciamentos. É uma aproximação dos canais à produção, envolvendo os canais numa etapa anterior, que pode criar um vínculo maior com o cinema paulista”, diz Manevy. A Spcine também promoverá encontros com rodadas de negócios entre produtores e canais. Projetos A Linha 1 selecionará obras de ficção, documentário e animação com recursos de até R$ 1 milhão para serem realizadas. Serão premiados ao menos um projeto de

ara tornar o processo de inscrição mais eficiente, a Spcine passa a utilizar a plataforma online SPCultura em seus editais. Lançada em 2014 pela Secretaria Municipal de Cultura, a ferramenta incentiva o desenvolvimento de arranjos produtivos locais por meio de um mapeamento colaborativo do cenário cultural paulistano. A empresa lança junto às linhas de investimento um manual ilustrado e workshops presenciais com o passo-a-passo de como inscrever projetos no SPCultura – as datas e local de realização dos workshops serão divulgados em breve. As inscrições para a Linha 1 estão abertas e seguem até 10 de junho. Já as linhas de processo automático (2, 3 e 4) passam por um período obrigatório de publicidade de 45 dias. As inscrições para essas linhas terão início no dia 1º de junho, às 11h. Todas as informações estão disponíveis em www.spcine.wordpress.com/ programasdeinvestimento. Baixo Orçamento de R$ 1 milhão e, no mínimo, dois documentários. A linha ainda premia primeiros ou segundos trabalhos de novos diretores com dois prêmios de até R$ 300 mil cada. O investimento total de R$ 7 milhões representa aumento de mais de 50% em relação a 2014, tomando-se como referência os recursos municipais destinados à produção de filmes. A Linha 2 oferece R$ 3 milhões de investimento em distribuição de filmes de médio e pequeno porte. O objetivo é garantir que os filmes cheguem ao maior número de salas de cinema e levem o maior número de espectadores, com investimento em propaganda e visibilidade dos longas-metragens. Voltada a distribuidoras paulistas, a linha oferece recursos para projetos com lançamento em pelo menos dez salas e em, no máximo, 100 salas de cinema. A Spcine vai investir no mínimo R$ 100 mil por lançamento – com teto de R$ 400 mil para lançamentos de médio porte e teto de R$ 600 mil por distribuidora para assegurar a maior diversidade de

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agentes e proponentes nesse mercado. As Linhas 3 e 4 foram desenvolvidas para longasmetragens com expectativa de grande lançamento em circuito exibidor. Os incentivos têm como foco filmes com previsão de exibição em mais de 200 salas. A Linha 3 concederá até R$ 1 milhão para a produção de longasmetragens com compromisso de lançamento em no mínimo 200 salas e até R$ 500 mil para a produção de filmes com previsão de lançamento entre 100 e 200 salas. Para participar, é necessário que a produtora paulista tenha contrato firmado com uma distribuidora, prevendo investimento de pelo menos R$ 1 milhão em P&A (distribuição e campanha publicitária, na sigla em inglês) e lançamento em número mínimo de salas conforme inscrição. O volume total de recursos é de R$ 6 milhões. Já a Linha 4 é aberta a distribuidoras de todo o país, desde que associadas a empresas paulistas de distribuição. O contrato com a produtora paulista deve prever lançamento em, no mínimo, 300 salas e investimento de R$ 1 milhão em P&A. O valor total da linha é de R$ 4 milhões – até R$ 1 milhão por filme. Os projetos das Linhas 2, 3 e 4 serão apoiados por meio de processo contínuo, que facilita o acesso aos recursos a partir de uma grade de critérios transparente e bem definida. Nele, projetos que reúnam as condições estipuladas pelo regulamento já estarão habilitados a solicitar os recursos da linha. Os valores serão disponibilizados de acordo com a ordem de inscrição. O Programa de Investimento Spcine-FSA inclui ainda uma linha de investimento para a produção de conteúdo para TV a ser lançada em junho no valor de R$ 10 milhões. No total, serão investidos R$ 30 milhões na produção e na distribuição do audiovisual paulista. Fernando Lauterjung


( making of )

Lizandra de Almeida

cartas.telaviva@convergecom.com.br

Manifesto pró-beijo

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nova campanha dos bombons Sonho de Valsa, que há mais de 70 anos se posiciona como o bombom dos namorados, entra ainda mais fundo nesse conceito e apresenta seu ponto de vista atualizado do amor. O filme mostra os mais variados casais se beijando e, enquanto as cenas de beijo se sucedem – um casal de idosos, uma mulher negra grávida e um homem branco, uma mulher ‘executiva’ e um homem tatuado, um homem em uma cadeira de rodas e uma mulher sentada em seu colo, duas mulheres, um casal em casa, uma mulher mais velha do que o homem –, uma voz ao fundo especula: “No que será que eles estão pensando?”. A resposta encerra o filme com o packshot do produto: “Em nada. Pense menos, ame mais”. Para o diretor Enrique Escamilla, mexicano que já viveu muitos anos em Portugal e que fez sua estreia no mercado publicitário brasileiro com este filme, as grandes questões do filme eram o casting e a necessidade de tornar câmera e equipe “invisíveis” na hora de captar cenas de tanta intimidade. Alguns casais eram mesmo casais, outros foram escolhidos no teste de casting e precisaram descobrir sua química especialmente para o filme. Todos os beijos são filmados em vários ângulos, e em geral a montagem mostra a cena de perto e depois o ambiente ao redor. A estratégia do diretor para descontrair e criar intimidade entre os atores foi começar a filmar os planos mais abertos, para aos poucos ir aproximando a câmera. “Quando chegamos realmente perto com a câmera, os casais já estavam mais à vontade”, explica. Os filmes foram captados em várias locações em São Paulo e em 38

Casais se beijando reforçam a posição de bombom dos namorados de Sonho de Valsa.

ficha técnica

um parque de diversões no interior do Estado, com uma equipe bem reduzida justamente para facilitar a mobilidade e a proximidade dos atores. A campanha estreou na TV durante o programa Fantástico, mas continuou na internet. No dia 13 de abril, Dia do Beijo, os fãs da marca também participaram de uma ação interativa com a marca, personalizando os filmes da campanha com sua própria cena de beijo. Os casais enviavam uma foto ou um vídeo de seu beijo e o site gerava um novo filme com a cena personalizada, que era devolvida para o internauta postar nas redes sociais. •

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Cliente Mondelez Brasil Produto Sonho de Valsa Agência Wieden+Kennedy São Paulo Diretores executivos Ícaro Dória, Renato de criação Simões Diretores de criação Otavio Schiavon, Marco Martins Redator Carolina Velloso, Otavio Schiavon Diretor de arte Juliana Leal, Marco Martins Ilustração Arthur Daraujo Produtora Delicatessen Filmes Diretor Enrique Escamilla Diretor de fotografia Carlos Ritter Produtora de som Supersonica Trilha Antonio Pinto Pós-Produtora Pix Post


Combo musical

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série de filmes para TV da campanha “O mundo é dos NETs”, que completa 10 anos, é toda musical, com um quê de peças da Broadway. O filme principal apresenta um espetáculo de dança, com direito a orquestra e coreografia, inspirado no grande coreógrafo Bob Fosse. E as imagens do espetáculo são entremeadas por cenas familiares, de pessoas se divertindo em frente à TV e com os demais serviços da plataforma NET, como telefonia e internet banda larga. “O filme não é exatamente um musical porque nem todos os personagens estão dançando, mas as cenas do musical é que realmente foram um desafio”, explica o diretor Cisma. As gravações do espetáculo foram feitas no Teatro Coliseu, em Santos, fundado em 1897 e reformado em 1924, quando adquiriu a grandiosidade atual. Uma coreógrafa trabalhou ao lado do diretor para criar as cenas de dança e foram necessários três dias de ensaios antes da diária da filmagem para ajustar o tempo e preparar os bailarinos. “Chamamos músicos que já trabalhavam juntos em uma orquestra e fomos desenhando as cenas de dança e as cenas do filme. Quando a coreógrafa me chamou para mostrar o resultado, naquele teatro, com a orquestra e a dança prontos, foi emocionante. Fiquei com vontade de filmar outros musicais”, comenta o diretor. A plateia do teatro foi formada por figurantes, pois o prazo não permitia a criação de uma plateia eletrônica. “A logística de trabalhar com 200 figurantes é sempre complicada. Além de providenciar o figurino e a alimentação para todo

mundo, é incrível como vão surgindo alguns comportamentos típicos de multidão. Primeiro se formam grupos de amigos, às vezes acontecem motins. Nesse caso, tudo transcorreu bem, mas no fim, quando aprovei o último take, todo mundo bateu palmas e saiu. Não deu nem tempo de pensar em refazer alguma coisa”, diverte-se o diretor. A campanha também conta com um filme de apresentação, que teve cenas gravadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Montevidéu, no Uruguai. O filme começa com uma coreografia no Parque da Luz, em São Paulo, e tem várias cenas com efeitos especiais, como estátuas e manequins que se movimentam e cantam e dançam acompanhando o jingle. “Na produção toda, usamos câmera subaquática, gruas e drones”, explica Cisma. “E trabalhamos em grande parceria com a equipe da agência, com liberdade para incluir cenas e dar ideias.” ficha técnica Agência Talent Cliente Claro Produto NET VP de Criação João Livi Direção de Alexandre Nego Lee e Criação Rodrigo Tórtima Criação Alexandre Nego Lee, David Romanetto, Denis Peralta, Guilherme Sakosigue e Philippe Degen Produtora Paranoid Direção Cisma Direção de Will Etchbehere fotografia Diretor de arte Olivia Sanches Montador Lucas Camara Finalizador Tânia Ripardo Produtora de Clan VFX finalização Produtora de Som Sound Design

Série de filmes da campanha da Net remete aos musicais da Broadway.

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(mercado)

Plataforma social

Instituto Alana e Maria Farinha criam ferramenta de VOD para filmes com temática engajada e exibição gratuita.

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que resolvemos arriscar e o resultado foi muito bom, com mais de um milhão de visualizações. Além disso, continuamos recebendo propostas de plataformas online e canais para exibir o conteúdo, mesmo com ele disponível gratuitamente, e a caixa de DVDs que lançamos com os títulos vendeu muito bem”, conta Luana. No caso da Videocamp, a ideia é permitir que os produtores tomem a iniciativa de enviar sua obra para a plataforma.”É possível que a produtora crie um espaço seu, apresentando suas obras dentro da plataforma. Uma vez que elas são enviadas, há uma curadoria para decidir se se encaixam na proposta da plataforma”, conta Carolina Pasquali, diretora de comunicação do Alana. O lançamento da versão definitiva da Videocamp está planejado para agosto. Até lá, instituto e produtora esperam que a plataforma seja capaz de se adequar às necessidades dos produtores, possibilitando diferentes modelos de FOTo: divulgação

m um painel promovido na Casa Brasil no último South by Southwest (SXSW), evento multiplataformas que acontece em Austin, nos Estados Unidos, o Instituto Alana e a produtora Maria Farinha Filmes apresentaram para o público internacional a versão beta da Videocamp. A plataforma, que reúne produções que abordem causas relevantes para a sociedade, conta hoje com 14 títulos em seu catálogo. No Brasil, a Videocamp estreou com uma exibição pública do filme “Quem? Entre Muros e Pontes” promovida em meados de março na CineSala, em São Paulo. Segundo Luana Lobo, sócia e diretora de distribuição híbrida da Maria Farinha Filmes, o objetivo é ajudar as obras a atingir um público maior que aquele encontrado no circuito tradicional de exibição. “Quando alguém faz um filme com uma mensagem, abordando um problema social, contando histórias relevantes, quer que aquilo chegue a um número maior de pessoas. Nós acreditamos na capacidade do cinema e do audiovisual como um todo de mobilizar as pessoas”, diz. A ferramenta inspira-se na historia da própria Maria Farinha Filmes, que já testou métodos de distribuição alternativa nos seus três primeiros longas: “Criança: A Alma do Negocio”, “Muito Além do Peso” e “Tarja Branca”. Os dois primeiros foram até mesmo distribuídos gratuitamente no YouTube. “Quando terminamos a exibição no circuito tradicional, não tínhamos conseguido levar a mensagem para o número de pessoas que gostaríamos. Foi então

Josi Campos, Carolina Pasquali e Luana Lobo, da equipe do Videocamp, no South by Southwest. •

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negócios. “Nossa ideia é entender as necessidades dos produtores. Em alguns casos, pode ser que seja possível tornar o conteúdo disponível de forma gratuita. Em outros, o produtor pode solicitar uma doação ou até mesmo liberar apenas para exibições públicas”, diz a diretora. “A obra não é enviada para nós ou fica sob nosso controle. O objetivo é construir um banco de dados que reúna essas obras para exibição”, conclui. No caso das exibições públicas, a Videocamp ajuda interessados em promovê-las a entrar em contato com o produtor e até mesmo oferece instruções para a organização do evento. A plataforma também trará a funcionalidade call-to-action, com a qual telespectadores podem ajudar na causa abordada, e informações adicionais sobre os temas abordados nas obras. “No momento em que acabamos de assistir uma obra e a mensagem nos toca, temos vontade de fazer algo, agir, mas nem sempre é possível. Essas ferramentas são uma forma de aproveitar essa comoção e permitir que a pessoa ajude”, explica Luana. Segundo ela, a recepção do mercado justifica otimismo. “Fomos muito bem recebidos no SXSW e também no Brasil. A impressão é que muitas pessoas passavam pelo mesmo dilema de não conseguir chegar ao público e nossa proposta apareceu em um bom momento. Já estamos recebendo ligações de produtores nos falando sobre obras que estão finalizando e que dizem ter interesse em participar do projeto”, diz.

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”Missão Extrema” com Karina Oliani

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ruto de parceria entre Discovery e Bossa Nova Films, o formato original “Missão Extrema com Karina Oliani” foi desenvolvido e produzido ao longo de mais de dois anos e suas gravações levaram a equipe da produtora a quatro países da América Latina - Brasil, Perú, Bolívia e Colômbia - ao longo de seis meses. O docu-reality com seis episódios de 45 minutos será protagonizado pela médica Karina Oliani, famosa por ser a brasileira mais jovem a escalar o Everest. Em “Missão Extrema”, a paulistana, que já protagonizou produções para o canal Off, passa por experiências de trabalho árduo. No episódio de estreia da série, por exemplo, Karina enfrenta o desafio de ser a primeira mulher a participar do treinamento da tropa de elite do exército colombiano, na base militar Tolemaida. Nesta primeira temporada, ela também encara dias de pesca artesanal a bordo de uma jangada no litoral cearense, coleta fezes de aves na costa peruana, ajuda a conduzir uma boiada no Pantanal e enfrenta a árdua rotina dos extratores de sal da Bolívia. Segundo Denise Gomes, sócia e produtora-executiva da Bossa Nova Films, a ideia de produzir “Missão Extrema com Karina Oliani” surgiu há mais de dois anos. “Na época, se adaptando à nova lei, a Discovery estava entrando em contato com as produtoras e aprofundando seu conhecimento sobre suas especialidades. Desde então, 42

FOTOs: divulgação

Novo reality de sobrevivência da Discovery foi filmado em quatro países da América do Sul. Formato original foi desenvolvido em parceria com a Bossa Nova Films.

Na atração, a médica paulistana Karina Oliani passa por experiências de trabalho árduas. sabíamos que eles tinham demanda por projetos de realities de sobrevivência, mas precisávamos encontrar um protagonista compatível. O Lawrence Wahba, que já havia trabalhado com a gente, indicou a Karina e foi só então que conseguimos desenvolver um formato ao seu redor”, diz. Ao lado de Margarida Ribeiro, Denise assumiu a produção executiva da atração, que contou com direção de Eduardo Rajabally e Pedro Ianhez. Michela Giorelli e Rafael Rodriguez supervisionaram a série pelo Discovery. Entre pesquisa, préprodução, gravações e pós-produção, a Bossa Nova Films trabalhou ao longo de um ano e meio no projeto da série. Ao longo de seis meses uma equipe de gravação com oito profissionais visitou todas as seis locações. Produto nacional, padrão internacional “É um projeto que levou bastante tempo e demandou bastante investimento. •

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A Discovery tem uma história muito grande com realities de sobrevivência, e trabalhamos muito perto com a produtora para passar nosso conhecimento e ter certeza que estaria adequado aos nossos padrões e ao estilo do canal. Combinamos personagens e temas regionais com nossa expertise internacional”, diz Michela Giorelli, vice-presidente de produção e desenvolvimento da Discovery. Segundo a executiva, a adequação ao modelo internacional de produção aumenta o potencial de exportação da atração. Além disso, diz, o fato de trazer cenas gravadas em diferentes países também torna o conteúdo mais atrativo para o mercado internacional. A expectativa da programadora é levar “Missão Extrema com Karina Oliani” para seus canais em outros países, principalmente na América Latina. “O objetivo principal é fazer um bom programa para o mercado

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brasileiro, mas sempre que produzimos algo pensamos em seu potencial de viajar para outros países. Além disso, sabemos que esse tipo de reality de sobrevivência funciona muito bem em todos os países onde atuamos”, diz Giorelli “Já mostramos para nossos parceiros em outros países e a recepção é sempre muito boa. No entanto, dependemos sempre do resultado local para levarmos a atração para fora do país. O potencial existe, agora só dependemos da recepção do público”, conclui. Para Denise, da Bossa Nova, o desenvolvimento de formatos próprios alinhados a padrões reconhecidos internacionalmente é indício da maturidade da produção audiovisual brasileira e pode constituir a principal vitrine do setor no exterior. “É importante desenvolver formatos próprios como o dessa série, pois isso serve como uma vitrine do nosso trabalho e do nosso potencial em outros países. Hoje a lei dá um impulso importante para o mercado, mas é importante que encontremos um modelo sustentável independente, de forma que canais e produtoras venham procurar nossos serviços sem outros incentivos”, conclui Denise. Domingos Extremos A nova série nacional fará parte do bloco de programação “Domingos Extremos”, que irá ao ar aos domingos das 20h40 às 23h10. O conteúdo do bloco inclui novas séries com personagens já conhecidos do público, como o especialista em sobrevivência Bear Grylls, e outras produções inéditas protagonizadas por aventureiros. “O canal vem agrupando suas produções em blocos divididos por gênero para que o público encontre com mais facilidade as atrações que deseja e os resultados vem sendo positivo. As ‘Terças de Aventura’ e as ‘Sextas de Motores’, por exemplo, tornaram-se marcas conhecidas do canal. Pensando em novidades que estão sendo apresentadas e outras

expedição ao Brasil, percorre trechos da floresta amazônica, apresenta algumas de suas riquezas e interage com a fauna local. Na sequência, o canal exibe “Missão Extrema com Karina Oliani”, às 21h30, e “Celebridades à Prova de Tudo” (“Running Wild with Bear Grylls”), às 22h20. A nova série de seis episódios traz o especialista em sobrevivência Bear Grylls (de “À Prova de Tudo” e “Sobrevivendo com Bear Grylls”) contracenando com convidados famosos, como os atores Zac Efron, Ben Stiller, Channing Tatum e Tom Arnold. Bear passa um fim de semana ao lado de cada celebridade e, no decorrer da aventura, em meio à natureza, tira o convidado de sua zona de conforto.

Gravações levaram a equipe da Bossa Nova Films a quatro países na América Latina – Brasil, Perú, Bolívia e Colômbia. que ainda estão por chegar, decidimos lançar outra noite temática”, diz Monica Pimentel, vice-presidente de conteúdo da Discovery Brasil. “Perdido na Amazônia” (“Wild Frank”) abrirá o bloco, às 20h40. A nova série de cinco episódios será comandada pelo ex-tenista espanhol Frank Cuesta, hoje herpetologista. Irreverente e bemhumorado, Frank, em sua primeira

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Ficha técnica

Sinopose: Em “Missão Extrema com Karina Oliani”, a médica paulistana, que já protagonizou produções para o canal Off, passa por experiências de trabalho árduo.

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Produção BossaNovaFilms Produção Executiva Denise Gomes e Margarida Ribeiro Discovery Michela Giorelli e Rafael Rodríguez Direção Eduardo Rajabally e Pedro Ianhez Diretor de fotografia Dado Carlin Trilha Diogo Poças Pós produção Quanta Pos


(fornecedores)

Fernando Lauterjung

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Leque aberto AD-Digital anuncia três novas unidades de negócios, entrando com força no mercado TI. Proposta é integrar TI nos grupos de mídia e atuar nos mercados de educação, corporativo e governo.

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completamente nova, junto a grandes empresas, governo e educação nas áreas específicas de TI. Mas as duas áreas de atuação - TI e mídia - se ajudam e retroalimentam. “Até agora, nunca atuamos na área de TI dos grupos de mídia. Temos um know-how que as outras empresas fornecedoras de projetos de TI não têm sobre este mercado”, diz Daniela. “A TI ajuda a juntar todas as pontas de grupos de mídia em um media center”, completa a executiva, lembrando que grande parte dos grupos são multiplataformas, atuando em mídia impressa, online, rádio e TV. Para Hugo Carvalho, diretor de serviços da empresa, é rara a integração entre as empresas destes grupos. “Os grupos de mídia pagam um alto custo pela falta de integração entre as redações e as diversas áreas de conteúdo”, afirma. Mídia universal A especialização em mídia também abre novas oportunidades para a empresa nos clientes e potenciais clientes onde só teria entrada por suas soluções em TI. O portfólio divulgado da “nova AD Digital”, como está sendo chamada pelos executivos, contempla soluções para suportar toda a infraestrutura de TI e comunicação das empresas. O conceito adotado como um dos pilares da estratégia de crescimento da integradora foto: divulgação

AD-Digital passou recentemente por uma reestruturação, ampliando a sua atuação com três outras unidades de negócios e, com isso, aumentando o seu leque. A mudança reflete a chegada do novo presidente da empresa, Jorge Hassen, que foi presidente de 1996 até 2010 da Telsinc, antes de a companhia ser vendida para a SondaIT, onde assumiu a posição de vice-presidente de plataformas. As novas unidades de negócios são cloud, professional services e tecnologia da informação. A ampliação do portfólio visa atender mais fortemente os mercados de educação, corporativo e governo, além de crescer a participação no mercado de mídia e entretenimento. A meta é alcançar um faturamento de R$ 150 milhões até 2017. “Com a chegada dos novos sócios, juntamos um conhecimento grande em TI e em mídia. Sabemos onde há sinergia”, diz Daniela Souza, diretora executiva e fundadora da AD-Digital. Além de Hassen, a AD trouxe como sócios Hugo Carvalho, que nos últimos 20 anos tem desenvolvido serviços e soluções de TI para o mercado brasileiro e latino-americano em empresas como Telsinc e SondaIT; Hugo Nascimento, que atua há 16 anos no mercado de vídeo, tendo participado do desenho e implantação das principais redes de TV do Brasil, headends para operadoras de TV por assinatura, estações de uplink e transmissão de rádio enlaces para contribuição entre emissoras filiadas de radiodifusores em diversos países. A diretora de marketing da empresa, Sonia Poloni, também se junta à sociedade. Segundo Daniela, a AD-Digital passa a atuar em uma área

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de sistemas para 2015 é o de que toda empresa é uma empresa de mídia. “O vídeo é hoje a grande estrela dos formatos de comunicação digital. As marcas que abraçarem os novos modelos digitais estão melhor posicionadas para entregar experiência de branded content à sua audiência, oferecer conteúdo Premium, produtos licenciados, integrar o conteúdo com o e-commerce, criar o próprio Youtube ou Netflix. Muitos executivos de comunicação já perceberam o potencial disto”, explica Daniela. Segundo a empresa, o vídeo está presente em todas as indústrias. No mercado educacional, com o ensino à distância através de videoaulas; na indústria de saúde, no processamento de imagens, telemedicina e telesaúde; em telecom, com os serviços de TV, IPTV, VOD, mídia out of home e digital sign; no governo com a gravação de audiências, vídeo vigilância, centros de astrofísica, imagens de satélites, dentre outras aplicações. Já no ambiente corporativo o vídeo já esta presente em soluções para colaboração e para treinamentos à distância. “As soluções de vídeo são usadas em diversas áreas das empresas, que podem ter uma solução profissional de criação de conteúdo, com a conta dividida entre TI, recursos humanos e marketing, por exemplo”, explica Daniela. Hugo Nascimento, diretor de pay-TV/telecom, Sonia Poloni, diretora de marketing e cloud, Hugo Carvalho, diretor de serviços, Daniela Souza, diretora executiva, e Jorge Hassen, presidente, são os sócios na nova AD-Digital.

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( upgrade )

Fernando Lauterjung

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Três polegadas

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Sony apresentou no NAB Show, que aconteceu em abril, em Las Vegas, a tecnologia 4K “das lentes à sala de estar”, com soluções para a produção até os modelos de TV em ultraalta definição. A grande novidade no evento foi a câmera de estúdio HDC-4300, com três sensores de 2/3” trabalhando em 4K. Para a fabricante, o modelo será um dos grandes destaques na infraestrutura das produções de eventos esportivos em 4K. A série HDC tem a capacidade de usar as lentes zoom de grande atualmente empregadas em sistemas HD de 3”, mantendo a profundidade de campo adequada para mostrar toda a ação na transmissão de eventos ao vivo. Os já existentes viewfinders e sistemas de controla da série HDLA-1500 são intercambiáveis ​​ entre os sistemas HD e 4K, fazendo com que operadores possam manter a sua abordagem para eventos ao vivo - incluindo ângulos de câmera, faixas de zoom e íris - com uma câmera já familiar. A HDC-4300 opera em 4K ou HD, com slow-motion de duas ou três vezes como padrão e altas velocidades disponíveis - até oito vezes, para produzir replays de alta qualidade e os efeitos do programa especialidade.

4K com slow

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Grass Valley apresentou no NAB Show, em Las Vegas, sua solução para fluxo de trabalho baseado em IP para conteúdo em 4K. O destaque foram as câmeras para esportes LDX 4K. Segundo a fabricante, a LDX 86 traz a mesma capacidade de zoom e profundidade de campo das câmeras HD. Estas características são fundamentais para a captação de eventos esportivos, permitindo que os operadoras de câmera mantenham o enquadramento ao qual estão acostumados, bem como a mesma profundidade de zoom e a mesma sensibilidade dos equipamentos HD. O equipamento tem suas características definidas por software, podendo ser usado para HD, 4K ou 6x (para slow-motion em ambas as definições). O cliente pode comprar a licença para qualquer uma das operações, podendo, inclusive, contratar o upgrade.

Fotos: divulgação

A HDC-4300 opera em 4K ou HD, com slow-motion de duas ou três vezes como padrão e altas velocidades disponíveis - até oito vezes.

LDX 86 traz a mesma capacidade de zoom e profundidade de campo das câmeras HD.

Cinema compacto

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Blackmagic Design lançou a câmera de cinema digital Ursa Mini. Equipada com um sensor de imagem 4.6K, a câmera traz obturador comutável e um viewfinder de 5”, além de gravador em formato RAW e Apple ProRes. A Ursa Mini está disponível em quatro modelos, com duas opções de montagem de lentes (EF ou PL) e dois sensores (4K ou 4.6K). Os preços para a Blackmagic Ursa Mini começam em US$ 2.995 FOB, para o modelo 4K EF. O sensor de 4.6K com 15 stops de gama dinâmica permite capturar imagens cinematográficas, enquanto tamanho compacto da câmera é perfeito para sessões individuais ou equipes menores. O equipamento inclui auxiliar de foco, medidores de nível de áudio, gravadores para RAW e ProRes, microfones estéreo e uma tela retrátil de 5 polegadas que pode ser usada como um monitor.

Ursa Mini está disponível em quatro modelos, com duas opções de montagem de lentes (EF ou PL) e dois sensores (4K ou 4.6K). T e l a

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( agenda ) OUTUBRO

3 e 4 – Mip Junior, Cannes, França. www.mipjunior.com 5 a 8 – Mipcom, Palais des Festivals, Cannes, França. www.mipcom.com

MAIO

5 a 7 Intx – The Internet & Television Expo, Chicago, Estados Unidos. www.intx15.ncta.com E-mail infointx@ncta.com

junho 23 - Brasil VOD 2015, São Paulo, SP. Os serviços de vídeo on-demand (VOD) estão crescendo em todo o mundo, e particularmente no Brasil, tanto na modalidade de assinatura (SVOD) quanto transacional (TVOD) e gratuito (FVOD). O evento procura apontar os desafios à frente deste segmento e debater os diferentes modelos e possibilidades de negócios oferecidos por estas plataformas, com a presença dos principais players do mercado brasileiro. www.convergecom.com.br/eventos E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

13 a 24 – Festival de Cannes, Cannes, França. www.festival-cannes.com/pt.html#. Tel: 33 (0) 1 53 59 61 00

JUNHO

8 a 13 – 38º Festival Guarnicê de Cinema, São Luiz, MA. www.cultura.ufma.br/37guarnicedecinema/ 18 a 24 – Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema, Fortaleza, CE. www.cineceara.com. E-mail: contatos@cineceara.com. Tel: +55 (85) 3055-3465. 18 a 27 – Festival Internacional de Cinema Lima Independente, Lima, Peru. www.limaindependiente.com.pe. E-mail: limaindependiente@gmail.com

www.labiennale.org/en/cinema/71st-festival/ E-mail: info@labiennale.org

SETEMBRO

10 a 15 – IBC 2015, Amsterdã, Holanda. www.ibc.org/page.cfm/link=7. E-mail: sales@ibc.org

22 a 25 – NATPE, Praga, República Tcheca. www.natpe.com/market. E-mail: rperth@natpe.org

15 e 16 - 15º Congresso Latino-Americano de Satélites, Rio de Janeiro, RJ. www.convergecom.com.br/portal/ eventos/satelites E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

NOVEMBRO

4 a 11 American Film Market, Santa Monica, Califórnia. http://www.americanfilmmarket.com/ E-mail: AFM@ifta-online.org 6 a 13 TELAS - Festival Internacional de Televisão de São Paulo, São Paulo, SP. www.convergecom.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028. 9 e 10 Fórum Brasil de Televisão, São Paulo, SP. www.convergecom.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

AGOSTO

AGOSTO

5 a 15 – Festival de Cinema de Locarno, Locarno, Suíça. www.pardolive.ch. E-mail: pardotickets@pardo.ch.

4 a 6 - Feira e Congresso ABTA 2015, São Paulo, SP. Evento traz debates sobre os rumos do mercado de TV por assinatura, com foco na inovação em serviços de vídeo. Destaque para novas tecnologias e soluções de distribuição de VOD, IPTV, plataformas over-the-top (OTT), publicidade, satélites, TI, e inovações na distribuição de conteúdos lineares e em alta definição. Web: www.abta2015.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

7 a 15 – Festival de Cinema de Gramado, Gramado, RS. www.festivaldegramado.net/inscricao/index.php. E-mail: festivaldecinema@gramadotour.com.br

23 a 27 – Set Expo 2015, São Paulo, SP. www.setexpo.com.br/2015/. E-mail: comercial@set.org.br 27 a 6/9 – Festival Internacional de Cinema de Veneza, Veneza, Itália.

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