Tela Viva - 254 - Jan/Fev 2015

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 24_#254_jan/fev2015

SÃO PAULO EM QUADRO Com aportes do município, do Estado e da Ancine, Spcine começa a operar e quer ser modelo no estímulo à produção e distribuição audiovisual. POLÍTICA Regulamentação da comunicação eletrônica volta à pauta do governo

DESCENTRALIZAÇÃO Entidades e FSA já investiram R$ 100 mi em produções regionais


A Pay-TV brasileira acaba de ganhar muito mais tempero. Food Network, um dos 10 canais mais assistidos nos Estados Unidos, chegou ao Brasil trazendo um conteúdo focado em lifestyle e gastronomia. São 24 horas seguidas de uma programação divertida e inovadora, incluindo produções brasileiras. Deu água na boca? Ligue já para sua operadora e experimente essa deliciosa receita de sucesso. www.foodnetwork.com.br /FoodNetworkBR

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Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski

André Mermelstein

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Dez anos

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André Mermelstein Fernando Lauterjung Leandro Sanfelice Lúcia Berbert (Brasília) Lizandra de Almeida (colaboradora) Letícia Cordeiro Edmur Cason (Direção de Arte) Bárbara Cason (Web Designer) Lúcio Pinotti (Tráfego/Web) Wilson Dias (colaborador) André Ciccala (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Gislaine Gaspar (Gerente) Gisella Gimenez (Gerente) Julia Poggetto (Assistente) Claudia Tornelli Zegaib (Gerente) Marcelo Pressi (Gerente) 0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

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á ouviu falar em mukbang? É um fenômeno na Coreia do Sul. Também conhecido como “food porn” coreano, consiste em pessoas que simplesmente comem em frente às câmeras. Algo como “alimentação explícita”. A modalidade tem até seus superstars. Park Seo-yeon, ou The Diva, como é conhecida, fatura mais de R$ 20 mil por mês para comer na frente de seus mais de 45 mil seguidores e de espectadores eventuais. Seu vídeo mais popular teve 677 mil visualizações, e é um clipe com mais de uma hora de duração! Há ainda algumas dezenas de populares BJs (broadcast jockeys), como são conhecidos, como o BJ Sof, um chef de cozinha que se promove através de seu canal online, com mais de 250 mil seguidores. O que dizer então de Júlia Silva? É uma garotinha de nove anos de idade do interior de Minas Gerais. Seu canal tem mais de 260 mil seguidores, e seu vídeo de maior sucesso até o momento teve 4,3 milhões de visualizações. Trata-se da menina dando banho e comidinha para suas bonecas. Isso sem falar em marcas cuja fama já passou as barreiras (barreiras?) da Internet, como o Porta dos Fundos e o Machinima. Este último, um canal especializado em games e cultura nerd, tem “apenas” 12,3 milhões de seguidores e vídeos com mais de 20 milhões de views, e acaba de receber novo aporte de investimentos de US$ 24 milhões da Warner e outros grupos. São alguns dos milhares de exemplos de conteúdos ultrassegmentados que se encontra hoje em plataformas como o YouTube, que completa dez anos. Em um período tão curto, a ruptura foi grande. Se antes disso falar em segmentação significava ter canais dedicados exclusivamente a um gênero como animação, filmes ou notícias, pela primeira vez agora o espectador pode realmente ver aquilo que deseja, por mais bizarro que pareça. A mídia tradicional vem tentando entender este movimento, e até copiá-lo. Até pouco tempo atrás dizia-se que a Internet só reproduzia os conteúdos da TV. Hoje é comum ver conteúdos do YouTube sendo exibidos, mesmo que com baixa qualidade técnica, em programas de TV. E mais: a rede já tem seu próprio star system, que não é controlado por ninguém, mas tem vida própria. Algumas personalidades da Internet já causam tanto interesse do público quanto um ator de novela ou cinema. O surgimento do YouTube abriu uma caixa de Pandora, e revelou a nós mesmos que há muito mais coisas que gostaríamos de ver do que aquilo que nos era apresentado. Os resultados desta descoberta ainda estão por ser sentidos em toda a cadeia de valor tradicional. Quem adivinhar como estarão as coisas nos próximos dez anos ganha um doce.

capa: editoria de arte cvg sobre imagens de: alexdrim (fundo); yui (bandeira SP); Filipe Frazao (edifício copam; monumento às bandeiras e estação da luz); casadaphoto (museu do ipiranga); Thiago Leite (masp); AFNR (teatro municipal de são paulo)

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(índice ) 14

scanner 6 figuras 12 audiovisual 14 Spcine nasce com a missão de desenvolver a indústria em São Paulo

política cultural 20 Juca Ferreira volta ao MinC com promessa de reforma na legislação de direito autoral e de incentivos

política de comunicação 24 Veja um histórico do debate sobre a regulação econômica da mídia no País

evento 26 Seminário de Políticas de (Tele)comunicações apresenta o cronograma para o desligamento da TV analógica

regulamentação 28 20

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PL pode criar must-carry inviável na TV paga de todos os canais abertos

programação 30 Compra do Esporte Interativo pela Turner cria mal estar do grupo estrangeiro com radiodifusores e reguladores

making of 32 case 34 Série para a Record aposta em tecnologia 4K como diferencial no mercado internacional 36

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case 36 Canal sobre automobilismo e carros no YouTube usa publicidade nativa para se viabilizar

produção 38 Editais do FSA já disponibilizaram mais de R$ 100 milhões para projetos locais

upgrade 41 agenda 42 Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 4

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Nave-mãe A consolidação entre as empresas do grupo América Móvil prevê que as três empresas (Embratel, Claro e Net) sigam funcionando de maneira autônoma. Mas algumas mudanças importantes do ponto de vista operacionais estão acontecendo nesse processo, e isso, naturalmente, está levando a uma reorganização de funções e tarefas entre as empresas. A mudança mais relevante até aqui é a incorporação dos serviços de telefonia fixa aos negócios da Net. Desde que foi lançado, em 2004, o NetFone era um produto Embratel, prestado mediante contrato pela Net Serviços. Agora, o serviço passa a ser totalmente gerido, faturado e administrado pela Net, juntamente com os demais serviços residenciais (banda larga e TV por assinatura) Havia uma área cinzenta nesse processo que era a operação de DTH da Claro hdtv. Trata-se de uma operação grande (é a terceira maior operação de TV paga do Brasil, atrás apenas da Net e da Sky) que começou sob a Embratel e no ano passado foi para a Claro. Formalmente, o negócio

Expansão

Anatel, com forte impacto nos resultados do setor no ano, que caminhava para crescer mais de 10%, foi a Claro hdtv, que teve um crescimento líquido negativo de 395 mil assinantes em dezembro.

De acordo com levantamento da Anatel, a TV por assinatura fechou 2014 com 19,58 milhões de assinantes, um crescimento de 8,65% em relação aos 18,02 milhões de assinantes no final de 2013. O crescimento ainda é substancial, mas bem menor que o apresentado em 2013, quando o setor cresceu 11% – e que já foi o menor índice de crescimento registrado desde 2005, quando o mercado se expandiu 9%. A grande surpresa dos dados da

Limpeza na base Segundo apurou TELA VIVA, esse número reflete, na verdade, uma limpeza na base feita em função de inadimplência. Em nota, a operadora confirmou. A Claro já vinha reportando um número "limpo" para os programadores, na expectativa de conseguir recuperar esses clientes sem a necessidade de fazer o ajuste na Anatel, já que eram assinantes ainda com os equipamentos instalados, mas como o crescimento em 2014 frustrou as expectativas, a operadora decidiu fazer o ajuste de

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segue debaixo da Claro, mas há mudanças: toda a parte de desenvolvimento de produto e contratação de programação são agora responsabilidade da Net, e mesmo as vendas ficam sob a responsabilidade da operadora de cabo onde houver sobreposição de operações (áreas cabeadas), onde a prioridade é pela oferta de serviços com a infraestrutura fixa. Um dos aspectos mais importantes de uma operação de DTH é a relação com os representantes e canais de venda e com a equipe de instalação. A Net também passou a ter acesso à rede de canais de venda da Claro hdtv. A Claro também comercializará o serviço de TV paga via satélite, mas apenas nas áreas onde a Net não está presente. Também fica sob a responsabilidade da Claro o serviço Livre (de acesso banda larga e telefonia por WLL, que antes era da Embratel), além do Claro Fixo prestado pela rede 3G e 4G da própria operadora. E a Claro tem acesso aos canais da Net para venda de seus serviços móveis (como pode ser observado na oferta combinada de serviços). Já a Embratel ficou com atuação restrita ao mercado corporativo.

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uma vez, o que levou a operadora a fechar o ano com 3,382 milhões de clientes, com queda de 6% no ano. A Net Serviços manteve o ritmo de crescimento no mês de dezembro, adicionando cerca de 70 mil clientes e crescendo no ano 12%. Ao todo, as operações do grupo Telmex no país fecharam o ano com 10,182 milhões de clientes em TV paga. De acordo com os dados da agência, 29,84% dos lares brasileiros contavam com o serviço no final de 2014. Mesmo com a redução apresentada em dezembro, a Telmex fechou o ano com participação de 51,9% de mercado, seguida pela Sky, com 28,8%; Oi, com 6,65%; GVT, com 4,5%; e Telefônica, com 3,93%. Big Brasil, Algar, NossaTV, Cabo e Copel ficaram com 0,78%, 0,62%, 0,63%, 0,25% e 0,02%, respectivamente. Outros grupos fecharam o ano com 1,81%. Entre os destaques de crescimento do mês de dezembro estão a Oi, que ampliou sua base em quase 100 mil assinantes, para 1,3 milhão de clientes, e a Net Serviços. As demais operadoras ficaram estáveis.

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Hashtag O Ibope Media e o Twitter lançaram novo produto do Ibope Twitter TV Ratings (ITTR), o Public ITTR. O produto, que faz parte de um conjunto de métricas da repercussão do conteúdo televisivo no ambiente digital, é um ranking semanal que traz os programas de televisão de maior destaque na plataforma. O ranking é determinado pelas dez exibições com maior número de impressões reais – métrica exclusiva desta parceria, que contabiliza a quantidade de vezes em que os tweets sobre um programa foram visualizados. O Public ITTR também aponta a audiência única, que reporta a quantidade de pessoas que viram pelo menos um tweet relacionado a determinado programa no momento de sua exibição. Além dessas, a solução traz ainda o total de tweets e autores únicos. A princípio, o ranking considera os programas das emissoras de TV aberta de cobertura nacional. Em seguida, serão incluídos os canais de TV por assinatura. Ao longo do primeiro semestre de 2015, outras duas soluções serão comercializadas no mercado brasileiro: o ITTR MW, que disponibiliza as variáveis do Twitter no software de medição de audiência de TV, e o ITTR Premium, que mapeia a interação do usuário do Twitter com os conteúdos televisivos, contemplando indicadores demográficos, autores mais influentes e principais mensagens sobre os programas de TV. Também será lançada no Brasil a quarta solução, o Real Time ITTR, que reportará, em tempo real, a repercussão no Twitter junto à audiência televisiva. T ela

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Novidade na vila Com investimentos de R$ 3 milhões, os sócios Emerson Pimenta, Carlos Valladão e Edgard Soares Filho inauguraram, em um terreno de 1,5 mil m² na Vila Leopoldina (São Paulo), o Big Box Estúdios. Manoel Rangel O espaço oferece dois estúdios para locação. O maior com 320 m² (16 m x 20 m), e outro com 170 m² (10 m x 17 m). Os sócios tem ainda um terceiro estúdio, no bairro de Perdizes, com 144 m² (12 m x 12 m). Ao redor dos estúdios 1 e 2, o Big Box conta com espaços para reuniões, salas VIP com frigobar e adega, camarins, salas de produção, refeitórios e escritórios autônomos. O estúdio também abriga duas unidades autônomas para locação de equipamentos com câmeras e iluminação. A ideia de criar o estúdio, diz Soares, surgiu há dois anos, devido à demanda crescente do mercado. O projeto é do escritório Spinazzola e Gitahy Arquitetura, que tem em seu portfolio obras como o Museu do Futebol e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e a Casa Daros e o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Velha guarda A Kodak seguirá fornecendo película para Hollywood. A empresa anunciou no início do mês que firmou contratos de fornecimento de filme com os seis principais estúdios: 20th Century Fox, Walt Disney Co., Warner Bros. Entertainment Inc., NBC Universal Inc., Paramount Pictures Corp. e Sony Pictures. A Kodak tem se empenhado em convencer cineastas, estúdios, artistas independentes, empresas de produção, e os laboratórios para permitir que o filme continue sendo um suporte fundamental. Os acordos anunciados tornam possível para Kodak continuar fabricando filme de cinema enquanto desenvolve novas tecnologias de produção cinematográfica.

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Netkoff/shutterstock.com

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), gestora da TV Brasil, lançou uma divisão dedicada ao licenciamento de conteúdo. O catálogo terá 32 obras produzidas ou coproduzidas pela empresa com produtores independentes brasileiros e canais internacionais. Entre os principais títulos estão "Descalço sobre a Terra Vermelha", série que conta em três episódios a vida do bispo emérito de São Félix do Araguaia, e programas como "Expedições", "Nova África", "BR 14, a rota dos imigrantes", "Caçadores da Alma" e "Salvos da Extinção". Animações infantis que integram a "Hora da Criança", faixa com cerca de sete horas diárias de programação infantil, também estão no catálogo. São animações como "Tromba Trem", "Carrapatos e Catapultas" e "Igarapé Mágico". Em comunicado, a EBC também anunciou que lançará um portal com catálogo online. No site será possível assistir trechos das obras comercializadas.

foto: divulgação

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fotos: divulgação

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Fim

Só no digital A Vice trará mais dois de seus canais ao Brasil este ano: o Munchies, sobre comida e gastronomia, e o Vice Sports. Na prática, significa que a empresa vai adaptar conteúdos internacionais destes canais e também produzir localmente para eles. A Vice é uma das maiores empresas globais de conteúdos digitais, presente em 34 países, e que já conta no Brasil com versões locais dos canais Noisey, de música, Motherboard, de tecnologia e Thump, de música eletrônica. A plataforma tem cerca de dois milhões de usuários únicos no país.

Abertura

Buddy Valastro, estrela do novo reality show da Record.

A Record está repensando seu posicionamento para enfrentar a nova realidade da mídia, com a fragmentação da audiência e o surgimento de novas plataformas. O superintendente de programação da emissora paulista, Paulo Franco, deu as linhas gerais desta direção na apresentação da programação de 2015 da rede, feita no início de fevereiro a anunciantes, afiliados e jornalistas. É o que se está chamando internamente de Projeto Record 65 Anos (a emissora completa esta idade em 2018). Segundo Franco, a ideia parte do princípio de que a TV tem que ser aberta não apenas em relação à transmissão, mas em outras três frentes: anunciantes, canais e público. Em relação aos anunciantes, significa dizer que a emissora vai buscar parcerias mais próximas com as marcas para a geração de conteúdo (branded content), em vez de apenas veicular comerciais. "Queremos tratar o cliente não só como investidor, mas como coprodutor", disse. Quanto aos canais, Franco diz que a Record está disposta a se aproximar das outras plataformas, como Netflix, YouTube e Twitter, e também

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dos demais canais de TV aberta e por assinatura. "Pensávamos os outros veículos como concorrentes ou inimigos, mas agora queremos nos aproximar, inclusive das próprias emissoras", disse, lembrando que já há uma parceria por exemplo para a entrada no Brasil do grupo alemão Gfk, concorrente do Ibope. Finalmente, em relação ao público, a promessa da Record é de uma maior interatividade. A emissora fechou contrato com a israelense Keshet, detentora de formatos como "Superstar", e especializada em interatividade. O sistema da empresa já foi usado no reality "A Fazenda", mas agora a interatividade será levada a toda a programação. O posicionamento está expresso no novo slogan adotado pela empresa: "Record: aberta para o novo". No evento, a Record apresentou suas novidades para 2015. A apresentadora

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Notícia triste para o cinema nacional. O Labo Cine deve fechar as suas portas nos próximos meses. De acordo com matéria do jornal O Globo que apontou o fechamento do laboratório para março, 95% do faturamento da empresa vinha das cópias em película, e o restante do trabalho de pós-produção dos filmes. Com o iminente fim da distribuição em película, a empresa perde a sua principal fonte de faturamento. O Labo Cine começou no início da década de 40, chamado Laboratório Odeon.

Xuxa não apareceu, pois seu contrato com a casa ainda não foi assinado, mas é dada como certa pelos executivos. O destaque foi o americano Buddy Valastro, estrela do reality "Cake Boss", transmitido no Brasil pela Discovery e que juntou milhares de fãs quando veio ao país no ano passado. Ele está sendo trazido pela Endemol Brasil para um reality no país, ainda em desenvolvimento. A ideia é que confeiteiros brasileiros concorram, sob supervisão de Valastro, a um prêmio inédito: ser sócio na primeira filial da confeitaria Carlo's Bakery fora dos EUA (a ser aberta em São Paulo). O reality não vem de nenhum formato internacional da Endemol. Está sendo integralmente desenvolvido no Brasil pela equipe local da empresa, que também será a produtora do programa. Outro destaque importante da Record para 2015 é a primeira novela baseada em um texto bíblico no mundo. Dando sequência às miniséries sob o tema que vêm marcando a programação da emissora, "Os Dez Mandamentos" é uma superprodução, com cenas gravadas no deserto do Atacama, no Chile, e no Egito, e efeitos especiais finalizados nos EUA.

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O Ibope Media atualizou o número absoluto por ponto de audiência para 2015. Na Grande São Paulo, o universo aferido pelo instituto é de 6.711.263 domicílios e de 19.816.155 indivíduos. Cada ponto nesta região equivale a 67.113 domicílios e 198.162 indivíduos. No Grande Rio de Janeiro, o universo é de 4.229.256 domicílios e 11.627.962 indivíduos, enquanto no Painel Nacional de Televisão o universo é de 23.339.996 domicílios e 67.721.049 indivíduos.

Banda larga de verdade A Federal Communications Commission (FCC), órgão regulador das comunicações nos EUA, votou em janeiro pela mudança na classificação de banda larga em relação à velocidade. Desde 2010, a conexão era definida como banda larga – fixa e móvel – ao ter capacidade de 3 Mbps de downlink e 1 Mbps de uplink. Agora, o mínimo passa para 25 Mbps e 4 Mbps respectivamente, algo que notadamente desagrada os provedores norte-americanos. Com isso, o percentual de residências norte-americanas sem Internet de alta velocidade passa dos 6,3% anteriores para 13,1%. A FCC afirma que 17% (55 milhões de pessoas) não têm acesso a serviços de 25 Mbps/3 Mbps, percentual que sobe para 53% quando se considerada a população rural. Dessa forma, o órgão essencialmente tira as conexões com a tecnologia DSL da classificação. Ao site Ars Technica, um porta-voz da operadora Verizon afirmou que não pretende mudar a oferta de conexões DSL – atualmente, a empresa tem no máximo 15 Mbps com esse tipo de tecnologia. No Brasil, a Anatel considera no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) a velocidade de 1 Mbps para download como banda larga. Em seus relatórios de acessos de banda larga com as prestadoras de serviço de comunicação multimídia (SCM), constam as categorias de velocidades de até 512 Kbps a "maiores do que 34 Mbps". Segundo dados referentes a dezembro do ano passado na agência, a maior parte das conexões (46,91%) no País são de velocidades entre 2 Mbps e 12 Mbps.

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phyZick/shutterstock.com

Nova base


( scanner) Nacionais A HBO terá duas novas séries originais brasileiras em 2015, ano em que comemora dez anos de produções originais no País – em 2005, a programadora estreava “Mandrake”, coprodução com a Conspiração. Segundo Gustavo Grossman, principal executivo da HBO Networks Latin America, a programadora produziu mais de 100 horas de conteúdo original na última década no Brasil, em parceria com 15 produtoras. “Começamos produzindo em 35 mm, depois em HD e agora só produzimos em 4K”, disse o executivo em um evento para apresentar a programação de 2015 do canal à imprensa. As duas novas séries originais são “Magnífica 70”, coproduzida com a Conspiração, e “O Hipnotizador”, uma coprodução com a RT Features. Além destas duas, o canal HBO estreia a segunda temporada de “Psi”, desta vez em parceria com a O2 Filmes – a primeira temporada foi feita com a Damasco Filmes. “Magnífica 70” estreia em maio, enquanto “O Hipnotizador” e a segunda temporada de “Psi” estreiam em agosto e novembro, respectivamente.

“Magnífica 70” (acima) e ”O Hipnotizador” são novidades na HBO.

Caixinhas Após apresentar queda em 2013 e 2014, o mercado de set-top boxes brasileiro deve voltar a crescer em 2015, impulsionado principalmente pela demanda do governo. A conclusão é da 6Wresearch, que publicou no final de 2014 estudo sobre o mercado nacional. A pesquisa prevê que, até 2020, serão vendido mais de 10,2 milhões de aparelhos fabricados no País, gerando receita de US$ 687,4 milhões. No estudo, a 6Wresearch inclui a demanda do Governo Federal por receptores digitais. Em decorrência do processo de digitalização da TV aberta e do leilão da faixa de 700 HMZ, 14 milhões de famílias inscritas no Bolsa Família receberão o aparelho para que possam captar o sinal digital. O estudo também cita a presença de unidades de fabricação de empresas como Cisco e Kaon como um dos motivos para a previsão otimista. A empresa ainda prevê o aumento da demanda nas regiões CentroOeste e Nordeste.

Maioria Um estudo da Dataxis aponta que, pela primeira vez, a base de assinantes da DirecTV Latin America deve passar a base do DirecTV Group nos Estados Unidos. Segundo o estudo, a divisão estadunidense vem perdendo market share dentro grupo desde que as operações na América Latina começaram em meados da década de 1990. Segundo a análise, a inversão deve acontecer em 2015, ainda mantendo bastante espaço para crescimento na América Latina, ao contrário do que acontece no saturado mercado dos Estados Unidos. Até 2018, a base da DirecTV LA (que no Brasil opera a marca Sky) deve representar aproximadamente 56% da base total do grupo. No final do terceiro trimestre do ano passado, 51,7% dos clientes do grupo eram residentes dos Estados Unidos, sobrando 48,3% para as operações na América Latina e Caribe. O grupo, destaca o estudo, pode ser considerado o maior ou o vice-líder no serviço de TV paga na América Latina. Contabilizando a base da Sky Mexico (da qual o DirecTV Group é acionista, mas o controle é do Grupo Televisa), a DirecTV LA teria a maior base de toda a região, com 28,5% da base. Caso contrário, seria o segundo, com um share de 17,4%, atrás da America Movil. A previsão da Dataxis não leva em consideração a base estadunidense de assinantes IPTV da AT&T, grupo que ainda aguarda a aprovação regulatória para adquirir as operações globais da DirecTV.

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( figuras) Reforço

João Palomino

Desafios complexos

FOTOs: divulgação

Bayard Gontijo, que vinha ocupando interinamente a presidência da Oi, foi efetivado no cargo. Gontijo tem uma complexa missão pela frente, que passa por resolver os problemas societários em Portugal, aumentar a liquidez da com­ panhia com a venda de ativos, reduzir o endividamento e recolocar a Oi em posi­ção de investimento e condições de dispu­tar o mercado brasileiro em um ambiente de consolida­ção. Ele já vem liderando esse processo desde a saída de Zeinal Bava.

Conteúdo público A presidenta Dilma Rousseff nomeou Américo Martins como o novo diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele assume o segundo cargo na estatal responsável pela TV Brasil. Nelson Breve segue na presidência. Também foi publicada no Diário Oficial da União a recondução Américo Martins por mais quatro anos de Ana Veloso e dos conselheiros Takashi Tome e Mario Augusto Jakobskind, representantes da sociedade civil no colegiado da EBC.

Mídia Para ocupar o cargo de gerente de mídia, chega à Revolution Brasil a publicitária Rosana Ramos. A profissional tem MBA em marketing e branding na Universidade Salvador, e compõe a diretoria técnica do Grupo de Mídia da Bahia. Rosana acumula experiências em diversos segmentos, como imobiliário, automotivo, varejo e contas públicas. Atendeu clientes como Le biscuit, Bompreço, Terra Forte (Toyota), Salvador Shopping, Queiroz Galvão, Claro, Prefeitura de Salvador, Chesf e Coelba.

A Discovery Networks Brasil contratou Vik Junod para o cargo de diretor de criação. O executivo se reportará a Monica Pimentel, vice-presidente de conteúdo da Discovery Networks no Brasil. Antes de assumir o cargo, Junod foi gerente do departamento de promoção, chamadas, videografia e arte da RedeTV!. O profissional também tem passagens por Rede Globo, Globosat e Rede Bandeirantes.

Vik Junod

Atendimento A produtora Consulado contratou Marta Moura para integrar sua equipe de atendimento. Marta iniciou a carreira no setor audiovisual na Trator Filmes. Nos dois anos em que atuou no atendimento da produtora, desenvolveu projetos para agências e anunciantes como Africa, Artplan, DM9DDB, Bradesco, O Boticário, Vivo e GM. Antes de ingressar no mercado Marta Moura publicitário, a profissional atuou por dez anos no mercado da moda, até migrar para a área de produção artística. Produziu shows de bandas como Nação Zumbi e Mombojó. Em 2012, a convite da MTV, foi responsável pela produção da apresentação do grupo Racionais Mc's durante o VMB.

Reforços na publicidade A Side Cinema contratou Renata Rodrigues e Muga Riesemberg para seu time de atendimento. A chegada das profissionais faz parte da atual fase de expansão da Side, que quer reforçar sua atuação no mercado publicitário. Renata já trabalhou como roteirista na área de Renata Rodrigues conteúdo em projetos para clientes como GVT, Liberty Seguros e Viena. Ex-Carmela Conteúdos e Ideias, a profissional também atuou na extinta produtora Open Films e na Black Maria, e conta com passagens como RTV na agência Adag e como freelancer na Talent. Muga atuou como coordenadora de produção para agências e produtoras, desen­volvendo trabalhos para clientes como Banco do Brasil, Ministério da Muga Riesemberg Saúde e Petrobrás, entre outros. Foi produtora executiva do Fashion Rio e recentemente, no mercado de produção cultural, foi responsável pela organização do Festival de Teatro de Curitiba. 12

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Renata Correa, Rodrigo Castello e Alex Mehedff

Nova estrutura A Hungry Man está ampliando sua produção executiva com a contratação de Renata Correa, ex-Prodigo Films. A profissional atuará ao lado de Rodrigo Castello, que estava na sede do Rio de Janeiro e agora se junta a Correa em São Paulo. Alex Mehedff, que respondia pela produção executiva, passa a ser managing partner da produtora. Com a dupla de produtores executivos, a produtora deixa de atuar com diretores de atendimento. Segundo a Hungry Man, as mudanças buscam atender demandas do mercado anunciante por profissionais com conhecimento de todas as etapas do processo de produção. j a n / f e v 2 0 1 5


Carla Ponte

O ex-deputado federal do PT Emiliano José foi convidado para assumir a Secretaria de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações. Jornalista, escritor e doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Emiliano se destacou na Câmara por sua participação na Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comu-

nicação com Participação Popular, que defende causas ligadas à democratização dos meios de comunicação. Fortemente ligado aos setores do PT que defendem mudanças na regulação das comunicações, foi um dos mais ativos parlamentares nessa área, ao lado da deputada Luiza Erundina (PSB/SP). A escolha reforça a inclinação do Minicom em tocar o projeto de regulação da mídia.

FOTO: Alesp

Regulação da mídia

Emiliano José

Unificação

A Paranoid contratou dois profissionais para reforça as áreas de produção e atendimento. Luiz Armesto é o novo produtor executivo da área de publicidade, enquanto Milena Trindade irá compor a equipe de atendimento. Ex-PBA Cinema, Armesto tem passagens também pela O2 Filmes, Stink e Landia, e desenvolveu projetos para anunciantes como Skol, Vivo, GM e C&A. Ele ocupará o posto de Andrezza de Faria, que migra oficialmente para a área de Luiz Armesto entretenimento, da qual é sócia desde outubro de 2014 ao lado de Heitor Dhalia, Egisto Betti e Ducha Lopes. Já Milena Trindade chega para reforçar o time de atendimento na área de publicidade. Formada em jornalismo e com 12 anos de experiência em comunicação, ela traz em seu currículo passagem de três anos pela Conspiração Filmes, além de já ter atuado por quatro anos na Margarida/Academia de Filmes. Milena foi ainda RTV da Avon para a América Latina, trabalhando na Argentina, Uruguai e Venezuela.

A Oca Filmes contratou Mariana Brasil para chefiar e unificar as operações da produtora. Desde 2004 se dedicando ao segmento de conteúdo e entretenimento, Mariana acumula em seu currículo passagens pela O2 Filmes e TV Cultura, onde foi responsável pela gerência de produção na diretoria de documentários Mariana Brasil e produção independente, durante a gestão de Paulo Markun. Em 2012, Mariana também passou a coordenar cursos de formatação de projetos de audiovisual, ministrados em São Paulo pelo Centro Cultural Barco.

FOTOs: divulgação

Produção e atendimento

Pedro Rossi e Bernardo Pinheiro Mota

Chico Pedreira e Juarez Malavazzi Jr.

Promoção

Branded content

A Prodigo Filmes promoveu Chico Pedreira para o cargo de diretor de atendimento e contratou Juarez Malavazzi Jr. como produtor executivo. O profissional tem passagens por O2, Film Planet, Landia, PBA e Moviart.

A Zohar Cinema ampliou o seu casting de diretores de cena com Bernardo Pinheiro Mota e Pedro Rossi. A dupla atuará na direção de branded content e projetos especiais publicitários. Na nova casa, os profissionais já dirigiram o documentário "Rubens Gerchman – Com a Demissão no Bolso", que conta a história do artista e da fundação, nos anos 70, da histórica Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Publicidade na TV paga Projetos Com nove anos de experiência em propaganda, Lia D'Amico agora é diretora da área de projetos da FCB Brasil. Na agência desde 2011, ela assumiu a gestão funcional de equipe de projetos em 2013. Agora, passa a liderar oficialmente todo o departamento, se reportando a Gerson Lupatini, diretor de TI.

Lia D'Amico

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A ESPN contratou Marcelo Oréfice como seu novo gerente de publicidade. O profissional vai liderar o time responsável por todos os projetos publicitários off-line. Com mais de 19 anos de atuação no mercado publicitário, o novo Marcelo gerente da ESPN acumula passagens Oréfice por empresas como Editora Globo, Editora Três, Grupo RBS e recentemente foi responsável por toda a área de publicidade do Canal Rural.

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Fernando Lauterjung

fern an do@co nvergeco m .co m .br

Capital audiovisual

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Spcine – Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo – foi oficialmente inaugurada no final de janeiro. A empresa atuará como um escritório de desenvolvimento, financiamento e implementação de programas e políticas para os setores de cinema, TV, games e web, com o objetivo de reconhecer e estimular o potencial econômico e criativo do audiovisual paulista e seu impacto em âmbito cultural e social. A diretoria da Spcine é encabeçada por Alfredo Manevy e formada ainda por Mauricio Andrade Ramos e Renato Nery, como diretor executivo de desenvolvimento econômico e diretor executivo de inovação, criatividade e acesso, respectivamente. Em entrevista a TELA VIVA, Manevy e Andrade Ramos apontam os rumos na nova empresa, que nasce com um aporte de capital de R$ 65 milhões, sendo R$ 25 milhões da prefeitura, R$ 25 milhões do estado e R$ 15 milhões da Ancine.

fotos: marcelo kahn

Prefeitura de São Paulo e Governo do Estado, com apoio da Ancine, criam a Spcine com a missão de formular e implantar uma política de audiovisual ampla, não restrita ao fomento clássico e capaz de fortalecer o papel estratégico da cidade e do estado no audiovisual brasileiro.

Alfredo Manevy: diretor-presidente na nova empresa

prefeito Fernando Haddad e depois a disposição de parceria do Governo do Estado e do Governo Federal criou um ambiente que parte do pressuposto de que nesse momento da história de São Paulo, do desenvolvimento social da cidade, a economia do audiovisual tem um papel estratégico no desenvolvimento da própria cidade. São Paulo não voltará a ser um polo industrial clássico. Essa etapa está superada. É uma cidade de serviços e que tem o maior número de produtoras audiovisuais. Os canais de TV e a infraestrutura de produção, em grande parte, estão em São Paulo. Os talentos criativos e as universidades de cinema, também. Nós temos uma infraestrutura produtiva e criativa bem estabelecida. Apesar dessa pujança, o poder público se omitiu historicamente de se colocar como um ente promotor do desenvolvimento. A equação sempre foi a de realizadores de cinema e de televisão pedirem recursos ao estado em uma política de fomento clássico. Agora é diferente. É a cidade

TELA VIVA - São Paulo já é o maior polo da indústria do audiovisual no Brasil. Por que chegou o momento de existir uma empresa de desenvolvimento do setor? Alfredo Manevy - A expectativa de existência da Spcine tem 15 anos em 2000 houve a primeira tentativa de se criar algo nos moldes da Riofilme. O problema é que não houve ambiente político e nem compreensão por parte dos poderes públicos de que era estratégico para a cidade e para o estado ter uma instituição responsável por formular e implantar uma política de audiovisual ampla. A eleição do 14

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compreendendo que o audiovisual tem uma contribuição enorme para dar para formar uma cidade mais justa, mais contemporânea e que seja capaz de se conectar consigo mesma e com toda a sua potência criativa. É o audiovisual que realiza isso. As pessoas vão para Nova York pelo imaginário que se tem da cidade, com presença em tantos filmes policiais, nos dramas e comédias. A cidade é linda, mas o que gera a adesão e o interesse é a construção de uma narrativa. TELA VIVA - Houve uma dificuldade do próprio setor em mostrar a sua relevância? Manevy - Nós, que somos da área, sabemos o quanto esse setor gera de empregos e renda, remunerando melhor do que outros setores e com capacitação. Mauricio Andrade Ramos - A economia do audiovisual é muito

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fragmentada, é difícil mostrar a sua relevância. Tudo o que o audiovisual recolhe, no cardápio do ISS, está misturado a outras indústrias. Queremos ter uma linha só do audiovisual para poder quantificar o que é recolhido pelo setor e mostrar o seu real tamanho. Uma das missões da Spcine é desfragmentar esse quadro para que essa economia seja reconhecida facilmente e então buscar a compreensão do porque nós existimos. O audiovisual é um setor que valoriza os seus agentes. As pessoas crescem muito nesse mercado e transferem esse conhecimento ao que elas criam.

resolver. O estado tem a responsabilidade de criar um ambiente favorável e deslanchar um potencial institucional que é decisivo nesse jogo internacional e nesse jogo estratégico da indústria. Todos os países que desenvolveram a sua atividade audiovisual tiveram o estado em algum momento, inclusive os Estados Unidos. É um estado presente e poderoso que gera incentivo fiscal, que tirou do mercado norte-americano o cinema francês, que era hegemônico até 1915. Esse dever de casa, nós estamos começando a fazer agora no Brasil. Cem anos depois de muitos países. O que tem de film commissions nos Estados Unidos é impressionante. Todos os estados e todas as grandes capitais têm políticas de incentivo. Estamos tirando o atraso. Se quisermos ter

Manevy - A Globo trouxe uma matriz para cá. É comercial, mas nos disseram que é um movimento estratégico da empresa. Andrade Ramos - São Paulo pulsa de segunda a segunda. Falando de televisão, temos percebido claramente que uma das saídas para a TV aberta é o programa ao vivo. Mais do que nunca, se percebe o uso da cidade nisso. A dramaturgia está migrando para a TV a cabo. A TV aberta cada vez mais terá a presença do ao vivo. Para produzir ao vivo ela precisa de um território. Ela precisa do espaço, dos equipamentos e do contato. A cidade tem que ser preparada para isso. Manevy - A importância da presença em São Paulo também foi confirmada por consulados e embaixadores de quase todo o mundo. Estar na cidade é o que vai equacionar uma presença social e política que é decisiva na relação com o Brasil. Os BRIC estão aqui em busca de parcerias com a cidade. A razão de ser da Spcine é também de ser um instrumento proativo da cidade e do estado que possa responder a esse desafio. Esse é o papel do estado. O resto, a criação, o desenvolvimento das ideias intelectuais, é a sociedade que vai

“Todos os países que desenvolveram a sua atividade audiovisual tiveram o estado em algum momento, inclusive os Estados Unidos.” voz ativa nesse cenário, temos que ter estruturas institucionais públicas e privadas capazes de construir essa estratégia. TELA VIVA - Esse é um trabalho para fora. E para dentro? São Paulo percebeu sua importância nesse cenário? Manevy - Existe uma expectativa do mundo em relação ao Brasil. Isso não é de hoje. De que o Brasil cumpra um papel na diversidade cultural do planeta. É uma das áreas em que somos mais admirados no mundo, a cultura brasileira, a nossa música, a televisão. São Paulo, como grande metrópole do Brasil e do mundo, deve se colocar com todo o seu capital econômico, social e cultural como uma grande metrópole do planeta. Na prática, muito disso já está acontecendo na gastronomia, na noite de São Paulo, mas a cidade ainda não buscou para si esse patrimônio. Ainda há uma baixa autoestima. Existe um elemento desagregador ainda presente que é um limitador. Todo esse potencial está represado e impede que a cidade se aproprie dela mesma.

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TELA VIVA - Quais são as políticas para ajudar o setor? Manevy - O nó do audiovisual é a distribuição de conteúdo. O Brasil pretende ser, e essa é uma diretriz da Ancine com a qual queremos colaborar, um grande produtor e exportador de conteúdo audiovisual cinema, televisão, games e todas as modalidades. Hoje o Brasil consegue produzir razoavelmente. Ultrapassamos a época da Embrafilme. Temos mais longas e mais conteúdo para TV do que no grande momento do cinema brasileiro, que foi nos anos 1970, quando houve um investimento massivo via Embrafilme. O problema antigo do cinema brasileiro é o gargalo da distribuição nas telas. A Spcine vai ter uma grande missão de colaborar com as distribuidoras que vêm se firmando nesse mercado e buscando mudar o cenário no Brasil, dando visibilidade e espaço no mercado brasileiro para o cinema brasileiro, para o conteúdo independente de televisão e para os outros formatos. Atuando na comercialização, com um primeiro edital já previsto nessa direção, e atuando na outra ponta com as estratégias de difusão e distribuição, com a ampliação do circuito privado e público de exibição. No caso da televisão, buscando fortalecer a relação entre a produção independente e os canais de televisão e também a circulação na América Latina. Pretendemos realizar já este ano um grande evento de negócios para promover esse relacionamento e essa troca. São Paulo não vinha cumprindo esse papel, apesar de todo o potencial econômico da cidade de colocação e de articulação do conteúdo brasileiro e paulista com mercados internacionais. E vice-versa, com conteúdos internacionais que queiram entrar no mercado brasileiro. São Paulo tem tudo para ser uma porta de entrada e saída da produção de conteúdo nacional, não só de São Paulo. 15

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( capa ) em performance econômica, cultural e artística. Os resultados podem ser medidos, sim. Pode ser a ocupação do mercado e a conquista do público no cinema e na televisão. Ou ainda o resultado cultural, o debate, a crítica, a reflexão. Estamos conscientes de uma ruptura, com a afirmação de um modelo que se afasta do balcão, do patrimonialismo, de recursos disponibilizados sem critério. É uma mudança cultural mais importante que o volume de dinheiro. O estado está se deslocando e o setor audiovisual também. Esse movimento será muito importante no desenvolvi­ mento das relações no Brasil.

Quando a gente fala de cinema e de televisão, a questão da articulação de mercado, da distribuição, é a nossa razão de ser. Isso não significa que a Spcine vai ser uma distribuidora, ela vai ser uma alavanca, uma enzima catalisadora do ambiente de distribuição de conteúdo. Andrade Ramos - A Spcine tem nesse momento três áreas de desenvolvimento econômico que claramente lida em quatro frentes: o cinema, na produção e distribuição de filme pequeno, médio ou grande porte; a televisão, a cabo e eventualmente a TV aberta quando houver sinergia; a Internet, que talvez seja o modelo econômico mais embrionário, mas a Spcine estará muito atenta às políticas que pode implementar; e os games, que já mostram criatividade no mercado internacional, mas que precisa passar por um processo de profissionalização e que precisa de uma alavancagem muito grande para existir. Uma outra diretoria cuida especificamente das áreas de inovação e criativas, com o Leia, com recursos do Minicom. Deve incubar uma série de empresas, terá capacidade de rendering, deve ter um pequeno estúdio. Dará também capacitação técnica. Uma terceira área harmoniza a relação do município e do estado de forma completamente apartidária, que é a internacionalização. Abordando as estratégias para pertencer a um quadro latinoamericano e conseguir uma efetividade na troca dos conteúdos e na circulação. A visão estratégica é muito ambiciosa e quer fazer de São Paulo um polo com capilaridade em várias outras frentes. A Spcine é uma empresa, que precisa ter relações de mercado. Não é só uma agência de fomento. Tem compromisso com o capital e de ter algum retorno, até para que possa se perenizar. Só dá para pensar no além de dez anos se ela conseguir quebrar 16

“seria um erro abrir mão de um grande ativo que São Paulo tem que é a bela tradição de cinema autoral.” esses paradigmas e vencer esses desafios. TELA VIVA - Mesmo não sendo uma agência de fomento, a nova empresa terá um papel de alavancagem financeira... Manevy - Sim, é importante ressaltar que o que também ensejou a criação da empresa foi a compreensão da necessidade de um novo modelo de financiamento ao audiovisual. O modelo baseado em fundo perdido e incentivo fiscal e em recursos disponibilizados sem critérios definidos, sem acompanhamento e monitoramento de resultados cumpriu um papel da retomada do cinema brasileiro para cá. Foi importante essa alavancagem. Passados esses 20 anos, o momento é outro, de abundância de recursos e de uma expectativa da sociedade em relação à importância do audiovisual, da meritocracia e do acompanhamento e transparência. Isso significa que a Spcine tem como ponto de partida uma grade de critérios baseada

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TELA VIVA - A métrica da performance comercial é muito simples. O conteúdo que atende os critérios comerciais não tende a ser privilegiado? Manevy - São Paulo não tem um cinema comercial regular - menos de 10% dos filmes que passam a marca de um milhão de espectadores. Precisamos ter um cinema comercial regular que ambicione ultrapassar essa marca. Existe já uma safra mais antenada nisso. A aposta na diversidade de gêneros e de formas de sensibilizar a sociedade é muito importante para a Spcine e para o desenvolvimento da atividade. Mas isso não significa que perderemos a busca pelo desenvolvimento da dramaturgia e de um cinema autoral robusto, capaz de fazer o debate cultural se estabelecer. Isso é um patrimônio de São Paulo e, portanto, da Spcine. Achamos que seria um erro abrir mão de um grande ativo que São Paulo tem que é a bela tradição de cinema autoral com grandes nomes, como Ugo Giorgetti, Hector Babenco. Esse grande talento criativo pode estar sendo direcionado tanto ao cinema autoral como também para filmes médios e grandes que equilibram a indústria. Esse equilíbrio é que é importante. Não

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faremos uma opção excludente. Vale ressaltar que não foram os editais automáticos que implodiram o cinema independente no Brasil. O que implodiu esse cinema foi a miopia política e a autofagia do cinema brasileiro. Os mecanismos automáticos vêm, na verdade, cumprindo um papel de modernização da política cultural audiovisual no Brasil. O "não ler e não gostar" e opinar sobre algo sem ter lido é um padrão de ação política que prejudicou o cinema brasileiro no passado e que levou ao fim de instituições importantes e ao desprezo às instituições públicas. Andrade Ramos - Estamos muito empenhados em buscar uma métrica para isso, que possa agregar tudo e explicitar. O produto comercial é muito claro, baseado em investimento e retorno, mas também precisamos conseguir quantificar eficientemente e em uma leitura palatável os outros critérios. São tempos de responsabilidade com os recursos públicos. Os recursos são finitos e as aspirações são infinitas. Em nenhuma atividade há dinheiro para tudo. Você precisa criar critérios e campos de funcionamento. Critério para um tipo de cinema, o dos filmes grandes, é um critério de desempenho econômico, com a bilheteria ou com o tamanho do lançamento. O critério de qualidade, para filmes pequenos e médios precisa de outra medição, como o desempenho em festivais - sabemos que não é perfeito, pois alguns são mais isentos que outros.

Vamos ter um pouco dessas coisas, de Coreia do Sul, que também afirmou o seu audiovisual como indústria, e a Europa, que já deu passos muito interessantes na elaboração de políticas republicanas mais eficientes e no resultado econômico cultural e social.

leia

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Spcine será responsável pela gestação e gestão do LEIA, um laboratório de inovação, realizado em convênio com o Ministério das Comunicações. O laboratório será voltado à criação de conteúdos digitais e tecnologia para o audiovisual e oferecerá infraestrutura como estúdios, estrutura de finalização e uma poderosa render farm, para ser usada em produções em 3D e na criação de games. O Ministério das Comunicações investirá R$ 7 milhões no laboratório. A contrapartida da Spcine é de R$ 876 mil.

TELA VIVA - Um problema frequentemente apontado pelas produtoras na obtenção de recursos públicos é a demora na liberação destes recursos. Como a Spcine deve lidar com esse desafio? Manevy - É uma demanda legítima do audiovisual. O setor não quer mais tanto o dinheiro, mas o respeito aos prazos e à agilidade.

do Brasil e do mundo que têm dado certo em várias direções. A Riofilme teve acertos no último período, na busca de critérios de medição de performance. Ao mesmo tempo, não vamos ser como a Riofilme. São Paulo tem um cinema autoral muito forte, uma tradição cultural da qual não vamos abrir mão. O cinema pernambucano também é um exemplo para nós. Um estado onde não havia grande tradição e que foi capaz, em pouco tempo, de gerar uma safra de filmes capazes de abrir um debate cultural rico. O cinema argentino também é uma referência importante.

“A Spcine optou por editais com critérios pré-estabe­lecidos e de fluxo contínuo porque eles trazem agilidade.” Mauricio Andrade Ramos

TELA VIVA - Como serão definidos estes critérios? Manevy - Criamos um comitê consultivo que acho que é uma novidade nas políticas regionais. Esse comitê reúne toda a indústria do documentário à publicidade, do curta ao longa-metragem, do pequeno ao grande. Todos os editais e a política cultural da empresa estão sendo debatidos nesse fórum. Estudamos muito as experiências

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Andrade Ramos - A Spcine optou por editais com critérios préestabe­lecidos e de fluxo contínuo porque eles trazem essa agilidade. Você pode ter a liberação dos recursos em três meses. No caso dos editais em parceria com o Fundo Setorial do Audiovisual, também terão agilidade, uma vez que o Norte é dado pela Spcine. É claro que a Ancine tem que seguir as suas normas, mas a operação do edital é nossa. Manevy - Vamos ter uma equipe enxuta com custeio reduzido. Não queremos uma empresa obesa, e sim eficiente, rápida e dinâmica. É isso que justificou ser uma empresa e não uma fundação ou um instituto ou ainda secretaria. Começamos um diálogo com as produtoras para criar um grupo de desburocra­ tização. Estamos conversando com os órgãos de controle para que a Spcine seja piloto de um modelo transparente e responda às necessidades de prestação de contas, mas com agilidade. A agilidade e a transpa­ rência vão garantir a boa 17

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( capa ) “Vamos ter uma equipe enxuta com custeio reduzido. Não queremos uma empresa obesa, e sim eficiente, rápida e dinâmica.”

Alfredo, Silvia, Ariel, Rodrigo, Maurício, Ana, Malu e Raul.

Quem faz a Spcine • Alfredo Manevy - Diretor-presidente É pesquisador, professor e administrador público. Ingressou em 2003 no Ministério da Cultura durante a gestão Gilberto Gil. Em 2006, tornou-se secretário de Políticas Culturais e, em 2008, secretário-Executivo do Ministério da Cultura. Desde 2012, é secretário Adjunto de Cultura de São Paulo. • Mauricio Andrade Ramos - Diretor executivo de Desenvolvimento Econômico Como diretor e gestor da VideoFilmes, por 15 anos, produziu e foi produtor executivo de obras de destaque. Ultimamente dedicou-se à exibição de filmes voltados para o grande público, assim como para audiências específicas no Circuito Espaço de Cinema. • Renato Nery - Diretor executivo de Inovação, Criatividade e Acesso Atua desde 2003 no setor audiovisual colaborando com políticas públicas como DocTV, AnimaTV, Funcine Animacultura. Na TV Cultura, criou a plataforma de desenvolvimento de projetos LumLab e implantou a Coordenação de Coprodução e Políticas Públicas até assumir em 2013 o fomento ao cinema da Secretaria Municipal de Cultura. • Rodrigo Guimarães - Gerente executivo de Desenvolvimento Econômico Foi gerente financeiro, entre 2004 e 2006, na produtora Total Filmes. Em 2011 atuou na captação de recursos do Investimage 1 Funcine e, em 2012, assumiu o cargo de gerente de investimentos na RioFilme. • Ana Louback Lopes - Coordenadora de Difusão Pesquisadora do Departamento de “Globalização, Forma Urbana e Governança” da Universidade de Tecnologia de Delft/ NL, especialista em Gestão Cultural pelo CPF-SESC SP. Como Gerente de Projetos da Riofilme, atuou na implantação da Rede de Salas de Cinema CineCarioca. • Eduardo Raccah - Coordenador de Internacionalização De 2005 a 2013 esteve à frente do atelier produtora Kfofo Productions atuando na área de produção e comercialização de obras e produtos audiovisuais. Desde 2013 é assessor internacional da SP Cine. • Malu Andrade - Coordenadora de Inovação, Criatividade e Acesso Trabalhou em diversas instituições culturais como produtora cultural e com ensino informal. Desde 2010 está envolvida com projetos ligados à cultura digital e coletivos culturais. Silvia Naschenveng - Gerente jurídico Jorge Santos - Gerente administrativo Julio Moraes - Assessor de desenvolvimento econômico e indicadores Raul Perez - Assessor de comunicação e conteúdo Ariel Velloso - Assessor de jogos eletrônicos Claudia Moraes Fernandes - Assessora executiva

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governança e a boa gestão do recurso público. O tempo de produção do cinema nacional hoje, uma média de três a quatro anos, é insustentável para uma produção que quer se desenvolver. Estamos perdendo todos os timings estratégicos de disputa de mercado. Um filme pensado em 2013 e vai sair em 2016, perdeu o seu timing. TELA VIVA - De que forma a Spcine atuará para facilitar a produção na cidade. A burocracia ainda é um grande obstáculo para que o audiovisual possa ocupar a cidade e usá-la em suas histórias. Manevy - A film commission também é vital para São Paulo. É uma das cidades mais difíceis de se filmar no mundo. É a maior queixa desde que assumimos. Há uma dificuldade burocrática enorme. Há também uma antipatia com as filmagens na cidade. Queremos fortalecer o eCine (escritório de cinema ligado à Secretaria Municipal de Cultura e que tem o papel de facilitar a produção na cidade) e dar condição para que ele possa agir. A Spcine vai dar suporte, desenvolver um software - que já está sendo incubado - para simplificar os procedimentos e dar agilidade às demandas. Haverá ainda uma campanha para a cidade compreender o papel das filmagens. Em Nova York, uma filmagem na rua é bem vinda. A cidade se prepara para isso e compatibiliza a comunidade e a vida em sociedade com a cultura. Em São Paulo, gera o atrito.

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TELA VIVA - Sobre as novas salas de cinema em gestação como serão geridas? Manevy - Fizemos no ano passado um levantamento de produções paulistas de longametragem prontas, a maior parte financiada com recursos públicos, sem data de lançamento. O número é acima de 50. Quase todos custando mais de R$ 1 milhão. Fizemos uma ação para 20 filmes e conseguimos resolver parcialmente o acesso ao mercado. Desses 20, 15 já estrearam. Foi um paliativo importante, mas não deixa de ser um paliativo. Isso é um reflexo do mercado exibidor no Brasil, que tem um dos menores números de sala per capita da América Latina, apesar do crescimento nos últimos dez anos. Um grande exibidor me disse que se está ruim, vai piorar. Se o market share do cinema brasileiro ainda não ultrapassa os 20% e tem dificuldade de enfrentar a questão do espaço no mercado doméstico, vai piorar por causa da digitalização. A verticalização vai tornar a distribuição mais assertiva e vai levar a mais concentração. Quem não tiver tela, está fora do jogo. Vai ficar com as migalhas que caem da mesa. Sabemos que a regulação deste mercado é complexa. Não vai ser por cota exclusivamente que isso vai ser resolvido. Caso contrário, já tinha sido resolvido. São Paulo fez um levantamento de infraestrutura de salas já construídas que poderiam ser adaptadas para exibição multiuso. Chegamos ao número de 82 salas, incluindo CEUs, bibliotecas, as salas do centro que estão desapropriadas, o Cine Marrocos, que precisa ser desocupado, teatros, centros culturais. O próprio governador Geraldo Alckmin se interessou em mobilizar as Fábricas de Cultura, que são dez na capital e outras no interior. Há prefeitos no interior interessados em fazer salas também. É uma ação que tem a cara da Spcine. Ela é mais territorial e

circuito comercial

circuito comercial + novas salas

Imagens da expansão do circuito exibidor em São Paulo: Spcine pretende levar salas de exibição a localidades não atendidas pelo atual circuito comercial.

regional e exige uma presença no território, no corpo a corpo. O prefeito encorpou como uma ação de inclusão das comunidades que não tem salas de cinema e equipamentos culturais. A Ancine manifestou interesse de participar. Vamos discutir os termos disso, o modelo de gestão e de implementação. O prefeito nos pediu que déssemos prioridade às salas. É um desafio. Não temos de onde copiar o modelo. Queremos também ter uma relação com as salas privadas. Existe uma lei para ser aprovada que vai autorizar a concessão de uso de novos terminais de ônibus para estabelecimentos comerciais e de serviços. Acredito que os entroncamentos da mobilidade urbana serão o futuro da exibição de salas de cinema. As pessoas vão procurar o conforto de ter um acesso rápido, sem sair de carro. Como é o caso do Cine Caixa Belas Artes, por exemplo, que está ao lado

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da Linha Amarela do Metrô. Pode haver um tipo de relação inclusive com o circuito privado, podendo até buscar contrapartidas, como critérios de programação. TELA VIVA - Esse tipo de sala traz um reflexo comercial ao setor? Andrade Ramos - Esse circuito vai ser, no mínimo, um excepcional polo de discussão a partir dos seus resultados, na medida em que vai ter oportunidade de difundir muito o cinema paulista e o cinema brasileiro. Vai dar para entender quais são os espaços para uma cinematografia que não seja uma comédia ligeira, que traga uma dramaturgia própria. Alguns tipos de filmes, ao lidar com uma plateia não tão formatada, poderão chegar a um público mais sensível e aberto a receber esse cinema. Vai ajudar muito na discussão.

Primeiros editais

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Spcine foi inaugurada apresentando três dos seis primeiros editais que lançará em parceria com a Ancine. As linhas de ação contarão, somadas, com R$ 20 milhões e terão suas inscrições abertas em março. Serão investidos R$ 12 milhões na produção de filmes de pequeno e médio porte e de alta perfomance. Outra linha receberá R$ 6 milhões para distribuição de filmes de pequeno e médio porte e de alta perfomance. R$ 2 milhões serão investidos na linha para pilotos de séries para TV. Novos editais em parceria com a Ancine com foco em Televisão e Games estão sendo elaborados. O montante total investido nesta segunda etapa será de R$ 10 milhões.

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(política cultural)

Da redação

c ar tas.telav iva@ co nvergeco m .co m .br

Pauta retomada

Juca Ferreira reassume o Ministério da Cultura com promessa de reforma na legislação de direito autoral e de incentivos. FOTO: arquivo tela viva

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uca Ferreira reassumiu o cargo de ministro da Cultura no dia 12 de janeiro, com um discurso de retomada de alguns projetos importantes que vieram de sua gestão anterior, ainda no governo Lula. Entre eles, a reforma na legislação de direito autoral e na Lei Rouanet. A cerimônia de transmissão de cargo foi bastante prestigiada pelo governo, com presença dos ministros Aloísio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Sec. geral da Presidência), Artur Chioro (saúde), Aldo rebelo (Ciência e Tecnologia), Eleonora Menicucci (Secretaria de Políticas para as Mulheres), Tereza Campello (Desenvolvimento Social) e Nilma Lino Gomes (Igualdade Racial), entre outras autoridades, além de representantes de diversas classes artísticas, do cinema ao circo, e representantes dos movimentos negro, indígena e outros. "Retomaremos a agenda de modernização da legislação de direito autoral. O ambiente digital se desenvolve e se transforma rapidamente, e nossas leis devem acompanhar as práticas sociais que surgiram com as novas tecnologias para termos condições de garantir, de fato, os direitos dos autores no Brasil", disse Ferreira em seu discurso. Depois, em conversa com jornalistas, disse que essa nova legislação será produzida com produtores, ECAD e todos os interessados. "A parte de maior resistência já foi derrubada pela CPI no Senado, que era a fiscalização pública do ECAD. O que queremos é ter condições no século XXI de garantir o direito de autor", disse ele. 20

Para o novo ministro, a lei prevê a supervisão do Estado sobre as atividades de gestão coletiva de direitos autorais. "Essa lei foi uma conquista da mobilização de autores e artistas, que entenderam que o Estado pode e deve auxiliar os criadores na garantia de seus direitos". Segundo ele, "o próximo mito a cair será aquele que duvida que a ampliação do acesso aos bens culturais, proporcionada pelo ambiente digital, só poderia se dar causando prejuízos para os criadores". Em seu discurso, Juca disse ainda que "o ambiente digital pode, sim, ser regulado de forma que os criadores tenham novas formas de remuneração pelo seu trabalho criativo. A modernização da legislação pode beneficiar tanto aos criadores quanto atender às demandas dos cidadãos de acessar e compartilhar cultura e conhecimento, respondendo à tarefa imposta pelo Marco Civil da Internet".

“O Brasil é um exemplo no modelo de política do audiovisual, mas podemos modernizar e avançar. A Argentina tem algumas coisas que funcionam melhor, por exemplo.” Juca Ferreira

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Incentivo Juca Ferreira também mencionou uma revisão no modelo das legislações de incentivo cultural. "Faremos um esforço conjunto com o Congresso Nacional nos próximos meses para aprovação do ProCultura. A cultura brasileira não pode ficar dependente dos departamentos de marketing das grandes corporações. Queremos mais investimento na cultura e esta também deve ser uma das responsabilidades sociais da iniciativa privada. Não tenham dúvidas disso. Mas queremos que essa conta seja paga com responsabilidades partilhadas". Mais

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tarde, em entrevista, Juca disse que hoje praticamente 100% dos recursos colocados vêm de renúncia fiscal e que muito pouco vem de recursos das próprias empresas. Segundo ele, um percentual de pelo menos 20% de recursos próprios seria razoável. Política audiovisual exitosa Juca elogiou a política audiovisual nacional, mas também prometeu reformas. "O audiovisual brasileiro já tem hoje uma das políticas setoriais mais robustas do mundo. O grande desafio deste novo período que se abre é justamente vencer o gargalo da exibição e da circulação dos conteúdos, garantindo o melhor aproveitamento público do ambiente digital, oferecendo toda a liberdade criativa para as novas mídias, linguagens e estéticas que emergiram nos últimos anos, e que surgirão nos próximos, redefinindo a própria cultura. Neste contexto, a comunicação deve ser entendida como um direito essencial para a realização plena dos direitos culturais". Ele disse que o Conselho Superior de Cinema, formulador de políticas audiovisuais, deve funcionar de maneira ativa. "O Brasil é um exemplo no modelo de política do audiovisual, mas podemos modernizar e avançar. A Argentina tem algumas coisas que funcionam melhor, por exemplo".

“Faremos um esforço conjunto com o Congresso Nacional para aprovação do ProCultura. A cultura brasileira não pode ficar dependente das grandes corporações.”

Cultura de São Paulo, foi nomeado secretário-executivo da pasta. Brant foi assessor especial na SMCSP de agosto de 2013 a janeiro deste ano. É doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP), mestre em Regulação e Políticas de Comunicação pela London School of Economics and Political Science (LSE). Também foi coordenador da Intervozes, organização não governamental que trabalha na promoção do direito à comunicação e a democracia no Brasil. Já Pola Ribeiro foi apontado como novo secretário do Audiovisual. Recentemente, Ribeiro foi diretor do Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia (Irdeb). Produtor, diretor e roteirista, Pola Ribeiro foi presidente da Associação Baiana de Cinema e Vídeo, consultor de cinema e vídeo na Fundação Cultural do Estado da Bahia e membro titular do Conselho Consultivo da SAV.

entidade, onde supostamente estariam os "desmandos" analisados pela CGU. "A Cinemateca é uma das principais instituições culturais do Brasil. É responsável pela memória do cinema brasileiro. O cinema brasileiro vinha perdendo filmes importantíssimos. Essa recuperação é da mais alta monta". Equipe definida Alguns dias depois da posse de Juca Ferreira, o MinC anunciou alguns ocupantes de cargos-chave no segundo escalão. João Brant, que vem da gestão de Ferreira na Secretaria Municipal de

Marta Sobre as declarações recentes da ex-ministra Marta Suplicy sobre supostos "desmandos" na gestão de Juca Ferreira ainda no governo Lula, o novo ministro disse que isso é uma questão política dela com o PT, e que o processo que existe na Controladoria Geral da União (CGU) diz respeito a questões formais. "O que existe de mais grave são coisas que sequer aconteceram na minha gestão". Ele disse colocar a mão no fogo pela Sociedade Amigos da Cinemateca e elogiou o trabalho da

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Herança

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arquiteto e vereador licenciado Nabil Bonduki (PT) assumiu no início de fevereiro a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, em cerimônia de posse bastante prestigiada na sede da Prefeitura, com a presença de boa parte do secretariado, dos vereadores, do prefeito Fernando Haddad e do ministro da Cultura, Juca Ferreira, ex-secretário municipal. Bonduki mostrou em sua fala que seu lado urbanista deve estar presente na gestão, pois vê a cultura como algo transversal, que deve se integrar às outras atividades do município, como educação, mobilidade, habitação etc. Na prática, a SMC deve manter boa parte dos programas iniciados na gestão Ferreira, como a revitalização do Teatro Municipal, valorização da cultura da periferia e cultura de rua, como os blocos de Nabil Bonduki é o novo secretário municipal de Cultura de São Paulo Carnaval. Na área do audiovisual, a gestão será focada na Spcine, inaugurada oficialmente na semana passada e dirigida por Alfredo Manevy, ex-assessor de Ferreira na SMC. O prefeito Haddad em seu pronunciamento colocou a Cultura como ponto central de sua gestão. Segundo ele, não basta mexer nas estruturas de zoneamento, transporte etc, mas também é preciso mudar a mentalidade do cidadão, e isso passa por ações na área cultural.

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23ª edição

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Nova tentativa

Ricardo Berzoini assume Minicom com a mesma tarefa de ministros anteriores: levantar um debate sobre a regulamentação das comunicações. Veja um histórico do debate, que existe desde o governo FHC. foto: Cristiano Sérgio

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segundo governo Dilma Rousseff começou com a expectativa sobre como será travado o debate de regulação econômica da mídia. A expectativa começou a surgir com as manifestações feitas durante a campanha pela própria presidenta, foi reforçada com o discurso de posse do ministro Ricardo Berzoini nas Comunicações, com a militância dos apoiadores do governo (que enxergam nesse debate uma forma de resgatar a pauta pela demo­cratização das comunicações), ou do receio dos opositores do governo (que vêm o tema como a materialização de um medo de radicalização à esquerda). A expectativa aumentou depois da indicação para a secretaria de Comunicação Eletrônica do ministério do ex-deputado federal Emiliano José (PT), professor e um dos mais atuantes ativistas das questões de democratização das comunicações enquanto esteve no Congresso, até 2014. Fato é que essa expetativa em nada difere daquela observada desde a mudança de governo em 1998. Entra governo, sai governo e esse tema está sempre na pauta, ainda que com roupagens distintas. Se existe uma diferença, é apenas na ênfase do discurso. E nesse caso o ministro Berzoini talvez seja o que em mais elevado volume colocou a discussão. No Seminário Políticas de (Tele)Comunicações, organizado no começo de fevereiro em Brasília pela Converge (que edita TELA VIVA) e pelo Centro de Estudos em Políticas de Comunicações da UnB, Berzoini deu alguns elementos que permitem 24

Novo ministro pode ter uma abordagem diferente, reforçando a aplicação de normas que já existem para disciplinar o mercado.

ter uma ideia de sua estratégia. "Em função da conjuntura política intensa e acirrada nos últimos anos, esse tema, que eu chamo de Marco Regulatório da Radiodifusão e que está expresso na Constituição, (...) foi maniqueizado pela lógica de que quando se busca buscar uma regulamentação está se buscando cercear a cláusula pétrea da liberdade de expressão. Tentase fazer uma caracterização indevida daquilo que é simplesmente um debate democrático sobre o uso de um dos segmentos da atividade econômica, social e humana da sociedade brasileira. O que eu tenho dito é que a melhor maneira de fazer esse debate é retirar os fantasmas do ambiente. Não se discute liberdade de expressão porque é cláusula pétrea da Constituição, e a atividade da comunicação social é muito mais", disse o ministro, repetindo de alguma maneira o que outros ministros falaram ao longo dos últimos anos. Mas Berzoini traz um elemento novo. Para ele, "há várias ações

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no âmbito do ministério que independem de qualquer atualização legislativa e dependem do ministério fazer cumprir, analisando caso a caso e ver o que se pode fazer". Para o ministro, a radiodifusão "não é um setor desregulamentado". "A regula­ men­tação existe. Pode-se dizer que está defasada, pode haver quem de­fen­da mais regulamentação e quem defenda regulamentação nenhuma. Mas até pelo momento da evolução tecnológica é algo que precisa ser discutido". Ou seja, o caminho proposto pelo ministro será, pelo menos, resgatar o papel regulador que o Minicom já poderia ter. Um exemplo seria a questão do arrendamento de tempo nas emissoras de TV, seja para igrejas ou grupos produtores de conteúdo. Esse debate surgiu ao mesmo tempo em que o ministério se deparou com a situação de uma emissora em Santa Inês (MA), de

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propriedade do grupo paulistano O Estado de S. Paulo, com algumas dezenas de retransmissoras pelo país, inclusive na cidade de São Paulo (leia matéria na pág. 28). Mas esse é apenas um dos problemas a serem enfrentados pelo ministro Berzoini. Há outros, que vão desde um mercado com forte concentração publicitária até barreiras existentes à diretriz constitucional de regionalização. A estratégia de Berzoini é nova ao focar o problema não apenas em uma lei, mas na falta de capacidade reguladora do Minicom. Mas qualquer que seja o caminho a seguir, inclusive se o caminho for não fazer nada, ele encontrará precedentes históricos. A segu ir, um resumo das principais tentativas de discussão de um marco legal das comunicações que não tiveram resultados práticos ou acabaram sendo engavetadas depois das discussões: Governo FHC * Anteprojeto de Lei de Comunicação Eletrônica de Massa, elaborado na gestão Sérgio Motta/ Mendonça de Barros, entre 1997 e 1998 - Trazia o modelo norteamericano da FCC, colocava a Anatel como reguladora do mercado de radiodifusão, limitava em 30% o poder de mercado e restringia a propriedade cruzada. * Anteprojeto de Lei de Comunicação Eletrônica de Massa, elaborada no início de 1999, era uma versão mais amena do projeto anterior. Estabelecia a definição de políticas como responsabilidade do Minicom mas mantinha um limite do poder de mercado dos grupos. * Anteprojeto de Lei de Radiodifusão, apresentado para consulta pública pelo ministro Pimenta da Veiga em setembro de 2001. Impedia a terceirização de conteúdos na TV aberta (como o aluguel de espaço a igrejas ou programas de venda); dava ao Minicom poder de controle concorrencial, estabelecia cotas de

audiovisual, fosse na radiodifusão, na conteúdos, criava serviços de valor prestação de serviços por empresas adicionado de radiodifusão e Conselho de telecomunicações ou no cinema. Nacional de Comunicações para Pela primeira vez se falava em dar à assessoramento do Minicom. agência do audiovisual poderes para * Projeto para criação da Agência atuar em questões concorrenciais do Nacional do Cinema e do Audiovisual setor audiovisual (que ia da produção (Ancinav), agosto/setembro de 2001 - A à veiculação de conteúdos) e evitar versão preliminar da Medida Provisória abusos de poder econômico. Também conhecida antes da versão final propunha caberia à Ancinav a fiscalização do não só a Agência Nacional do Cinema e do cumprimento dos limites de Audiovisual, estabelecia 10% de taxa sobre publicidade e programação as remessas ao exterior provenientes de jornalística das emissoras de TV. exploração de obras audiovisuais no * "Projeto Franklin Martins", Brasil; estabelecia uma cobrança de elaborado pela Secretaria de tributo sobre a receita bruta de Comunicação da Presidência da programadores de TV paga e emissoras de República, comandada pelo então TV aberta, com a aplicação de percentuais ministro Franklin Martins. A mínimos de aplicação da receita na proposta começou a ser desenhada aquisição de direitos e produção de em 2010, como resultado da conteúdo nacional (na primeira proposta o sistematização dos percentual era de 4%) e “Em função da conjuntura trabalhos da indicava cotas de política intensa e acirrada nos Conferência Nacional conteúdos nacionais em últimos anos, esse tema, que de Comunicação todos os meios de eu chamo de Marco (Confecom), comunicação eletrônica de massa. Na versão final Regulatório da Radiodifusão e realizada em 2009. que está expresso na Entre os aspectos da MP 2.228/2001 os Constituição, (...) foi importantes termos polêmicos referentes ao mercado de maniqueizado pela lógica de conhecidos estavam que quando se busca buscar mudanças na Lei radiodifusão foram uma regulamentação está se Geral de retirados. buscando cercear a cláusula Telecomunicações * Propostas de Lei de pétrea da liberdade de (que seria inclusive Comunicação Social expressão.” incorporada pela Eletrônica, apresentadas Ricardo Berzoini, ministro das nova lei) e na no final de 2002 pelo Comunicações legislação de TV então ministro das paga, bem como a reforma de vários Comunicações Juarez Quadros, dispositivos da legislação de estabelecia a criação do Serviço de radiodifusão. Uma Agência Nacional Comunicação Social Eletrônica, que de Comunicação (ANC), responsável poderia incluir vários serviços de por regular o mercado de telecomunicações e radiodifusão, com radiodifusão, TV paga, audiovisual e cotas de conteúdos, limites à propriedade de conteúdos, seria criada sobre a cruzada e mecanismos de regulação e base da Ancine, que deixaria de fiscalização para o regulador (que poderia existir. Esta nova agência e a Anatel ser Anatel ou Minicom). passariam a ficar sob um mesmo ministério (Ministério das Governo Lula Comunicações), e o papel fomentador * Anteprojeto Lei Geral do Audiovisual, do audiovisual voltaria para o MinC. ou "Projeto da Ancinav" como ficou A proposta criava os Serviço de conhecido, foi elaborado pelo Ministério da Comunicação Social, Serviço de Cultura sob a gestão Gilberto Gil, em 2004. Comunicação Eletrônica e um Serviço A proposta recriava a Agência Nacional do de Comunicação em Rede, que seria Cinema e do Audiovisual (sugerida pela um equivalente mais regulado dos primeira vez em 2001), em lugar da serviços de valor adicionado. Ancine, com poderes de regular o mercado

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cobertura

(evento)

Da redação

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Agora é pra valer

Cronograma e passos da transição final para o desligamento da TV analógica estão definidos. Expectativa é se prazo será suficiente. foto: Cristiano Sérgio

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ouco mais de um ano. Este é o prazo que têm o GIRED (Grupo de Implantação da TV Digital) e a EAD (Empresa Administradora da Digitalização) para começar o desligamento analógico no país. A tarefa é complexa, pois a norma exige que ao menos 93% dos domicílios em cada localidade “desligada” esteja apto a receber os sinais digitais. Aferir este número é apenas um dos problemas. A Anatel já admite que o piloto para o desligamento da TV analógica será, na prática, a cidade de Brasília, cujos sinais devem ser desligados em 3 de abril de 2016. Isso porque, segundo o conselheiro Rodrigo Zerbone, que preside o GIRED, o piloto na cidade de Rio Verde (GO), que teria os sinais analógicos desligados em 29 de novembro deste ano, está atrasado e ainda depende de uma série de definições, o que deve comprometer o cronograma. “O processo está andando bem. O GIRED definiu um cronograma e seu regimento e já está tomando decisões, e a EAD está quase pronta. Mas a gente tem um prazo muito curto para essas primeiras etapas”, disse ele, que participou este mês do Seminário Políticas de (Tele)Comunicações, organizado pela Converge (que edita TELA VIVA) e pelo Centro de Políticas de Comunicações da Universidade de Brasília. “Qualquer falha agora terá impactos lá na frente”, disse Zerbone. Entre as missões críticas do GIRED, segundo Zerbone, estão a definição sobre o funcionamento das centrais de atendimento que darão suporte e esclarecimentos à população sobre os equipamentos 26

Operadoras, radiodifusão pública e privada e Anatel apontam desafios do switch-off análogico.

(isso será definido ainda em fevereiro); informações sobre a campanha publicitária que precisará ser veiculada informando do desligamento (março); e especificações técnicas de receptores e filtros (março e abril). Em seguida, o grupo precisará estabelecer os critérios de comprovação de que os radiodifusores entraram em operação digital e cálculo de investimentos feitos a fim de buscarem ressarcimento (abril); definição dos critérios para mensurar se há condições para o desligamento (abril); e orientações sobre equipamentos e infraestruturas remanejadas (agosto e setembro). Na visão do conselheiro, existe a oportunidade de incluir nas especificações do receptor que será usado os serviços de governo eletrônico e interatividade. Mas Zerbone chama a atenção para a variável mais crítica do processo, que é a garantia de que 93% dos domicílios em determinada cidade estão aptos a receberem o sinal de TV digital, condição essa mínima ao desligamento. Segundo ele, esse percentual não deve ser confundido com cobertura e disponibilidade dos sinais, e sim com a

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capacidade de que o sinal seja captado pelas residências em pelo menos um aparelho. “Mas é uma medição complexa de ser feita, e precisamos definir questões como o atendimento por meio da TV por assinatura ou o atendimento por apenas uma emissora”. A definição da metodologia de pesquisa para se chegar a esse número de cobertura será um grande desafio. Do ponto de vista da entrada em operação dos serviços móveis, o GIRED fará a análise das localidades que podem ser antecipadas e que possam conviver com as transmissões de TV analógica em paralelo ao sinal de 4G, sobretudo no Norte e Nordeste, onde o congestionamento espectral é menos crítico. A partir do dia 3 de abril, o call center e a página na internet com informações sobre o desligamento do sinal da TV analógica devem estar funcionando. A central de atendimento telefônico, na primeira etapa, deverá comunicar aos usuários da cidade goiana de Rio Verde e de

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Brasília e entorno, o processo do switch-off, a instalações de conversores e de antenas, por meio de atendentes, 24 horas por dia e sete dias por semana. Os usuários das demais regiões do país ouvirão uma mensagem indicando o endereço do site, para mais informações. A decisão foi aprovada no último dia 11, na reunião mensal do Gired. Segundo Zerbone, tanto o site quanto o call center são responsabilidade da EAD, que será criada pelas teles vencedoras do leilão de 4G até o dia 19 de março com a tarefa de executar as determinações do edital da faixa de 700 MHz e as decisões do Gired. No site, a EAD deverá colocar todas as informações sobre o desligamento, o cronograma por cidade e tutoriais ensinando como instalar os conversores, antenas e filtros, além de vídeos ilustrativos. Zerbone disse que, apesar de a EAD estar em formação, a consultoria contratada pelas operadoras, liderada pela McKinsey, já está trabalhando nas áreas de atuação da entidade. “Em março, estaremos definindo as opções de set-top box para pesquisar preços e prazos”, afirmou. A definição final dos conversores sairá em abril. O GIRED é formado por representantes das teles vencedoras do leilão, de radiodifusores e da Anatel. Dúvidas Para o presidente da Abert (associação de radiodifusores), Daniel Slaviero, também presente ao seminário, ainda é cedo para dizer se será possível assegurar o desligamen­ to da TV analógica dentro dos prazos estabelecidos no processo de licitação da faixa de 700 MHz e na regulamen­ tação da TV digital. “O que podemos dizer é que as primeiras reuniões do GIRED têm sido duras, mas muito pragmáticas, e há um grande compromisso de todos para que o processo funcione, mas não dá para dizer agora se vai dar tempo”, disse. Slaviero também pediu que o processo se mantenha focado naquilo

operador de redes para os sinais que está previsto no edital e na regulação. públicos e privados de radiodifusão", “Não é hora de perder foco em novas disse Nelson Breve, presidente da ideias e estratégias, pelo menos não no empresa. “A radiodifusão está curto prazo, pois há prazos muito mudando e a transição para a TV apertados a serem cumpridos”. Ele lembra digital é uma parte importante, mas que em 2016, quando devem ser estamos perdendo a chance de desligados os sinais em Brasília, São Paulo discutir modelos que promovam a e na cidade do Rio de Janeiro, há ainda o democracia e a diversidade”. componente Jogos Olímpicos e o período Breve lembrou que as emissoras de eleições municipais. “Entre abril e maio do campo público terão grandes de 2016 vamos desligar o sinal analógico dificuldades de concluírem a em 40% dos domicílios com TV”, prevê. migração do analógico para o digital, Leila Loria, diretora executiva de principalmente por restrições estratégia regulatória da Telefônica/Vivo, orçamentárias. “Se o SindiTelebrasil concorda com Slaviero que esse não é o liberasse o dinheiro que nós temos momento de perder o foco em nada que direito da contribuição para a TV não seja o cumprimento dos cronogramas pública e que está bloqueado na previstos. "A EAD pode representar no Justiça, teríamos certamente futuro algumas oportunidades condições de fazer essa migração”, interessantes de novos negócios, mas disse ele, lembrando que esse agora o nosso foco é cumprir o montante, em valores atualizados, cronograma", disse. Um consórcio deve estar na casa do R$ formado por McKinsey, CPqD 1,5 bilhão. As empresas de e Farncombe venceu a anatel já telecomunicações foram à seleção para fazer o admite que na Justiça para não serem planejamento e estruturação prática o piloto obrigadas a recolher uma operacional da EAD, que do switch-off parte do Fistel que passou deve estar em operação até março, e atualmente as será brasília, em a ser destinada ao operadoras estão em abril de 2016. financiamento da TV pública depois da processo de seleção dos aprovação da Lei executivos da empresa, 11.652/2008, que criou a EBC. Ainda incluindo o CEO. A EAD vai administrar que uma parte desse recolhimento já um orçamento de R$ 3,6 bilhões e, tenha chegado à estatal de segundo Leila, será uma empresa de comunicação, outra parte importante logística com forte caráter operacional, ainda está parada na espera de uma não uma empresa de atuação institucional. decisão judicial. "A nossa experiência Segundo ela, em abril a EAD deve mostra que só de melhorarmos o começar a abrir as RFPs para compra dos sinal isso já se reverte em um ganho receptores e filtros. de audiência. Migrar para a TV digital é essencial para as emissoras E o modelo? públicas, mas teremos problemas de No debate, coube à EBC (estatal que financiamento". Para Breve, em gere a TV Brasil) fazer a provocação mais paralelo ao trabalho do GIRED e da dura em relação à ausência de uma EAD no processo de transição, seria reflexão político-estratégica na forma como importante ter um outro grupo a questão está sendo conduzida pelo pensando nos modelos que poderiam governo e pelas empresas de radiodifusão ser desenvolvidos. “Não queremos ser e de telecomunicações. "Existe uma obstáculo a nada, mas precisamos oportunidade real de se usar esse lembrar que a radiodifusão não é momento de transição para pensar em apenas comercial. Há o sistema modelos que possam gerar economia para público e estatal, e não estamos nem os recursos públicos e benefícios para a brigando para termos uma fatia população. Por exemplo, deveríamos estar proporcional do espectro”. discutindo a possibilidade de ter um

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( regulamentação)

Da redação

cartas.telaviva@convergecom.com.br

Enrosco à vista

Projeto de lei pode criar uma obrigação inviável de carregamento pela TV paga de todos os canais abertos do país. foto: Antonio Cruz/agência brasil

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senador Vital do Rego (PMDB-PB) está propondo uma alteração na Lei do SeAC, a Lei 12.485/2011, que ordena o mercado de TV por assinatura. Ele apresentou em meados de novembro o PLS 332/2014, que cria dois conceitos inéditos na legislação de televisão: o de Rede Nacional e o de Estação de Abrangência Nacional. O propósito é obrigar o carregamento desse tipo de canal nas operadoras de TV por assinatura. Pela proposta do senador, Rede Nacional é o "conjunto de geradoras, retransmissoras e repetidoras caracterizado pela presença em todas as regiões geopolíticas do País, pelo alcance de, ao menos, um terço da população brasileira e pelo provimento da maior parte da programação por uma das estações para as demais". Já a Estação de Abrangência Nacional é o "conjunto caracterizado por uma geradora, retransmissoras e repetidoras presente em todas as regiões geopolíticas do País com alcance de, ao menos, um terço da população brasileira". Há dois problemas imediatamente identificáveis no projeto. O primeiro é que ele cria mais uma obrigação de carregamento de canais. O segundo é entender a abrangência, já que pela proposta seria obrigatório levar não apenas o sinal dos canais da Rede como a tal Estação de Abrangência Nacional. A redação é confusa e não permite saber exatamente o que é o que e em que 28

Senador Vital do Rego (PMDB-PB)

situações devem ser consideradas. Mas, no limite, todas as operadoras de TV por assinatura ficam obrigadas a levar o sinal de todas as geradoras de TV e afiliadas de todas as regiões do Brasil, inclusive com sobreposição de conteúdos. É não apenas tecnicamente inviável como também ilógico. A proposta do senador Vital quase foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde conta com parecer favorável do relator senador Gim Argello (PTB-DF). Só não andou por conta de um pedido de vistas do senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Vital do Rego, que chegou a ser relator da Lei do SeAC na Comissão de Direito do Consumidor da Câmara em 2009 (quando ainda era chamada de PL 29), se inspirou em uma inovação trazida na regulamentação da Anatel.

Redação confusa não deixa clara a abrangência do projeto. •

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A agência, a fim de disciplinar os casos em que o carregamento dos sinais das geradoras fosse inviável, conforme previsto na Lei do SeAC, criou um parâmetro de redes com cobertura nacional na regulamentação do SeAC (Resolução 581/2012). A Anatel estabeleceu que as operadoras do SeAC deveriam ou optar por não levar o sinal de nenhuma geradora, ou levar de todas, carregar as 14 que constituem um conjunto de geradoras locais ou retransmissoras que têm como característica a presença em todas as regiões geopolíticas do País; alcance de, ao menos, um terço da população brasileira; e pelo provimento da maior parte da programação por uma das estações para as demais. Foi um conceito polêmico, pois não está previsto em lei, é questionado na Justiça, mas que está sendo aplicado. Agora, o projeto de Vital do Rego promete transformar em lei uma inovação da agência.

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Guerra de gigantes

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o mês de janeiro, a Turner assumiu a operação do canal Esporte Interativo (EI), comprando a totalidade da propriedade. O grupo estrangeiro já tinha uma participação no EI desde 2013, quando comprou 20% do canal, com um aporte de aproximadamente R$ 80 milhões. Desde então, o canal passou a contar com um bolso mais fundo para disputar direitos esportivos e comprou com exclusividade em Internet e TV por assinatura os direitos da UEFA Champions League para os próximos anos. O canal venceu a disputa com a ESPN, que tinha a Globosat como parceira, para três temporadas 2015/16, 2016/17 e 2017/18. O negócio, no entanto, pode ter implicações na regulamentação, uma vez que o Esporte Interativo está presente na TV aberta. Mesmo com a adição deste importante conteúdo com exclusividade na plataforma, o canal não garantiu sua entrada nas duas maiores operações de TV do País, a Net e a Sky, o que levou à aquisição completa por parte da Turner. A aposta é na boa relação que a programadora estrangeira tem com as operadoras. O desgaste entre as duas maiores operadoras e o EI tornou-se público e notório. O Esporte Interativo chegou a publicar anúncios em jornais e revistas insinuando o veto ao seu conteúdo por parte da Globosat nas duas maiores operadoras do País. "No mundo da competição protegida da TV paga, as duas maiores operadoras do Brasil são vítimas do abuso de poder de uma programadora de canais, que pode vetar a distribuição de canais brasileiros por essas 30

eks/shutterstock.com

Compra do Esporte Interativo por parte da Turner pode trazer implicações importantes ao mercado de mídia no Brasil. Presença do canal na TV aberta e na banda C é um desafio aos reguladores.

operadoras", dizia o anúncio veiculado no final de 2013. Desafio regulatório A compra do controle do canal EI por um grupo estrangeiro pode ter implicações importantes para o mercado de radiodifusão e se tornar um desafio regulatório para o Ministério das Comunicações. Isso porque o Esporte Interativo tem ampla distribuição na TV aberta e na banda C, via satélite, também aberta. O problema é que, pela Constituição, o limite de capital estrangeiro em empresas de radiodifusão é de 30%. A constituição também exige que o controle e gestão do conteúdo sejam feitos por brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos. O sinal do Esporte Interativo é gerado na TV Eldorado (pertencente ao

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grupo O Estado de S. Paulo), em Santa Inês, no Maranhão, e retransmitido em 22 cidades, inclusive na cidade de São Paulo. O arrendamento de tempo é total, ou seja, 100% do conteúdo dos canais abertos é provido pelo EI. Logo após o anúncio da aquisição por parte da Turner, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, apontou que a compra é uma afronta à Constituição, que proíbe o controle de concessão de radiodifusão por capital estrangeiro. Ele cobrou uma providência do Ministério das Comunicações. Paralelamente, a entidade estuda medidas judiciais cabíveis contra a operação. “Essa questão vai criar um paradigma. Se passar, qualquer canal estrangeiro poderá se instalar no país”, disse Slaviero a TELA VIVA. Ele frisa que, mesmo não sendo dona da outorga diretamente, a Turner decide o conteúdo e a programação que vai ao ar no canal, o que configura na prática controle indireto por empresa estrangeira, também vetado pela constituição. “Não é possível que essa ilegalidade seja permitida na maior cidade do país”, ressalta. Segundo a Turner, não há qualquer impedimento legal, uma vez que o Esporte Interativo não é proprietário das outorgas de radiodifusão. Questionada por este noticiário, a empresa respondeu que "o EI é uma empresa de programação que produz e distribui conteúdo esportivo em múltiplas plataformas. O EI não tem uma licença de radiofusão. Sendo assim, o EI não tem nenhuma restrição para capital estrangeiro". No mercado, segundo apurou TELA VIVA,

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“Essa questão vai criar um paradigma. Se passar, qualquer canal estrangeiro poderá se instalar no país.”

durante o Seminário de Políticas de (Tele) Comunicações, realizado pela Converge Comunicações me Brasília, que a solução para o impasse pode estar na revisão do marco legal das comunicações. Questionado sobre a situação de arrendamento de espaço nos canais de TV, e mais especificamente sobre o episódio da venda do Esporte Interativo para a Turner e sobre a realidade das transmissões de TV aberta via satélite, o ministro afirmou que o ministério tem uma série de atribuições já previstas e que deve tomar as decisões de acordo com a legislação. No entanto, defendeu que o setor precisa ser discutido, até mesmo por causa da evolução do padrão tecnológico. "Se não for discutido, a vida vai superar o marco regulatório", afirmou. Ele lembrou que muitas das discussões não precisam passar necessariamente por uma revisão do marco legal. fotos: DIVULGAÇÃO

corre a informação de que o EI tinha uma opção de compra da geradora. Não se sabe se essa opção seria mantida para a Turner. Segundo Edgar Diniz, presidente do canal Esporte Interativo - que foi mantido no comando do canal após a operação -, o objetivo da Turner com a aquisição do EI é expandir a penetração do canal nas operações de TV por assinatura e ter um canal competitivo na compra de direitos nesta plataforma. "No fundo, todo mundo sabe que é esse o caminho. Essa questão regulatória é por falta de conhecimento dos contratos que temos com as empresas de radiodifusão, ou então receio do aumento de competição na televisão", disse o executivo. Para o presidente da Abert, o problema concorrencial, especialmente em relação a direitos de transmissão de campeonatos esportivos, não tem importância. “A concorrência já existe e se resolve pelo mercado. O problema é a ilegalidade da operação”, afirmou. Segundo Diniz, o modelo de negócios com o grupo Estadão, dono da TV Eldorado de Santa Inês/MA, é de licenciamento de conteúdo. "Todos os grandes grupos estrangeiros que estão na TV paga brasileira também licenciam conteúdo na TV aberta", disse. Questionado sobre a operação destes canais, Diniz afirma que o Esporte Interativo não tem ingerência sobre a grade de programação, cabendo aos donos destes canais a formatação da grade. "Nem todos os canais licenciam o mesmo volume de conteúdo", completa. No entanto, sobre a publicidade inserida nos programas do Esporte Interativo, Diniz diz que a comercialização acabe, sim, ao canal esportivo. "A marca Esporte Interativo é anterior ao canal de TV. Quando nós tínhamos o mesmo tipo de contrato para levar o conteúdo com publicidade à RedeTV! e, mais tarde, à Bandeirantes, ninguém dizia

Daniel Slaviero, da Abert

que éramos controladores de concessão", completa. Questionado por TELA VIVA sobre a natureza do contrato com o Esporte Interativo e se o contrato se estenderia ao novo dono do canal esportivo, o Grupo Estado não se pronunciou. Também se especula no mercado que o Esporte Interativo possa deixar de ser transmitido na TV aberta, até para que possa brigar de maneira mais incisiva pelos direitos esportivos, já que sendo uma emissora aberta enfrenta a concorrência da Globo. Segundo Diniz, no entanto, não está nos planos abandonar o negócio com estes canais de radiodifusão aberta e na parabólica. Mas, diz, "o foco é fortalecer o canal de TV paga, o resto é acessório". Caso o Esporte Interativo opte por manter a presença aberta e a Turner banque a disputa por eventos esportivos, como aconteceu recentemente com a Champions League, poderá desafiar a hegemonia do grupo Globo nessa área, e certamente sofrerá questionamentos de natureza legal pela questão do controle de capital. Especialistas em regulamentação de radiodifusão explicam que a situação é similar à de igrejas e programadoras independentes que arrendam horários em canais abertos. No entanto, esse é um arrendamento de 100% do tempo, situação que só foi vista quando a MTV no Brasil tinha a Viacom como acionista com 50%, em parceria com a Abril. Quando a Viacom assumiu 100% do canal, ele deixou de ser transmitido na TV aberta. O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, apontou

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Limbo regulatório Outra questão a ser enfrentada é a transmissão na banda C, por satélites, através da qual o canal chega a mais de 20 milhões de parabólicas. A banda C é uma espécie de limbo regulatório, já que não há uma regulamentação de radiodifusão via satélite, ainda que as transmissões sejam abertas e atinjam todo o Brasil. O Esporte Interativo atua, também, na realização de eventos esportivos, sendo o responsável, por exemplo, pela Copa Nordeste, campeonato cuja importância motivou o lançamento de um canal de TV paga exclusiva para a região pelo Esporte Interativo. Segundo Diniz, não há nenhum movimento para lançar novos eventos, mas, agora sob a Turner, o Esporte Interativo ainda vê a Copa Nordeste como um evento estratégico. "Criamos um conteúdo que ajudou a aumentar a penetração da TV por assinatura no mercado onde o serviço mais cresce", disse.

”A questão regulatória é por falta de conhecimento dos contratos que temos com as empresas de radiodifusão, ou então receio do aumento de competição na televisão.” Edgar Diniz, do EI

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( making of )

Lizandra de Almeida

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

O

s efeitos de um acidente de carro atingem não só os envolvidos diretamente, mas várias outras pessoas, especialmente a família. Esse é o mote da nova campanha de prevenção do Ministério dos Transportes, que mostra uma mulher recebendo a notícia de que seu marido e filho sofreram um acidente. Ao ouvir a informação pelo telefone, a própria casa se movimenta com violência e sofre um choque, como se fosse a colisão do veículo. Toda a sala da casa vai pelos ares, assim como a própria mulher. Diante do desafio de fazer uma sala inteira se mover e colidir, os diretores Fábio Soares e Thiago Eva optaram por criar um cenário o mais real possível. “Fizemos um teste inicial com uma mesinha, um abajur e uma cadeira sobre um praticável e vimos que era a melhor forma de conseguir o efeito da colisão”, explica Soares. Com esse teste, foi possível estudar a reação física dos objetos ao movimento e decidir a quantos quadros seria necessário filmar. Foi construído então um cenário sobre trilhos, que realmente era movimentado até colidir contra a parede do estúdio. “Tínhamos três conjuntos com todos os objetos e pudemos então filmar a colisão três vezes, com duas câmeras: uma captando os detalhes e outra, os planos abertos”, afirma Soares. Para garantir a segurança da atriz, ela foi filmada em chromakey, presa por um cabo de aço que a puxava com força para simular o movimento da colisão e da queda. “Eram muitos objetos soltos, seria arriscado demais filmar a atriz ao mesmo tempo. Ela fez um trabalho muscular forte para se preparar para o impacto, que era muito rápido e preciso e, ao mesmo tempo, inesperado, para garantir 32

FOTOs: divulgação

Reação em cadeia

Para dar o efeito de colisão, o cenário inteiro foi montado sobre trilhos.

que ela realmente fosse pega de surpresa”, continua. A atriz foi escolhida de modo a que não só soubesse atuar, mas que também tivesse uma boa expressão corporal. Foram usadas duas câmeras Phantom e uma LexaPro, filmando a 1,2 mil quadros por segundo. “O primeiro frame do cenário coincidia com a estrutura fixa, para que a edição começasse justamente a partir desse primeiro frame”, explica Thiago Eva. O estúdio tinha 38 metros de comprimento e o trilho, 20. O cenário, por sua vez, tinha 8 por 6 metros. “Você pode considerar que 70% do que vê no acidente é real”, continua. Além da aplicação da atriz, os 30% de pós-produção incluem vários detalhes que foram reconstruídos em 3D, ou por oferecerem risco ou pela dificuldade de filmá-los ao vivo. É o caso, por exemplo, de um porta-retratos cujo vidro se espatifa em close.

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“É importante destacar a parceria com a roteirista Hilda Cicutti, que participou de toda a filmagem e foi nos ajudando a adaptar o roteiro conforme o processo, e da equipe da Punch, que fez o desenho de som, o que tornou o filme ainda mais impactante”, diz Soares.

ficha técnica Cliente Ministério dos Transportes Produto Prevenção de Acidentes Agência Link Propaganda Direção Silvio Rodrigues Produtora BossaNovaFilms Direção Fábio Soares e Thiago Eva Fotografia Fê Oliveira Direção de arte Sidney Biondani Montagem Ricardo Gonçalves Finalizadora Juliana Tocalino Finalização Tribbo Post / BossaNovaFilms Produtora de som Punch

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Estreia de peso FOTOs: divulgação

acompanha todo o voo, e captou as imagens atrás da torre de comando; e outra no “avião-paquera”, um avião que vai ao lado do principal só para gravar imagens. Para registrar todo esse material de um avião que alcança 250 km/hora na decolagem, a maioria das câmeras gravou em super slow motion. Tudo foi planejado com antecedência e rigor, com um treinamento preciso, para que todas as câmeras pudessem registrar sua parte sem prejudicar o trabalho da outra. Pinsdorf permaneceu no chão, na base, coordenando todas as unidades de captação. A equipe de produção já tinha feito um monstro em cima da trilha, com toda a arte pronta, para conseguir soltar a edição em tão pouco tempo. “Tivemos uma equipe de editores no local, que já foi convertendo as imagens e editando na hora.” Por mais que tudo seja planejado e organizado, em um projeto como esse, diz Pinsdorf, a única certeza que se tem é a de que os planos vão mudar. “Além da organização, é fundamental ter flexibilidade para se adaptar.”

O registro do primeiro voo do KC-390 exigiu uma produção pesada.

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primeiro voo de um avião é um evento épico e não é à toa que recebe uma cerimônia de lançamento cheia de pompa, e merece um registro à altura. “O projeto desse avião durou de quatro a cinco anos”, explica o diretor Wiland Pinsdorf. O novo avião militar da Embraer foi um projeto que surgiu do zero, com o investimento de vários países. “É um momento histórico e tenso, que é acompanhado por todo o mercado. Já houve casos em que o avião caiu em seu primeiro voo, então a preocupação é constante”, afirma. O registro do primeiro voo do KC-390 exigiu uma produção pesada e resultou em três produtos audiovisuais. Assim que o avião decolou e ganhou altitude, uma equipe de editores soltou o primeiro teaser. No mesmo dia, foi divulgado um

conjunto de imagens brutas para a imprensa do mundo todo. E em menos de 24 horas estava no ar o vídeo de quase 5 minutos, divulgado no Facebook e YouTube, totalmente editado, com letreiros em português, inglês e espanhol. “O vídeo teve quase 200 mil visualizações, 40 mil só no primeiro dia”, diz Pinsdorf. A epopeia foi registrada por 12 câmeras posicionadas em locais estratégicos, como a cabeceira e mais dois locais da pista e a torre de comando, entre outros. Além disso, havia uma câmera de 4K de resolução em um drone, para captar detalhes do avião em voo; outra posicionada em uma grua, que registrou os momentos em que o avião taxiou; mais uma em um helicóptero de resgate, que

ficha técnica Cliente Produto Produtora Direção Fotografia Produção executiva Produção Embraer Cinegrafistas

Edição e finalização Computação gráfica Operadores de drone Piloto helicóptero Operador câmera helicóptero Operador de grua Maquinista

“O vídeo teve quase 200 mil visualizações, 40 mil só no primeiro dia”, diz Pinsdorf.

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Embraer KC-390 Canvas 24P Wiland Pinsdorf e João Marcos Massote Wiland Pinsdorf Simone Esser Pinsdorf Augusto G., Bruno Cordeiro e João Marcos Massote Carlos B., Edison da Silva, Rodrigo P., Sóstenes S. e Yuri T. Gustavo G., Nathalia K., Wiland P. e João M. Massote Gustavo Girotto Nelson Oliveira, Marco Henrique Zanqueta Vinícius Neves Alexandre Borracha Everton das Neves Marcos Antônio


( case )

Leandro Sanfelice

leandro@convergecom.com.br

Conselho tutelar Vision aposta em tecnologia 4K como diferencial no mercado internacional. Produção é a primeira a ser gravada utilizando a tecnologia em exibição na Record. FOTOs: divulgação

A

pós apresentar bons resultados em seu ano de estreia na Record, a série de ficção “Conselho Tutelar” está gravando sua segunda temporada, com estreia prevista para o segundo semestre de 2015. A atração é uma coprodução da Vision com a emissora e aborda o dia a dia de um grupo de profissionais que trabalham no órgão judiciário do Rio de Janeiro. “Conselho Tutelar” marca a estreia da Vision, que atua principalmente com produção musical, no mercado audiovisual. “Foi uma transição muito desafiadora. Já produzimos shows de grande porte e temos muitos projetos grandes, mas a logística de uma série de ficção é completamente diferente”, diz Carlos de Andrade, produtor e fundador da Vision. Em sua série de estreia, a produtora optou por gravar em 4K uma decisão inusitada, considerando que a transmissão broadcast não comporta a tecnologia. “A própria emissora não fazia questão de utilizar a tecnologia, pois exibirão em HD. Então foi uma decisão nossa, bancada em grande parte com recursos próprios”, revela o produtor. A série é também a primeira gravada em 4K a ser exibida pela Record. De acordo com Andrade, a decisão foi tomada levando em conta a longevidade do produto e a possibilidade de atender a uma demanda crescente em outras plataformas de distribuição. “Com a experiência que tenho no mercado 34

Decisão de gravar em ultra alta resolução foi tomada levando em conta a longevidade do produto.

musical, aprendi a sempre utilizar a melhor tecnologia disponível. Uma economia pequena agora pode resultar em um produto irrelevante dentro de alguns anos, e isso limita suas oportunidades”, explica. Entre os principais desafios encontrados na empreitada, o produtor destaca a escassez de equipamentos de ponta no mercado brasileiro. “Importar todos esses equipamentos 4K elevaria muito o custo da produção e poderia torná-la inviável. Fomos buscar parceiros então.” Segundo ele, a Canon do Brasil apoiou o projeto, viabilizando a produção em 4K. Contando com apoio da Record, que investiu recursos próprios e incentivados,

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a produção é uma obra qualificada independente nacional, pertencendo majoritariamente à produtora. O produtor vê em mercados internacionais e em plataformas de video on-demand a possibilidade de ampliar a distribuição de “Conselho Tutelar”, e aposta no 4K como um diferencial. “Algumas plataformas VOD já estão começando a avançar para o 4K, e elas determinarão o futuro do mercado audiovisual. Apresentamos para compradores internacionais em festivais no Canadá, na França e em Cingapura e estamos sendo bem recebidos. Em um mercado tão concorrido é preciso se destacar. Uma produção

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com conteúdo relevante e tecnologia de ponta se destaca”, avalia. “Com toda tecnologia nova acontece isso. Primeiro ela surge e depois vem o conteúdo que justifica sua adoção. Muitos distribuidores apostam no 4K para o futuro de suas operações, e eles precisam e procuram por esse conteúdo, que ainda é muito escasso”, conclui. Conteúdo relevante De acordo com o produtor, as histórias apresentadas na série são inspiradas em casos reais. “Minha esposa tem um trabalho de ensino na Rocinha. Nesse trabalho, conheceu um músico que trabalha no conselho tutelar. Quando comecei a trabalhar com ele, em um projeto musical, tive acesso a muitas histórias que achei que deveriam ser mais conhecidas. O trabalho dessas pessoas é muito importante. Às vezes sem nenhum apoio elas se arriscam para garantir a segurança de crianças com difíceis condições de vida”, conta. O projeto foi apresentado para a emissora em 2014. “Achamos que era um projeto que se identificava muito com a Record, que é uma emissora que tem uma preocupação social muito forte”. Além de investir recursos na produção, Andrade conta que a emissora apoiou o projeto com estrutura, profissionais e experiência. “O conhecimento deles foi muito importante, principalmente considerando que estávamos chegando nesse mercado. Eles foram parceiros em todas as etapas, e nos apresentaram os melhores profissionais com conhecimento para fazer a série acontecer”, conta.

ERRATA

Ficha técnica

Na edição 253 de Tela Viva, no case da produção “Que Monstro te Mordeu”, o texto informava que a obra havia sido produzida pela Primo Filmes. A informação correta é que a série é uma coprodução que, além da produtora citada, também envolve a Caos Produções, a TV Cultura e o Sesi.

Criação Marco Borges e Carlos de Andrade Direção geral Rudi Lagemman Produtora Visom Digital

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Sinopse: Série apresenta o cotidiano de dois conselheiros tutelares e uma psicóloga, que juntos lutam contra a violência infantil.

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( case )

Acelerados Canal sobre automobilismo e carros no YouTube utiliza publicidade nativa para viabilizar conteúdo gratuito online. FOTOs: divulgação

O

canal do YouTube Acelerados usa publicidade nativa para viabilizar conteúdo segmentado gratuito na internet. Lançado em agosto de 2014, o canal exibe quadros e reportagens sobre carros e automobilismo. Contando com a participação do piloto brasileiro Rubens Barrichello, a página já registra mais de 42 mil assinantes e apresenta média de 500 mil visualizações por mês. O canal faz parte do portfólio de conteúdo do grupo de investidores Network Brasil (NWB), que também é responsável por outros canais na plataforma de vídeos online como Desimpedidos, Fatality e Skate Life. Cada canal tem equipe de produção independente, mas a infraestrutura de pós-produção e a equipe comercial podem ser compartilhadas. No caso do Acelerados, os produtores são Cassio Cortes, ex-gerente nacional de comunicação da Red Bull, e Gerson Campos, que atuava na produtora Bufalos TV, da qual foi um dos fundadores. O grupo de investidores entra com o capital inicial do projeto, e torna-se sócio do mesmo. No caso de Acelerados, a ideia surgiu quando Barrichello participou do programa inglês “Top Gear”, tornando-se o primeiro piloto a fazer uma volta mais rápida que Stig, piloto oficial da atração. O piloto juntou-se à NWB, que viu no projeto a oportunidade de oferecer entretenimento para um público carente de conteúdo segmentado. Foi então que formaram sociedade com a dupla de produtores para criar o canal. "Sempre gostamos de carros e 36

A participação de Barrichello (centro) foi fundamental para viabilizar os programas, inspirados em “Top Gear”.

sentimos falta desse tipo de conteúdo, que é muito escasso no Brasil. O amante de carros no Brasil assiste programas estrangeiros sobre o tema, mas tem pouco conteúdo local, que se relacione diretamente com ele, com os carros que ele conhece. O legal da Internet é poder chegar a um grupo específico e reuni-lo em torno do conteúdo que ele gosta – daí vem o potencial do nosso canal", avalia Cortes. Com essa audiência direcionada, o canal comercializa ações de publicidade nativa (dentro do conteúdo), sua principal fonte de renda. "O valor arrecadado com Ad Sense e visualizações não faz parte do modelo de negócios. Ele é muito pouco para financiar produções com o nível técnico que adotamos, incluindo o aluguel do autódromo, câmeras e equipe", diz

as marcas dos patrocinadores são inseridas nos conteúdos do canal. •

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Campos. Segundo ele, a expectativa é chegar a 150 mil assinantes ao final de 2015. As marcas dos patrocinadores são inseridas no conteúdo do canal. O carro oficial do quadro "Dia de Aula", por exemplo, é um Jaguar. "Temos parceiros que nos permitem financiar a produção de conteúdo. Contudo, é importante que isso não interfiram na programação do canal. O Acelerados não é um canal sobre carros, mas sim um canal sobre a paixão por carros. Nosso público entende do assunto e não podemos subestimá-lo", explica Campos. Produção e logística Segundo os produtores, a etapa mais complexa do processo de produção é o planejamento. A equipe busca aproveitar ao máximo o tempo de gravação externa nos autódromos, reduzindo custos. Além disso, é preciso adaptar-se ao calendário de Barrichello, que divide seu tempo

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entre os programas do canal e a carreira de piloto. “O planejamento tem que ser preciso. No dia de gravação já está tudo esquematizado e não perdemos tempo. O aluguel do circuito tem valor elevado e poderia inviabilizar o modelo de negócios”, diz Campos. Em dois dias de gravação no autódromo Vello’citá, em Mogi Guaçu (SP), a equipe registra material para os quadros de um mês de programação online. “Precisamos do Barrichello em um ou dois dias do mês, para os quadros gravados na pista”, explica o produtor. A equipe de produção utiliza duas câmeras Canon - uma 5D e uma 6D para capturar imagens do autódromo e panorâmicas. Para as gravações on board em alta velocidade, os carros são equipados com câmeras Go Pro. Para cumprir o cronograma de gravações, os produtores chegam a levar mais de dez carros por vez para o autódromo. Os veículos exibidos no programa incluem esportivos como Jaguar e Porsche, clássicos como os americanos Camaro RS 67 e Dodge Dart e até mesmo carros que fizeram no Brasil nos anos 80 e 90, como Gol GTI e Kadett GSi. Com experiência em filmagens automotivas, a dupla de produtores conta com acesso privilegiado a montadoras, que fornecem veículos novos para as gravações. Quando se trata de carros clássicos, no entanto, é preciso um extenso trabalho de pesquisa com colecionadores. “Além de tudo, é preciso ter muito cuidado ao explicar como funciona o processo de gravação. Quando você fala com um colecionador, apaixonado por seus carros, e pede para acelerá-los em pistas de corrida, é preciso convencê-lo”, diz Campos.

termos a repercussão que precisamos. Já vemos o público participando, elogiando e dando sugestões - isso é importante e mostra o potencial do projeto”, avalia o produtor. O canal tem sua programação dividida em blocos com novos episódios semanais. Entre as atrações, um ranking de voltas rápidas de diferentes carros em torno de um mesmo traçado, disputas entre veículos rivais e reportagens especiais com expedições em máquinas cobiçadas. Nos comentários, as comparações com o reconhecido programa “Top Gear” são comuns. “Todos os programas de automobilismo se inspiram um pouco neles, são uma referência internacional e estão há muito tempo no ar. Sabemos que existe uma grande diferença entre os níveis de produção e recursos entre os programas - são patamares diferentes. Mas essas comparações nos mostram que estamos no caminho certo”, conclui Campos.

Internet. “Nosso modelo de negócios começa e termina online. O projeto deve ser viável e rentável dependendo apenas da distribuição na Internet, essa é a conta que fazemos sempre. Se acontecer de avançarmos para outras plataformas, será uma receita complementar dentro deste modelo que é nosso principal”, explica Torres. Na Internet, a divulgação do canal é feita de maneira espontânea, principalmente por meio de redes sociais. “Não pagamos para aparecer em ferramentas de pesquisa ou nas redes sociais - nossa divulgação depende do conteúdo compartilhado e do boca a boca para aumentar seu público. Ainda assim, já chegamos a quase dois milhões de visualizações, um número bastante expressivo”, diz. Nesse contexto, a popularidade de Barrichello, diz, foi importante principalmente no início do canal - o piloto brasileiro tem mais de dois milhões de seguidores nas suas páginas em redes sociais. “Nossa base inicial devese muito ao público que seguia ele nas redes, a ativação dele é importante para

Outras plataformas e divulgação Com número crescente de assinantes, o canal diz não descartar a possibilidade de migrar seu conteúdo para a televisão aberta ou paga. No entanto, dizem que o foco do modelo de negócios será sempre a

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Ficha técnica

Sinopse: Canal exibe reportagens sobre carros e automobilismo com apresentação do piloto Rubens Barrichello

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Direção e Roteiro Cassio Cortes, Gerson Campos Direção de Fotografia Rafael Munhoz Edição de Vídeo Raul Carvalho Motion/Design Thito Russo GoPros/Drone Carsten Horst Áudio William Sassano Produção Guilherme Melles, Joana Farias

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( produção)

Leandro Sanfelice

leandro@convergecom.com.br

Diversidade contemplada Editais de entidades regionais em parceria com FSA já disponibilizaram mais de R$ 100 milhões para produções locais, com destaque para obras seriadas de TV e longas-metragens. Maxx-Studio/shutterstock.com

A

o longo de sua história, a produção audiovisual nacional concentrou-se em poucos polos produtivos, com destaque para Rio de Janeiro e São Paulo. Expandir a atividade em outras regiões e descentralizar a produção é um desejo antigo do governo e agências reguladoras. Nesse contexto, o Fundo Setorial do Audiovisual apresentou em 2014 um eixo dedicado a lançar editais em parceria com órgãos regionais estaduais e municipais de cultura, em um regime de suplementação de recursos. No modelo proposto, a entidade regional entra com parte dos recursos, e o FSA se encarrega de complementar o edital com aporte proporcional ao valor investido regionalmente. A suplementação de recursos oferecida pelo programa é proporcional ao aporte dos órgãos e entidades locais seguindo os seguintes parâmetros: até duas vezes os valores aportados nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste; e até uma vez e meia os valores aportados pelos órgãos e entidades da região Sul e dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. No caso do Rio de Janeiro e de São Paulo, o programa vai investir até o mesmo valor disponibilizado. “Essa é a primeira ação estruturada e construída para apoio regional em grande escala. Apesar dos nossos esforços anteriores, a produção continua muito concentrada, apesar de o Brasil ser um país muito amplo”, diz Rosana Alcântara, diretora da Ancine. Segundo ela, a promoção da 38

Em atividade há pouco mais de seis meses, o eixo de suplementação de recursos regionais lançou 23 editais em parceria com entes estaduais e municipais. regionalização da produção estava nos planos da agência reguladora desde sua criação. “É um projeto antigo, mas que só conseguiu criar vida no ano passado. Essa é uma operação complexa, pois não basta aportar recursos. Foi preciso avaliar as capacidades produtivas de cada uma das regiões e articular projetos com as entidades regionais”, explica. Adesão e produção Em atividade há pouco mais de seis

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meses, o eixo de suplementação de recursos regionais lançou 23 editais em parceria com entes estaduais e municipais. No total, foram disponibilizados investimentos de R$ 105,5 milhões para produções regionais em todo o país. Deste valor, R$ 55,5 milhões vieram do FSA, enquanto que os R$ 50 milhões restantes foram aportados por entidades regionais. O valor deverá ser utilizado na produção de

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“Resolvemos ampliar o valor disponível para esses editais de R$ 65 milhões para R$ 95 milhões.” Rosana Alcântara, da Ancine

um investimento contínuo. “A nossa ideia é renovar esse investimento para promover a continuidade, a não ser que avaliemos que o projeto precisa de ajustes. N momento, no entanto, a nossa avaliação é de que tem sido uma ação bem sucedida”, explica. Os editais contemplam, em sua maioria, projetos de obras seriadas para TV e longas-metragens, pensando também na disponibilidade de obras nacionais independentes para cumprimento de cotas na TV paga. No entanto, explica Rosana, há a possibilidade de adaptar o formato do edital dependendo das características do

mercado regional. "Estamos empoderando as regiões e permitindo que as entidades regionais determinem os parâmetros dos editais, que depois passam por nossa avaliação. Definimos esse modelo de ação porque acreditamos que essas entidades tenham uma compreensão maior das necessidades locais. Existem casos, por exemplos, de estados com histórico de produções em curtametragem, e não faria sentido forçar outro tipo de produção ao local", explica. foto: marcelo kahn

mais de 200 projetos audiovisuais. Segundo Rosana, a adesão ao projeto superou as expectativas da agência reguladora, que decidiu ampliar a quantidade de recursos disponíveis para a linha de editais. "Havia uma dúvida sobre a adesão dos entes regionais e se os estados com menos histórico de produção teriam maturidade para formalizar parcerias. No entanto, conseguimos ao longo do segundo semestre de 2014 lançar mais que metade de todos os projetos previstos com o programa. Dessa forma, nos reunimos com o conselho do Fundo Setorial e resolvemos ampliar o valor disponível para esses editais de R$ 65 milhões para R$ 95 milhões", diz. Segundo ela, a agência já está articulando mais 21 editais dentro deste eixo de suplementação, e a intenção é fazer dessas chamadas

Produção regional O Nordeste é a região com maior participação no projeto. Dos 23 editais lançados, dez estão na região, que também responde por 104 dos

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(produção)

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“Resolvemos investir no formato seriado porque atende melhor nossa necessidade de compor uma grade com programação de qualidade”, explica Indaiá Freire, coordenadora do edital promovido em parceria com a Cultura Rede de Comunicação. “É uma oportunidade impar de colocar o Pará no circuito nacional de produção audiovisual. Nossas ações de estímulo anteriores haviam sido muito pontuais e com quantidades de recursos muito inferiores. Esse investimento deverá incentivar toda cadeia produtiva, com aquisição de equipamentos, produção de cenário e figurino, além de aperfeiçoamento dos profissionais”, avalia Indaiá. Fotos: divulgação

O Nordeste é a região com maior participação no projeto. Dos 23 editais lançados, dez estão na região, que também responde por 104 dos 207 projetos financiados.

207 projetos financiados. Os concursos somam recursos no valor de R$ 42,9 milhões - R$ 21,8 milhões aportados pelo FSA e R$ 21,1 milhões de entidades regionais. Na sequência, aparecem as regiões Centro-Oeste (R$ 28 milhões), Sudeste (R$ 21,1 milhões), Sul (R$ 9 milhões) e Norte (R$ 4,5 milhões). Com regimes de complementação diferenciados em relação aos estados vizinhos, Rio de Janeiro e São Paulo investirão R$ 14 milhões, e Minas Gerais e Espírito Santo R$ 7 milhões. Segundo a diretora, a Ancine promoveu um estudo, em parceria com o Sebrae para identificar pontos fortes e carências das regiões do país. “Identificamos, por exemplo, uma produção de animação muito forte fora do eixo Rio-São Paulo. A região Nordeste e a produção para TVs públicas vêm se destacando bastante também”, diz. No estado da Bahia, por exemplo, os editais lançados em parceria com o FSA disponibilizaram recursos no valor de R$ 12 milhões em 2014, em comparação ao R$ 1,7 milhão a cada dois anos disponíveis anteriormente. O valor financiará a produção de séries de animação, ficção, infantis e documentais, além de documentários e telefilmes de ficção. Nesse caso, a licença de primeira janela das produções audiovisuais pertence sem exclusividade ao Irdeb, para exibição na TV Educativa de Salvador. Posteriormente, as licenças das obras apoiadas podem ser negociadas pelas empresas produtoras com outros canais. “Percebemos a adesão de estados com um histórico grande de produção e também de locais onde os estímulos eram escassos e descontinuados, e que agora enxergam a possibilidade de oferecer um estímulo mais concreto”, revela Alcântara. Promovidos em parceria com entidades locais de cultura, os editais também servem para atender à

demanda por produção para emissoras públicas, uma vez que muitas dessas entidades direcionam aos seus veículos as produções. O Pará, um dos primeiros estados a divulgar o resultado do seu edital e maior investidor da região Norte, disponibilizou R$ 3 milhões para a produção de duas séries de ficção, uma documental e outra animada que serão exibidas em seu canal público.

investimentos por região 21,8 21,1 45

2,87

40 (em milhões R$)

10,19 10,94

15,09

35 30 25

2,9

20

5,4

7,04

1,4

15

7,04

3,9

3,6

3,15

10 5 0 N

NE

CO Investimento local

SE

MG e ES

RJ e SP

S

Investimento FSA

projetos apoiados por região Norte

8%

Sul

Nordeste

46%

15% RJ/SP

6%

MG/ES

3%

Centro-Oeste

Sudeste

13%

9%

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( upgrade )

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Fluxo vigiado

U

Ultra-Compact Maxiva e Maxiva Multi-Compact miram a distribuição dos sinais de TV digital em regiões não cobertas por transmissores de maior potência.

Transmissão local

A

GatesAir, fabricante equipamentos de transmissão, apresentou uma nova gama de transmissores de baixa potência e gap fillers. As soluções miram a distribuição dos sinais de TV digital em regiões não cobertas por transmissores de maior potência, preenchendo áreas de difícil acesso. Na NAB, que acontece em abril em Las Vegas, a GatesAir exibirá duas novas plataformas de TV de baixa potência que abordam duas necessidades distintas. A série Ultra-Compact Maxiva, para gap filler em UHF e VHF, conta com quatro níveis de potência: 30W, 50W, 80W e 130W. A série reduz os requisitos de espaço em rack de seu antecessor em 50%, ocupando apenas uma unidade de rack. A série Maxiva Multi-Compact ocupa quatro unidades de rack e conta com sistemas de transmissão UHF e VHF em várias configurações, incluindo redundância N+1, N+2, ou N+1+M+1. A série, em um único chassis, pode abrigar até oito transmissores separados de 15 watts. Ambos os sistemas estão disponíveis para vários padrões de TV digital, incluindo DVB-T / T2, ISDB-T/Tb e ATSC, com diversas interfaces de entrada.

m novo monitor de dados foi anunciado pela Cobalt Digital para acompanhamento end-to-end de fluxos de trabalho. O ANC-MON parte de um conjunto de produtos de processamento de dados, que também inclui uma ferramenta para inserção e extração de dados e uma nova placa openGear. O monitor automaticamente detecta vários tipos de dados auxiliares e emite um alerta aos operadores da sala de controle quando os dados estão fora da especificação. O monitor acompanha dados auxiliares, como mensagens SCTE 104, descrição ativa do formato, áudio integrado, legendas, e loudness. O operador pode recorrer ao pessoal de engenharia para identificar e corrigir o problema. Sondas podem ser distribuídas por todo o fluxo de dados, eliminando a necessidade de implantar analisadores e outros equipamentos de teste e medição, bem como da intervenção humana. As sondas são projetadas para uso por operadores da sala de controle, que recebem uma indicação visual de todos os problemas quando o alarme é colocado sobre a imagem de vídeo na tela (ou telas) na frente deles. Ao mesmo tempo, o monitor cria uma imagem centrada em dados para os engenheiros e administradores, que podem utilizá-lo para resolução de problemas ou para gerar relatórios que comprovam conformidade.

O ANC-MON detecta vários tipos de dados auxiliares e emite um alerta aos operadores da sala de controle quando os dados estão fora da especificação.

Multiplataforma

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Blonder Tongue Laboratories lança na NAB o Scalable Transcoder-Encoder Platform (Step), que oferece às emissoras uma abordagem flexível e escalável para distribuição de vídeo por IP. O Step é capaz de realizar a codificação HD/SD MPEG-2 ou H.264; HD/SD MPEG-2 para H.264; e H.264 para MPEG-2; HD para SD; e taxa de bits adaptável para perfis ao vivo com suporte aos protocolos de streaming HTTP populares, como HLS, HDS, e IIS.

Disponível como um sistema integrado de 1RU, 2RU, ou 3RU, o Step ajuda emissoras através da realização de uma variedade de tarefas de processamento de vídeo escalável. A plataforma flexível suporta múltiplas taxas de bits de qualidade de vídeo, múltiplos formatos de áudio e rolagem de texto. Além disso, é compatível com qualquer servidor de mídia da indústria ou software de gerenciamento de direitos digitais, e pode ser facilmente integrado em provedores de CDN. O Step é capaz de realizar a codificação HD/SD MPEG-2 ou H.264; HD/ SD MPEG-2 para H.264; e H.264 para MPEG-2; HD para SD; e taxa de bits adaptável para perfis ao vivo.

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( agenda ) MARÇO

6 a 15 FICG - Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, Guadalajara, México. Web: www.ficg.mx/30/index.php/en/. E-mail: info@ficg.mx

MAIO

11 a 17 55º FICCI – Festival Internacional de Cinema de Cartagena das Índias, Cartagena, Colômbia. Web: www.ficcifestival.com/ index.php. E-mail: jaime@lbv.co

14º Tela Viva Móvel O Tela Viva Móvel traz nos dias 5 e 6 temas atuais do mercado de conteúdo móvel, música, games, vídeos, redes sociais, localização, mobile marketing e mobile advertising. O evento acontece em São Paulo, no WTC Events Center. Mais informações podem ser obtidas no site www.telavivamovel.com.br, pelo email inscricoes@convergecom.com.br ou pelo telefone 0800-7715028.

ABRIL

11 a 16 NAB Show, Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Web: www.nabshow.com. 13 a 16 MIPTV, Palais des Festivals, Cannes, França. Web: www.miptv.com.

JUNHO

NOVEMBRO

OUTUBRO

22 a 25 NATPE, Praga, República Tcheca. Web: www.natpe.com/market. E-mail: rperth@natpe.org

5 a 8 Mipcom, Palais des Festivals, Cannes, França. Web: www.mipcom.com.

AGOSTO

15 e 16 15º Congresso Latino-Americano de Satélites, Rio de Janeiro, RJ. Web: www. convergecom.com.br/portal/eventos/ satelites. E-mail: inscricoes@convergecom. com.br. Telefone: 0800-7715028.

4 a 6 Feira e Congresso ABTA 2015, São Paulo, SP. Web: www.abta2015.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

6 a 13 TELAS - Festival Internacional de Televisão de São Paulo, São Paulo, SP. Web: www.convergecom.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028. 9 e 10 Fórum Brasil de Televisão, São Paulo, SP. Web: www.convergecom.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

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2ª edição

TELAS FESTIVAL INTERNACIONAL DE TELEVISÃO DE SÃO PAULO Dias 6 a 13, novembro de 2015 São Paulo, SP Confira os melhores momentos da edição de 2014 Saiba mais sobre o evento:

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