Telaviva - 238 - Junho de 2013

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 22_#238_jun2013

14º FÓRUM BRASIL DE TELEVISÃO

CONTEÚDO NACIONAL: SEGUNDO TAKE Passado um ano da regulamentação da Lei do SeAC, canais e produtoras iniciam um novo ciclo de produção original para a TV, apesar dos gargalos de recursos e infraestrutura. ENTREVISTA Tonet, da Globo, dá a posição da empresa sobre regulamentação e a competição com as teles

TV POR ASSINATURA Com novo satélite, Oi inicia sua estratégia agressiva de conquista de mercado


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mercado brasileiro de TV por assinatura passou ao longo dos anos por um forte movimento de concentração. A fusão da DirecTV com a Sky, em 2007, praticamente acabou com a competição no DTH (satélite), que à época tinha como terceiro player apenas a pequena, e já desaparecida, Tecsat. No cabo deu-se a mesma coisa, com a aquisição pela Net Serviços de grandes operações regionais, como a Vivax, também em 2007, e a BigTV, em 2009. E, em um movimento mais recente, após a aprovação da Lei 12.485/11, com a incorporação da Net pela Embratel e o anúncio, este ano, de que as operações da Net Serviços e da Claro TV poderão ser unificadas futuramente. Ou seja, no quadro atual, temos duas operadoras (ou pelo menos dois grandes grupos) que detêm 80% do mercado: Net/Claro, com 8,6 milhões de assinantes (51% do mercado) e Sky, com 5 milhões de assinantes e 29% do mercado. Resta, para as demais, a disputa por 20% dos assinantes. Mas um fato novo pode desequilibrar esta equação. Como mostrado em matéria desta edição, a Oi, maior operadora brasileira de telecomunicações, acaba de fazer um grande investimento, ao reservar para si praticamente 100% da capacidade de vídeo do satélite SES-6, recém-lançado da base aérea do Cazaquistão. O satélite dobra a capacidade de canais que a operadora pode oferecer, e tem a grande vantagem de ser novo, o que lhe dá uma vida útil de pelo menos 15 anos. O lançamento vem em um momento em que a principal concorrente, e líder do segmento, a Sky, vem enfrentando problemas de falta de espaço em seu satélite, o Intelsat 11, inclusive pela pressão da Lei do SeAC, que exige o carregamento de diversos novos canais. A novidade deixa a Sky em uma posição mais frágil, pois é a única grande empresa de TV por assinatura sem vínculos com empresas de telecomunicações, que depende só do serviço de vídeo, e portanto precisa garantir uma oferta diferenciada, com grande número de canais HD e outros serviços. Vale lembrar, a plataforma de DTH é há pelo menos dois anos a mais relevante no Brasil, com 61% dos assinantes. É também a que vem puxando o crescimento. Ganhou 7,5% a mais de assinantes no último trimestre de 2012, contra apenas 1,8% do cabo. E isso deve continuar, pelo menos até entrarem em operação as novas redes licenciadas pelo SeAC, em especial as da Net Serviços. Para o mercado, a aposta da Oi deve trazer benefícios. Um investimento desse porte deve garantir maior share à operadora de telecom, mas também um crescimento acelerado da base de assinantes total do mercado. Mas para colocar essa agressiva estratégia em prática a Oi precisa equacionar a sua própria situação financeira, que é a mais frágil entre os grandes grupos de telecomunicações. Também deve-se considerar a já prometida entrada da Dish no mercado brasileiro, cuja estratégia ainda é pouco clara, mas que tem grande potencial de mudar o jogo de forças. Um processo de desconcentração deve ter efeitos positivos para o mercado, ao menos para quem está do outro lado do balcão, como as programadoras e fornecedores de equipamentos, menos sujeitos à pressão de apenas dois grandes players. Sem falar, é claro, naquele que paga a conta, o assinante, para quem sempre é boa a disputa entre gigantes. capa: editoria de arte cvg/psmphotography/cobalt88/shutterstock.com

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Ano22_#238_ jun/13

(índice ) 12

Lei do SeAC

Setor se prepara para uma oferta maior de conteúdo nacional original na TV por assinatura

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Scanner

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Figuras

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Mercado

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Canais de TV por assinatura apresentam suas demandas no Fórum Brasil de Televisão

TV por assinatura

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Com estratégia agressiva, Oi busca ampliar participação de mercado

Internacional 30

26

30

Nos EUA usuários respondem lentamente aos investimentos em TV everywhere

Entrevista

34

Globo se posiciona sobre regulamentação e competição com as teles

34

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Making of

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Produção

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Produtoras de áudio investem no mercado de conteúdo

Case

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Ações de product placement viabilizam o longa “Odeio o Dia dos Namorados”

Upgrade

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Agenda

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Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

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Tropicalizando O longa-metragem documental “Tropicália”, da BossaNovaFilms, estreou em junho na Itália, em Portugal e em Londres. Na Itália, o filme será exibido em 36 salas da rede The Space Cinema. Na Inglaterra, o filme terá estreia em julho nos cinemas Curzon Soho, Rich Mix e Rio Cinema. Em Portugal, o filme será distribuído pela Alambique Filmes, com estreia prevista para o verão europeu deste ano. No Brasil, “Tropicália” foi distribuído pela Imagem Filmes. A produção foi da BossaNovaFilms e teve como coprodutores, a Mojo Pictures (EUA), a Record Entretenimento, a VH1 e a DLA no Brasil, além da associação da Americas Film Conservancy e da inglesa Revolution Films. O filme contou com o patrocínio da Petrobras, BNDES, Bahiatursa e Sabesp.

A TV Cultura exibe a partir desta sexta uma série de interprogramas chamada “Traquitana”. São 30 episódios com 3’30” que têm como personagens centrais o Professor e o cão Bicão, que com o nariz faz na tela os desenhos das traquitanas construidas pela dupla. A série foi desenvolvida com apoio da Bic. O roteiro é de Fernando Salem, a assessoria pedagógica é de Myrian Dimenstein e a direção geral é de Pichi Martirani. Fotos: divulgação

Foto: paulo salomão

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Bic patrocinou série de interprogramas na Cultura.

Laboratório

“Tropicália”, da BossaNovaFilms, ganhou exibição em salas de cinema da Itália, em Portugal e em Londres.

Peças na tela A Cennarium TV foi classificada pela Ancine como canal brasileiro de três horas de espaço qualificado programado por programadora brasileira independente e está apto a cumprir as cotas de empacotamento impostas pela Lei do SeAC. Canal de teatro, a Cennarium TV possui acervo de peças nacionais e estrangeiras. O canal foi lançado em 2010, primeiramente online, e depois entrou para operações de vídeo on demand das operadoras Net e GVT. Em fevereiro deste ano, o presidente do Cennarium, Harry Fernandes, disse à TELA VIVA que preparava uma programação com jornalismo e entrevistas. 6

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A Pset, produtora do “Programa Avesso”, desenvolveu um centro de pesquisa, o SmartTV Lab, em parceria com os principais fabricantes de televisão. Aparelhos de todas as smart TVs presentes hoje no mercado nacional - LG, Philips, Sony, Panasonic, Samsung e Semp Toshiba - ficam à disposição do mercado corporativo e da imprensa para demonstrações das últimas tendências em aplicativos e os canais de conteúdo que estão sendo desenvolvidos nessas plataformas. A produtora conta com parceria de conteúdo para o “Programa Avesso” em todas essas marcas. Além disso, anunciou parcerias para estar disponível em set-top boxes das linhas Sony, Samsung e D-Link. A Pset se prepara para levar seus conteúdos às plataformas de smart TV também fora do Brasil. A produtora já acordou com os principais fabricantes o acesso aos equipamentos nos outros países de língua portuguesa.

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A Turner anunciou a aquisição de uma participação minoritária no Esporte Interativo, com um aporte de R$ 80 milhões. O EI continuará a operar como empresa independente e a ser controlado pelo grupo de sócios executivos que comanda a companhia desde a sua fundação em 1999. Como resultado do investimento, a Turner passou a ser a maior acionista individual da empresa e a ter o direito de indicar dois dos sete membros do Conselho de Administração, atuante desde 2004. Segundo Leonardo Lenz César, vice-presidente do Esporte Interativo, a relação com a Turner trará alavancas dos dois lados. “Nos beneficiaremos das relações deles com a operadoras. Onde eles enxergarem possibilidades de estarmos juntos, estaremos. Ao mesmo tempo eles vão aproveitar a nossa expertise em multiplataforma”, observa o executivo. A distribuição do Esporte Interativo não estará a cargo da Turner, seguirá com a equipe do grupo. César explica que com o investimento da Turner será possível investir em equipamentos, aquisição de direitos de campeonato e produção de conteúdo. Um dos planos do grupo é iniciar a conversão integral do canal para a alta definição. “Tem uma série de projetos e Leonardo Lenz, vice-presidente idéias a serem realizadas. Poderemos fazer algudo Esporte Interativo, conta que mas apostas importantes de mídia a longo prazo com a entrada da Turner na sociedade será possível investir que não conseguíamos fazer por escassez de recursos”, observa o executivo. na conversão HD do canal.

foto: Jay Yamashita

Sociedade

O Nat Geo exibiu novos episódios de “Tabu Brasil”, produzidos pela BossaNovaFilms. Um deles é sobre mudança de sexo.

Mais tabus O Nat Geo lançou a segunda temporada do “Tabu Brasil”. O programa acompanha histórias de personagens da vida real por todo o país. São oito episódios, abordando os temas mudança de sexo, prostituição, cadáveres, tratamentos polêmicos, fanatismo, cirurgia plástica e nudismo e compulsão. A produção é da BossaNovaFilms.


Fora da cota A HBO apresentou no início de junho mais uma produção original, a série “Psi”, escrita pelo psicanalista Contardo Calligaris. A série de 13 episódios de 60 minutos tem como personagem central Carlo Antonini (interpretado por Emílio Mello) e está sendo filmada em São Paulo. Roberto Rios, VP de produção original da HBO, conta que era um desejo da produtora filmar uma criação de Calligaris e pediu ao autor que elaborasse uma proposta. Marcus Baldini, que trabalhava na adaptação para o cinema de um dos romances de Calligaris, juntou-se ao projeto para a direção. A produção ficou por conta das produtoras Biônica Filmes e Damasco Filmes. As filmagens de “Psi” levarão 19 semanas e passarão por quase 100 locações da capital paulista. O orçamento não foi revelado, mas Rios afirma que a série é totalmente financiada pela HBO. A atração não entra portanto para a cota de programação nacional da Lei do SeAC.

Fotos: divulgação

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Série “Psi” foi toda rodada em São Paulo.

Recomeços

Ficção nacional

apreensão em relação ao que A reestruturação da Abril a Abril fará com sua rede de não trouxe ainda uma soluTV e, sobretudo, uma prepação para o canal de TV do ração para o que será a MTV grupo, a MTV Brasil. Na Brasil sem a marca MTV. nova estrutura, a MTV fica Isso porque a Abril tinha a sob a nova área negócios e opção de renovar com a segmentadas. Quem assume Viacom o uso da marca este a diretoria-geral do setor é ano. Preferiu não fazê-lo e Helena Bagnoli, que era, até em janeiro de então, diretora2014 terá que -geral da emissoabrir mão da ra. Claudia marca. Se manGiudice é a supetiver a rede, rintendente da com outra área. Mas algumas A marca MTV no Brasil deve marca, segue com a distribuimudanças estão ser relançada pela Viacom. ção atual, asseem curso. Isso gurada sobretudo pelas porque a Viacom, dona da regras de must-carry, que marca, tem sinalizado a obrigam a distribuição comoperadores brasileiros que pulsória por empresas de pretende “relançar” a MTV cabo e satélite, e também nos no Brasil em outubro. Na 36 canais UHF controlados verdade, seria um novo pela própria Abril. canal, oferecido exclusivaJá a MTV norte-amerimente por assinatura, que cana terá que começar do utilizaria a marca consazero, iniciando negociações grada no Brasil pela emiscom os operadores, o que sora de TV aberta do grupo já está em curso, para Abril, no ar há mais de garantir a sua distribuição duas décadas. como um canal pago. A Os diretores do canal eviViacom não comenta o protam falar sobre o futuro da cesso, afirmando que o MTV Brasil, apontando apecontrato com a Abril segue nas que o clima interno é de até 2018. redefinição: existe uma certa

O GNT estreou quatro séries de ficção entre abril e maio e tem os primeiros resultados de audiência da exibição de “3 Teresas”, “Surtadas na Yoga”, “Copa Hotel” e “As Canalhas”. Baseado na medição do Ibope, o canal informa que houve crescimento de 115% na audiência no total de indivíduos em relação à mesma faixa das 22h30 às 23h30. Se considerado apenas o grupo das mulheres acima de 18 anos o aumento é de 150%. Antes da estreia das séries ia ao ar a programação de verão e a série “Brothers & Sisters”. Os programas estão entre os dez mais assistidos da TV por assinatura considerando os principais horários de exibição. Quando analisamos o total de indivíduos , as novas séries ficam entre os 15 programas mais assistidos. No Muu, serviço de vídeo sob demanda da Globosat, as atrações estão no top 10 das mais assistidas em maio. O GNT tem apostado no gênero e vai estear novas séries no segundo semestre: “Beleza S/A”, da O2 Filmes e “Passionais”, da Prodigo Films, além das segundas temporadas de “Copa Hotel”, da Prodigo, e “Sessão de Terapia”, da Moonshot.

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As séries nacionais, como “Surtadas na Yoga”, da Conspiração, elevaram a audiência do GNT na faixa das 22h30 às 23h30.

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Primeiro ano O canal BBC HD comemora um ano de atuação no mercado brasileiro. O canal chegou bem no momento em que entrava em vigor a Lei 12.485, que estabelece regras para o setor de TV por assinatura incluindo as cotas de programação independente nacional. Neste período, para se adaptar ao contexto, o canal fez uma parceria com o Canal Futurua para a exibição de “Recortes do Brasil”, primeiro conteúdo brasileiro a integrar a grade da BBC HD. O canal também contratou, licenciou e exibiu séries e programas independentes produzidos no Brasil e com qualidade técnica e editorial condizente com o padrão editorial da BBC. “A Alma Roqueira de Noel” (Trator Filmes), “Eu, o Vinil e o Resto do Mundo” (Movie&Art), “O Samba que Mora em Mim” (BossaNovaFilms), “Carnival no Meu Quintal” (Trator Filmes) e “Apocalipze” (Guerrilha Filmes) integram a grade do canal e são vistos em toda a América Latina. Além disso há 17 projetos de 12 produtoras diferentes em fase de aprovação para realização entre 2012 e 2013. Oito deles já estão em desenvolvimento, sendo que três utilizarão recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), três são coproduções internacionais e dois são financiados por sponsors privados com product placement ou product integration.

O humorístico “Sai de Baixo” ganhou quatro novos episódios no canal Viva onze anos depois do fim da atração na TV aberta.

Uma década depois Para comemorar seus três anos, o canal Viva decidiu produzir e levar ao ar quatro episódios inéditos de “Sai de Baixo”, um dos maiores sucessos de audiência entre os programas de humor. A atração foi ao ar pela Globo em 241 episódios entre 1996 e 2002 e teve o elenco e 90% da equipe técnica e de produção unidos para a gravação no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. As cinco cotas de patrocínio foram vendidas para Nívea, Fiat, Claro, Danone e Unilever. Fernando Schiavo, gerente de marketing do canal, conta que o mercado publicitário foi muito receptivo à ideia, não só por já conhecerem o programa, mas por entenderem a importância do projeto que conseguiu reunir 11 anos depois os profissionais envolvidos no projeto original. O executivo explica que por se tratar de um canal voltado para a memória afetiva há outros projetos nestes moldes em discussão e planejamento, mas ainda não há decisão sobre a produção. Schiavo também destaca que o projeto foi inteiramente financiado pelo canal e que, no momento, a exibição dos novos episódios do humorístico não está no planejamento de programação da TV aberta, mas nada impede que entre para a grade da Globo Internacional, por exemplo.

TV para surdos O Instituto Nacional de Educação para Surdos e a Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto (ACERP) lançaram a TV INES, projeto de inclusão social voltado para portadores de deficiência auditiva. Trata-se de uma web TV com programação diária linear, que vai ao ar das 8h às 20h. Alguns conteúdos são produzidos especialmente para o canal como o humorístico “Piadas”, o “Aulas de Libras” e o “Tecnologia”, que mostra novidades e avanços tecnológicos que podem facilitar a vida dos deficientes auditivos. Na programação também estão atrações adaptadas para a emisora, como “Salto Para o Futuro”, “Via Legal”, “Brasil Eleitor” além de filmes e desenhos animados com tratamento visual especialmente desenvolvidos para atender aos surdos. O canal exibe ainda o “Visual” em três edições diárias, uma revista dedicada aos deficientes auditivos no Brasil. O conteúdo pode ser visto por aplicativos para celulares e tablets. T e l a

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Multiplataforma A O2 Filmes criou uma área voltada para a produção de conteúdo digital. Sob o comando de Janaína Augustin, a área surgiu porque a produtora recebia uma demanda cada vez maior de formatos que não seguiam os tradicionais de publicidade e de entretenimento. “A gente já fazia, mas não estávamos estruturados em termos de produção e pós-produção”, afirma Janaína. Entre os serviços oferecidos pelo novo núcleo estão o conteúdo para veiculação em todas as mídias e formatos (Internet, TV a cabo, cinema, 4D, PDV, aplicativos, eventos, DVDs e endomarketing), branded content e conteúdo institucional e brand experience (produção de conteúdo interativo e em diversos formatos de telas para museus, shows, exposições, eventos culturais e institucionais). e estabeleceu uma Janaína Augustin parceria com a IqDigital, para a criação de estratégias de social media com blogueiros e outros formadores de opinião da internet. Vem também reunindo novos diretores, fotógrafos, roteiristas, artistas gráficos e multimídia, além de contar com os profissionais que já atuam na casa. O núcleo já fez trabalhos como o “The Walkers”, projeto de curtas produzidos pela Johnnie Walker através de uma ação de crowdsourcing. A O2 atuou no projeto com a curadoria na seleção dos filmes, feita por Fernando Meirelles, e produzindo a divulgação em blogs e social media. Outro job é uma série de stock shots (cenas da cidade de São Paulo) para novela “Amor a Vida”, da Rede Globo. Na área musical, em junho produziu o clip da banda P9 para a Sony Music, e está produzindo o DVD da cantora Claudia Leite. O núcleo também produzirá conteúdo de uma instalação imersiva no Museu do Amanhã, que será inaugurado antes da Copa de 2014, no Pier Mauá, no Rio. •

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FOTOs: divulgação

( figuras) Criação

Atendimento

A agência Batuque Promo contratou Alberto Kim para o cargo de diretor de criação. Com mais de 15 anos de experiência, Kim começou a carreira na Leo Burnett Publicidade e no ano seguinte foi para McCann Erickson. Em 1999, atuou como Diretor de Arte na DPZ Propaganda. Em 2000, foi para Seul estudar design. De volta ao Brasil, atuou na Bates Brasil, Salles Chemistry e W/Brasil. Foi um dos primeiros criativos na operação da Africa Publicidade. Foi chamado para reformular a G2/Brasil, divisão de Branding do Grey Group, e de lá voltou para a Africa como diretor de criação.

Promoção A Turner América Latina promoveu Marcelo Cataldi ao cargo de vice-presidente de vendas publicitárias para Brasil, pan regional e Los Angeles. Cataldi se mudará para Miami e se reportará a Dawn Williamson, vice-presidente de vendas publicitárias da Turner América Latina. Ele será responsável por uma equipe de aproximadamente 60 pessoas, Marcelo Cataldi incluindo o time de vendas publicitárias da Turner América Latina no Brasil e as equipes pan regionais dos escritórios de Miami e Los Angeles. Além disso, será responsável pela cogerência do marketing do Brasil. Cataldi se juntou a Turner em abril de 2012 como diretor executivo de vendas publicitárias. Anteriormente, ocupou posições na Fox Latin America Brazil como vice-presidente de vendas publicitárias para a Fox no Brasil. Começou sua carreira na Neomídia Publicidade e na Globosat.

Publicidade A Discovery Networks anunciou a contratação de Roberto Nascimento como vice-presidente de vendas publicitárias para os canais da rede no Brasil. O profissional, que tem passagens pelo portal Terra, pelas editoras Abril, Globo e Peixes, pela agência W/Brasil e pela TVA será responsável por definir a estratégia e o planejamento do departamento comercial da Discovery Networks, enquanto Elizângela Mariani ficará à frente da força de vendas. Nascimento ficará a cargo também das áreas de marketing publicitário, solutions e vendas das plataformas digitais da Discovery no Brasil. 10

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Ale Pestana

A Na Glória, produtora de som comandada por Teresa Moranduzzo, contratou Ale Pestana como diretor de atendimento. Pestana é formado em cinema e atua no mercado publicitário há quase 23 anos. Antes de ingressar no atendimento da Na Glória foi sócio do Studio Nova Onda e também passou pelo atendimento da Conspiração.

Pirataria A Fox International Channels anunciou a criação do cargo de diretor de antipirataria. Daniel Steinmetz foi escolhido para ocupar a posição. Ele será responsável pela liderança estratégica, desenvolvimento e avaliação dos planos da empresa para combater a pirataria na América Latina. A sua base será em Santiago do Chile e ele se reportará a EVP e Chief Financial Officer da Fox International Channels, Marcela Martin. Steinmetz tem mais de 20 anos de experiência na indústria de mídia. Antes de ingressar na FOX Internacional Channels, ele atuou como diretor jurídico da VTR, onde foi responsável pela criação da Divisão de Fraude e do Departamento de Ética e Conformidade. Além disso, Daniel atuou como consultor jurídico da empresa Movistar e holding de telecomunicações na Bellsouth, ambas sediadas no Chile. Ele é advogado, formado pela Universidade do Chile.

Reformulação A produtora de áudio A Voz do Brasil anunciou a contratação de três novos membros em sua equipe: Sérgio Bártolo, fundador e produtor da banda Funk como Le Gusta; Cassia Garcia, que já atuou na área de atendimento da Side; e Monica Souza, com passagem pelo atendimento da Publicis. Karin Borba, que já atuava na A Voz do Brasil como coordenadora de produção das Casas Bahia, também integra a reformulação da equipe e passará a atuar na área de negócios. Os profissionais se unem à equipe da produtora, sob o comando de Alan Terpins e Rosana Souza.

O2 Filmes Formado em cinematografia em 1992 na Universidade da Califórnia (UCLA), Ricardo Della Rosa agora está trabalhando como diretor de cena da O2 Filmes. Premiado no Brasil e no exterior por seu trabalho tanto em publicidade quanto para o cinema, Della Rosa é responsável por filmes como “Olga” (2004), “Casa de Areia” (2005), “A Deriva” (2009), “O Homem do Futuro” (2011), “Os 3” (2011) e “Os Penetras” (2012). •

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O SES-6 foi lançado!

Aproximadamente 200 canais de vídeo, agora, tem uma nova casa

Abra novas possibilidades para seu negócio com SES-6, o mais importante investimento da SES em satélites na América Latina, dos últimos dez anos. Projetado o objetivo de antecipar a substituição do NSS-806, o SES-6 é a melhor escolha para a distribuição de vídeo à disposição para radiodifusores e provedores de serviços de telecomunicações. Transmitindo aproximandamente 200 canais de vídeo, o SES-6 será um salto para o futuro dos serviços avançados de radiodifusão e garantirá o alcance máximo de audiência nas Américas e na Europa. A SES ajuda sua empresa a se conectar com os clientes e espectadores por toda a região. www.ses.com


cobertura

( capa )

Da redação

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Próximos capítulos

P

assou-se um ano desde a fase de regulamentação da Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) – marco legal da TV por assinatura que libera o serviço para operadoras de telecom, permite a entrada irrestrita de capital estrangeiro e cria cotas de conteúdo nacional - e se aproxima a efetividade plena das cotas de canais nacionais no line-up da TV paga e de conteúdo nos canais (em setembro passa a valer a cota máxima, de um terço de canais nacionais nos pacotes e 3h30 de produção nacional por semana, em horário nobre, nos canais de conteúdo qualificado). Segundo canais ouvidos por TELA VIVA, o primeiro ano pautou-se pela busca de conteúdos prontos, como filmes, pois havia a necessidade de se ocupar rapidamente os espaços das cotas, e não havia tempo para fazer isso apenas com produção original. Agora estaria se abrindo um novo ciclo, com as produções que vinham sendo gestadas nos últimos meses começando a ser exibidas pelos canais. Para a Ancine, o momento é de correção do que considera distorções no mercado, com ou sem auxílio da regulamentação, mas também de um esforço do setor, inclusive financeiro, para garantir o volume de conteúdo necessário. A agência se prepara para as próximas etapas do projeto de fortalecimento da indústria de conteúdo brasileiro,

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Passado um ano da regulamentação do SeAC, setor se prepara para uma oferta maior de conteúdo nacional original na TV por assinatura. Gargalos são os recursos e a mão de obra.

incluindo a exportação de canais. Este foi o recado do presidente da agência, Manoel Rangel, no 14º Fórum Brasil de Televisão, que aconteceu no início de junho, em São Paulo, promovido por TELA VIVA. Para o presidente da Ancine, diversas etapas foram superadas para que a Lei do SeAC fosse totalmente implementada, com a publicação dos primeiros regulamentos da lei e o início do credenciamento de programadoras e classificação de canais, bem como o início das obrigações do carregamento de canais que cumprem cotas na TV 12

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por assinatura. Segundo ele, a entrada em vigor da lei ajudou a aquecer o mercado de programação e produção. “Programadoras estreitaram relações com parceiros produtores independentes, inaugurando uma via de mão dupla onde havia de mão simples”, disse Rangel. O período também já foi longo o suficiente para detectar questões que, segundo ele, exigem adaptações das produtoras, programadoras e empacotadoras (operadoras de TV paga).


Fim da transição Rangel lembrou que o período de transição das cotas de programação e conteúdo na TV paga estará concluído em setembro, quando a Lei do SeAC estará em plena operação, com todas as obrigações de carregamento de canais e de espaço ao conteúdo brasileiro nos canais. Para que isso aconteça de forma saudável, Rangel cobrou iniciativas dos agentes do setor. “Precisamos de mais projetos, mais roteiros. As programadoras devem se estruturar melhor para selecionar e acompanhar os projetos. As produtoras devem atender demandas e propor caminhos às programadoras”, afirmou. Aumentar o volume de produções exigirá esforços dos agentes do setor e mais investimentos privados. No entanto, Rangel admite ser necessário um investimento público mais leve e mais ágil. “É preciso que o foco da agência esteja nos resultados e não nos processos”, disse. Para isso, diz que está em curso um processo de identificação de possíveis mudanças no modelo de acompanhamento e de condicionantes no processo de produção das obras com recursos públicos. Isto envolve uma longa negociação

“Tenho dúvida se o maior estrangulamento é o recurso. Acho necessária a construção de uma política.”

Manoel Rangel deu uma advertência às empresas do setor quanto ao preço pago por canais e por conteúdos. Segundo ele, é preciso uma atenção das empacotadoras no equilíbrio no custo e no valor pago pelos canais, de forma a viabilizar bons canais de programação. Às programadoras, afirmou não ser aceitável comparar o custo de conteúdos amortizados em outros mercados com o conteúdo nacional original. Questionado por este noticiário, Rangel afirmou que a Ancine não atuará para regular os preços praticados no mercado de conteúdo e de canais. “Isso não quer dizer que não notamos as distorções”, disse. FOTO: marcelo kahn

“Recebemos dos assinantes reclamações expressivas quanto ao número de reprises na programação de conteúdo nacional. Estamos atentos a esta situação, sensíveis às reclamações”, disse o presidente da Ancine, que recentemente iniciou seu terceiro mandato. Segundo ele, se necessário, a agência reguladora está disposta a atuar nos próximos meses.

Juca Ferreira, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

com outras instâncias de governo, como o Tribunal de Contas da União, para quebrar paradigmas em processos já consagrados na gestão do dinheiro público. “O acompanhamento dá muita atenção ao processo e à papelada, e pouca ao resultado final”, disse. Esse processo de negociação no governo deve se estender ao próximo ano. Mas algumas mudanças devem ser feitas imediatamente na gestão do Fundo Setorial do Audiovisual para agilizar,

programadores e produtores queixam-se da demora na liberação de recursos do fsa.

Exportação Para a Ancine, é uma questão estratégica internacionalizar a programação de TV brasileira. “Há uma busca na internacionalização da obra brasileira. O caminho seguido até agora é bom”, disse, citando as iniciativas de exportação de obras audiovisuais fomentadas pela Apex. “Mas constatamos que não há internacionalização de fato sem que se construam os canais de distribuição e escoamento desse conteúdo no mundo”, completou. Segundo Rangel, há ativos que distinguem o Brasil, como a música e o futebol, além de uma capacidade em dramaturgia e documentários. “Isto pode ser canalizado para que programadoras brasileiras se insiram em outros mercados”. A primeira fase para a exportação de canais é ampliar o volume de produção, mantendo direitos livres para que sejam negociados em segundas etapas. É isso que está sendo buscado no atual momento do mercado,

dentro do possível nas regras atuais, a liberação de recursos para projetos contemplados. A demora na aprovação de projetos e na liberação de recursos do FSA para projetos já aprovados é uma das principais críticas que tanto programadores quanto produtores independentes fazem à Ancine. Segundo fontes da agência, este trâmite já evoluiu bastante com a substituição do agente financeiro do Fundo, da Finep para o BRDE, cuja estrutura parece responder melhor às necessidades do setor, mas ainda faltam diversas alterações no mecanismo, como a aprovação automática de projetos.

“É preciso que o foco da agência esteja nos resultados e não nos processos.” Manoel Rangel, da Ancine

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para a produção cinematográfica quanto para a televisiva, em que o critério para a liberação da verba é o desempenho da produtora. A linha foi lançada em março e até o momento foram investidos R$ 6,5 milhões em projetos de séries de TV. No total, foram 11 projetos inscritos e habilitados, sendo seis documentários, quatro ficções e uma animação, envolvendo oito produtoras, sete canais e quatro programadoras. Rodrigo Guimarães, gerente de investimento da RioFilme, que apresentou os dados no Fórum Brasil, acredita que há espaço para uma interação entre Rio de Janeiro e São Paulo, o que já teria começado, com uma troca de experiências no audiovisual entre as duas cidades. “O grande desafio agora não é o dinheiro, mas os meios de produção”, disse. Juca Ferreira, que assumiu este ano a Secretaria de Cultura de São Paulo, disse ter ficado surpreendido com a “fragilidade” da secretaria e de outras estruturas públicas de cultura. “As

Desenvolvimento municipal Juca Ferreira, secretário municipal de cultura de São Paulo, e Sérgio Sá Leitão, secretário municipal de cultura do Rio de Janeiro, mostraram que as duas cidades vão investir para fortalecer ainda mais as indústrias locais de produção. O Rio de Janeiro, grande exemplo nacional de políticas públicas para o audiovisual, apontou alguns dados sobre o trabalho que vem desenvolvendo. Entre 2009 e 2012, a RioFilme, empresa da prefeitura carioca para investimento em cinema, investiu cerca de R$ 100 milhões em 252 projetos audiovisuais, sendo que R$ 26 milhões vieram das receitas de 32 projetos reembolsáveis. Considerando apenas os projetos reembolsáveis, o investimento resultou em um aporte de R$ 540 milhões ao PIB nacional, criação de 8.340 postos de trabalho e vendas de 38 milhões de ingressos. A RioFilme também investe na construção de dois polos audiovisuais (um na Barra da Tijuca e outro em São Conrado) e em capacitação profissional. Em 2013 lançou linhas de investimento automático tanto

coisas estão andando mais devagar do que eu gostaria, não há profissionais suficientes, os equipamentos estão exauridos”, observou, acrescentando que o principal instrumento de sua gestão para fortalecer o audiovisual paulistano será o diálogo. De fato, o secretário tem discutido o tema com produtores audiovisuais paulistanos e já fala na criação de uma agência de fomento (ainda sem nome, mas possivelmente SP Filme ou SP Cine) e soluções para a estruturação de uma film commission que possa facilitar o trabalho de quem decidir filmar na cidade. No entanto, Ferreira acredita que há questões mais profundas a serem tratadas. “Tenho dúvida se o maior estrangulamento é o recurso. Acho necessária a construção de uma política. Tem como criar uma política e ter a agência como principal instrumento”, destaca. FOTO: marcelo kahn

Leopoldo Nunes, da SAv, fez paceria com outras secretarias para lançamento de editais.

explica o presidente da agência reguladora. “Numa segunda fase, será necessário envolver diferentes órgãos públicos no sentido de abrir espaço para estas programadoras no exterior. Elas terão de ser capazes de ser um desaguadouro desta ampla variedade de conteúdos produzidos aqui e ter a capacidade de customizar os canais, contando com recursos que podem vir do BNDES, por exemplo. São tarefas que se colocam no horizonte. As programadoras devem trabalhar com este horizonte, enquanto vamos trabalhando nas outras fases”.

Nacional A Secretaria do Audiovisual do

Concurso de roteiros

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Net anunciou durante o Fórum Serão selecionados 20 projetos (10 de Brasil de Televisão o concurso ficção e 10 de não-ficção) que NetLabTV, com o objetivo de participarão de entrevista online encontrar novas ideias para eliminatória para a defesa do projeto. séries de TV. Segundo Fernando Após esta etapa, serão escolhidos os oito Magalhães, diretor de programação da vencedores, sendo quatro de séries de operadora, esta foi uma solução que a Net ficção e quatro de séries de não-ficção. encontrou de aproveitar a Os proponentes dos projetos sua capilaridade para ajudar vencedores participarão de a indústria a encontrar novos um laboratório, terão um talentos para o período de consultoria e desenvolvimento de rodadas de negócio com conteúdos nacionais. O canais, além de receberem concurso receberá inscrições prêmios de R$ 15 mil até o dia 28 de julho. Podem (séries de ficção) e R$ 8 mil participar pessoas físicas de (séries de não-ficção). todo o País com projetos de O concurso é promovido série de ficção ou não-ficção pela Net em parceria com a de no mínimo seis e no Casa Redonda Produções máximo 26 episódios que Culturais. Mais tenham 30 minutos ou uma informações e inscrições no Fernando Magalhães hora de duração. site: netlabtv.com.br.

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Capacitação Um dos temas mais debatidos no Fórum foi a falta de mão de obra qualificada para atender à demanda por produção original, sobretudo na área de criação, particularmente roteiros. Não que faltem roteiristas no país, mas uma das conclusões dos paineis foi de que o roteirista brasileiro, formado na escola do cinema, ainda não se acostumou a trabalhar com televisão. Segundo Jacqueline Cantore, da Global Civic Media, executiva com experiência internacional em produção e programação de TV, que vem trabalhando no programa de capacitação de roteiros

Para Paulo Boccato, da Glaz, o produtor independente precisa aprender a lidar com a extensão da audiência em outras plataformas.

depende do comercial, da audiência etc. Prazos, qualidade, audiência, grade, são todos temas que precisam entrar na nossa realidade, não apenas se ater ao orçamento”, disse. Segundo Carla Affonso, da Zodiak, o Brasil já quer explorar os seus formatos, que estão sendo levados às feiras internacionais. No entanto, segundo ela, é difícil fazer uma venda oferecendo apenas um produto. “Não dá para chegar em um canal com um formato, é preciso um catálogo”. Além disso, “para o formato dar certo, precisa ser pensado no mercado global já na sua concepção”.

desenvolvido pela Globosat, não adianta se ater ao “mantra da falta de roteiro”. “É necessário um conjunto de roteiristas em cada projeto, e não um único autor para tudo, e também um ‘show runner’”, disse, citando uma figura que é comum nas produções norteamericanas, mas ainda desconhecida por aqui. “Ele é alguém que acompanha o roteiro, mas tendo o orçamento e o mercado em mente”. Para Jacqueline, não faltam roteiristas, mas profissionais mais capacitados. “Precisam melhorar o texto e aprender a pensar mais a audiência”, disse.

o mercado investidor está olhando com bastante curiosidade para o mercado de produção audiovisual.

Mercado financeiro Christian de Castro, consultor para mídia, entretenimento e conteúdo da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), apontou no evento que o mercado investidor está olhando com bastante curiosidade para o mercado de produção audiovisual devido às oportunidades para o setor que apareceram com a Lei do SeAC. “Aqui dá para produzir uma série inteira com o mesmo valor de um piloto do mercado americano e ainda testar internamente o conceito para levar para o mercado internacional”, observa Castro. O consultor destaca que embora haja interesse, as produtoras precisam aprender a “fazer contas” e estruturar seus planos de negócio de uma maneira que faça sentido para o investidor. Ainda em junho, Castro apresentará as propostas de uma parceria que vem sendo

Para o produtor independente Paulo Boccato, da Glaz, além de pensar na audiência tradicional, os profissionais precisam aprender a lidar com a extensão da audiência em outras plataformas. “Há uma nova era. ‘Mad Men’ e ‘Community’ não são grandes cases de audiência, mas levam em conta a exploração em outras plataformas e mercados”, exemplifica. “Precisamos explorar isso aqui”. Para Hugo Janeba, CEO da Mixer, outro desafio para as produtoras no momento é conseguir dar uma vida longa a seus produtos. “Temos que buscar as segundas temporadas. Para isso, os clientes têm que estar satisfeitos, o que FOTOs: marcelo kahn

Ministério da Cultura também apresentou seus esforços para o setor de produção de TV. Além de um pacote de editais previstos para julho, ela lançará um curso voltado para o desenvolvimento de roteiros de séries de televisão, que terá aulas presenciais e online e tutoriais para os autores dos projetos selecionados. O secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Leopoldo Nunes, afirmou que a formação é uma das questões que devem receber atenção em sua gestão. A SAv também lançará um curso de preservação. Para julho estão previstos o lançamento dos editais de longametragem de baixo orçamento, curta-metragem, DOC TV, Curta Criança, Curta Animação, AnimaTV, EtnoDoc, Audiovisual sem Fronteiras (para alunos e professores de cursos do audiovisual), Carmem Santos (voltado para mulheres e estruturado em parceria com a Secretaria de Políticas para Mulheres), o Edital Copa (para a produção de filmes relacionados ao futebol nas doze cidades-sede da Copa do Mundo de 2014), edital de difusão e edital de preservação do audiovisual.

“(Os roteiristas) precisam melhorar o texto e aprender a pensar mais a audiência.” Jacqueline Cantore

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( capa ) “Para um conteúdo multiplataforma ser bem sucedido as plataformas devem se completar, cada uma oferecendo parte da experiência.” Jonathan Finkelstein, da Apartment 11

Filkenstein “Dificilmente, praticamente nunca, você vai ter lucro com esse conteúdo. Você precisa estar presente nessas plataformas, mas não vai realmente ganhar algum dinheiro com isso”, diz. De acordo com ele, isso limita a capacidade de financiamento desse conteúdo, e exige projetos criativos com orçamentos relativamente baixos. No programa “Finding Stuff Out”, um dos projetos apresentado pelo canadense no painel, usuários mandavam vídeos com perguntas para uma plataforma digital. Esses vídeos serviriam, depois, para pautar os temas abordados pelo programa educativo. “Esse foi o primeiro caso em que tivemos que desenvolver um programa olhando para o orçamento, com o dinheiro dos fundos e desenvolver um programa pensando tem que custar só isso”, disse Filkenstein. Para Melina, a falta de incentivo público para a produção de conteúdo

Infantil O Fórum Brasil de Televisão contou mais uma vez, em parceria com o comKids, com debates específicos sobre a produção de conteúdos para o público infantojuvenil. O conteúdo transmídia é indispensável na apresentação de projetos de séries e programas de TV voltados para este público. Essa foi a opinião unânime dos participantes do painel que contou com o diretor criativo e sócio do chileno Zumbástico Estúdios, Alvaro Ceppi, o produtor da canadense Apartment 11, Jonathan Finkelstein e Melina Manasseh, produtora executiva e sócia proprietária da 44 Toons. De acordo com Melina, “o maior dos desafios é, desde o começo do desenvolvimento, considerar, dentro do produto que você está criando o projeto multiplataforma”. De acordo com ela, no Brasil, a maioria dos canais pede por jogos como extensão do conteúdo televisivo. Para Finkelstein, pensar com antecedência no projeto multiplataforma, além de ser uma exigência dos canais, é uma maneira de criar conteúdos que interajam entre si. “O conteúdo digital deve ser pensado no início do desenvolvimento de qualquer projeto”, diz. “Para um conteúdo multiplataforma ser bem sucedido as plataformas devem se completar, cada uma oferecendo parte da experiência”. Outro desafio que testa a criatividade dos produtores é o fato de que o conteúdo digital dificilmente gera lucro, diz

digital é um dos maiores obstáculos para sua produção no Brasil. “As produtoras pedem para você ter o projeto, e você pode até tê-lo, mas produzi-lo é um desafio muito grande”, disse. “Você precisa produzir o conteúdo digital com um orçamento que contempla apenas a produção tradicional”. De acordo com Filkenstein, no Canadá a presença de conteúdo interativo é uma exigência para que um programa de TV, por exemplo, possa usar o Canadian Media Fund, fundo nacional para produção de mídia. Além disso, uma vez que tenha o projeto avançado, o produtor pode usar outro fundo para financiar a produção do conteúdo digital especificamente. No Chile, diz Alvaro, o valor da produção do conteúdo digital também não pode ser incluído no valor financiado por fundos governamentais. “Creio que é um erro, pois assim como no Canadá, não conseguimos mais fazer projetos que não contemplem conteúdo em plataformas digitais”, disse. FOTOs: marcelo kahn

costurada com a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Televisão (ABPITV) para capacitar os associados na formatação destes projetos e de como pensar na indústria sem depender essencialmente de recursos públicos.

Lição britânica

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aniel Heaf, chief digital officer da BBC Worldwide, relatou no Fórum Brasil de Televisão as experiências da empresa britânica nas plataformas digitais. Para o executivo, um dos principais fatores de sucesso é estar em todas as partes da cadeia de valor. “Operamos em todas as partes da mídia e essa é a razão pela qual somos bem sucedidos no digital. Estamos no YouTube, temos plataforma on-demand, no Netflix, em games”, destaca Heaf. Ele observa que embora o digital ainda seja um ambiente marcado por algumas incertezas, tudo indica que será muito lucrativo em alguns anos. Hoje, apenas um terço da Daniel Heaf população mundial tem acesso à rede e o executivo acredita que há uma oportunidade “fenomenal” de crescer. Ele também aposta nos países emergentes, que devem conduzir o processo de crescimento no acesso à Internet e também à crescente penetração de smartphones e tablets. Para Heaf, os devices móveis farão uma grande diferença no modo como as pessoas consumirão conteúdo e os grupos de mídia e o mercado publicitário precisam estar atentos a isso. O executivo apresentou dados referentes ao mercado americano que mostram que no mobile está a maior lacuna entre tempo de consumo de conteúdo no dispositivo (12%) e verbas publicitárias investidas (3%).

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Galeria Forum Brasil 2013

Érico da Silveira, da TV Escola: canal lança editais de documentário e animação. Em parceria com o comKids, painel debateu a produção para o público infantojuvenil.

Sabrina Nudeliman, da Elo, e Débora Ivanov, da Gullane, ministraram workshops de produção patrocinados pelo Senac.

Paulo Mendonça, do Canal Brasil.

Os advogados José Mauricio Fittipaldi e Fabio de Sá Cesnik, em workshop jurídico durante o Fórum Brasil.

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Painel de produção com os canais Turner.

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cobertura

( mercado) Edianez Parente

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Canais miram conteúdos patrocinados

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Portfólio Para os canais da Discovery (principalmente Discovery Channel, Discovery Kids, Home&Health, TLC e ID), a busca é por conteúdos adequados a cada perfil de programação. No Discovery

Foto: daniel ducci

os dois dias do Fórum Brasil de Televisão, no início de junho em São Paulo, as programadoras de TV por assinatura e alguns canais nacionais abertos deixaram claro qual tipo de conteúdo buscam no mercado de produção independente. De um modo geral, a procura é por produção nacional de qualidade, que tenha afinidade com sua grade e linguagem, que sirva para outros países (no caso das programadoras internacionais). Mas isso não significa carteiras abertas para aquisições a rodo: as programadoras preferem projetos que já cheguem aos canais com sua engenharia financeira equacionada. Ou seja, sem custos, ou a custos baixos. Os canais adequaram-se rapidamente aos novos tempos e estão bem organizados nas suas estruturas de análise de novos produtos para suas grades. No entanto, também cobram que do outro lado a negociação seja feita com produtoras bem preparadas para todas as etapas do processo (leia texto sobre debate de erros e acertos na pág. 21).

Foto: marcelo kahn

Além da produção viabilizada com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, as programadoras buscam atrações que já cheguem, parcial ou totalmente, custeadas por outros meios.

(público-alvo 25 a 54 anos), são necessárias histórias reais, formatos inovadores e atrações que instiguem a curiosidade nos temas tecnologia, atualidades, aventura humana, drama humano, histórias locais e personagens fortes. Quem detalha é o diretor de programação, André Rossi. Para o Discovery Kids (4 a 6 anos), a fórmula que tem sido bem-sucedida é a de live action e animação, com mínimo de 26 horas. “Essas produções têm de seguir critérios rígidos de desenvolvimento pedagógico”, afirma Rossi. No Home & Health, o requisito é que a atração seja divertida, leve e aspiracional, com pessoas do mundo real, nos segmentos de saúde, relacionamento, beleza, casa e

Segundo André Rossi , da Discovery, programadora busca histórias locais com apelo universal.

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família – de segunda a sexta-feira, um para cada dia. No TLC, há mais flexibilidade de gêneros e formatos, com peso para reality shows, atrações inusitadas e abordagens de subcultura, como por exemplo personagens diferenciados no interior do País. Para o ID (25 a 54 anos), cujo foco está no drama, suspense e investigação, o interesse é em algo que instigue o público: “As pessoas não estão em busca de algo mórbido”, diz André Rossi, admitindo que o canal contempla até uma série de ficção. Os canais Animal Planet e Discovery Turbo (motores) também aceitam projetos. Em todos os canais, a linha a ser seguida diz respeito a histórias locais com apelo universal. O Discovery está estruturando sua área de produção original. Maria Carolina Telles, mais dedicada às produções de lifestyle, está baseada no Rio de Janeiro; e


Esportes A ESPN (canais ESPN, ESPN Brasil e ESPN+), por conta do gênero esportivo, não se enquadra na regulamentação das cotas nacionais de programação. Mas nem por isso deixa de utilizar produção independente, e as vias mais utilizadas são a Lei do Audiovisual (artigos 1ºA e 3ºA ), Art. 39 da MP que criou a Ancine, patrocínios culturais via Lei Rouanet, FSA, aquisições, além de editais, como o da Petrobrás - Projeto Memória do Esporte, no qual o canal entra como exibidor. A ESPN também pode ser coprodutora, ao ceder material de arquivo. Renata Netto, chefe de redação dos canais ESPN, enumera os pré-requisitos para uma produção atender às necessidades da marca: ser um conteúdo que o canal não consegue produzir; ter histórias de apelo universal, ter vocação multiplataforma, dispor de arquivo histórico relevante (e autorizado) e ter um plano de viabilidade. Segundo ela, há interesse na matriz do canal em conteúdos locais de relevância, principalmente em virtude dos grandes eventos esportivos locais que virão por aí. Recentemente, o canal incluiu produções da Canal Azul (documentário sobre o Santos FC), Gullane, Terra Vermelha e Conspiração. Novos projetos em andamento dos canais são das produtoras Buriti (“Mulheres Olímpicas”), Gullane (Esportes Radicais/X- Games), TV Zero

Renata Netto, da ESPN, busca conteúdo que o canal não consegue produzir; com apelo universal, vocação multiplataforma e plano de viabilidade.

Foto: daniel ducci

reconhece a força do País na sua programação. Tanto que o bloco infantil CBeebies foi incorporado à sua grade em virtude do grande volume de pedidos feitos por assinantes brasileiros. Quem conta é Yuri Teixeira, responsável local pela área de conteúdo. A estrutura do canal localmente inclui um pouco de cada um dos canais da BBC Worldwide (CBeebies, BBC Entertainment, Lonely Planet, Lifestyle, Knwoledge e Earth). Um ano após a estreia do BBC HD no mercado brasileiro, a estrutura local conta com dois profissionais, para distribuição e consultoria de conteúdo, e é encarregada de recomendar produções para aprovação nos escritórios de Miami (regional) e Londres (global). A preferência é por produções já acabadas e nos idiomas inglês e espanhol, e o canal também licencia programas e analisa novos projetos e coproduções. “Estamos num momento em que precisamos de programas prontos. Mas não abrimos mão do padrão editorial; é preciso ter a cara do canal com a qualidade BBC; do contrário não entra”, afirma Teixeira. O grande desafio, para ele, diz respeito à relação entre o padrão de qualidade exigido e o custo Brasil - e o executivo local da BBC diz que é motivo de susto se deparar com os valores da produção local: “Muitas vezes, a produção de uma hora brasileira acaba sendo mais cara que a produção/hora da própria BBC”. Outro problema, ele aponta, é a indefinição de algumas situações contratuais sobre produtos já prontos, quando, por exemplo, o produtor não sabe se é possível passar nos demais países da América Latina condição mais do que necessária ao canal. O dilema enfrentado, diz Yuri Teixeira, é que o canal não

(“Democracia em Preto e Branco”, sobre o Corinthians) e Casablanca – este último, a recuperação digital dos documentários de futebol do antigo “Canal 100”, captados e exibidos em cinema. Entretenimento A Viacom quer repetir no Brasil as produções de sucesso de seus canais internacionais. Roberto Martha, diretor de produção da Viacom no Brasil, detalhou as necessidades de programação dos canais Nickelodeon, VH1 Brasil e Comedy Central. Para o primeiro, voltado ao público infantojuvenil, a demanda é para séries de longa duração com 70 capítulos – as chamadas novelinhas. “Nossa ideia é ter um projeto por ano”, afirma, contando que já há um em curso. O canal coproduziu em 2011, ao lado da Band e Mixer, uma temporada de “Julie e os Fantasmas”, num modelo envolvendo TV aberta e produtora independente, à época com uso do Art. 39 da MP da Ancine. O VH1 (18 a 34 anos), que teve recente reformulação, ampliou seu escopo de canal apenas musical para também de estilo de vida, moda, gastronomia e comportamento. Um exemplo é a produção nacional (apesar do nome) “I Could kill for Dessert”, sobre culinária, apresentado por Daniella Noce. Para o Comedy Central, a busca é por conteúdos de humor, o que inclui formatos diferenciados como esquetes e cápsulas de conteúdos. “Para este canal, também consideramos animação para adultos”, diz Roberto Martha. A programadora também analisa projetos com conteúdos patrocinados. Foto: marcelo kahn

Gabriela Varallo, voltada aos gêneros factuais, ficará em São Paulo; ambas são supervisoras de produção. Regra geral, quase tudo o que a programadora hoje produz localmente é para fins de cumprimento de cota de produção nacional, e há ênfase para projetos viabilizados via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Mas também há flexibilidade para uso de outros modelos de negócios, aquisição de programas prontos, projetos com “product placement”. André Rossi destaca haver flexibilidade no modelo de negócios: “Avaliamos caso a caso”.

Pan-regional O BBC HD, um canal panregional para a América Latina, Roberto Martha, da Viacom, busca para o infanto-juvenil Nickelodeon séries de longa duração, com 70 capítulos.

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( mercado) “Estamos num momento em que precisamos de programas prontos. Mas não abrimos mão do padrão editorial; é preciso ter a cara do canal com a qualidade BBC; do contrário, não entra.”

Fotos: daniel ducci

pode pagar por toda a produção necessária ao cumprimento da cota de tela. Como uma das soluções, ele aponta: “Temos uma política aberta com sponsors e product placement”. Os requisitos para entrar na grade da BBC também incluem a adequação de temas a outros mercados. Os valores para aquisições, no caso de direitos totais do produtor, variam entre US$ 5 mil a US$ 20 mil/hora, a depender da obra, e o conteúdo não precisa necessariamente ser inédito. Um exemplo de aquisição recente feita pela BBC HD no mercado brasileiro foi a websérie “Apocalipze”, da Guerrilha Filmes, que já teve sua primeira janela de exibição no Sunday TV, do Terra. Yuri Teixeira enumera haver atualmente 20 projetos em análise, pertencentes a 15 produtoras diferentes. Nacionais A TV RáTimBum, da Fundação Padre Anchieta, lançou no último dia 10 de junho o “1º Prêmio LUM”, a primeira premiação da nova versão de sua plataforma de projetos Lumlab. Foram disponibilizados R$ 50 mil para dois projetos de desenvolvimento de roteiros e argumentos inéditos de obra seriada ficcional, live action, com 13 episódios de 26 minutos cada. Também, serão aportados até R$ 600 mil para coprodução de obra seriada ficcional, live action. Marcus Fernandes, até então, diretor de Programação da Fundação Padre Anchieta (canais TV Cultura e TV RáTimBum) lembra que o mercado de TV por assinatura (plataforma do RáTimBum), apresenta grande índice de crescimento, de mais de 20% ao ano - “acima de qualquer aplicação bancária”, comparou – e que por isso os projetos requerem também grande dose de inteligência contratual. A TV RáTimBum produz apenas 40% de sua programação, dividindo o restante 20

Yuri Teixeira, da BBC HD

entre produções independentes (30%) e aquisições (30%). Jovem Redesenhado, o Woohoo deixou de ser exclusivamente dedicado aos esportes para focar em programação jovem de aventura e lifestyle. Assim, saltou no final de 2012 para 8 milhões de assinantes, desde que entrou no line-up da Net e Sky. Qualificado como canal brasileiro feito por programadora nacional independente com pelo menos três horas de programação nacional no horário nobre, o canal foi um dos beneficiados pela Lei 12.485, segundo seu diretor, Antônio Ricardo. Ele lembra também que para isso foi preciso abrir mão do acordo de distribuição e vendas de publicidade que mantinha com a Turner. O contrato com a programadora internacional impedia o enquadramento na lista de canal brasileiro qualificado. “A lei do SeAC nos foi fundamental. Agora, estamos abertos às leis de incentivo, editais, para novas produções”, explica Antônio Ricardo, afirmando que a própria equipe assumiu as questões antes a cargo da Turner. O Woohoo preenche metade das suas três horas diárias de conteúdo nacional em horário nobre com produção própria - a outra metade é ocupada com atrações licenciadas, em especial curtas e longasmetragens e documentários. O canal tem verificado com satisfação seu apelo junto aos fãs nas redes sociais, e reserva um dia a cada um ou dois meses para as produtoras visitarem a sede do canal, no Rio de Janeiro. A ideia é que apresentem ali os seus projetos, e o canal estuda também repetir a ação em São Paulo. Arte & cultura Após seis meses desde que

Cícero Aragón, da BoxBrazil: flexibilidade de formatos.

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estreou e com 10 de milhões de assinantes, o Arte1, da Band, está com sua grade já fechada para este ano. Novos projetos, diz Rogério Gallo, diretor do canal, só para 2014, guardadas algumas brechas para o caso de programação de caráter extraordinário. A equipe do canal tem analisado várias propostas, mas trabalha com cautela por conta dos custos de aquisição - o canal tem considerado produções com faixa variável de custos, não superiores a R$ 100mil/hora - e com preferência para o formato de obras em séries (não-ficção). “Nossa aposta é o Fundo Setorial do Audiovisual”, afirma Gallo, salientando que nos projetos novos o canal até considera a sociedade. Ele, tal como os demais dirigentes do mercado, aguarda os novos editais e no momento estuda a estruturação financeira de cada projeto. A opção do Arte1 é por não promover pitchings, mas conversar caso a caso. Gallo considera o público da classe C o mais desafiador para o canal: “Embora 45% de nosso público esteja na faixa A/B, me preocupo com que o canal não seja taxado como elitista. E esse é o nosso desafio, dar acesso a um conteúdo interessante, independente da classe”. Gallo cita uma pesquisa do Marplan, que diz que 63% do público da TV paga se interessa por assuntos de arte. O Arte 1 – com três horas diárias de conteúdo nacional no horário nobre - destina 60% de sua grade à produção independente, produzindo internamente o restante. Em meio a todo o turbilhão que envolve a emissora e o próprio Grupo Abril, a MTV Brasil aproveitou o Fórum Brasil de Televisão para reforçar seus cases de produções originais - o que pode também ser visto como


Canais de cinema O cinema nacional está enormemente contemplado em pelo menos quatro canais da TV por assinatura: Canal Brasil, CinebrasilTV, e os novos Curta e PrimeBox. O Canal Brasil, que não é classificado como “superbrasileiro” com a nova lei (12horas/dia de programação nacional independente), chega à casa de 13 milhões de assinantes, desde que adentrou os pacotes básicos do mercado. Na sua equação de projetos,

“A lei do SeAC nos foi fundamental. Agora, estamos abertos às leis de incentivo, editais, para novas produções.”

um período de até cinco anos. Em coproduções, os aportes do Canal Brasil podem ser em dinheiro, mídia e também na finalização de obra. Também o Cinebrasil TV – que tal como o Canal Brasil nasceu para se enquadrar no perfil de canal obrigatório de conteúdo nacional independente exigido pela extinta Lei da TV a Cabo – “superbrasileiro”, adaptou-se aos novos tempos. Hermes Leal, que cuida da área de conteúdo do CinebrasilTV, afirma que o canal mantém a preocupação de ser a janela para a produção nacional independente, mas também começará a receber projetos. A finalidade é indicá-los para o FSA, com algum aporte. O canal lançou seu pitching para a sessão “Documento Verdade – Brasil Hoje”, em busca de material novo e questionador. Ainda, para 2014, o objetivo é trabalhar com pelo menos 50% de produção inédita na grade. Recentemente, o canal foi

Antônio Ricardo, do Woohoo

também tem aproveitado o Fundo Setorial e os editais de fomento. O canal não alterou a grade desde o avanço no volume de assinantes, e a ideia é continuar privilegiando produções que não tenham a cara de outros canais. André Saddy, gerente de marketing e projetos e também um dos sócios do Canal Brasil, aponta que a perenidade é uma das características fundamentais que o canal procura nos seus programas, de forma que as atrações sejam atemporais. Ele frisa também que uma das características mais marcantes de atuação do Canal Brasil é a liberdade total à produção. Os modelos de coprodução são variáveis, havendo opção de se lançar a produção em DVD pelo selo do canal. Num dos modelos, a produtora pode ficar com 40% das receitas obtidas com a atração por

TVs pública e educativa

Foto: daniel ducci

um sinal da independência de conteúdo da emissora, que estaria próxima de abrir mão da marca licenciada. O destaque foi para a recente minissérie nacional “A Menina sem Qualidades”. Trata-se de um projeto inédito no canal, uma série de ficção com qualidade de cinema, desenvolvida em coprodução com a Quanta e dirigida por Felipe Hirsch – foram envolvidos cerca de cem profissionais na produção. Outro case mostrado por Camila Cecchi, gerente de conteúdo, foi a próxima temporada do programa “Perua MTV”, totalmente local e sobre moda, viabilizada junto ao anunciante O Boticário. Camila detalhou alguns passos da negociação para este tipo de atração, explicando o caminho para conciliar as necessidades de comunicação da marca sem interferir na concepção editorial do conteúdo. Em agosto, a MTV Brasil terá nova produção: “Overdose”, outra série de ficção, contemplada com edital da RioFilme. “Não se trata de um reposicionamento da MTV Brasil, nem estamos virando um canal de séries. Aconteceu de termos estes dois projetos muito bons neste ano”, explica a gerente de conteúdo do canal, que não indicou demandas específicas para a grade. “Não estamos investindo em séries; não temos outras em vista”, assinalou. A expectativa da executiva da MTV é que “A Menina Sem Qualidades” – em resumo, uma série sobre questões da adolescência com trilha sonora de apelo jovem - tenha vida longa, e que possa ser exibida em outros canais.

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TV Brasil, canal da EBC, vê sua vocação de TV pública refletida num conteúdo de entretenimento que traga conhecimento. Quem diz é o diretor de programação, Rogério Brandão. Como canal fomentador de produção independente, ele destaca o papel da TV pública de entrar como investidor de um produto, com vistas à participação na cadeia no mercado internacional. O exemplo são emissoras públicas internacionais - canais BBC, Arte, PBS, France1. O canal lançará em 2014 pitchings para os temas: Diversidade Religiosa, Questões Indígenas e Ciência e Rogério Brandão Tecnologia, com formatos de 13x26’’ e 26x52”, em valores “de mercado”, conforme diz o diretor de programação. A faixa está entre R$ 50 mil e R$ 60 mil/por episódio. Ele citou projetos internacionais da TV Brasil, como a parceria com a PBS para ”Sesame Street” (EUA): “Vamos assumir, o compromisso de produzir a primeira temporada customizada de Vila Sésamo”. Brandão também relatou as atuais parcerias com produtoras locais para séries especiais: IETV (“TV e Grandes Autores”), Intro (“Resistir é Preciso”), Kino TV (“O Brasil de Darcy Ribeiro”), Dogs Can Fly (“Igarapé Mágico”) e Andreatto Produções (“Teco Teco”). Já o Canal Futura, ligado à Fundação Roberto Marinho e viabilizado por apoiadores da iniciativa privada, está em busca de conteúdo de educação. “Somos um canal muito utilizado por educadores, em busca de conteúdo para levar à sala de aula”, conta Débora Garcia, responsável pela área de conteúdo e mídias digitais do Canal Futura. Segundo ela, o formato de pitching tem sido uma prática realizada com sucesso. O Futura, que conta com orçamento limitado, também está aberto a projetos com patrocínio, mas não conta com uma grande equipe para captação. O canal também tem indicado projetos para o Fundo Setorial do Audiovisual – foram 18 até o momento.

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( mercado)

Foto: marcelo kahn

Foto: daniel ducci

line-up da Net – o Prime incluído no line-up da Sky; “Me preocupo com que o canal não Box tem 8 milhões de assim, o Cinebrasil TV relata seja taxado como elitista. E esse é o assinantes; o Music Box, 6 milhões de assinantes. nosso desafio, dar acesso a um quase 7 milhões. Ramiro O mais novo conteúdo interessante, independente Azevedo, coordenador “superbrasileiro” da atual da classe.” de licenciamento, define safra, o Curta, relata 10 Rogério Gallo, do Arte1 o momento como de milhões de assinantes, em busca por conteúdo pouco mais de sete meses de pronto, com os novos de apenas 12 meses em que existência, excelentes projetos projetos aguardando as cada obra cumpre cota de recebidos – já foram analisados 190. definições do FSA. Cicero conteúdo obrigatório, a partir Quem diz é Julio Worcman, diretor Aragón, presidente da de sua primeira exibição, ou do canal. Para ele, o ritmo de programadora Box Brazil, assinala mesmo que o prazo da cota fosse alterado contratações de pré-licenças, no que, por serem novos, os canais para 24 ou 36 meses, a conta fica entanto, ainda está longe do ideal, estão com flexibilidade para os caríssima e não fecha. devido à falta de calibragem das formatos, que podem ser também A programadora nacional Box Brazil atuais regras da linha Prodav do em branded content. O Fashion TV, – canais Prime Box, Music Box, Fashion Fundo Setorial do Audiovisual. Ele participa do “feed global” com 30 TV e Travel Box – segue em busca de detalha: “A linha Prodav exige dos min/dia de produção nacional, está produções em licenciamento para o novos canais independentes um valor sendo produzido localmente pela Prime Box (filmes e séries) e de pré-licença equivalente Lighthouse. E o Travel Box Music Box (MPB), a um mínimo de 15% dos ampliou seu escopo para além do principalmente. Os canais são orçamentos de produção turismo, abordando também estilo os que têm mais assinantes, de séries de qualquer de vida e culinária. desde que ingressaram no gênero (animação, ficção ou documental) ou 5% de documentários especiais, o “A linha Prodav exige dos novos canais independentes um que é considerado muito valor de pré-licença equivalente a um mínimo de 15% dos elevado”. Segundo orçamentos de produção de séries ou 5% de documentários Worcman, ao precisar especiais, o que é considerado muito elevado.” amortizar o investimento Julio Worcman, do Curta em pré-licenças ao longo

Programadoras falam das gafes, erros e remendos

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aria um excelente título de reality show. O debate “Gafes e Remendos – o que Aprendemos nesse Primeiro Ano de Regulamentação”, durante o Fórum Brasil de Televisão, foi um franco relato da troca de experiências das programadoras com o segmento de produção, num ambiente em que ambos estão se conhecendo melhor. Ana C. Paixão, da Turner, relata como uma das maiores gafes ter recebido de uma produtora um projeto originalmente concebido para outra programadora, “sem nem revisão do texto, que trazia o nome de outro canal”. Isso, segundo ela, denota também um problema de desconhecimento da grade do canal para o qual se vai apresentar um projeto: “Tem de assistir ao canal, cada um tem um público específico”, alerta. Roberto Martha, da Viacom, lembra como a nova regulamentação do setor fez mudar a relação entre canais e produtoras. Se antes o relacionamento era restrito a um grupo menor, configurando uma relação mais “tailor-made”, agora necessariamente tem de contemplar mais players, de diversos tamanhos e estruturas. Para ele, a pior gafe quem comete é o produtor que não pensa no objeto-fim desta relação, que é o público assinante que vai assistir à atração: “É ruim o produtor que só tem a cabeça de ser um prestador de serviço; a gente não quer isso, buscamos um parceiro para geração e conteúdo”.

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Elisa Chalfon, dos canais Fox, assinala que o produtor precisa primeiramente saber para quem está oferecendo o produto: “Recebi projeto de programação infantil, sendo que não temos um canal destes.”. Segundo Elisa, trata-se de um exercício de amadurecimento para todos. Mas ela lembra que os canais, com a nova legislação, tiveram de “amadurecer a fórceps”, e agora cabe às produtoras “trazer um projeto redondo”. Livia Miceli, do A&E/History/Bio, detectou falhas de procedimentos básicos em produções, como falta de autorização de cessão de imagens por entrevistados às vésperas de um programa ser exibido. Outro ponto que ela levanta diz respeito ao plano de negócios. “Há grandes ideias, mas o plano de negócios não pode partir da gente. Esperamos que venham boas soluções, já que tratamos de um negócio que precisa se viabilizar”. Caio Fochetto, também do A&E/History/ Bio, citou outro exemplo de erro primário: um produtor que foi para uma tomada factual sem ter ao menos um roteiro. Enfim, a grande reclamação é que as programadoras estão sendo surpreendidas negativamente pela falta de cuidados em procedimentos básicos. Elas pedem também que as produtoras sejam transparentes ao oferecerem um mesmo projeto para mais de uma empresa. “É elegante dizer quem está no projeto. Não nos ofendemos em ter um projeto em vários canais. Mas não topamos leilão”, resumiu Roberto Martha, da Viacom.

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O jogo do satélite Oi contrata toda a capacidade do novo satélite SES-6 para o Brasil e promete uma mudança importante em sua estratégia de TV paga. Vantagem é ter uma capacidade que, hoje, ninguém mais tem.

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Fotos: divulgação

ode-se falar o que for da convergência de redes, das tecnologias de transmissão de banda larga por meio de redes de fibra ótica ou cabos coaxiais. Mas o que tem prevalecido no Brasil quando o assunto é TV por assinatura é o bom e velho DTH. E no universo da TV paga via satélite, o elemento essencial é o satélite. O momento é de definições importantes nesse cenário. O primeiro passo foi dado pela Oi TV, braço de TV por assinatura da Oi. A empresa anunciou no começo de junho uma mudança importante em sua estratégia: a contratação de um satélite quase inteiramente próprio junto à SES, uma das maiores operadoras de satélite do mundo, pelos próximos 15 anos. É uma mudança e tanto nos planos da Oi. Até aqui, a operadora vinha confiando a infraestrutura de seu serviço à Media Networks, empresa do grupo Telefônica que opera a plataforma de DTH para diversas empresas, entre elas, no Brasil, a Vivo TV, a Oi TV e a CTBC TV (Algar Telecom). Com um novo satélite, a Oi prepara uma transição (lenta, mas irreversível) para uma nova plataforma. O elemento motivador desse movimento foi a necessidade de mudar a tática de conquista de mercado. Para crescer e disputar mercado com Sky e Claro TV (as concorrentes diretas no mercado de TV paga via satélite), a Oi TV precisava se diferenciar, e a chave para isso é aumentar

O SES-6 foi lançado no Cazaquistão no começo de junho e até agosto já deverá estar posicionado, testado e operacional. 26

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significativamente a quantidade de canais, sobretudo canais em alta definição, e mudar o empacotamento, com novas opções, mais conteúdo sob demanda. “Estamos fazendo essa transição porque precisamos de mais canais, mais conteúdos, porque temos uma série de obrigações do SeAC a cumprir e porque o serviço de TV por assinatura é cada vez mais importante na nossa estratégia residencial”, diz Ariel Dascal, diretor da Oi TV. São 28 os transponders contratados no SES-6, satélite lançado com sucesso a partir do Cazaquistão no começo de junho e que nos próximos dois meses deve estar posicionado, testado e operacional. É o tempo que a Oi precisa para construir seu novo uplink center de Alvorada, na Barra da Tijuca, zona sul do Rio de Janeiro, e que logo ganhará redundância de um novo uplink center, em Guaratiba, também no Rio. Com isso, a Oi deixa de depender exclusivamente das instalações da Media Networks no Peru. “Vamos conviver com as duas plataformas por muito tempo. O novo satélite será usado no upsell e nas novas vendas, para os clientes que entrarem na base a partir de agora e para aqueles que migrarem para pacotes mais altos”, explica Dascal. Não é uma operação simples ter dois satélites em posições diferentes, dois sistemas e dois centros de operação. O satélite atual usado pela Media Networks para os sinais da Oi é o Amazonas 2, da Hispamar (da qual a Oi é sócia com


19%). Ele fica na posição 61o W. O SES-6 ficará na posição 40,5o W, o que impede o uso das duas antenas para o mesmo satélite. Por isso, serão duas operações paralelas. Por outro lado, o novo satélite praticamente dobra a capacidade de canais que a Oi TV tem hoje. “No nosso roadmap estão mais canais HD, mais conteúdos em pay-perview e on-demand, uma plataforma de DVR e posteriormente conteúdos over-the-top”, diz o executivo. Fontes de mercado dizem que a primeira estratégia da Oi será colocar uma grande quantidade de canais da TV Globo, de diferentes afiliadas e inclusive em HD, no line-up de seus serviços, o que nenhuma operadora de DTH hoje oferece de forma tão completa e abrangente. Negociação A negociação com a SES começou no início de 2012. Em princípio, era apenas uma negociação para venda de mais capacidade em um outro satélite da empresa, o SES-4. Quando soube que a SES teria um satélite com grande capacidade em banda Ku para o Brasil em 2013, a Oi abriu os olhos. A oportunidade casou com a estratégia da empresa de apostar no DTH para aumentar a fidelidade de seu cliente residencial. Desde então, a Oi foi a operadora que mais cresceu no mercado brasileiro e deve chegar ao final do ano com cerca de um milhão de assinantes. A negociação cresceu e acabou se tornando um dos maiores contratos individuais da SES. Comparável apenas ao acordo que a operadora tem nos EUA com a Dish, para quem opera uma pequena frota de satélites. O acordo com a Oi praticamente dobra o peso que o Brasil tem nos negócios da SES no mundo e deve significar uma ampliação significativa da presença da empresa no país. A chave para que a SES conseguisse “vender” a oportunidade para a Oi foi uma certa flexibilidade

“O novo satélite será usado no upsell e nas novas vendas, para os clientes que entrarem na base a partir de agora e para aqueles que migrarem para pacotes mais altos.”

praticamente nove meses com uma capacidade de canais sem precedentes no mercado de DTH. É sabido que todas as operadoras concorrentes estão no limite de sua capacidade, sobretudo em função das obrigações de carregamento do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) e do rápido crescimento da oferta de conteúdos em alta definição.

Ariel Dascal, da Oi TV

na configuração do satélite. Inicialmente, a capacidade para o Brasil era menor, mas como o satélite ainda estava sendo fabricado, foi possível negociar com a Astrium (fabricante do satélite) a reconfiguração de alguns feixes originalmente desenhados para atender a região andina, o Cone Sul e a América do Norte. Com isso, toda a capacidade para o Brasil, e praticamente toda a capacidade em Ku do satélite, ficará com a Oi. No meio do caminho, Sky e GVT chegaram a manifestar junto a SES interesse por adquirir capacidade satelital, mas o SES-6 já estava reservado para a Oi. A Oi, com isso, ganha uma vantagem competitiva importante, mas curta. Se conseguir colocar o satélite em operação no último trimestre do ano, a Oi terá

Concorrentes A Sky, por exemplo, não tem conseguido viabilizar uma solução definitiva nem mesmo para canais de altíssima demanda, como o SporTV HD. Também tem alegado ao governo brasileiro que a falta de espaço no satélite é a razão para não conseguir cumprir algumas das cotas de empacotamento previstas na lei do SeAC. Da mesma forma, a GVT TV tem encontrado dificuldades de expandir sua base de canais HD, o que é um problema, já que o diferencial da empresa, depois acompanhado pela própria Oi, foi ter 100% de seus novos clientes em canais HD. A GVT teria um respiro este ano, mas os planos foram, literalmente, por água abaixo. Em janeiro, o satélite Intelsat 27, que substituiria os satélites Intelsat 805 e Galaxy 11 (ambos em 55o W) para aliviar a demanda da operadora, caiu no mar durante o lançamento. A GVT ainda não apresentou seu plano de contingência, mas crescem as apostas de que pode estar negociando com a Dish, operadora norte-americana que já deu todas as provas de que entrará no mercado brasileiro, só ainda não anunciou como. Sabe-se apenas que a Dish já reposicionou um satélite de grande capacidade (o Echostar XV) para a posição 45o W, adquirida em leilão da Anatel em 2011 pelo preço recorde de US$ 90 milhões. Para a GVT fechar um acordo

O satélite brasileiro

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nquanto isso, segue afunilando o processo de escolha do fornecedor do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC), que será operado pela Telebras e pela Defesa brasileira e que deveria ser lançado em 2014, ainda que a data mais realista seja, agora, final de 2015. Três empresas superaram os requisitos mínimos de transferência de tecnologia exigidos pela Visiona (joint venture entre Embraer e Telebras que faz a integração do SGDC). Segundo apurou TELETIME, a companhia está negociando individualmente com a Mitsubishi Electric Corporation (Melco), Space Systems/Loral, e Thales Alenia Space para que eles enviem até o final do mês de junho uma versão final da proposta, algo conhecido pela sigla em inglês BAFO (best and final offer). A Visiona deve levar mais aproximadamente 30 dias para analisar a proposta final, assim a expectativa é que o nome do vencedor seja divulgado no final de julho.

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( tv por assinatura ) O acordo com a Oi praticamente dobra o peso que o Brasil tem nos negócios da SES no mundo e deve significar uma ampliação significativa da presença da empresa no país.

operacional com a Dish, teria que rever a sua estratégia de apostar em uma plataforma híbrida de DTH com banda larga, já que o grupo Echostar (controlador da Dish) dificilmente abriria mão de sua própria tecnologia. Para a GVT TV, que já chega a 500 mil assinantes, isso seria um grande problema, mas menor do que ficar sem capacidade de satélite (seu satélite atual tem vida útil até meados de 2016). Mas a falha do Intelsat 27 não foi um problema só para a GVT. Também prejudicou os planos da Sky. Segundo fontes de mercado, um dos dois satélites que o Intelsat 27 substituiria (o Galaxy 11 ou o Intelsat 805) seria remanejado para atender a Sky até que ela tivesse um novo satélite específico. Hoje a Sky depende do lotado Intelsat 11. Sabese que há tempos a operadora busca viabilizar um novo satélite próprio. Mas mesmo sendo a principal

empresa do grupo DirecTV fora dos EUA, a preferência por capacidade, até aqui, foi dada à Sky Panamericana, que opera nos demais países da América Latina. Após a falha do Intelsat, na conferência com investidores para os resultados de 2012, a DirecTV finalmente anunciou planos de colocar um satélite específico para atender ao Brasil, mas isso não deve acontecer até pelo menos 2016. Oficialmente, ainda não há notícias de um contrato acertado com a Intelsat. Mas a Sky já teria um novo artefato na mesma posição de seu satélite atual (trata-se do Intelsat 9), mas apenas com sinal de testes. Segundo apurou este noticiário, este satélite pode estar sendo reservado para dois usos: ou para o lançamento do serviço em HD da Sky no

Desacelerando

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Milhões de assinantes 4 6 8 10 12

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mercado de TV por assinatura brasileiro ainda cresce consideravelmente, mas está desacelerando. Taxas que há pouco mais de um ano batiam fácil a casa dos 30% estão próximas de 20%. Algumas explicações: 1) a economia brasileira desacelerou e, com ela, o consumo; 2) aumentou a inadimplência e, com isso, as operadoras passaram a ser mais cautelosas com suas ofertas; 3) há uma “ressaca” decorrente do crescimento acelerado dos últimos dois anos e agora os planos de fidelização, que previam descontos, precisam ser renovados, o que não está acontecendo. Ainda assim, o mercado brasileiro de TV paga bateu a casa dos 17 milhões de assinantes em abril. Abaixo, o gráfico mostra a evolução da base do mercado brasileiro de TV paga, mês a mês, desde 2009.

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México ou para a transmissão da Copa do Mundo. Não deve servir, portanto, para dar mais capacidade para a Sky, pelo menos por enquanto. Já a Claro TV espera para ter o seu novo satélite, o StarOne C4, lançado no meio de 2014. Se tudo correr bem, ele estará em operação entre setembro e outubro do próximo ano. Será um satélite inteiro só para o DTH da Embratel, o que ampliará significativamente a capacidade de operação da Claro TV. Mas até lá, a operadora terá que conviver com as limitações ao número de canais atual. O quarto grande player de DTH brasileiro é a Vivo TV (Telefônica), que depende da plataforma da Media Networks, e dificilmente vai mudar esse modelo. A Media Networks tem hoje um limite ao número de canais HD que consegue colocar e, por ser uma operação de distribuição de sinais compartilhada entre várias operadoras, não pode fazer movimentos pensando na estratégia de apenas um cliente. A Vivo TV dificilmente abriria mão de usar a plataforma da Media Networks, até pelo vínculo societário entre as duas empresas, ainda que conversas com a Dish, iniciadas e interrompidas em 2012, possam ter sido retomadas. A Vivo TV já relançou seu serviço de DTH no Estado de São Paulo. Com isso, a Oi TV terá, se aproveitar a capacidade extra que o SES-6 oferece, uma grande vantagem competitiva, pelo menos por algum tempo, em relação aos seus concorrentes diretos. O problema para a operadora não é mais satélite, mas a própria capacidade financeira da Oi de investir para crescer enquanto os concorrentes estão sem a mesma capacidade.


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COBERTURA

( internacional) Samuel Possebon, de Washington

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No tom certo

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mercado de TV por assinatura dos EUA vem, há anos, enfrentando uma preocupação: como não ser atropelado pelas plataformas de conteúdos online, overthe-top (que funcionam sobre as redes banda larga) e sob demanda. Na Cable 2013, principal evento de TV paga do mundo, organizado pela associação dos operadores de cabo dos EUA (NCTA) e este ano realizada em Washington, no começo de junho, foi um pouco disso, mas com um tom mais otimista. Na visão dos operadores e programadores, a TV por assinatura tradicional já conseguiu dar uma resposta à nova realidade digital. O símbolo desse otimismo foi a apresentação de Brian Roberts, CEO da Comcast, maior operadora de cabo e uma das maiores programadoras do mundo (dona da NBC Universal entre outros). Roberts, em estilo Steve Jobs, anunciou a nova plataforma Xfinity de entrega de vídeo da Comcast, a X2, que é um set-top de TV por assinatura muito mais parecido com o que se vê hoje em consoles de videogames e caixas conectadas (Apple TV) do que em decodificadores tradicionais. Tanto que a própria caixa é dispensável e a plataforma está disponível, por software, em qualquer dispositivo. O modelo da Comcast é o que, em eventos automobilísticos, se chamaria de “carro conceito”. A Comcast diz que começa a colocar na rua a nova plataforma no final do ano. Mas o fato é que ainda luta para conseguir levar a primeira versão da plataforma, a X1, a todos os mais de 22 milhões de assinantes. Enquanto isso, o tormento dos 30

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Operadores de cabo dos EUA e programadores parecem ter encontrado o caminho para seguirem competitivos com as plataformas de conteúdos over-the-top, mas usuários ainda não respondem na velocidade imaginada.

Congresso da NCTA: TV everywhere ainda é pouco usada.

operadores norte-americanos continua: as bases de clientes de vídeo estão decrescendo. Parte mais significativa vai para a concorrência (serviços de DTH, como DirecTV e Dish, ou IPTV, como o FiOS, da Verizon, ou o U-Verse, da AT&T). Mas uma boa parte, não muito bem dimensionada, mas já significativa, fica apenas com a banda larga. Não há números precisos sobre isso, mas estima-se que cerca de 2% da base anual da indústria esteja sendo erodida por conta disso. Em 2012, foram nada menos do que 1,6 milhão de assinantes a menos assinando TV a cabo, em um mercado de 56,4 milhões de clientes. Quem deixou os serviços são sobretudo jovens recém saídos da universidade, solteiros ou sem filhos, e em grandes centros urbanos. São os chamados cord cutters. Parte da perda foi para a concorrência, mas parte simplesmente sumiu para os serviços over-the-top. Tanto que Brian Roberts já mostra um discurso resignado. “Existem mais plataformas para levar o conteúdo ao usuário, e isso é bom”, disse Roberts. “Não é um mercado em que há vencedores e perdedores. Se houver, haverá um problema”, diz ele. “Mas não

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podemos perder uma nova geração que está, claramente, querendo consumir conteúdos de novas maneiras”, diz Roberts. A dúvida sobre a equação financeira para pagar a conta nesse novo modelo persiste, mas pelo menos, por enquanto, os produtores de conteúdos estão animados com o que vêm, incluindo Roberts. “Nossos conteúdos precisam estar em todas as plataformas”. Bom momento Matthew Blank, CEO da Showtime, sintetizou da seguinte forma essa situação. “Em geral as pessoas gostam muito de discutir sobre novidades que não têm receita e não têm margem, um pouco sobre coisas que têm receita mas não têm margem, mas não gostam muito de falar daquilo que tem receita e tem margem”, disse ele, enfatizando que esse é um dos melhores momentos da indústria de conteúdos. Para Joshua Sapan, CEO da AMC, as novas plataformas de entrega de conteúdo, seja na forma de conteúdos sob demanda, seja na forma de


distribuição online, têm ajudado no aumento da audiência dos canais, no engajamento dos telespectadores durante as temporadas e garantido uma sobrevida a conteúdos de acervo já exibidos. “Hoje, temos audiências muito altas em temporadas já exibidas na véspera do início de novas temporadas”. Mas os programadores também apontaram uma mudança profunda na forma como as pessoas assistem TV. No caso do Showtime, por exemplo, entre 60% e 70% da audiência dos novos programas já não acontece no ato da estreia, mas sim posteriormente, na forma de catch-up (como conteúdo recuperado sob demanda) ou por meio de DVR. Para a presidente da Disney/ABC, Anne Sweeney, a grande mudança enfrentada no mercado de programação é a “perda de controle” sobre a programação. “Hoje, os consumidores conseguem nos dizer de maneira muito mais efetiva aquilo que eles querem, porque imediatamente conseguem buscar nas plataformas digitais aquilo que não estão conseguindo pela forma tradicional”, diz ela, ressaltando também o papel fundamental que as redes sociais têm na formatação dos hábitos de audiência. Everywhere A resposta mais concreta dos operadores de cabo (e também de DTH) à chegada das plataformas overthe-top são os serviços de TV everywhere. Para enfrentar Netflix e afins, os operadores e programadores criaram aplicativos autenticados, em que os assinantes tradicionais podem acessar os conteúdos que teriam em suas casas de qualquer lugar. Há cerca de dois anos os primeiros modelos, como o HBO Go, começaram a ser colocados no mercado. Os resultados, contudo, são ainda mais para “nobody TV” do que para TV everywhere. Segundo pesquisa da Parks Associates, apenas 26% dos assinantes de TV a paga dos EUA conhecem o conceito de TV everywhere, apesar dele estar

“Não podemos perder uma nova geração que está, claramente, querendo consumir conteúdos de novas maneiras.”

renda entre aqueles que consomem TV Everywhere e os que não consomem, mas os que consomem são, em geral, pessoas que gastam mais com entretenimento, seja cinema, VOD ou conteúdos over-the-top. Da mesma forma, segundo a Parks, quem usa TV everywhere está menos propenso a desistir dos serviços de TV paga do que quem não usa. Segundo Roberts, da Comcast, há alguns desafios da indústria de conteúdo nesse cenário. O primeiro, diz ele, é o da autenticação. “Os usuários não podem ser obrigados a se identificar em cada plataforma em que forem consumir o mesmo conteúdo”. Para ele, isso precisa ser resolvido tecnicamente pela indústria, e é possível fazer isso. Outro desafio, o maior deles, diz Roberts, é o de lidar com a personalização da televisão. “No passado, a cobertura de uma

Brian Roberts, CEO da Comcast

disponível para 75% da base. E apenas 15% efetivamente usam. Para a Parks, o que explica o pouco conhecimento é o fato de que, para as operadoras, não se justifica um forte investimento na divulgação. Primeiro porque isso não gera mais receita, depois porque uma grande demanda pode trazer mais problemas técnicos e de atendimento, e ainda porque o momento do mercado é do vídeo sob demanda, que gera mais receita e que tem crescido vertiginosamente. Para aqueles que acham que as plataformas de TV everywhere não têm futuro, basta dizer que o VOD levou pelo menos dez anos para ganhar momento nos EUA. A pesquisa da Parks apontou ainda que não existe diferença significativa de

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LOS HERMANOS

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m debate realizado com operadores latino-americanos durante a Cable 2013, em Washington, serviu para mostrar que se de um lado os mercados em desenvolvimento demandam tecnologias e enfrentam os mesmos desafios vividos nos EUA, por outro lado a equação de custo dos operadores e as oportunidades a serem exploradas são outras. O debate reuniu operadores do México, Panamá e Venezuela. Todos mostraram que o processo de digitalização das redes de cabo já está avançado, mas em alguns casos (como o da operadora venezuelana Inter), foi preciso adotar uma solução combinada com DTH para atingir regiões remotas. “O ponto é que temos realidades diferentes dentro da nossa base. Há uma parte dos assinantes que vive hoje uma realidade muito próxima da realidade de um assinante médio nos EUA. E outra parte está tendo o seu primeiro contato com o cabo apenas agora”, diz Raymundo Fernández Pendones, COO da mexicana Megacable. O grande tema de preocupação tecnológica dos operadores que participaram do painel não é a ampliação da velocidade nas redes banda larga, ainda que isso esteja no radar. O aspecto mais importante para eles é desenvolver plataformas de Wi-Fi mais amplas e que permitam a competição efetiva com as operadoras móveis. “No nosso mercado, o nosso grande concorrente é o smartphone e os serviços oferecidos por eles. Temos que ter redes de Wi-Fi para não perder esse cliente”, diz Fernández. Outro serviço apontado como importante para ampliação das receitas é o de segurança doméstica, problema crítico em muitos países latino-americanos. “É uma oportunidade de ganharmos uma receita adicional importante e que as empresas que só oferecem DTH não conseguem oferecer”, diz Patricio Marín, vice-presidente de planejamento e estratégia da Inter, da Venezuela. Do ponto de vista tecnológico, o pedido das operadoras dos países latinoamericanos pode ser sintetizado em uma frase de Fernández, da Megacable. “A América Latina é um mercado crescente, mas diferente; tem necessidades diferentes e precisam de soluções originais e baratas. O grande desafio da América Latina ainda é aumentar a penetração dos serviços. Os fornecedores precisam ter isso em mente”, disse o executivo.

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Olimpíada era, basicamente, em um canal. Hoje, são dezenas de canais, Internet, redes sociais. A TV está cada vez mais pessoal, e precisamos entender isso”, diz o executivo. Outro desafio é o da quantidade de conteúdos disponíveis. “Temos mais de cem séries sendo exibidas ao mesmo tempo por temporada só nos EUA. É preciso dar chance para que as pessoas consigam assistir a esse volume de conteúdos, e a TV linear não basta”, diz, apontando as plataformas on-demand, DVRs e ofertas de conteúdos online como uma forma de assegurar audiência ao conteúdo produzido. VOD O “novo mercado” que mais tem crescido nos EUA dentro do setor de TV por assinatura é sem dúvida o de vídeo sob demanda (VOD). Estes serviços representam hoje uma receita superior a US$ 1,2 bilhão para os operadores nos EUA, fora o modelo de near-VOD, que gera receitas na casa de US$ 1 bilhão (ver Gráfico 1, da consultoria IHS, que apresenta dados em euros por ser um estudo europeu). O n-VOD é mais antigo e não oferece ao usuário a oportunidade de escolher o que

FOTO: DIVULGAÇÃO

( internacional)

Cynthia Littleton, da Variety, Anne Sweeney, da The Walt Disney Company, Joshua Sapan, da AMC Networks Inc. e Matthew Blank, da Showtime Networks.

quiser quando quiser, mas sim entre um conjunto de programas que ficam sendo exibidos em looping. É o modelo mais consolidado no DTH norte-americano (DirecTV e Dish). De qualquer maneira, somando-se VOD com n-VOD, chega-se a uma receita um pouco menor do que a gerada pelas plataformas online concorrentes (Netflix, Hulu e afins). Enquanto buscam uma forma de enfrentar as mudanças de modelo, os operadores de TV paga também provocam uma mudança importante no modelo tradicional de TV por assinatura: eles assumiram o papel que antes era dos desenvolvedores de set-tops na definição das tecnologias. Com a pressão crescente por interfaces de usuário mais próximas

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daquilo que se encontra nos smartphones, set-tops conectados (como Apple TV) ou consoles de videogame, as operadoras passaram a especificar e definir como seria o middleware das caixas. Esse movimento é mais significativos nos EUA, onde as caixas sempre tiveram softwares proprietários definidos pelos grandes fabricantes do setor (Motorola, hoje Arris; ScientificAtlanta, hoje Cisco; Pace e outros tradicionais da área). Os operadores dos EUA passaram então a especificar caixas com software aberto, baseadas em HTML5. Ano passado, várias operadoras aderiram à iniciativa RDK (Reference Development Kit). Este ano, durante a Cable 2013, dezenas de empresa já mostravam soluções de aplicativos, guias de programação (EPG) e mesmo plataformas de TV everywhere baseadas no RDK das operadoras. A própria Comcast trabalha para vender a sua plataforma Xfinity para outros operadores. Essa mudança é fundamental, pois torna a TV a cabo mais competitiva em termos de inovação com as caixas conectadas, TVs conectadas e plataformas de vídeo online. E coloca pressão sobre os fabricantes de caixas, sobretudo os gigantes norte-americanos, que correm o risco de se verem atropelados pelo agnóstico mercado asiático, que produz para quem pagar (vide o mercado de smartphones e tablets, onde todos os componentes são produzidos nos mercados asiáticos).



( entrevista ) Samuel Possebon

Variável Globo

s a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

O vice-presidente de relações institucionais Paulo Tonet Camargo abre o jogo e comenta a posição do grupo de comunicação sobre marcos regulatórios, switch-off e neutralidade de rede.

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Código de Defesa do Consumidor, que mudaram sensivelmente a forma como a TV precisa trabalhar. Tivemos a Lei Geral de Telecomunicações e a Lei do Cabo na década de 90. O que precisa de uma revisão, na nossa visão, é a convergência. Se examinarmos um novo marco regulatório sob a perspectiva da convergência, não somos contra. Aliás, nunca fomos contra discussão nenhuma, mas achamos que é muito mais eficiente discutir para frente. O Google é o segundo faturamento de publicidade no Brasil. E vamos nos preocupar com rádio AM?

FOTO: divulgação

maior grupo de comunicação brasileiro é sempre uma força decisiva (a favor ou contra) quando o assunto são políticas de comunicações discutidas em Brasília. Raramente, contudo, a Globo se posiciona sobre sua visão estratégica nas questões que envolvem as políticas setoriais. Nessa entrevista, o vice-presidente de relações institucionais das Organizações Globo, Paulo Tonet Camargo, abre o jogo e comenta sobre as principais preocupações que hoje balizam a estratégia do grupo. TELA VIVA – Recentemente você declarou no Congresso que não existe um problema de concentração no mercado de comunicação. Isso vale tanto para a quantidade quanto para a qualidade dos grupos? PAULO TONET CAMARGO – O que eu disse é que o sistema de comunicação social no Brasil é democrático, porque o fundamento legal é a Constituição. No mundo real brasileiro, a Anatel recentemente identificou 14 redes de TV aberta que ela classifica de caráter nacional. Na prática há cinco. Há outros em grandes centros, que trazem pluralidades de conteúdos locais. A questão é: como se remunera a TV aberta? Com o bolo publicitário, que em geral fica em torno de 1% do PIB. Nesse 1% tem que caber toda a comunicação social, não só a TV, e evidentemente não tem espaço para todo o mundo. Nos EUA não há cinco empresas de âmbito nacional no mercado de TV. Aqui tem SBT, Record, Bandeirantes, Globo e Rede TV!. E tem gente que acha pouco. Quanto mais players nacionais,

Paulo Tonet Camargo

menor será a possibilidade efetiva de concorrência. Existe um teto que é 1% do PIB. O Brasil é uma economia de mercado. Não adianta querer olhar o mercado sob uma ótica ideológica que não seja a do mercado. Por isso o debate sobre uma nova e eventual regulamentação fica emparedado. Não é porque as empresas não querem discutir, mas porque o debate está colocado de forma ideológica, quando deveria se colocar pela lógica do mercado. O grupo Globo vê a necessidade de discutir um marco regulatório? Existe um mito de que a legislação de comunicação é obsoleta, é de 1962... Isso tem sido repetido a toda hora. Não é verdade. Depois de 1962, sem falar no último regulamento de radiodifusão, que foi revisto em 2012, a regulamentação tem sido mexida seguidamente. Houve uma grande modificação em 1967, colocando restrições à propriedade dos meios. Tivemos a Constituição em 1988. Tivemos o Estatuto da Criança e do Adolescente e o 34

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Como resolver isso? Esses novos players devem seguir as mesmas regras dos atuais? Vamos clarificar alguns conceitos. Primeiro, não se fala em regular a Internet. O que se fala é em regular as atividades de natureza empresarial que usam a Internet como plataforma. Por exemplo: bancos. Eles estão na Internet, fazendo transações bancárias, e ainda assim seguem as regras do Banco Central, pagam IOF etc. Não se trata de regular Internet, mas a atividade econômica. Na comunicação social vai ser diferente? Não pode haver atividade comercial sem um mínimo de regulamentação. A Constituição regulou os meios e também o conteúdo porque achava que o conteúdo era relevante. Isso se aplicou a algumas plataformas, que eram as que existiam na época. Não dá para uma empresa jornalística que paga imposto aqui, que tem restrições de capital, que tem obrigações, competir com alguém que faz a mesma coisa pela Internet. Isso é o que tem que ser pensado para o futuro, porque a Internet é o


ambiente do futuro. Vamos ter que desregulamentar tudo? É uma discussão. Só não pode ficar desequilibrado, com uma parte do mercado regulada e outra não, para a mesma atividade. No passado, o setor de telecomunicações, dominado por grandes empresas estrangeiras, era visto como a grande ameaça aos grupos de comunicação. A Lei do SeAC estabeleceu uma fronteira entre quem produz e quem distribui, mas isso não se aplica aos grupos de Internet. Deveria? Sim. O modelo do SeAC foi vitorioso ao estabelecer quem é quem nesse mercado. Claro que, como em toda norma, há quem ganhou e quem perdeu com isso. A lei é um divisor de águas. Mas ficou uma ponta solta, que é o ambiente da Internet, onde existem atividades empresariais. Ou se explicita em uma nova norma o que se quer fazer, ou se interpretam as normas existentes. Pode-se ler a Constituição e aplicar à Internet, ou buscar uma nova norma. Mas é fato que existe uma ponta solta. Empresas que eram provedoras de conteúdos, de plataformas de redes sociais, se tornaram empresas de mídia, e portanto de comunicação. Isso tem uma regra estabelecida na Constituição. Tem que aplicar. Será que não é um problema de falta de um órgão regulador que acompanhe e fiscalize? Qualquer órgão que venha a regular o setor tem que ter uma finalidade. O que o setor de comunicação precisa que já não esteja no âmbito da Anatel (e sempre achei que a presença da Anatel deveria ser maior)? Não é um problema de quem vai fazer, é problema de ter vontade de fazer. Já temos uma agência. Basta que seja dado a ela o poder de fiscalizar o cumprimento dos contratos de concessão, que, aliás, já fiscaliza em muitos aspectos.

E a Ancine? Acho que o Brasil tem órgãos demais, que precisam apenas de “empowerment”, de vontade política. Acho que a Ancine talvez não seja a agência ideal, pois é uma agência mais voltada ao conteúdo, e isso pode gerar uma discussão política mais complicada. E a Anatel está mais aparelhada para analisar as questões, inclusive em relação a capital.

que ao mesmo tempo competem com empresas que só fazem o conteúdo e que não têm acesso a esses dados... Claro que isso preocupa. Mas a questão não é um grupo ter acesso e outro não. É o que é feito com essa massa de informações. Primeiro, é preciso saber onde estão esses dados, onde essa informação fica armazenada. Depois, que uso é feito. Isso é estratégico para o País, por isso tem que ter um tipo de regulamentação. No limite, claro, pode criar uma distorção no mercado publicitário, que obviamente vai para onde está a informação mais precisa sobre o consumidor. O que não posso dizer é para o mercado publicitário não aproveitar essa oportunidade.

“O cidadão brasileiro não vê TV em seus aparelhos móveis por falta de política industrial do governo. Se houvesse, todo o mundo ia pegar”. E esse “empowerment” viria de um novo marco regulatório? A fiscalização do cumprimento de normas que já existem não precisa de novos órgãos nem de lei. Precisa de vontade política. Se um estrangeiro vem para o Brasil e compra um veículo de comunicação, existe regra para isso. O Ministério Público deve agir. O Ministério das Comunicações pode agir. A Anatel pode agir. Tem regra e tem órgão para fazer. O que não tem é vontade.

A radiodifusão pode começar a se remunerar da venda de seu conteúdo? Isso está previsto, por exemplo, no mercado de TV paga, já que a regra do must carry deixa de existir com a transição do analógico para o digital. Quando se discutiu a Lei do SeAC, a possibilidade de os radiodifusores cobrarem pelo conteúdo foi uma janela de abertura para novas remunerações, não apenas pelo mercado publicitário, mas pela venda de seu conteúdo. Acredito que a plataforma de Internet pode vir a oferecer outras oportunidades, mas como tudo o que acontece na Internet, pouca gente está entendendo como rentabilizar esse conteúdo. A Globo vê a Internet como oportunidade, e acho que todo mundo enxerga assim.

O governo deveria fomentar a mobilidade da TV aberta? Deveria. Existe uma portaria interministerial que fala disso na fabricação de devices. Mas essa portaria praticamente não obriga a inclusão dos chips. O cidadão brasileiro não vê TV em seus aparelhos móveis por falta de política industrial do governo. Se houvesse, todo o mundo ia pegar. Estamos levando formalmente ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações) um pedido para que seja revista essa política industrial. Isso e a recepção de FM, que está disponível mas vem desligada na maior parte dos dispositivos.

A Globo está confortável com o encaminhamento dado pelo governo para a faixa de 700 MHz e a destinação desse espectro para a banda larga móvel? Reconhecemos que essa faixa de espectro no mundo inteiro está sendo utilizada pela banda larga móvel. O problema no Brasil, especificamente, é que há três pontos preocupantes:

Preocupa o fato de haver empresas como Apple, Microsoft e Google, que têm acesso ao sistema operacional, browser e conteúdos, coletando informações, e

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( entrevista) FOTO: divulgação

primeiro, é que foi verificado por meio de trabalhos consistentes no Japão e na Inglaterra a interferência da banda larga 4G nas transmissões digitais do canal 51 para baixo. Nossa preocupação é que haja um estudo que aponte o que tem que ser feito para evitar esse problema. No caso japonês, o orçamento para mitigar o problema é de US$ 3 bilhões. Se o custo for esse no Brasil, é preciso saber quem vai pagar essa conta. Outra preocupação é que há lugares no Brasil em que existe dificuldade de fazer caber a radiodifusão no espaço destinado a ela. Para assegurar a pluralidade, precisa de espectro. E o terceiro ponto preocupante é que a solução de divisão de espectro proposta coloca duas questões políticas: na maioria das regiões do Brasil não haverá espaço para a expansão da radiodifusão, sejam canais públicos, comunitários, o que for. É um problema político. Outro aspecto político é que fique claro que, a partir da destinação da faixa de 700 MHz para a banda larga, o espaço restante, mesmo os chamados white spaces, não venham a ser ocupados pelas empresas de telecomunicações. Ou seja, até o canal 51, o espectro é da radiodifusão. Do contrário, ficamos sem espaço para a expansão tecnológica. Teremos 4k, multiprogramação. A destinação de faixa vai limitar o crescimento.

Qual a expectativa em relação à aprovação do Marco Civil da Internet? Nós esperamos que o texto do deputado Alessandro Molon (PT/RJ) seja aprovado. Achamos que a redação é satisfatória. Sabemos que há uma fricção com as empresas de telecomunicações em relação à neutralidade de rede, mas acho que existe uma questão de interpretação apenas. Na nossa leitura do texto, não achamos que ele vá criar nenhum problema mercadológico. As empresas de telecom dizem que sim.

“até o canal 51, o espectro 700 MHz é da radiodifusão. Do contrário, ficamos sem espaço. A destinação de faixa vai limitar o crescimento da radiodifusão.” organizada, para essa questão. Depois, a designação de faixa que hoje é da radiodifusão para as telecomunicações só se justifica se você destinar a faixa e fizer o leilão. Porque se destinar e não fizer o leilão, entra-se em um terreno muito perigoso e não vamos aceitar isso. A destinação tem que estar atrelada ao seu uso.

E a proposta de antecipação do switch-off, acham boa? Primeiro, é preciso que se tenha claro que o switch-off não depende das emissoras, mas de quem recebe. O governo tem que mirar, antes de tudo, nos receptores. E ainda há pessoas assistindo TV preto e branco. Há regiões muito pobres que não podem ficar sem TV, inclusive nos grandes centros urbanos. Trabalhar com dois transmissores, para nós, só acrescenta custo. Desligar um deles seria ótimo, mas tem que assegurar uma política pública para que cada brasileiro tenha sua TV digital. E não há uma política pública ainda,

E em relação a políticas de fomentos às emissoras que ainda não conseguiram se digitalizar? Acho que deveria haver. No caso da Globo, há um plano de digitalizar 70% da rede até a Copa do Mundo, incluindo afiliadas e emissoras próprias. Os 30% que ficam faltando custarão mais do que os 70%. E já dissemos ao ministério que a retransmissão e a repetição dos sinais são feitas em muitos casos por prefeituras. Se o governo não tiver um plano, um fundo de financiamento, teremos uma parte do mercado que nunca vai se digitalizar. Falta essa política. 36

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Mas vocês entendem o receio das empresas de telecomunicações? Entendemos, mas achamos que o texto não traz os perigos que eles acham que traz. Eles querem ter a possibilidade de oferecer pacotes segundo conteúdo e velocidade, e achamos que o texto que está lá não impede isso. O que o texto impede, e impede bem, é que algum player do lado de cá, do conteúdo, possa comprar das teles uma forma privile– giada para chegar do lado de lá. Inclusive você já declarou que a Globo, como player de conteúdo, abre mão dessa possibilidade de negócio. Perfeitamente. Não queremos, porque é uma questão estratégica impedir isso. A tele tem o direito de monetizar, e a possibilidade de customização de pacote tem que ser feita na banda da distribuição. Se eu quero ver muito vídeo, eu vou comprar mais banda. Se eu quero só acessar e-mail, vou pagar por menos banda. Como funciona na TV paga. É natural, é da economia de mercado. Só não pode tratar o tráfego de maneira discriminatória, porque o risco é muito grande. Hoje o conteúdo da Globo, UOL, do bar da esquina, tem a mesma oportunidade de chegar no outro lado. Mas se discriminar, o conteúdo do bar da esquina não chega nunca e aí a democracia está ameaçada.



( making of )

Lizandra de Almeida

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Petrobras está comemorando 60 anos com uma campanha de impacto, que inclui 14 filmes e mais um curta-metragem. Com filmagens em Pernambuco, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, além de uma operação do pré-sal em alto mar, a campanha exigiu um processo coordenado de logística e uma afinação precisa em termos de linguagem. O projeto foi capitaneado pela diretora Paula Trabulsi, que orquestrou e dirigiu uma equipe de mais de cem profissionais escalados pela produtora para a pré-produção, as cinco equipes de filmagem e a montagem. “Houve uma concorrência entre agências e produtoras e os resultados demoraram um pouco para sair, mas o prazo de entrega não mudou. Tivemos de fazer os sete primeiros filmes em 15 dias, então montamos uma verdadeira brigada”, diz Paula. Esta é a primeira grande campanha da estatal em dez anos e a criação optou por valorizar as pessoas que estão por trás das realizações da empresa. O mote justamente é “Gente. É o que inspira a gente” e, para traduzir essa ideia em imagens, a diretora optou por desenvolver um olhar atento aos detalhes. “De um lado, criamos planos gerais de alturas enormes, que procuram valorizar a grandiosidade da empresa e, ao mesmo tempo, criar um contraponto com a própria grandiosidade da natureza”, conta. “Afinal, o pré-sal é uma gota de petróleo em meio a um oceano imenso e encontrar essa agulha no palheiro não é uma tarefa fácil.” De outro, todos se preocuparam em captar detalhes

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Orquestra de som e imagem

Para produzir filmes comemorativos dos 60 anos de Petrobras, a BossaNovaFilms escalou mais cem profissionais para a pré-produção e cinco equipes de filmagens. que pudessem compor o ambiente, desde gotas de água até o ruído do vento em plena plataforma de petróleo. A fotografia ainda trabalhou com filtros de vidro murano, gerando reflexos e refrações, com o objetivo de tornar as imagens mais elegantes. “Filmamos vários vidros e aplicamos sobre as imagens na pósprodução”, explica Paula. Com Paula e Edu Tibiriçá no comando, ambos sócios da produtora, e a participação do diretor Julio Xavier na criação da linha narrativa e Fábio Soares na finalização, a brigada saiu a campo para dez dias de filmagem em todo o Brasil. Paula, Julio e Fábio assumiram a direção em suas respectivas equipes, e as outras duas foram dirigidas por Marcelo Negri e Ana Sardinha. Para colocar todo o mundo na mesma página, foi organizado um workshop, envolvendo os diretores e diretores de fotografia. Como a captação de imagens se dividiu por região e não por filme, a montagem também tinha de estar afinada com todo o projeto. “Não contratamos montadores e assistentes, mas criamos dois grupos de montadores profissionais. O primeiro fazia a triagem inicial das imagens, um tipo de curadoria a partir desse olhar que a gente propôs. E o segundo montou os filmes 38

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criando as narrativas.” A primeira fase do projeto apresenta sete filmes institucionais, com imagens dos vários locais filmados. A segunda vai focar mais nos personagens e em suas histórias. Para fechar, a diretora Kátia Lund vai dirigir um curta-metragem, que será exibido nos cinemas. ficha técnica Cliente Petrobras Agência Heads Propaganda Produtora dos filmes BossaNovaFilms Diretora geral e artística Paula Trabulsi Diretores Paula Trabulsi com Julio Xavier, Fábio Soares, Marcelo Negri e Ana Sardinha Diretores de fotografia Arnaldo Mesquita, Carlos Ritter, Glauco Firpo, Pedro Mendes, Marcelo Rocha Produção executiva Eduardo Tibiriçá Coordenador de prod. Cassio Mattos Diretor de produção Rafael Pinto Montadores Abner Palma, Julio Airoldi, Marcelo Cavalieri, Ricardo Gonçalves, Willen Dias Finalizador David Cazeli Pós-produção Mistika


A vida como ela não é

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ara divulgar o novo cardápio de saladas do McDonald’s na Europa, a agência DDB Tribal criou um filme bem humorado e levou o diretor brasileiro Carlão Busato, da Hungry Man, para dirigi-lo na Áustria. Com experiências nos Estados Unidos, é a primeira vez que Busato dirige um filme na Europa. Assim que chegam ao estacionamento do McDonald’s, duas mulheres são recebidas por um manobrista com cara de modelo, que vem abrir a porta do carro. Enquanto isso, a locução explica que o McDonald’s está tentando impressionar o público feminino. À porta do restaurante, o mesmo modelo, clonado seis vezes, solta pombinhas brancas. Lá dentro, em meio a tecidos drapeados e luz difusa, o modelo blasé se multiplica em diversos personagens – do garçom ao pianista que toca em um piano verde cravejado de cristais. As duas mulheres, um tanto espantadas, veem então o mesmo sujeito entrar cavalgando um cavalo de carrossel, com fogos de artifício ao fundo. Tudo isso ao som de uma trilha oitentista, marcada pelos agudos de um saxofone. Aí é que a própria locução decide que toda essa produção já foi longe demais e que basta o McDonald’s oferecer um novo cardápio de saladas para atrair o público feminino. Segundo o diretor, a agência o procurou depois de conhecer seu trabalho no filme dirigido para Dove Men Care, que correu o mundo e se tornou um dos mais vistos da Internet. “A agência me procurou porque se identificou com o tipo de humor que gosto de colocar nos meus filmes. Por isso o processo todo foi muito tranquilo”, conta Busato. Ele acredita que quando a agência seleciona o diretor porque reconhece nele um estilo, tudo fica mais fácil. “Acho que no Brasil a gente tende a

detalhes, mas também em peças grandiosas. Uma delas foi o piano. “Não queria um piano comum e olha só o que o diretor de arte encontrou: um piano verde, cheio de cristais. O piano custava um milhão de euros!” Outra sacada da direção de arte foi o cavalo de carrossel. Segundo Busato, o roteiro pedia um cavalo real, mas chegaram à conclusão de que não poderia haver um cavalo dentro da loja. “Pensei então em um cavalo de carrossel e queria justamente que ele fizesse aquele movimento para cima e para baixo. A equipe de arte então construiu um carrinho com o eixo fora de centro e pronto.” A ideia de usar o mesmo ator para todos os papéis também tinha a ver com o clima kitsch do filme. Busato conta que o processo de seleção do ator foi longo, mas que o escolhido caiu como uma luva. A principal tarefa da finalização, que também aconteceu na Áustria, foi justamente a de multiplicar o ator em algumas cenas e garantir a continuidade entre os takes filmados separados.

Para garantir a luz difusa cheia de flairs do filme para o McDonald’s europeu, o diretor de fotografia usou lente cinemotográfica Hawk. ser eclético demais. A agência cria parcerias com certas produtoras e querem que todos os diretores façam tudo. Mas nem sempre um diretor é bom em filmes emocionais e em comédias também.” A filmagem foi feita numa loja do McDonald’s em Viena, totalmente transformada para o filme. Para garantir a luz difusa cheia de flairs do filme, Busato pediu ao diretor de fotografia que usasse a lente anamórfica Hawk. “Geralmente esse tipo de efeito é colocado na pós-produção, mas quando falei para o diretor de fotografia o que queria, ele gostou e propôs que já fizéssemos na filmagem”, afirma o diretor. “Usamos um filtro justamente para dar essa cara de anos 80 ao cenário, com luz natural.” A direção de arte caprichou nos

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ficha técnica Agência DDB TRIBAL Direção de criação Eric Schöffler Direção de criação executiva Lukas Grossebner Direção de criação e de arte Gustavo Vieira Dias Redação Grossebner, Michi Grill Produção Hungry Man / PPM Films Direção Carlão Busato Produção executiva Alex Mehedff (Hungry Man), Dieter Klein (PPM Films) Fotografia Sebastian Pfaffenbichler Direção de arte Isi Wimmer Edição Mike Rössler Trilha Seba Landro


( produção ) Lizandra de Almeida

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O som do conteúdo Com o boom dos documentários, programas e séries para a TV, produtoras de áudio investem, adaptando sua estrutura, equipamentos e músicos para trabalhos de fôlego. FOTO: MAURÍCIO DIAS /DIVULGAÇÃO

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om a ampliação do mercado de produção audiovisual que vem ocorrendo nos últimos anos, muitas produtoras de áudio que antes só trabalhavam com publicidade estão entrando em um nicho que antes era explorado por poucos. Fundada há 15 anos, a Input Arte Sonora também começou com publicidade, mas encontrou nos documentários e programas de TV o espaço em que se sentia mais confortável. O produtor executivo Mario Poi conta que há cerca de dez anos este é o foco da produtora. O dono da Input, Alexandre Guerra, estudou música e composição de trilhas de cinema nos Estados Unidos, mas ao voltar para o Brasil encontrou o país no início da retomada da produção de cinema, quando havia um espaço ainda muito pequeno para a produção de trilhas para filmes. As TVs por assinatura, porém, lentamente começavam a produzir programas com produção independente, e eles então aproveitaram essa oportunidade. Hoje, já computam cerca de 120 projetos executados em séries, documentários, programas de TV, curtas e longas-metragens. Agora, o aumento da produção já está sendo sentido – em função da recente lei que obriga as emissoras de TV por

Trilha sonora da série “Salvos da Extinção” foi feita com a orquestra de Budapeste.

FOTO: JAY YAMASHITA /DIVULGAÇÃO

assinatura a exibir uma faixa de programação nacional em horários nobres – e com isso outras produtoras também começam a se voltar para esse nicho. A Play it Again, de Tula Minassian, criou em 2009 a PlayRK30, um braço voltado para a criação, produção e finalização de áudio para esse mercado. Segundo Minassian, a ideia era aproveitar melhor a estrutura já existente, que hoje corresponde a 23

Input trabalha com conteúdo há dez anos. Um dos trabalhos mais recentes é a nova série “Tabu Brasil” para o Nat Geo.

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funcionários e quatro estúdios. A produtora se equipou para finalizar o som em 5.1 e começou a buscar projetos de fôlego para completar o faturamento que era predominantemente vindo da publicidade. À frente da PlayRK30 está Hélio Leite, que já atuava com finalização de áudio nos Estúdios Mega, e hoje está ajudando a reforçar o portfólio da casa. Entre os trabalhos já produzidos, estão os documentários sobre o centenário do Corinthians e do Santos, uma série sobre esportes radicais para a ESPN com a O2 Filmes e um documentário sobre Bob Burnquist para a Gullane, entre outras produções, especialmente de curtas-metragens e programas de TV, como o recente curta-metragem “O amuleto do dragão”, de João Paulo de Andrade, produzido pela


Alexandre Guerra, da Input, prepara a trilha sonora do filme “O Tempo e o Vento”.

PlayRK30 é o braço de conteúdo da Play It Again, que tem no portfólio sites e documentários.

FOTO: DIVULGAÇÃO

no caso dos documentários musicais, hoje bem frequentes. Sergio Fouad trabalhou em um recente projeto sobre o músico Itamar Assumpção, que envolveu muitas imagens de arquivo, nem sempre bem preservadas. “Nesse caso, o nosso trabalho é fazer o som técnicos de gravação mais bem ficar audível e ao mesmo tempo não preparados, assim como uma oferta descaracterizar a gravação de época. muito maior de músicos. No Brasil, em Trabalhamos com matrizes em VHS, geral não conseguimos reunir mais do U-matic, e temos que mixar em 5.1 que 20 ou 25 e acaba saindo o mesmo para exibir no cinema. O bom é que custo de ir gravar em Budapeste com hoje temos tecnologia para isso”, 70, por exemplo.” conta. “Nesse caso, mergulhamos no A produtora também já produziu universo do Itamar Assumpção, nas em Viena, em Londres, Chile e na músicas dele, fomos atrás para Argentina. “Quando conhecer”, diz Cezar fizemos a série ‘Brasil Brandão. AS POSSIBILIDADES Secreto’, de Lawrence Rosana de Souza, ARTÍSTICAS SÃO produtora executiva Wahba, gravamos o foley em um estúdio em Bristol, da A Voz do Brasil, O QUE MAIS especializado em gravação ESTIMULAM OS afirma que a de sons da natureza. Eles produtora também MÚSICOS E têm até uma piscina para a está produzindo PRODUTORES gravação de sons de água”, programas de DE ÁUDIO. afirma Poi. “O mais conteúdo, em parceria interessante é que com produtoras de acabamos explorando assuntos que imagem. “Não há muita diferença nunca imaginamos.” Este ano, a da produção publicitária, pois em produtora já está trabalhando na ambas criamos com a mesma segunda temporada da série “Tabu”, da equipe e a mesma qualidade. A National Geographic. diferença são os tempos, a Em alguns momentos, o grande publicidade tem até 60 segundos desafio da produtora é a mixagem, como enquanto o conteúdo pode chegar a 60 minutos”, explica. Com a tecnologia atual e as imagens cada vez mais impactantes na tela, o papel da trilha também ganha importância em várias dimensões. “O som está cada vez mais importante nas produções. A qualidade está cada vez melhor e o surround trouxe uma série de novas possibilidades. Antes era algo elitista, mas hoje está muito mais popular. E torna nosso trabalho muito mais desafiante, mas também muito mais interessante”, diz Hélio Leite. FOTO: LEO NEVES /DIVULGAÇÃO

O2 Filmes. Um filme de artes marciais, que exigiu uma trilha cheia de suspense. A Sax So Funny, de Zezinho Mutarelli, está começando agora a formatar um setor para atender a essas produções. “Já fizemos muita coisa, desde aberturas de séries até documentários, mas agora estamos realmente olhando para esse mercado com mais atenção”, diz Cezar Brandão, um dos músicos e produtores musicais da casa. “O que é muito legal em trabalhos como documentários, por exemplo, é que temos que fazer bastante pesquisa, mas também trazer pessoas específicas para trabalhar com a gente. Fizemos, por exemplo, um documentário sobre moda de viola e trouxemos um violeiro do Mato Grosso. Compusemos o tema, mas na hora de executar ele sugeriu uma variação no modo de tocar, vimos que cabia e então aproveitamos esse conhecimento dele”, conta Sergio Fouad, que também integra a equipe da Sax So Funny. As possibilidades artísticas são o que mais estimulam os músicos e produtores de áudio, e foi o que chamou a atenção da Input desde o início. Em sua experiência, a produtora inclui a gravação de grandes orquestras sinfônicas, principalmente fora do país. “Quando fizemos a trilha de uma série de TV sobre animais em extinção, fomos a Budapeste gravar uma orquestra de 70 músicos”, diz Mario Poi. Ele explica que a produtora já desenvolveu um know-how para gravações desse tipo, e que produções maiores costumam exigir viagens para o exterior. “Não se trata nem de uma diferença entre o estúdio daqui ou de lá, mas em outros países há

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Odeio o Dia dos Namorados

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narrativa do filme “Odeio o Dia dos Namorados”, da Glaz Entretenimento, indicava que o melhor período para a estreia do filme seria justamente a semana do dia dos namorados, pois vários momentos determinantes para a vida da protagonista acontecem no dia 12 de junho. Os produtores só garantiram o cumprimento do cronograma de estreia na data prevista porque recorreram ao product placement para financiar o filme. O produtor Paulo Boccato observa que se fosse esperar mecanismos tradicionais de financiamento de filme no País, com captação de recursos exclusivamente por meio de leis de incentivo, seria impossível ter o filme pronto para entrar nas salas de cinema na melhor época. A inserção de marcas nesse caso não só foi essencial, mas também bastante apropriada para o projeto. Boccato conta que a ideia surgiu dentro da Glaz no começo de 2011. A ideia era construir uma história inspirada na obra “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens, transferindo o protagonista ganancioso para o mundo contemporâneo, mais precisamente para São Paulo e dando o protagonismo da história a uma mulher. A ideia inicial era que o filme fosse dirigido por Maurício Farias, que dirige atrações de humor na Globo, como “Tapas e Beijos” e “Louco por Elas”. No entanto, a agenda do diretor estava complicada e a equipe da Glaz escalou Roberto Santucci para a direção. Santucci tem no currículo a direção de filmes como “De Pernas Para o Ar” e “Antes que a Sorte nos

FOTOs: divulgação

Ações de product placement ajudaram o longa-metragem da Glaz Entretenimento a cumprir cronograma de estreia.

A história gira em torno de uma campanha do bombom Sonho de Valsa e da dificuldade da protogonista em lidar com questões afetivas. Separe”. O diretor havia trabalhado com o investidas da Glaz junto a agências e roteirista Paulo Cursino nos dois longas e anunciantes ainda levaram para o o incluiu também no projeto de “Odeio o filme as marcas Netshoes, que Dia dos Namorados”. Enquanto o longaaparece como outra conta da agência metragem era roteirizado, Boccato em que Débora trabalhava, além de levantava o financiamento. A Buena Vista, Kleenex e LG que aparecem em braço de distribuição da Disney, entrou momentos bastante pontuais, em que como distribuidora aportando a história pede os recursos do Artigo 3º. O produtos. 40% do produtor explica que para produtor conta orçamento de queOalguns concorrer a alguns editais o fatores R$ 6 milhões foi foram essenciais filme era considerado “comercial demais”. A solução financiado com para que as marcas para levantar o dinheiro a recursos não- entrassem no projeto: tempo foi bater à porta de incentivados. a distribuição agências e anunciantes garantida, data de buscando inserções de product placement filmagem e data de estreia estimada que tinham tudo a ver com o projeto. e plano de mídia. “Você não pode leiloar a inserção do produto. Foi Campanha de bombom uma coisa que conseguimos mostrar No filme, a protagonista Débora para as empresas e para os mídias. O (interpretada por Heloísa Périssé) é uma que é melhor para o filme é melhor publicitária bem sucedida que abriu mão para a marca”, destaca Boccato. do amor em nome do crescimento Do orçamento de R$ 6 milhões do profissional. A história central gira em filme, 40% foi financiado com torno de uma campanha de um bombom recursos não-incentivados. “A grande e da falta de habilidade da personagem ao história do filme em termos de lidar com questões afetivas. A Lacta financiamento é ter um abraçou a proposta e colocou a marca financiamento significativo sem a Sonho de Valsa no centro da história. As utilização de recursos públicos. É


importante profissionalizar não só a produção, mas a maneira como os filmes são lançados. Isso dá segurança para as empresas entrarem”, explica. Para Boccato, as empresas viram vantagens em fazer o product placement porque a ação não está restrita à sala de cinema. Ela tem consequência nas TVs paga e aberta, pode se desdobrar para o ponto de venda, para a bombonière do cinema e para ações de endomarketing, como o sorteio de um dia para acompanhar as gravações, por exemplo. Comédia e terror O longa foi rodado entre outubro e novembro de 2012, com quatro semanas e meia de filmagens no Rio de Janeiro e uma em São Paulo, para as externas. Boccato conta que o Rio foi escolhido para as locações pela maior facilidade em reunir o elenco e pelo apoio da film commission local. Há uma cena de acidente de carro no

Odeio o Dia dos Namorados

Formato longa-metragem Produtora Glaz Direção Roberto Santucci Roteiro Paulo Cursino Produção Mayra Lucas e Paulo Boccato Produção Executiva Leonardo Edde

filme, que acontece na Ponte Estaiada, na capital paulista. A equipe conseguiu fechar a ponte em duas ocasiões para filmar. Toda a finalização do filme, cheia de efeitos especiais, foi feita na O2. A Glaz tem outros projetos de longametragem. Um é a comédia “Copa de Elite”, uma sátira dos maiores sucessos do cinema nacional. Já tem distribuição

Sinopse: Débora precisa criar uma campanha romântica no Dia dos Namorados. O cliente é Heitor, ex-namorado que ela dispensou de forma humilhante. Em meio a esse ambiente ela recebe a inesperada visita do fantasma do seu amigo Gilberto, que tem a missão de amolecer seu coração, obrigando-a a rever sua vida e descobrir o que as pessoas pensam dela de verdade. fechada com a Fox e o lançamento deve ser entre abril e maio de 2014. A comédia “Loucas para Casar”, com distribuição da Downtown Filmes também deve ser lançada no ano que vem, depois da Copa. A produtora também tem planos de fazer um filme de terror. ana carolina barbosa


( upgrade )

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Agregador de rede

C

om os novos agregadores de porta Ethernet da Artel Video Systems é possível agregar o tráfego Ethernet em uma única conexão ótica ou elétrica. Ambos os agregadores de porta Ethernet e transceivers óticos DLM205 e DLC205 são módulos de um único slot e são direcionados a emissoras, operadores de cabo e de telecomunicações e fornecedores de serviços de vídeo. Os dois novos modelos agregam até nove canais de tráfego Ethernet 10/100/1000 para o transporte

através das redes elétricas ou óticas. Com capacidade total de 18 gigabits de tráfego Ethernet, os módulos combinam três interfaces elétricas e duas multiuso SFP (que suportam padrões Sonet, Gigabit Ethernet, Fibre Channel, e outros) com quatro portas internas para oferecer suporte de tráfego a outros módulos no mesmo chassi.

24 a 32 botões

Mac Mini expandido

Agregadores juntam até nove portas Ethernet para transporte em redes elétricas ou óticas.

FOTOs: divulgação

O

Vision Tritium traz pacote de ferramentas do modelo Vision Octane, mas em uma faixa de preço inferior.

A

Ross lançou o switcher de produção Vision Tritium 3MLE, que traz um pacote de ferramentas do modelo Vision Octane, mas em uma faixa de preço inferior. O equipamento conta com 48 x 32 entradas e saídas multidefinição, seis DVE de 3D real, 16 canais de mídia com armazenamento interno, 16 keyers, chroma key UltraChrome e controle de dispositivos externos. Com o Vision Tritium, os clientes podem escolher entre painel modular de 24 ou 32 botões. Os recursos da série Vision AuxKeys, correção de cor e MultiDSK estão incluídos no conjunto de recursos do equipamento, que pode ainda ser convertido em um sistema Vision Octane 3G, se mudarem as necessidades de produção. O Tritium vem com todos os protocolos da Ross para a integração com o XPression Graphics e servidores de exibição BlackStorm. Ele também se comunica com o DashBoard Control System da Ross e pode fornecer o controle de produções inteiras, bem como construir interfaces de controle de tarefas específicas através da aplicação PanelBuilder. O Tritium também é compatível com o sistema OverDrive Automated Production Control.

T e l a

V i v a

sistema de expansão de portas Thunderbolt para PCI Express xMac mini Server, da Sonnet, ganhou um upgrade significativo. Baseado em um gabinete que ocupa uma unidade de rack, o sistema funciona com um Mac Mini com um porta Thunderbolt, acomodando uma placa PCIe de altura e comprimento completos e outra low-profile (meia altura e meio comprimento). A versão atualizada do XMAC Mini Server agora suporta uma placa- filha de largura dupla às placas PCIe e inclui furos para a montagem de conectores BNC na traseira do gabinete. Além disso, o comprimento do sistema agora é de 15,8 cm, tornando-o ideal para uso em aplicações móveis. Entre as placas PCIe que incluem uma placa-filha estão modelos como a HDSPe MADI FX card, da RME; a DeckLink 4K Extreme, da Blackmagic Design; e a Lynx AES16e-50. O XMAC Mini Server inclui uma fonte de alimentação de 100W e emprega ventiladores de velocidade variável para resfriar os cartões e os computadores. Uma opção módulo de ventilador ultra-silencioso para cartões-operacionais também está disponível. As interfaces Gigabit Ethernet, USB 3.0, e HDMI do Mac Mini são estendidas aos conectores do painel montado na parte de trás da unidade, e uma interface USB 3.0 e o interruptor de alimentação são montados na frente. Uma segunda porta Thunderbolt permite a ligação em cadeia de periféricos Thunderbolt adicionais.

xMac mini Server comporta um Mac Mini e placas PCIe.

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