Tela Viva 198 - Outubro 2009

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 18_#198_out2009

PADRÃO CONTINENTAL

Brasil consegue emplacar seu sistema de TV digital em grande parte da América do Sul, e já mira a América Central e a África para globalizar o ISDB-T.

ENTREVISTA RioFilme amplia atuação e passa a investir em cinema e TV

MERCADO Cresce participação de produtoras e emissoras brasileiras no Mipcom


É SOLUÇÃO COMPLETA. É SONY.

A Sony tem uma solução completa para o jornalismo. É um sistema de rede que proporciona integração total, desde a captação de imagens, passando por edição, pós-produção e playout, até o armazenamento do material em arquivo. É uma infraestrutra que proporciona o tráfego de material de áudio e vídeo em alta velocidade. E o que é melhor: a qualidade original do material não é modificada. É por tudo isso que na hora de pensar em uma solução, pense na Sony. É muito mais tecnologia e integração para as emissoras de televisão. w w w. s o n y p ro . c o m . b r / n e t w o r k s o l u t i o n Sony é uma marca comercial registrada da Sony Corporation. As imagens visualizadas neste anúncio são simuladas. Fotos, gráficos e ilustrações podem não corresponder a uma representação fiel da realidade.


Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro

Editor Editor Tela Viva News Redação

Coordenadora de Projetos Especiais Arte

Depar­ta­men­to Comer­cial

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski

Ana Carolina Barbosa Daniele Frederico Samuel Possebon (Brasília) Mariana Mazza (Brasília) Letícia Cordeiro Edmur Cason (Direção de Arte) Debora Harue Torigoe (Assistente) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção Ele­trô­ni­ca) Alexandre Barros (Colaborador) Bárbara Cason (Colaboradora) Manoel Fernandez (Diretor) Fernando Espíndola (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te)

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Pedro Tortamano

Gerente Administrativa Gerente de TI Central de Assinaturas

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P

Fernando Lauterjung

Gislaine Gaspar

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Convivência de modelos

André Mermelstein

Gerente de Circulação

André Mermelstein

(11) 3214-3747 comercial@convergecom.com.br Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Tela Viva é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903. Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

or força da profissão, assisto a algumas dezenas de palestras, conferências e seminários sobre mídia, comunicação e telecomunicações ao longo do ano, no Brasil e no exterior. É curioso notar como alguns “mantras” acabam se propagando por toda a indústria e nos fazem às vezes esquecer de olhar para o mercado com uma visão mais ampla. Um destes mantras é a frase “the consumer will get whatever he wants, whenever he wants, wherever he wants”, ou seja, que o espectador terá acesso ao conteúdo que quiser, no momento em que desejar, e no local, ou no dispositivo, que escolher. Esta descrição aproxima-se cada vez mais da realidade. Nós, consumidores de conteúdos, temos mesmo acesso hoje a um número infindável de vídeos, músicas e textos disponíveis a qualquer hora, por DVD, TV a cabo, DVR, Internet, celular, e até nos ônibus e metrôs. Mas se isso é verdade, seu oposto também é. Afinal, muitas vezes o espectador não sabe o que quer ver naquele momento, ou prefere receber uma sugestão, ser surpreendido. Ele também pode querer consumir este conteúdo não a qualquer momento, mas sim na mesma hora em que as outras pessoas estiverem assistindo, como em eventos esportivos. Um exemplo de que nem toda novidade é necessariamente uma ruptura com o convencional é o modelo que a Endemol apresentou no último Mipcom, em Cannes, para a versão para Xbox do game show “1 contra 100” nos EUA. Claro, o jogador pode escolher jogar contra o computador a qualquer momento. Mas a produtora, em parceria com a televisão e a fabricante do console, vai promover sessões “ao vivo” do game, com hora marcada, para que as pessoas joguem todas juntas, em rede, em uma experiência coletiva. Mais que isso: o game terá product placement (inserção de marcas de patrocinadores nos cenários) e até, vejam só, breaks comerciais. Tudo exatamente como em um programa tradicional de TV aberta, só que com participação ativa da plateia, inclusive com distribuição de prêmios reais em dinheiro. E o pior, que soa quase como uma heresia nos tempos de “tudo grátis”: o acesso à rede de games é pago, por assinatura. Vai dar certo? Talvez, mas mostra que há grandes grupos, mesmo os mais ligados nas novas plataformas, que ainda apostam em modelos tradicionais. O que isso nos diz? Que antes de decretar a morte de qualquer modelo ou de qualquer plataforma, precisamos entender o que de fato o público irá consumir no futuro. Os números têm mostrado que apesar do aumento no consumo de mídias digitais, as mídias tradicionais não têm perdido audiência. As pessoas estão, sim, consumindo mais conteúdos, em horários e de formas que não eram disponíveis anteriormente. O cenário mais provável é que os modelos sejam híbridos, entre on-demand e ao vivo, entre pagos e gratuitos. Cada um com seu espaço e seu momento.

capa: carlos fernandes/gilmar

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(índice )

TV digital

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Scanner Figuras Mercado

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ISDB-T ganha a América do Sul e busca expansão global

( cartas) TV por assinatura Será que essa mamata de assistir TV por assinatura de graça, através do aparelhos azbox estão com os dias contados? A Telefônica (de onde pegam o sinal) vai tomar alguma providência? Na região sul, pela proximidade com o Paraguai, ninguém quer mais saber de Sky, Embratel, etc. Esse negócio de campanha de conscientização é papo furado, é igual a CDs e DVDs. Helio Niro Sagawa, Jesuítas (PR)

Comitiva brasileira é destaque em ano fraco no Mipcom

Televisão Entrevista

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Sérgio Sá Leitão conta como estruturou a nova RioFilme

Capa Interessante a questão colocada na matéria de capa de TELA VIVA: a interatividade viabiliza os novos negócios ou rouba a atenção do produto central? De qualquer forma, as emissoras têm mesmo que desenvolver seus modelos. É um caminho sem volta. Jean Nunes, Rio de Janeiro Programação e Publicidade Não entendo muito as estratégias da indústria de TV por assinatura no Brasil. A TELA VIVA de setembro traz duas matérias que me parecem contraditórias: por um lado, as operadoras investindo forte na alta definição e exigindo conteúdo das programadoras para oferecer um serviço que ainda é caro. Por outro lado, querem aumentar a base de assinantes para ajudar a aumentar o share de publicidade. Será que vai ser possível conciliar as duas coisas? Alberto Magalhães, Sumaré (SP)

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SBT busca reafirmar sua posição no mercado brasileiro

Audiência Conteúdo

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Radiodifusores apostam na mídia digital out of home

Cinema

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Produtoras buscam rentabilizar acervo de curtas-metragens

Artigo

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A TV digital e as novas possibilidades de medição de audiência

Making of Case

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Longa da Conspiração usa múltiplas fontes de financiamento

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas.telaviva@convergecom.com.br

Upgrade Agenda

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Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 4

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www.aja.com

“AJA hace todo el proceso más fácil.”

Keith Collea Co-escritor y Productor, The Gene Generation

Desde captura a conversión, Keith Collea’s línea de post producción completamente confía en AJA y su interior. Con un currículo de trabajo en blockbuster como Alien:Resurrection; Independence Day y Pearl Harbor; el veterano de efectos y post producción ha usado productos de AJA por mucho tiempo. La línea entera de post producción de Collea depende de los productos AJA que incluyen Kona, IoHD y Convertidores. “Yo soy un gran fan de AJA” dice Collea.

• 10-bit, Llena-resolución SD/HD a través de FireWire • Apple ProRes 422 codec a través de la placa; HD720/1080, SD NTSC/PAL • Conversión alta/baja y cruzada a través de la palca y en tiempo real • Conexión vía un solo cable de Firewire a un MacBook Pro o MacPro

I o H D .

B e c a u s e

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En su más recenté producción de película; The Gene Genaration, Keith escoge el IoHD como la pieza central de un sistema de proyección movible usando el IoHD, una Apple Intel MacBook Pro y un G-Tech G-DRIVE, fue posible crear un sistema que hiso la proyección de la película a través de un proyector Sony digital cinema sin el uso de alguna reproductora de cinta, el nos explica. “Nos ahorro tiempo y dinero y la calidad del imagen fue mejor que si se hubiera usado cinta. Fue increíble. Encuentre mas información de cómo Keith usa los productos de AJA para mejorar su trabajo, lea los detalles completos en www.aja.com/keith

m a t t e r s .


( scanner ) A Cinevídeo coproduziu com a TV Cultura a série “Pela Estrada Afora”. Destinado ao público infantojuvenil, o programa aborda questões de trânsito. “Tínhamos o projeto porque há uma necessidade grande de produtos dessa natureza: falar de trânsito de maneira lúdica, sem impor regras ou mostrar tragédias. Apresentamos o projeto à TV Cultura, que gostou da ideia”, explica Luciana Pires, sócia da Cinevídeo e produtora executiva. A série, financiada pela emissora, vai ao ar aos sábados, a partir de 10 de outubro, às 11h30. São 12 episódios de 12 minutos cada e o mote central de série é um escritor que é contratado por um editor para

FOTOs: divulgação

Sinal verde

Série infantil coproduzida pela Cinevídeo e TV Cultura recorre aos contos de fadas para tratar questões de trânsito.

escrever um livro sobre trânsito para crianças. Em cada episódio, a trama ganha vida com crianças que passam a conviver inusitadamente com personagens que vêm dos contos de fadas. As crianças ensinam aos personagens como se comportarem no trânsito e vivenciar situações que eles desconhecem. Segundo Luciana, a produtora tem trabalhado em vários projetos na área de conteúdo. Um deles é uma série de oito episódios de 26 minutos cada coproduzida com o Discovery Channel. Intitulada “À Brasileira”, a série é focada em turismo e gastronomia e foi financiada pelo canal e recebeu aporte financeiro também da Embratur.

Reality show A RedeTV! assinou com a 2waytraffic, empresa da Sony Pictures Entertainment, contrato para produzir o reality show “Dragons Den”, lançado no início de agosto, nos Estados Unidos, pela rede ABC. No Brasil a atração se chamará “No Tanque dos Tubarões” e terá 13 episódios, com previsão de estreia para o início de 2010. O programa conta com a participação fixa de cinco empresários milionários (os “tubarões”), quatro homens e uma mulher, dispostos a investir em pessoas com boas ideias e pouco dinheiro. A cada episódio, empreendedores apresentam seus projetos aos investidores, que pressionam os candidatos para decidir se vale ou não a pena investir nas ideias.

Só para os pequenos A produtora Mixer criou uma área exclusiva para conteúdo infantojuvenil. O novo núcleo é comandado por Tiago Mello e seu primeiro projeto é a animação “Escola pra Cachorro”, em produção. Com uma equipe de cinco profissionais, a nova divisão tem como objetivo não apenas produzir animação, mas também outros produtos, como documentário, séries de ficção, games e conteúdo para Internet. Integra a equipe a produtora executiva Juliana Capelini. Além de “Escola pra Cachorro”, a nova divisão desenvolve outros dois projetos de série de animação: “Vivi Viravento”, criada por Ale Abreu; e “Besouro”, uma versão animada do longa-metragem de João Daniel Tikhomiroff, que estreia em 30 de outubro. “Vivi Viravento”, série voltada para crianças de seus seis a nove anos, é um dos projetos vencedores do Anima TV e recebeu R$ 110 mil para o desenvolvimento do piloto. Há ainda um projeto de live action sendo pensado para crianças de nove a 12 anos. Adriana Oda (gerente de produção), Tiago Mello (diretor executivo) e Juliana Capelini (produtora executiva): núcleo de projetos infantojuvenis da Mixer.

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Bola: substantivo feminino Um dos vencedores do Pitching GNT em 2008, o documentário “Deixa que Eu Chuto”, sobre perfis femininos no futebol, estreou na grade do canal no início de outubro. O filme traz depoimentos de meninas apaixonadas pelo esporte e conversa com suas famílias, revelando as dificuldades de se estabelecer em uma carreira majoritariamente masculina. O documentário, dirigido por Alfredo Alves, tem a participação da jogadora Martha.

A jogadora Martha participa do documentário “Deixa que Eu Chuto”, do GNT.


Medição expandida O Ibope Mídia expande a medição regular de audiência de televisão para região de Grande Goiânia (formada pelas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade e Nerópolis). As cidades terão transmissão de dados por meio do aparelho Peoplemeter, instalado em uma amostra de 150 domicílios. Segundo dados do Ibope Mídia, Goiás tem grande expressividade nos investimentos publicitários do país, sendo 92,2% direcionados ao meio TV aberta. Dados da ferramenta Media Workstation apontam que 60% dos telespectadores da região são do sexo feminino e 40% do masculino. O perfil da audiência destaca que 44% são da classe C, 29% da AB e 27% D E (período analisado de 27/07/09 a 09/08/09, das 6h às 24h). A maior audiência em Goiânia é contabilizada no período da noite, entre 18h e 24h, com uma média de 27 pontos, o que corresponde a 447 mil telespectadores por minuto. A praça é monitorada somente na TV aberta.

Feito em casa A MTV Brasil estreou o “Fiz na MTV”. O programa de meia-hora de duração vai ao ar de segunda a sexta-feira, à 0h30. A nova faixa de programação segue as mesmas premissas do canal pago do Grupo Abril extinto em junho, o Fiz TV: conteúdo colaborativo e incentivo ao audiovisual independente. Qualquer pessoa tem liberdade para enviar vídeos autorais, com chances de ser exibido em rede nacional e ser remunerado, pois cada minuto do vídeo vale R$ 100 quando exibido na MTV. Boa parte do conteúdo da atração da MTV Brasil é inédita.

MTV Brasil estreia faixa “Fiz na MTV”, com os mesmos princípios de conteúdo colaborativo e incentivo à produção audiovisual independente do extinto canal do Grupo Abril.


( scanner) FOTOs: divulgação

Conexão Norte-Sul

“Teatro Rá Tim Bum”, um dos programas do canal pago da FPA que será exibido em Portugal.

Novos horizontes “Era justamente isso que a operadora buscava quando nos procurou”, afirma. O conteúdo oferecido no serviço sob demanda em Portugal não foi adaptado. “Foi feita uma pesquisa junto ao público local e percebeu-se que a dublagem não era necessária”, diz Garcia. Segundo o executivo, o canal vem investindo cada vez mais em animação. “Em dois anos, 60% a 70% da grade será formada pelo gênero”, diz. Esse tipo de conteúdo, vale destacar, é mais fácil de exportar. A meta agora e formatar um canal linear para o mercado português. “Também já temos algumas conversas para lançar nosso conteúdo em Angola”, conta Garcia, comemorando o possível aumento de receitas do canal. “Toda a receita gerada pela Rá Tim Bum é revertida em mais produções para o canal e para a TV Cultura”, lembra.

A TV Rá Tim Bum, canal de TV por assinatura infantil da Fundação Padre Anchieta, fechou parceria com a Zon Multimédia, operadora portuguesa de TV por assinatura, para a exibição de conteúdo brasileiro em Portugal. Desde 14 de outubro, crianças e famílias portuguesas terão acesso a produções infantis inéditas em língua portuguesa. Trata-se da primeira iniciativa de distribuição no mercado internacional do canal. Em um primeiro momento os assinantes terão acesso a seis programas do canal, incluindo a série “Cocoricó”, as peças do “Teatro Rá Tim Bum”, “Kiara e os luminitos” e a animação “Escola de Princesinhas”, por meio do serviço de pay-per-view da operadora. Segundo o diretor do canal, Mauro Garcia, a internacionalização não agride o projeto inicial do canal. “A gente se mantém firme na ideia produzir conteúdo brasileiro”, diz.

Roteiro Leandro Saraiva e Newton Cannito lançaram a segunda edição do “Manual de Roteiro – ou Manuel, o primo pobre dos manuais de cinema e TV”, pela editora Conrad. O rascunho do livro começou com a apostila distribuída aos alunos do Workshop de Roteiro Cidade dos Homens, realizado entre abril e julho de 2003 pela Fábrica de Ideias Cinematográficas em parceria com a O2 Filmes. 8

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As produtoras Ink, de Manaus, e Super 8 Produções, de Porto Alegre, estão coproduzindo a série de animação “Eureca”, voltada para o público pré-escolar. Formatada em 52 episódios de 11 minutos, a série orçada em R$ 3 milhões será custeada pelas produtoras e pelo empresário e investidor manauense Antônio Nelson Jr. De acordo com Olímpio Neto, produtor da série, Nelson Jr. é cliente da Ink, que atua também em publicidade, e decidiu ampliar o leque de investimentos, apostando também na produção audiovisual. “Fizemos um modelo de negócio chamado sociedade em conta de participação, em que o investidor terá participação nos resultados de licenciamento da série para a TV e também no licenciamento de produtos”, explica Neto. Luciana Druzina, da Super 8 Produções, conta que o objetivo agora é encontrar uma primeira janela de exibição. “Já estamos negociando com canais abertos e fechados”. O primeiro contato com as emissoras aconteceu no 10º Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, em junho. Atualmente, as produtoras finalizam os argumentos dos episódios e preparam os roteiros, que receberão a consultoria de Enio Torresan, da Dreamworks. “Vamos participar do KidScreen no ano que vem e queremos levar ‘Eureca’ a outros festivais de televisão”, destaca. A previsão dos produtores é que a série esteja finalizada até o final de 2010. “Eureca”: série orçada em R$ 3 milhões será custeada pelas produtoras e por um investidor manauense.


Nova cria A segunda temporada da série brasileira “Filhos do Carnaval” estreou no início de outubro na HBO. Serão exibidos sete novos episódios que, com os seis exibidos anteriormente, totalizam uma temporada completa de 13 capítulos. Com orçamento de cerca de R$ 1 milhão por episódio, a série produzida pela O2 Filmes conta com recursos do Artigo 39 para sua realização. No momento, a HBO LA trabalha na produção da segunda temporada HBO estreia segunda temporada de produção de “Capadócia” e desenvolve um projeto no Brasil, com da O2 Filmes. uma produtora fora do eixo Rio-São Paulo. Com a temporada de “Filhos do Carnaval” completa, há planos, ainda sem data definida, de lançar a série em DVD. Até o final do ano, a primeira série original da HBO no Brasil, “Mandrake”, produzida pela Conspiração, deve ser lançada em DVD pela Sony Pictures. Outras plataformas A primeira temporada do programa teve episódios customizados para o Canal Oi (31), da Oi TV. Foram resumos de cinco minutos dos episódios, com a exibição de um consolidado. Já na Oi TV móvel, serviço de TV para celular da operadora, há um canal exclusivo da HBO onde serão exibidos os seis episódios completos, relembrando a primeira temporada, além do primeiro episódio da segunda temporada.

Workflow para o jornalismo

FOTO: tela viva

qualquer câmera IP, onde quer que esteja, A Sony criou uma sala em sua sede pode ser “vista” pelo sistema e ter suas montada especialmente para demonstrar imagens utilizadas, desde que esteja seu novo sistema completo de workflow para conectada à rede de dados. O sistema produções de jornalismo, o Network também permite a integração remota entre Solution HD. O sistema foi totalmente afiliadas, pela rede IP. O primeiro caso desenvolvido no Brasil, pela equipe do concreto é com a RPC, do Paraná, que tem engenheiro Miguel Augusto da Silva Filho, quatro emissoras ligadas ao sistema. “Com utilizando equipamentos da Sony e mesmo isso, um editor de Curitiba pode, por de terceiros, no caso das ilhas de edição. exemplo, pegar um material que esteja em Segundo Armando Ishimaru, diretor da Foz do Iguaçu, editar remotamente (por divisão profissional da Sony Brasil, o proxy) e depois transferir apenas o material Network Solution HD foi desenvolvido para o final, editado, em qualidade de exibição”, País devido às peculiaridades da produção conta Miguel Augusto. jornalística no país. “Os sistemas existentes A TV Subaé, da Rede Bahia, deve começar a não atendiam bem às emissoras nacionais, testar os equipamentos em breve. por isso criamos um sistema totalmente O sistema está totalmente tropicalizado”, conta. em português, mas já foi feita O Network Solution HD uma versão em espanhol. gerencia todo o fluxo do Segundo Ishimaru, já foi material, da captação ao fechado acordo com a Sony arquivamento, passando pela BPLA (que cuida das vendas decupagem, edição, póspara toda a América Latina) produção e exibição. O para exportar o produto para sistema trabalha com os outros países do materiais SD e HD e integra continente. O Network diferentes tipos de mídia (BluSolution HD tem custo ray, HDV, XDCam etc), aproximado, em uma editores (Vegas, Final Cut Pro, configuração básica com duas Xpree e Media Composer) e ilhas, de US$ 60 mil FOB, e newsroom. pode crescer de forma O Network Solution HD Miguel Augusto, da Sony: sala escalonada, acrescentado-se também pode integrar as montada para demonstrar o equipamentos à rede. câmeras IP da Sony. Ou seja, sistema a clientes e parceiros. T e l a

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A vez do conteúdo Depois de produzir um documentário de 15 minutos para o canal People&Arts sobre a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, intitulado “Ser Osesp”, a Prodigo acaba de assinar um contrato com a Osesp para produzir um documentário de longa-metragem sobre a orquestra. Segundo Giuliano Cedroni, diretor de conteúdo da produtora, o documentário será captado em 2010, durante turnê da orquestra pela Europa. Entre outros trabalhos, a produtora está pré-produzindo uma série de ficção para a HBO e produzindo seu primeiro longa de ficção, “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, com direção de Vinícius de Coimbra. Além disso, lançou no Festival do Rio, em outubro, “Rio Breaks”. Trata-se de um documentário coproduzido com a Forward Entertainment. Segundo Civita, a ideia do documentário foi trazida à produtora pelo coprodutor Michael Thornton no Forum Brasil, evento promovido por TELA VIVA. “Nossa participação no filme acabou crescendo mais que o previsto. Além de todo o trabalho de produção local, captamos boa parte dos recursos para produção”, diz. O “Rio Breaks” é dirigido por Justin Mitchell e Vince Medeiros, e trata de Fábio e Namaa, dois amigos surfistas do Morro do Pavão, favela situada na Zona Sul do Rio de Janeiro. Os dois jovens, de treze anos, passam seus dias navegando

entre o universo do tráfico e o mundo do surfe. “Temos consistência nos investimentos. Temos diversos projetos em desenvolvimento, outros em captação, produção, pós e finalização”, diz Francesco Civita, diretor executivo e sócio da produtora. Segundo ele, 2009 é “um ano de virada” para a área de conteúdo na empresa. A unidade vem apenas recebendo investimentos há quatro anos, e este é o primeiro ano em que os investimentos vêm do que a própria unidade gerou. Internamente, diz Civita, a produtora é separada na unidade de conteúdo e na área de publicidade. “Cada área tem sua própria equipe, suas metas e gestão separada”, diz. “Nos apresentamos como uma única marca apenas fora do portão”, explica. Publicidade A área de publicidade vem crescendo 30% ao ano, diz a diretora da unidade, Doca Sander. Segundo ela, 2008 foi o melhor ano da produtora e 2009 “tem sido muito bom”. No entanto, confirma que a concorrência está mais acirrada. “Temos que trabalhar com margens mais apertadas e menor prazo”, diz. Segundo Doca, para manter o faturamento do ano anterior, é preciso fazer seis ou sete filmes por mês, ao invés de quatro.

FOTOs: divulgação

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Série da Johnson & Johnson veiculada no “Hoje em Dia”, da Record, tem criação da Babel e produção da BossaNovaFilms.

Toque de mãe Com criação da agência Babel e produção da BossaNovaFilms, a série “Toque de Mãe”, da Johnson & Johnson, está indo ao ar toda sextafeira no programa “Hoje em Dia”, da TV Record. São 14 episódios de dois minutos de duração que exibem a rotina de quatro mulheres e seus bebês. Após entrevistas com 98 mulheres de diferentes regiões de São Paulo, a equipe da diretora Georgia Guerra Peixe selecionou as quatro personagens da série. A filmagem dentro da casa das famílias dá o tom de documentário à comunicação publicitária. As cenas foram captadas com uma Canon 5D pequena para garantir uma imagem sutil e poética. As mães igualmente ficam com uma pequena câmera para filmarem detalhes do dia a dia de seus bebês quando a equipe estava ausente. A apresentação dos programetes é da jornalista Cris Flores.

“Rio Breaks”: Prodigo lançou documentário coproduzido com a americana Forward Entertainment durante Festival do Rio.

Pontapé inicial As cotas de patrocínio da Rede Globo para a Copa do Mundo de Futebol 2010 foram comercializadas. Os seis cotistas são: Coca-Cola, Itaú, Ambev, Olympikus, Oi e Fiat. Somadas, as cotas totalizam cerca de R$ 490 milhões.

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Faixa fechada

Mudar faz bem

“Pesca Mortal”, “Mega Construções”, “Trabalho Sujo” e outras atrações do Discovery Channel entraram para a programação da TV Cultura em setembro. O “Pesca Mortal”, uma canal pago e a TV pública das atrações da fecharam uma parceria para faixa “Mundo a exibição de conteúdo do Cultura Discovery”. Discovery Channel pela TV Cultura, na faixa denominada “Mundo Cultura Discovery”, com uma hora de duração de segunda a sábado (às 20h) e duas horas aos domingos (das 19h às 21h). O conteúdo exibido é inédito na TV aberta. “É uma amostra do Discovery Channel na TV Cultura, assim como é uma amostra da TV por assinatura na TV aberta”, diz o gerente de programação da Discovery Networks Brasil, André Rossi. A expectativa é que o acordo, válido até dezembro deste ano, possa se estender por mais tempo e resulte em outros tipos de parcerias entre os dois canais. “Esperamos que a parceria evolua até o ponto de fazermos coproduções”, diz o coordenador do Núcleo de Conteúdo e Qualidade da Fundação Padre Anchieta, Gabriel Priolli. “Nós também estamos presentes na TV por assinatura e pretendemos ampliar essa presença, com mais canais”, afirma. Esses canais, segundo Priolli, seriam, por exemplo, de música e conteúdo jornalístico, e estão sendo desenhados no momento.

O Discovery Home & Health estreou o programa “Mudar Faz Bem”. Trata-se de um reality show produzido a partir de uma demanda da patrocinadora, a Nestlé. “Começamos a conversar sobre a criação do programa há um ano”, diz o diretor de marketing da Nestlé, Izael Sinem Júnior. “Queríamos uma proposta para equilibrar o aspecto didático e o entretenimento”, disse. O programa - produzido pelo braço brasileiro da Cuatro Cabezas, com supervisão de Carla Ponte, produtora da Discovery Networks - desafia os participantes a adotar hábitos de vida saudáveis e ganhar qualidade de vida. Para isso, foi escolhida a família De Falco, que, com a ajuda equipe de especialistas em vida saudável, precisa alterar os próprios hábitos com base em três aspectos: nutrição, saúde e bem-estar. O programa tem seis episódios. “Nossa preocupação foi oferecer outras ferramentas de comunicação, que não apenas o espaço de 30 segundos”, diz Raul Costa, diretor comercial da programadora. Segundo ele, o programa terá desdobramentos em plataformas móveis, através de um canal no Claro Ideias TV, e na Internet.


Fotos: divulgação

( figuras)

Patrícia Martins

Milena Trindade

Atendimento

Abepec

A Ilegal FX, empresa de efeitos, animação e pós-produção do Grupo Ink, reforça seu atendimento em São Paulo com a chegada de Patrícia Martins. A profissional, que já trabalhou antes no grupo, tem passagens pela Cinegrafika e também pela Cinema. Outra empresa do grupo, a Margarida Filmes, também ganha reforço no atendimento em São Paulo com a contratação de Milena Trindade (ex-Film Center, Graphismo e Synchro, de Curitiba) e a promoção de Ducha Lopes ao cargo de diretora de atendimento.

Regina Lima, da TV Cultura do Pará (Funtelpa), foi eleita presidente da Abepec, associação das emissoras publicas educativas e culturais. Com mandato de dois anos, Regina assume o cargo que até então era de Antônio Achilis, da Rede Minas.

Executivo de operações Rafael Stefani chega à Fischer+Fala! para atuar área de operações (equivalente ao atendimento em outras agências). O profissional, que tem passagem pela África, assume o cargo de executivo de operações na equipe da diretora Beatriz Bottesi atendendo ao cliente Honda.

Presidente

Diretora A diretora de cena Rafaela Carvalho deixou a Produtora Associados para juntar-se à Fazenda Produtora by Movi&Art.

Direção artística

Elisabetta Zenatti deixou o cargo de diretora artística e de produção da Band. A profissional se desliga da função executiva no momento do término de seu contrato e por motivação particular. Ela passa a atuar em produtora própria, além Elisabetta de continuar na delegação da Band como Zenatti supervisora dos programas produzidos pela Eyeworks Cuatro Cabezas: “CQC”, “E24” e o inédito “A Liga”. Elisabetta já tem contrato com a Band para a produção de um programa de dramaturgia, previsto para depois da Copa de 2010. Na Band, o diretor de programação Hélio Vargas assume a direção artística e de produção.

Produtora de som A Voicez, de Luciano Kurban, contratou Daniela Celer como reforço para a equipe de atendimento da produtora. A profissional já trabalhou na Tesis, A Voz do Brasil e Satélite. Na Voicez, ingressa no time comandado por Cissa Montagna. Foto: arquivo

Foto: marcelo kahn

A Rede Minas, administrada em parceria por uma Oscip (Associação do Desenvolvimento da Radiodifusão de Minas Gerais - ADTV) e a Fundação TV Minas Cultural e Educativa, tem novo presidente: José Eduardo Gonçalves.

Superintendência Luiz Gonzaga de Luca agora é diretor superintendente do Grupo Severiano Ribeiro, que tem mais de 200 salas de cinema. Antes, Luca era diretor de relações institucionais do grupo.

Expansão A agência interativa F.biz contratou quatro novos colaboradores. Danilo Corci Cardoso (exJWT digital) chega para a Guilherme Jotabê, Catherine Souza, criação. Rodrigo Danilo Corci e Rodrigo Lorenço. Lorenço (ex-Uol e Google) assume a gerência de mídia. Catherine Souza (ex-Agência Click e Gringo) foi contratada como gerente de negócios e Guilherme Jotabê (ex-Agência Click, Tesla e Primo) é o novo gerente de mídias sociais. 12

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Programação Rogério Brandão, que deixou recentemente a diretoria de programação da TV Gazeta, foi nomeado superintendente de programação da TV Brasil. Ele assume com a missão de implantar uma programação com conceitos e orientação de TV pública, voltada para a sociedade e os cidadãos. O profissional participou da criação da Abepec (associação das TVs públicas e culturais) e tem vasta experiência na área de televisão, tendo passagens pelas TVs Manchete, Globo, Cultura e Grupo Bandeirantes.

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( capa )

Fernando Lauterjung*

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Hermanos digitais Brasil leva seu padrão de TV digital às principais economias da América do Sul e mira novos territórios. A aposta é que países da América Central e da África cedam às vantagens de governo eletrônico do ISDB-T na versão brasileira.

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os últimos meses quatro países sul-americanos anunciaram a adoção do padrão ISDB-T de TV digital. Mais especifica­ mente, o padrão japonês na “versão” brasileira, com MPEG-4 e interati­ vidade através do middleware Ginga. Com as decisões do Peru, Chile, Argentina e Venezuela, o Brasil se coloca em papel de destaque no cenário geopolítico, expor­tando sua tecnologia para as principais economias da região. Para a indústria da televisão, esta vitória não é menos importante do que sediar os Jogos Militares de 2011, a Copa do Mundo de Futebol de 2014 ou as Olimpíadas de 2016. A expectativa do governo é que com isso haja aumento na escala de produção de receptores, com queda nos preços e maior agilidade na transição para a TV digital. “Nada aconteceu de repente. Houve muito trabalho”, diz o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa. Vale lembrar, em 2005 o Brasil havia se comprometido com a Argentina e com o Uruguai em tomar uma decisão conjunta sobre o padrão. “Como tomamos a decisão sem a Argentina, eles ficaram ressabiados. Acharam que tínhamos atropelado. O Uruguai também. Resolvemos buscar outros países. O Ministério das Relações Exteriores acreditou na possibilidade de exportar o padrão”, diz. O primeiro resultado veio em abril deste ano, com a decisão do Peru. Naquele momento, o padrão adotado pelo Brasil era tido como o mais caro do mundo, embora trouxesse benefícios não existentes nos outros. Para convencer o país andino, foi montado um acordo de

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capacitação técnica que abria uma oportunidade de negócios para implantação de plantas de fabricação no Peru. “A Europa tinha como certa a adoção na região”, diz Barbosa. Com a adoção da Argentina, na sequência, ficou mais fácil trazer outros países para o bloco, já que havia ganho de escala significativo. Mesmo assim, em todos os casos foram feitas exigências ao Brasil. “O Chile exigiu uma carta compromisso garantindo o fornecimento de monitores e receptores”, diz o presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV digital, Frederico Nogueira. “Quem negociou isso com a indústria local foi o Fórum”, diz. A decisão da Venezuela talvez seja a que mais favoreça o trabalho brasileiro de divulgação do padrão, já que pode arrastar junto os países da Alba. Novos territórios O governo aposta que, até o fim da

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ano, novos anúncios devam sair. O próximo deve ser o Paraguai. Depois estão na fila, não necessariamente nesta ordem, mas com alto grau de certeza, Equador, Bolívia e Cuba. Vale lembrar, na América do Sul, apenas Colômbia e Uruguai optaram pelo DVB. Nenhum país adotou o ATSC. O Fórum do SBTVD recebe em outubro uma delegação do Equador, que deve visitar algumas emissoras de TV que já operam digitalmente. Também uma comitiva do Suriname deve visitar o Fórum e radiodifusores. Segundo André Barbosa, haverá em breve uma reunião em Moçambique para apresentar o padrão. Devem participar da reunião os países africanos de língua portuguesa (além de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe), África do Sul, Malaui, Tanzânia e Quênia. “Queremos propor


Modelo avançado Mas o que buscam estes países ao aventar a adoção do padrão brasileiro. A resposta, tanto junto ao governo quanto junto ao Fórum do SBTVD é a mesma: os avanços na área de governo eletrônico permitidos pelo Ginga e a possibilidade de fazer multiprogramação, alta definição e mobilidade. “Eu diria que o Ginga é preponderante na tomada de decisão dos países que já aderiram. Ele permite a criação de ferramentas de governo eletrônico”, diz Frederico Nogueira. “Os países que adotaram veem aí uma oportunidade de inclusão social muito forte”, completa. No início de outubro, a União Internacional de Telecomunicações UIT (órgão de padronização e regulamentação em telecomunicações ligado à ONU) deu seu aval às normas brasileiras do ISDB-T. “A partir de agora, nos tornamos oficialmente exportadores de tecnologia de TV digital com o mesmo status dos EUA e Europa. Qualquer continente que queira produzir baseado em nosso padrão terá acesso às normas, com a recomendação de um órgão de

usa a compressão MPEG-4, muito mais avançada, mas mais cara. “Temos que explicar em cada país que não dá André Barbosa, da Casa Civil pra comparar laranja com banana”, diz André expressividade global”, diz Barbosa. Além disso, o Nogueira. “É mais fácil dizer trabalho de difusão do para o Equador que a padrão é justamente para especificação está disponível na gerar escala e reduzir o norma UIT-R BT.1306”. custo da tecnologia. “Estamos investindo no “Estamos gerando escala e Ginga desde 2004”, diz André Barbosa. atraindo fabricantes da China e de Segundo ele, o governo foi convencido pela Taiwan para fazer set-top boxes aqui. universidade de que a TV poderia ser um Isso já estava descartado pela veículo de interatividade e desde então vem indústria local, que apostava só na TV trabalhando com essa ideia. “O Lula foi o integrada”, diz o assessor especial da garoto-propaganda do padrão, foi quem Casa Civil. Vale lembrar, diversos convenceu Cristina Kirchner (presidente da fabricantes set-top boxes Argentina) e Michelle Bachelet (presidente abandonaram a produção das caixas do Chile), mas o argumento foi o Ginga”. alegando que não há margem na O middleware fabricação de A expectativa do brasileiro, no entanto, conversores. ainda não foi normatizado governo é que haja Segundo o nem pela ABNT governo, várias aumento (Associação Brasileira de empresas têm significativo na Normas Técnicas) e nem apresentado opções escala de produção de caixas custando pela UIT para uso em TV de receptores, com US$ 38 FOB. “São terrestre. No órgão da ONU, o Ginga está queda nos preços e caixas com normatizado (norma e maior agilidade na interatividade ITU-T H.761) como porta HDMI”, diz transição da TV padrão para toda e Barbosa. E devem analógica para qualquer comunicação receber incentivos digital sobre IP. Para TV para isso. Até a digital. há ainda a discussão se porque o preço se usa a versão atual do JavaDTV (parte baixo foi uma demanda na negociação da linguagem), ou se aguardar a próxima com os países que já adotaram o versão seria mais eficiente, para não padrão. “Entendemos que a indústria deixar legado. tenha o seu ‘time to market’ e que prefira lançar set-top boxes depois. Yes, nós temos laranja Mas há também o ‘time to social’. O problema da sofisticação do padrão é, Vamos incentivar a inclusão através ainda, o custo. Atualmente o padrão nipoda TV digital”, diz Barbosa. brasileiro tem apenas um concorrente, o Além do preço das caixinhas e dos europeu DVB-T. Isto porque o ATSC Forum, televisores, há o custo de implantação, que fazia a “venda” do padrão nortetambém um pouco mais alta no americano, foi desativado. O principal padrão nipo-brasileiro. Para resolver argumento dos europeus contra o padrão isso, o governo acena com suporte adotado no Brasil é o preço. O DVB-T, bem financeiro do Banco Nacional de como todos os padrões com exceção da Desenvolvimento Econômico e Social versão brasileira do ISDB-T, é baseado em (BNDES) para a aquisição de compressão MPEG-2, que já teve seu custo transmissores e demais equipamentos amortizado. Já o padrão adotado por aqui necessários à digitalização. A linha do

“Estamos gerando escala e atraindo fabricantes da China e de Taiwan para fazer set-top boxes aqui.”

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à África do Sul que sejam feitos testes do ISDB-T juntamente com os testes que serão realizados do padrão DVB-T”, diz Barbosa. A ideia é subir também à América Central. Haverá um evento nas próximas semanas na Costa Rica, onde será apresentado o padrão. Um dos países que deve ser convidado é o México. “Há uma pressão por parte dos radiodifusores para que não seja adotado o padrão americano”, diz Barbosa. “O que impulsiona a parceria do México com os EUA é o mercado importante de receptores, mas apenas 10% da TV americana é aberta”, diz. Por fim, não descarta negociações com o Canadá, “que tem uma rede pública importante que poderia se beneficiar da tecnologia do padrão”. Por outro lado, o Japão abriu portas para a internacionalização do padrão na Ásia, negociando com as Filipinas.

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( capa) “A partir de agora, nos tornamos oficialmente exportadores de tecnologia de TV digital com o mesmo status dos EUA e Europa.”

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BNDES que pode suportar essas encomendas é o Protvd, com recursos de R$ 1 bilhão disponíveis até 2013. A fonte de financiamento não tem tido grande procura pelos empresários brasileiros, muito por conta da falta de familiaridade com o sistema de captação de recursos no BNDES por parte do setor e pelas dificuldades de dar as garantias necessárias. Diversas empresas não conseguiram apresentar a documentação exigida pelo banco. “O Brasil não pode emprestar diretamente para estes países através do BNDES, mas pode financiar projetos de pré-exportação e pósexportação”, diz Barbosa. Ou seja, é possível financiar a exportação de equipamentos nacionais. Outro argumento forte é que o Brasil, quando fechou seu padrão, negociou os royalties, ao invés de aceitar a declaração de cobrança de preços razoáveis e não discriminatórios. Portanto, no caso do padrão nipo-brasileiro, o preço de royalties não vai mudar porque determinado detentor resolveu aumentar os preços. No caso do padrão norte-americano, por exemplo, os fabricantes de TV pagam entre US$ 24,00 e US$ 40,00 em royalties por equipamento vendido. Diversos processos correm na justiça questionando os valores cobrados.

Frederico Nogueira, do Fórum do SBTVD

divulgar internacionalmente o sistema e harmonizar os sistemas. “Já houve a harmonização dos modelos brasileiro e japonês”, lembra, Nogueira. “A gente não quer que cada país faça alterações sem haver esta harmonização. Aí não será possível exportar televisores, por exemplo, por falta de compatibilidade”. Além disso, o Fórum Internacional deve funcionar para desenvolver novas tecnologias. “Poderemos discutir projetos conjuntos de ocupação de espectro”, diz André Barbosa. Ele lembra que o Brasil está negociando com os demais países que usarão o padrão ISDB-T a adoção de uma plataforma comum de canal de retorno, incluindo a frequência. A ideia é adotar a faixa de 700 MHz, eventualmente com tecnologia WiMAX. Os estudos apresentados pela operadora Clearwire ao governo brasileiro apontam para a necessidade de apenas 10 MHz de banda para viabilizar o retorno com intuito de prover interatividade. “Não se trata de disponibilizar Internet para as pessoas. A banda necessária é apenas para envio de informações muito pequenas e, na maioria das vezes, de envio posterior da informação, não em tempo real”, diz. A proposta de usar a tecnologia WiMAX como canal de retorno foi apresentada pela Casa Civil e o Ministério do Planejamento no WiMAX Global Congress 2009. Em

Transição no Brasil

Desenvolvimento conjunto Segundo Frederico Nogueira, o Fórum do SBTVD levou aos países parceiros a proposta de um fórum internacional com presidência rotativa aos países que já aderiram ao padrão. “A ideia foi aprovada, falta aprovar o modus operandi”, diz. Segundo ele, essa definição deve acontecer em março, na Argentina. “Aí o Fórum Internacional ISDB-T será colocado para funcionar”. O fórum tem dois objetivos:

A TV digital terrestre chega a 25 municípios brasileiros, sendo 18 capitais. As cidades já cobertas são: São Paulo, Campinas (SP), São José do Rio Preto (SP), Santos (SP), Sorocaba (SP), Ribeirão Preto (SP), Belo Horizonte, Uberlândia (MG), Manaus (AM), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Vitória (ES), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Belém (PA), João Pessoa (PB), Recife (PE), Teresina (PI), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Florianópolis e Joinville (SC).

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apresentação durante o congresso, André Barbosa pontuou as necessidades do Brasil. “Hoje temos uma tecnologia de ponta em transmissão digital de TV e uma rede broadcast com cobertura nacional. Queremos trazer a Internet e a interatividade em duas vias a esse universo, e queremos fazer isso, se possível, integrando o WiMAX ao chip do ISDB-T (padrão brasileiro de TV digital)”. O detalhamento técnico do projeto foi feito pelo professor Luís Meloni, da escola de engenharia e computação da Unicamp. A aposta do Brasil é alta. Os desenvolvedores do padrão WiMAX, que hoje estão engajados em uma intensa batalha com os operadores de telefonia celular, precisariam dedicar esforços para integrar o padrão com a tecnologia ISDB, mas Barbosa garante que já existem pesquisas nesse sentido no Brasil. “Reconheço que não é uma proposta simples de ser aceita por nenhuma das partes, mas temos certeza de que seria uma inovação importante para o modelo de TV digital e para o modelo de WiMAX”. Entre as aplicações vislumbradas estão, além da interação, a rede de governo eletrônico e eventualmente até o acesso à Internet. A vantagem para a proposta brasileira é que o WiMAX tem um grupo que trabalha, hoje, no desenvolvimento da tecnologia para a faixa de 700 MHz. A proposta pode não ser simples, mas vem contando com o apoio de cada vez mais países. A próxima batalha, diz Frederico Nogueira, deve ser para levar o Ginga aos outros padrões de TV digital. “Nenhum padrão tem um middleware tão bem resolvido quanto o nosso. Se conseguirmos levar o Ginga ao ATSC e ao ISDB-T japonês, e quem sabe até ao DVB, haverá compatibilidade entre *Colaboraram Mariana Mazza e Samuel Possebon


16 E 17 DE JUNHO, 2010

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( mercado) Daniele Frederico e André Mermelstein, de Cannes

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Aberto para negócios Em meio à queda no total de participantes, comitiva do Brasil é destaque no Mipcom, atraindo a atenção com a promessa de financiamento às coproduções. Discussões do evento foram marcadas pela convergência entre TV e games e o mercado de formatos.

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Mipcom 2009, que aconteceu no início de outubro em Cannes, França, teve como um de seus destaques a presença de uma volumosa delegação brasileira de produtores, canais e representantes do governo. O evento, que este ano registrou uma queda de cerca de mil participantes em relação à edição 2008, foi palco para o lançamento de novas produções, novos projetos, e ainda para mostrar que o Brasil está aberto para os negócios internacionais graças, sobretudo, aos mecanismos de fomento e financiamento disponíveis no país. Com a presença de cerca de 60 profissionais e 32 produtoras, além de distribuidores independentes, representantes dos canais e do governo, a delegação brasileira foi considerada pela organização uma das mais marcantes do evento. Além do Brasil, foram destacadas as delegações da Ásia, com crescimento da presença de empresas da China, Taiwan, Filipinas e Malásia. Entre os produtores independentes brasileiros, o destaque ficou com aqueles que apresentaram suas coproduções para os exibidores estrangeiros na feira. Durante um coquetel no estande do programa Brazilian TV Producers, a 2D Lab comemorou o lançamento internacional da série “Meu Amigãozão”, coprodução com a canadense Breakthrough Entertainment, que foi adquirida pelo Discovery Kids Latin America. O canal, que exibe as séries brasileiras “Peixonauta”, da TV Pinguim (atualmente primeiro lugar de audiência do canal no Brasil), e

Estande da Brazilian TV Producers: recorde de participantes.

“Princesas do Mar”, da Flamma Films, renovou contratos para a exibição da segunda temporada das produções. Vale lembrar também que com o sucesso na TV paga, “Peixonauta” começa a migrar para outras plataformas. A Aventurinha, que tem como sócio o apresentador Luciano Huck, produzirá a peça de teatro do personagem nas férias de meio de ano de 2010. Também já foi feito o roteiro e está em fase de animatics o longa-metragem do peixinho voador, que será exibido em 2011. O filme terá exibição 3D e terá como tema o Peixonauta na cidade. Além disso, os personagens da série estão sendo licenciados para uma gama de produtos, de papelaria a brinquedos e acessórios para bebês. Os direitos serão agenciados pela Redibra. Também durante o Mipcom, a Martinelli Filmes fechou um acordo de distribuição da série de vinhetas animadas “Pinguinics”, com a canadense Vivavision, que passa a distribuir a primeira temporada da produção para outros territórios que não Brasil e América Latina. Além deste, também foram fechados outros dois acordos, com produtoras europeias que terão suas séries distribuídas pela Pizza

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Toons e Pizza Docs, de Martinelli. Não só as séries ganharam destaque em Cannes. No evento voltado para conteúdo infantil, que antecede o Mipcom, a produtora 44 Toons foi premiada pela produção “Osmar, a Primeira Fatia do Pão de Forma”. Durante o MipJunior, evento voltado à produção infantil, a animação com direção de Alê McHaddo e produção executiva de Melina Manasseh foi escolhida por um júri infantil como a melhor para o público de 11 a 14 anos. Foi a primeira vez que o MipJunior organizou um júri formado por 18 crianças da Escola Internacional de Nice. Embora fosse uma competição de produções infantis, o filme vencedor era a única animação. Além das produtoras, marcaram presença no Mipcom, durante os paineis, o secretário do Audiovisual, Silvio Da-Rin, que destacou o volume de recursos disponíveis para produções e coproduções no Brasil, e ainda o CEO da RioFilme, Sérgio Sá Leitão (leia entrevista à pag. 28), que


Canais marcam presença Não foi apenas a produção independente que deixou sua marca em Cannes, mas também as emissoras brasileiras. Além da estreia do estande do SBT na feira (leia matéria à página 26), Globo e Record também tiveram espaços no mercado, enquanto Rede TV!, Band e MTV contavam com profissionais circulando pelo evento. O destaque da Globo este ano, que levou uma de suas maiores delegações ao evento, foi para a pré-venda de “El Clon” (“O Clone”), sua coprodução internacional em parceria com a Telemundo. A novela foi apresentada em uma coletiva de imprensa que contou com a presença da autora, Glória Perez, e ainda foi tema de uma festa promovida pelas parceiras em um castelo próximo à cidade. A

“Acredito nos micropagamentos e acho que as pessoas pagam pelos produtos porque veem valor neles.”

FOTO: MIPCOM 2009

apresentou alguns dos diferentes mecanismos disponíveis no Brasil e particularmente no Rio.

Tony Cohen, da Fremantle Media

principal novidade foi o fato que pela primeira vez uma novela da Globo foi pré-vendida no evento, antes mesmo de sua estreia, que deve acontecer em janeiro. Embora não tenham revelado para quais países a novela foi pré-vendida, os executivos das redes disseram que a negociação já foi fechada com 80% do continente americano. A princípio, a novela entra no ar nos Estados Unidos, em Porto Rico e no México, neste último pela Televisa. A intenção da Telemundo, segundo o diretor interna­cional, Marcos Santana, é exibir a novela simultaneamente, no mesmo horário, em vários países da América Latina.

A Globo apresentou ainda em seu estande o novo “Globo Doc Carnaval”, série de três docu­mentários sobre os basti­do­res do Carnaval, que conta a história de um des­file desde o nascimento do sambaenredo até a avenida. Segundo o diretor de vendas inter­nacionais da Globo, Raphael Correa Netto, a expectativa para 2010 é posi­ tiva com a melhoria do cenário econô­ mico. “Fecharemos 2009 com um resultado parecido com o de 2008”, diz, em relação ao número de horas vendidas e de países compradores. A Globo garantiu ainda as aquisições de novas temporadas de séries como “24 Horas” e “Lost”, segundo Roberto Buzzoni, diretor de aquisições da emissora. Em relação à produção nacional, como as séries de animação que hoje são exibidas na TV paga, ele

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( mercado) FOTO: tela viva

se mostra cauteloso. “Animação, para a TV aberta, tem que ter volume, um número grande de espisódios produzidos, porque a criança assiste muitas vezes, demora para criar o hábito”, conta. Mesmo o sucesso no cabo, diz, é algo restrito, porque tratase de um universo pequeno, embora seja um sinalizador importante, que chama a atenção para o conteúdo.

Guilherme Bokel (Globo), Marcos Santana (Telemundo), Glória Perez e Raphael Correa (Globo) anunciam pré-venda de "El Clon" para o mercado internacional.

Games e formatos O espaço dedicado à discussão sobre a indústria de games e sua relação com a televisão chamou atenção durante o Mipcom. As oportunidades para os produtores de conteúdo e os cases de sucesso foram apresentados durante uma série de paineis que ocorreram no primeiro dia de evento. Alguns dos tópicos que mais impressionaram foram aqueles que relacionavam o hábito de consumo de games ao da televisão. Um dos exemplos é o game do programa “1 Contra 100”, da Endemol, que cria uma ideia de primetime, ou seja, de horário prédeterminado para que o jogo seja acessado. Segundo o global head of digital media & new business da Endemol, Adam Valkin, o jogo para Xbox Live foi desenvolvido para que os jogadores pudessem competir entre si, desde que conectados em um mesmo horário. “Não se trata de fazer apenas o licenciamento de produtos, mas passar a vender para o público final”, diz. Além disso, foram apresentados números que mostram que os jogos baseados em produtos de TV e cinema representam 43% do total de jogos de compu­tador e 28% dos consoles. Além dos games, os formatos foram foco de um dia todo de palestras e paineis no evento. Um deles contou com a apresentação dos resul­ tados do Frapa Report 2009 – TV Formats to the World, levantamento realizado pela Frapa (The FOTO: IMAGE & CO - MIPCOM 2009

Format Recognition and Protection Association), entidade voltada à proteção da propriedade dos formatos. De acordo com os resultados apresentados, a produção de formatos gerou 9,3 bilhões de euros nos últimos três anos, um crescimento de 45% em relação aos 6,3 bilhões gerados de 2002 a 2004. O número de formatos exportados cresceu de 259, no período de 2002 a 2004, para 445, de 2006 a 2008. O destaque foi para a Argentina, país que, dentro do levantamento, que conside­ ra 14 mercados em sua pesquisa (o Brasil não é um deles), ocupa a quarta posição entre os maiores produtores e distribui­ dores de conteúdo. Os primeiros são Reino Unido, EUA e Holanda. O país passou a ocupar essa posição por ter exportado, entre 2006 e o ano passado, 28 formatos. No mesmo período, o Reino Unido exportou 146, os EUA 87 e a Holanda 35. Em termos de custos dos produtos exportados, a Holanda fica em segundo lugar. “O principal produto do país é o ‘Big Brother’, que tem um custo alto de produção”, afirmou o então presidente do canal Fox Reality Channel (que foi descontinuado pela Fox) e membro do board da Frapa, David Lyle. O número de horas exportadas quase dobrou do primeiro levantamento para o segundo: foram 31.397 horas de 2002 a 2004, e 54.382 de 2006 a 2008. Vale lembrar que cerca de 80% das exportações vêm de apenas cinco países. Jerry Seinfeld apresentou seu novo formato, “The Marriage Ref”, comercializado pela Endemol.

Foi também neste dia que foram apresentadas ao mercado internacio­ nal duas novidades no mercado de formatos. O comediante Jerry Seinfeld, longe da televisão desde o final da sitcom que levava seu nome, em 1998, apresentou a sua nova série, “The Marriage Ref”. Trata-se de um formato criado pelo comediante e comercia­ lizado pela Endemol, que mostra dis­ cussões entre casais, em suas próprias casas, que serão julgadas por um grupo de pessoas. Ao final, um juiz decide quem, entre marido e mulher, foi o vencedor da briga. No mesmo dia, a atriz e produtora executiva Lisa Kudrow (a Phoebe de “Friends”) apresentou detalhes de sua nova produção, a série “Who Do You Think You Are?”, versão americana de um formato britânico da Wall to Wall. A série, que a cada episódio pesquisa a árvore genealógica de celebridades, foi adquirida pela NBC. Além deste, a produtora de Lisa, Is or Isn’t Entertainment, realiza a série “Web Therapy” para a Internet. Internet, sempre ela Como não poderia deixar de ser, as mídias digitais e as oportunidades e ameaças que elas apresentam, não ficaram deAtividades fora das conversas do Mipcom. Até porque, em cinco anos, 4% 2% elas serão responsáveis por1% grande 4% parte dos gastos com entretenimento e 31% 5% mídia - pelo consumidor final - e a publicidade 5% online será dominante. As conclusões da pesquisa “Global 5% and Media Outlook”, da Entertainment Price Waterhouse Coopers, foram 6% apresentadas durante o Mipcom. 6%

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Segundo o estudo, em 2013, 78% do crescimento total dos gastos com entretenimento e mídia devem ser provenientes de mídias digitais e móveis. O gasto do usuário final com o digital foi de 23,4% do total do consumo de entretenimento em 2008. Em relação à publicidade, que hoje tem uma fatia ainda pequena do bolo, as expectativas também são otimistas. “Em 2013, US$ 1 de cada US$ 5 serão gastos em publicidade online”, afirma o líder global da área Entertainment e Media Practice da empresa, Marcel Fenez. Embora ninguém tenha a fórmula para fazer com que produções e seus modelos de negócio funcionem na Internet tão bem quanto na TV existem algumas direções apontadas por profissionais que já se aventuraram na web e no celular. O CEO da Fremantle Media, Tony Cohen contou que algumas descobertas foram feitas pela empresa ao testar a produção de conteúdo para a Internet. A série “Freak”, voltada para adolescentes, serviu para mostrar que algumas premissas de conteúdo online estavam erradas. “Quando começamos, achávamos que o conteúdo tinha que ser curto, interativo e que permitisse aos espectadores decidirem o final. Mas descobrimos que não era isso o que queriam. O que queriam era engajamento”, disse. A produção é patrocinada pela Red Bull. Quem também desmontou o mito sobre a duração do conteúdo em mídias digitais foi o vice-presidente da Sling Media, Stuart Collingwood, que afirmou que a premissa de que as pessoas querem assistir apenas a conteúdos de curta duração no celular não é verdadeira. “80% das pessoas assistem a conteúdos com mais de 15 minutos e 20% assistem programas de mais de uma hora de duração”, disse. A Sling Media é uma empresa que desenvolve plataformas de transmissão de conteúdos pela Internet e para dispositivos móveis. A experiência do Hulu, plataforma de vídeo digital criada no ano passado

“Com TiVo ou sem TiVo, o que o espectador quer é ter o controle daquilo que assiste.” Tom Rogers, da TiVo

FOTO: IMAGE & CO - MIPCOM 2009

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pela Disney, Fox e NBC, mostrou que não é possível avaliar o sucesso de um conteúdo no mundo online até que ele seja oferecido e consumido, mesmo que tenha sido um grande sucesso na TV tradicional. Segundo Johannes Larcher, VP sênior internacional do Hulu, o foco da plataforma é somente em conteúdos premium e exclusivos, produções dos grandes estúdios que fizeram sucesso na TV. Mas ele afirma que a correlação não é automática. “Sempre nos surpreendemos. Muitas vezes programas de arquivo vão melhor do que catch-ups (programas recém-exibidos na TV). Gêneros como animação japonesa também fazem muito sucesso, mais no online que na TV tradicional”, conta. Não apenas os formatos e gêneros da produção para a Internet foram discutidos no Mipcom, mas também os modelos de negócios que tiveram sucesso e os que falharam nas experiências online. Para o CEO da Fremantle Media, Tony Cohen, não adianta ter um produto que as pessoas gostem se não for possível viabilizá-lo comercialmente. Ele sugere tirar mais valor do produto que se tem; reduzir os custos de produção, especialmente com parcerias; usar melhor a tecnologia disponível; e escrever de forma diferente. “Acredito nos micropagamentos e acho que as pessoas pagam pelos produtos porque veem valor neles”. Ele exemplifica

Fenez e Pinder: comercial de 30 segundos continua em discussão em face ao crescimento da Internet.

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com o iTunes, e diz que o impedimento para que ações deste tipo funcionem na mídia digital é a pirataria. “É preciso criar novos modelos”. Os micropagamentos têm funcionado bem para a indústria de games, cujo modelo não costuma ser baseado em publicidade empresas que disponibilizam jogos têm na publicidade apenas 3% de suas receitas. Segundo Mils Holger Henning, da alemã Bigpoint, as principais fontes de receita da empresa são assinatura premium e a venda de itens virtuais, utilizados pelos jogadores. “Temos cerca de 2,5 milhões de microtran­ sações por mês. E cada uma delas é de no mínimo E 2”, destaca. Segundo Larcher, do Hulu, o modelo da plataforma em relação ao conteúdo é 100% de divisão de receitas (revenue share). “Plataformas como o Joost tiveram problemas porque pagaram muito, e adiantado, pelos conteúdos premium. Por isso acreditamos neste modelo, em que o risco é compartilhado”, disse. No Hulu (disponível apenas para os EUA), os conteúdos são oferecidos de graça ao usuário, e a receita vem toda da publicidade. A revolução na publicidade Mesmo com as novas possibilida­ des de modelos de negócios discutidas durante as sessões do Mipcom, a publicidade ainda é a grande aliada dos executivos de televisão. O que tem acontecido, porém, é uma adaptação do modelo clássico publicitário na TV, de comerciais de 30 segundos, que pôde ser conferido em palestras concorridas do evento. Uma delas foi com Tom Rogers, presidente e CEO da TiVo, uma das principais plataformas de DVR dos Estados Unidos, que coleta coleta informações sobre o hábito do usuário. O executivo afirmou que a tolerância das pessoas para assistir a comerciais durante a programação


está diminuindo. “Com TiVo ou sem TiVo, o que o espectador quer é ter o controle daquilo que assiste. Uma vez que teve a experiência (de pular comerciais), não quer voltar atrás”, disse. Por outro lado, diz não acreditar que isso seja um problema sem solução. “Não é porque as pessoas estão pulando os comerciais de 30 segundos que não seja possível às agências e aos canais acharem outra forma de fazer publicidade”. Para resolver o descontentamento dos anunciantes, a TiVo oferece uma forma de mostrar a marca do anunciante mesmo que o espectador avance os comerciais. Trata-se de um banner mostrado durante os quatro ou cinco segundos de intervalo, referente a um comercial de 30 segundos. Porém, Rogers contou a TELA VIVA que esse formato de incluir anúncios em cima dos filmes não tem sido muito utilizado pelos anunciantes. “Não sei porque eles

ainda não se interessaram por isso. A de TV realizado para a Renault, que tecnologia para fazer existe”. nasceu na Internet. “É possível Segundo Rogers, a TV precisa produzir com menos. Hoje posso aproveitar ainda o impacto que possui filmar uma hora pelo mesmo custo de hoje, com interatividade e alta definição. um segundo no passado”, afirmou o “A publicidade precisa estar em sintonia Chief Operating Officer da Publicis com o aproach que temos, de oferecer o Worldwide, Richard Pinder. que o espectador quer e quando quer”, Ele lembrou que em um mundo afirmou. Vale lembrar que o conectado, em que publicis lançou qualquer empresa está DVR da TiVo oferece, além divisão de da gravação de conteúdos vulnerável à crítica do televisivos, broadband TV, entretenimento público, é preciso que permite o acesso a trabalhar para que as para marcas. conteúdo online. “O ponto pessoas mudem o que chave é ter em uma única plataforma TV e está sendo dito sobre as marcas. Internet. É algo como o Google da TV”. “Precisamos de ideias contagiantes Diante da “ameaça” aos comerciais de que mudem a conversa”. Ele afirmou 30 segundos, mais uma agência anunciou ainda que a efetividade da opinião e uma divisão voltada para conteúdo de da recomendação está crescendo, marcas dentro de sua estrutura. O grupo enquanto do comercial de TV está em Publicis Worldwide aproveitou o Mipcom declínio. “O comercial de 30 segundos para lançar a Publicis Entertainment não está morrendo, mas está caindo”, divisão voltada para a criação de projetos disse Pinder, lembrando que hoje de entretenimento para marcas. O 25% das receitas do grupo vêm de primeiro case da nova divisão é um canal mídia digital.


O que vai acontecer com a Internet nos próximos dois anos? ST

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1º Prêmio Converge de Inovação Digital, um reconhecimento aos melhores cases, campanhas publicitárias e iniciativas relevantes dentro do conceito de WEB 2.0.

NÚMEROS DA EDIÇÃO DE 2009 19 Patrocinadores: Brasil Telecom, TV Cultura, TIM, UOL

3 dias de Fórum

HOST, Vivo, NET, In Press, Virtual Target, Alcatel Lucent, Inspirit, Direkt, Kaizen, Qualcomm, Caixa Economica,Webtraffic, Chleba, Unodata, Adobe, MMCafé, SEBRAE e PagSeguro

61,5 horas de Painéis, Palestras e Workshops

84 Painelistas e palestrantes 725 Inscritos 42 Workshops sobre tecnologia, marketing e negócios

7

13 Entidades de Apoio: Inter.NET, APADi, Assespro, Inetweb, Voit, Abranet, Internetsul, Abracom, MMA, ABES, Grupo de Mídia, Permission e Deutche Welle 4 Parceiros de Mídia: Avesso, Agência Estado,

Painéis de debates

Propaganda & Marketing e Sector TV

11 Palestras

A qualificação de público perfeita para seus negócios. Veja o perfil dos participantes dos nossos encontros: SETORES PARTICIPANTES

CARGOS DOS PARTICIPANTES

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS PALESTRAS

3%

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Empresas Usuárias Agência de Publicidade Portal / Site Fornecedor (equip./software) Operadora de Telefonia (fixa / móvel / cabo)

10% 26%

10% Provedor de Acesso / Conteúdo Prestador de Serviço Consultoria Governo / Instituição / Associação Imprensa

42%

Gerente / Coordenador Supervisor Presidente / VP / Diretor Técnico / Analista

Webmaster / Webdesigner Produtor / Programador Jornalista / Publicitário Consultor

Muito Bom Bom Regular

Ruim Não Respondeu

Quem são os participantes do Web Expo Forum Por sua abrangência, o evento se caracteriza por reunir no mesmo Fórum profissionais de diferentes perfis: s Advogados s Consultores s Designers s Desenvolvedores s Diretores e gerentes de negócios s Diretores e gerentes de tecnologia s Educadores s Empresários s Fornecedores de serviços, produtos e soluções de tecnologia e telecom s Jornalistas s Investidores s Profissionais de comunicação s Profissionais de propaganda e marketing s Conteúdo, TV Paga e Broadcaster


(televisão )

A mais feliz Após disputa com a Record por talentos, SBT volta aos holofotes e busca reafirmar sua posição no mercado brasileiro.

P

FOTOS: tela viva

ara quem achou que o publicamente sua posição SBT, que durante anos nos corações do público e ostentou o título de do mercado anunciante. “líder do segundo lugar”, “O SBT por um tempo assistiria da olhou muito para a arquibancada o crescimento da concorrência. Agora olha rival Record, os últimos meses para a torcida. A emissora demonstraram o contrário. sempre teve uma grande Sentindo-se atingido pessoalmente identificação com o público, pela “deserção” de Gugu, conforme há um carinho muito descrevem profissionais próximos a grande”, disse a TELA VIVA ele, Silvio Santos contra-atacou, a diretora geral da levando para a Anhanguera o emissora, Daniela Beyruti, publicitário Roberto Justus e durante o Mipcom, Eliana, além de outros talentos que em Cannes. ficam atrás das câmeras. A mirada para o público Para observadores, a emissora implica em entender o novo momento “acordou” depois da sacudida do país. O SBT vem observando as imposta pelo adversário. Mas mudanças no perfil de seu público-alvo, ainda há desafios pela frente. No a população de classe média e baixa, dia 14 de setembro, por exemplo, causadas pela melhoria geral da a TV Alagoas, sua afiliada no qualidade de vida, e estas mudanças estado, tirou a programação da refletem na programação. rede do ar, substituindo-a por “Nos anos 80, época da inflação, até conteúdo da Igreja Mundial do um iogurte era um luxo”, lembra Poder de Deus, que arrendou o Daniela. “Hoje as pessoas têm canal. Segundo o SBT, o contrato computador, são mais informadas, têm entre a emissora paulista e a TV mais autoestima”, diz. “Este espectador Alagoas é válido até 2012. O SBT de hoje quer uma TV de plasma, e quer entrou com uma ação na 31ª Vara um entretenimento que o coloque em Cível de São Paulo, contato com o mundo, que determinou o Emissora aposta quer ver o que todos retorno imediato da vendo, porque nos formatos para estão programação do conhece, mesmo sem ter deixar o público acesso”, completa. SBT. Agora, entra com um processo Um dos reflexos disso sintonizado com contra a emissora o que acontece no na tela é a exibição de nordestina para que vez mais séries e, resto do mundo cada esta volte a sobretudo, formatos transmitir sua internacionais. programação. “Formatos são legais, porque são Enquanto luta contra este tipo internacionais e nacionais ao mesmo de adversário, o SBT adotou nova tempo. São versões atualizadas (e feitas estratégia. Sob o slogan “A TV mais no Brasil) de coisas que todo o mundo feliz do Brasil”, lançou-se em nova gosta de ver”, diz Daniela. campanha para recuperar Uma das críticas que o SBT sempre

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Daniel Kaestli, Jean Teppet e Nelson Sato: emissora foi a Cannes vender suas novelas e modelos de negócios com interatividade por celular.

sofreu foram as constantes alterações na grade de programação. Segundo Daniela, esta fase acabou. “Agora está estável. Isso sempre foi muito espontâneo, e o público gostava. As mudanças sempre foram para agradar, para aumentar a audiência. O Silvio vinha para as feiras, via uma coisa legal e já botava no ar. Hoje isso já não é bem aceito, e com a concorrência, acabou se voltando contra nós”. Internet Para Daniela, a Internet é uma aliada, e não inimiga da TV. “Nossa estratégia não é disputar com os portais, mas sim ter o melhor site de TV do país”, conta. “A Internet é importante, as pessoas querem interagir. Querem assistir os programas na TV e comentar ao mesmo tempo no Twitter, no Orkut”, completa. Já para vídeos online a questão é mais complexa, conta. “O problema


“As mudanças na grade eram sempre para agradar o espectador. Hoje isso não funciona mais, e agora a grade está estável” Daniela Beyruti, diretora geral do SBT.

são os direitos, os contratos não preveem. Se não fosse por isso, gostaria de ter a programação 24 horas disponível na Internet”, diz. O SBT também ampliou sua distribuição em TV paga este ano, com a entrada no line-up da Sky, onde era a única grande rede aberta que não figurava. Para Daniela, esta distribuição não cria conflito com as afiliadas. “Quanto mais gente tiver acesso a nós, melhor. Não prejudica o afiliado, porque quem não tinha acesso, acaba assistindo, e isso dá mais visibilidade à rede como um todo. O anunciante assiste, gosta, e depois vai procurar o afiliado local para anunciar”, diz. Internacional O SBT, que até então participava apenas com representantes autônomos no Mipcom, montou pela primeira vez um estande no evento. Segundo o diretor de novos negócios da emissora, Jean Louis Teppet, o objetivo é reforçar a marca, em parceria com a Sato, que representa comercial­mente a emissora. Para o evento o SBT levou duas novelas em HDTV: “Revelação” e

“Vende-se um Véu de Noiva”, além de produções de seu acervo, como “Éramos Seis” e “Dona Anja”, entre outras. Uma aposta da emissora é na venda de formatos interativos. O SBT vêm fazendo campanhas em que os participantes enviam mensagens de texto por celular (SMS), que geram receitas para a emissora. No Mipcom, o destaque foi o jogo “Gols de Pelé”, no qual o participante vota no gol mais bonito do Rei do Futebol e concorre a um carro. “O formato pode ser vendido tanto com os gols do Pelé quanto adaptado (produzido localmente) para os

gols de algum craque local”, conta Teppe. O SBT também tem um serviço de alerta de notícias por SMS que já soma mais de 3 milhões de assinantes. São modelos que o grupo de Silvio Santos quer exportar a partir de agora, explica o diretor de interatividade da emissora, Daniel Kaestli. André Mermelstein, de Cannes.

estreia O programa que marca a chegada de Roberto Justus no SBT, “1 Contra 100”, é o primeiro formato negociado e produzido pela Endemol Brasil, lançada em fevereiro deste ano de forma independente da antiga parceria Endemol Globo. A Endemol contratou a Casablanca para a produção dos 18 episódios. A produtora cede seu estúdio de 1 mil m² na Vila Mariana para a atração. Foram comercializadas duas cotas de patrocínio: Bradesco e Faculdade Cruzeiro do Sul. São três cotas nacionais e uma local. As nacionais têm valor de tabela R$ 17,5 milhões. Justus fica com metade do lucro do programa. “É uma sociedade meio a meio com o SBT, o que não acontecia na Record”, comenta o apresentador. A New Content, uma das agências de Justus, fará a parte interativa do programa. Haverá jogos tipo quiz realizados via SMS. O Brasil é o 34º país a produzir o game show. (DF)


( entrevista)

André Mermelstein

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Grande angular Sérgio Sá Leitão, presidente da RioFilme, explica como a empresa deixou de ser apenas uma distribuidora para atuar diretamente no fomento ao audiovisual na cidade do Rio de Janeiro. FOTOs: tela viva

O

jornalista Sérgio Sá Leitão acumulou nos últimos anos uma boa experiência como gestor público. Levado pelo ex-ministro Gilberto Gil ao MinC, passou em seguida pelo BNDES, onde, como assessor da presidência, desenvolveu o departamento de economia da cultura, e pela Ancine, onde foi diretor. Assumiu a RioFilme, empresa vinculada à Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro no começo deste ano com duas missões: arrumar a casa e dar um rumo à empresa, transformando-a em um agente de fomento do audiovisual na capital fluminense. Após um processo de reestruturação interno, que cortou 30% do pessoal e 20% dos custos (e gerou até um site de ex-funcionários insatisfeitos), o passo seguinte foi a adoção de um novo modelo de gestão, através de um contrato com a prefeitura que garante as verbas necessárias. A prefeitura vinha reduzindo sistematicamente os aportes à RioFilme, de R$ 6,6 milhões em 2005 para R$ 800 mil em 2008, fora o custeio, o que praticamente paralisou a empresa. Como resultado, os investimentos da RioFilme caíram de R$ 7,3 milhões para R$ 1,1 milhão no mesmo período. Com o novo contrato de gestão, os aportes municipais estão, em tese, garantidos. A prefeitura proverá R$ 30 milhões à empresa de 2010 a 2012, sendo R$ 10 milhões já no próximo ano. Com isso, a empresa tem planos de

Sérgio Sá Leitão

investir R$ 90 milhões até 2012, sendo R$ 23,3 milhões já em 2010. Nesta entrevista exclusiva, Leitão explica como serão feitos os investimentos e conta outras iniciativas importantes da RioFilme para recuperar a posição que a cidade sempre teve no

“Nosso plano é que em cinco anos a empresa se torne independente financeiramente do sócio (prefeitura)” panorama audiovisual, como a criação de um Funcine de R$ 20 milhões, o programa Rio Audiovisual, uma nova film commission e até a construção de salas populares de exibição. TELA VIVA O que é o contrato de gestão que a RioFilme assinou com a prefeitura do Rio? SÉRGIO SÁ LEITÃO Na verdade

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são dois documentos, o contrato em si e um acordo de resultados, estabelecido pelo contrato. É onde está o conteúdo. Significa que a RioFilme passa a atuar de acordo com um planejamento contratado com a prefeitura, que é o acionista. O acordo estabelece diretrizes, programas, ações e metas, e também as obrigações de ambas as partes. E que vantagens isso traz, em relação à forma anterior de atuação? Isso é importante para que o planejamento possa se realizar, pois gera a obrigação da prefeitura no aporte de recursos, garante um cronograma de aportes e a autonomia da gestão. Também inclui uma premiação por desempenho. Como serão feitos os aportes?


Com planejamento. Dentro do acordo há um plano de ações e um plano de negócios. A prefeitura se compromete a fazer um aporte anual, com desembolso trimestral, não sujeito a contingenciamento. Isso muda a lógica da gestão de um órgão público, porque permite que atue diante da dinâmica do mercado. É como fazem a Petrobras e o BNDES, por exemplo. Isso blinda a empresa contra mudanças políticas? Sem dúvida. E permite desempenhar o novo papel da empresa. Houve uma intensa discussão sobre metas, qualitativas e quantitativas, eficiência e eficácia. E o que mudou? Definimos como missão apoiar o desenvolvimento da indústria. Antes não existia essa definição. A RioFilme se posicionava como uma distribuidora tradicional. Mesmo quando investia em produção, era no intuito de distribuir. Agora se vê como uma agência de desenvolvimento, somos investidores. Mas continuam a distribuir? Sim, continua podendo ser uma distribuidora, mas estamos pensando no conjunto da cadeia, não apenas distribuição, e em todo o setor, não apenas no cinema. O que temos feito é, ao investirmos em um projeto, muitas vezes entramos também na distribuição. E a empresa pretende viver destes investimentos? Sim, isso é uma grande mudança. A RioFilme hoje mira a sustentabilidade. Nosso plano é que em cinco anos a empresa se torne independente financeiramente do sócio

(prefeitura). Isto é viável porque a empresa considera que, além dos aportes, tem duas fontes de receitas: investimentos próprios e alavancagem de recursos de terceiros. Apesar de ser pública, a RioFilme tem dinamismo, é um ótimo veículo para o aporte de recursos públicos. Por exemplo, a Finep ou os Funcines podem usar a gente como veículo para investir.

projetos competitivos, não importa de que tamanho. É impossível fazer um investimento rentável para filmes abaixo de 50 mil espectadores, e só 20 filmes por ano fazem acima disso nas salas. Como a RioFilme opera, como entra nos projetos? Para recursos reembolsáveis é uma operação direta. No novo site, os produtores podem submeter projetos de acordo com as linhas de operação. Também vamos fazer uma prospecção direta, pró-ativa. Estamos fazendo ainda uma parceria com as distribuidoras, vamos compartilhar carteiras. Hoje, fechamos com Downtown, Europa, MovieMobz, Sony e Paramount,

Isso muda o foco no tipo de conteúdo com o qual vocês trabalham? Vão em busca de conteúdos mais de mercado? Sim, buscaremos produtos competitivos. Enquanto reestruturávamos a empresa, no início da gestão, fizemos dois investimentos exemplares. Pegamos um filme com

“(A RioFilme) continua podendo ser uma distribuidora, mas estamos pensando no conjunto da cadeia, não apenas na distribuição, e em todo o setor, não apenas no cinema” claro viés comercial, “Divã”, e fizemos um gap finance, ou seja, entramos com o dinheiro que faltava para o filme ser lançado na data prevista. Foi uma parceria com a Downtown (distribuidora) e com a Total (produtora), entramos com R$ 500 mil. Investimos também R$ 100 mil em um filme mais de nicho, o documentário “Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Eu Dei”.

mas estamos abertos a outras. A meta é buscar no mínimo o retorno do capital investido, ao longo do tempo. Como trabalhamos com o conceito de carteira, o lucro permitirá fazermos investimentos mais ousados, para desenvolver o mercado como um todo. A visão é de expandir o crescimento. Como é a análise do projeto? Quando entra pelo site passa por um processo. É feita uma análise legal, financeira, de mercado e artística. Passa pela diretoria e por um comitê de análise.

E houve retorno? “Divã” tinha um break-even alto, de um milhão de espectadores, e fez 1,9 milhão. “Simonal” se pagava com 50 mil, fez 70 mil. Conseguimos demonstrar que é possível investir combinando a perspectiva de busca de retorno e cumprir nosso papel social.

E os investimentos nãoreembolsáveis? Funcionarão por meio de editais, mas também por projetos específicos. Podem ser ações para a melhoria do ambiente de negócios, capacitação etc.

E agora, estão prospectando novos investimentos? Sim, mas o cinema no Brasil tem um problema sério. Há poucos

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( entrevista ) mais (recursos incentivados). O Rio perdeu o posto no ano passado.

FOTO: tela viva

Você falou em abrir o foco para além do cinema. Onde mais vão investir? Teremos duas linhas, uma de apoio a projetos e empresas para TV e novas mídias, e um para projetos de cinema para TV e novas mídias. Percebemos que começa a existir um mercado de novas mídias, é uma realidade, há negócios. Começamos a ver streaming e download como modelos de receitas. Há casos como o da Saraiva, Netmovies, a expansão da TV paga, video-ondemand, entrada das teles no mercado. A RioFilme tem 17 anos. Neste período acumulou um catálogo, são quase 200 longas, é um terço da produção brasileira no período. Estamos montando um sistema de gerenciamento destes direitos, fazendo due dilligence (levantamento e análise) nos contratos. Podemos explorar isso nas novas plataformas.

E qual é o interesse da prefeitura? Além dos investimentos diretos na indústria, a ideia é usar o audiovisual como forma de promoção da cidade, para gerar negócios. Em parceria com o governo do Estado lançamos o Rio Audiovisual (anunciado em outubro no Festival do Rio), uma ação inédita que tem um programa de editais de TV, cinema e games, apoio a mostras e festivais. Ainda promoveremos a junção das film commissions da cidade e do Estado. Este projeto está sob o comando do Steve Solot, ex-diretor da MPAA no Brasil. Que outras ações estão previstas? No fim de outubro lançaremos o Funcine InvestRio, que terá Fizemos uma pesquisa, que será recursos da RioFilme, Firjan e aprofundada agora com a FGV. O BNDES, num total de R$ 14 estudo mostrou que o Rio milhões. Queremos está consolidado como polo ainda captar recursos “Há uma de produção comercial. privados, chegando a Oitenta por cento da um fundo de R$ 20 distorção: o bilheteria nacional é de milhões. Será focado Rio gera 80% filmes daqui. Também é em projetos do Rio de do público, importante na produção de Janeiro. mas São Paulo TV aberta, o que é Também vamos importante porque cria um lançar, com a Secretaria capta mais parque, de profissionais e de Cultura do Estado, (recursos infraestrutura. Está bem incubadora de incentivados). uma também em cursos de empresas, com O Rio perdeu o participação do Instituto formação. O que perdeu foi o mercado de publicidade, posto no ano Gênesis da PUC Rio. o que não faz sentido Inicialmente serão passado” tentar reverter. incubadas oito Há duas áreas em que empresas. estamos em disputa. Na produção Finalmente, há um projeto com internacional, perdeu espaço para São a Secretaria Municipal de Paulo. Queremos entrar firmes nisso Habitação, em parceria com a para consolidar a cidade no mercado. Rain, para colocar salas de cinema A outra é a produção independente em oito conjuntos habitacionais de TV. São Paulo tem a predominância, que estão sendo construídos pelo mas queremos consolidar o Rio como PAC na cidade. As salas serão polo produtor aí também. entregues montadas a gestores Há uma distorção: o Rio gera locais, que terão o direito 80% do público, mas São Paulo capta de exploração.

E na produção? Estamos abrindo uma área de investimentos reembolsáveis para produzir para TV e novas mídias. Precisa de uma curva de aprendizado. Hoje, temos expertise em cinema comparável à das grandes do setor. Para novas mídias é preciso aprender. Estamos abertos para receber ideias, estamos prospectando profissionais nesta área. São setores cujos modelos estão em desenvolvimento. Mas já há iniciativas. Estamos por exemplo em conversa com a MTV para um coinvestimento em produção envolvendo novas plataformas. A RioFilme é uma agência de desenvolvimento local do município do Rio de Janeiro. Como está hoje a cidade em relação à indústria do audiovisual?

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MAS A GENTE TEM CERTEZA QUE ELAS VÃO ESTAR AQUI.

19 E 20 DE MAIO DE 2010

CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA - SÃO PAULO-SP

O maior e mais importante encontro latino-americano de conteúdos e aplicativos para celular. E mais: Prêmio Tela Viva Móvel 2010, uma iniciativa pioneira de fomento e desenvolvimento deste mercado. Mais detalhes em breve. w w w. t e l a v i v a m o v e l . c o m . b r


(audiência - TV paga)

TV paga em alerta

O

share de audiência da TV por assinatura durante o dia todo, que em 2006 teve seu pico com 33%, em 2008 foi de 29%. O dado é do Ibope Media Workstation e foi divulgado em setembro pelo Mídia Fatos 2009, publicação anual da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) que reúne dados referentes ao desenvolvimento do mercado de TV por assinatura no país. O alcance, que foi de 56% em 2006, caiu para 49% em 2007 e manteve-se inalterado em 2008. O tempo dedicado à TV por assinatura diariamente foi de 2h03 em 2008, cinco minutos a menos que em 2007. O tempo dedicado ao meio vem apresentando queda desde 2006, quando o tempo era de 2h18. Em 2007, foram 2h08 e em 2008, 2h03. O mesmo se reflete no horário nobre. Das 18h à 1h, o tempo dedicado ao meio TV por assinatura foi de 1h25

em 2006, e 1h17 em 2008 (Fonte: Ibope Media Workstation, seis mercados). Fontes do mercado atribuem a queda, entre outras coisas, à digitalização dos assinantes de cabo, quando os lares passaram a ter menos pontos extras em suas casas. “Acredito que haverá demanda para que pontos adicionais sejam instalados. Aposto com absoluta certeza que nos próximos dois anos haverá uma explosão de audiência”, afirmou o diretor geral da Globosat, Alberto Pecegueiro no congresso da ABTA 2008. A recuperação parece estar acontecendo em 2009. Em agosto último, os canais por assinatura tiveram alcance diário médio de 49,52% e tempo médio diário de audiência de duas horas e 14 minutos entre o público adulto. O canal TNT retomou a primeira posição do ranking dos canais pagos com melhor alcance, que em julho ficou o SporTV. O canal de filmes e séries dublados obteve 11,58% de alcance diário médio e 27 minutos de tempo

médio diário de audiência. Em seguida no ranking aparecem SporTV, Globo News, Fox e Multishow. Para este levantamento foi considerado o universo de 6.460.300 indivíduos, nas praças Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Distrito Federal, Florianópolis e Campinas. No público de quatro a 17 anos, o Disney Channel teve o melhor alcance diário médio (17,92%), com 58 minutos de tempo médio diário de audiência. O canal foi seguido de perto pelo Cartoon Network (com 17,69% de alcance diário médio), em ranking que contou com Discovery Kids, Nickelodeon e Disney XD na sequência. Vale lembrar que o canal Disney XD é o antigo Jetix, que passou por um reposicionamento para tornar-se mais voltado ao público de meninos, de 8 a 12 anos. Daniele Frederico

Alcance* e Tempo Médio Diário – agosto 2009 Total canais pagos TNT SporTV Globo News Fox Multishow Universal Channel Warner Channel Telecine Pipoca Discovery Discovery Kids Telecine Premium Disney Channel Cartoon Network AXN SporTV 2 National Geographic Telecine Action GNT ESPN Brasil Animal Planet

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 49,52 3.199,05 02:14:47 11,58 747,86 00:27:21 10,91 704,54 00:43:27 8,91 575,50 00:30:38 8,71 562,82 00:25:07 8,51 550,07 00:15:46 8,44 545,11 00:29:16 7,89 509,99 00:28:25 7,86 508,04 00:32:13 7,58 489,93 00:19:33 6,93 447,83 00:57:05 6,93 447,49 00:28:34 6,77 437,05 00:31:45 6,68 431,63 00:38:41 6,56 423,57 00:28:57 6,27 405,01 00:20:22 6,12 395,38 00:14:39 5,75 371,52 00:22:10 5,56 358,92 00:16:27 5,03 324,73 00:20:10 4,90 316,54 00:16:31

Total canais pagos Disney Channel Cartoon Network Discovery Kids Nickelodeon Disney XD TNT SporTV Fox Telecine Pipoca Multishow Boomerang Universal Channel Discovery Warner Channel SporTV 2 Telecine Premium AXN Globo News Telecine Action ESPN Brasil

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 52,90 730,17 02:32:07 17,92 247,34 00:58:53 17,69 244,28 01:04:41 15,34 211,68 01:13:50 12,88 177,71 00:49:03 9,19 126,77 00:40:07 9,11 125,74 00:26:33 8,31 114,73 00:36:18 7,80 107,57 00:22:21 7,52 103,65 00:32:49 7,32 101,03 00:17:14 5,48 75,57 00:37:37 5,44 75,11 00:21:05 5,28 72,73 00:17:31 5,09 70,30 00:20:10 4,58 63,17 00:16:41 4,50 61,97 00:24:20 3,82 52,66 00:14:48 3,78 52,20 00:18:44 3,77 52,02 00:17:31 3,71 51,27 00:21:36

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

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**Universo 1.380.500 indivíduos Fonte: IBOPE Media Workstation – Tabela Minuto a Minuto – Agosto/2009

**Universo: 6.460.300 indivíduos

Acima de 18 anos**


Enquadre sua empresa no foco das atenções. Confira sua programação do dia 8 de Abril de 2010 - São Paulo - Brasil. Público estimado: 400 pessoas. 59% do público composto por pessoas qualificadas,

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formadoras de opinião e com alto poder de decisão.

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EM 2010, VOCÊ VERÁ NA TV 2.0:

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s A volta do conteúdo pago. Há espaço para modelos on-demand e por assinatura nas novas plataformas? s Branded content em projetos 360º. s Os novos jogadores: que papel terão os consoles de games e as broadband TVs. s O posicionamento das emissoras e canais pagos diante do avanço dos portais.

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comercial@convergecom.com.br

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Técnico 20 Programadora / Canal 39%

Produtora 7%

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Fornecedor / Fabricante (Equip./Soft) 1% Técnico 20%

Realização

Imprensa 10%

Analista / Especialista 6% Imprensa 10%

Gerente / Coordenador 30%

Programadora / Canal 39%

Portal / Site 7% Governo / Associação / Instituição 7%

Imprensa 10%

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Fornecedor / Fabricante (Equip./Soft) 1%

Cargos

Bancos / Investidores / Grupos de Mídia 3%

Operadora de Telecom 6%

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Usuário 2%

Portal / Site 7% Governo / Associação / Instituição 7%

Operadora de TV por Assinatura 4%

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Bancos / Investidores / Grupos de Mídia 3%

Operadora de Telecom 6%

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( conteúdo )

Ana Carolina Barbosa

a n a c a r o l i n a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Próxima parada: fora de casa

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esde setembro, a Rede Globo vem experimentando uma nova maneira de distribuição de conteúdo. Parte da sua programação circula pelas ruas de São Paulo em telas instaladas em 300 ônibus da rede Bus Mídia, impactando uma média de 225 mil passageiros por dia. Segundo Jorge Rosa, diretor de multiplataforma e programação da emissora, com a escolha do ISDB-T como padrão para a TV digital no Brasil, a emissora começou a estudar maneiras de levar conteúdo a novas plataformas de mídia. “Começamos a estudar tudo o que é móvel e tudo o que é fora de casa. A tela do transporte foi uma demanda natural da população”, explica o executivo. Rosa conta que a emissora foi procurada pela Bus Mídia. A empresa havia feito uma pesquisa e detectou que os passageiros tinham interesse em assistir ao conteúdo da Globo dentro do ônibus. “A Globo também fez uma pesquisa e descobriu que mais de 50% dos passageiros fica no mínimo duas horas por dia no ônibus e 30% fica mais de três horas. O conteúdo poderia entreter melhor o passageiro. Tivemos que pensar em uma fórmula ganha-ganha”, observa. Depois de um ano e sete meses de análises, a emissora e a Bus Mídia chegaram a um modelo para o negócio: o licenciamento. A Globo licencia o conteúdo para a BusMídia que pode sublicenciá-lo a outras empresas, contanto que elas atendam a alguns requisitos como usar exclusivamente o conteúdo da emissora. A Bus Mídia comercializa os espaços publicitários e a Globo tem

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FOTOS: divulgação

Com diferentes modelos e estratégias, Globo e Band apostam na mídia digital out of home, levando conteúdo para as telas do transporte urbano.

A TV Minuto, da Band, presente no metrô de São Paulo é tratada como unidade de negócio do grupo e tem desenvolvimento de conteúdo exclusivo.

participação nas receitas dependendo do volume atingido pela empresa. Padrão de qualidade Nesta primeira iniciativa, a equipe da Globo, composta por representantes da engenharia, jornalismo, artístico, programa­ ção e jurídico, avaliou que seria melhor trabalhar com conteúdo embalado. Foi decidido que as três novelas, o seriado “Malhação” e material jornalístico baseado em servi­ços e informações, que não tenha apelo de hard news, formariam uma grade de pro­gramação de aproximadamente 45 minu­tos, reproduzida em looping . O capítulo exibido nas telas da Bus Mídia é sempre o que foi ao ar no dia anterior pela televisão. Como não há novelas na grade da Globo aos domingos, segunda-feira é dia do resumo da semana. Para a mídia digital out of home, ele é editado e reduzido em seis minutos. As cenas são descritas por letreiros pois a legislação do município de São Paulo proíbe o som no transporte público.

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O trabalho de edição cabe à Bus Mídia, que recebe as imagens dos programas simultaneamente à exibição na TV aberta. A edição do material é submetida à aprovação da Globo. Todos os elementos visuais – logotipos, vinhetas e tarjas - também estão alinhados aos da emissora na televisão. O conteúdo é carregado automaticamente por um sistema wi-fi quando os ônibus voltam ao terminal no final do dia. O departamento de engenharia da Globo desenvolveu também um sistema para carregar a mídia com um cartão e assim garantir que o conteúdo seja atualizado mesmo que o ônibus por algum motivo não passe pela área do terminal onde são feitas as transmissões. “Ficamos um mês operando, realizando todo o fluxo de produção sem exibir o conteúdo, só fazendo ensaios”, lembra Rosa. Ao vivo A emissora continua testando novas maneiras de levar conteúdo à mídia digital out of home. “A TV digital permite a transmissão de sinal ao vivo. Estamos equipando 30 ônibus com a tecnologia Full Seg de TV digital para pesquisa”, conta Rosa. O diretor de multiplaforma e programação da emissora explica que ainda não há certeza sobre o tipo de programação. “Será que o passageiro gostaria de ver o jornalismo ao vivo? Ainda não sabemos o mais adequado”, observa. Em São Paulo, com a proibição do som no transporte público, uma solução analisada pela emissora é transmitir o som em baixa frequência por uma rádio, para que os usuários vejam a indicação na tela e possam sintonizar a estação de seus próprios aparelhos portáteis. No Rio de Janeiro, sem restrições


quanto ao som, a emissora desenvolve outro modelo de distribuição, via web, com uma empresa que leva conteúdo ao transporte público. Neste caso, o modelo inclui também conteúdo do portal G1 além de transmissão do conteúdo da TV com áudio. “Estamos empolgados com essa mídia, é provável que ela cresça”, destaca Rosa, contando que a emissora planeja uma grande pesquisa realizada pelo Ibope para compreender melhor o consumo deste tipo de mídia. O executivo ressalta que mesmo com as iniciativas na mídia digital out of home a emissora continua empenhada em levar programação ao celular. “Acredito que no futuro as pessoas vão ter a sua televisão no bolso”, diz. De acordo com Rosa, o departamento de engenharia da Globo estuda junto com as operadoras a melhor cobertura. “Temos profissionais pensando nisso e investindo nisso para no curto prazo ter o melhor produto para o consumidor. Isso vai gerar novas oportunidades”, afirma. Unidade de negócio A Band, outra emissora que também viu potencial nas telas do transporte urbano, tem outras prioridades: out of home, para o Grupo Bandeirantes, é uma unidade de negócio. “Não é um alavancador de audiência da televisão, é um business. O público precisa de linguagem diferenciada, timing diferenciado”, explica Frederico Nogueira, vice-presidente do Grupo Bandeirantes. Em 2008, o grupo venceu uma licitação do metrô de São Paulo e, em outubro do ano passado, iniciou as operações da TV Minuto, que impacta aproximadamente 3 milhões de pessoas por dia com os 5,3 mil monitores instalados. “É um ambiente onde há muita gente retida por muito tempo. Acreditamos no out of home de massa, de retenção”, destaca Nogueira. Sem revelar detalhes, o executivo afirma que há projetos de expansão do grupo em mídia out of

associa a TV Minuto com o produto Band”, observa. Tanto é assim que o SBT já anunciou programas na mídia da concorrente. A própria Band também usa o espaço comercial com programetes do “CQC” criados pela Cuatro Cabezas, que produz o humorístico. As notícias são desenvolvidas na redação do BandNews, no Morumbi. Globo licencia programação da TV aberta para a Bus Foi desenvolvido um publicador que Mídia, que está em 300 ônibus em São Paulo, e estuda envia o material por sistema de rádio modelos para a transmissão ao vivo de conteúdo. à equipe de programação na Vila home baseados nos pilares massa e Mariana. O conteúdo chega às telas retenção. “É um mercado em ebulição. dos vagões do metrô por fibra óptica. Queremos ser o maior player, estamos De acordo com Biperno, o caminhando devagarzinho”, diz. O grupo sistema permite customizar o entrou como sócio na TVO, que atua nas conteúdo para cada uma das linhas linhas de ônibus de São Paulo. do metrô, o que é interessante para A programação, de 20 os anunciantes. horas diárias, é preparada com A TV Minuto tem desafio em conteúdo de diversas mídias departamento comercial a são paulo pertencentes ao grupo no Grupo é a proibição parte Bandeirantes e também com Bandeirantes. Dentro da de som no material da Agência Estado e programação, entram France Press. Ao longo do dia, transporte comerciais de grandes e são produzidos vários jornais pequenos anunciantes em público. de 30 minutos. “Temos tudo o peças específicas, sem que você encontra em um áudio, com duração entre jornal diário: horóscopo, entretenimento, dez e 15 segundos. Tanto Frederico indicadores como Ibovespa e dólar cotado Nogueira, da Band, quanto Jorge a toda hora além de informações de Rosa, da Rede Globo, concordam trânsito, com a equipe da rádio SulAmérica que ainda faltam pesquisas e Trânsito. Há muita prestação de serviço”, informações que sirvam de base explica Fábio Biperno, editor da TV para a decisão de investimentos, Minuto. As notícias são veículadas com mas que a publicidade apoiará o imagem parada e legenda. No final de desenvolvimento do negócio. “Essa semana entram ainda os resultados dos mídia só vai crescer e se sustentar campeonatos de futebol. “ O público não com verba publicitária”, diz Rosa.

Conteúdo diferente: pode? A entrada de grupos como Globo e Band na mídia out of home traz a tona, mais uma vez, a questão da multiprogramação na TV digital. Os grupos hoje se posicionam contra a possibilidade de transmitir canais diferentes em suas frequências, argumentando que fizeram a opção pela TV digital com foco na alta definição. Apenas as TVs públicas mostraram, até agora, interesse por multiplicar o número de canais, como vem fazendo a TV Cultura em São Paulo. Caso queiram, porém, como vêm sinalizando, transmitir um sinal específico para os receptores móveis, as emissoras levantarão novamente o debate sobre a transmissão de mais de uma programação simultânea. Isso tem implicações mercadológicas (fragmentação da audiência e portanto da publicidade) e legais, pois não está claro se a transmissão de um segundo ou terceiro canais poderia ser feita sob a atual concessão que as emissoras têm para o serviço de TV analógica. Vale lembrar, o canal digital em UHF é uma frequência consignada, e não uma nova concessão. As emissoras, em tese, continuam autorizadas legalmente a transmitir em suas praças um único canal. (AM)

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( cinema)

Vida longa ao curta Produtoras buscam soluções para rentabilizar os curtas-metragens de seus portfólios. Criação de loja virtual, distribuição por download e streaming e integração com operadoras de celular são algumas soluções encontradas.

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que o curta-metragem “Ilhas das Flores”, de 1983, é um dos que mais saem. Outra experiência que a diretora destaca é a Coleção Curtas da Casa, box que reúne a produção de alguns diretores da produtora, como Ana Luiza Azevedo, Carlos Gerbasi e Jorge Furtado, e já vendeu mais de mil exemplares. Os autores recebem relatórios sobre as vendas de seus filmes e recebem 75% da renda gerada. Luciana afirma que com a montagem da loja virtual, os filmes produzidos pela produtora passaram a ser mais procurados. O próximo passo da loja é oferecer conteúdo por download e streaming e facilitar o processo, hoje baseado no envio de mídia. Guilherme Coelho, sócio da ZeroUm Digital, agência que no ano passado lançou o Blopix (www.blopix .com), site para a distribuição por streaming de conteúdos como filmes, curtas e séries, sobretudo de produção independente, baseado também no modelo de divisão de receitas (50% para a produtora, 50% para a distribuidora), acredita que a tendência deste sistema de distribuição é se desenvolver com conexões de banda larga cada vez melhores. Desde o final de 2008, o site trabalha também com download de conteúdo para que o usuário possa assistir também no celular. Para Guilherme, esta deve ser uma boa janela para os curtasmetragens. “Os curtas têm uma característica de consumo rápido. Eles têm

FOTO: carlos gerbase

epois de investir tempo e recursos financeiros e humanos na produção de curtasmetragens, as produtoras querem ir além do acúmulo de troféus em festivais: querem encontrar maneiras de levar o filme ao público e gerar renda com ele. A Casa de Cinema de Porto Alegre, que acumula mais de 20 anos de produção de curtasmetragens, criou há três anos uma loja virtual (www.casacinepoa.com. br/loja), que foi reformulada no começo de 2009 e traz o lema: “Encha seu carrinho de cultura!”. Lá, a produtora disponibiliza a produção de longas, curtas e documentários de diretores da casa e também de outros profissionais, contanto que o material tenha identificação com os filmes produzidos na Casa de Cinema de Porto Alegre, de natureza mais autoral. Os filmes têm legendas em inglês, francês e espanhol e há um sistema para pagamento no exterior. O comprador recebe o filme em DVD. Segundo Luciana Tomasi, diretora da Casa de Cinema de Porto Alegre e responsável pela loja, o curta-metragem, com preço médio entre R$ 10 e R$ 15, é o produto que mais vende na loja. “Há procura principalmente de estudantes e cinéfilos. Não se deve deixar esta produção na gaveta, tem que botar para girar, para o público conhecer”, conta a produtora, destacando

tendência de saída para as plataformas móveis”, afirma. Alô Uma das produtoras que está com curtas-metragens no portfólio da Blopix, a Ioiô Filmes Etc., de São Paulo, também trabalha para prolongar a vida de seus filmes. Além de ter um funcionário dedicado à inscrição destas produções em festivais, envio das cópias e acompanhamento de todo o processo, a produtora leva os curtas para a distribuição via Internet em sites como o Blopix e o Blikx, da parceira de distribuição Elo Audiovisual, e, recentemente, incluiu um pacote de curtas-metragens no Minha TV, serviço de conteúdo audiovisual da Claro, em parceria com a integradora Compera nTime. “A renda que geramos com este tipo de iniciativa não é alta, mas é uma maneira de aproveitar um material que temos e que geralmente tem vida restrita a festivais”, conta Daniela Conde, coordenadora de projetos da produtora. Ronaldo Sugii, analista de produto da Compera nTime, conta que os parceiros provedores de conteúdo são remunerados de acordo com a audiência que geram na operadora. “O sucesso do curta-metragem está relacionado à mídia feita pelos provedores. Ele não se destaca por si só, precisa estar acompanhado de divulgação”, observa Sugii. Ele destaca

“Há procura principalmente de estudantes e cinéfilos. Não se deve deixar esta produção (curtas-metragens) na gaveta, tem que botar para girar, para o público conhecer” Luciana Tomasi, da Casa de Cinema de Porto Alegre

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Televisão Inês Aisengart Menezes, gerente de conteúdo nacional da SynapseBrazil, distribuidora que, entre outras atividades gerencia o portal PortaCurtas da Petrobras, observa que o curta-metragem tem sido mais valorizado no mercado interno, encontrando espaço também na TV. “No final de 2007 e durante 2008, conseguimos criar uma faixa para exibição de curtas-metragens no Multishow”, diz Inês, observando que canais que não tinham tradição na exibição deste tipo de conteúdo estão abrindo espaço, como acontece com a TV Aparecida, de São Paulo. Mesmo quem já tem tradição na exibição de curtas-metragens, como o Canal Brasil, continua investindo neste tipo de conteúdo. Segundo Paulo Mendonça, diretor do canal, ao longo de 11 anos mais de 1,3 mil curtas foram exibidos e, atualmente, há 500 produções deste formato com licença em vigência. Além do prêmioaquisição de curtas-metragens que o canal promove nos principais

FOTOs: divulgação

que o consumo de conteúdo para celular ainda é muito caro e que é melhor para o produtor aproveitar o material já elaborado para outras plataformas do que desenvolver conteúdo específico para mídia. “Não acreditamos ainda em produção satisfatória para conteúdo feito especificamente para o celular, tanto pelo preço como pela cultura, mas é uma coisa que está acontecendo e cada um pega o seu espaço”, analisa. De acordo com Daniela, além da Minha TV, da Claro, a Ioiô ainda faz algumas experiências não-comerciais com transmissão de curtas por bluetooth. Além disso, por esforços da própria produtora e dos parceiros de distribuição, as produções já viajaram para países como a Rússia, abrindo sessões de longasmetragens. Em mídias tradicionais, a produtora também vendeu um pacote de curtas-metragens para a programadora Turner, para exibição em canais pagos.

“De Volta ao Quarto 666”, curta sobre cineasta Wim Wenders da V2 Cinema: uma aposta em nichos.

Inês, da Synapse-Brazil, tem sido a área de educação. “O curtametragem em sala de aula é um sucesso. O tamanho é ideal e as instituições também valorizam o conteúdo nacional”, diz. A distribuidora já fez coletâneas de curtas-metragens para a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Inês destaca também o projeto Curta na Escola (www.curtanaescola.org.br), braço educativo do Porta Curtas. No site, estão 292 filmes com orientação pedagógica e há ainda uma coletânea com 16 curtas em DVDs que foi distribuída a 1530 escolas também com o patrocínio da Petrobras. O projeto começou em 2007 e, de acordo com Inês, a distribuidora planeja nova tiragem para a distribuição em escola. O escritório de gestão de projetos audiovisuais, V2 Cinema, de Porto Alegre, também apostou no mercado de nicho e lançou a série “Ensaios Visuais 2008”, com cinco curtasmetragens que misturam ficção e documentário, dentro do projeto “Fronteiras do Pensamento”, sobre personalidades intelectuais como os cineastas Wim Wenders, José Padilha e Beto Brant e o compositor Philip Glass. Segundo Letícia de Cássia, diretora do escritório, os filmes cumprem hoje o circuito de festival, e já estiveram hospedados no site do projeto e chamaram a atenção de universidades do exterior. “O lançamento foi de nicho. Queríamos atingir também um público lá fora”, explica Letícia, contando que ainda batalha para levá-los à televisão. A opção por produções que misturem documentário e ficção já tinha em vista esta janela de exibição. Apostando no segmento, a V2 Cinema planeja o lançamento de uma nova série dentro desta linha com artistas plásticos e curadores.

festivais de cinema, o Canal Brasil trabalha também com licenciamento de conteúdo por um período de três anos. “Não importa o ano de realização do filme, precisa ter conteúdo relevante e adequado à grade do canal”, diz Mendonça. Os curtas preenchem a grade do canal diariamente na faixa “Curta na Tela”. Esse ano, a grade ganhou mais um programa dedicado ao formato: “Curta São Paulo”. Com curadoria, direção e apresentação da atriz Bárbara Paz, a série reúne em 13 episódios curtas-metragens que usam a capital paulista como pano de fundo. Há também o “Cine MixBrasil”, que apresenta curtas nacionais, entre documentários e ficções, que abordam temas relacionados à homossexualidade. “Para o canal, esta segmentação é extremamente adequada. Eles complementam a janela do cinema brasileiro que a gente pretende ter”, avalia Mendonça. Nichos Além de maior abertura da televisão para o formato, outra boa oportunidade para os curtas-metragens, de acordo com

“Vibra Call” e “Tapa na Pantera” (foto) estão no pacote de curtas-metragens da Ioiô Filmes Etc. no Minha TV, da Claro.

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Ana Carolina Barbosa

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( artigo)

Valdecir Becker e Marcelo Zuffo* c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Medição de audiência na TV digital Plataforma permite uma aferição mais precisa do consumo de mídia, inclusive da interatividade. FOTO: divulgação

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digitalização da TV aberta traz problemas para a medição de audiência, mas também abre possibilidades para melhorar esta medição. Por um lado, novas técnicas precisam ser desenvolvidas para contemplar a transmissão digital em multiprogramação e em sistemas móveis e portáteis. Por outro, componentes computacionais permitem novas técnicas de medição, tornando-a mais eficiente. A medição de audiência na televisão é baseada na frequência sintonizada pelo aparelho da TV. No Brasil é acoplado à televisão um audímetro, conhecido como People Meter, que identifica a frequência sintonizada e envia as informações para uma central do Ibope. Ao ligar a TV, cada morador se identifica e o aparelho mapeia informações sobre canal assistido e tempo em que ficou sintonizado. Na cidade de São Paulo as informações são enviadas em tempo real. Nas demais praças com medição eletrônica, os dados são armazenados pelo People Meter e enviados no final do dia. Para exemplificar, se o telespectador sintonizar o canal 2 na TV analógica, que corresponde à TV Cultura na cidade de São Paulo, o audímetro identifica a frequência desse canal (54 MHz a 60 MHz) e envia a informação para o Ibope. Na TV digital, cada emissora recebeu uma concessão adicional para transmitir simultaneamente o sinal digital e o analógico. A sintonia continua sendo feita pelos mesmos números, ou seja, a TV Cultura é sintonizada pelo canal 2 também na TV digital, apesar de transmitir na frequência 530 MHz a 536 MHz, que corresponde ao canal 24 UHF. Essa característica facilita a sintonia na TV digital,

Valdecir Becker

* Valdecir Becker é doutorando na Poli/USP e diretor da ITV Produções Interativas. Marcelo Zuffo é professor titular da USP.

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pois não é necessário memorizar novamente os números dos canais. A grande diferença reside no fato da TV digital permitir mais canais na mesma frequência, comparado à TV analógica, que permite apenas um. Esse recurso é conhecido como multiprogramação. Os canais adicionais são conhecidos como canais lógicos ou subcanais. A TV Cultura, por exemplo, está transmitindo quatro canais na frequência digital dela: TV Cultura (mesma programação da TV analógica), TV Univesp, MultiCultura e One-Seg, voltado para receptores portáteis, mas possível de ser sintonizado por aparelhos fixos. Do ponto de vista técnico, é possível transmitir até oito subcanais na frequência de 6 MHz, além do One-Seg. Aplicando as técnicas tradicionais de medição à TV digital, seria possível identificar apenas que o telespectador sintonizou a frequência do canal 24, ou seja, um dos canais oferecidos pela TV Cultura. Não há a possibilidade de detalhamento quanto ao subcanal: Cultura, Univesp, Multicultura ou One-Seg. Para resolver esse problema, está em desenvolvimento no Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP um sistema de medição de audiência baseado em software que identifica os canais visualizados a partir de informações transmitidas pelas emissoras de TV. Esse software é executado no próprio receptor digital, sem qualquer interferência na audiência ou necessidade de equipamentos/controles


remotos adicionais, como acontece hoje com os audímetros analógicos. O software pode tanto já vir instalado nos receptores como ser transmitido pelo ar, junto com a programação da TV. O receptor digital, também conhecido como set-top box, é um computador do ponto de vista do funcionamento, pois tem processador, memória, capacidade de armazenamento e acesso à Internet. Assim, as informações colhidas pelo software medidor podem ser armazenadas ou enviadas em tempo real para um banco de dados da própria emissora ou do instituto medidor. O envio dos dados coletados pode ser feito por qualquer rede, como ADSL, 3G, telefone fixo ou celular. Enumeramos alguns benefícios deste sistema: Facilidade - A medição feita por software possibilita uma identificação mais rápida e tranquila para o telespectador. Permite também identificar perfis de audiência e contextos em que a TV está ligada. A identificação das pessoas diante da TV pode ser feita pelo mesmo controle remoto do receptor, através de um menu na tela da TV. Redução de custos da medição – Por ser um sistema baseado em software, o acréscimo no custo do receptor é pequeno. Flexibilidade – O software pode ser atualizado remotamente para incluir novas ferramentas, como medição em gravadores digitais. Além de armazenar informações sobre o momento da gravação, a identificação do programa assistido em outro horário é automática. Pode-se analisar em que momento cada programa foi assistido ou apagado do gravador. Além disso, é facilmente expansível para contemplar medições em aparelhos de DVD, Blu-ray ou arquivos baixados na Internet e visualizados na TV. Basta que esses dispositivos sejam ligados ao set-top box. Detalhamento dos dados – Como tem capacidade de armazenamento, o set-top box pode guardar informações detalhadas sobre o perfil da audiência,

Medição da interatividade – A medição de audiência baseada em software pode incluir o uso da interatividade, armazenando informações sobre o uso das aplicações, tempo que as mesmas permaneceram na tela, os passos que o telespectador fez e o tempo que levou para completar as tarefas. Isso permite uma avaliação objetiva do interesse despertado pela interatividade, algo essencial em um momento em que as emissoras ainda buscam modelos de conteúdo e de negócio para esse recurso. Engajamento – Trata-se de um termo relativamente novo no mundo da televisão, que busca direcionar os anúncios conforme o interesse despertado pela programação. Quanto maior for a atenção e o interesse do telespectador no programa, menor será a possibilidade de zapping durante o

incluindo localidade do receptor, idade, sexo, interesses, tipo de TV e programas assistidos. Essas informações são úteis para compreender o interesse da audiência por determinados temas, o que permite analisar melhor o impacto do conteúdo. Pode-se relacionar facilmente programas de diferentes canais e tempo em que cada um ficou sintonizado. Segmentação – Pode-se usar o sistema para fazer outras pesquisas, apenas respondendo perguntas usando o controle remoto. O perfil da audiência ajuda a determinar tipos de amostragem e garante as métricas estatísticas. As pesquisas podem ser enviadas pelo canal de comunicação com o banco de dados. Aumento da amostragem – Atualmente são 700 pontos de medição de audiência em tempo real na cidade de São Paulo. Esses equipamentos geram os índices que compõem o cerne das análises de audiência, uma vez que toda a estrutura das emissoras

o set-top box pode guardar informações detalhadas sobre o perfil da audiência está baseada nas informações vindas de São Paulo. No Brasil inteiro são aproximadamente 3,5 mil residências medidas, cujos dados são totalizados com pelo menos um dia de atraso. Esse número é pequeno comparado com amostras de outros países, que não raramente ultrapassam três mil residências por cidade. Medição individual – Cada emissora pode auferir a própria audiência, pois a única despesa é o software e o envio dos dados. Esse recurso pode ser muito mais útil para os departamentos artísticos do que para os comerciais. É possível identificar claramente e em tempo real se o comportamento da audiência está de acordo com o público alvo do programa. A emissora pode enviar pelo ar um aplicativo desenvolvido para o middleware Ginga solicitando a autorização para a coleta das informações (para estimular a participação pode-se sortear prêmios entre os participantes). A partir desse momento, toda vez que a emissora for sintonizada, o software é executado e envia as informações para um banco de dados. Nesse caso, a única restrição é possuir um canal de retorno conectado ao receptor.

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intervalo comercial. O software permite identificar facilmente se houve zapping e o tempo de sintonia de cada canal. Ou seja, o que despertou o interesse no telespectador em outros canais. A identificação do engajamento pode ser feita com mais facilidade em programas interativos. Ao saber se o telespectador interagiu em determinada programação, é possível inferir a atenção e o interesse que ele está dispensando ao programa. Essa informação é essencial para o anunciante avaliar o impacto e o consumo da marca. Concluindo, não é preciso ressaltar que essa nova forma de medição traz problemas éticos e morais sobre a privacidade da audiência. Na Internet esse tema é bastante polêmico. Na Europa vários sistemas de medição digital da audiência foram descartados devido à invasão de privacidade. No Brasil será necessário desenvolver modelos para que o telespectador possa escolher enviar ou não as informações.

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( making of )

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ois carros em uma concessionária tomam vida durante a noite e transformam-se em robôs que se movem e conversam. A ideia é complexa para um comercial de varejo, mas foi nela que a Euro RSCG Brasil apostou para promover ofertas da Citroën. O filme, que mostra o momento em que dois carros Citroën - o C3 e o C4 - tomam vida em uma concessionária, foi realizado pela Pix Post e levou dois meses para ser concluído. O comercial foi inspirado no filme “Transformers”, por sua vez baseado em uma linha de brinquedos, que mostra uma guerra entre robôs gigantes. Para dar vida aos carros, a equipe da Pix Post filmou primeiro os carros reais, em uma concessionária modelo da Citroen, durante a noite, buscando um tom tecnológico. O que realmente consumiu tempo da equipe, porém, foi o desenho dos robôs. “Fizemos o conceito de cada parte do robô separada”, diz Fernando Rocha, da Pix Post, um dos diretores do filme. Depois de aprovado o desenho, partiuse para a modelagem de cada peça separadamente. “O robô passa a ter ‘cara’ própria quando adquire textura e iluminação”, diz o diretor. Algumas partes do robô são realistas, como a região do tórax, feita a partir do capô dos carros. “Esse 3D realista tem duas etapas. A primeira é na própria filmagem, na qual uma bola reflexiva capta os reflexos do ambiente e os aplica no material. Depois, vem a etapa da escolha das texturas que vão estar no material modelado”, explica o diretor, que contou com a Vagalume na produção do 3D. Depois da modelagem, a equipe parte a animação. O processo de construção do robô durou um mês, e o de animação outro mês. A iluminação também contou com um toque especial. Os faróis dos carros estão acesos e essa luz foi aproveitada no filme.

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fotos: divulgação

Robotizados

O conceito e a modelagem de cada parte do robô foram feitos separadamente.

Apesar do tempo tomado para a criação do robô por computação gráfica, um dos principais desafios do comercial foi captar o perfil psicológico de cada um dos carros. Para o C3, carro voltado para público mais jovem, os animadores tentaram dar um ar mais agitado, rápido e falante. O C4, por sua vez, é um carro mais caro, para um público um pouco mais velho. “Gravamos algumas pessoas falando, e para nossa surpresa, encontramos uma pessoa meio descolada, que ficou legal para o C3. Fizemos testes de VT para achar o movimento dos robôs”, conta Rocha. O diretor conta ainda que não foi necessário fazer o processo de motion capture, uma vez que os carros transformam-se em robôs, e não em seres humanos. “Apesar de terem sido influenciados pelo ‘Transformers’, os robôs têm uma energia bem brasileira”, opina o diretor. Embora seja um filme de varejo, e estes costumam ser feitos com prazos

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mais curtos, o filme feito pela Pix Post para a Citroën poderá ser utilizado para outras ofertas, a partir da base já construída, apenas com uma nova dublagem. O primeiro foi para promover o C3 da série especial. Ainda que haja uma mudança nos carros a serem transformados em robôs, para outros comerciais, o processo é mais simples. “Já temos a estrutura do robô. Só precisamos trocar o capô por outro, do carro em questão, e animar”, diz o diretor. Daniele Frederico

ficha técnica Título Robôs Anunciante Citroën Agência Euro RSCG Brasil Dir. de criação Paulo Henrique Gomes Criação Paulo Henrique Gomes, Tiago Valadão, Marcelo Felício, Marcelo Henriques Produtora Pix Post Direção Fernando Rocha, Heber Conde e Marcos Tornovsky Dir. de fotografia Aldo Imperatrice Pós-produção Pix Post Produção/3D Vagalume Estúdios Prod. de som Timbre


Castelo assombrado

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Castelo de Lária”, um projeto autoral do diretor André Ferezini, da Maria Bonita Filmes, virou vinheta na MTV Brasil. “Eu tinha um interesse inicial que era fazer uma vinheta diferente para a emissora, que fugisse do que geralmente é veiculado. Minha ideia era fazer um filme com uma linguagem narrativa mais clássica, que fosse bem cinematográfico, sem aquela edição acelerada ou outros recursos de videoclipe”, explica o diretor. O projeto foi todo elaborado para ser uma vinheta da MTV, embora o contato com a emissora só tenha sido feito no processo final de produção, quando o filme já estava praticamente pronto. As inspirações de Ferezine foram as obras de Lewis Carroll (autor de “Alice no País das Maravilhas”) e Tim Burton e o filme “O Labirinto do Fauno”, de Guillermo del Toro. O diretor planejou um filme de um minuto e meio que contrapõe a fragilidade de uma garotinha (a atriz mirim Mariana de Mello Kock) com um ambiente assustador de um casarão escuro e uma planta misteriosa. A produção foi toda feita em duas semanas. A filmagem aconteceu em maio de 2008 em um casarão abandonado na Moóca, em São Paulo. Como teria apenas uma diária, Ferezine fotografou todos os ângulos nos quais pretendia filmar no casarão e a Vagalume Studios, empresa parceira que fez todo o trabalho 3D do projeto, preparou um storyboard virtual em animação, o animatic. “Esse tipo de planejamento cuidadoso é essencial para esse tipo de trabalho, que integra elementos filmados com

Para filmar a vinheta em um dia, diretor se apoiou em animatic desenvolvido a partir de fotos da locação.

outros que são adicionados depois em 3D”, observa. A captação das imagens foi toda feita em 16 mm com uma câmera Arriflex 16SRIII. “Me interessava o grão do 16 mm no filme mesmo nas baixas condições de luz. O filme é escuro e o grão salta mesmo”, destaca o diretor. Durante as filmagens, a equipe recorreu à técnica HDRI (high dynamic range imaging), em que com o auxílio de uma bola cromada é registrada a informação de luz do set para que ela seja reproduzida com precisão no 3D. O filme tem na pós-produção a integração de imagens 3D com tratamento foto-realista. Há também muita composição de planos, como na cena inicial, em que a câmera se aproxima da janela do casarão. Segundo Ferezine, a produtora fez o filme no risco. “Acreditava muito na qualidade do filme, e sabia que mesmo que se a MTV Brasil resolvesse não veicular, conseguiria levar ao ar em

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outros países”, afirma. “Acabamos tendo uma receptividade muito bacana aqui no Brasil, e agora o filme está sendo disponibilizado para veiculação em outros países”. A ideia do diretor é a partir deste primeiro filme fazer projetos semelhantes para outras emissoras e clientes, sejam identidades visuais ou filmes que funcionem dentro de uma campanha, levando o conceito de conteúdo a serviço da marca. ana carolina barbosa

ficha técnica Direção André Ferezini Produtora Maria Bonita Filmes Direção de produção Simone Drehmer Direção de arte Lilian Coelho 3D Vagalume Studios Trilha instrumental Trilha Original Mixagem Input

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( case)

“Eu e Meu Guarda-Chuva” Com um mix de recursos que inclui editais de Paulínia, BNDES, Artigo 3º, Artigo 1º, Fundo Setorial do Audiovisual e mecenato, Conspiração coproduz longa-metragem infantojuvenil com a Fox Film do Brasil. FOTO: davi de almeida

Esta matéria faz parte de uma série que Tela Viva publica mensalmente, explicando o desenvolvimento de projetos audiovisuais bem sucedidos, sob o ponto de vista do modelo de negócios e do financiamento.

Sem orçamento, produtoras e profissionais envolvidos na produção do longa terão cotas de participação nos resultados do filme.

E

stá previsto para abril do próximo ano o lançamento do primeiro longametragem infantojuvenil coproduzido pela Conspiração Filmes e pela Fox Films do Brasil: “Eu e Meu Guarda-Chuva”, que marca a estreia de Tony Vanzolini na direção de cinema. “A proposta estava tão redondinha que ganhamos todos os editais em que nos inscrevemos”, conta Eliana Soárez, produtora executiva do filme. Inspirado no livro homônimo de Branco Mello (do grupo Titãs) e Hugo Possolo (dos Parlapatões), obra que já ganhou também adaptações para o teatro, o filme narra a história de Eugênio, um menino de 11 anos, e seu melhor amigo, Cebola. A dupla se envolve em diversas confusões para salvar Frida, primeiro amor e colega de escola de Eugênio, que foi sequestrada pelo fantasma do Barão Von Staffen. Nas aventuras, o jovem conta com a ajuda de um guardachuva herdado de seu avô. Adriana Falcão, Marcelo Gonçalves e Bernardo Guilherme desenvolveram o roteiro para o audiovisual, que recebeu análise e comentários do americano Michael Goldenberg, roteirista de “Harry Potter e a Ordem da Fênix” e “Peter Pan”, quando o projeto participou do Segundo Laboratório Sesc Rio de Roteiro de Cinema Infantil em 2007. Em 2008, pelo edital de apoio

Roteiro do longa contou com análise e comentários do roteirista de “Harry Poter e a Ordem da Fênix”.

cultural de Paulínia, o filme recebeu R$ 700 mil. O mesmo valor a produtora recebeu de aporte do BNDES no mesmo ano. Em 2009, “Eu e Meu Guarda-Chuva” foi contemplado na linha A do Fundo Setorial do Audiovisual, recebendo R$ 1 milhão para complemento de produção. Ainda completam o orçamento, cujo valor total não é revelado por termos de confidencialidade, recursos das empresas Banif e Icatu Hartford, via Artigo 1º da Lei do Audiovisual, e Estre Ambiental, com mecenato subsidiário. Ainda na fase de roteirização, a Conspiração apresentou o projeto à Fox Film do Brasil, que entrou no longametragem como coprodutora com recursos do Artigo 3º. É o primeiro projeto que a Conspiração desenvolve com a Fox. Praga De acordo com Eliana, uma das principais dificuldades do longa-metragem foi a escolha dos protagonistas. Após um processo de seleção que envolveu mais de 500 candidatos, a produtora escolheu os

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atores mirins Lucas Cotrim, Rafaela Victor e Victor Froiman, para os papéis dos personagens Eugênio, Frida e Cebola, respectivamente. Ainda fazem parte do elenco Daniel Dantas, no papel do vilão, Paola Oliveira e o músico Arnaldo Antunes. A maior parte do longa foi filmada em São Paulo. Há externas na cidade e cenas no colégio Sion, na capital paulista, feitas em gravações entre novembro e dezembro do ano passado. Praga, na República Tcheca, também é cenário do longametragem. No início de 2009, a equipe viajou até o país para gravar cenas externas da aventura do garoto Eugênio. Lá, a Conspiração contou com o apoio da produtora local Barrandov, a mesma de filmes como “007 - Cassino Royale”, “As Crônicas de Nárnia” e “Hellboy”, que deu suporte na seleção de locações, locação de equipamentos, contratação de profissionais para a produção em Praga e casting de apoio.


Finalização O filme está na fase de finalização. Ano passado, “Eu e Meu Guarda-Chuva” venceu o pitching promovido pela organização da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis e ganhou acesso ao fórum de financiamento que acontece durante o Buff Festival, festival de cinema infantojuvenil que acontece em Malmö, na Suécia.

FOTOs: ale ermel

Paulínia, no interior de São Paulo, também entrou no roteiro de gravação. Projetos que recebem recursos do edital da cidade precisam ter no mínimo 25% das filmagens feitas lá. Assim, como um pedaço da aventura de Eugênio se passa em Praga, na República Tcheca, toda a parte da história que se desenvolve no país, com exceção das externas, foram filmadas na cidade. “Todas as sequências internas que se passariam em Praga foram feitas em Paulínia. Desde o momento em que os protagonistas saem de uma estação do metrô e entram no banheiro de um avião até o momento em que chegam no aeroporto de Praga e enfrentam problemas com a imigração. Recebemos auxílio da film commission local na cessão de mão-de-obra, estagiários, locações, equipamentos e figuração”, explica Eliana.

Sinopse: Em sua última noite de férias, Eugênio, um menino de 11 anos, e seu melhor amigo, Cebola, se metem em aventuras inimagináveis para resgatar Frida, sua paixão e colega de escola, que foi sequestrada pelo fantasma do temível Barão Von Staffen. Nesta odisséia, Eugênio contará com a ajuda de um guarda-chuva herdado de seu saudoso avô, que lhe dará a coragem necessária para seguir em frente. O duelo final entre o Barão e Eugênio decidirá o destino de Frida. E de todos eles!

Eu e Meu Guarda-Chuva Formato

77 minutos

nfantojuvenil, família Público-alvo I Tony Vanzolini Direção liana Soarez Produção executiva E Produtora

“Estamos negociando com alguns produtores suecos a pós-produção de som e mixagem”, conta Eliana, lembrando que Branco Mello também assina a trilha sonora. Agora, produtora e distribuidora trabalham nas estratégias de lançamento “A ideia é aproveitar o fluxo nas salas de cinema para filmes infantis de dezembro e janeiro para divulgar o trailer e o cartaz

p r o m o ç ã o

a converge leva você para los angeles

Conspiração

de ‘Eu e Meu Guarda-Chuva’ para lançá-lo em março ou abril”, diz a produtora executiva. No portfólio da Conspiração ainda constam mais dois filmes destinados ao público infanto-juvenil: “Xuxa em Sonho de Menina”, de 2007, e “Xuxa em O Mistério de Feiurinha”, a ser lançado em dezembro deste ano. Ana Carolina Barbosa

Durante a ABTA 2009, você participou da promoção “A CONVERGE LEVA VOCÊ para los angeles”. Temos a satisfação de comunicar que sua resposta, 3663, foi a que mais se aproximou do número total de bolinhas (3677) colocadas dentro do cilindro no estande da CONVERGE.

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( upgrade )

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

FOTOS: divulgação

Placa Quadro 5800 pode ser usada na solução NVidia Quadro Digital Vídeo Pipeline

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Solução broadcast

Absolut Technologies está distribuindo no Brasil a solução integrada para broadcasters NVidia Quadro Digital Vídeo Pipeline (DVP). Voltada para a produção de radiodifusão, o sistema atua de forma unificada na captura, processamento e produção de vídeos em alta resolução, permitindo a aplicação de efeitos virtuais em tempo real e com redução de delays. O processo consiste em captura da imagem (SD, HD ou 3G-SDI) pela placa de captura SDI; armazenamento em paralelo; transmissão para o usuário final ou fonte de armazenamento, com utilização da solução Quadro SDI Output. A placa Quadro SDI Capture permite o envio direto para a memória da unidade de processamento gráfico (GPU) de vídeos não compactados e multi-stream. A placa é compatível com formatos padrão SMPTE (3G, 2K, HD e SD), captura de até 4 fontes de link simples HD-SDI. Já a placa Quadro SDI Output permite a composição em tempo real de efeitos em 3D e 2D com vídeos SD, HD e 2K. A solução Quadro SDI SDK facilita a programação e controle da plataforma para aquisição, processamento e entrega. É possível escolher entre as placas de efeito da família Quadro FX, ideais para softwares 3D. A linha de placas disponível é da arquitetura de vídeo GPU CUDA, tem até 4 GB de memória gráfica, soluções de slot único e duplo. A família conta as placas Quadro FX 5800, Quadro CX, Quadro FX 4800 e Quadro FX 3800.

Estações nacionais

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Cadritech lançou no final de setembro as estações 3D Unlimited para computação gráfica e efeitos visuais. As duas linhas derivadas da marca são a WS (workstation) e RF (render farm). A estação 3DU WS i7, modelo de entrada, foi projetada para atender às ferramentas de computação gráfica, 3D e efeitos visuais, mas com baixo custo. O equipamento usa processador Intel i7, placa Intel com suporte para até 16 GB de RAM DDR3 e duas placas de vídeo e até 6 HDs SATA com suporte a RAID. Já o modelo WS 3DU Dual X5520 é formado por dois processadores por máquina, sendo voltado para quem quer executar múltiplas tarefas sem perder desempenho, mesmo durante o processo de renderização. A linha 3DU RF tem apenas uma unidade de rack de altura, com capacidade para 4 processadores.

Em foco

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Fujinon aproveitou a HD World Conference and Exposition, em Nova York, para apresentar em outubro novas lentes HD: a lente compacta para estúdio XA22x7BES, a tele HA42x9.7BERD, e a série ZA de lentes HD para câmeras de 2/3”. A XA22x7BES foi desenhada mirando o uso de câmeras de produção em unidades externas, mas usadas em aplicações em estúdio, bem como em unidades externas de pequeno porte. Trata-se de um conjunto de lentes em caixa, de baixo peso e com qualidade de imagem melhor que a das lentes para ENG, já que conta com performance de zoom e foco das grandes lentes de estúdio. Já a HA42x9.7BERD conta com zoom de 42 vezes, com um extensor de duas vezes para eventos esportivos. Com estabilização interna, a lente pode trabalhar com controle remoto digi power, tornando-a ideal para uso em sistemas robóticos. A série ZA tem em destaque a ZA12x4.5BERM (foto), uma grande angular para uso em produção de jornalismo, conta com zoom de 12 vezes, também com extensor de 2

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vezes. Também fazem parte da série a ZA22x7.6BERM, uma tele para ENG com zoom de 22 vezes, e a ZA17x7.6BERM, com zoom de 17 vezes.

ZA12x4.5BERM, da Fujinon, conta com zoom de 12 vezes

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REALIZAÇÃO

ORGANIZAÇÃO

DE 10 A 12 DE AGOSTO DE 2010 TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO, SP www.convergecom.com.br

PUBLICAÇÕES OFICIAIS


( agenda ) OUTUBRO

19 a 29 22º International Documentary Film Festival Amsterdam, Amsterdã, Holanda.

23 a 5/11 33º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, São Paulo, SP. Tel: (11) 3141-0413.

Tel.: (31 20) 6273-329. E-mail: info@idfa.nl. Web: www.idfa.nl

E-mail: info@mostra.org. Web: www.mostra.org

29 a 8/11 Curta Cinema 2009 Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Tel: (21) 2553-8918. E-mail: contato@curtacinema.com.br

NOVEMBRO 5 a 15 24º Festival Internacional de Cine de Mar del Plata, Mar del Plata, Argentina. Tel.: (54 11) 4385-5115. E-mail: info@mardelplatafilmfest.com. Web: www.mardelplatafilmfest.com

6 a 15 4º Festival Curta Fantástico, São Paulo, SP. E-mail: contato@curtafantastico.com.br. Web: www.curtafantastico.com.br

4 de fevereiro 9º Seminário Políticas de (Tele)comunicações, Brasília, DF. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br Importante encontro brasileiro sobre tendências políticas e regulatórias do setor de telecomunicações e mídia.

12 a 27 17º Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, São Paulo, SP. E-mail: mixfest@gmail.com. Web: www.mixbrasil.org.br

17 a 24 Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Brasília, DF. Tel.: (61) 33257777. E-mail: festbrasilia@sc.df.gov.br

23 a 3/12 40º International Film Festival of India, Goa, Índia. Tel.: (91 11) 2649-9371. E-mail: dir.dff@nic.in. Web: www.iffi.gov.in

DEZEMBRO 1 a 6 Atlantidoc - Festival Internacional de Cine Documental de Uruguay, Atlântida, Uruguai. E-mail: ricardocasasb@gmail.com. Web: www.atlantidoc.com.

3 a 13 Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de la Habana, Havana, Cuba. E-mail: festival@festival.icaic.cu. Web: www.habanafilmfestival.com.


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MAILING DAS OPERADORAS

. Informações consolidadas - dados de identificação e endereçamento da operadora e seus principais executivos. . Periodicidade - semestral (junho a dezembro) . Formato - eletrônico (planilha com filtro)

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CONTEÚDO DE PAY-TV NO CELULAR .Informações consolidadas - programadora, conteúdo oferecido, título, formato, duração, relevância do conteúdo, meio de acesso ao conteúdo, valor do conteúdo pago. Sumário comparativo indicando as principais mudanças entre o último e o atual relatório. . Peridiocidade - mensal . Formato - planilha eletrônica

RADIOGRAFIA DE CANAIS

. Informações consolidadas - especificação do gênero dos programas exibidos pelo canal, tempo dedicado ao gênero, número de programas por gênero, número de estréias no gênero. . Periodicidade - mensal . Formato - eletrônico (planilhas para cada canal com a consolidação dos resultados – gráficos e tabelas).

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. Informações consolidadas - total de minutos mensais dedicados à exibição de conteúdo nacional, percentual de programação nacional exibida. . Periodicidade - mensal . Formato - eletrônico (planilhas para cada programadora contendo as grades e consolidado dos canais).

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