Revista Tela Viva 188 - Novembro 2008

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Mudança O Canal Brasil começou exibindo apenas filmes, tanto do acervo de seus sócios quanto outros, adquiridos no mercado. Mas com o tempo o canal foi se transformando e ganhou programas de música, entrevistas e variedades. “O canal tem tido um desenvolvimento. O Wilson Cunha teve um papel muito importante no começo, quando fazia mais sentido assumir essa posição de canal do cinema brasileiro. Quando ganhou força, o Paulo Mendonça (atual diretor do canal) começou a alargar a programação”, lembra Pecegueiro. “Continuo achando que é um canal de cinema”, diz Mendonça. “Setenta por cento do conteúdo ainda são filmes, e continuará assim. Mesmo quando fazemos entrevistas, ainda é um canal de cinema, porque a visão é mais documental, não persegue aquela perfeição da TV”, conclui. Além dos filmes, o canal exibe programas de entrevistas como o

Canal Brasil cresceu 48%. Seria o “efeito pornochanchada”? “O gênero ainda faz muito sucesso. Mas no começo estava espalhado pela grade, e era visto como uma coisa envelhecida. Agora, com a segmentação, a criação de uma faixa específica, ganhou uma oxigenação, virou uma coisa ‘cult’”, diz.

“Mesmo quando fazemos entrevistas, ainda é um canal de cinema.”

FOTOS: divulgação

separados”, diz o diretor da Globosat. O Canal Brasil custa em torno de R$ 1 por assinante (o valor varia de acordo com o porte e o empacotamento da operadora). No horizonte do Canal Brasil há ainda uma potencial ameaça, segundo a Globosat: o PL 29, que cria a nova regulamentação da TV por assinatura. Embora não critique o projeto como um todo, Alberto Pecegueiro vê no texto, pelo menos em suas últimas versões, elementos que prejudicariam o canal. O problema é que o conceito de programadora independente faz com que o Canal Brasil, por ser vinculado à Globosat, não poderia ser considerado para cumprir as cotas propostas no Projeto de Lei.

Paulo Mendonça, do Canal Brasil

“Sem Frescura”, com Paulo Cesar Pereio, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, com José Mojica Marins, musicais como o “Zoombido”, com Moska, “O Som do Vinil”, com Charles Gavin e outros. A maioria dos programas são produções independentes, com exceção dos noticiários, como o “Cinejornal”, e o “Retalhão”, programa de variedades. Pecegueiro explica que com a mudança de foco que houve nos últimos anos, outros canais da casa como GNT e Multishow saíram de alguns nichos como documentários e filmes, o que deu margem para a complementaridade do Canal Brasil dentro da oferta de canais da Globosat. As mudanças na programação surtiram efeito, e a audiência do canal vem subindo, embora ainda fique bem atrás de boa parte dos demais canais de

Independentes Uma queixa comum entre produtores e distribuidores independentes é que o canal pagaria pouco pelas produções nacionais. “Não é verdade”, rebate Mendonça”. “Praticamos preços de mercado, até maior que o resto dos canais. Claro que quando é um ‘blockbuster’ o preço aumenta, tem disputa com os outros canais”, conta. Além das aquisições, o Canal Brasil vem fazendo produções próprias e participando de co-produções. Fez internamente o filme “Loki”, sobre o ex-mutante Arnaldo Batista, que foi bem no

Além das aquisições, o Canal Brasil vem fazendo produções próprias e participando de co-produções. filmes, até por ter uma base menor de assinantes. “Quando abrimos o sinal (para assinantes de pacotes básicos) o canal fica entre os dez primeiros”, comemora Pecegueiro. Segundo Paulo Mendonça, as mudanças na programação alteraram também o perfil do público. “Até 2004, era um canal mais ‘velho’, com target na faixa dos 50+ (acima de 50 anos). Hoje é predominante 35+, com bastante presença até de 20+, e forte no público AB”, conta. Segundo ele, a audiência do canal vem subindo, na contramão do que acontece com a audiência dos canais pagos como um todo. “Na média, a audiência do setor caiu no último ano 8%, e o Canal Brasil cresceu 41%”, diz. Onde o canal vai melhor é na madrugada, quando segundo, Mendonça, a TV paga caiu 12% e o

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circuito de festivais e será atração do canal. O filme não irá aos cinemas. O canal entra como co-produtor em uma série de documentários, principalmente na linha de biografias de artistas nacionais, como Martinho da Vila (co-produção com a gravadora MZA), Waldick Soriano, Joaquim Pedro de Andrade (co-produção com o Canal+ da França), Hermeto Paschoal, com Maurice Capovilla, entre outros. O canal também está co-produzindo ficção, com os longas “Baal”, de Helena Inês, e “Bodas de Seda”, de Fábio Barreto. O Canal Brasil entra com recursos e, principalmente, com finalização, já que tem uma parceria permanente com as principais finalizadoras do país.

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