Revista Teletime - 155 - Junho 2012

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Resultado esperado

A

s faixas nacionais de 4G foram arrematadas, sem grandes surpresas, por Vivo, Claro, TIM e Oi, sendo que as duas primeiras arremataram os blocos de 20 MHz + 20 MHz. A Vivo desembolsou R$ 1,05 bilhão pela faixa X no maior ágio do leilão, de 66,6%. A Claro, por sua vez, parece ter sido a companhia que fez o melhor negócio. A operadora do grupo América Móvil conseguiu a licença nacional de 20 MHz + 20 MHz do bloco W pagando R$ 844,519 milhões (ágio de 34,01%) e de quebra ainda arrematou outros 19 lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz dos blocos P por R$ 144,285 milhões. Ou seja, a Claro pagou R$ 21,1 milhões por MHz adquirido na faixa W e R$ 7,2 milhões por MHz na faixa P, que é regional. E mesmo somando os dois valores, o montante ainda é menor que o total gasto pela Vivo apenas para a licença nacional de 20 MHz + 20 MHz no bloco X. Na comparação entre Oi e TIM, que levaram as licenças nacionais de 10 MHz + 10 MHz, a subsidiária italiana parece ter se saído melhor. Apesar de ter pago um ágio um pouco maior do que a Oi pela licença nacional (7,9% contra 5%) e ter adquirido menos lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz da banda P, a TIM conseguiu ficar com 20 MHz em mais mercados-chave do que a Oi, e gastando menos. A TIM pagou R$ 340 milhões pela licença nacional de 10 + 10 MHz (R$ 17 milhões por MHz), e gastou outros R$ 42,238 milhões em apenas seis blocos adicionais de 10 MHz + 10 MHz (R$ 2,1 milhões por MHz), mas conseguiu esses blocos P em áreas estratégicas como as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. O total gasto pela TIM somou R$ 382,238 milhões. A Oi acabou forçando a subida dos preços das faixas nacionais de suas concorrentes e foi a que menos ágio pagou (5%) arrematando sua frequência nacional de 10 MHz + 10 MHz por R$ 330,851 milhões (R$ 16,5 milhões por MHz) e pagando outros R$ 68,93 milhões por mais

“O nome do jogo agora é retorno sobre o capital.” Francisco Valim, da Oi 11 lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz do bloco P (R$ 3,4 milhões por MHz). O destaque da Oi ficou pela aquisição do bloco P da região metropolitana de São Paulo, além de ter conseguido ainda as áreas de Salvador, Recife e Porto Alegre. O montante a ser desembolsado pela Oi no leilão é de pouco mais de R$ 399,78 milhões. Satisfação geral Tanto Carlos Zenteno, presidente da Claro, quanto Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica/Vivo, disseram-se extremamente satisfeitos com as faixas adquiridas. “O êxito do leilão em um momento particularmente difícil da economia mostra a importância do mercado brasileiro para as operadoras internacionais”, afirmou Valente. Segundo o executivo, era o objetivo da operadora conseguir a banda que tinha como compromissos de cobertura rural em 450 MHz para as áreas do interior de Minas, São Paulo e no Nordeste. “São áreas complementares à nossa cobertura e o Nordeste é um dos mercados que mais crescem no País”, explica Valente. “Sabemos que há uma grande diferença entre ter 10 MHz e 20 MHz. Para uma empresa com um mercado de dados tão importante como temos, era importante ter a largura de espectro de 20 MHz como meio necessário para manter a liderança no mercado”, acrescentou Valente. Já Carlos Zenteno, da Claro, explicou que a ideia inicial da operadora era não apenas conseguir uma faixa de 20 MHz +

20 MHz, capaz de ofertar velocidades teóricas de 4G de até 100 Mbps, mas também de conseguir o bloco W, que prevê compromissos de cobertura de banda larga rural em 450 MHz na região Norte. “Fomos a única companhia a apoiar o processo de licitação do 4G desde o ano passado e nos esforçamos desde o primeiro lance para garantir o resultado com um bloco de 20 MHz + 20 MHz para oferecer maior velocidade para o usuário”, afirma Zenteno. Em resposta à provocação dos presidentes da Claro e da Vivo, que arremataram as faixa de 20 MHz + 20 MHz, o presidente da Oi, Francisco Valim, foi categórico: “O nome do jogo agora é retorno sobre o capital e a Oi acha que conseguiu o melhor possível”, disse ele em clara referência ao preço elevado pago pelos concorrentes. Frustração no 450 MHz Se houve alguma surpresa no leilão, foi a ausência de interessados pela faixa de 450 MHz. A sueca Net1, que inicialmente demonstrou interesse pela faixa, na hora “h” não apresentou proposta. Tudo indica que a garantia de execução dos compromissos de R$ 1,8 bilhão tenha sido decisiva para que a empresa ficasse fora da disputa - esse foi o motivo de um pedido de impugnação do edital apresentado pela companhia. Outra que cogitava participar da disputa era a Oi, que até realizou testes de cobertura em 450 MHz em áreas de diferentes perfis geográficos. Para o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a faixa de 450 MHz não foi vendida isoladamente à de 2,5 GHz por dois motivos. Primeiro, por insatisfação em relação às garantias. Já as teles nacionais não entraram porque, na sua visão, prefeririam fatiar as obrigações da área rural entre elas. 

“O êxito do leilão em um momento particularmente difícil da economia mostra a importância do mercado brasileiro para as operadoras internacionais.” Antônio Carlos Valente, da Telefônica/Vivo jun_2012 Teletime 27


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