Resultado esperado
A
s faixas nacionais de 4G foram arrematadas, sem grandes surpresas, por Vivo, Claro, TIM e Oi, sendo que as duas primeiras arremataram os blocos de 20 MHz + 20 MHz. A Vivo desembolsou R$ 1,05 bilhão pela faixa X no maior ágio do leilão, de 66,6%. A Claro, por sua vez, parece ter sido a companhia que fez o melhor negócio. A operadora do grupo América Móvil conseguiu a licença nacional de 20 MHz + 20 MHz do bloco W pagando R$ 844,519 milhões (ágio de 34,01%) e de quebra ainda arrematou outros 19 lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz dos blocos P por R$ 144,285 milhões. Ou seja, a Claro pagou R$ 21,1 milhões por MHz adquirido na faixa W e R$ 7,2 milhões por MHz na faixa P, que é regional. E mesmo somando os dois valores, o montante ainda é menor que o total gasto pela Vivo apenas para a licença nacional de 20 MHz + 20 MHz no bloco X. Na comparação entre Oi e TIM, que levaram as licenças nacionais de 10 MHz + 10 MHz, a subsidiária italiana parece ter se saído melhor. Apesar de ter pago um ágio um pouco maior do que a Oi pela licença nacional (7,9% contra 5%) e ter adquirido menos lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz da banda P, a TIM conseguiu ficar com 20 MHz em mais mercados-chave do que a Oi, e gastando menos. A TIM pagou R$ 340 milhões pela licença nacional de 10 + 10 MHz (R$ 17 milhões por MHz), e gastou outros R$ 42,238 milhões em apenas seis blocos adicionais de 10 MHz + 10 MHz (R$ 2,1 milhões por MHz), mas conseguiu esses blocos P em áreas estratégicas como as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. O total gasto pela TIM somou R$ 382,238 milhões. A Oi acabou forçando a subida dos preços das faixas nacionais de suas concorrentes e foi a que menos ágio pagou (5%) arrematando sua frequência nacional de 10 MHz + 10 MHz por R$ 330,851 milhões (R$ 16,5 milhões por MHz) e pagando outros R$ 68,93 milhões por mais
“O nome do jogo agora é retorno sobre o capital.” Francisco Valim, da Oi 11 lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz do bloco P (R$ 3,4 milhões por MHz). O destaque da Oi ficou pela aquisição do bloco P da região metropolitana de São Paulo, além de ter conseguido ainda as áreas de Salvador, Recife e Porto Alegre. O montante a ser desembolsado pela Oi no leilão é de pouco mais de R$ 399,78 milhões. Satisfação geral Tanto Carlos Zenteno, presidente da Claro, quanto Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica/Vivo, disseram-se extremamente satisfeitos com as faixas adquiridas. “O êxito do leilão em um momento particularmente difícil da economia mostra a importância do mercado brasileiro para as operadoras internacionais”, afirmou Valente. Segundo o executivo, era o objetivo da operadora conseguir a banda que tinha como compromissos de cobertura rural em 450 MHz para as áreas do interior de Minas, São Paulo e no Nordeste. “São áreas complementares à nossa cobertura e o Nordeste é um dos mercados que mais crescem no País”, explica Valente. “Sabemos que há uma grande diferença entre ter 10 MHz e 20 MHz. Para uma empresa com um mercado de dados tão importante como temos, era importante ter a largura de espectro de 20 MHz como meio necessário para manter a liderança no mercado”, acrescentou Valente. Já Carlos Zenteno, da Claro, explicou que a ideia inicial da operadora era não apenas conseguir uma faixa de 20 MHz +
20 MHz, capaz de ofertar velocidades teóricas de 4G de até 100 Mbps, mas também de conseguir o bloco W, que prevê compromissos de cobertura de banda larga rural em 450 MHz na região Norte. “Fomos a única companhia a apoiar o processo de licitação do 4G desde o ano passado e nos esforçamos desde o primeiro lance para garantir o resultado com um bloco de 20 MHz + 20 MHz para oferecer maior velocidade para o usuário”, afirma Zenteno. Em resposta à provocação dos presidentes da Claro e da Vivo, que arremataram as faixa de 20 MHz + 20 MHz, o presidente da Oi, Francisco Valim, foi categórico: “O nome do jogo agora é retorno sobre o capital e a Oi acha que conseguiu o melhor possível”, disse ele em clara referência ao preço elevado pago pelos concorrentes. Frustração no 450 MHz Se houve alguma surpresa no leilão, foi a ausência de interessados pela faixa de 450 MHz. A sueca Net1, que inicialmente demonstrou interesse pela faixa, na hora “h” não apresentou proposta. Tudo indica que a garantia de execução dos compromissos de R$ 1,8 bilhão tenha sido decisiva para que a empresa ficasse fora da disputa - esse foi o motivo de um pedido de impugnação do edital apresentado pela companhia. Outra que cogitava participar da disputa era a Oi, que até realizou testes de cobertura em 450 MHz em áreas de diferentes perfis geográficos. Para o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a faixa de 450 MHz não foi vendida isoladamente à de 2,5 GHz por dois motivos. Primeiro, por insatisfação em relação às garantias. Já as teles nacionais não entraram porque, na sua visão, prefeririam fatiar as obrigações da área rural entre elas.
“O êxito do leilão em um momento particularmente difícil da economia mostra a importância do mercado brasileiro para as operadoras internacionais.” Antônio Carlos Valente, da Telefônica/Vivo jun_2012 Teletime 27