Revista Teletime - 153 - Abril 2012

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Ano 15

153

abr2012

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wifi salvador

Tecnologia é a alternativa mais barata para desafogar as redes e é aposta das teles para dar maior velocidade aos usuários e baratear a transmissão ENTREVISTA Alessandro Molon (PT/RJ), relator do Marco Civil da Internet, defende a neutralidade de rede

estratégia Oi prevê investimento de R$ 24 bilhões até 2015. Foco é oferta combinada de serviços


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Editor Samuel Possebon Editora Adjunta e Editora de Projetos Especiais Letícia Cordeiro Editor de Mobilidade Fernando Paiva Redação Daniel Machado, Wilian Miron, Helton Posseti (Brasília) Consultor Especial Cláudio Dascal Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora) Departamento Comercial Bruna Zuolo (Ger. de Negócios) Ivaneti Longo (Assistente) Inscrições e Assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente) Circulação Patricia Brandão (Gerente) Marketing Harumi Ishihara (Diretora) Gisella Gimenez (Gerente) Administração Vilma Pereira (Gerente) TELETIME é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603 CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 - São Paulo, SP. Sucursal SCN Quadra 02 Bloco D, sala 424 – Torre B - Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/ Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

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Samuel Possebon

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.:Editorial

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Um olhar convergente

N

este mês de abril, a Revista TELA VIVA, também edita­ da pela Converge Comunica­ ções e, portanto, irmã desta TELETIME, trouxe uma importante entrevista com o diretor geral de engenharia da TV Globo, Fernando Bittencourt. Sem meias palavras e sem rodeios, Bittencourt foi categórico ao afir­ mar que a transição da TV analógica para a TV digital no Brasil (o chamado processo de switch off) não estará concluída em 2016. E mais, diz que o modelo de broad­ cast no Brasil (um dos mais vitoriosos do mundo, diga-se de passagem) passa pela necessidade de “mais canais”, de “colocar geradoras em cidades onde não há”. Essas declarações, reproduzidas pelo noticiário online TELETIME News, são um pequeno exemplo de quão complexa é a análise da informação setorial nos dias de hoje. Para quem faz o acompa­ nhamento diário sobre as discussões em torno da necessidade de mais espectro para a banda larga móvel, sobre o plane­ jamento de investimentos das empresas de telecomunicações e sobre a ação de relacionamento governamental, é impor­ tante conhecer o outro lado. Mas não é sempre isso o que acontece. O setor de telecomunicações ocupa papel de desta­ que na vida das pessoas, mas nem por isso deixará de dividir território com outros setores também relevantes. Sobretudo no Brasil. Há mais de duas décadas a Converge cobre os setores de comunicação, incluin­ do mídia, radiodifusão, produção audiovi­ sual e TV por assinatura. O nosso esforço para entender a dinâmica do setor de telecom em um contexto maior, em que esses outros setores também estão inseri­ dos, é parte do nosso dia-a-dia. Nosso esforço em todas as nossas revistas e noti­ ciários é olhar para as comunicações como um todo, e não apenas com os olhos do setor de radiodifusão ou telecomunica­ ções. E o que percebemos é que os dois lados não se falam ou, quando se falam,

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têm uma desconfiança mútua permanen­ te, ou um desconhecimento profundo. E há outros exemplos para além da questão do espectro de frequências. Por exemplo, o setor de produção audiovisual independente sempre apostou que a tão propagada “entrada das teles” no setor de TV por assinatura seria a salvação da lavou­ ra, com novas alternativas de distribuição de conteúdos e uma pulverização do mercado. E a recíproca também acontecia, com execu­ tivos de algumas teles apostando que os produtores seriam a alternativa às grandes estruturas de produção de conteúdo nacio­ nal hoje montadas (leia-se Globosat). A ver­ dade é que a entrada das teles no setor de TV paga (que, vale ressaltar, já vem aconte­ cendo desde 2004, quando a Embratel entrou no controle da Net e depois, com as operações de DTH da Telefônica, Oi, Embratel, CTBC etc.) não mudou em nada o cenário que já se tinha na TV por assinatura. E pelo que se viu da estratégia anunciada pela Oi este mês, pouco deve mudar, já que a estratégia central segue baseada no DTH para a oferta de massa e no IPTV para o usuário de alto poder aquisitivo. Nesse cenário já bastante complexo, entram ainda os provedores de conteúdos e serviços over-the-top, oriundos de empre­ sas de Internet, que também trazem uma outra lógica de negócios, uma outra reali­ dade regulatória e uma estratégia muito mais ágil e agressiva. É um fenômeno que acompanhamos há algum tempo e que agora começa a ser motivo de preocupação real por parte de empresas de telecomuni­ cações e dos grupos de mídia. Tudo isso para dizer que o ambiente das comunicações atual e futuro tende a ser cada vez mais intrincado. Da nossa parte, o esforço para tentar relatar o que acontece em cada um dos setores e anali­ sar as relações e conflitos entre eles é diá­ rio. Mais do que uma revista de telecomu­ nicações, a TELETIME é parte de um esforço de cobertura convergente que exis­ te desde a sua criação e que, a cada dia, se mostra mais necessária.


153 Número

w w w . t e l e t i m e . c o m . b r

Ano 15 | Abr12

6 Capa

6 Desafogando o tráfego

Redes WiFi surgem como alternativa mais barata para melhorar experiência do usuário e liberar as redes 3G e 4G

Tecnologia

12 Desafios convergentes

ConvergeTec debate a relação entre tráfego, receita e custos das operadoras em uma realidade convergente. Backhaul, redes 4G e fibras óticas são os principais desafios

Entrevista

16 Os limites da Internet

Deputado Alessandro Molon (PT/RJ), relator do Marco Civl da Internet no Brasil, fala sobre os principais e mais polêmicos pontos do projeto que vai definir os princípios, garantias e direitos dos internautas

Serviços móveis

22 É agora ou nunca

Mercado brasileiro começa a ingressar para valer no mundo do mobile payment. Operadoras investem no mercado de cartões de débito, crédito e desenvolvimento de NFC e aplicativos para celular

16

22

Estratégia

26 A nova Oi

Grupo anuncia estratégia operacional dos próximos quatro anos e investimentos de R$ 24 bilhões para o período. Oferta combinada de serviços, IPTV e VOD estão no radar

TV por assinatura

28 A hora e a vez dos ISPs

Provedores regionais se organizam para pegar carona na nova regulamentação da TV por assinatura e assim democratizar o serviço ao interior do País

28

32

Infraestrutura

30 Em busca de um Norte

Teles apresentam números e resultados e alegam estar investindo para melhorar a qualidade e disponibilidade dos serviços de telecomunicações da região Norte. Deputado chama reação de “acanhada”

Espectro

32 Na frequência da demanda

Começa a ser discutida a identificação de novas frequências para a banda larga móvel. Faixas tidas como mais apropriadas para o serviço ficam no espectro de até 5 GHz

Editorial 3 | Ponto de vista 34 | Ponto & Contraponto 38 ilustração de Capa: carlos Fernandes

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Letícia Cordeiro

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WiFi salvador

O

peradoras móveis de todo o mundo têm um grande pro­ blema nas mãos: rentabili­ zar os investimentos que precisam fazer em espectro e em suas redes para atender a explosão do tráfego de dados e consumidores ávi­ dos por velocidades cada vez maiores, num cenário em que os preços ao usuá­ rio final se mantêm os mesmos, com tendência de redução. A questão ganhou importância apenas mais recentemente no Brasil, com o início da massificação dos terminais 3G. E de uma hora para outra, a solução mais viá­ vel para a equação de tráfego versus capacidade das redes 3G apareceu em uma tecnologia madura, amplamente dis­ seminada em ambientes domésticos, mas por anos ignorada pelas operadoras: as redes WiFi. É crescente, em mercados desenvolvi­ dos, o uso por grandes operadoras do WiFi em hotspots instalados em locais de grande concentração de usuários para desafogar suas redes de dados móveis, escoando esse tráfego para redes fixas de fibra, HFC ou par metálico. É o conceito de off-load WiFi. Para se ter uma ideia, de acordo com dados da Cisco, as teles respondem atual­ mente por 10% a 20% da demanda mun­ dial por equipamentos WiFi, um mercado que movimenta US$ 3 bilhões ao ano. Apenas há três anos, essa participação era de menos de 5%. O engenheiro de redes da Pro­mon­Lo­ gicalis, Fabio Jardim, explica que a ma­ neira tradicional de fazer o atendi­ mento utilizando macrocélulas 3G não é economicamente viável para atender à explosão de dados móveis iniciada em 2010. “A tendência é isso piorar. Entre 2009 e 2014 o consumo de dados deve aumentar 39 vezes e vídeo será 66% disso”, estima. A Cisco prevê que o tráfe­ go global de dados nas redes móveis aumente 18 vezes até 2016. “E nessa projeção estamos considerando as estra­ tégias de off-load WiFi das operadoras. Se

ilustração: carlos fernandes

Com as redes móveis cada vez mais pressionadas pelo tráfego de dados, as redes WiFi surgem como uma alternativa mais barata para melhorar a experiência do usuário e escoar o tráfego das redes 3G e 4G. Mas será suficiente?

não houvesse o off-load, o crescimento seria de 22 vezes até 2016”, calcula o diretor de relações governamentais da Cisco, Giuseppe Marrara. Na América Latina, em 2011, apenas em 2% do trá­ fego móvel foi feito o off-load WiFi. Para 2016, a expectativa da Cisco é de que o volume chegue a 13%. Assim, seria preciso colocar muitas radiobases 3G, diminuindo o tamanho das células para atender menos usuários com mais velocidade em locais de grande demanda. Além disso, pelos cálculos das operadoras brasileiras, para se construir uma rede 3G com a mesma capacidade de uma WiFi, os custos seriam cinco vezes maiores. “A maior parte dos aces­ sos é feita em ambientes indoor e a pene­ tração da macrocélula 3G nesses ambien­ tes é pior ainda”, complementa Jardim. O diretor de operadoras da Cisco, Rodrigo Diestmann, concorda: “70% do tráfego de dispositivos móveis já são gerados em WiFi, quando o usuário está parado em 6 Teletime abr_2012

algum ambiente, em casa, no trabalho, num shopping center etc. É um tráfego nomádico, não móvel. Então, para opera­ doras que precisam baixar o Capex, o WiFi é uma resposta extremamente eco­ nômica, seis vezes mais barata que o 3G e com percepção de qualidade superior”. Na opinião do engenheiro da PromonLogicallis, empresa que está envolvida nos projetos de integração des­ sas redes das teles brasileiras, o WiFi não substituirá o 3G ou o LTE, mas permitirá que as operadoras implementem o aces­ so de forma mais eficiente e com menor custo. “Exatamente por ser uma tecnolo­ gia madura, presente em diversos dispo­ sitivos e utilizar faixas de espectro não­ -licenciadas de 2,4 GHz e 5,8 GHz, o WiFi acaba sendo uma solução mais barata para melhorar a experiência dos usuários móveis, oferecendo velocidade e desem­ penho maiores do que nas redes 3G”, avalia o vice-presidente e Head of Innovation, Partnership and Alliances da Ericsson América Latina, Jesper Rhode. Um estudo realizado pela Analysys Mason, por exemplo, indica que as redes WiFi podem reduzir em até 50% os cus­ tos de transporte de rede e ajudar as operadoras a enfrentar o aumento de até oito vezes nos custos de acesso 3G. “Um hotspot com WiFi na versão 802.11n pode oferecer taxas de download de até 450 Mbps, e a implantação dessa rede em áreas urbanas de alta densidade pode sair até 13 vezes mais barata do que uma rede 3G”, calcula Jardim. Brasil No Brasil, para operadoras como Algar, Oi e Vivo, a instalação de hotspots WiFi teve início há alguns anos, mas ape­ nas como forma de dar uma certa mobi­ lidade para assinantes da banda larga fixa. Agora, todas as teles já começaram a traçar suas estratégias de off-load WiFi para desafogar as redes 3G. A capilaridade e velocidade de implan­ tação dessas redes seguirão as redes fixas ligadas às operações móveis. O link fixo


banda larga fixa da Oi de pelo menos 5 Mbps nos bairros do Leblon e Ipanema, no Rio de Janeiro. “Estamos em teste­ -piloto com usuários residenciais no Rio. Precisamos fazer alguns ajustes, mas em breve também terão a opção de compar­ tilhar suas conexões”, garante. No caso das redes metropolitanas, a Oi montou uma primeira rede na orla das praias de Ipanema e Leblon, no Rio de Janeiro, e agora começa a implatação também em locais populares de Salvador, como o Farol da Barra e o Pelourinho. “E sempre que a gente cobre uma área externa, começamos a expandir também a capilaridade com a rede Fon nos esta­ belecimentos comerciais”, completa.

Se não houvesse o off-load, o crescimento do tráfego nas redes móveis seria de 22 vezes até 2016. Aliado à estratégia de Internet everywhere, a Oi também tem o objetivo de desaforgar a rede móvel 3G. “No fundo, o WiFi é uma forma de propaga­ ção a partir de uma conexão fixa e é sim um modo de diminuir a necessidade de expansão das redes 3G”, admite o execu­ tivo da Oi. “Com o off-load de tráfego 3G na orla do Rio, por exemplo, posso levar muito mais tempo para ampliar a capa­ cidade da cobertura móvel celular”. Com apenas três meses de operação do Oi WiFi, a tele tem verificado um cres­ cimento exponencial do tráfego nas três redes combinadas. “São 32 terabytes (TB) de dados de tráfego se somarmos os hotspots das três redes e 960 mil sessões nesse período e ainda nem começamos o roll-out no Brasil todo”. A Oi totaliza até o momento cerca de 2,1 mil hotspots no País e o objetivo é chegar às principais capitais brasileiras até dezembro com as redes metropolitanas e Fon. Os clientes da Oi de banda larga fixa a partir de 5 Mbps e banda larga móvel com franquia de 2 GB têm acesso gratui­ to à Oi WiFi e a autenticação é feita com login e senha no portal do serviço. “Estamos

“No fundo, o WiFi é sim um modo de diminuir a necessidade de expansão das redes 3G. Com o off-load de tráfego 3G na orla do Rio, por exemplo, posso levar muito mais tempo para ampliar a capacidade da cobertura móvel celular.” Abel Camargo, da Oi abr_2012 Teletime 7

implantando também outros tipos de autenticação para automatizar o processo com segurança a partir do SIMcard, mas para funcionar o smartphone precisa ter a tecnologia EAP-SIM embarcada”, reve­ la. Ele explica que smartphones com sis­ temas operacionais iOS, da Apple, e BlackBerry (RIM) já têm a funcionalidade, bem como os mais recentes lançamentos nas plataformas Android e Windows Phone. “Estamos nos testes finais do nosso aplicativo para esses sistemas ope­ racionais, que além de fazer a autentica­ ção automática do usuário, ainda trará serviços agregados, como a distância até o hotspot mais próximo”, conta. A TIM também decidiu investir em uma rede própria com tecnologia WiFi para desafogar suas antenas 3G. A operadora instalará 10 mil pontos de acesso em áreas públicas com grande concentração de pessoas, como pra­ ças, estádios e aeroportos nas princi­ pais cidades do Brasil, tarefa que deve estar concluída até o fim de 2012. A RFP para consulta de preços está em anda­ mento e a expectativa é de que até o final de abril sejam anunciados o fornecedor ou fornecedores dos hotspots. Alguns pontos, como em aeroportos, já foram instalados para testes. “A TIM vem em uma batida forte de crescimento de mercado desde que lança­ mos em 2010 os novos modelos de tarifa­ ção de voz e dados ilimitados, e com o expressivo crescimento da base de usuá­ rios, aumentou também o uso médio da rede de dados”, conta o diretor de marke­ ting da TIM/Intelig, Rafael Marquez. A tele vem observando de perto a movimentação das operadoras interna­ cionais para off-load WiFi há dois anos. “Queríamos uma solução para não ter que ‘tirar o pé’ quando a rede ficasse sobrecarregada, e é mais inteligente em termos de custo utilizar WiFi para expan­ dir capacidade do que o 3G”. A estratégia WiFi da TIM só começou a ser posta em marcha despois das aqui­ sições da Intelig, em 2009, e da AES Atimus, em 2010, que deram origem no ano passado à divisão TIM Fiber. “Para con­ tinuar agressivos no mercado precisávamos não depender tanto de redes fixas dos con­ correntes. Hoje temos mais de 20 mil km de fibra no Brasil”, diz Marquez. A TIM conseguiu grande capilaridade nas regiões FOTO: divulgação

dos hotspots WiFi poderá ser feito nas redes de cabo (HFC) e xDSL em pontos de acesso de demanda moderada, como bares e restaurantes. Já para escoamento de tráfego em grandes centros, a tendên­ cia é de que sejam atendidos com fibra. O primeiro movimento nesse sentido aconteceu em meados de 2011 com a disputa entre Telefônica, TIM e Oi pela Vex. A Oi ganhou a disputa e levou em agosto os 1,6 mil hotspots da empresa por R$ 27 milhões. “O WiFi é uma tecno­ logia de acesso complementar e a aquisi­ ção da Vex foi uma consequência da nossa estratégia de oferecer Internet everywhere e com experiência muito melhor aos nossos clientes”, conta o dire­ tor de desenvolvimento e gestão de novos negócios da Oi, Abel Camargo. A Oi juntou três redes WiFi distintas em uma única, batizada de “Oi WiFi”. Assim, a tele une os 1,6 mil hotspots da Vex no Brasil e mais de 40 mil ao redor do mundo através de acordos de roa­ ming às redes metropolitanas WiFi cons­ truídas pela Oi em espaços abertos e ainda à Fon, rede WiFi compartilhada pelos próprios usuários. O objetivo é alcançar um milhão de hotspots no País até o final de 2013. Pode parecer ambicioso, num primeiro momento, ainda mais se considerarmos que o Brasil tem menos de 5 mil hotspots instalados, mas ela é factível, segundo Camargo, por conta da parceria com a Fon, “que nos dará capilaridade muito rápida em vários pontos de interesse”. A Fon atua em 11 países e com mais de 4 milhões de hotspots WiFi e sua rede é composta por roteadores em pequenos estabelecimentos comerciais que cedem 1 Mbps de sua conexão fixa para o acesso público WiFi. Quem cede sua rede tem direito a acessar de graça os 4 milhões de hotspots da Fon no mundo. Na Fon, mesmo usuários residenciais podem se juntar à rede, compartilhando sua banda larga para terem o benefício recíproco proporcionado por outros usuários. No caso do Brasil, a rede da Fon está funcionando em restaurantes e outros estabelecimentos comerciais que usam


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metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo com as redes da Atimus e prevê agora a expansão da rede herdada da Intelig, tanto para atendimento do mercado corporativo quanto para a interligação das ERBs em todo o País. “Vamos usar a fibra para transporte entre as antenas, mas também aprovei­ tando para WiFi, seguindo o caminho das maiores concen­ trações de usuários da TIM, como em Santa Catarina e no Nordeste”, detalha. A operadora estuda também acordos de roaming WiFi. “Abriremos nossa rede para receber roamers de outros países e oferecer essa funcionalidade para os nos­ sos assinantes que vão para o exterior”. WiFi popular Um ponto interessante da estratégia da TIM é que ela se propõe também a “popularizar” o WiFi. “A capilaridade do WiFi hoje é premium, em aeroportos, bares e restaurentes onde circulam pes­ soas de maior poder aquisitivo. Nossa estratégia é também colocar hotspots em áreas mais populares, como fizemos na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro”, pontua. O teste-piloto da Rocinha foi lançado no final de dezembro e, após os ajustes necessários na rede, entrou em operação comercial dia 1º de fevereiro. A fibra da Atimus já chegava na borda da comuni­ dade e a TIM usou uma arquitetura Mesh (em que um hotspot serve de conexão a outro hotspot) para espalhar a cobertura. O Complexo do Alemão, também no Rio, receberá o TIM WiFi em breve. Para o executivo da TIM, o “pulo do gato” é a simplicidade. “O TIM WiFi é uma continuação do 3G sem complicar a vida do usuário: está embutido no custo de dados e usa um modelo de autentica­ ção automática através do SIMcard”. A tele também terá autenticação via portal com uso de login e senha, mas a autenti­ cação primária será com a tecnologia EAP-SIM. “Para garantir que a autenticação automática seja massificada, estamos desenvolvendo um aplicativo em Android e em Java para atender à base lega­ da de smartphones sem EAPSIM”, revela Marquez. A operadora regional Algar Telecom, por sua vez, passou a oferecer acesso gratuito WiFi

“Temos o Projeto Minas, de ampliação da rede móvel para cidades das áreas que conquistamos com o leilão da banda H e usaremos WiFi para expandir essa cobertura e fazer off-load de tráfego.” Luis Lima, da Algar Telecom em 130 hotspots em pontos estratégicos de Uberlândia (MG) e se prepara para esten­ der o serviço para Uberaba (MG) e Franca (SP). “A intenção é garantir uma experiência diferenciada para o usuário e promover uma mobilidade parcial de clientes de banda larga fixo”, diz o dire­ tor de operações e tecnologiada Algar, Luis Lima. A meta é chegar a 500 pontos de acesso ainda em 2012 e a 2,5 mil hotspots em dois anos. “Temos também o Projeto Minas, de ampliação da rede móvel para cidades das áreas que conquistamos com o leilão da banda H e usaremos WiFi para expandir essa cobertura e fazer off-load de tráfego”, conta Lima. O analista de telecom da Algar e engenheiro responsá­ vel pelo projeto de WiFi da operadora, Nelson Orozimbo, ressalta, contudo, que a estratégia de off-load ainda está em estudo. “Há questões de interferências, cobertura e locais de instalação que ainda precisamos avaliar”. Uma vez posto em prática o uso do WiFi para off­ -load, Lima estima que o total de hots­ pots possa chegar a 10 mil, em vez dos 2,5 mil previstos em dois anos. Hoje a autenticação nos hotspots da Algar é feita pelo portal da CTBC, mas a tele estuda também fazer a autenticação automática pelo SIMcard e o roaming entre hotspots da própria operadora e de outras, por meio de acordos comerciais. Estratégia conjunta Na Claro, a estratégia de WiFi está sendo tocada em conjunto com a opera­ dora de TV a cabo Net Serviço, uma vez que ambas são controladas pela América Móvil. Os usuários da operadora móvel já podem usar a infraes­

trutura de WiFi que está sendo instalada pela Net Serviços nas principais regiões metropolitanas do País. “Utilizaremos a grande capilaridade das redes HFC da Net e a rede IPRAN da Claro para trazer o tráfego dos acess points até o core WiFi da Claro”, afirma o diretor de plataformas e rede da tele, Márcio Mendonça Nunes. Dessa forma, todo o tráfego de dados 2G, 3G e WiFi é incluído no mesmo sistema de billing, permitindo que a operadora aplique, por exemplo, políticas de degustação no 3G ou a gratuidade de acesso a redes sociais. A prioridade da Claro, entretanto, não é o offload. Para o gerente de SVA da tele, Rafael Lunes, o papel da operadora celular é também de popularizar o con­ sumo de vídeo. “Os smartphones podem ser set-tops de bolso e, com uma cober­ tura de banda larga móvel de qualidade somada à rede WiFi da Net e uma solu­ ção de distribuição de conteúdos proprie­ tária (em referência a conteúdos da Net Serviços e da Claro TV, ex-Via Embratel), podemos trabalhar com tarifas diferen­ ciadas ou mesmo isenção de tarifas para esse tipo de tráfego”, revela Lunes. A Vivo, por sua vez, líder de mercado em total de usuários móveis no Brasil, ainda não anunciou publicamente sua estratégia para WiFi. O diretor de plane­ jamento técnico da tele, Átila Araújo Branco, reconhece que o WiFi pode garantir melhor experiência do assinante em locais de grande densidade, mas afir­ ma que o modelo de negócios ainda não está definido. “Estamos testando a tecno­ logia há seis meses e posso dizer que funciona. É o caminho e estamos próxi­ mos de lançar o serviço comercialmente, mas ainda não definimos o fornecedor dos equipamentos”, revela Branco.

“Queríamos uma solução para não ter que ‘tirar o pé“ quando a rede ficasse sobrecarregada, e é mais inteligente em termos de custo utilizar WiFi para expandir capacidade do que o 3G.” Rafael Marquez, da TIM/Intelig 8 Teletime abr_2012



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É bom, mas não é perfeito Ao mesmo tempo em que operar em faixas não-licenciadas de espectro torna o WiFi uma solução economicamente atraente, também o torna frequentemente sujeito a interferências.

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faixa mais poluída é a de 2,4 GHz, frequência em que também funcionam, por exemplo, fornos de micro­ -ondas, fones Bluetooth e telefones sem fio, além de operações de banda larga com a tecnologia spread-spectrum e centenas de milhares de redes domés­ ticas. Hoje, a maior parte dos rádios para access points e novos smartpho­ nes tablets e laptops já vêm com a opção de usar também WiFi na faixa de 5,8 GHz. A faixa é mais “limpa”, mas como toda frequência mais alta, tem raio de cobetura menor e demanda um número maior de antenas. “Existem soluções de análise e oti­ mização do uso do espectro que sele­ cionam os canais mais limpos para a transmissão WiFi, ajustes de potência e outras funcionalidades, mas ainda assim há um limite e pode ser que em um lugar de alta demanda em que várias teles insta­ lem seus próprios equipa­ mentos WiFi haja colapso do espectro e interferên­

cias entre os equipamentos de forma que nenhuma consiga prestar o servi­ ço”, alerta Jesper Rhode, da Ericsson, que no início do ano anunciou a aquisi­ ção da fabricante de equipamentos WiFi canadense BelAir. “A interferência nas redes não­ -licenciadas é uma realidade. Verificamos muito problemas hoje mesmo nas redes WiFi domésticas de nossos clientes, o que acaba prejudi­ cando a percepção de qualidade da banda larga fixa”, reconhece o diretor da Algar, Luis Lima. Mas na opinião dele, as interferências podem ser minimizadas. “Está havendo um forte movimento na indústria de protocolos e características dos access points para mitigar essa interferência, usando canais mais limpos em

5,8 GHz, soluções de beam forming e antenas MIMO que direcionam o sinal para os dispositivos que estão utilizan­ do a rede WiFi”. Para Márcio Nunes, da Claro, o uso de access points mais inteligentes que consigam detectar a interferência e trocar a frequência utilizada automati­ camente é importante para garantir a qualidade nas redes WiFi. “É importan­ te também ter um controller que possa fazer a administração centralizada dos access points de forma que qualquer problema seja rapidamente identifica­ do e resolvido”, complementa. Outra solução para eliminar a interferência, segundo Rhode, seria o compartilhamento da infraestrutura sem fio em grandes centros de deman­ da, mantendo as redes WiFi de dife­ rentes operadoras separadas apenas em nível lógico. Isso já acontece nos aeroportos brasileiros, cuja infraestru­ tura wireless é da própria Infraero. “Esse tipo de compartilhamento está sen­­do adotado nos Estados Unidos e na Europa, mas por aqui, tirando o ca­­so dos aeroportos, o compatilhamento ainda não está na pauta imediata das operadoras,” ava­­lia Jardim, da PromonLogicallis. “As empresas estão apenas iniciando suas implantações e ainda bus­ cando estratégias indivi­ duais. Podemos fazer uma analogia às ERBs: tecnolo­ gicamente é possível, mas ainda não vemos um movimento de compartilhamento de infraestrutura por ser tudo ainda embrionário”, reconhece Abel Camargo, da Oi. A diferenciação entre as operadoras em um cenário de com­ partilhamento de acess points, comple­ menta Nunes, se daria pelos serviços oferecidos por cada uma. A única iniciativa que parece estar tomando forma para o compartilha­ mento de infraestrutura WiFi diz respei­ to à cobertura dos estádios que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014. Existe ainda o grande risco de que os equipamentos de hotspot WiFi de uso profissional, instalados pelas operado­ ras em postes e em elementos de rede externa, acabem causando interferên­ cias e inviabilizando o uso doméstico do WiFi. Nesses casos, o melhor é torcer para que o off-load WiFi não aconteça no poste em frente à sua casa. 

“Existem soluções de otimização do espectro, mas ainda assim há um limite, e pode ser que em lugares de alta demanda haja colapso do espectro.” Jesper Rhode, da Ericsson

Tecnologia em evolução

A

o que tudo indica, os benefícios do off-load WiFi não devem ficar restritos ao tráfego de dados. Soluções para o escoamento de voz móvel e SMS para as redes fixas já começam a aparecer no mercado. Um exemplo é a solução da Syniverse WiFi Talk & Text (WiTT). O vice-presidente sênior para Caribe e América Latina da Syniverse, Pablo Mlikota, explica que a WiTT é uma solução baseada em software que permite que, ao entrar em um hotspot WiFi, os smartphones passem a realizar e receber chamadas e enviar mensagens utilizando o protocolo SIP. A migração entre redes é transparente para o usuário, feita automaticamente pelo dispositivo a partir de um aplicativo instalado no smartphone. “No momento, temos o aplicativo desenvolvido apenas para o sistema operacional Android, mas já estamos trabalhando no desenvolvimento para BlackBerry e iOS”, conta Mlikota. O aplicativo não funciona sozinho, contudo. A operadora precisa instalar uma plataforma em sua rede para permitir a conversão da voz e do SMS para o protocolo IP. Outro desafio importante das redes WiFi, sobretudo em ambientes doméstico em que cada vez mais dispositivos estarão conectados, é ampliar a velocidade para algo equivalente à das redes Gigabit Ethernet, hoje já comuns em roteadores residenciais. A evolução do protocolo WiFi para o padrão 802.11ac parece ser o próximo passo. A ponto de empresas como a Qualcomm, tradicional fabricante de chipsets para redes móveis, ter recentemente adquirido a empresa de WiFi Atheros para desenvolver a tecnologia e integrá-la em seus chips.

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Cobertura seminário

.:tecnologia

Daniel Machado

daniel@convergecom.com.br

Múltiplos caminhos

A

cada dia que se analisa o futuro das redes de teleco­ municações em função da demanda por tráfego, mais complexa parece a equação. No último Seminário ConvergeTec, reali­ zado pela revista TELETIME em abril, o problema apareceu em números. Segundo levantamento apresentado pela consultoria internacional A.T. Kearney, o apetite crescente dos internautas, sobre­ tudo por vídeos online, não tem se tradu­ zido necessariamente em aumento da receita média por usuário (ARPU). O levantamento adverte as operado­ ras a reverem urgentemente seus posi­ cionamentos no mercado de valor agre­ gado. “A cadeia de valor da Internet tem muitos players com diferentes tipos de interesses e muitos têm se beneficiado com a evolução de seus modelos de negócios”, disse o diretor de telecom da consultoria, Tiago Monteiro, a uma pla­ teia de representantes das teles. “Já as operadoras têm um retorno de investi­ mento (ROI) 20% a 30% menor que os outros players. Os provedores de servi­ ços online crescem duas vezes mais (rápido) que os provedores de conectivi­ dade”, adverte. Isso acontece, segundo ele, pois há um desbalanceamento entre tráfego, custos e receita. “Os principais ofensores são o modelo comercial atual das teles, que não consegue capturar o valor cor­ respondente ao tráfego gerado, e as apli­ cações de vídeo, que geram um tráfego exponencial, apesar da pequena receita adicional”, diz Monteiro. “Além disso, não há estímulo para que outros players da cadeia de valor otimizem a eficiência de suas redes”. Para ele, as teles precisam adotar um sistema de preços diferenciados para o varejo, a fim de converter receitas adicio­ nais e, consequentemente, aumentar o ARPU. Gestão diferenciada da rede (para além do best effort praticado hoje), acor­ dos bilaterais entre provedores de conte­ údo e teles, além da cobrança de acordo

FOTOS: marcelo kahn

Seminário discute como equilibrar tráfego, custos e receita das operadoras para dar conta das novas demandas da convergência, mantendo a rentabilidade operacional. Investimento no backhaul, redes 4G e em fibras óticas são os principais desafios.

Evento teve a participação do CEO do Broadband Forum.

com o volume de tráfego gerado por provedores de serviços over-the-top (OTT) também foram sugeridos.

diz. “E terão de investir ainda mais do que esperavam para suportar o expo­ nencial aumento do tráfego”.

Backhaul oneroso Monteiro apresentou também análi­ ses específicas do mercado brasileiro. Entre 2012 e 2014, a A.T. Kearney esti­ ma que as operadoras brasileiras terão que gastar de 40% a 65% acima do tren­ dline somente nessas infraestruturas. Ou seja, vão ter que fazer um esforço adicio­ nal para suprir a demanda. O motivo é um só: a explosão da demanda por dados fixos e móveis. No Brasil, de acor­ do com a consultoria, o tráfego de dados nas redes de transmissão cresce quase duas vezes mais (1,8) que na Europa, por exemplo. Entre 2012 e 2015, esse aumento deve ser de 53%, com as redes móveis movimentando mais de 190 peta­ bytes por mês em 2015, enquanto nas fixas serão 1.687 petabytes mensais. “Para se ter uma ideia do nível de inves­ timento das operadoras até aqui, entre 2005 e 2011 foram aproximadamente R$ 115 bilhões nas redes fixas e móveis”,

3G x 4G Mas a complicada equação dos custos de investimento em infraestrutura já está se colocando para as operadoras nesse exato momento, em que algumas deci­ sões críticas sobre a evolução das redes móveis precisam ser tomadas. E o que fica claro é que a evolução para a quarta geração não será trivial. Em painel que debateu as redes móveis no Brasil no cenário 4G, repre­ sentantes da Vivo e da Oi apresentaram visões opostas sobre um mesmo assunto: a primeira operadora não cansa de criti­ car o ‘timing’ e o modelo do edital. “Se estamos tendo dificuldades de fazer com que as redes 3G cresçam no Brasil, como vamos fazer com o 4G?”, questionou o diretor de planejamento de rede da Vivo/ Telefônica, Leonardo Capdeville. Ele defendeu o 4G como tecnologia do futuro, mas destacou o 3G com ainda muito potencial pela frente. “O 3G ainda

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“As operadoras tem um ROI 20% a 30% menor que os outros players. Os provedores de serviços online crescem duas vezes mais rápido que os de conectividade.”

está na sua adolescência e deve se tornar a tecnologia dominante por volta de 2015 a 2016 no Brasil. Além disso, ainda não há aplicações que justifiquem o acesso móvel a 20 Mbps”, criticou, em clara menção Tiago Monteiro, da A.T. Kearney de qual tecnologia merece­ rá a maior parte dos esfor­ ços da Vivo. “Os nossos minadas condições, ser de 4 a clientes ficarão na rede 3G e cada vez 6 vezes mais barato que nas redes 3G”, mais na rede 3G. Ela não está em declí­ compara, alegando que falta de deman­ nio. Muito pelo contrário, está no seu da não serve de pretexto para postergar auge”, acrescentou, apostando que a o time-to-market do 4G. “Quando inven­ sobrevida do 3G no Brasil deve se tamos o SMS, ficamos vários anos sem estender ainda por muito tempo. utilizá-lo. Foi a geração Y que passou a “Estamos falando de uma janela de fazê-lo e estávamos preparados quando sete anos de convivência!” isso foi necessário. Talvez tenha que ser Capdeville citou ainda outras barrei­ assim com o LTE no Brasil também”, ras de entrada para o LTE, como a baixa prevê. disponibilidade de smartphones compa­ O executivo português da Oi, no tíveis com o 4G (segundo ele há apenas entanto, destacou os desafios que devem três modelos plenamente compatíveis ser enfrentados pelas teles em um hoje) e o alto custo desses terminais, e o ambiente multiplataforma. “É a primeira desafio de cobertura na prestação do vez que teremos quatro redes sobrepos­ serviço em frequências altas (2,5 GHz), tas: GSM, 3G, LTE e WiFi. É preciso ter o que exigirá maiores investimentos por cuidado, senão haverá um problema parte das operadoras, inclusive na sério de planejamento de redes, utiliza­ cobertura indoor. “Infelizmente, apren­ ção de metro e micro células, aumento demos na marra, com a experiência do de sinalização nas redes WiFi, handover CDMA, que quem determina o ritmo de dos serviços de voz na rede LTE (VoLTE), adoção das tecnologias e o sucesso dos entre outros desafios”. padrões não são as operadoras, mas os Citando sua experiência internacio­ terminais disponíveis”. nal, sobretudo na Europa, o executivo da Oi acredita que as operadoras locais Otimismo atenderão as exigências da Anatel e o Já a Oi deu pistas de que deve apostar LTE estará tecnicamente disponível na boa parte das suas fichas na quarta gera­ Copa das Confederações do Brasil, em ção da telefonia móvel no País. “Trata-se 2013. “A partir da autorização, é preciso do primeiro standard mundial adotado de 6 a 9 meses para iniciar uma opera­ simultaneamente em todos os países, o ção comercial de LTE”. que não aconteceu no GSM, nem em 2G ou 3G. O LTE está sendo assumido como Redes fixas o verdadeiro padrão transversal a todas Do lado das redes fixas, os caminhos as indústrias mundiais”, disse o diretor se resumem a dois: fibra ou redes de TV de desenvolvimento e engenharia de a cabo. A Telefônica tem, claramente, rede da Oi, Luis Alveirinho. uma estratégia da evolução das redes Para ele, como se trata de uma tecno­ fixas que passa pelo FTTx, logia all IP e de alta capacida­ de de transmissão, o LTE pro­ piciará um ambiente ideal para a convergência das redes e serviços em um sistema único de controle, a platafor­ ma IMS. Alveirinho, por outro lado, preferiu limitar sua apresenta­ ção às vantagens operacionais do LTE. “O custo de transporte Luis Alveirinho, da Oi nas redes LTE pode, em deter­

assim como na Oi, onde a deci­ são é por implementar uma rede de acesso em fibra. No caso da Embratel, a aposta é na evolução da sua rede legada para MetroEthernet, que aten­ derá sobretudo o mercado cor­ porativo; e no acesso residen­ cial a aposta fica sobre as redes híbridas fibra-coaxial (HFC), própria e da Net Serviços. Isso ficou patente na apre­ sentação do português Luiz Fernando Bourdot, gerente de engenharia de redes de acesso corporativo da Embratel, que acredita também na rede HFC como forma de reforçar sua infraestrutura de acesso. “A rede HFC tem um fôlego muito grande ainda, pois sua capacidade é maior do que os produtos demandados pelo mercado. E o custo de implantação, comparado a uma rede FTTx, é muito mais baixo”, diz Bourdot. Ele acredita ainda na complementaridade das duas soluções e que “certos mercados deman­ darão serviços mais avançados, que necessitarão de fibra”. “Mas a rede HFC é uma forma de evoluir, pois é flexível para se tornar uma rede ‘fiber-to-cada vez mais perto do assinante’”, brincou. Além disso, segundo Bourdot, o padrão de transmissão de dados em redes de cabo DOCSIS 3.0, ainda pouco utilizado no Brasil, pode atingir taxas de até 100 Mbps. “Sem investimento significativo, é possível explorar bas­ tante ainda esse mercado”. Luis Alveirinho, da Oi, discorda. Para ele, hoje o custo de construção de uma rede de fibra já é comparável ou até mais barato, desde que se esteja partindo de um cenário green-field, ou seja, sem mexer com redes legadas. A Telefônica, por sua vez, se por um lado aposta na fibra para evoluir sua rede, também mostra cautela na rede de acesso. “O FTTx está no nosso road­ map, mas o FTTH de forma massiva ainda está um pouco distante”, revelou Átila Araújo Branco, diretor de planeja­ mento técnico da Vivo/ Telefônica. A operadora investe bastante em FTTH, tem 1 milhão de homes­ -passed declarados, 50 mil clientes e planeja ter 1 milhão de assinantes desse serviço até 2015. Mas, segundo Branco, com uma estratégia também voltada à demanda. “Nos locais onde

“É a primeira vez que teremos quatro redes sobrepostas: GSM, 3G, LTE e WiFi. É preciso ter cuidado, senão haverá um problema sério de planejamento de redes.”

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não tivermos tanta demanda, o crescimento da fibra será voltado para a construção do backhaul móvel e fixo. Num futuro, tecnologicamente pre­ vemos o ‘splitamento’ para FTTH, mas aí será uma deci­ são de negócios”, explica.

FOTO: marcelo kahn

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Problema padronizado Tanto a Embratel quanto a Telefônica, contudo, apon­ tam como maiores desafios para a evolução das redes óticas a carência de mão-de-obra e a falta de padronização entre as soluções de Gigabit Passive Optical Network (G-PON) existentes hoje, em que cada vendor tem uma solução proprietária. “O problema de padronização é especialmente sério quando precisamos desenvolver uma plataforma de gestão da rede ou plane­ jamento de serviços”, diz Bourdot. O CEO do Broadband Forum, Robin Mersh, esteve pela primeira vez no Brasil para tratar dessa questão junto aos ope­ radores brasileiros. Em palestra durante o ConvergeTec, ele admitiu que a padro­ nização da tecnologia G-PON está atrasa­ da e que, dessa forma, a falta de intero­ perabilidade ainda impede que as redes sejam implementadas de forma mais massiva e de maneira consistente pelas operadoras. “Padrões apenas não são suficientes. É a interoperabilidade que faz a banda larga crescer, porque facilita a competição entre os fornecedores e promove soluções abertas, o que ainda não existe no G-PON. Os vendors dispu­ tam a corrida da inovação, os equipa­ mentos não são interoperáveis com os de outros fabricantes e soluções fim-a-fim tendem a ser mais caras”, disse. O problema, segundo Mersh, é que o processo de padronização só tem início quando as operadoras dão início à implantação dessas novas tecnologias e só então começam a pressionar os forne­ cedores por interoperabilidade. “Essa iniciativa de padronização tinha de ser mais rápida, antes de chegar a esse ponto”, avalia. “Estamos um pouco atra­ sados com o G-PON, pois já há redes implementadas, mas vamos chegar a tempo para sua evolução, o XG-PON1”, aposta Mersh. Ele aproveitou a ocasião para pedir uma participação mais efetiva das ope­ radoras brasileiras na resolução desse problema. “Queremos ouvir as opera­ doras daqui, é um grande mercado,

dizer que não possamos avaliar outras possibili­ dades no futuro”. Já a Vivo/Telefônica garante estar trabalhan­ do a todo o vapor na integração de redes e sis­ temas. “Estamos há um Robin Mersh, do Broadband Forum ano nessa integração, com uma equipe única cuidando das duas redes, com alto índice de cresci­ fazendo a integração de soluções de pró­ mento, mas não recebemos demandas xima geração (NGN) e (plataforma de daqui ou da América do Sul”, diz. controle de serviços) IMS”, revela o dire­ Segundo Mersh, a maior parte da tor tele. “Porém, não deixamos a rede demanda por especificações padroni­ legada para trás. Continuaremos inves­ zadas é feita por operadoras da tindo em modernização, em VDSL, bon­ América do Norte e da Europa ding, vectoring e evoluções da capacida­ Ocidental. “Se os requerimentos vêm de da rede de acordo com a demanda”. de outras áreas, como as operadoras A plataforma de controle de multis­ daqui podem ter certeza de que suas serviço IMS, necessária para a gestão e necessidades estão sendo atendidas?”, aprovisionamento no core da rede dos questiona o CEO. diferentes serviços IP que trafegam na rede, foi um tema bem discutido nos Convergência debates. Se para a Vivo/Telefônica e Oi a Com a consolidação de quase todos tecnologia está em fase de implementa­ os serviços de telecomunicações no Brasil ção, para a Embratel está no radar de em praticamente quatro grandes grupos, maneira muito tímida. “Nossa estratégia outro tema que ganhou relevância no de implantação do IMS é bastante con­ painel foi a convergência das infraestru­ servadora, no sentido de expandir a rede turas. Para a Embratel, esse assunto NGN e prepará-la para novos serviços. ainda é incipiente, até por uma questão Temos algo em laboratório, onde faze­ estratégica. “As possibilidades de siner­ mos testes, e alguma coisa bem pequena em operação, mas não esperem nada muito inova­ dor”, disse René Pestre. “Estamos atrasados, é ver­ dade. É uma confusão danada, várias plataformas separadas (Embratel, Net, Claro), mas não preciso implantar uma solução IMS gia entre Net, Claro e Embratel são muito completa. Vários serviços convergentes grandes, mas o modelo existente é o de são oferecidos sem uma plataforma prestação de serviços. A Net oferece única de gerenciamento. Posso fazer acesso à última milha para clientes uma expansão do NGN utilizando Embratel, a Claro disponibiliza os padrões do IMS, como protocolos SIP, e-nodes B, a Embratel provê conectivida­ controladores de media gateways com­ de... enfim, há uma sinergia, mas não patíveis”, exemplifica. ainda uma integração das redes”, admite A Oi, por sua vez, é a operadora que Bourdot. O diretor de engenharia da está mais avançada na implantação de Embratel, René Pestre, concordou. Para um core IMS. Segundo Mauro Fukuda, ele, hoje, as redes têm evoluído individu­ diretor de tecnologias de rede da Oi, o almente, mas ainda estão longe de con­ IMS, apesar de ter sido rejeitado por vergirem plenamente. muitos anos em todo o mundo por ser Para o diretor de planejamento de complicado e caro, começa a fazer siste­ redes da Oi, Luis Lopes, o caminho que ma quando se pensa na rede 4G e no será tomado pela operadora é, em prin­ LTE, que é uma tecnologai all IP. “Não cípio, o de levar a fibra até o mais próxi­ temos muita opção de evolução do core mo da casa do usuário. “Estamos hoje das redes que não passe pela camada de planejando um FTTx, o que não quer controle IMS”. 

“Padrões apenas não são suficientes. É a interoperabilidade que faz a banda larga crescer, porque facilita a competição entre os fornecedores e promove soluções abertas no G-PON.”

a complicada equação dos custos de investimento em infraestrutura está se colocando para as operadoras nesse momento em que decisões críticas sobre a evolução das redes precisam ser tomadas.

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.:entrevista

Helton Posseti e Samuel Possebon

helton@convergecom.com.br e samuca@convergecom.com.br

Um marco para a Internet

Marco Civil da Internet deve ser debatido em audiências públicas de diversos estados e seguir para aprovação ainda no primeiro semestre. Em sua relatoria, o deputado Alessandro Molon (PT/RJ) defende, entre outras coisas, a neutralidade de rede.

TELETIME: Como você chegou à relatoria desse projeto? Alessandro Molon: Eu quis muito relatar esse projeto, porque o considero um projeto histórico para o Brasil. A Internet é oferecida comercialmente desde 1995, então são 17 anos e até hoje o Brasil não tem uma lei geral sobre a Internet. Temos algumas coisas pontu­

Qual o espaço acha que haverá pa­­ra debater esse projeto no Congresso, considerando que ele já foi bastante debatido em consultas públicas ainda quando ele estava no Executivo? O nosso desafio é aperfeiçoar o que já é bom. Acho que o Poder Executivo fez um trabalho muito importante de consulta pública, de recebimento e pro­ cessamento de dezenas de milhares de contribuições. Acho que essa é uma inovação muito importante do ponto de vista do processo legislativo brasileiro. Mas isso não dispensa uma nova fase de debates no Parlamento, porque aqui é a casa por excelência do confronto de ideias e de posições. Acredito que nós vamos conseguir fazer o projeto avançar ainda mais. É como que para conseguir ver mais longe, subir nos ombros de alguém que já é alto.

foto: saulo cruz/agência camara

O

projeto de Marco Civil da Internet, que na Câmara dos Deputados tramita sob o número de PL 2.126/2011, vai definir os princípios, garantias e direitos dos usuários na Internet. Para além das questões mais relativas à web, entretanto, a iniciativa deve gerar o primeiro arcabouço legal do Brasil – e talvez do mundo – que trata de temas como neutralidade de rede. O objetivo do seu relator, o deputado Alessandro Molon (PT/RJ), é garantir que não haja qualquer tipo de ingerência das prestadoras de serviço no tratamento dos dados que trafegam pelas suas redes. Outros debates importantes, como a questão dos diretos autorais ou até a questão da tipificação de crimes na web – objeto de dois PLs que já trami­ tam no Congresso Nacional –, na visão do deputado, devem ser deixadas para outros projetos de lei. “Se nós trouxer­ mos para dentro do Marco Civil todas as questões que de alguma maneira digam respeito direta ou indiretamente à Internet esse trabalho não vai termi­ nar nunca”, afirma. Molon pretende imprimir um ritmo célere e ao mesmo tempo democrático de tramitação ao projeto. Serão realizadas oito audiências públicas em sete capitais, mas mesmo assim ele está confiante de que o relatório da comissão especial possa ser aprovado até junho. Os proje­ tos que tramitam em comissão especial vão diretamente ao Plenário da Casa e no caso do Marco Civil esse mesmo rito será adotado no Senado, o que, em tese, sig­ nificaria uma aprovação rápida.

Alessandro Molon

ais, mas não temos uma lei geral, que é a proposta do Marco Civil. Mas Internet se desenvolveu da maneira como ela se desenvolveu pelo fato de não ter nenhuma regra, nenhum arcabouço legal. E acho que é fundamental que agora tenha, até para se preservar suas carac­ terísticas originais. Os conflitos que exis­ tem no mundo real também vão surgin­ do na Internet. E os tribunais, por exem­ plo, tomam decisões sobre coisas que dizem respeito à Internet e se você não tem um parâmetro, pode haver decisões conflitantes, contraditórias. Então, acho que o País está maduro para tomar uma decisão e criar uma Lei Geral que proteja essas características originais da Internet e proteja o futuro dela. 16 Teletime abr_2012

E como vai ser a metodologia de trabalho? Vou propor que a gente faça oito audiências públicas em sete lugares diferentes. Na verdade o termo correto é seminário, audiência pública é ape­ nas quando acontece dentro do Congresso. Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e João Pessoa, além de Brasília onde vão acontecer a primeira e a última. E com que cronograma? A ideia que eu vou propor é dedicar os meses de abril e maio a essas audi­ ências públicas e o mês de junho ao debate final na comissão e aprovação do relatório. Então acha que vai dar tempo de aprovar o relatório até o meio do ano? Eu acho que sim, sinceramente. Veja bem, eu estou em outra frente de trabalho que é a reforma do Código Penal. Em uma reforma de um código, há milhares de pontos para serem vis­ tos e discutidos. Esse é um projeto de lei que não é muito extenso, é enxuto e


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acho que deve assim permanecer. Deve ser um núcleo do que devem ser os direitos, garantias e os princípios da Internet. Então, acho que é bem razoá­ vel fazer esse debate no primeiro semestre. Você mencionou que é possível aprimorar o projeto. De antemão, você consegue listar alguns princí­ pios que não estão e que poderiam ser incluídos? Vou dar o exemplo de um avanço que eu considero que seja possível e sobre o qual vale a pena a comissão refletir. Eu acho que é possível avançar mais na pro­ teção dos dados dos usuários. O governo estuda a apresentação de um projeto que trate da proteção de dados do consumi­ dor em geral, não apenas para a Internet. Eu acredito que a gente possa avan­ çar nessa questão já no Marco Civil, no que diz respeito apenas à proteção dos dados dos usuá­ rios na Internet. Ainda que venha um outro projeto mais amplo. Mas quando você fala em prote­ ção dos dados, é proteção dos dados cadastrais dos usuários para que não haja compartilhamento de banco de dados e venda de informação reser­ vada ou proteção dos dados de nave­ gação, dos logs de registro da ativi­ dade do usuário? Eu me refiro às duas coisas. Eu entendo que o usuário da Internet deve ter pelo menos a possibilidade de auto­ rizar ou não que as informações sobre a sua navegação sejam vendidas. Me parece que é no mínimo razoável que ele seja consultado se ele aceita que as suas informações, que valem dinheiro, sejam repassadas para alguém. Isso me parece que merece um debate na comis­ são especial. Recentemente a gente viu a atuali­ zação das políticas de privacidade do Google e do Facebook. É por isso que você quer tratar desse assunto? Não, essa é uma questão de princípio. Quando se trata de uma informação a seu respeito, é preciso que você saiba que ela está sendo usada, e que você autorize que ela seja usada, ou não. E isso tem que ser feito de uma maneira explícita. Eu diria que 90% das pessoas sequer sabem que isso existe. E isso não é razoável, afinal de contas diz respeito à privacidade das pessoas.

foto: luis alves/agência camara

.:entrevista

Eu acho que o princípio da neutralidade da rede é fundamental para o futuro da Internet tal como ela existe hoje. Ao contrário do que alguns podem imaginar, isso é uma das maiores garantias da livre concorrência e da livre iniciativa.” De que maneira você acha que esse projeto vai se combinar com o projeto do Eduardo Azeredo (hoje deputado pelo PSDB/MG)? Eu entendo que o próprio nome do projeto demarca bem as fronteiras de cada um. Esse é um marco civil, de forma que esse não é um projeto que verse sobre crimes e nem deve versar. Essa discussão sobre crimes é uma outra discussão importante aqui no Congresso, mas que deve se dar no con­ fronto entre esse PL do deputado Azeredo e o projeto de autoria dos depu­ tados Paulo Teixeira, João Arruda, Manoela D’Avila, entre outros, que é o projeto de cybercrimes. Acho um equí­ voco trazer essa discussão de crimes para dentro do Marco Civil. Se nós trou­ xermos para dentro todas as questões que de alguma maneira digam respeito direta ou indiretamente à Internet esse trabalho não vai terminar nunca. Basicamente ele vai ser um projeto de garantias dos usuários. Sem entrar nessa discussão específica em relação ao conteúdo dos serviços, ou do que está sendo ofertado ou consumido... Eu entendo que sim, porque se a gente for entrar no debate do acesso a obras que estejam protegidas por direi­ tos autorais, por exemplo, nós vamos trazer para cá todo o debate sobre direi­ tos autorais. Isso sim, me parece que tem 18 Teletime abr_2012

que ser objeto de um outro debate. Esse debate é urgente. Acho que a gente tem que discutir o papel do Ecad, por exem­ plo, que eu considero que vem prestando um serviço muito ruim para a população brasileira como um todo, inclusive para os autores. Não há nenhuma transparên­ cia no recolhimento e na distribuição desses direitos, mas eu entendo que o locus dessa discussão não é o Marco Civil. Sob pena de a gente não conseguir aprovar nada nunca. O projeto dá um balizamento sobre a neutralidade de rede. Ele faz uma proposta de neutralidade plena, mas prevê que haja uma regulamentação. Como você acha que essa questão deve ser tratada? Eu acho que o princípio da neutrali­ dade da rede é fundamental para o futu­ ro da Internet tal como ela existe hoje. Ao contrário do que alguns podem imagi­ nar, isso é uma das maiores garantias da livre concorrência e da livre iniciativa. Se não houvesse neutralidade da rede, tal­ vez hoje algo como o Facebook não exis­ tisse. Para que a gente tenha inovação, para que a livre iniciativa possa apresen­ tar novidades, para que a concorrência possa de fato acontecer, é fundamental garantir essa neutralidade. Eu vejo isso como a defesa de algo que é o coração da Internet, a alma da Internet. A possibili­ dade do usuário escolher o que ele quer


acessar por critérios seus, em vez de permitir que alguém escolha por ele o que deve passar na frente e o que deve passar depois. É uma defesa da livre iniciativa e do mercado e não em detri­ mento do mercado. A problematização que se faz sobre essa questão é que a rede não é infini­ ta. Para que você garanta que tudo continue trafegando, você precisa de investimentos e atualizações dessa rede que talvez não se paguem no modelo tradicional. O que as empresas de telecom colocam é: Porque eu não posso oferecer um conteúdo diferen­ ciado mediante pagamento›? Como você vê isso? Se isso existisse antes de o YouTube, ele não teria sido criado. Porque quan­ do o YouTube foi criado, ele não era do Google e se ele tivesse que pagar pedá­ gio para começar a existir, ele não teria crescido como cresceu. Cobrar pedágio de quem pode pagar significa inviabilizar quem não pode pagar. Quem não pode pagar não vai crescer nunca, porque sempre vai estar preterido na velocidade de carrega­ mento. E nós sabemos que velocidade na Internet é um critério decisivo. Se você entra em um site para ter acesso a uma informação e ela não vem, você vai para outro imediatamente. Existe o risco de uma possível regu­ lamentação dessa questão transcender o que você está colocando? Essa é uma reflexão que nós vamos ter que fazer para saber até onde vai o nosso dever de legislar e a partir de onde vai se tratar de matéria regulamentar. Essa fronteira, de fato, precisa ser avalia­ da para ver até onde a gente deve expli­ citar em que consiste essa neutralidade e aquilo que pode ser deixado para maté­ ria de regulamentação. Essa é uma refle­ xão necessária, até onde nós temos que chegar para evitar que a regulamentação desvirtue o que nós garantimos por lei. Os grupos de comunicação brasilei­ ros têm uma posição bastante clara de que os portais de Internet deveriam ser entendidos também como veículos de comunicação social e, portanto, sujeitos às mesmas restrições que exis­ tem hoje para a radiodifusão e para a imprensa na Constituição. Você enten­ de que essa discussão é válida no

âmbito do Marco Civil? Você já se deparou com esse problema? Não. Para ser sincero ainda não. Acho que é uma reflexão que eventual­ mente pode ser feita no debate na nossa comissão. Me parece que ao contrário dos demais meios de comunicação, a Internet tem determinadas característi­ cas que a diferenciam. Se formos compa­ rar com televisão e rádio nem se fala, porque nesses casos temos uma limita­ ção de oferta, o que não existe na Internet. O segundo ponto é que não se trata de uma concessão, ao contrário das TVs e das rádios que são concessões públicas, portanto, devem ser fiscaliza­ das etc. Mas vamos pensar os jornais. Os jornais têm um problema grave que é a distribuição. Esse problema não existe hoje na rede, enquanto houver neutrali­ dade. Se a gente perde neutralidade, a

Eu acredito que o Brasil está caminhando em uma direção diferente. Nosso debate é muito menos restritivo e muito mais de garantia de direitos, de princípios, sem que o foco seja na restrição, na vigilância, na proibição, na criminalização de condutas.” distribuição passa a ser um problema. Pequenos blogs ou pequenos sites pas­ sam a ter dificuldade para chegar ao seu leitor, porque vão estar em último lugar na fila daquilo que precisa ser transmiti­ do. Mas acho que pode ser uma reflexão válida, ainda que não seja para nenhuma mudança concreta no Marco Civil. Você mencionou na abertura da comissão especial que a discussão bra­ sileira poderia influenciar esse debate que está sendo travado também em outros países. Em que medida você acha que isso pode acontecer? Me parece que esse debate nos EUA agora enfrenta um impasse. O país não consegue avançar nem recuar. Eu acre­ dito que o Brasil está caminhando em uma direção diferente. Nosso debate é muito menos restritivo e muito mais de garantia de direitos, de princípios, sem que o foco seja na restrição, na vigilância, abr_2012 Teletime 19

na proibição, na criminalização de con­ dutas. O Brasil, em primeiro lugar, tem peso na Internet mundial, em quantida­ de de usuários, por exemplo. Para além disso, o mundo inteiro olha com atenção para o Brasil em razão do que aconteceu aqui nos últimos dez anos do ponto de vista econômico e social. Por essas razões combinadas, acredito que a nossa legis­ lação possa influenciar positivamente a legislação de outros países, inclusive a norte-americana. Teria uma crítica ao modelo da In­­ ternet brasileira? Alguma coisa que poderia ser melhorada ou corrigida? Acho que sim. Como ampliar o aces­ so, que é papel do poder público. Embora a gente tenha cada vez mais gente acessando a Internet, muitos ainda estão fora, e essa é uma questão sobre a qual o Marco Civil vai tratar também. O marco também fala das atribuições do Poder Público e inclusão digital é hoje um dos desafios que estão colocados para o Brasil. A gente está falando em melhorar a qualidade da educação brasileira e parte disso é inclusão digital. Para fazer matrícula em escola pública, por exemplo, no meu Estado, só se faz pela Internet. Como você compatibiliza isso? Universalizar o acesso à Internet é um dos desafios, ela não é universal. Quando você fala em universalizar, você se refere a massificação ou ao conceito da universalização dos servi­ ços públicos? A ideia é garantir o acesso a preços acessíveis. Esse é outro problema que nós temos que discutir aqui no Brasil. Não só garantir acesso físico, fazer a rede chegar, mas também com preço que possa ser pago pela população. Existe um debate sobre a inclusão do acesso à banda larga como um serviço público, assim como é a telefonia. Você concorda com essa visão ou acha que deve ser mantido no regime privado? A princípio, a minha visão é de que deve ser tido como um serviço público. Porque eu não consigo distinguir a importância de se garantir o acesso à Internet do acesso ao telefone. Acho que cada vez mais a Internet vai ter esse papel. É nessa direção que a gente deve caminhar sim. Entender que isso é um serviço público que deve ser pres­  tado à população.


As 5 gigantes da mobilidade nacional garantem presença! Venha conferir os executivos de Vivo, Tim, Oi, Claro e Nextel discutindo alguns dos principais temas da mobilidade atual, como: a relação entre redes sociais, localização e mobilidade; a chegada da quarta geração e o que muda em conteúdo móvel; o surgimento de serviços de pagamento via dispositivos móveis; e o impacto social da mobilidade.

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M-payment à brasileira

C

hegou a hora de adicionar um tempero brasileiro à breve história mundial dos serviços de pagamento móveis. Depois do sucesso de iniciativas em países com realidades sociais e econômicas tão diferentes quanto o Japão e o Quênia, pequenos empreendedores e grandes operadoras celulares brasileiros estão driblando dificuldades técnicas e regulatórias locais para construir um cenário de m-payment nacional. Por aqui, garan­ tem especialistas, há espaço para se desenvolver tanto serviços típicos de países desenvolvidos, como o pagamen­ to via NFC (Near Field Communications, ou comunicação por proximidade), que requer smartphones, até aqueles de transferência financeira via SMS, acessí­ veis de qualquer celular e que tanto sucesso fazem na África. O Brasil está construindo, portanto, um modelo de m-payment híbrido entre as experiên­ cias bem sucedidas internacionais. O Brasil tem características muito diferentes daquelas de outros mercados onde soluções de m-payment fizeram sucesso. Se, por um lado, é verdade que aqui 40% da população economicamente ativa não têm conta bancária e que a penetração de telefonia celular ultrapas­ sa 100%, por outro, o País tem um setor financeiro reputado como dos mais avançados do mundo em termos de tec­ nologia da informação, e uma extensa rede de correspondentes bancários, que alcança até os rincões mais distantes. Ao mesmo tempo, uma pujante classe C cresce em quantidade e em poder de compra ano após ano, tornando-se cada vez mais sofisticada em seu consumo, o que inclui a modernização de seus celu­ lares e o acesso a serviços financeiros. É neste ambiente que duas pequenas empresas de São Paulo, a GoPay e a 2Pay, criaram este ano, quase que simultaneamente, soluções próprias para transformar smartphones em máquinas para leitura de cartões de

Slavoljub Pantelic/shutterstock

Da entrada das teles no mercado de cartões de débito e crédito ao desenvolvimento de aplicativos para celular e NFC, além dos estudos do governo por uma política para o segmento, Brasil começa a entrar para valer no mundo do pagamento móvel.

crédito (POS). Ambas se inspiram em iniciativas internacionais como o Square e o PayPal Here, mas tiveram que fazer adaptações técnicas para atender ao mercado brasileiro. Nos EUA, onde a maioria dos cartões de crédito não pos­ sui chip, o acessório distribuído por Square e PayPal Here se acopla à entra­ da de fone de ouvido do iPhone e é capaz de ler apenas cartões com tarja magnética. No Brasil, mais de 95% dos cartões de crédito possuem chip e a entrada de fone de ouvido não consegui­ ria transportar os dados para a sua lei­ tura. Por isso, GoPay e 2Pay estão traba­ lhando com acessórios que se acoplam à entrada de dados do iPhone. Para o consumidor final, basta embutir o car­ tão no acessório, verificar o valor da compra digitado pelo lojista e então assinar a confirmação com o próprio dedo, na tela do aparelho. A proposta de ambas é a mesma: 22 Teletime abr_2012

atrair pequenos comerciantes e profis­ sionais liberais que hoje não vendem com cartão de crédito porque conside­ ram caras as taxas de aluguel de máqui­ nas de POS cobradas por redes de adquirência como Cielo e Redecard. A GoPay foi a primeira a entrar em opera­ ção, cobrando uma taxa de R$ 0,69 por transação, além de 3,99% sobre o valor da venda. Mesmo sem grande divulga­ ção, após lançarem seus respectivos websites para pré-cadastro de parceiros interessados, GoPay e 2Pay somaram em poucas semanas mais de mil comer­ ciantes requisitando seus leitores de cartão. A meta da GoPay é alcançar 30 mil ao fim do ano. Com o desenvolvimento de uma solu­ ção local, essas duas pequenas empresas saem na frente das gigantes internacio­ nais, que ainda não têm previsão de entrada no País. “O mercado brasileiro é muito latente e flutua demais. Acho que vai demorar para Square e iZettle (simi­ lar europeu) virem para cá. Quando eles chegarem queremos ter corpo para bater de frente”, diz Marcos Schulz, um dos sócio-fundadores da GoPay. Por via das


“As pessoas trocam muito mais de celular do que de conta corrente.” Gabriel Ferreira, da Oi trato com a Paggo, mas o nome ainda é mantido em segredo. Sobre a concorrência com soluções inovadoras nacionais, como GoPay e 2Pay, Fujimoto considera que há espaço para todo mundo, pois o potencial do mercado brasileiro é enorme. Claudio Dias, outro sócio-fundador da GoPay, aponta um diferencial dos pequenos: “A máquina de POS dá muita receita para a Cielo e a Redecard. A plataforma da Paggo não elimina a máquina. A gente propõe outro mundo: tirar a máquina e botar o telefone”. Dentro da estratégia da Paggo, está prevista a atração de outras operadoras móveis como sócias, em participações iguais àquela da Oi. O Brasil não seria o primeiro caso do gênero no mundo: nos EUA, as três grandes operadoras celula­ res fundaram a joint-venture Isis, para a oferta de serviços financeiros via NFC. As negociações por aqui, contudo, são demoradas. “Conversei com algumas teles, mas elas preferem primeiro viver suas próprias experiências. Acho impor­ tante para que depois percebam o valor da solução da Paggo, que passa por ajus­ tes finos há seis anos”, avalia Fujimoto. Teles As operadoras brasileiras enxergam os serviços financeiros móveis como uma nova e promissora fonte de receita. A prova disso é a criação, de um ano para cá, de diretorias específicas para tratar do tema dentro das teles. “A pri­ meira onda de receita em telefonia celu­ lar foi a voz. A segunda foi composta por serviços de valor adicionado (SVAs) e dados. A terceira onda será a de serviços financeiros”, afir­ ma Carlos Roseiro, executivo à frente da diretoria de

m-finance da TIM desde dezembro. Cautelosas, as teles estão começando sua incursão nesse mundo pela oferta de serviços financeiros não necessa­ riamente “móveis”. É o caso, por exemplo, da criação de cartões de cré­ dito co-branded entre bancos e operadoras, como fizeram recente­ mente Vivo, TIM e Oi (esta última, cabe ressaltar, é uma exceção, por ser a única cujo cartão aceita pagamentos via celu­ lar). Na prática, tais cartões funcionam mais como uma ferramenta de fideliza­ ção. Outro passo dado por Vivo e TIM foi o lançamento de seguros contra roubo e furto qualificado de smartphones e tablets, em parceria com seguradoras. A TIM prepara como próxima etapa a oferta de microsseguros que poderão ser contratados via SMS. O primeiro será um auxílio funeral em caso de morte por acidentes pessoais. A grande guinada virá quando forem lançados serviços de transferên­ cia financeira entre usuários através de mensagens de texto, inspirados na experiência africana. Oi e TIM falam publicamente sobre esse projeto, que deve nascer até o final do ano. Para atender à regulamentação financeira brasileira, o serviço funcionará como um cartão de débito pré-pago e preci­ sará ter um banco como parceiro, para ser o custodiante do dinheiro. Roseiro, da TIM, garante que a rixa que existia entre os setores bancário e de teleco­ municações é “página virada”. O pro­ duto da Oi será lançado em parceria com o Banco do Brasil, enquanto a TIM ainda não escolheu seu banco parceiro para o projeto. “Quanto mais serviços de alto valor as teles oferecerem, menor será o churn. As pessoas trocam muito mais de celular do que de conta corren­ te. No pré-pago a barreira de saída é muito baixa, ainda mais com a portabi­ lidade”, avalia Gabriel Ferreira, diretor de serviços financeiros da Oi. Existe a expectativa de que tais serviços de transferências financeiras peer-to-peer (P2P) sejam interoperáveis no futu­ ro. Ou seja, o assinante de uma operadora poderá remeter dinheiro para alguém de outra tele, por SMS. Como haverá

“Depois de voz e dados, a terceira onda de receita para as teles serão os serviços financeiros.” Carlos Roseiro, da TIM abr_2012 Teletime 23

FOTO: divulgação

dúvidas, GoPay e 2Pay sabem que a briga não será fácil e já se preparam para o confronto: ambas estão negocian­ do com diversos investidores, nacionais e estrangeiros, na busca por capital e alianças estratégicas que garantam o seu futuro em um mercado que promete ser cada vez mais competitivo. No âmbito das redes de adquirên­ cia, outra experiência com desenvolvi­ mento nacional é a Paggo. Criada origi­ nalmente como uma bandeira de car­ tão de crédito via celular, a empresa se repaginou nos últimos anos, transfor­ mando-se em uma rede de adquirência móvel. Sua solução usa a rede de sina­ lização das operadoras celulares para o tráfego de dados das transações finan­ ceiras, incluindo as senhas dos cartões digitadas pelos consumidores, como se fossem mensagens de texto. “Isso não ocupa a rede de voz e nem de dados das teles. Ou seja: pode-se fazer uma compra com a Paggo durante uma liga­ ção de telemarketing, ou enquanto se navega em um site de e-commerce pelo celular”, explica Massayuki Fujimoto, executivo com larga experiência em serviços financeiros móveis contratado para ser CEO da Paggo nessa nova fase da companhia, cujo controle agora é dividido entre Oi e Cielo. Um diferencial importante da solução da Paggo para aquelas propostas por GoPay e 2Pay é justamente a sua capaci­ dade de ser usada por qualquer telefone celular e não apenas smartphones. A Paggo está negociando com empresas de venda porta-a-porta para que as vende­ doras transformem seus celulares em máquinas de POS. Em vez de acoplarem um leitor portátil de cartão, basta trocar o SIMcard por um da Oi adequado à pla­ taforma da Paggo. “O mercado de porta­ -a-porta é maior que o de e-commerce no Brasil, movimentando R$ 30 bilhões por ano, sendo quase tudo pago com cheque ou dinheiro”, estima Fujimoto. Paralelamente, as máquinas da Cielo foram atualizadas para aceitar pagamentos via celu­ lar de cartões de crédito compatíveis com a platafor­ ma da Paggo. O primeiro foi um cartão co-branded da Oi e do Banco do Brasil. A expectativa é de que o Banco do Brasil estenda a funciona­ lidade para todos os demais cartões Ourocard. E um outro banco já assinou con­


.:Serviços móveis FOTOS: divulgação

bancos nas duas pontas, o dinheiro circulará pelo sis­ tema financeiro como se fosse um TED. Se o benefi­ ciado não usar o serviço, receberá uma mensagem informando que aquele valor está disponível em seu nome e pode ser retirado em qual­ quer agência ou correspon­ dente bancário do banco parceiro da operadora do remetente. Mas isso requer ajustes na regulamentação do sistema financeiro brasileiro, o que já está sendo feito em parceira entre Ministério das Comunicações e Banco Central. Outro ativo que as operadoras móveis têm em mãos e que pode ser usado para pagamentos são as suas plataformas de billing, capazes de cobrar dezenas de milhões de assinan­ tes tanto de forma pré quanto pós-paga. Alguns integradores de SMS percebe­ ram isso e criaram soluções de m-pay­ ment em que usam o chamado “SMS premium” como moeda para a venda de bens virtuais na Internet. Por exemplo: em vez de digitar seu número de cartão de crédito em um game na web para comprar um fertilizante especial ou uma espada mágica, o jogador informa seu número de celular e adquire créditos para a compra desses itens virtuais através de um “SMS premium”, sendo debitado em sua conta telefônica ou diretamente de seu crédito pré-pago. As

isso que faz sucesso no Japão e começa a deslanchar nos EUA e na Europa. No Brasil, a expecta­ tiva é de que o movimento seja liderado pelos bancos, com a emissão de cartões de crédito de plástico capazes de se comunicar via NFC ou qualquer outro proto­ colo de transmissão de dados por apro­ ximação (como o Mifare, da NXP). Os primeiros cartões com essa tecnologia são esperados para este ano. Paralelamente, as redes de adquirência precisarão trocar suas máquinas de POS por modelos capazes de ler esse protocolo de comunicação por aproxi­ mação. Fontes do mercado informam que 40 mil máquinas da Cielo em São Paulo já teriam sido trocadas por modelos habilitados para NFC, enquan­ to na Redecard o processo ainda não teria sido iniciado. Quando houver uma quantidade razoável de pontos de venda aceitando esse tipo de transação e as pessoas se acostumarem a simplesmente encostar seus cartões nas máquinas para efetuar uma compra, aí sim chegará a vez de lançar a versão no celular. Para tanto, será preciso que as teles tenham em seu portfólio modelos de aparelhos com NFC (quase todos os fabricantes já ofe­ recem). Uma alternativa para a popula­ rização da tecnologia pode ser uma solução desenvolvida pela brasileira MobilePeople, que agrega uma peque­ na antena NFC ao SIMcard, o que, na

“Quando eles chegarem (Square e iZettle), queremos ter corpo para bater de frente.” Marcos Schulz, da GoPay operadoras, contudo, não se entusiasmam muito, pois receiam ter que dividir uma receita que poderia ser toda delas, com o uso de minutos de voz ou de tráfego de dados. Por isso, seguem exigindo uma participação alta na divi­ são da receita do SMS premium para venda de bens virtuais, o que dificulta a expansão desse modelo para o mundo físico. “Para bens reais, vendidos por empresas com custo de estoque e de distribuição, fica pesado compartilhar a receita nas proporções praticadas atualmente”, comenta Daniel Kaestli, CCO da Pure Bros, integrador brasileiro que tem o m-payment como uma de suas prioridades este ano, ao lado de mobile marketing. NFC Para as camadas sociais mais altas, o sonho é a chegada de serviços finan­ ceiros usando NFC com aplicativos móveis de carteira eletrônica (ou m-wallet) atrelados a seus cartões de crédito e de débito, que permitirão o pagamento simplesmente pela aproxi­ mação do celular à máquina de POS. É

Quando o comércio eletrônico vira móvel

E

nquanto bancos, operadoras de telefonia, fabricantes de handsets e redes de adquirência se aventuram com o lançamento dos primeiros serviços de pagamento móvel no Brasil, o consumidor brasileiro dá sinais de que já entende e demanda tais ferramentas. Isso pode ser notado quando avaliados números de empresas de comércio online, que vêm registrando uma participação cada vez maior do tráfego oriundo de dispositivos móveis. A Vtex, empresa que fornece a plataforma de e-commerce da Walmart, Nokia, Trip Linhas Aéreas e outras 150 companhias, verificou que, entre o fim de 2010 e o presente momento, a audiência proveniente de celulares e tablets subiu de 1% para 10% a 15% em seus sites de compras. A projeção é atingir 20% em dezembro. E o melhor: o cliente que acessa por um dispositivo móvel gasta em média 30% a mais que os outros. “O consumidor móvel é mais impulsivo e objetivo. O tablet, por exemplo, é um grande gerador de vendas, pois oferece conforto para o comprador”, comenta o presidente da Vtex, Geraldo Thomaz. Para Massayuki Fujimoto, CEO da Paggo, os serviços de m-payment são apenas “a ponta do iceberg”. Ele acredita que dentro de três anos mais de 60% do comércio eletrônico no Brasil será feito por meio de dispositivos móveis.

A tendência também é observada internacionalmente. O PayPal estima que registrará este ano 7 bilhões de transações originadas de dispositivos móveis, somando aquelas feitas pelo seu app ou por meio do navegador do celular ou tablet no site de um lojista cadastrado, informa Adriana Bello, diretora de produtos e marketing da companhia no Brasil. Em 2011 foram 4 bilhões de transações. E em 2010, 750 milhões.

24 Teletime abr_2012


prática, transformaria qualquer telefo­ ne em um terminal apto a usar NFC. Cabe lembrar que para serviços de pagamento as teles precisarão distri­ buir SIMcards especiais, que incluam o chamado “elemento seguro”, um com­ ponente que segue padrões internacio­ nais aceitos por bancos e operadoras para garantir a segurança das transa­ ções. Será preciso também contratar TSMs (Trusted Service Managers), figu­ ra que goza da confiança de bancos e teles para instalar remotamente, via OTA (over the air), a aplicação de paga­ mento do banco no SIMcard. Fabricantes de SIMcards, como Ge­ ­ malto e GD Burti, oferecem essa servi­ ço de TSM. A Gemalto, por exemplo, foi a contratada pela norte-americana Isis para cumprir este papel. É sabido que o Bradesco está conduzindo um pro­ cesso de contratação de um TSM. E, segundo fontes do mercado, uma nova operadora móvel virtual (MVNO) que atuará no Brasil teria encomendado SIMcards com elemento seguro. Para o consumidor de alta renda, não é necessário esperar pelo NFC para vivenciar a experiência de um

serviço de m-wallet. O PayPal tem um aplicativo móvel para iOS e Android que opera como uma carteira eletrôni­ ca e permite o cadastramento de dife­ rentes cartões de crédito, tanto para pagamento quanto para recebimento de valores via e-mail. Por não ter um banco como parceiro, o PayPal não

PayPal lançará com a Vivo um serviço de pagamentos via SMS. Outra iniciativa de m-wallet, esta desenvolvida nacionalmente, parte da GoPay, e deve ser lançada em maio. Será um aplicativo para iOS no qual o usuário poderá cadastrar seus cartões de crédito para efetivar compras em estabelecimentos cadastra­ dos, após realizar um “check in”. O comprovante virá por SMS ou email. “Para as gera­ ções mais novas é mais prá­ tico pagar com o celular do que levar cartões na cartei­ ra”, comenta Dias, da GoPay. A empresa também pretende incorporar NFC em seu app no futuro. A transformação do celular em uma carteira eletrônica, substituindo dinhei­ ro, cheque e cartões de crédito, é um caminho sem volta, mas cujo traçado vai variar de país para país, levando em conta as leis e as condições sócio­ -econômicas de cada um. No Brasil, o cenário parece atraente tanto para inovações locais quanto para a chegada de gigantes internacionais. A mistura promete ser saborosa... e lucrativa. 

A grande guinada virá quando forem lançados serviços de transferência financeira entre usuários através de mensagens de texto, inspirados na experiência africana. pode permitir a realização de transfe­ rências de valores diretamente entre as contas de usuários. Porém, na prática, é possível fazer o pagamento para outra pessoa através do cartão de cré­ dito cadastrado no sistema. O PayPal tem 106 milhões de usuários ativos (que realizaram ao menos uma transa­ ção nos últimos 12 meses) no mundo, sendo 3 milhões no Brasil, onde o ser­ viço conta com 3 mil estabelecimentos comerciais cadastrados. Em breve, o


.:estratégia

Samuel Possebon

samuca@convergecom.com.br

O novo tom da Oi

Francisco Valim anuncia o planejamento estratégico da operadora até 2015. No horizonte estão R$ 24 bilhões de investimentos, com foco em oferta combinada de serviços.

D

epois de um longo período em que o foco da Oi foi um interminável processo de reestruturação operacional, financeira e societária, decorrentes dos movimentos desde a fusão com a Brasil Telecom, em 2008, a empresa, finalmente, veio a público em meados de abril para expor o seu plano estratégico para o futuro. Foi o primeiro grande anúncio de Francisco Valim, CEO da empresa desde julho de 2011. A maior referência desse plano é um parâmetro de investimentos para os próximos anos: R$ 6 bilhões ao ano, entre este ano e 2015. São R$ 24 bilhões no período, mais ou menos em linha com o que a Telefônica, por exemplo, anunciou para o período de 2011 a 2014; o dobro do que anunciou a TIM para o período de 2012 a 2014 (R$ 3 bilhões ao ano); mas ainda menos do que o grupo Claro/Embratel/Net preten­ de investir apenas este ano (cerca de R$ 10 bilhões). A diferença entre os grupos pode estar na perspectiva de pagamento de licenças. No caso da Oi, o valor para 2012 inclui um pagamento pelo espec­ tro de 2,5 GHz desde que ele esteja precificado “razoavelmente”, explicou Francisco Valim, ao fazer a apresenta­ ção sobre as perspectivas da empresa. O dinheiro investido visa levar a empresa a crescer. Apenas nesse ano, a Oi planeja crescer em 7% suas UGRs (Unidades Geradoras de Receita, que é a quantidade de serviços contratados pelos seus clientes). Pelo plano anunciado, a Oi chegará a 2015 com 106,8 milhões de UGRs (contra 69,6 milhões em 2011), dos quais 67,8 milhões serão em acessos móveis (contra 43,2 milhões em 2011),

a perspectiva é de aumento na receita líquida para R$ 28,9 bilhões em 2012 e R$ 38,6 bilhões em 2015.

25,7 milhões em unidades geradoras de receitas residen­ ciais, que incluem telefone fixo, banda larga e TV por assi­ natura (contra 17,8 milhões em 2011) e 13,3 milhões de UGRs empresariais (contra 7,8 milhões no ano passado). Este ano, as unidades de receita residenciais crescem 11%; as móveis crescem 6%; e empresa­ riais crescem 19%. Considerando que a base de telefone fixos deve permanecer, na melhor das hipóteses, estável, significa que em 2012 a operadora deve acelerar muito o ritmo de expansão de seus serviços de banda larga e telefones fixos. Para se ter uma ideia, em 2010 a base de banda larga da Oi cresceu 10% e mesmo assim as UGRs residenciais tive­ ram uma queda de 2,6%, sobretudo em função da bru­ tal perda de acessos fixos. Para crescer 11%, compen­ sando esta tendência, a Oi terá que ser agressiva. Em TV paga e banda larga. A aposta da operadora é na oferta combinada de serviços, movimento que já pode ser per­ cebido desde março com uma forte campanha de mídia e que, segundo Valim, deve se intensifi­ car ao longo dos próximos meses. A expectativa de alguns analis­ tas e do próprio governo era de que a Oi fosse mais agres­ siva em anunciar um plano para IPTV, sobre­ tudo porque ela foi uma das principais defensoras da mudança na legislação. Mas pelo 26 Teletime abr_2012

menos no curto prazo, apenas Rio e Belo Horizonte (onde a Oi já tem uma outorga de cabo) terão a nova platafor­ ma, que só deve ser lançada no segun­ do semestre. Ou seja, os 11% de cresci­ mento nos negócios residenciais virão do pacote xDSL, DTH, telefone fixo e celular. Segundo Valim, a tele pre­ tende chegar à marca de 2,5 milhões de homes­ -passed com fibra até a casa (FTTH) e outros 1,5 milhão com fibra até o nó de rede mais próximo do usuário (FTTN). É pouco, considerando que dos 57,5 milhões de do­ micílios do País, a Oi cobre 47,3 milhões. Ou seja, a fibra certamente chegará só ao segmento de mais alta renda. A tele quer ainda dobrar o backbone (hoje de 115 mil km). Com isso, a perspectiva é de aumento na receita líqui­ da para R$ 28,9 bilhões em 2012 (crescimento de 3,5%) e R$ 38,6 bilhões em 2015 (crescimento de 38% sobre 2011). A dívida líquida deve chegar a R$ 28,4 bilhões em 2015, contra R$ 16,3 bilhões em 2011. Já em 2012 a ex­­ pec­tativa é de que a dívida lí­­ qui­ da chegue a R$ 24,9 bi­lhões, o que significa que a Oi deve se capitalizar para cumprir as metas de investimento. Em 2011, vale lembrar, a Oi investiu cerca de R$ 5 bilhões. Vale ressaltar também que as premissas para cumpri­ mento desse plano estão baseadas em uma taxa de crescimento do PIB de 4% em 2012, câmbio de R$ 1,78 Francisco Valim por dólar e Selic de 10,8%.


Oportunidade Destoando completamente do discur­ so de outras operadoras, a Oi não lamen­ ta o desafio que terá pela frente para atender à crescente demanda por servi­ ços banda larga. Para Valim, não faz sentido reclamar de demanda. Ele expli­ ca que da mesma forma como o preço cobrado por megabit de acesso vem caindo historicamente e também tem caído o preço por megabit armazenado, por outro lado o usuário precisa contra­ tar cada vez mais capacidade para dar conta dos novos serviços que estão sur­ gindo. “Seria um problema se o usuário precisasse, hoje, da mesma capacidade que precisava há alguns anos, porque aí iria pagar cada vez menos para nós. Mas ele precisará de cada vez mais”, diz, lem­ brando que a tele também planeja inves­ tir em produtos de maior valor agregado. Mas a Oi deixa claro que pretende ter uma parte das receitas dos provedores over-the-top. A plataforma de IPTV de­monstrada e que estará no mercado no segundo semestre prevê uma forte integração com conteúdos de Internet. Segundo Valim, a operadora tem sim planos de rentabilizar esse conteúdo. “Onde a parceria conosco fizer sentido para os provedores over-the-top, não vejo nenhuma razão para que não possa­ mos cobrar deles”, disse. 3G e 4G No segmento móvel, a Oi promete uma expansão geográfica considerável das suas redes 3G e WiFi. “Pretendemos alcançar, em termos de cobertura popu­ lacional, a empresa que hoje lidera o segmento de 3G”, disse Francisco Valim, em referência à Vivo, que chega a 2,7 mil municípios (a Oi tem pouco mais de 300). Em termos populacionais, a cobertura da Vivo é de 83% e a da Oi é de 50%. “Não pretendemos falar em 3G ou 4G, falamos em banda larga móvel. Pretendemos expandir significativamente a rede 3G, e vamos identificar o 4G onde houver oportunidade, dependendo das situações de mercado”, explica. Para ele, a quarta geração ainda apresenta alguns desafios importantes, sobretudo em rela­ ção aos custos de terminais. “O que eu posso dizer é que 3G é sim muito priori­ tário para a Oi.” Valim diz ainda que a prioridade é o segmento de maior receita. Segundo o executivo, nos R$ 6 bilhões anuais projetados de investimentos para os próximos quatro anos estão previstos gastos com a rede de quarta geração e

eventuais pagamentos por espectro, desde que dentro daquilo que a Oi consi­ dera valores razoáveis. “Mas para falar­ mos qualquer coisa a mais precisamos ter ideia dos valores mínimos para a faixa de 2,5 GHz e dos preços de referên­ cia que serão colocados para o uso da rede de 450 MHz”, diz Valim. Na apresentação aos investidores, contudo, a Oi incluiu uma breve referên­ cia a uma estratégia a femtocélulas LTE, o que pode ser o indicativo de uma

expansão que venha de forma combina­ da com a banda larga fixa. Também está no roadmap da operadora uma forte aposta no WiFi, que tem papel cada vez mais relevante na estratégia de banda larga móvel da Oi. A operadora quer chegar a um milhão de hotspots em dois anos. A Oi aposta ainda no crescimento de sua presença no segmento móvel cor­ porativo, com a oferta de serviços M2M (máquina-máquina) e alguns serviços se segurança móvel.

TV paga: sem revolução Contrariando expectativas, Oi não anunciou pedidos de licenças do SeAC. Aposta ainda é no DTH.

F

rancisco Valim, antes de assumir a presidência da Oi, já havia sido executivo da empresa, e nos últi­ mos anos estava à frente da Experian (empresa de informação) na Europa. Mas quando assumiu a operado­ ra, a posição mais destacada em seu currículo era a presidência da Net Servi­ ços e a sua larga experiência em TV paga. Daí a grande expectativa, ao falar aos investidores, sobre qual seria sua estratégia para o setor. Mas, ao contrário do que se poderia esperar, a Oi não anunciou nenhuma grande revolução nesse segmento. Aliás, não anunciou nem a intenção de pedir cen­­­ tenas ou milhares de autorizações pa­­­­­­­ra oferta de TV paga, como esperado. O plano da Oi até 2015 é de uma ofer­ ta combinada de serviços, e a TV paga virá, predominantemente, na forma de DTH nesse pacote. Aos investidores, a Oi deu destaque à sua futura plataforma de IPTV, com lan­ çamento previsto para o segundo semes­ tre, possivelmente em setembro. Mas a própria empresa reconhece que esta plataforma será para poucos (apenas 8% dos domicílios cobertos pela Oi com redes físicas terão infraestrutura para IPTV, o que representa cerca de 80% dos domicílios de maior renda). A aposta da empresa em TV paga é, portanto, o DTH, segmento em que, segundo Valim, a ope­ radora já alcançou a marca de 40 mil vendas por mês. Para o IPTV, a estratégia da Oi é pare­ cida com a da Telefônica. A plataforma selecionada foi a Mediaroom, da Microsoft, a exemplo do Meo, da Portugal abr_2012 Teletime 27

Telecom (acionista da Oi), e da Telefônica. A proposta é chegar com a ultra banda larga por meio da rede de fibra e apresentar um produto de vídeo simples que permita uma série de diferenciais em relação às plataformas atuais de TV paga. Entre elas estão a possibilidade de catch up TV para qualquer canal, servi­ ços over-the-top com parceiros de conte­ údo integrados ao set-top, redes sociais, integração com o serviço de música Rdio, além de VOD, integração multiplatafor­ ma desde o primeiro dia (incluindo TV everywhere), media center etc. Outra vantagem da tecnologia esco­ lhida, na visão da Oi, é a possibilidade de zapeamento rápido entre canais, na ordem de 200 milissegundos, o que a operadora alega ser 10 vezes mais rápi­ do do que as plataformas convencionais. O serviço funciona com uma taxa de transmissão de 9 Mbps por canal HD e a operadora ainda avalia a possibilidade de integrar ao acesso por fibra soluções de RF sobre fibra, para desafogar a rede de canais lineares muito consumidos. Uma das vantagens do uso da solução da Microsoft é a integração do serviço com os consoles de videogame XBox. O problema é que o console não pode ser desbloqueado. Estima-se em 900 mil o número dos XBox no Brasil. Segundo Pedro Ripper, vice-presiden­ te de inovação da Oi, está no planeja­ mento da operadora uma solução híbri­ da que integre o DTH e o acesso banda larga, a exemplo do que operadoras como a GVT estão explorando. Mas ainda não existe previsão sobre quando esta solução será lançada.


.:tv por assinatura

Wilian Miron

miron@convergecom.com.br

Uma nova fase

Provedores de acesso à Internet querem aproveitar novo marco legal da TV paga para entrar na distribuição de vídeos no interior do Brasil. Tarefa, contudo, é complicada.

FOTOS: arquivo

são na quantidade de outorgas para operações via cabo vai facilitar a ado­ ção deste modelo de negócios pelas operadoras. “Hoje a TV paga não é um produto de primeira necessidade, mas a banda larga, sim. É na esteira dela que a TV paga vai crescer nos próxi­ mos anos”, afirma.

alphaspirit/shutterstock

A

s novas regras da TV por assinatura, regulamenta­ das em março pela Anatel, podem causar transforma­ ções importantes neste mercado nos próximos anos. As mudan­ ças mais óbvias dizem respeito à conso­ lidação dos principais operadores atuais por parte de seus controladores do setor de telecom: Vivo consolidando a TVA; e Claro/Embratel consolidando a Net Serviços. Mas um outro efeito percebido nos primeiros momentos do novo marco legal é a possível abertura de um novo filão a empreendedores regionais, atraí­ dos pela oportunidade de prestar o servi­ ço pagando módicos R$ 9 mil pela auto­ rização do órgão regulador. A questão que se coloca é se isso con­ seguirá reverter a tendência de concen­ tração no setor de TV por assinatura. Hoje, Embratel e Sky controlam 85% do mercado, que em fevereiro registrava 13,3 milhões de assinantes. Somando as demais teles que operam no setor (Oi, Vivo, Algar e GVT), o percentual vai a 94%. Ou seja, todas as outras dezenas de empresas que atuam no mercado não chegam a ter 800 mil clientes. Ao que tudo indica, a tendência é de que as operadoras com maior poder de mercado continuem priorizando áreas onde é possível recuperar o investimento em prazos menores. Por outro lado, a predileção das grandes operadoras por centros urbanos, abre espaço para empreendedores regionais, interessados em investir nas cidades com menor den­ sidade populacional. O presidente da ABTA, Alexandre Annenberg, acredita que haverá duas grandes mudan­ ças neste mercado. A pri­ meira é o nível de competi­ ção nos grandes centros. “Muda o nível de competição porque entram outros com­ petidores, as empresas de telefonia”, opina. Segundo ele, com a che­ gada das companhias telefô­ nicas à distribuição por cabo

Tecnologia dominante Outra discussão que se coloca com a abertura de novas outorgas para TV por assinatura (mais precisamente, para o Serviço de Acesso Condicionado – SeAC), no entanto, é sobre qual será a tecnologia dominante daqui para frente. Hoje o modelo de televisão via satélite (DTH) detém 56% do mercado, frente aos 42,3% em mãos da TV a cabo. Annenberg diz acreditar que, no médio prazo, este cená­ rio se torne mais equilibrado, com a dis­ tribuição de novas licenças de cabo, independentemente de região. “O cabo permite combos de produtos e isso é algo que no DTH é mais difícil de oferecer”. Embora aposte na força do ‘cabo’ como principal meio físico utilizado pelas ope­ radoras para levar conteúdo audiovisual, o presidente da ABTA diz que há espaço para todas as tecnologias, mas reforça que neste novo cenário competitivo será mais difícil se manter sem oferecer servi­ ços combinados. “As empresas de DTH (elas já atuam com o DTH), o principal terão de encontrar um novo modelo de formato de comercialização do serviço negócios que incluam novos serviços, será por meio de combos, pacotes que talvez por meio de parcerias para ofere­ combinam banda larga, telefonia e tele­ cer a banda larga também”, diz visão por assinatura, uma maneira de Annenberg, lembrando que a Sky hoje deixar o serviço mais atraente ao con­ opera banda larga na faixa de 2,5 GHz sumidor. “E com a chegada dos pacotes em Brasília e é tida como uma das poten­ combinados esse mercado ciais interessadas no leilão que acontece­ vai se movimentar”, diz, ao rá em junho. ressaltar que além da entra­ Outra possibilidade para empresas da das teles no jogo, a expan­ que utilizam o DTH como tecnologia pre­ dominante é a criação de planos de assinatura mais aderentes à realidade do consumidor e parcerias com provedores regionais de Internet. Hoje eles são os principais interessados Alexandre Annenberg, da ABTA em oferecer TV paga aos

“Muda o nível de competição porque entram outros competidores, as empresas de telefonia.”

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seus assinantes e já se movem para formatar novos modelos de negócios. “O Brasil é grande e pouco aten­ dido. Além disso, as teles pegarão as cida­ des de maior interesse deles e, nestas locali­ dades, farão um tra­ balho massificado. Já os pequenos ficarão com a força local”, comenta Mariana Filizola, diretora geral da Neo TV, associação que representa pequenos operadores. Segundo ela, nas cidades menores a tendência é que a competição pelo clien­ te da TV paga seja semelhante ao que ocorre com a oferta de Internet. “É a mesma coisa, porque os grandes não atendem a todos os lugares e, quando atendem, nem sempre é a contento”, diz ao destacar que no quesito atendimento local, personalizado, “os pequenos fazem muito bem”. O problema para os provedores é que TV por assinatura é um mercado infinitamente mais compli­ cado do que o de Internet, pois envolve acordos com programadores, empaco­ tamento, obediência a uma regulamen­ tação ampla e complexa, dividida entre Anatel e Ancine e, sobretudo, porque exige um relacionamento com o consu­ midor que vai muito além de saber se o serviço está ou não funcionando. É pre­ ciso lidar com clientes ligando para reclamar, por exemplo, de uma progra­ mação que é fornecida por terceiros. Interessados em prover o serviço, os provedores já se movimentam para criar modelos de negócios e operações aderentes ao novo serviço, tanto que entre a metade de 2011 e os primeiros meses deste ano, a quantidade de asso­ ciados da Neo TV praticamente dobrou com a filiação de provedores de acesso. “Dos 90 sócios, até agora, ao menos 40 são provedores. E, já temos mais de 200 inscrições de empresas interessa­ das em agregar TV ao portfólio de ser­ viços”, explica Mariana. Entretanto, se comparado com a quantidade de provedores espalhados Brasil afora, esse número ainda tem muito a crescer. Segundo o Conselho Nacional de Associações de Provedores de Internet (Conapsi), há mais de três mil empresas de pequeno e médio por­ tes oferecendo Internet e, em alguns casos, telefonia, em cidades onde as grandes operadoras não têm tanto inte­

“O Brasil é grande e pouco atendido. Além disso, as teles pegarão as cidades de maior interesse para fazer um trabalho massificado. Já os pequenos ficarão com a força local.” Mariana Filizola, da Neo TV resse em construir rede. Para o presidente do Conapsi, Fabiano Vergani, o objetivo destas empresas é crescer com a TV em cidades com população entre 50 mil e 100 mil habitantes; afinal, existe uma demanda reprimida para o serviço. “Queremos levar para a TV a mesma pujança da banda larga. Hoje menos de 300 cidades têm TV a cabo”. De acordo com Vergani, hoje esses pequenos provedores detêm entre 15% e 20% do universo de consumidores de banda larga “e, se levarmos isso para a TV paga, podemos dobrar a quantidade de assinantes do serviço cobrindo o que os outros não têm interesse ou só o DTH conseguiu até agora. Além disso, quere­ mos oferecer conteúdo e atendimento locais. Tem muita coisa regional para ser mostrada”. Vale lembrar que a nova legislação impede os provedores de aces­ so de controlarem a programação. Infraestrutura O presidente da Rede Telesul, Marcelo Siena, afirma que a tendência deste mercado é de ofertas conjuntas e

que isto tem motivado os pro­ vedores a construir redes de fibra ótica capazes de ofere­ cer aos clientes os serviços de Internet e vídeo. “A tendência para este mercado é a oferta conjunta. Tenho dificuldades para ver o consumidor com­ prando separado”. Siena, que também faz parte do Conselho Consultivo da Anatel, diz que oficialmen­ te, o órgão já recebeu ao menos 600 consultas de provedores interessados em conseguir licenças para operar SeAC. “Mas há consultas todos os dias, talvez na metade deste ano já tenha alguma operação consolidada”. De fato a possibilidade de rentabili­ zar suas redes oferecendo múltiplos serviços tem levado os provedores de Internet a aumentar o volume de fibras óticas passadas no interior do País. O gerente comercial da Furukawa, Celso Motizuqui, comenta que a empresa sentiu um aumento nos pedidos de ISPs nos últimos 18 meses. Além das com­ pras, eles estão fazendo consulta técni­ ca sobre arquitetura e desenho para implementação dessas novas redes de fibra. “Não vai demorar para eles pas­ sarem as operadoras de TV a cabo em volume comprado (de fibras), mas ainda estão longe do que compram as teles”, diz ele sem revelar os números de compra de cada segmento. Porém Motizuqui disse que em 2011 os prove­ dores aumentaram em cinco vezes a quantidade comprada em 2010.

Modelo de negócios

E

ntre os trunfos dos provedores para obter sucesso nesta empreitada está a capilaridade e competência para cobrir pequenas áreas com fibras óticas. Eles apostam em projetos que custam entre R$ 30 mil e R$ 50 mil para montar redes para atender a partir de 64 residências com fibra ótica (tecnologia GPON) até a casa do cliente. “Boa parte dos provedores investe em fibra em diversos níveis. Começaram interligando os POPs de rádio com fibra, e em pouco mais de um ano passaram para o acesso”, comenta Celso Motizuqui, da Furukawa. “O forte dos investimentos começou por causa do PNBL, para construir a última milha e chegar à rede da Telebras. O vídeo impulsionou, claro, mas o interesse deles é em princípio conseguir velocidades maiores, improváveis via rádio”, ressalta. Além de buscar alternativas mais baratas para construir redes regionais, os provedores adotam uma postura de união na hora de planejar os investimentos e comprar equipamentos. Marina Filizola, da Neo TV comenta que o objetivo dos provedores ao se associarem é buscar uma equação melhor dos custos, para garantir condições para a concorrência. “Tentamos formatar modelos de negócios que preencham as lacunas deixadas pelos grandes”. Entre as alternativas adotadas pelas empresas está a compra de conteúdo e equipamentos em conjunto, dividindo os custos. “Hoje negociamos a compra de links e equipamentos em conjunto. Queremos adotar um sistema único de VOD para todos os associados porque não fecha a conta se cada operador adotar uma plataforma”, explica.

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.:infraestrutura

Sinais de fumaça

H

á exatos seis meses, TELETIME publicava reportagem relatando a ausência e precariedade dos serviços de telecomu­ nicações na região Norte. Desde então, as denúncias se avolumaram. Procons e os ministérios públicos estaduais e fede­ rais do Amapá e Acre questionaram a má qualidade e a frequente indisponibili­ dade dos serviços e Anatel e governos locais promoveram duas audiências públicas para tratar do tema. Mas a qua­ lidade dos serviços melhorou pouco. Em recente audiência pública reali­ zada em Manaus, na Assembleia Legislativa do Estado, diante da presen­ ça do presidente da Anatel, João Rezende e do deputado estadual Marco Antônio “Chico Preto”, presidente da Comissão de Gestão e Serviços Públicos (CESP) do Amazonas (ver entrevista na página ao lado), as operadoras alega­ ram que estão fazendo sua parte para melhorar os serviços de telecomunica­ ções no Amazonas e região e cumprindo os compromissos assumidos na audiên­ cia de outubro do ano passado. Se os resultados concretos ainda são pouco visíveis, as perspectivas melhoraram. Promessas A Vivo informou que, em parceria com o Linhão Eletronorte, está implan­ tando uma rota de fibra ótica que conec­ ta Manaus a Belém e interligará a região a seu backbone nacional. Também será ativada uma rota ótica de redundância ao link Manaus-Porto Velho. Segundo a operadora, a primeira fase foi concluída em 2011 e a segunda prevê a ampliação da capacidade total para 2 Gbps ainda no primeiro semestre de 2012. A tele alegou que trabalha também na duplica­ ção da capacidade de voz com nova fre­ quência em 1,8 GHz e que ampliará sua cobertura a sete municípios do Amazonas na primeira metade deste ano e para outras 11 cidades do Estado no segundo semestre de 2012. A Vivo também se compromete a

FOTOS: divulgação

Seis meses após audiência pública em Manaus, teles apresentam projetos de investimentos e alegam que estão fazendo o possível para reduzir o abismo de telecomunicações na região Norte. Deputado chama reação de “acanhada”.

Em Suruacá (PA), ERBs da Vivo são transportadas por barco e carro de boi.

implantar e ativar, até o final deste ano, uma nova central de comutação, e dis­ ponibilizar seus serviços a 100% dos municípios amazonenses dentro do mesmo período. Já a Oi, que é mais pressionada por ser a incumbent local, garantiu que tra­ balha na substituição de 6,4 mil termi­ nais de uso público (TUPs) no Amazonas, espera ampliar em 10% a cobertura 3G no Estado em 2012 com a implementa­ ção de seis novos sites e costura com outras operadoras acordos para a utili­ zação de cabos e capacidades de rotas alternativas para ampliar sua infraes­ trutura de telecomunicações na região. Para 2013, está prevista a conclusão do linhão de energia elétrica ManausTucuruí-Belém-Macapá, que será mais uma rota de segurança. Bem antes disso, no segundo semestre de 2012, a 30 Teletime abr_2012

expectativa é de que a operadora dupli­ que a capacidade de seu backbone de 10 Gbps para 20 Gbps entre ManausBoa Vista-Fortaleza. A operadora tam­ bém deposita esperança no comparti­ lhamento do gasoduto Manaus-Coari e acredita que esse link permitirá a ampliação do backbone no estado do Amazonas para serviços de telecomuni­ cações em oito localidades (Iranduba, Manacapuru, Caapiranga, Anamã, Anori, Codajás, Coari e Urucu). Fora isso, medidas básicas como substituição de bancos de baterias e fontes de cor­ rente estão sendo providenciadas. A TIM informou que está presente em 21 (dos 62) municípios do Amazonas e que estenderá sua cobertura às cidades de Lábrea, em julho de 2012, e Manicoré, em outubro deste ano. A operadora foi a única que divulgou sua estimativa de Capex no Norte, de R$ 190 milhões até o final deste ano (57% maior em relação a 2010) e de R$ 627 milhões no triênio 2011-2013. Somente em sistemas estru­ turais, como o Projeto LT Amazonas (Manaus-Macapá-Tucuruí) serão investi­ dos R$ 171 milhões. No Amazonas, entre 2012 e 2014, prevê-se aporte de R$ 60 milhões em capacidade de rede, e prevê a troca de vários elementos de rede, ins­ talação de novos equipamentos e expan­ são da cobertura para várias cidades já a partir de abril. No backbone, a TIM segue em nego­ ciação com a Embratel na rota ManausPorto Velho; e pretende ativar seu link Macapá-Manaus e a rota BelémSantarém e Belém-Macapá no primeiro trimestre de 2013. Serão 27 cidades ilu­ minadas com fibra OPGW ao longo de Amazonas, Pará e Amapá. “Nossa maior dificuldade é na parte de transmissão (backbone e backhaul). Em São Paulo, por exemplo, com 100 quilômetros de cabo ótico você passa por dezenas de cidades. No Norte, muitas vezes essa é a extensão de uma cidade”, reclama o gerente executivo de redes de acesso da TIM, Fabio Costa. A Claro explica que cobre 29% dos


municípios do Amazonas, sendo 11% deles também com serviços 3G e que tem projetos em 22 bairros de Manaus para o provimento de TV por assinatura (com a Net). A empresa pretende entregar novas capacidades de comunicação aos municípios de Careiro da Várzea, Careiro Castanho e Humaitá. A expectativa é de modernizar 73% de sua planta até julho de 2012 e concluir o trabalho de evolu­ ção de toda a infraestrutura até dezem­ bro deste ano. A disponibilidade dos links deve atingir 90% até agosto deste ano e 95% até o final do ano. Para isso, a operadora negocia acordos de contin­ gência com a Oi. A Embratel, que também atua como concessionária em regiões remotas, pre­ tende modernizar toda sua planta de TUPs até dezembro de 2012. Para isso, realizará 267 visitas e recuperações até lá. De janeiro à março, foram 125. A empresa informou que 68,8% dos seus TUPs estavam disponíveis para uso no estado do Amazonas em março e que esse número era de 36% há seis meses. A operadora informa que da planta de orelhões, 47,6% funcionam com nova tecnologia, índice que era de pouco menos de 25% em setembro passado. TUPs Já a missão de modernizar os ore­ lhões no Norte, determinada pela Anatel, não tem sido simples. A Embratel, por exemplo, encaminhou à agência docu­ mento em que informava as medidas que estavam sendo tomadas pela operadora na renovação dos orelhões: a tele se compromete a revitalizar 100% de sua planta de TUPs até dezembro de 2012. “Essa carta é resultado de um diálogo que vínhamos tendo com as concessionárias desde setembro do ano passado, quando enviamos um despacho à Oi, Embratel e Telefônica solicitando um plano de vistoria e reparo de toda a planta de TUPs no Brasil”, lembra José Gonçalves Neto, superintendente de universalização da Anatel, que acrescenta que a Anatel trabalha no aprimoramento de ferramentas para monitorar a gestão remota e a fiscalização dos ore­ lhões, como o “Fique Ligado”. Segundo ele, das três concessioná­ rias, a Embratel foi a que apresentou problemas mais sérios com a revitaliza­ ção. Por ter os TUPs mais remotos, em localidades com menos de 300 habitan­ tes, incluindo aldeias indígenas isoladas,

a concessionária solicitou o final de 2012 como prazo final do reparo e moderniza­ ção de toda a sua planta. O gerente da regional Norte da Anatel, José Gomes Pires, responsável pelo tra­ balho de fiscalização da agência nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, confirma: “A Embratel tem os TUPs mais remotos, por questões de regulamento. Tem mais de mil equipa­ mentos, entre os quais cerca de 300 estão somente em Manaus, Rondônia e Acre. Fizemos a aferição e o resultado não foi satisfatório”, diz Pires. Entendendo os transtornos causados aos milhares de usuários, a Embratel de­­ ci­­diu conceder gratuidade nas cha­­­­madas de longa distância nacional ori­­­ ginadas em seus TUPs, com o uso do código 21, até o fim de 2012, quando se en­­cerra o prazo de revitalização da planta. A exemplo da Embratel, a Oi também não conseguiu cumprir seu primeiro compromisso de revitalização da planta, que era de março de 2012, e foi forçada a prorrogá-lo para 30 de junho. Neto destaca, no entanto, que há uma diferen­

ça fundamental de postura entre as duas operadoras. “Tem havido aumento da disponibilidade dos orelhões da Oi, temos observado isso no dia-a-dia. Em maio do ano passado esse índice era de 60% e agora está em cerca de 80%. Estamos entendendo que isso está aumentando e esperamos 90% a 95% até junho”, diz o superintendente da Anatel. O diretor de política regulatória da Oi, Carlos Cidade, admite a dificuldade da tele em cumprir o prometido, mas tem esperança. “Entregamos à Anatel um relatório parcial em março e não conse­ guimos ‘fechar’ [concluir a revitalização] por diversas razões, como logística, for­ necedores de TUPs, que não conseguem entregar a quantidade necessária por mês, por se tratar de uma quantidade muito grande de terminais. Só no Amazonas, serão 6,4 mil TUPs novos, de um total de 13.836 em 605 localidades de 62 municípios”, diz o executivo da Oi. “Mas temos convicção de que consegui­ remos cumprir o prazo de junho”, prevê.  Daniel Machado

Chico Preto critica a má qualidade dos serviços no Norte TELETIME – Por que o senhor assumiu esse papel de cobrar das empresas a qualidade nos serviços de telecomunicações? Chico Preto – Minha intenção nunca foi a de fazer palanque com essa situação, mas o descaso com a região Norte é muito grande. As operadoras trabalham com a lógica de mercado, do maior lucro, e a Anatel deveria buscar um ponto de equilíbrio entre o capital, o social e as políticas públicas. No projeto Banda Larga nas Escolas, por exemplo, o índice de adesão nos outros estados é de 70% a 80%, enquanto no Norte a média é de 40%. Tem de intervir, não pode deixar o processo ser conduzido pela lógica de mercado.

Dep. Chico Preto, do PSD/AM.

Há seis meses as operadoras apresentavam promessas e projetos de curto e médio prazo para a região Norte. Divulgaram até investimentos. Qual sua avaliação? A reação é acanhada. De outubro até o presente momento pouca coisa aconteceu. Compreendemos que esse é um processo e não vai ser em um ano somente que conseguiremos resgatar toda a negligência das teles no Norte. Mas foram elas mesmas que criaram toda essa situação e terão de resolver. E estamos preparados para cobrar. Sobre os investimentos, isso tem sido aplicado em manutenção. E custeio não é investimento! Enquanto de Brasília para baixo está se falando sobre 4G, no restante do País estamos tentando fazer telefone público funcionar. Investimento é um olhar para o futuro, não manutenção.

E toda a questão das dificuldades logísticas, desafios operacionais, áreas pouco povoadas? É fato, mas essas dificuldades existem desde que o mundo é mundo. A concessionária de energia elétrica alega que o transporte de combustível para os geradores de energia nas cidades ribeirinhas fica complicado na época de seca. É só aumentar a capacidade de estocagem! Essa discussão não se sustenta mais. Sobre o Governo, é preciso lançar um olhar diferenciado para a região Norte. As infovias são a infraestrutura do terceiro milênio e se não encontrarmos mecanismos diferenciados para uma região diferenciada, sempre ficaremos por último.

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.:espectro

Helton Posseti

helton@convergecom.com.br

A próxima polêmica

Nova onda de dividendos digitais, no espectro até 5 GHz, começa a ser discutida pela UIT. Dessa vez, a identificação de novas faixas será feita por grupo composto por diversos interessados, para também garantir a necessidade dos outros serviços.

CoraMax/shutterstock

E

nquanto no Brasil o debate sobre o dividendo digital é, sobretudo sobre o uso da faixa de 700 MHz para a banda larga, por enquanto, ape­ nas uma nota de rodapé nos acor­ dos internacionais (nota segundo a qual o Brasil se compromete a preservar esta faixa para a radio­ difusão até 2016), já começa a ser discutida a identificação de novas faixas para banda larga móvel. Uma das resoluções mais importantes da última Con­ferência Mundial de Ra­­dio­­ comunicação da UIT, que aconteceu em janeiro e fevereiro em Genebra, determi­ nou que se iniciem os estudos para a identificação de novas faixas para a banda larga móvel. As faixas tidas como mais apropriadas para o serviço ficam no espectro até 5 GHz, porção onde estão alocados serviços de satélite, serviços científicos, radiodifusão e outros. A análi­ se desses estudos é item da pauta da próxima Conferência, em 2015. Em quatro semanas de trabalho inten­ so durante o inverno da Suíça, a conferên­ cia deste ano reuniu cerca de três mil delegados de 165 países, que analisaram mais de 500 propostas sobre quase todos os serviços que dependem do espectro radioelétrico. Diferentemente dos grandes congressos e feiras que o setor de telecom é especialista em organizar, a Conferência Mundial de Radiocomunicação é uma reunião de muito trabalho técnico e políti­ co (a delegação brasileira, por exemplo, se reunia todos os dias pontualmente às 8h), que não tem o glamour de um grande congresso e quase não gera repercussão na imprensa. É lá, contudo, que é debati­ do e, mais importante, decidido o futuro de todos os que dependem de espectro. Embora as discussões sejam eminen­ temente técnicas, a componente política e comercial quase sempre está por trás das posições adotadas por cada país. Uma das propostas debatidas, mas cuja decisão final ficou para 2015, foi a alocação de novas faixas para serviço móvel por saté­

lite, apresentada pela Inglaterra, eviden­ temente interessada em garantir espaço para o crescimento dos negócios da ingle­ sa Inmarsat. Faz parte do jogo. A novidade do encontro deste ano é que a metodologia para a futura identifi­ cação de novas faixas para a banda larga móvel trouxe também um novo significa­ do político. Em vez de os estudos para a identificação de novas faixas serem con­ duzidos pelo grupo 5D, que trata do espectro para a banda larga, foi forjado nos corredores da Conferência e depois formalmente constituído na primeira reu­ nião preparatória para 2015 um grupo misto formado pelos representantes do IMT (ligado à indústria da telefonia móvel), mas também por representantes daqueles serviços que ocupam as faixas pretendidas pela banda larga, notada­ mente radiodifusão e satélites. De acordo com o gerente geral de satélites da Anatel e chefe da delegação brasileira, João Carlos Fagundez Albernaz, além dos estudos para identi­ ficar faixas que poderiam abrigar tam­ bém o serviço móvel, o setor de radio­ comunicação da UIT (UIT-R) também recomendou que se estude alternativas para que as faixas já alocadas aos ser­ 32 Teletime abr_2012

viços móveis sejam utilizadas com maior eficiência. “Tentaremos localizar quais são as possibilidades de compartilha­ mento com serviços existentes, levando-se em consideração as necessidades dos outros servi­ ços também”, afirma ele. Albernaz adianta que um dos trabalhos que serão reali­ zados até a conferência de 2015 é um estudo da demanda prevista para o serviço móvel, para que não seja identificada mais faixa que o necessário. Naturalmente, retirar espectro de quem quer que seja nunca é um processo tranquilo. A Abert, associação que representa os radiodifu­ sores no Brasil, tem um trabalho bas­ tante crítico sobre os estudos realizados pela UIT que basearam a alocação atual do espectro para o IMT. Demanda mal calculada Segundo a Abert, o grupo 5D produziu um relatório que estima para 2020 a necessidade de 1.280 MHz em mercados menores e 1.720 MHz em mercados maiores para a banda larga móvel. Esses valores foram estimados com base em uma demanda de tráfego de 30 Mbps por usuário em 2005. Para 2010, estimou-se 100 Mbps e 1 Gbps, para usuários de alto e baixo consumo, respectivamente. Para a associação, é notável que nenhum país do mundo, mesmo aqueles onde a banda larga móvel é mais desenvolvida, chegou a um consumo médio de 1 Gbps. “Estabeleceu-se uma verdade de 2005 a 2010 que não aconteceu. Embora eles tenham trabalhado com ferramentas computacionais muito boas, as variáveis de entrada foram inadequadas”, afirma o diretor de uso e planejamento de espectro da Abert, Paulo Ricardo Balduíno. Outra crítica da associação foi a falta de representatividade de dados de um segundo relatório produzido no período de estudos de 2007 a 2012, que atrela o crescimento da banda larga à necessidade de mais faixas. Segundo Balduíno, foram


foto: Sinclair Maia

utilizados dados de apenas 8% dos países membros da UIT. Além disso, na seção de infor­ mações regionais específicas da Região 2 (Américas) cons­ tam dados “precários” apenas sobre Brasil e EUA.

“Tentaremos localizar quais são as possibilidade de compartilhamento com serviços existentes, levando-se em consideração as necessidades dos outros serviços também.” João Carlos Albernaz, da Anatel

foto: divulgação

Grupo Misto Para o diretor da Abert, a criação do grupo misto nos debates dos futuros dividendos digitais é uma sinalização da UIT de que a banda larga móvel precisa se desenvolver, mas esse desenvolvimento não pode acon­ tecer em detrimento de outros serviços. Essa opinião é compartilhada por Albernaz, chefe da delegação brasileira, e também por representantes da indústria do IMT. “No passado toda a caracteriza­ ção de mercado e tráfego e a transposição disso para a necessidade de espectro foi feita pelo grupo interessado. Agora, sendo feito por um grupo misto em que todos os setores estão representados, vai haver uma abordagem natural para que o uso eficiente esteja presente nos estudos”, afirma Balduíno. Ele, entretanto, enxerga outras moti­ vações para a criação do grupo misto, e acredita que existe uma “insatisfação generalizada” sobre a forma como os tra­ balhos relativos à identificação de espec­ tro para a banda larga estavam sendo conduzidos pelo 5D. Há, segundo ele, a percepção de que o grupo 5D tinha uma influência exagerada na UIT-R. O IMT, por exemplo, é o único padrão que recebe atribuição de faixas, quando em todos os outros casos as faixas são destinadas por serviços, o que segundo ele demonstra a força da comunidade na UIT. “Isso não se manifestou antes pelo lobby eficiente da comunidade da banda larga móvel, mas chegou num ponto que começou a inco­ modar”, afirma ele. O chefe da delegação brasileira na Conferência de 2012 discorda de que a criação do grupo misto seja reflexo de uma suposta influência exage­ rada da indústria de banda larga móvel dentro da UIT-R. Para ele, com o crescimento dos serviços que usam o espec­ tro, é natural que a identifica­ ção de novas faixas seja feita juntamente com outros servi­ ços, levando também em consi­ deração a expectativa de cres­ cimento deles. “Podemos ter várias leituras. Uma delas é

que eles tinham muita influên­ cia e agora a influência dimi­ nui, mas prefiro ter uma visão mais positiva. No passado, tinha mais faixa disponível e o serviço não crescia tanto. Por isso, você tinha mais facilidade de encaixar o serviço móvel no espectro disponível”, diz ele. O diretor de relações governamentais da Qualcomm, Francisco Giacomini Soares, que foi durante quatro anos pre­ sidente de um dos grupos de espectro do 5D, também discorda da tese de que o grupo misto tenha sido criado como res­ posta à grande influência da comunida­ de da banda larga e mobilidade. As dis­ cordâncias, aliás, já começam na deno­ minação do grupo. Giacomini prefere chamá-lo de grupo conjunto. Misto ou conjunto, o fato é que a chance de o grupo levar uma proposta de consenso para a reunião de 2015 é gran­ de, justamente pelo fato de todos os inte­ ressados estarem representados. Gia­ comini explica, entretanto, que represen­ tantes de outros grupos podem participar das reuniões do 5D, que frequentemente também pede estudos e opiniões de outros grupos. Ele foi contra a criação do grupo misto (ou conjunto) porque na sua visão isso prejudica países com orçamen­ tos limitados, como é o caso do Brasil, na medida em que se cria mais um grupo para ser acompanhado. “A única coisa que serviu foi para dificultar a presença de países como o Brasil.” Está prevista uma primeira reunião do grupo misto para o mês de julho em Genebra, onde será definida a metodolo­ gia de trabalho e o relator. O grupo 5D também é criticado porque cada reunião é em um local diferente e, algumas vezes, em destinos turísticos de alto custo. Giacomini diz que há um

“ciúme” dos outros grupos que não são móveis como o 5D. Além disso, para ele, não é verdade que são escolhidos locais com custo alto. “Na década de 90, nos reunimos em Porto Seguro, por exemplo. Tem reunião nos EUA frequentemente. Isso não é verdade”, afirma ele. Em rela­ ção ao mérito da questão, Giacomini afir­ ma que a necessidade de se identificar novas faixas para a banda larga móvel é um consenso mundial, tanto é que tal item está pautado para o próximo encontro. Apesar de haver grandes chances de a radiodifusão perder mais espectro para a banda larga móvel, Balduíno, da Abert, ressalta que as “condições de contorno” das resoluções da UIT protegem o serviço que será compartilhado com a banda larga móvel. Segundo ele, os “conside­ rando que”, “reconhecendo que” ou “des­ tacando que” muitas vezes são tão ou mais importantes que a decisão em si, embora frequentemente sejam relegados a um segundo plano. Nas conferências anteriores, quando as resoluções trata­ ram de espectro para o IMT, além do reconhecimento da necessidade de se proteger os outros serviços existentes na faixa e os adjacentes, reconheceu-se a necessidade de se considerar as particu­ laridades de cada país. Tudo indica que desta vez não será diferente. A própria resolução de criação do grupo misto já menciona esses condicionamentos. De qualquer forma, a identificação de uma faixa é apenas um primeiro passo para que ela seja usada ou não para aque­ le determinado serviço. Depois da identifi­ cação (que significa que a faixa é apro­ priada para o serviço em questão), vem a atribuição, que pode ser mundial, regional ou local. E, depois disso, cada país faz a destinação da faixa especificando os servi­ ços ou tecnologias que a ocuparão. É apenas o início de um longo processo.

“No grupo misto em que todos os setores estão representados vai haver uma abordagem natural para que o uso eficiente esteja presente nos estudos.” Paulo Ricardo Balduíno, da Abert abr_2012 Teletime 33


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Mário Girasole*

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O

ano de 2012 será de grande modernização no panorama regulatório brasileiro no tocante aos serviços de tele­ comunicações. Conforme amplamente anunciado pelo Ministério das Comunicações e pela Anatel, no pri­ meiro semestre serão adotadas medidas para corrigir as assimetrias crônicas decorrentes das posições dominantes no mercado do acesso à infraestrutura. Dito assim, parece algo muito dis­ tante do consumidor. No entanto, o assunto é muito mais próximo do que podemos imaginar, afetando direta­ mente seu direito de escolha e, portan­ to, preços e qualidade. O fato é que existem infraestruturas de redes de telecomunicações cuja dupli­ cação é técnica e economicamente impossível ou altamente ineficiente. Estas infraestruturas estão na mão de poucos atores (notoriamente as conces­ sionárias de serviço público – a telefonia fixa), que não têm interesse em permitir o adequado acesso para que outras ope­ radoras ofertem os próprios serviços alternativos. Um dos efeitos desta “falha de mercado” está na comparação dos preços de acesso à banda larga entre, por exemplo, uma grande cidade, com muitas opções de redes, e o interior do País, com preços até dez vezes maio­ res. Outro exemplo está na quantidade de estações móveis instaladas para fins de incremento de cobertura e não ati­ vadas por falta de entrega dos circuitos de transmissão contratados da conces­ sionária fixa (mas magicamente isso não acontece no âmbito do mesmo grupo econômico). Em ausência de proteções de mercado cabe aos regula­ dores, portanto, definir mecanismos de acesso às redes de forma a não permi­ tir situações de abuso. Por esse motivo, o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) é uma peça tão importante e vai muito além de uma “simples” resolução do regula­ dor. É uma verdadeira “Revolução Co­­ per­­ni­cana”, que tira do centro do equi­ líbrio gravitacional das regras setoriais

Nicku/shutterstock

Copérnico e a Anatel

Afirmar que a “Anatel não pode regular a competição” é como dizer que o astrônomo não pode usar telescópio e só pode fazer cálculos em papel. o serviço e seus regimes público ou privado e coloca a infraestrutura, e seu controle e desenvolvimento. Os instrumentos desta revolução já são amplamente aplicados nos principais contextos internacionais. “Desagregação de redes”, “acesso aberto” (open access) e “ofertas de atacado de referência” são práticas consolidadas onde atuam as principais empresas que participam do mercado brasileiro (Espanha, Portugal, Itália). E são levadas tão a sério que a Comissão Europeia acaba de aplicar uma multa de 150 milhões de euros à controladora de uma concessionária bra­ sileira exatamente por conta de abusos no mercado do atacado. O conjunto de intervenções trará benefícios incomparáveis, e também a exigência de repensar os fundamentos do marco regulatório brasileiro, sempre fortemente baseado sobre o axioma da “prevalência” do serviço público fixo que, por isso, é protegido da pressão competi­ tiva. No entanto, o balanço mostra que o serviço público fixo não atingiu o escopo de universalizar o acesso nos domicílios 34 Teletime abr_2012

dos brasileiros e desde 2002 até hoje não apresenta crescimento; o mesmo período em que a assinatura básica cresceu em mais de 60%. Em outras palavras, sem medidas de abertura e acesso às redes, o efeito da proteção plurianual às concessionárias de serviço público fixo será transferido para o mundo da Internet, acarretando os vícios e as ineficiências já experimen­ tadas no mercado de voz fixa. Não é difícil cogitar que o próprio axioma con­ tratual da reversibilidade dos bens tal­ vez precise ser repensado com o novo marco regulatório, no âmbito de uma reflexão geral sobre o novo papel da infraestrutura como denominador comum da convergência. A Revolução Copernicana do setor de telecomunicações é sem volta, porque é filha da tecnologia. O ponto de chegada deverá ser um modelo que privilegia os mecanismos de mercado quando o mer­ cado funciona (o varejo), regula com fir­ meza quando o mercado não funciona (atacado e acesso à infraestrutura), e trata o gap digital que sempre existirá em áreas remotas e de baixa renda com veículos públicos (por exemplo, com a Telebras) e fundos setoriais (o setor arre­ cada nestes fundos especiais cerca de R$ 6 bilhões por ano, inutilizados). Afirmar – como algumas incumbents fora do tempo ainda fazem – que a “Anatel não pode regular a competição” é como dizer que o astrônomo não pode usar telescópio e só pode fazer cálculos em papel. Neste sentido, o foco do teles­ cópio regulatório deve ser hoje a concor­ rência e o compartilhamento da infraes­ trutura – ativa e passiva, pública ou pri­ vada – e não mais o regime legal do serviço prestado. E, hoje, o próprio aparelho celular (que, “contudo, se move”, precisa da disponibilidade de uma eficiente, sólida e regulada rede de transmissão fixa para continuar como um eficiente e sofisticado instrumento de inclusão digital.  *Vice-presidente de relações institucionais e regulamentação da TIM.


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A

radiofrequência era cha­ mada de éter luminoso, o rádio era a grande revolu­ ção na difusão de infor­ mações e a televisão tinha acabado de ser inventada. O telefone celular sequer havia sido imaginado: apenas em 1946 apareceria na ficção sua representação mais popular, o rádio de pulso de Dick Tracy. Foi nessa época, em 1927, que o regime jurídico da radiofrequência hoje adotado no Brasil e em grande parte do mundo foi criado nos EUA. Os anos, porém, não lhe foram generosos. No início, obviamente, não havia regime jurídico. O éter podia ser usado por qualquer um. O rádio então era usado para comunicação entre pontos móveis, nomeadamente entre embarca­ ções e portos. Não demorou e as embar­ cações começaram a ter problemas de interferência com outros usuários. A marinha americana, preocupada com a segurança das navegações, incentivou a aprovação da primeira legislação, que exigia que todo transmissor fosse licen­ ciado pelo Departamento de Comércio. Foi esse sistema, pensado para a segurança marítima, que regulou os pri­ mórdios da difusão de programação radiofônica. Um dia, contudo, faltou éter: não havia mais frequências a designar e o Departamento de Comércio passou a negar a emissão de novas licenças. O Judiciário agravou o problema ao decla­ rar que a lei não previa sanções para quem operasse sem licença. Seguiu-se o caos: estações passaram a disputar ouvintes com base na força de seus transmissores, o que só agravou o pro­ blema da interferência. Para resolver o caos, um juiz de Chicago criou um precedente com o mais próximo instituto da common law disponível: a propriedade privada. A radiofrequência seria propriedade do primeiro que a ocupasse. Os demais, quando interferissem, esta­ riam em verdade invadindo proprie­ dade alheia. Era o primeiro passo para um mercado de radiofrequência.

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A venda do éter luminoso

Mas não foi essa a solução que vingou. O éter, por meio do Radio Act de 1927, foi declarado bem público com o explícito objetivo de se evitar o seu comércio. A radiofrequência era fre­ quentemente descrita como um novo continente, que deveria ser ocupado por qualquer cidadão, e não apenas por um pequeno grupo de proprietários. A ideia foi então fazer do éter o mesmo que com as ruas e praças: torná-lo um bem à disposição de todos, em que a função do governo seria controlar apenas o tráfe­ go. Proibiu-se até mesmo a atribuição de valor contábil ao espectro. Mas man­ teve-se o sistema de licenças exclusivas previsto na lei anterior. Resultado: o espectro virou uma rua estranha, que somente pode ser usada por uma pes­ soa de cada vez. Diversos estudiosos, entre eles o prê­ mio Nobel de Economia Ronald Coase, a partir da década de 50, passaram a criti­ car a forma como a radiofrequência era gerenciada nos EUA. Eles apresentaram argumentos contundentes de que o espectro era mal distribuído, e que ao invés de promover a diversidade de acesso aos meios de comunicação, a pro­ priedade pública fez foi concentrá-la nas 36 Teletime abr_2012

mãos de poucos com dinheiro e influên­ cia política. Ao invés de entregar a radio­ frequência gratuitamente, o governo deveria leiloá-la a quem estivesse dispos­ to a pagar mais. O preço pela radiofrequ­ ência seria um critério objetivo que tor­ naria a alocação independente de filiação política, afinidade, crença ou qualquer outro fator discriminador. O ponto principal, contudo, era de eficiência: no sistema de preços, os bens vão para quem lhes dá mais valor (isto é, para quem está disposto a pagar o maior preço) e não simplesmente para quem tem mais patrimônio. Uma pessoa A pode ser mais rica do que outra pessoa B, mas se B estiver disposto a pagar mais por um dado bem Y, Y irá para B, não para A. É por isso que o preço é um mecanismo eficiente de alocação de recursos escassos. A Apple, por exemplo, tinha muito menos dinheiro do que a IBM quando comprou da Xerox a patente para o mouse. Não fosse isso, talvez até hoje utilizássemos apenas o teclado para inserir dados em um computador. O argumento que mais ressoou, entretanto, foi outro. Se o espectro é um bem público, por que entregá-lo de graça? O governo americano ouviu, e desde a década de 90 leiloa radiofrequ­ ência para comunicações móveis – mas ainda não para radiodifusão. Em termos jurídicos a radiofrequência ganhou novos contornos: passou a ser um bem comer­ cializável, ainda que somente como fonte de financiamento do Estado. O ponto culminante desse processo se deu neste ano. O Congresso americano aprovou recentemente uma lei com o plano de recuperação da atual crise eco­ nômica. Essa lei autoriza que a radiofre­ quência dos radiodifusores seja compra­ da por um leilão reverso, e depois leiloa­ da para aplicações de telefonia móvel. O conjunto tem sido chamado leilão incen­ tivado. A medida é mencionada entre as iniciativas recomendadas pelo Broadband Plan dos americanos. Mas a lei que aprova o leilão incentivado não tem por objeto uma política pública para as telecomunicações americanas. A lei é


uma política pública de financiamento das atividades estatais. O leilão incentivado, porém, inseriu o EUA em uma armadilha jurídica expressa em dois relevantes questiona­ mentos. O primeiro é: por que os radio­ difusores serão pagos por suas frequên­ cias no leilão reverso, se eles obtiveram suas licenças de graça? O segundo é: se o governo vai comprar frequência para depois revender, não seria mais eficien­ te deixar os radiodifusores venderem eles mesmos suas frequências, e o governo se remunerar cobrando uma taxa sobre as transações? A primeira questão enfatiza a lógica do bem fora do comércio. Nessa lógica, há um problema de justiça insolúvel, pois não há como justificar o enriqueci­ mento dos radiodifusores com o bem público que receberam. A segunda questão, por sua vez, enfatiza a eficiên­ cia alocativa do comércio privado. Nesse caso, a premissa de desenvolvimento econômico se faz premente. Deixar a radiofrequência nas mãos dos radiodi­ fusores é ruim para as finanças públi­ cas, que não se reforçarão com o ágio da revenda. Em uma época de crise, esse argumento tem enorme força. Além disso, a escassez de radiofrequência para comunicações móveis é também prejudi­ cial para o desenvolvimento americano, com consequências tão ou mais nefastas que a insolvabilidade estatal. Duas experiências internacionais aju­ dam a jogar luz nesse debate. Guatemala

e Nova Zelândia remodelaram por com­ pleto o regime jurídico de suas radiofre­ quências, como resultado de reformas no setor de telecomunicações. Os resultados são interessantíssimos. Na Guatemala, a radiofrequência pode ser livremente comprada, vendida, alugada, cedida, enfim, os titulares de uma licença são equiparados a donos de fato. As licenças, porém, têm prazo de vigência de 15 anos, ao fim do que retor­ nam para o Estado. As licenças são dis­ putadas em leilões sempre que emitidas. Em comparação com países similares, a

é hora de o Brasil pensar em novos regimes e fugir da armadilha em que os estados unidos se meteram. Guatemala tem índices superiores de cobertura, preço e disponibilidade de serviços móveis. Mas há problemas: comunidades indígenas tradicionais, que por disposição constitucional teriam direito a tratamento privilegiado, não conseguem ter acesso ao espectro para implantar rádios comunitárias e serviços de informações locais. A Nova Zelândia tem uma experiên­ cia ainda mais única. Lá há faixas de frequência em que se estabeleceu o regi­ me de efetiva propriedade privada. Uma vez vendidas pelo governo, as faixas se

tornam patrimônio de quem as com­ prou. Não há limites ou prazo de valida­ de. Mas algumas faixas foram destina­ das a usos pela comunidade Maori, de origem indígena, com objetivo de evitar resultado semelhante ao da Guatemala. E, por fim, há uma experiência extrema­ mente inovadora conduzida na faixa de 2,5 GHz. Qualquer pequena empresa de telecomunicações pode usar essa faixa, bastando submeter projeto técnico ao órgão regulador. Este, em seguida, ini­ ciará processo de consulta com os atuais ocupantes da faixa. Se não for constata­ da interferência, a faixa poderá ser uti­ lizada. Constatada interferência, se ini­ cia um processo de solução de contro­ vérsias que culmina em arbitragem, vinculante para os envolvidos. Se pensarmos na radiofrequência como uma extensão de terras, podemos comparar o regime atual vigente nos EUA e no Brasil com as sesmarias. Estas eram direitos de exploração exclusiva da propriedade real, vinculados ao uso para finalidades específicas (as plantations de cana de açúcar). Guatemala e Nova Zelândia abandonaram as sesmarias para criar lotes privados, quando o uso for exclusivo, e praças, para uso comum. O destino que a história reservou às ses­ marias indica que é hora de o Brasil pensar em novos regimes e fugir da armadilha em que os EUA se meteram. *Advogado especializado em telecomunicações.

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Tecnologia em debate

O

ConvergeTec, evento reali­ zado pela TELETIME no início de abril, foi um encontro que permitiu percorrer em dois dias todas as tecnologias e tendências do que as operadoras estão seguindo e para onde estão indo com suas infra­ estruturas de rede. Com a presença da maioria das operadoras e fornecedores, o encon­ tro consagrou-se como um fórum convergente, justamente em um momento em que as teles partem decididamente para ofertas multiple play. Foi um marco norteador para o mercado nacional e, por que não, latino-americano. A pauta do evento veio de um con­ selho editorial e consultivo indepen­ dente, proporcionando aos debates um alto nível de discussão sobre temas atuais e de futuro, comuns em fóruns de países desenvolvidos da Europa, Ásia ou Estados Unidos. Raramente, estes temas são discuti­ dos de forma tão abrangente no âmbi­ to nacional. A infraestrutura de redes foi apre­ sentada em diferentes enfoques. As operadoras móveis têm um novo desafio: o LTE. Mas a necessidade de adensamento da cobertura nos cen­ tros urbanos para implementar a 4G na faixa de 2,5 GHz coloca em ques­ tão a falta de uma legislação ou regu­ lamentação nacional para a instala­ ção de sites de radiofrequência. As operadoras são submetidas a posturas municipais às vezes dispara­ tadas, que podem até mesmo inviabi­ lizar a cobertura das cidades. O Chile já tem sua “lei de antenas”, que regu­ lamenta o assunto, e o Peru segue na mesma direção. Se o Brasil quiser atingir os objetivos de cobertura e popularização da banda larga, utili­ zando LTE ou mesmo 3G, terá de enfrentar este assunto. Outra questão mostrada no ConvergeTec e que precisa ser resolvi­ da para a implantação do LTE é a liberação do espectro de 700 MHz para áreas rurais e menos densas, já

que não existe a possibilidade de atender os objetivos de cobertura nas áreas menos densamente povoadas na frequência de 2,5GHz e a alterna­ tiva, em 450 MHz, ainda é economi­ camente pouco viável, uma vez que não há escala para LTE nessa faixa. No tocante às redes fixas, tanto a mais estabelecida arquitetura HFC quanto a moderna rede de fibra ótica podem ser alternativas adequadas, dependendo da velocidade de implan­ tação desejada e dos sistemas legados da operadora. E embora a opção por fibra pareça ter vindo para ficar, as soluções com HFC e anéis óticos têm ainda muito para dar. Ficou claro, contudo, a dificuldade de cabear edifícios, muito mais asso­ ciada a uma boa negociação comer­

Convergetec consagrou-se como um fórum convergente, justamente em um momento em que as teles partem decididamente para ofertas multiple play. cial e à ordem de chegada ao prédio do que à tecnologia escolhida. Na camada de controle do core das redes, o IMS, que surgiu como pala­ vra de ordem há uns seis anos, voltou a ser visto como solução. Mas esta sempre foi uma solução apontada como inviável do ponto de vista eco­ nômico nos estudos de migração de redes legadas ou mesmo de NGN. Por isso, chamou atenção a decisão de migração da Oi, uma empresa tradi­ cional com todo seu legado, para uma arquitetura IMS. Migração esta que aparentemente se justifica quando se traz a proposta de uma oferta multi­ play, agnóstica à plataforma. O objetivo de todo operador de telecomunicações é aumentar sua receita com o acréscimo de serviços aos seus clientes. E o fato de já estar conectado à casa do usuário traz para a tele a possibilidade de extrapolar a mera conectividade e passar fazer 38 Teletime abr_2012

parte da vida doméstica do cliente. As empresas de distribuição de energia elétrica também têm a mesma ambi­ ção e usarão a próxima geração de medidores inteligentes associadas às smartgrids para ofertar algo mais e competir diretamente com as empre­ sas de telecomunicações por este mercado. A questão primeira, contu­ do, é por quais os produtos o usuário estaria interessado em pagar e quem estaria mais bem posicionado para prestar tal serviço. Sobre a casa conectada, pudemos ver que estamos ainda distantes da identificação deste mercado. Há vários anos a comunidade wireless apresenta em seus maiores eventos experiências de casa conectada, mas ainda não decolou. Fica claro que a definição pode ir de uma mera oferta de cone­ xão de TV, Internet e telefonia à inclu­ são de serviços de segurança, controle de temperatura e até de eletrodomésti­ cos. Os debates evidenciaram que a definição de padrões de interconexão é fundamental para permitir o desenvol­ vimento deste mercado para a cone­ xão máquina-a-máquina. E não poderia deixar de fazer parte a discussão sobre o uso da nuvem para a conectividade, que pode impactar a forma como fazemos as coisas hoje. Uma coisa é fato: o crescimento do tráfego de dados e a necessidade de bandas cada vez maiores numa reali­ mentação contínua do crescimento das redes de acesso e backhauls, sem falar no impacto nas redes de sinalização e core, fazem com que as prestadoras de serviço tenham que manter um ritmo crescente de investimentos. A oportunidade de apresentações de alto nível e troca de ideias sobre problemas comuns ao setor foi o ponto alto do ConvergeTec. É impor­ tante ter momentos como esses para propiciar aos nossos técnicos, forne­ cedores e dirigentes de empresas, na atribulada atividade em que estão todos envolvidos, a chance de refletir sobre como construir a oferta conver­ gente do futuro.


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