Revista Tela Viva 158 - Março 2006

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 15_#158_mar2006

Exclusivo para menores Produção infantil encontra caminhos para se viabilizar nas diversas janelas de exibição

Internacional

Globo e Record disputam a audiência no mundo todo

TV digital

Após o padrão, o que falta decidir para a transição


N達o disponivel


Foto: marcelo kahn

(editorial )

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André Mermelstein

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A nova distribuição

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leitor atento perceberá uma linha unindo diferentes matérias nesta edição, e em tudo o que temos publicado. A realidade digital vem transformando os modelos de distribuição de conteúdos, o que tem impacto nos negócios de produtores, emissoras, canais e em toda a cadeia do audiovisual. Neste primeiro semestre, TELA VIVA promove alguns eventos que, em sua totalidade, cobrem os principais assuntos desta nova realidade. Começamos pelo seminário IPTV, nos dias 27 e 28 de março. Neste evento serão debatidos os desafios à entrada das teles fixas no mercado de distribuição de vídeo por suas redes de dados, e de que forma estão sendo enfrentados. Mostraremos também as possibilidades abertas a produtores e canais com uma eventual entrada destes novos e poderosos players. Em seguida, teremos o já consolidado encontro TELA VIVA MÓVEL, nos dias 9 e 10 de maio, em sua quinta edição. É o lugar certo para se descobrir como os diferentes conteúdos, sejam de vídeo, música, games ou outros, vêm ganhando espaço nos dispositivos portáteis, sobretudo nos celulares. Temas como estratégia, tendências e novos serviços são uma constante no debate. Para junho, teremos o grande lançamento do primeiro MITV - Mercado Internacional de Televisão, que acontece no âmbito do também já consagrado Fórum Brasil de Programação e Produção, em sua sétima edição. Nos dias 5 e 6, profissionais de emissoras de TV, canais por assinatura e produtores de toda a América Latina, Europa, EUA e Canadá se encontrarão em São Paulo para debater os rumos do mercado internacional e participar de um ambiente de negócios, voltado ao networking e à realização de negócios em compra e venda de conteúdos, co-produção e distribuição. Finalmente, nos dias 1º a 3 de agosto, teremos a ABTA 2006, maior evento de TV por assinatura da América Latina. Organizado pela Converge, empresa-irmã desta editora, é o marco anual onde se discutem e apresentam os principais temas do mundo da distribuição de TV, com forte presença dos principais executivos do mercado. Enfim, emoção não falta para quem acompanha este universo em transformação. Nos vemos lá.

ilustração de capa: editoria de arte/glasberg

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Ano15 _158_ mar/06

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A vez da garotada 18

cartas

Produções para crianças acham caminhos para se viabilizar

Elogios no ar Quero parabenizar a TELA VIVA pela qualidade das informações da coluna “No Ar” e de toda a revista.

scanner figuras TV digital

Filipy Parente, Núcleo de Programação - TV Nacional - Radiobrás, Brasília A união faz a força Foi com grande satisfação que li a matéria sobre a realidade das produtoras do interior (TELA VIVA 157). Maior satisfação foi descobrir que, a maioria das produtoras do interior do país vivem quase que na sua totalidade os mesmos problemas que temos na nossa região. Diante da realidade mostrada na matéria, tomarei a iniciativa de contactar proprietários de outras empresas do setor para que unidos possamos de alguma forma nos organizar e defender nosso espaço, buscando melhores condições de trabalho para o interior do país. Talvez, quem sabe, criando uma associação exclusiva de produtoras do interior. Tenham certeza que vocês contribuíram colocando o nosso ponto de vista nesta revista, que é referencia dentro do nosso meio.

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A escolha do padrão é apenas a primeira etapa para que o serviço entre em operação

internacional

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Globo e Record disputam territórios

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no ar audiência programação

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making of equipamentos

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upgrade

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HBO mantém investimentos em produção local

Nova câmera da Canon se destaca na safra de camcorders HDV

Marcelo Brito, Mira Produtora, Uberaba

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( scanner ) Fotos: divulgaçÃo

Volta às origens Na mudança anual que promove em sua programação, além da troca de praxe de programas e apresentadores, desta vez a MTV também muda um pouco seu perfil. A emissora dedicará mais espaço à música, o que agora corresponderá a cerca de 80% da grade. Também abre muito mais espaço à participação da audiência, inclusive nas pautas dos programas, dando espaço para interações feitas através do seu website. E já que 84% do seu público-alvo (dos 15 aos 29 anos) têm telefone celular, a MTV criou um programa diário, de três horas de duração, que recebe ao vivo mensagens de texto e fotos dos espectadores enviados via SMS. Outra mudança é a volta dos videoclipes. Diariamente, eles responderão por cerca de 14 horas de programação, de toda a madrugada, até as 10h, de segunda a sexta-feira. Nos finais de semana, este horário se estende até as 13h. Assim, os períodos vespertino e horário nobre ficam reservados aos programas de linha e de comportamento da MTV.

Comunicação em debate O Conselho de Comunicação Social (CCS) do Congresso Nacional aprovou a criação de uma comissão para acompanhamento do debate sobre um “marco regulatório para as comunicações”. O tema foi aprovado sem grandes polêmicas. A única discussão se deu sobre a possibilidade ou não de o próprio CCS apresentar uma proposta, o que, pelas manifestações dos conselheiros, está rechaçado, já que o conselho é apenas consultivo. Desta forma, o CCS só se manifestaria sobre projetos em discussão no Congresso, ainda que possa, desde já, iniciar audiências e debates sobre o problema. Segundo o conselheiro Roberto Wagner, autor da proposta de uma comissão para o marco regulatório, é pouco provável que o Executivo ou o Congresso façam alguma coisa nesse sentido ainda este ano. “Mas os conflitos estão se avolumando, e os problemas também. Essa discussão tem que ser iniciada o quanto antes”, afirma. O CCS também aprovou a criação de uma comissão para discutir as questões de liberdade de expressão. A idéia é que seja uma comissão que se manifeste sobre projetos que possam, de alguma forma, interferir no direito constitucional de expressão.

Dos primórdios

Exibição controlada A Agência Nacional de Cinema assinou um convênio com os exibidores para a coleta de dados sobre os filmes em cartaz e para a manutenção de um banco de dados sobre o mercado. É uma parte das atribuições da agência estabelecida na legislação que a criou. Ainda não se sabe quais dados serão públicos e quais serão reservados aos trabalhos da Ancine. Vale lembrar, a questão já foi regulamentada pela agência através da Instrução Normativa Nº 51, de 17 de fevereiro deste ano, que foi debatida em Consulta Pública em novembro de 2005. Pela IN, as empresas exibidoras estão obrigadas ao envio semanal de relatórios de exibição por dia. A própria IN determina que a Ancine poderá assinar convênios com entidades representativas do setor de exibição, a fim de facilitar o envio e leitura dos relatórios. O envio dos relatórios das empresas que aderirem aos convênios poderá ser feito na forma estipulada nesses convênios. A IN entra em vigor no dia 1º de maio de 2006.

As duas primeiras revistas de cinema brasileiras, “Cinearte”, editada no Rio de Janeiro entre 1926 e 1942, e “A Scena Muda”, em circulação de 1920 a 1950, ganharam restauração e digitalização. O projeto foi realizado pelo Museu Lasar Segall, com patrocínio da Petrobrás de R$ 420 mil, e prevê a publicação de mais de 100 mil páginas para consulta em um hotsite, a partir do dia 17 de março. As edições originais estão arquivadas na Biblioteca Jenny Klabin Segall, localizada dentro do museu.

Alegria, alegria O documentário “7 Carnavais” vai mostrar a história de sete pessoas com perfis totalmente diferentes, com um ponto em comum: a paixão pelo carnaval da Bahia. A personagem central é a cantora Daniela Mercury. Com produção prevista para 2007, o documentário da diretora Lô Politi, da Maria Bonita Filmes e da produtora Suzana Villas Boas, da Villas Boas Televisão e Cinema, começou a sair do papel no início deste ano, com uma fase de pré-produção que consiste em encontrar os personagens e determinar a logística das filmagens. “7 Carnavais” contará a história dessas sete pessoas durante uma semana no carnaval de Salvador, tanto nas festas do circuito oficial quanto no alternativo. As câmeras acompanharão cada personagem durante 24 horas por dia, sendo necessárias pelo menos dez equipes de produção para a sua realização.

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Origem nas HQ A TV Gazeta está investindo em técnicas mistas de animação para a sua próxima campanha. O comercial, criado pela agência AG407 e produzido pela Cafeu Filmes, tem como referência o estilo do filme “Sin City”, de Frank Miller, com a junção da técnica da rotoscopia (desenhos sobre imagens ao vivo, no caso, pessoas em pânico), com o 2D tradicional (Kong) e os cenários em 3D. A trilha sonora e sound design ficaram por conta da S de Samba. Além da veiculação em TV aberta e cinema, a campanha contará com anúncios em jornais e revistas, além de uma ação no prédio da TV Gazeta, e, São Paulo, onde será colocado um macaco de dez metros de altura.

Do Brasil para a ibero-américa Foi lançado no dia 13 de março, em 13 países latino-americanos, mais Portugal e Espanha, o DocTV Iberoamérica. Em cada país, o evento é promovido pela autoridade audiovisual em parceria com uma TV pública. No Brasil o DocTV IB é realizado pelo Ministério da Cultura, juntamente com a TV Paulo Alcoforado (DocTV), Mario Borgneth e Cultura e com o apoio Orlando Senna (MinC), Marcos Mendonça (TV Cultura) e Guigo Pádua (ABD) no lançamento da ABD nacional. A idéia surgiu depois da apresen- do DocTV IB. tação do governo brasileiro sobre o DocTV na reunião das autoridades audiovisuais da ibero-américa, o Caaci. A entidade gostou da idéia e abraçou o projeto de realizá-lo em caráter continental. A exemplo do que ocorre no DocTV nacional, serão selecionados projetos que receberão um prêmio para a produção de um documentário de 52’, com exibição garantida pela rede pública de televisão. No caso do DocTV IB, será selecionado apenas um projeto por país, que receberá US$ 100 mil para a realização do filme. TV privada Segundo o secretário do Audiovisual do MinC, Orlando Senna, o próximo passo do projeto, além evidentemente da ampliação do número de participantes nos próximos anos, será a integração com as TVs comerciais. Quanto a isso, o secretário adiantou que estão sendo feitos contatos e negociações, e que novidades serão anunciadas para “muito breve, talvez já em abril”, afirmou. Outro desdobramento do DocTV, além de uma futura distribuição em DVD, é a venda dos documentários no mercado internacional. Nos planos do ministério, a exploração destas janelas poderá refinanciar o projeto e até torná-lo auto-sustentável.

Só para consultórios Pelo segundo ano consecutivo, a RDigital Mixer criou e animou as personagens em 3D para o vídeo do cliente Organon, do programa “Espaço Feminino”, distribuído para 1,5 mil consultórios ginecológicos espalhados pelo país, para ser exibido nas salas de espera. O projeto, produzido pela RadarTV Mixer, chega ao terceiro ano com cinco novos programas de entretenimento, com duas horas cada. Cada personagem das vinhetas representa um produto e explica as características de uso dos métodos contraceptivos. O “Espaço Feminino” tem um formato jornalístico e é apresentado pela jornalista Laura Wie, com entrevistas, matérias, depoimentos, dicas e quadros especiais. A direção é de Edu Rajabally e a produção executiva de Marcelo Braga.

Programa de índio A Código Solar Produções lança o documentário “Karaja - o Filme”, com um diferencial: o diretor Marcelo de Paula morou durante seis meses do ano de 1991 com os índios Carajás, na aldeia Santa Isabel do Morro, localizada na Ilha do Bananal, em Tocantins. Além dos três profissionais da Código Solar envolvidos no projeto, a produtora pretende contratar o restante da equipe em cada cidade onde o filme se passa. O intuito é mostrar às comunidades locais os mecanismos de uma produção cinematográfica e formar novos profissionais da área. A produtora captou recursos junto aos municípios onde se passa o roteiro do filme, além de ter fechado uma parceria com a 360º, parceiro do Portal Terra, para a exibição de textos e fotos do projeto, e com a Rede Record, que vai acompanhar a produção do filme e realizar reportagens sobre a expedição no programa Domingo Espetacular. Para acompanhar a produção do filme na web o endereço é www.360graus.com.br/karaja. A produção acontecerá entre os meses de abril e junho, com pós-produção em agosto e setembro. O lançamento está previsto para outubro.

Retificação Diferentemente do que foi publicado na Tela Viva 157, o endereço do site da Pinnacle www.pinnacleal.com.

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( scanner ) Em franca produção

Bolinhas coloridas

Um ano após “Cabra-Cega”, Toni Venturi volta ao cinema com o documentário “Dia de Festa”. O filme, uma co-produção Brasil — França, retrata a vida de quatro mulheres líderes do MSTC e os bastidores de três ocupações no centro de São Paulo. Tudo começou quando o arquiteto franco-argentino Pablo Georgieff, que viveu um ano e meio entre os sem-teto, em São Paulo, convidou o cineasta a ingressar, com câmera na mão, nas ocupações do movimento. Venturi centrou o filme em quatro mulheres com histórias e atitude dignas de protagonistas de cinema. Eles acompanharam os preparativos de sete ocupações simultâneas realizadas em São Paulo, em outubro de 2004. A história de Neti, Silmara, Janaína e Ednalva é o assunto do documentário, que estréia nos cinemas dia 28 de abril, em São Paulo, distribuído pela Pandora Filmes. O filme foi selecionado pelo Programa Petrobras Cultural.

Criado pela Giovanni, FCB com produção da O2 Filmes e direção de Renato Rossi, o novo filme do Chamyto 1 + 1, da Nestlé, traz de volta os personagens do menino e do Gênio. As filmagens são feitas com um standing, um suporte vertical que é usado nos filmes que mesclam atores com animação para orientar o personagem real sobre qual direção ele deve olhar ou falar. Na edição final, o Gênio entra no lugar do standing. No filme, o Gênio e o menino estão em uma aparente disputa de tiro ao alvo. O garoto, com um estilingue gigante nas mãos, tenta acertar um caramelo em um pote de Chamyto 1 + 1. A câmera mostra o caramelo de perto, revelando as bolinhas coloridas do doce. O locutor em off informa: “Chegou o novo Chamyto 1+1, agora também com bolinhas coloridas sabor caramelo”.

Campanha internacional Para o lançamento do produto Protex Própolis, a Colgate escolheu o diretor Willy Biondani, da Bossa Nova Films. A fotografia do filme é de Walter Carvalho. O projeto partiu da agência Y&R do Panamá, com produção da filial brasileira e coordenação de Nova York. O resultado são três versões, para os mercados brasileiro, uruguaio e paraguaio.

Uma dúzia

A Cine completou 12 anos e com a festa vieram novos desafios. Com mais de 1,3 mil filmes publicitários realizados, a produtora entra agora no mercado internacional com a produção dos filmes para o Rock in Rio Lisboa. O carro-chefe da campanha é o filme “Tambores”, que tem como cenário cartões postais de Portugal. Assinado pela Digital 21, braço da Cine para feitos especiais, o filme foi criado pela Artplan e tem direção de Rodolfo Patrocínio. Além desse, foram criados três programates com informações sobre a compra de ingressos, o caminho para a “cidade do rock” e outros. A produtora trabalha também em um

comercial para a British Petroleum, patrocinadora do evento musical, que será produzido no Brasil e veiculado na Europa. Seguindo a proposta de expansão internacional, a Cine abriu uma filial em Milão, na Itália, e representações em Paris, Madri e Miami. Serviços móveis A Digital 21 prepara-se para lançar os produtos desenvolvidos durante o último ano pelo seu departamento para telefonia móvel, a Digital Mobile. São trabalhos na área de entretenimento, security mobile e serviços bancários. Entre eles estão jogos; a série “Gastro Show”, com episódios de curta duração sobre

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culinária; serviços de mobile banking para três bancos diferentes e um produto relacionado à segurança, voltado para o monitoramento de casas através do celular. Criada no final de 2004, a divisão para dispositivos móveis da Digital 21 recebeu investimentos de cerca de R$ 200 mil em equipe e R$ 700 mil em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento de conteúdo. “Nossas criações são feitas tanto para CDMA quanto para GSM. Como não nos associamos a nenhuma empresa, criamos um departamento exclusivo para gerar a tecnologia necessária e o conteúdo”, diz Rodolfo Patrocínio, diretor geral da Digital 21.

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(figuras)

Cineasta de quebrada Foto: marcelo kahn

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á pouco mais de três anos, Éder Augusto tinha dois empregos, fazia cursinho e pensava em prestar vestibular para artes cênicas, publicidade ou ciências sociais. Nem passava pela sua cabeça que um dia fosse trabalhar com audiovisual. Mas hoje ele dirige um núcleo de produção e difusão no bairro onde mora, a Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, é diretor de vídeos, editor, faz câmera e dá aulas de fotografia. A virada aconteceu em 2003, quando Vanice Deise, na época sua namorada, viu uma faixa que anunciava a realização das Oficinas Kinoforum no bairro. Ela se inscreveu, foi selecionada e pediu que Éder a acompanhasse à primeira aula. Ele foi e descobriu o que gostava de fazer. O Christian Saghaard estava dando aula e perguntou se tinha alguém que não estava inscrito e queria ficar. Daí ele pediu pra gente escrever um argumento de um vídeo. Não entendi nada, até que ele falou que era a idéia de uma história. Mas na oficina a gente viu muito filme surrealista e do cinema marginal. Daí perdemos o compromisso com a realidade, ficou tudo mais fácil. O grupo produziu o vídeo “Cão de Fogo”, um dos destaques da

ÉDER AUGUSTO o segundo módulo das Oficinas, temático, e Éder optou por direção e roteiro. As aulas eram de quinta a domingo, durante um mês. Eu trabalhava de madrugada num serviço de telemarketing da Prefeitura, ia direto pras Oficinas, voltava pra casa, dormia duas ou três horas e ia trabalhar. Não agüentei. Acabei faltando duas vezes e também fui mandado embora. Aí bateu um desespero, porque para quem mora onde eu moro, a filosofia do imediato é muito forte. Antes de acabar o segundo

A PARTICIPAÇÃO EM OFICINAS DE VÍDEO LEVOU ÉDER AO DESEMPREGO: FOI DEMITIDO DO McDONALD’S POR FALTAR DEMAIS. programação das Oficinas até hoje. A participação na Oficina lhe valeu sua primeira demissão. Era treinador do McDonald’s e abusou das faltas para assistir as aulas no fim de semana. Em seguida vieram as inscrições para

módulo, a diretora da Associação Cultural Kinoforum, Zita Carvalhosa, que promove as Oficinas e o Festival Internacional de Curtas de São Paulo, anunciou que precisava de monitores para o Festival. Pelo menos era um 12

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trabalho e eu ia estar perto das pessoas que fazem filme, então topei na hora. Na seqüência, trabalhou na Mostra de São Paulo e depois começou a fazer assistência para a diretora Moira Toledo, que tinha sido sua professora nas Oficinas. Foi chamado então para fazer assistência de direção no curta “Isabel e o Cachorro Flautista”, de Christian Saghaard, e para ser monitor dos novos alunos das Oficinas. Daí não parou mais. Agora se divide entre a militância política para a viabilização de projetos culturais na periferia de São Paulo, trabalhos em produtoras e oficinas e faz curadoria para mostras de vídeos da periferia. O trabalho no atendimento de serviços do município serviu de inspiração para seus primeiros roteiros. Queria falar de desemprego, da falta de suporte da Prefeitura, que dá dinheiro pras pessoas mas não dá a menor atenção. A preocupação social está presente em seus vídeos, sempre com uma pitada de bom humor. Vencedor de um dos projetos de Valorização de Iniciativas Culturais da Prefeitura de São Paulo no ano passado, Éder estruturou com Vanice, sua amiga até hoje, o Núcleo Arroz, Feijão, Cinema e Vídeo, que dá suporte à produção e pretende se transformar num pólo de difusão do audiovisual na periferia. Do trabalho político, em parceria com a ABD-SP, Éder ajudou a fundar o Fórum Cinema de Quebrada, um coletivo de iniciativas de produção audiovisual em bairros da periferia. Ano passado a gente conseguiu fazer uma mostra desses trabalhos no Centro Cultural São Paulo, mas agora queremos levar isso pros lugares dos núcleos.


Fotos: divulgação

Time ampliado

Foto: arquivo

A Cinéma Produções conta com um reforço no seu time de diretores para publicidade. Foram contratados para a casa Jorge Solari e Maurício Lanzara (foto), este último como diretor exclusivo da produtora. Solari vem da Pizza Mixer, onde dirigia filmes das Casas Bahia, além de outros clientes. Lanzara, diretor do premiado curta “Eminente Luna”, vem da Cinema Centro. Os dois diretores juntam-se ao time formado ainda por Amílcar Oliveira, Flavio Rossi e Reinaldo Tragoni.

Casa e atendimento novos A 5.6 Filmes, que já foi uma das maiores produtoras publicitárias de São Paulo, está investindo na retomada de suas atividades com todo o fôlego. Além de inaugurar um novo prédio em Alphaville, a produtora também contratou Beto Galera (foto) para o cargo de diretor de atendimento, com o objetivo de tornar a empresa mais competitiva no mercado brasileiro.

Nova diretoria

Mudanças

A Fox tem uma nova diretoria no Brasil, voltada exclusivamente para assuntos de produção e programação. A responsável será Katia Murgel (foto), que respondia pela relação com afiliadas. Seu cargo será ocupado por Marcio Fonseca, que vem da Neo TV. Segundo Katia, sua função será gerenciar toda a atividade de produção do canal, inclusive no que se refere à aplicação dos recursos viabilizados pelo Artigo 39 da MP da Ancine. Cuidará também da grade do canal, procurando customizá-la e adequá-la ao público brasileiro.

Após seis anos no cargo, Marcelo Milliet (foto) não é mais CEO da Traffic Marketing Esportivo. O executivo deixou a empresa no final de fevereiro. Em seu lugar, assumiu Julio Mariz, que já atuara anteriormente na empresa, onde foi presidente da Traffic Sports USA, e também responsável pelas iniciativas relativas a futebol da Traffic no Brasil.

Scalice na Estação 8 A Estação 8 recebe Marcelo Scalice (foto) como diretor do recém-criado departamento de planejamento comercial. O publicitário tem experiência no meio, tendo dirigido contas em agências como Eugenio DDB (Cyrela, Rossi, Tecnisa), Lodduca (HSBC Brasil e Global Village Telecom) e Talent (Intelig Telecomunicações). Na Young & Rubicam, supervisionou o atendimento de contas como Elma Chips, Ford e Gradiente. Seu último trabalho foi na Agência 3, onde era responsável pelo núcleo imobiliário (Gafisa, RJZ/Cyrela, entre outras). O novo diretor chega à Estação 8 para fortalecer a área comercial, ampliar a base de clientes da produtora e contribuir, com o seu know-how em atendimento, planejamento estratégico e CRM. T el a

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( TV digital)

Samuel Possebon

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A primeira de muitas etapas

Com a escolha do padrão tecnológico a TV digital no Brasil viverá ao menos mais duas etapas críticas: a definição das regras de transição e um debate sobre o modelo de exploração.

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o fechamento desta edição, na primeira semana de março, a decisão final sobre o padrão de TV digital que seria adotado no Brasil não estava 100% tomada, mas as chances eram de 95% para o padrão japonês, ISDB-T. A despeito da pressão do Congresso, das entidades de sociedade civil, do poderoso lobby das empresas de telecomunicações, o governo decidiu adotar a tecnologia que mais garantia a manutenção e o aprimoramento do modelo de negócios das empresas de radiodifusão. A chance de reversão deste quadro dependia de algum fornecedor se dispor, efetivamente, a implementar uma planta de semicondutores no Brasil com condições de agregar não apenas a fábrica de encapsulamento mas também toda a estrutura para o desenvolvimento de tecnologia. Até o fechamento desta edição, tanto os fornecedores ligados ao ISDB quanto os ligados ao padrão europeu DVB prometiam apenas “estudar” essa possibilidade. Decisão tomada, algumas questões entram imediatamente na agenda: as regras para a transição e, posteriormente, novas propostas de modelos de exploração. A questão da transição é mais crítica, porque é aí que estão as condições para que as emissoras de TV comecem a se digitalizar. Os radiodifusores esperam que estas regras sejam publicadas ainda no primeiro semestre. Fernando Bittencourt, diretor de tecnologia da TV Globo, por exemplo, entende que as regras de transição devam vir com os seguintes balizadores: 1) como cada emissora utilizará o canal; 2) quais os

cronogramas para o início das transmissões nas diversas regiões; 3) quais as obrigações de programas em HDTV; 4) os cronogramas para encerramento das transmissões analógicas; e 5) especificação mínima para os produtos de consumo (aparelhos de TV e set-top boxes, por exemplo). Se quiserem se respaldar contra eventuais contestações do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União, as regras de transição deverão ser mais amplas, e não podem deixar de contemplar questões como: 1) quem estará habilitado para receber o canal de 6 MHz para a transição (se serão todas as emissoras ou apenas as geradoras); 2) Como será ajustado o Decreto-lei 236/67, que coloca limites ao número de “estações” de TV que cada emissora pode ter; 3) o que se fará 14

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com o espectro ocioso no caso das emissoras que não transmitam em alta definição ou multiprogramação; 4) quais as obrigações das empresas de TV paga, especialmente TV a cabo, que hoje por lei são obrigadas a levar os sinais das geradoras de TV aberta gratuitamente; 5) as condições e garantias para a indústria como, por exemplo, isenção de imposto de importação, se for o caso, e obrigações de adaptação dos televisores para a realidade digital; e, 6) as conseqüências em caso de descumprimento das regras de transição. Essas são, segundo analistas ouvidos por este noticiário, as condições mínimas necessárias para


Disputa de mercados Basicamente, as empresas de telecomunicações não querem ver as emissoras de TV distribuindo, gratuitamente, conteúdos audiovisuais para aparelhos móveis. Isso porque, na visão das teles, este tipo de conteúdo é exatamente o que pode ser cobrado. Para empresas de celular, por exemplo, não interessa que um telejornal, um programa esportivo ou um “gameshow” cheguem gratuitamente ao aparelho de celular, porque isso desestimularia as pessoas a pagarem por outros conteúdos que não fossem produzidos pelas emissoras de TV. Um exemplo claro é o que vai acontecer na próxima Copa do Mundo. A Vivo conseguiu os direitos sobre os melhores lances do mundial da Alemanha para serem exibidos no celular. Imagine-se que a Globo, que vai transmitir a Copa, já pudesse ser captada por todos os aparelhos celulares, gratuitamente. A Vivo teria no mínimo um pouco mais de dificuldade de convencer seus clientes a pagarem pelos gols, e teria que agregar algum diferencial àquele conteúdo para fazer frente à gratuidade. Seria uma situação equivalente à que vive a TV paga no Brasil, que enfrenta dificuldades de crescimento em boa parte por conta da concorrência da TV aberta. Vale lembrar que a própria Globo, que controlava as maiores operadoras de TV a cabo e DTH no Brasil, chegou a ter como slogan, no final dos anos 90, a frase “Quem tem Globo tem tudo”, em um claro posicionamento de oposição à TV segmentada. No outro lado da moeda, as

emissoras de televisão não querem deixar às novas plataformas. Para ele, se que esse mercado móvel fique na mão o que se pretende ter é uma TV das empresas de telecomunicações. digital, universal e grátis, fixa e móvel, Primeiro, porque abririam o flanco para provavelmente as emissoras terão a concorrência das teles na disputa por multiprogramação, terão de gastar direitos e conteúdos. Depois, porque a mais em programação sem retorno audiência seria erodida por mais uma de investimento. “Estamos falando mídia, como já aconteceu com a Internet, e de um investimento de bilhões de haveria ainda a possibilidade de briga pelo dólares. Estou vendo aumentar custos mercado publicitário. E, principalmente, e não vejo aumentar a receita. Uma porque deixar as teles com o controle alternativa de retorno poderia ser com sobre as transmissões móveis obrigaria interatividade, com maior penetração as emissoras de TV a terem que pagar de TV paga, mas é preciso um modelo um pedágio para serem distribuídas aos que se consiga fazer o casamento da celulares e terminais portáteis. Daí a briga cadeia de valor como um todo”, diz. entre a defesa incondicional do ISDB, por A pressão das empresas de parte das emissoras, e da defesa do DVB, telecom tem o apoio das empresas por parte das teles. Como a solução de fornecedoras européias, que hoje mobilidade do DVB está baseada no DVBsão responsáveis por expressivos H, que opera fora da faixa investimentos em de 6 MHz usada para a fábricas no Brasil transmissão do sinal de TV para a produção de fixa, as teles poderiam mais celulares, que têm facilmente entrar nesse um peso importante mercado. No caso nas exportações. do ISDB, as transmissões A Nokia, por móveis se dão exemplo, detentora necessariamente dentro da maior fatia de da faixa de 6 MHz, o celulares vendidos que garante às emissoras no Brasil e no mundo, independência em diz abertamente relação às teles. que não pretende Fernando Bittencourt, produzir handsets da TV Globo, diz que a com o chip de “Não há espaço no argumentação das teles recepção dos sinais espectro para uma transé um sofisma, já que ISDB porque está missão móvel fora da não haveria espaço no comprometida, banda” espectro para que se mundialmente, abrissem canais dedicados Fernando Bittencourt, com o DVB-H, da TV Globo exclusivamente às padrão europeu de transmissões móveis. “Não transmissão móvel. há espectro disponível, seria um custo É uma disputa, entretanto, que pode adicional mudar no futuro. É evidente que as para as empresas e, além disto, a cobertura empresas de celular, caso percam seria pior. Esta é uma discussão induzida mesmo a disputa para impor o DVB, por alguns e apoiada por empresas vão trabalhar para ganhar dinheiro de telecomunicações, que querem no Brasil, ainda que isso inclua colocar aproveitar o sofisma da transmissão um chip no celular que permita ao ‘fora da banda’ para garantir a elas as cidadão receber de forma móvel o transmissões móveis e portáteis”. sinal digital da novela das oito, de Já André Bianchi, diretor de novos graça. Mas depois precisarão ouvir negócios da Telemar, tem uma visão os protestos das operadoras de diferente do problema. Para ele, a entrada telecomunicações. das teles na distribuição de conteúdo é A adoção do padrão japonês necessária para dar viabilidade econômica não impede, de imediato, as teles FotoS: arquivo

o processo de transição, que deverá levar mais de uma década, mas que não pode acontecer de forma desregrada. Não se está falando na tal revisão do modelo, que é um assunto mais complexo e que foi o grande pano de fundo da briga entre os lobbies da radiodifusão e das empresas de telecomunicações na reta final da decisão.

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( TV digital) de explorarem a outros parceiros de os fornecedores consigam viabilizar o mercado de distribuição ou mesmo escala comercial para equipamentos distribuição de para ter a entrada de com essa característica. Espera-se, televisão. Elas novos competidores assim, testes pelo Brasil e algumas poderão fazê-lo no mercado sob o seu outras formas de demonstrar a pela própria rede acompanhamento direto. tecnologia, mas dificilmente haverá de celular, como É claro que em uma aparelhos digitais para serem acontece atualmente eventual discussão sobre comprados nas lojas ainda este ano. (mas aí existe uma mudanças no modelo da A razão pela qual as emissoras grande limitação televisão, o Congresso de TV não abrem mão do MPEG-4 de capacidade), ou Nacional será a arena, o também é estratégica e também poderão pressionar que joga o cronograma passa pela disputa com as teles: o governo para que apenas para 2007, na elas precisam de qualidade de considere a abertura melhor das hipóteses, já imagem. Pelo menos nas avaliações de alguns canais que este ano as atividades dos radiodifusores brasileiros, as “A interatividade é uma de 6 MHz para um se encerram no transmissões em MPEG-2 não dão a alternativa de receita para operador de rede primeiro semestre. alta definição com qualidade móvel, função para a cobrir os novos custos.” Com tudo isso, plena para imagens complexas, André Bianchi, da Telemar qual as teles seriam fica a questão: afinal, como jogos de futebol, candidatas naturais. conseguirá o governo automobilismo ou transmissões Mas isso implica uma colocar o serviço de TV de grandes eventos, como mudança de modelo: é preciso digital comercialmente no ar no dia 7 Carnaval e shows. Com o MPEGque a legislação permita que uma de setembro, como imaginou o ministro 4 as emissoras conseguiriam a empresa apenas distribua sinais Hélio Costa? Os próprios radiodifusores qualidade que desejam. Além do de televisão de terceiros e seja acham muito difícil que isso aconteça ganho de qualidade, a estratégia remunerada por isso. em escala comercial, por uma razão das emissoras ao colocar a imagem simples: a TV digital no Brasil incorporará, com a maior definição possível Congresso pela vontade das próprias emissoras, a é evitar ociosidade de espectro. A questão do operador de rede, tecnologia de compressão baseada em Assim, usando uma taxa de aliás, promete ser o grande debate MPEG-4 desde o seu primeiro momento transmissão de 15 Mbps em MPEGque sobrará para uma discussão de transmissão, e é pouco provável que 4, elas terão altíssima definição e mais ampla do modelo. Não estamos Com tudo o que falta resolver, é improvável falando em regras de transição, mas sim em mudanças mais profundas, que se cumpra a promessa de inaugurar que necessariamente passarão a TV digital até o dia 7 de setembro. pelo ajuste de algumas leis e, eventualmente, até na Constituição. não seriam acusadas de estarem A idéia é que se otimize o uso do deixando a maior parte da banda espectro permitindo a apenas uma ociosa, já que o espectro de 6 empresa explorar a distribuição da MHz permite transmissões de até TV aberta, alocando espaço na rede 19 Mbps. É o que aconteceria se para os produtores de conteúdo. elas transmitissem sinais em alta Seria esse o canal, por exemplo, para definição a apenas 8 Mbps com que emissoras públicas, produtores MPEG-4, como se chegou a trabalhar independentes, novos players com dentro do próprio governo como menor poder econômico e mesmo a forma de otimizar o espectro. grande massa de afiliadas das atuais Definida a questão da redes de TV (que não têm condições tecnologia, não haverá como não de financiar a construção de uma se entrar no debate de uma série de rede digital) possam migrar para questões diretamente relacionadas a nova tecnologia. Há até quem com a exploração do mercado de diga que a própria Globo pense na televisão. Estes parecem ser os hipótese de se tornar, em algumas próximos capítulos da novela da regiões, uma operadora de rede, para TV digital no Brasil, que ainda impedir que seus afiliados se aliem está longe de terminar. 16

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Daniele Frederico*

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Grandes produções para os pequenos

Graças à TV pública, ao cinema, ao DVD e ao mercado internacional, a produção de programas infantis encontra caminhos para se viabilizar. quase US$ 90 mil por episódio de uma série como a da TVE. Segundo a diretora geral da TVE, Rosa Crescente, uma produção dessas se viabiliza melhor na TV pública que na comercial, porque na educativa há uma tradição de reprisar mais os programasl. Assim, contando-se o número total de exibições, o custo acaba não sendo tão alto.

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azer TV para criança no Brasil é uma profissão de fé. O mercado é restrito e sofre a forte concorrência das séries e desenhos enlatados, que chegam ao país a preços muito baixos. Mas aos poucos esta realidade está mudando. Encontrando nichos na TV aberta, TV por assinatura, cinema, DVD e no mercado internacional, emissoras e produtoras vão à luta e mostram que investir no público infantil pode valer muito a pena. A grande novidade do ano é o lançamento da série “Um Menino Muito Maluquinho”, produção da TVE baseada no livro de Ziraldo, que estreou no dia 19 de março. A série é a principal realização da atual gestão da emissora, e foi orçada em aproximadamente R$ 5 milhões, um valor alto para produções infantis no Brasil.

Os custos foram repartidos em partes iguais pela Petrobras, Ministério da Cultura, Ministério da Educação e a própria TVE. O evento de lançamento teve várias manifestações de autoridades e profis­ sionais da área em defesa da programação infantil de qualidade, como a do ministro interino da Educação, Jairo Jorge, que disse que a TV pública, ao investir neste tipo de conteúdo, contrapõe-se à corrente atual de programação apelativa da TV comercial. Mas “Maluquinho” é a exceção que confirma a regra: no geral, as emissoras abertas investem pouco ou nada em produção infantil de qualidade, limitandose a comprar enlatados do exterior e empacotá-los em blocos, produzindo no Brasil apenas as “cabeças”, a apresentação dos programas. A razão para isso é essencialmente o custo, já que um episódio de uma série importada pode custar em média entre US$ 1 mil e US$ 2 mil, contra 18

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Distribuição nacional “Maluquinho” será exibido em todo o País, pela rede de afiliadas da TVE, pelo satélite e pela TV Escola. O programa também será exibido, em outros horários, por emissoras da Rede Pública de Televisão, como a TV Cultura, de São Paulo. Segundo Rosa Crescente, há uma grande possibilidade de exibição também em emissoras educativas de outros países da América Latina, como o Chile, que já se mostraram interessadas. Ela conta também que a emissora tem projetos de fazer mais dois ou três programas infantis originais, embora não com as mesmas dimensões. Um deles será uma reunião de clipes vindos do projeto Items Exchange, pelo qual TVs educativas de todo o mundo trocam programetes de até sete minutos, com temas e técnicas variados. A produção teve um grande cuidado com a qualidade, contando com uma equipe experiente tanto em roteiro e direção, a cargo de Anna Muylaert (“Castelo Ra-Tim-Bum”, “Durval Discos”) e César Rodrigues (“Laços de Família”, “Filhos do Carnaval”), respectivamente, quanto na fotografia, som e pósprodução. “Demos tratamento de cinema”, conta Rosa.


Novos episódios As emissoras públicas e educativas continuam sendo as principais apoiadoras da produção infantil nacional. A TV Cultura, que desde 2002 não produzia novos programas para crianças, retomou a produção em meados de 2005 e não parou desde então. No final de 2004 foi lançada a TV Rá-Tim-Bum, canal de TV por assinatura da Fundação Padre Anchieta, que destinou a sua verba exclu­sivamente à produção de novos programas, que são exibidos primeiro no cabo e, após uma janela de três a

fotoS: divulgação

A concepção da série também teve participação de Cao Hamburguer, além do próprio Ziraldo e da equipe da TVE. A trilha é de Antônio Pinto, de “Central do Brasil” e do longa “O Menino Maluquinho”. As histórias usam recursos de animação, criados pela 2D Lab, para reforçar a narrativa. A fotografia é de Nonato Estrela. Também houve um grande cuidado na escolha dos temas e no roteiro, que, sem ser moralista, buscou temas do cotidiano das crianças (e pais). “Não é para debater nada, apenas retratar o dia-a-dia de uma família afetuosa e mostrar como se pode ser uma pessoa feliz”, conta o diretor César Rodrigues. A série retrata três fases da vida do menino e sua família: com cinco anos de idade, com dez e com 30 anos. O personagem adulto, representado por Fernando Alves Pinto, não tem histórias próprias, mas funciona como um narrador. E os temas são tirados diretamente do dia-a-dia dos pequenos, como o primeiro dia de aula, o aniversário, a bagunça ou o ciúme do irmãozinho. “Para fazer TV para a criança, tem que pensar nela. Não adianta se basear em modismos, os assuntos têm que vir da vida deles”, conta Anna Muylaert, que contou com a “supervisão” do filho de dez anos para o roteiro.

Ziraldo, Rosa Crescente, Anna Muylaerte e César Rodrigues no lançamento de “Um Menino Muito Maluquinho”: no geral, emissoras comerciais investem pouco em produção infantil de qualidade, devido ao seu alto custo.

seis meses, na Cultura. Com a entrada de verba publicitária do canal, programas como o “Cocoricó”, um dos maiores sucessos da emissora, garantiram a sua renovação anual. “O ‘Cocoricó’ era feito sem a garantia de ter uma próxima temporada”, disse Mauro Garcia, diretor de programação da TV Cultura. Com o patrocínio da Nestlé, a emissora conseguiu garantir a produção da série em 2005 e 2006. O executivo diz ainda que o processo se torna mais fácil quando o ritmo de produção permite emendar o final de uma temporada na outra. “Com organização e patrocínio, não precisamos desmobilizar a equipe, desmontar os cenários e temos tempo de criar novos personagens, roteiros e músicas”, afirma. Além de “Cocoricó”, outras produções do canal recebem episódios novos, entre eles o “Glub-Glub”, programa criado nos anos 90 e que ganhou uma releitura. Do antigo formato restaram apenas os atores. Mauro Garcia explica que agora os cenários serão feitos em computação gráfica. Os roteiros também passaram por uma releitura, e os desenhos deram lugar a

minidocumentários sobre o fundo do mar, produzidos pela Canal Azul. A produção da TV Rá-Tim-Bum superou a expectativa inicial da TV Cultura. “O plano era usar séries do acervo durante os primeiros oito meses do canal, ou seja, até agosto. No entanto, acabamos lançando programas novos durante esse período”, explica Garcia. Entre os lançamentos estão “Zum zum zum”, atração que apresenta curtas metragens; “Ta na Hora”, programa de videoclipes que tem como apresen­ tador um cachorro; “Agendinha”, agenda cultural infantil; “Baú de Histórias”, interpretações de dois atores de hist­órias clássicas e folclóricas; “Sua Língua”, série do professor Pasquale para crianças; o novo “GlubGlub”; e “Qual é Bicho”, atração com curiosidades sobre animais. Destes, apenas “Qual é Bicho” e “Sua Língua” não estão em fase de produção de novos episódios. O “Cocoricó” temporada 2006 está sendo finalizado, e a emissora se pre­ para para o início da temporada 2007, que já tem patrocínio da Nestlé. Além dos programas já aprovados pelo público, a verba estimada pela TV Cultura para a produção de programação infantil este ano, de cerca de R$ 3,5 milhões, também prevê o lançamento de novas séries como “Os Brasilianos”, na qual um casal de índios e um de bandeirantes vão

“Um Menino Muito Maluquinho”: série da TVE foi orçada em aproximadamente R$ 5 milhões.

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( capa ) mostrar diferentes visões do Brasil e personagens típicos brasileiros. A produção está no início e conta com processos de manipulação de personagens e cenários em computação gráfica. A emissora lançou também um núcleo de animação, para a co-pro­ dução com produtoras independentes. Segundo Garcia, a TV está recebendo novos equipamentos e já há profissionais mobilizados para definir qual deve ser o modelo de negócios do novo núcleo. “Acredito que esse vá ser o elo para aumentar a produção de animação brasileira”, defende. O primeiro projeto do núcleo deve ser a animação “Na Terra das Letrinhas”.

“Com organização e patrocínio, conseguimos manter o ritmo de produção” Mauro Garcia, da TV Cultura

necessidade de insistir na abertura das TVs brasileiras à produção independente infantil. “Temos que trabalhar para que o mercado nacional se abra para a animação. Além disso, os custos para partir para o mercado internacional são muito altos”, diz. A Glaz também tem um curta metragem, chamado “O Veado e a Onça”, para a TVE, e duas séries de animação em produção. Segundo Mayra, “Zorbo Robo Circus” tem uma proposta inédita: a série educativa, voltada para crianças na idade pré-escolar, tem como objetivo a educação por meio de símbolos. A série, de 52 episódios de 7 minu­ tos cada, mostra um menino que foge com um circo espacial de robôs, que não compre­ endem o que é ser humano. “Tudo será explicado por meio de símbolos, sem fala. Os computadores são cheio de ícones, daí a necessidade de que essa educação aconteça desde a pré-escola”, diz a produtora. Também está em produção a série da turma “BugiGangue”, destinada ao público de 7 a 11 anos, que existe desde 96, em formato de história em quadrinhos, e agora ganha um projeto de 26 episódios de 13 minutos cada. Essa série já tem um projeto de longametragem “BugiGangue no Espaço”, cujo roteiro está em desenvolvimento. Além desses, há dois outros projetos de longa-

Produtoras se arriscam Nem só as emissoras são responsáveis por movimentar a produção infantil. Projetos independentes tomam forma nas produtoras, como a série de animação “Historietas Assombradas (para Crianças Mal-Criadas)”, realizada pela Glaz. O projeto recebeu um prêmio no concurso Curta Criança e os produtores optaram por adicionar três minutos ao filme e inscrevê-lo no circuito de festivais, para aumentar a sua visibilidade. “O curta foi exibido em vários festivais e recebeu prêmios, o que foi importante para nos mostrar a reação do público diante da produção”, diz Mayra Lucas, da Glaz. O curta também é um dos finalistas do Prix Jeunesse, um dos principais prêmios para produção infantil. A série, com 26 episódios de 13 minutos, foi orçada em R$ 2 milhões e está sendo apresentada às emissoras brasileiras, com as quais a produtora busca uma parceria para a co-produção. Mayra defende a “Historietas Assombradas (para Crianças Mal-Criadas)” e “BugiGangue”, da Glaz: produtora acredita em parcerias nacionais.

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metragem de animação em andamento na produtora, “As Aventuras do Avião Vermelho” e “Minhocas”. Mayra diz ainda que o espaço para a veiculação da produção infantil no Brasil existe, ao contrário do que algumas produtoras imaginam. “É preciso que os produtores independentes se voltem para esse nicho de mercado, pois ele pode ser muito lucrativo”, conclui. Mercado internacional Ao contrário da Glaz, que tem colocado os seus esforços na coprodução com emissoras nacionais, a TV PinGuim descobriu no mercado internacional um importante espaço para as suas produções. A produtora foi a única brasileira selecionada para a sessão “Pitch it” do Kidscreen Summit 2006, realizado em fevereiro em Nova York. Ali apresentou o projeto da animação “Magnitka”, série voltada a meninas de 6 a 10 anos, com 26 episódios de 11 minutos de duração. A experiência anterior da TV PinGuim no exterior foi positiva, com a animação em 2D digital, “Peixonauta”, ou “Fishtronaut”, em inglês, série de 52 episódios de 11 minutos. Um acordo de co-produção da série foi fechado com a Nelvana, estúdio de animação canadense. O projeto foi orçado em aproximadamente US$ 4,8 milhões, e a produção deve ser iniciada em outubro. Além desses, a TV PinGuim negocia lá fora animações já exibidas no Brasil, como “Rita” e “De Onde Vem?”, transmitidas no Brasil pela TV Cultura, e “Entre Pais e Filhos”, veiculada no Canal Futura. Kiko Mistrorigo, diretor da TV PinGuim, diz que desde 2004, quando começou as suas investidas no exterior, o crescimento da produtora foi de cerca de 30%. Ele acredita que as produções da TV PinGuim têm tido uma abertura no exterior que não têm aqui, possivelmente pela forma como o mercado está disposto. “Lá fora existe

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( capa ) “Magnitka”, da TV PinGuim e “Sapo Xulé”, da Cinema Animadores: produtoras encontram no exterior oportunidades que não tiveram no Brasil.

espaço para mostrar os trabalhos e um mercado organizado, onde os canais deixam claro o que procuram e estão dispostos a conhecer gente nova”, afirma. Ao contrário de Mayra, da Glaz, ele acredita que não há espaço para a veiculação no Brasil, pois são poucos os canais que dedicam parte de sua grade há produção independente nacional. “É mais barato comprar uma série fora do que coproduzir aqui”, diz. Outra produtora que tem mantido contato freqüente com o mercado internacional é a Cinema Animadores, que busca parceiros para a co-produção de um longa-metragem e duas séries de animação. A diretora Silvia Prado afirma que após a participação da produtora no Festival Internacional de Animação de Ottawa, no Canadá, as conversas se intensificaram e

quedo e game, impulsionando o relança­mento do produto, que já foi produzido pela Estrela e pela Tec-Toy. A Cinema Animadores também produz uma série para o público de seis a oito anos, que abordará o tema das profissões, além do longa-metragem “Indiozinho Sem Nome”, animação ambientada na floresta amazônica. Segundo Silvia, o projeto ainda

o potencial da mídia, transformandose no DVD de televisão mais vendido no Brasil em 2005, perdendo na conta geral apenas para o longa “Os Incríveis”. A produtora Pródigo também utiliza o home video para distribuir a série “Bebê Mais”, produzida desde 2001, antes em formato VHS e agora em DVD. A série é feita para bebês de até três anos, com o intuito de divertir de maneira educativa. Com seis títulos lançados, um em produção, e mais de 100 mil cópias vendidas, a “Bebê Mais” prepara-se para ser comercializada internacionalmente. A Pródigo fez uma parceria com a Paramount Home Entertainment, em 2006, para a distribuição da série. A investida internacional terá início pelos países da América Latina.

com a concorrência dos enlatados na tv, a produção local busca novos mercados e janelas para se viabilizar. foram fechadas diversas “intenções” de parceria com as produtoras canadenses. “Estamos adotando um software canadense, o Toon Soon, como método de preparação para trabalhar com eles”, diz. Uma das séries para a qual a Cinema Animadores busca parceiros é baseada em um famoso brinquedo dos anos 80, o “Sapo Xulé”. A primeira temporada, com 13 episódios de 22 minutos, foi orçada em R$ 3,9 milhões, e a possibilidade de co-produção está sendo considerada por uma emissora educativa canadense. Além da série feita em animação cut out e 2D, também está sendo formatado um jogo para celular com o personagem. Com a iniciativa, a produtora caminha no sentido contrário da maioria dos programas infan­tis, que após o sucesso lançam produtos relacionados à atração. No caso do “Sapo Xulé”, a idéia é fazer uma série baseada em um personagem já licenciado como brin­

não tem parceiro para a co-produção, mas já existe uma emissora interessada em transformá-lo em telefilme. “O foco desse projeto é o telefilme e o DVD. Se possível partiremos para o cinema”, diz Silvia. “Toda a nossa força de trabalho está nesse nicho de séries e longas no momento”.

foto: ADRIANA ELIAS

DVD Os programas infantis contam com uma importante ferramenta de distribuição: o home video. O “Cocoricó” da TV Cultura pôde comprovar

O “Glub-Glub”, da TV Rá-Tim-Bum, foi reformulado e ganhou minidocumentários sobre o fundo do mar.

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“Além disso já estamos explorando o mercado ‘rental’ no Brasil”, diz Francesco Civita, da Pródigo. Para o futuro, Civita vê a possibilidade de colocar a série de forma diferente na televisão. Segundo o produtor, o conteúdo do DVD (um filme de 35 a 40 minutos, mais extras) teria de ser “quebrado” em pequenos breaks, já que os bebês não têm horário definido para assistir à televisão. “Esse formato para a TV poderia funcionar como um teaser, para o reconhecimento da marca e dos personagens, chamando a atenção para o DVD”, conta. A empresa Bebê Mais, que utiliza a produção da Pródigo, também tem mostrado aos produtores interesse em realizar uma série para crianças de três a sete anos. Além desse projeto, a Pródigo deu início a um projeto de longa metragem de animação, que deve sair do papel em 2007. * Colaborou André Mermelstein


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(internacional)

Edianez Parente

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A presença das redes Países onde a Globo e a Record têm assinantes

Globo e Record querem o mundo Enquanto o grupo do Jardim Botânico inova ao assumir uma operação de DTH na Europa, a emissora ligada à Igreja Universal distribui seu sinal de graça em muitos países.

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e no cenário nacional a Record tira pouco a pouco pontos de audiência das outras redes para em muitos períodos assumir o segundo lugar, no cenário internacional a emissora pretende ter muitos mais telespectadores do que a própria Globo TV Internacional. Isto, pelo simples motivo de levar seu sinal aberto e de graça a quem tiver parabólicas, na Europa e em países de língua portuguesa da África, enquanto o grupo Globo tem seu canal tipo premium nos sistemas de TV por assinatura e pensa até em

expandir a oferta, com um segundo canal à la carte, dedicado ao futebol nacional. O canal internacional da Globo é um mix da programação local, com alguma produção feita em Nova York; o da Record também repete a programação própria feita no Brasil, mas em alguns países há produção local. Estúdios de Londres, Lisboa e em países africanos denotam a filosofia da rede, que é levar a produção do Brasil mas também atrair o público local com programas regionais. Enquanto a Globo figura em geral nos pacotes de canais étnicos das TVs por assinatura, a Record tem procurado entrar no satélite aberto, de modo a ser capturada por todos 26

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os espectadores em potencial. Na Europa, o canal comprou espaço no line-up de operações Sky para ser incluído nos pacotes da operadora. Não por acaso, a Igreja Universal, à qual a emissora é ligada, expandese em templos por diversos países, atraindo grande leva de brasileiros residentes no exterior. A programação mantém sua característica, tal como no Brasil, de ter os programas religiosos fora do horário nobre. Globo O grupo Globo pela primeira vez assume a gestão de assinantes de um canal de TV próprio. Isso aconteceu a partir deste mês de março, quando a empresa começou oficialmente a migração dos assinantes europeus do seu canal de TV internacional, que antes eram gerenciados pela operação de satélite da TV Cabo de Portugal no continente — esta mudança gerou mal estar em outra negociação do grupo com a operadora de cabo pertencente à PT/Portugal Telecom (leia a seguir o caso do GNT do P).


A partir de agora, a própria Globo assume seus assinantes, como uma forma de expandir sua penetração entre os brasileiros e também portugueses que vivem na Europa e que são potencialmente assinantes do sinal internacional da rede. Pesquisa encomendada pela Globo dá conta de 300 mil brasileiros e portugueses vivendo atualmente no continente — exceto Portugal. Eles estariam concentrados, em maior número, nesta ordem, nos seguintes países: Inglaterra, Suíça, Itália, Alemanha e Espanha; segundo a radiografia do brasileiro, boa parte teria poder aquisitivo superior até ao dos imigrantes residentes nos EUA . Até aqui, a TV Globo apresentava uma penetração muito aquém do desejável, de pouco mais de 1% sobre toda esta base potencial. Serão estes atuais poucos mais de 3,5 mil assinantes (a maior parte requer recadastramento) de sistema de satélite os primeiros a receberam o novo smart card, que dará acesso ao sinal da Globo irradiado na Europa pelo satélite continental Hot Bird. Chamadas no próprio canal feitas por astros da TV, como Tony Ramos e Reynaldo Giannechini (ambos atualmente na novela “Belíssima”), explicaram aos assinantes como aconteceria a migração. A iniciativa da Globo, explica Marcelo Spinola, diretor da TV Globo Internacional e também da distribuidora Globo TV Sports, é uma mega-operação que envolve bases de apoio em diversos países, por meio de parcerias e acordos de terceirização com empresas locais: na Inglaterra fica a central de cobranças; na França, a base operacional, onde acontece a recepção do sinal brasileiro e envio ao satélite europeu; na Itália, o centro de logística e distribuição de decoders para os dealers quando começarem a venda para novos assinantes. Toda a parte de relacionamento e atendimento ao cliente será feita no Brasil. Através de um número tipo 0800, os brasileiros que vivem na Europa terão atendimento que está a cargo do call center da Sky, que fica em São Paulo.

A assinatura, que envolve neste momento África. Nos Estados Unidos são 70 mil apenas o canal Globo Internacional, custa assinantes (entre Dish TV e Comcast), 69,90 euros/trimestre, ou 129,99 euros/ além de 40 mil no Japão. semestre ou ainda 219,99 euros/ano. Dos atuais assinantes, um dado relevante é que Record a metade opta pela assinatura anual. A Record Internacional inaugurou “O segredo para o sucesso nessa no começo do ano estúdios em operação é terceirizar uma série de atividades, Londres. São dois estúdios, ilha e para isso contamos com parceiros com de edição e central de jornalismo, experiência”, afirma Marcelo Spinola. para poder gerar notícias ao vivo A aquisição de novos assinantes é para o País. É a segunda central de a próxima fase do “projeto Europa” da produção da emissora fora do Brasil Globo, que acontece imediatamente após — em novembro último, a rede abriu a migração dos atuais estúdios em Lisboa, clientes para a nova onde já produz plataforma satelital. Os programação local. decoders, da coreana As operações de Rede DMT, começam a chegar Record Internacional ao centro de distribuição na Europa, África, Ásia em Roma em abril. e América Latina estão A Globo Internacional a cargo de Aroldo soma 450 mil assinantes Martins. Nos Estados tipo premium no Unidos, o canal está mundo. Recentemente, na Dish TV, operação fechou contratos para de DTH da Echostar. distribuição em vários Na Europa, a Record países: no Canadá (com confirma estar na a Rogers Cable), no Chile Grã-Bretanha (Sky), (via VTR) e em toda a “O segredo para o sucesso Espanha (Digital Plus), América Central e do nessa operação é terceirizar Portugal (Cabovisão), Sul via DirecTV Latin Suíça (Cabelcom e uma série de atividades, e America (Caribe, Peru, Naxoo) e Alemanha para isso contamos com Chile, Colômbia, Equador, parceiros com experiência”. (Kable BW e Net Venezuela). No México, Cologne). No DTH Marcelo Spinola, da Globo Intl. o canal já integra continental, pode ser o line-up da Sky. captada na Grécia, Na DirecTV latina, o canal pode ser Rússia, Suécia, Finlândia, Holanda, adquirido pelo sistema à la carte já a Itália e França. “Com isto, a Record partir da seleção básica. Em outubro, a Internacional cobre na totalidade o Globo Internacional também entra na território europeu. A emissora está no DirecTV da Argentina — o sinal já está line up básico das operadoras, assim naquele país via cabo, no line-up da não se paga nenhum valor para ter Cablevision e Multicanal. Fora a DirecTV acesso à programação. Além disso, a norte-americana (o acordo com a Dish programação é a mesma do Brasil, com prevê exclusividade no satélite), a única 80% ao vivo”, informa Aroldo Martins. operação da News Corporation a não Em Uganda, o sinal da Record contar, portanto, com um sinal da Globo, está em transmissão em UHF e com é a DirecTV brasileira - pelo menos até o conteúdo falado em inglês. Ainda aqui, enquanto não se efetiva o processo neste primeiro trimestre, estava para de fusão com a Sky no Brasil (processo em ser inaugurada a Record Cabo Verde trâmite no Cade). e Angola, com estúdios e produção Segundo explica Marcelo Spinola, local. Moçambique também recebe o o país com o maior contingente de sinal da Record. Finalmente, em abril, o assinantes da Globo é Angola — mais de sinal de rede chegará à Austrália, com 80 mil assinantes. Outros 15 mil estão na produção também em inglês.

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( internacional)

GNT por um fio em Portugal

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saída da Globo International do portfólio europeu da TV Cabo Portugal (do grupo PT Telecom) azedou as relações entre os grupos, que vieram se deteriorando ao longo dos anos, desde que os canais brasileiros da programadora foram saindo, um por um, da operação: Canal Brasil, Sexy Hot, Telecine. Sobrou para agora para o remanescente GNT, única atual presença brasileira na TV por assinatura portuguesa — na TV aberta, há as telenovelas da Globo na SIC e as da Record na concorrente, TVI. O contrato com a TV Cabo vence em 31 de março, após, portanto, o fechamento desta edição. No entanto, até meados de março, nada estava definido sobre o futuro do canal GNT em Portugal. O impasse veio à tona através de comunicado do próprio canal, que foi levado à imprensa especializada portuguesa em 22 de fevereiro. Nele, o GNT dizia que era possível sua saída do line-up da operadora TV Cabo Portugal. Neste comunicado, a emissora dizia que mantém negociações com a TV Cabo desde dezembro de 2005, mas que os representantes das duas empresas e da PT Conteúdos não

Marília Gabriela e “Uga Uga” são atrações de março no canal GNT de Portugal, além do especial de futebol “Missão: Alemanha 2006”

tinham chegado a nenhum acordo contratual. Ainda no comunicado, o GNT afirmou ser “público que a operadora está a negociar a possível entrada da versão internacional de um canal que não está entre os primeiros em audiência, no Brasil”, acrescentou o GNT, sem nomear, mas em clara referência ao sinal da Rede Record Internacional. O GNT de Portugal tem alcance diário de 750 mil indivíduos, ocupando a sexta posição entre os canais mais assistidos da

operadora de TV paga. O GNT do P (como é internamente tratado) tem na sua grade um mix da programação da TV Globo brasileira e algumas atrações da Globosat. Estão no ar, atualmente, por exemplo, a novela “O Cravo e a Rosa”, “a Turma do Didi”, “Globo Repórter”, “Marília Gabriela Entrevista”, o “Programa do Jô”, “O Clone”, “Uga Uga”, entre outros. Também são exibidos filmes de longa-metragem nacionais.


N達o disponivel


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Edianez Parente

e d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

TV Terra na folia

Blockbusters na HBO Ao longo deste ano, a HBO continua com sua política de programação, que inclui além dos blockbusters, documentários, shows e novas temporadas de suas séries. “Six Feet Under”, por exemplo, chega em sua última temporada, bem como a nova leva de episódios de “Os Sopranos”, “Curb Your Entusiasm” e “Entourage”. Das inéditas, a novidade é “Big Love”. Roberto Rios, vicepresidente de programação e aquisições da HBO Latin America Group, explica que a programadora está muito atenta ao que aparece no mercado internacional, para exibição nos seus canais: Eis alguns destaques em filmes de longa-metragem que a HBO passa neste ano: “Doze Homens e Outro Segredo”, “Os Incríveis”, “Batman Begins”, “Alexandre”, “Constantine”, “A Fantástica Fábrica de Chocolates”, “A Sogra”, “O Expresso Polar”, “A Feiticeira”, “Kung-FuSão”, “A Lenda do Zorro”, só para citar alguns. Entre as produções originais HBO, chegam o premiado “A Vida e Obra de Peter Sellers”, “Into the West” (de Steven Spielberg) e “The Empire Falls”. Entre os documentários, o HBO traz “Super Size Me” e “Darwin’s Nightmare”. O canal também comprou o ganhador do Oscar na categoria, “A Marcha do Imperador”.

FOtoS: divulgação

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Depois da meia-noite, no Boom Clássicos da animação, como “Tom e Jerry”, “A Pantera Cor-de-Rosa”, “Os Flintstones”, “Os Jetsons”, “Zé Colméia”, entre outras, agora só depois da meia-noite. É que o Boomerang muda em abril. O canal, que chegou ao mercado com o acervo de Hanna e Barbera como seu maior atrativo e cujo leva era “O que é bom volta”, renova-se, com novo logo, nova programação visual e uma série de atrações moderninhas. A partir de agora, o Boo tem programas atualíssimos, entre séries em live action, sitcoms (como a série “Galera do Surfe”, na foto), filmes e desenhos animados. Vale lembrar que o Nickelodeon acaba de colocar séries clássicas apenas na programação da madrugada (bloco Nick@Nite). O Boomerang norte-americano, no entanto, continua a anunciar-se como o canal 24 horas dedicado à animação clássica. Por aqui, ficou tarde demais para a garotada!

Foram nada menos do que 182 milhões de pageviews durante o Carnaval, principalmente sobre os shows de Salvador/BA, disponíveis em mais de 300 vídeos. Para celular, foram enviados 1,2 milhões de vídeos, segundo o Terra. De acordo com Antonio Prada, diretor de conteúdo do Terra, isto é apenas um dos resultados do TV Terra, que começou há cinco anos, quando ainda não se falava em Internet banda larga ou em conteúdos broadband. Hoje, o acervo do portal está em 70 mil vídeos. O portal se prepara para uma cobertura da Copa do Mundo jamais vista na Internet. É esperar para ver.

Viva a Venezuela A PDVSA patrocinou a vencedora Vila Isabel no Carnaval carioca. Mas quem faturou também foi a TV Globo. Passada a folia, a estatal venezuelana do petróleo anunciou no canal, no intervalo do “Jornal Nacional”. A emissora não comentou se a estratégia de comunicação da cliente envolveria a encomenda de mais inserções ao longo dos próximos meses.

Mas na hora da novela? “Elas”, nova revista feminina semanal do canal Discovery Home & Health (quartas, às 21h30), apresentado por Jacqueline Delabona, quer atrair as mulheres dos 18 aos 49 anos. Para tanto, fez uma escolha de horário um tanto competitiva para este segmento no primetime: o mesmo horário das novelas da TV aberta. “A atração é um doc-reality; é um programa pouco roteirizado”, define Paula Cavalcanti, diretora da Rex Produções, responsável pelo programa, feito a partir de recursos do Artigo 39 da MP da Ancine. Semanalmente, o programa traz especialistas em diversas áreas. Há participação editorial das revistas femininas da Editora Abril. Outra produção nacional do grupo, que estréia até o final do ano, desta vez no Discovery Channel, é a versão local para “Rides”, sobre carros. O programa original é bancado pela GM nos EUA. Aqui, será também viabilizado via Artigo 39.

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Com Cristo, sem Cristo Até o fechamento desta edição, não estava resolvido como a Rede Globo iria exibir o filme “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. A emissora adquiriu os direitos junto à Fox para a TV aberta; no entanto, teria de obedecer à exigência do diretor, que pede que a produção seja exibida apenas com seu som original, falado em aramaico e latim (sem dublagem, como é hábito na emissora). Daí o impasse, que não estava resolvido para garantir a atração para esta Semana Santa na TV. O canal Fox vai exibir o filme no período da Páscoa, na sua primeira janela em canal pago básico.

Direto de Hollywood

MTV vende patrocínios de longa-metragem O filme é assinado pela Buena Vista, o roteiro é de Chorão, vocalista da banda jovem Charlie Brown Jr., que fica também com a trilha sonora. E quem vai vender patrocínios, merchandising, apoios etc é a MTV, que navega na mesma praia do roteirista. A emissora musical empresta seus serviços de publicidade para o longa “O Magnata”, que deve levar aos cinemas o público jovem, fã das músicas do grupo. “Rico é quem sabe viver bem com pouco”, costuma dizer o artista, o que dá um pouco idéia sobre como será a história. A emissora, que não assina nem vincula sua marca à produção, estréia portanto neste segmento de terceirização de vendas de publicidade. A propósito: para o seu Video Music Brasil (VMB), que acontece no segundo semestre (provavelmente setembro), a MTV já vendeu duas cotas de patrocínio. Skol e Oi já garantiram presença no maior evento do ano (e maior Ibope também) da emissora musical.

? Você sabia que: nO Multishow deu uma “forcinha” para um seriado do Universal Channel? Foi para a estréia de “Surface”. O Multishow exibiu na data de estréia um especial sobre a série na sua faixa jovem “Mandou Bem”. oO vencedor do Oscar deste ano será atração já em setembro no Telecine Premium? “Crash — No Limite”, é o primeiro da lista de premiados que vão passar no canal. Depois, vêm ganhadores e indicados em outras categorias, como: “O Segredo de Brokeback Mountain”, “ “Capote”, “Johnny & June”, “O Jardineiro Fiel”, “King Kong”, “Wallace & Gromit — A Batalha dos Vegetais” e “Ritmo de Um Sonho”.

A CableReady, distribuidora de programação international, acaba de fechar uma série de novas negociações com programadoras da América Latina. Para a Turner/TNT Latin America, por exemplo, vendeu a sétima temporada de série “The Directors” (ou “Os Diretores”). A programadora também adquiriu um pacote de 50 episódios da série “Hollywood One on One”. Para a Pramer (canal Film & Arts), foram vendidos mais 33 episódios de “Inside The Actors Studio”, com entrevistas com personalidades como Bruce Willis, Salma Hayek, Morgan Freeman, Angelina Jolie (foto), Ben Kingsley, Johnny Depp e Martin Scorsese, entre outros. T el a

nUma dupla de roteiristas foi contratada para reforçar a equipe de criação de “Lost” por mais dois anos? Isto significa que o seriado não termina nesta sua segunda temporada. As roteiristas contratadas já escreveram para a série “Alias”. oTrês entre quatro cotas de patrocínio do seriado “24 Horas”, na Fox, foram vendidas antes da estréia da quinta temporada? Terra, Fiat, e Transitions foram os patrocinadores que negociaram um preço de tabela de mais de R$ 1 milhão, o mais alto do canal, para seis meses de inserções. V iv a

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(audiência - TV paga)

Universal sobe para terceiro lugar

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evantamento do Ibope Mídia sobre o alcance ao longo do dia dos canais da TV paga entre o público assinante de TV acima dos 18 anos em janeiro, em seis praças (Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal), mostra a ascensão do canal de filmes e séries Universal Channel. O canal pulou da quinta colocação em dezembro para o terceiro lugar. Na liderança, continua a TNT — canal primeiro colocado no ranking de 2005 — e na segunda colocação, o Multishow. O Universal Channel passa, assim, à frente de Globo News e Warner Channel, respectivamente na quarta e quinta colocações. O levantamento do Ibope Mídia considera um total de 4,3 milhões de indivíduos. Já entre o público infanto-juvenil, dos 4 aos 17 anos, nas mesmas praças (universo de 966 mil indivíduos), os canais Cartoon Network, Nickelodeon e Multishow foram os que apresentaram o melhor alcance diário médio ao longo do mês das férias escolares.

Elencos das séries “4400” e “House”, ambas do Universal Channel

alcance e tempo médio diário

Total canais pagos TNT Multishow Universal Channel Globo News Warner Channel Discovery AXN Fox Sony Cartoon Network SporTV National Geographic Telecine Premium GNT Nickelodeon People + Arts ESPN HBO Discovery Kids Telecine Action

De 4 a 17 anos*

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 49,2 2142 2:03:47 14,1 615 0:26:37 13,6 591 0:21:00 10,3 449 0:28:04 10,0 434 0:33:41 9,7 424 0:29:42 9,6 419 0:24:44 9,1 397 0:18:49 9,1 397 0:19:46 9,1 396 0:25:59 8,6 372 0:33:46 8,5 370 0:30:26 7,8 337 0:21:36 7,6 332 0:28:33 7,1 310 0:13:57 6,5 282 0:25:21 6,2 271 0:19:47 6,1 264 0:21:20 5,6 244 0:31:55 5,0 217 0:51:11 4,9 212 0:22:19

*Universo 4.352.800 indivíduos

Total canais pagos Cartoon Network Nickelodeon Multishow Discovery Kids TNT Jetix Disney Channel Boomerang Discovery Universal Channel Warner Channel Fox SporTV AXN Sony Telecine Premium People + Arts National Geographic ESPN Globo News *Universo 966 mil indivíduos

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(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 51,7 499 2:29:15 26,9 260 0:55:00 21,0 203 0:49:05 13,5 131 0:29:05 13,2 127 1:23:32 10,0 97 0:22:42 9,5 92 0:51:01 8,6 83 1:14:47 7,4 71 0:49:54 6,7 65 0:18:31 6,3 61 0:26:00 5,9 57 0:21:22 5,8 56 0:17:47 5,8 56 0:22:38 5,8 56 0:14:25 5,0 48 0:16:45 5,0 48 0:31:08 4,5 44 0:20:59 4,4 43 0:18:09 4,2 40 0:11:47 3,9 38 0:14:50

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Fonte: Ibope Telereport - tabela minuto a minuto - janeiro/2006

Acima de 18 anos*


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( programação)

HBO prossegue com superproduções nacionais Programadora exibe “Filhos do Carnaval” e já engatilha próxima minissérie, ambientada em São Paulo.

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HBO estreou em março, imediatamente após os feriados do Carnaval, a sua nova produção original feita no Brasil. Trata-se da minissérie feita pela O2 “Filhos do Carnaval”, em seis episódios semanais, e que não deixa nada a dever em relação à produção anterior, “Mandrake”, da Conspiração, que estreou em outubro de 2005. Aliás, diferentemente daquela, onde cada episódio se encerrava em si (os capítulos eram baseados em contos de Rubem Fonseca), desta vez a história, um roteiro original que envolve um drama familiar e muito jogo do bicho, requer continuidade entre os capítulos Trata-se da segunda grande

produção da programadora que mobiliza recursos angariados através do Artigo 39 da MP da Ancine. A primeira, passou de R$ 5 milhões; “Filhos”, passou de R$ 6,5 milhões. E a HBO já engatilha a próxima produção, marcada para estrear apenas em 2007. Os custos devem girar em torno da média das duas primeiras e a produção está a cargo da Gulane Filmes. Tudo o que se sabe até aqui é que, diferentemente das duas primeiras, que foram ambientadas no Rio de Janeiro, esta nova produção será filmada em São Paulo e será uma obra de ficção, com roteiro original. Cada capítulo de “Filhos do Carnaval” vale o quanto pesa. A produção é grandiosa, com Jece Valadão à frente do elenco e direção geral de Cao Hamburger, que comanda O ator Jece Valadão e Thogum, revelação de “Filhos do Carnaval”.

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uma equipe de diretores. A atração teve estréia simultânea, com legendas em espanhol (há também a versão dublada) no canal HBO nos demais países da América Latina. Caso tenha a mesma repercussão do seriado argentino “Epitáfios” (feito localmente pela Polka), pode ir para o canal em espanhol, destinado à comunidade hispana do mercado doméstico norteamericano e, quem sabe, em seguida ser exibido no próprio HBO dos EUA. O seriado argentino surpreendeu de maneira positiva os mesmos executivos na matriz que também se admiraram com a alta qualidade dos dois produtos brasileiros. Embora ainda não haja previsão de que sejam exibidos no HBO em inglês, tanto “Mandrake” quanto “Filhos do Carnaval” já fizeram bonito — é o que garantem os executivo da HBO Olé Originals, Luiz Peraza, vicepresidente de produção; e Roberto Rios, vice-presidente de programação e aquisições. Luiz Peraza, o executivo que atua especificamente junto às co-produções, desconversa se a programadora vai dar continuidade às obras, a começar por “Mandrake”, que foi estrelada por Marcos

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Canal espera novos assinantes Com “Filhos do Carnaval”, a HBO formatou conteúdo prévio com material extra para os operadores de plataformas digitais. O canal forneceu programação relacionada à atração — como bastidores, making-of, entrevistas (algo como os extras de um DVD) totalmente feitos no Brasil, para os operadores colocarem em canais promocionais na sua oferta digital. Além disso, as principais operadoras, em parceira com a programadora, abriram o sinal para todos os assinantes. Segundo a diretora de vendas e marketing da HBO no Brasil, Anna de Andrade, a programadora esperava, sim, ganhar mais assinantes para o seu pacote premium a partir desta atração. Na Net e Sky, os canais HBO são vendidos pelo “buy through”, ou seja, apenas são oferecidos a partir do pacote máximo de canais de filmes. Segundo a diretora, o desempenho dos canais HBO nos sistemas Net e Sky é muito positivo, “90% dos novos assinantes que ingressam no sistemas já compram com HBO, tanto na Net quanto na Sky”, diz.

Palmeira. “A idéia das séries é ter continuidade. Obviamente, o ideal é ter muitas temporadas de todas as séries, mas há muitos fatores a se levar em conta. E o financeiro é um deles”, afirma Peraza lembrando que leva-se tempo para analisar os fatores, como a legitimação dos processos de produção, a viabilidade comercial, além dos valores locais. Enfim, resume ele: “Só o tempo dirá se será possível”. Uma coisa é certa: a HBO não pensa em desenvolver seriados para exibição fora do do próprio canal — a exemplo do que a Fox fez com a produtora independente Total Entertainment, em projeto que envolveu também veiculação em TV aberta, a Record. Mesmo com o alto padrão de qualidade exigido pela HBO, sua filosofia

Foto: arquivo

( programação) Andrea Barata Ribeiro, da O2, co-produtora de “Filhos do Carnaval”: canal deu total liberdade criativa

é que os custos têm de ser amortizados dentro da própria programadora. Andréa Barata Ribeiro, da O2, assinala que houve total liberdade criativa para a produtora e que a programadora apostou na atração. A executiva acredita que nos acordos de produção que envolvem o Art. 39, tem de haver um consenso entre a produtora e a necessidade de grade do canal. “Obviamente, o canal pede um produto que tenha a ver com sua grade; daí desenvolvemos. Se não, volta-se a ter aquela situação em há produção no mercado, sem encontrar a distribuição”, afirma Andrea. edianez parente


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( making of )

Lizandra de Almeida

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O personagem que faltava

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ma campanha bem humorada, com três filmes, está divulgando o refrigerante Pepsi. As filmagens aconteceram na praia Brava, em Florianópolis, e misturaram traquitanas com computação gráfica para fazer com que um buraco na areia “engolisse” os personagens do filme e bebesse seu refrigerante, “cuspindo” para fora as latas vazias. “O primeiro filme tem muitos efeitos, os outros dois são um pouco mais simples, mas seguiram o mesmo processo”, explica o diretor José Pedro Goulart. “Nossa primeira decisão, que orientou todo o trabalho, foi a de que os personagens seriam engolidos em 3D, ou seja, não queríamos que a queda no buraco acontecesse em morphe, na pós-produção, mas que as pessoas realmente parecessem estar caindo no buraco.” Para isso, foram cavados buracos enormes na praia, forrados de um tipo de neoprene com uma abertura que fechava, engolindo as pessoas, quando elas caíam. “Isso deu muito mais trabalho do que se fizéssemos tudo em computação, mas ficou bem mais realista”, conta Goulart. Os buracos tinham cerca de dois metros de profundidade e foram cavados em locais que a produção montou como um estúdio, com fundo de recorte. “Queríamos ter a areia real, então esperávamos escurecer e daí filmávamos essas cenas. Mas como os personagens não estavam na praia, o fotógrafo tinha de refazer a luz.” A orientação para a criação do buraco em computação gráfica veio de uma série de testes feita também na praia. “Gravamos em vídeo todas as possibilidades. Amarramos um fio de náilon a uma esfera e movimentamos na praia, embaixo da areia. Foi muito engraçado, mas com isso pudemos ver como a areia se comporta”, diz o diretor. Segundo André Pulcino, da

Tribbo Post — empresa responsável pela pós-produção, “partimos para uma pesquisa de buracos reais na praia, observando desde o buraco feito pelo tatuí até o buraco feito pelo cabo de um guarda-sol e extraímos deste material a textura a ser utilizada no nosso buraco. Como o buraco se movimenta por áreas diferentes na praia, areia seca, úmida e molhada, por exemplo, assumimos diferentes texturas para o mesmo ‘personagem’, de acordo com cada uma dessas áreas”. Em seguida, a equipe de pós definiu a animação do buraco. “Diferente dos outros objetos que costumamos animar, o buraco não é um objeto comum, pelo contrário: o buraco é a ‘ausência de algo’. Sendo assim, não possuíamos referenciais reais, pois um buraco não sai por aí andando e sugando pessoas e latas de refrigerante. Criamos então, uma animação que tende para o cartoon, mas mantivemos a textura real”, explica André. Nas cenas em que as pessoas são sugadas para o buraco, feitas com a traquitana, não havia areia no nível da praia, para não machucar os atores. Assim, a equipe de pós teve de fazer uma composição para dar continuidade à areia da praia. “Tivemos também que criar latas em 3D e aplicálas em algumas cenas do filme, já que as latas deveriam fazer trajetórias específicas ao sair do buraco que, caso filmadas, consumiriam muito tempo

Para fazer a praia “engolir” os atores e o refrigerante, equipe pesquisou a dinâmica de vários tipos de buracos na areia.

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de ensaio e de captação”, diz André. Segundo o diretor, cada um dos filmes teve um tratamento diferenciado de linguagem. “No segundo filme, um vendedor passeia pela praia. Optamos aí por uma linguagem mais documental, usando uma teleobjetiva. É quase como se ele tivesse sido encontrado por acaso. A praia está bem natural, com muito pouca composição. Usamos a câmera mais distante, para deixar o vendedor

fichatécnica

mais dentro da praia”, explica. No terceiro filme, que mostra o buraco zombando de uma garota, “optamos por uma linguagem mais elegante, para evitar que se tornasse uma piada vulgar”. A câmera gira em torno dela, as cores são mais suaves. “São linguagens sutilmente diferentes, mas sempre com uma aparência solar, bem quente, já que são filmes de verão. Demos muita sorte, porque foram quatro dias de filmagem sem muito vento — isso atrapalha demais em filmes de efeito”, conclui.

Anunciante Pepsi Título “Buraco” Produto Pepsi Dir. de Criação Marcello Serpa, Cássio Zanatta, Giba Lages Criação Wilson Mateos Produtora Zeppelin Direção José Pedro Goulart Fotografia Alex Sernambi Mont. / Editor Frederico Brioni Finalizadora Equipe Zeppelin Trilha / Locutor Tentáculo

Turma da reciclagem

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Prefeitura Municipal de Curitiba lançou uma nova campanha incentivando a separação do lixo reciclável na cidade e, para isso, a produtora de animação e computação gráfica Amazing Graphics criou uma série de quatro personagens que representam cada um dos materiais que compõem a coleta seletiva. O desafio da produtora era desenvolver os personagens desde o início, com técnica de animação em 3D, e em apenas três semanas. Para coordenar o processo, foi chamado o diretor Paulo Koglin, que decupou e organizou o trabalho. “As etapas de pré-produção consistiram em visualizar as ilustrações de forma tridimensional e decupar a distribuição das cenas de maneira a ‘contar a história’ da melhor forma possível, principalmente pelo caráter didático que o material deveria apresentar”, explica o produtor Rodrigo Martins. Enquanto os desenhos eram criados e aprovados, foi feita a gravação das vozes que serviram de base para a trilha sonora. “O processo de seleção das vozes foi trabalhoso, principalmente pelo fato de necessitarmos de vozes que, ao invés de caricatas, representassem os personagens dentro das suas

Do traço de uma cartunista sairam os personagens, representando os materiais recicláveis. O passo seguinte foi animálos em 3D.

faixas etárias (fundamental para o mote da campanha, que diferencia os tipos de materiais recicláveis em função do tempo de decomposição dos materiais).” Os personagens foram desenvolvidos pela cartunista Pryscila Maranheira e depois tridimensionalizados pela equipe da Amazing Graphics, que envolveu 12 pessoas, fora o diretor de cena, no trabalho. Em primeiro lugar, os personagens foram desenhados em diversas posições e expressões, para transmitir sua “personalidade”. Em seguida, foi criado o storyboard, em cima da decupagem do roteiro feita pelo diretor. O storyboard já indica enquadramentos e posições de câmera, assim como a ação dos personagens. Do storyboard, a equipe parte para o pencil test, um estudo a lápis dos movimentos e expressões dos personagens, com todos os frames necessários a dar o movimento.

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Neste caso, foram usados 12 frames por segundo, montados posteriormente em vídeo para dar a exata noção do movimento. A partir do model sheet — um conjunto de desenhos ortogonais dos personagens, com vistas lateral, frontal, superior e inferior — começa o processo de modelagem 3D, que adiciona cor, textura e iluminação aos modelos. Assim que criam “vida” em três dimensões, os personagens são animados, com a inclusão de movimentos corporais, expressões, refinados agora em 24 frames por segundo. Depois de renderizadas no computador, as cenas são editadas e compostas. fichatécnica Agência Master Comunicação Cliente Prefeitura Municipal de Curitiba Dir. de criação Flávio Waiteman Criação Alexandre Catarino e Mariana Manita Produtora de Amazing Graphics animação Ilustrações Pryscila Maranheira Dir. de cena Paulo Koglin Trilha Jamute

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(equipamentos )

D. W. Leitner

c a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

Copyright Video Systems 2006

Por dentro da Canon XL H1 A camcorder HDV tem seus pontos forte na parte óptica e na captação a 24 fps.

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a primeira safra de camcorders profissionais HDV com sensores de 1/3”, apenas a Canon XL H1, último lançamento da empresa japonesa, pode se gabar de ter sido criada por um fabricante de lentes. A Canon manteve o já conhecido design de motossera da série XL na nova XL H1, e acrescentou algumas boas funcionalidades de entrada e saída na câmera. São quatro conectores BNC para entrada e saída de timecode, genlock e HD-SDI no Professional Jackpack. É um diferencial importante. As camcorders HDV de lente fixa custam menos de US$ 5 mil (nos EUA). Assim, as câmeras acabam fazendo uma série de concessões para manter o preço, inclusive na parte óptica. Para se ter uma idéia, só uma lente HD de 2/3” custa US$ 20 mil. Dependendo de como se olha, uma camcorder de US$ 5 mil pode ser tanto um milagre dos tempos modernos ou uma coleção de concessões técnicas para criar um produto acessível ao mercado de massa. No fundo, são as duas coisas. Sem desrespeito à Sony e à Zeiss, conjuntos curtos de 2” ou 3” com lentes, prisma e sensores não se comparam, do ponto de vista óptico, a lentes completas, maiores e de maior distância focal, mesmo considerando-se que as máquinas fotográficas compactas atuais produzem ótimos resultados. Enquanto a Sony conseguiu uma compactação sem precedentes na sua linha Handycam HDV, a Canon optou por manter o tamanho e o formato da sua “motosserra”, que permite o uso de lentes maiores e

Baseada no design tradicional da linha XL, a camcorder ganhou novas entradas e saídas.

intercambiáveis, quase todas desenhadas pela própria Canon. A XL H1 traz uma nova lente zoom Canon de 20x (5.4-108mm) para HD, com sistema microprocessado para estabilização da imagem ( inventado pela Canon), assim como um novo algoritmo que examina, durante a captação, agitos de baixa freqüência nas imagens capturadas, o que aumenta a sensibilidade da resposta do prisma móvel. Tudo isso, claro, tem um preço: US$ 9 mil (nos EUA), pela câmera com a lente. O preço doeu? Mas compare-o com o de outras camcorders HD com lente de 20X de zoom. Você sairá rapidamente do território do HDV, com seus preços atraentes. E nem encontrará lentes HD de 2/3” com estabilização óptica. A Canon sabe que uma imagem não 40

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pode nunca ficar melhor do que aquela que se forma, em primeiro lugar, no conjunto óptico, não importa quanto processamento digital você use após a captura. A fabricante aposta então que profissionais de vídeo em migração para o HDV pagarão mais pelo desempenho óptico. Afinal, alta definição é o nome deste jogo. Os resultados que obtive com esta câmera confirmam a superioridade das lentes 20X HD da Canon: a resolução dos cantos é igual à do centro da imagem, não há qualquer aberração cromática visível, distorção cilíndrica mínima a 5,4 mm. Se eu não soubesse que não é esse o caso, diria que a Canon desenhou uma zoom HD para CCDs


de 1/3” e depois fez uma câmera HDV para utilizá-la. Uma observação: 5,4 mm não é um ângulo particularmente largo. Em termos de fotografia 35 mm, a Canon a equipara a uma lente 38,9 mm. (Aliás, acho essa comparação bizarra. Por que a Canon não equipara suas distâncias focais a vídeo de 2/3”, filme de 16 mm ou 35 mm? Para quem, afinal, estão tentando vender uma câmera de US$ 9 mil?) De fato, todas as camcorders HDV atuais, e até a Panasonic DVCPro HD HVX200, pecam no quesito grande angular: 4,5 mm na Sony Z1 (um pouco melhor), 5,1 mm na Sony A1, 5,5 mm na Fujinon16X da JVC HD100, e 4,2 mm na Panasonic HVX200 (a melhor). Grande angulares inadequadas são o tipo da coisa que nos faz pensar se as pessoas que desenham estas câmeras realmente as usam no mundo real. Recursos profissionais Mas enfim, falávamos da nova câmera negra. Se você tem familiaridade com os controles da XL1 e da XL2, vai se adaptar facilmente aos da XL H1, inclusive a alguns novos, como um botão que seleciona entre os modos entrelaçado ou “frame” (leia a seguir). Você nem precisa se preocupar em procurar a tela retrátil, já que o visor do viewfinder pode ser aberto para uma olhada direta em um monitor colorido de 2, 4” em aspecto 16:9. O que você não vai reconhecer é uma fileira de quatro conectores BNC no curto apoio de ombro, do lado oposto ao do operador. São denominados TC IN, TC OUT, GENLOCK, e HDSDI/SDI. São um território virgem para qualquer camcorder de linha prosumer, e praticamente gritam; “Isto é para profissionais!”. Por isso, a Canon batizou-o de Professional Jackpack. As portas TC IN e TC OUT permitem sincronizar o timecode da XL H1 ao de outras XL H1 ou outras câmeras profissionais. O GENLOCK alinha os sinais de vídeo de várias

câmeras para controle de switcher e captações multicâmera. As portas SDI (Serial Digital Interface) ou HD-SDI dão saída em sinal SD ou HD através de um único cabo coaxial. Sem compressão! Se você chutasse que estas características profissionais foram adicionadas à câmera para cativar o mercado de emissoras de TV, especialmente as redes menores, já seduzidas pela atração da alta definição, você acertaria. Para eles, US$ 9 mil por uma câmera HD com lentes é trocado. Lembre-se de quanto custa só uma lente broadcast para uma Betacam de standard definition. Há, no entanto, alguns poréns: Gravar em HD sem compressão requer alguns outros equipamentos caros, como decks D-5, HDCam SR, or DVCPro HD, o que diminui a vantagem econômica da XL H1. Que é, na verdade, uma câmera prosumer HDV de 1/3”. Também, a saída HD-SDI da XL H1 é apenas de vídeo. Nada de áudio ou timecode incorporados. Para isso, você precisa de um cabo adicional na saída TC OUT e dois conectores de áudio XLR,

rezando para que os três sinais saiam sincronizados. (Como cada um passa por vários caminhos de processamento, podem se dessincronizar, mas as diferenças serão constantes, e podem ser arrumadas facilmente na captura ou na edição não-linear). O que me agrada particularmente na XL H1 é a inclusão da saída HDSDI, muito útil no meu universo de baixo orçamento, encorajando o uso de monitores HD com entradas HD-SDI. Nada é mais simples que ligar um único cabo coaxial de uma câmera HD em um monitor HD. (A XL H1 também oferece um sinal HD analógico componente para monitoramento, que requer três conectores de entrada no monitor). Comparado com as conexões digitais convencionais de monitor, como HDMI (que vem na linha Infinity, da Grass Valley) ou DVI, o HD-SDI é um tiro de canhão. Como no caso dos decks HD, monitores com entradas HD-SDI podem custar até mais que a própria câmera. Mas isto está mudando, com a chegada de monitores HD de LCD, mais baratos, com a entrada digital.

características técnicas foram adicionadas à câmera tendo em vista as pequenas emissoras de televisão.

Formatos Finalmente, mas não menos importante: que tipo de HD sem compressão a XL H1 envia por sua saída digital? Ou melhor: que tipo de sinal HD a XL H1 captura e comprime para HDV? A camcorder da Canon usa três CCDs de 1/3”, com resolução de 1080 linhas (1080 x 1440 pixels) para capturar campos entrelaçados. Como fez a Sony, a Canon optou pelo HDV-2 para a gravação, ou seja, compressão de 8-bit, 4:2:0 MPEG-2 intraframe a 25 Mbps e GOP (group of pictures) de 15 quadros. (A JVC usa o HDV-1, com GOP de seis frames e chips de 1280x720 pixels, que capturam imagens em 720p; e A lente 20x HD mantém a resolução nos cantos igual à do centro da imagem

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( equipamentos ) compressão de 17:1 a 19,7 Mbps). Assim como outras câmeras HDV, a XL H1 também oferece gravação em DV 480i, através de um downconverter interno. Diferente­ mente das demais, no entanto, ela permite uma saída SDI em 480i sem compressão. (Ela não consegue, como fazem a Z1 e a A1, da Sony, simultaneamente gravar em HDV e dar saída em DV). Quanto ao áudio, me parece que o HDV-2 representa uma compressão MPEG-1 Audio Layer II (MP2) com muitas perdas. As taxas de captura disponíveis para 1080 linhas são 60i, 24F e 30F. Um upgrade opcional de US$ 500 habilita ainda a captação em 50i e 25F, o que permite a conversão para 576i, compatível com o sistema PAL (O chaveamento 60i/50i vem de linha na Sony Z1, única camcorder HDV com essa capacidade). Caro editor: esse “F” acima não é erro de digitação. Lembra-se que eu mencionei o chaveamento entre os modos entrelaçado e “frame”? Vou explicar, primeiro dizendo do que o “F” não se trata. Não é captura progressiva. Já esclarecemos que os CCDs da câmera são entrelaçados. Também não é o mesmo que o “F” que a Sony apresentou como CineFrame, uma complexa, e nada convincente, simulação de captura progressiva para consumidores, não profissionais. O 24F do CineFrame é só uma interpolação do 60i, em contraste com o escaneamento 48i da Canon. A Canon decidiu não divulgar como é feita a captura em 24F e 30F. O que se segue é uma análise minha de como isso é feito. Sabemos que na XL H1, a Canon usou seu mais novo processador de imagem, o Digic DV II, descendente do Digic DSP, que introduziu o processamento paralelo de imagens em várias gerações de máquinas fotográficas da marca. Aliás, eu mencionei que a XL H1 também funciona como uma câmera de still, gravando imagens Jpeg em um

Ficha técnica Fabricante Canon Modelo XL H1 Recursos Lentes zoom Canon de 20X com estabilização óptica de imagem, controle através de laptop pelo software Console (cerca de US$ 600 nos EUA), Professional Jackpack, com saídas de timecode, genlock e HD-SDI. Ponto fraco Saída HD-SDI só de vídeo, sem áudio e timecode incorporados. Público-alvo Emissoras pequenas em busca de uma solução para notícias em HD, e qualquer profissional migrando para a produção em alta definição. Preço US$ 9 mil (nos EUA)

Quem tem familiaridade como os controles das XL1 e XL2, se adaptará à H1.

cartão SD com resoluções de 1920x1080, 1440x1080, 840x480 e 640x480 pixels? Eis o que significa o “F” da Canon: um frame progressivo de 1080 linhas sintetizado a partir da fusão de dois campos consecutivos entrelaçados, com qualquer sinal de deslocamento temporal de imagem apagado digitalmente pelo processamento de sinal da Canon. Para o 24F, os CCDs da camcorder são ajustados para 48 Hz, o que gera 48i. A qualquer taxa, o que sai da porta HD-SDI é sempre 1080/60i sem 42

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compressão. Os frames progressivos recém sintetizados, no entanto, têm que ser divididos pela metade, para entrar no fluxo 60i. Em 30PsF por exemplo (frames por segundo progressivos segmentados), as linhas ímpares de um frame progressivo são enviadas primeiro, e em seguida as linhas pares, somando 60 meiosframes por segundo, que são remontados em frames progressivos intactos durante a reprodução. O 24F sai da conexão HD-SDI como 24PsF, com pulldown de 2:3 acrescentado para encaixar 48 meiosframes em um total de 60 segmentos. Dispositivos como editores nãolineares que reconhecem frames progressivos segmentados podem capturar os dados PsF diretamente e restaurar os frames “progressivos” 30F ou 24F na reprodução. E quanto ao HDV gravado em fitas MiniDV? Igualmente, o HD enviado ao codec HDV da XL H1 deve ser compatível com 60i, utilizando cadência de 30F ou 24F (vinte e quatro quadros são efetivamente gravados na fita). Como em qualquer outro sistema complexo de vídeo, há muito, muito mais na câmera que esta breve descrição. São 23 ajustes de imagem, por exemplo, incluindo controle de temperatura de cor de 2800K a 12,000K. É melhor pesquisar na internet e ler um manual completo da câmera em PDF... Mas há uma última inovação da camcorder que merece ser destacada com marcador amarelo fosforescente. A Canon anunciou para este equipamento um software de US$ 600 chamado Console, que roda em um laptop e se conecta à câmera por uma porta FireWire. Permite o controle remoto da câmera, lentes e todas as suas funções, além de completo controle de imagem, como os 23 mencionados acima. O controle inclui captura direta da câmera para o hard-disk do laptop. E tem ainda monitores de waveform e vectorscope.


N達o disponivel


( upgrade )

por Fernando Lauterjung

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Equipamento compacto

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Hitachi lança na NAB a câmera compacta HDTV em duas peças DK-H31S HDTV. Desenvolvida para produções que precisem de tomadas aéreas, esportes e qualquer outra que use sistemas robotizados, a câmera trabalha em 1080i ou 720p com CCDs de 2/3 de polegada. A fabricante aposta ainda em seu uso em atividades militares e vigilância, em situações que exijam lentes mais volumosas (teles). A fabricante diz que seu produto estará no mercado no último trimestre de 2006.

Ganho de definição

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Snell & Wilcox apresenta na NAB 2006, que acontece entre os dias 22 e 27 de abril, em Las Vegas, o Quasar. Trata-se de um novo upconverter para HDTV que, segundo a empresa, é o primeiro a empregar uma tecnologia de compensação de movimento. A plataforma usa tecnologias desenvolvidas para produtos já conhecidos da Snell & Wilcox: a estimativa de movimentos e a conversão HD do Ph.C e o pré-processamento de compressão do Prefix. O grande destaque do equipamento é a possibilidade de estimar o movimento da cena, criando uma compensação que, segundo a fabricante, proporciona uma saída

em HD mais bem definida, mesmo quando a solução é usada em cenas de ação, esportes e texto em movimento. O Quasar manipula vídeo, filme, gráficos e fontes de mídia misturadas automaticamente, convertendo material entrelaçado em SD 525 e 625 material para 720 progressivo e 1080 entrelaçado. Um conversor de proporções de tela (4:3, 16:9, 15:9 etc) embutido permite usar pré-configurações para conversões mais comuns. O condicionamento do sinal recebido e um filtro de redução de ruídos permitem conseguir bons resultados de conversão não importando a fonte do material original. Além disso, a solução conta com suporte para áudio, closed captions e ainda duas fontes de força redundantes.

HDV melhorado FOTOS: DIVULGAÇÃO

Versatilidade

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nova lente HA16x6.3ERM, que a Fujinom “estréia” na NAB 2006, é, segundo a fabricante,a primeira e única lente HD de 2/3 de polegada a apresentar ângulo de teleobjetiva grande Nova 200m HD da Fujinom: de grandeangular em um único equipaangular a teleobjetiva. mento. Com um zoom de 16X (6,3 mm a 202 mm com extensor de 2X), o equipamento permite que equipes de produção carreguem uma única lente em produções nos mais variados ambientes, sendo ideal para uso em produção de jornalismo. A distância focal mínima é de 40 cm e a lente conta ainda com o sistema de controle de zoom DigiPower. Quando usada com câmeras HD/SD em proporção 4:3, o ângulo mínimo sobe para 7,6 mm. Além disso, a câmera não precisa de adaptadores para trabalhar em qualquer das proporções padrão (4:3 e 16:9). 44

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Miranda leva para o evento o novo HD-Bridge DecDXC, uma interface para conversão de conteúdo HDV para HD-SDI. O equipamento pode ser usado em jornalismo, edição e para enviar o material diretamente para transmissão. Além disso, pode ser usado para conversão entre os formatos 720p24 HDV e 1080p24 HD-SDI, para produção e edição nativa em 24p. Outra novidade é que o equipamento pode fazer a conversão para SD e conta com saída simultânea em vídeo composto, para monitoração de baixo custo.


Para o Brasil

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Sony apresentou ao mercado brasileiro a série ISX-6000, uma nova geração de sistema de roteadores híbridos. Composta por dois modelos, IXS-6700 e IXS6600, a série aceita sinais de vídeo SD e HD, áudio e RS-422A em um único chassi. A série IXS-6000 é equipada com interface Ethernet comum, possibilitando um sistema de controle em rede sofisticado, porém de fácil configuração. Outra característica é a integração exclusiva com os switchers MVS-8000A e DVS-9000, trazendo vantagens como controle operacional bidirecional. A série conta ainda com sistema de controle, vídeo routing, funções auto-diagnosticáveis, AES/EBU audio routing e capacidade multiformato.

Para manter a definição

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For-A Corporation of America apresenta na feira em Las Vegas um conversor de frame rate HD, o FRC-7000. O equipamento usa compensação de movimento com o uso de vetores. A conversão de frame rate pode ser necessária em transmissões internacionais, como cobertura esportiva, para adequar o conteúdo em 25 fps (da Europa), para 30 fps (usado no Brasil, por exemplo). O equipamento pode converter entre 1080/59.94i e 50i, e entre 720/59.94p e 50p. O FRC-7000 conta com um detector de corte de cena para garantir que a conversão seja feita sem fazer uma compensa-

Equipamento da For-A converte produtos entre 60i e 50i.

ção de movimento nos frames anterior e posterior ao do corte. O conversor suporta até oito canais de áudio 48 kHz 24-bit e mantém o sincronismo automaticamente. Ainda, suporta material em Dolby E .

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22 a 27 NAB 2005. Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Tel.: (1-202) 5952052. E-mail: register@nab.org. Web: www.nabshow.com. 24 a 29 13° Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá — Fronteiras, Cuiabá, MT. Tel.: (65) 3624-5331. Web: www.cinemaevideocuiaba.org/festival

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Web: www.amirt.com.br 30 a 11/06 11° Festival Brasileiro de Cinema Universitário, Niterói, RJ. Tel.: (21) 9236-9790. E-mail: info@fbcu.com.br. Web: www.fbcu.com.br

> JUNHO 2 a 8 Cine Ceará — Festival Nacional de Cinema e Vídeo, Fortaleza, CE. Tel.: (85) 4009-7772. E-mail: festivalcineceara@festivalcineceara.com.br. 5 e 6 MITV - Mercado Internacional de Televisão e VII Fórum Brasil de Programação e Produção. O evento é um marco local onde as empresas podem não apenas se apresentar e trocar informações entre si, mas também receber seus parceiros internacionais e promover o Brasil e a América Latina como um pólo diferenciado de exportação de conteúdos. O evento terá pitchings (apresentação de projetos), screenings, sessões de 30 minutos com pessoas-chave dos mais importantes canais de TV da América Latina, EUA e Europa e forte presença de convidados internacionais. O evento acontece no Centro de Exposições Frei Caneca, em São Paulo, Mais informações podem ser obtidas através do telefone (11) 3120-2351, do e-mail info@convergeeventos.com.br ou no site www.convergeeventos.com.br.


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