Revista Tela Viva 167 - Dezembro 2006

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

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A VOZ DE QUEM PAGA A CONTA

Ricardo Alves Bastos, da Associação Brasileira de Anunciantes, fala� sobre a TV digital e as novas mídias, e prega o fim do BV.

TELEVISÃO

Como a atual gestão recuperou as instalações e a programação da TVE

POLÍTICA

O que o segundo mandato de� Lula reserva para as Comunicações


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Foto: marcelo kahn

(editorial ) Diretor e Editor Diretor Editorial Diretor Editorial Diretor Comercial Diretor Financeiro Gerente de Marketing e Circulação� Administração

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André Mermelstein

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Uma agenda para 2007

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recente desencontro de opiniões, inclusive dentro do governo, envolvendo a entrada das teles no mercado de distribuição de TV por assinatura é apenas um sintoma da falta de preparo da regulamentação e das autoridades brasileiras frente às rápidas mudanças que o mundo vem experimentando, tanto nas tecnologias de comunicação quanto nos modelos de negócio. É normal, em qualquer país, que a legislação seja de alguma forma lenta em acompanhar as mudanças, e isso faz sentido. Não seria prudente alterar as regras a todo momento, ao sabor das variações ocasionais do mercado. Mas o que se tem visto, particularmente no meio das comunicações eletrônicas e das telecomunicações, são mudanças definitivas na própria estrutura da indústria, que acontecem de forma muito veloz e requerem uma resposta à mesma velocidade dos legisladores e reguladores. Tomemos como exemplo duas das normas mais recentes do setor no Brasil, a Lei de TV a Cabo (1995) e a Lei Geral de Telecomunicações (1997). São leis relativamente novas. Onze anos não são nada no desenvolvimento de um país, em sua história. Mas quando foram elaboradas, não se falava ainda (exceto em debates acadêmicos) em banda larga, voz sobre IP, TV sobre IP, TV digital, iPod. Tudo era muito distante, e as empresas de telecomunicações eram gigantes estatais deitadas sobre redes centenárias de fios de cobre. Hoje a realidade é outra, e atropelou toda a teoria. As empresas de cabo investem fortemente na banda larga e nos serviços de voz, enquanto as teles forçam a entrada no segmento de TV. Por trás disso, está o fenômeno da digitalização total dos conteúdos, que permite a convergência de serviços. Ou seja, no fundo voz, vídeo e dados nada mais são que bits, trafegando em redes cada vez mais velozes. O mundo digital não poderá conviver com uma regulamentação analógica por muito mais tempo. Nos países desenvolvidos, o conceito de separação entre serviços e plataformas já é adotado nas regulamentações mais modernas. Está aí um desafio para o presidente Lula II e seus ministros: desenvolver no Brasil a economia da mídia digital, com uma regulamentação moderna e convergente. A Lei de Comunicação Eletrônica, engavetada desde o governo FHC, viria em boa hora.

capa: foto de marcelo kahn

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(índice ) Publicidade

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figuras

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Anunciantes querem ter participação mais ativa no setor de mídia e comunicação

tv digital

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Fórum do SBTVD-T começa a especificar o padrão brasileiro

mercado

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O impacto da entrada em operação do DTH da Telefônica

produção

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Anima Brasil junta TV e produtoras para desenvolver séries infantis 22

(cartas) Kit de exibição Vi uma reportagem da Daniele Frederico sobre kits distribuídos pelo Ministério da Cultura em um edital publicado em junho deste ano. Os kits continham um projetor, players e sistema de som, para a exibição de filmes em DVD e VHS. Gostaria de saber se ainda há a possibilidade de inscrição de projetos para obter tais kits. Essa estrutura se destina a construção de cinemas comunitários? Obrigado pela atenção! Abraços, Abdiel Lobo, São Paulo

no ar

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audiência

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making of

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televisão

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Beth Carmona e Rosa Crescente explicam o processo de recuperação da TVE

política

Prezado Abdiel, As inscrições para o edital de aquisições dos kits foram encerradas em outubro deste ano. Para mais informações sobre os editais, envie um e-mail para concursos.sav@minc.gov.br

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As perspectivas para o próximo governo em relação às pautas da comunicação

broadcast

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Novo diretor da Sony Brasil fala sobre a adoção do HDTV no País

Questões latinas Gostaria de parabenizá-los pela reportagem “Canais latinos querem o Brasil” (TELA VIVA 166), sobre o evento Jornadas 2006. Foi muito bom saber o que está acontecendo com nossos “hermanos”, e principalmente ver que a entrada das teles no negócio de TV por assinatura na Argentina também está sendo muito discutida e rebatida, como aqui. Eduardo Martinelli, São Paulo

tecnologia

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A evolução dos codecs de compressão de vídeo

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas@telaviva.

upgrade

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agenda

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Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

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Inicialmente com 18 canais internacionais, o Terra lançou em novembro o serviço “Terra TV Mundo”, resultado de uma parceria com a Jump TV para a transmissão ao vivo de 200 canais, de 65 países diferentes. O serviço está disponível pelo endereço terramundo.terra.com.br. A Jump TV recebe os sinais e os codifica para transmissão via internet, além de ne­ gociar os direitos. O acordo entre as duas empresas é baseado em revenue share. O Terra comer­ cializa a publici­ dade envolvendo os banners do site e breaks a serem inseridos nos intervalos dos programas, em substituição aos comerciais Al Jazeera: um dos novos origi­nais. Até o canais do Terra mo­mento, estão dis­poníveis 18 dos 200 canais prometidos para fevereiro de 2007. São eles: TVE (Espanha), RTP International (Portugal), Al Jazeera (Catar), Al Arabiya (Emirados Árabes), Canal 13 e Caracol Internacional (Colômbia), 2M (Marrocos), America TV e Panamericana (Peru), ANB e Future TV (Líbano), CDN (Re­pública Dominicana), El Trece (Paraguai), Meridiano TV (Venezuela), Multimedios e Teleritmo (México), ProTV International (Romênia) e Telecaribe. Segundo o diretor geral do Terra América Latina, Fernando Madeira, usuários com velocidade superior a 300 kbps podem assistir aos canais com fluidez. Outras investidas O Terra investe ainda no desenvolvi­ mento de uma TV Beta no Peru, que deve expandir-se para outros países latinos. Essa TV tem programação variada, e a sua grade é montada com parcerias com emissoras locais e produtores inde­pendentes do país. O Terra também segue seus investi­ mentos em transmissões ao vivo de fute­ bol, com a exibição em 2007 dos melhores momentos do cam­peonato italiano e da FA Cup — Copa Inglesa de Futebol. Além do futebol, a TV Terra transmitirá ao vivo as partidas do torneio de tênis ATP Tour. Na área de notícias, o Terra fechou uma parceria para oferecer conteúdo em vídeo do canal jornalístico BandNews.

Dois anos na estrada O projeto Cine Tela Brasil, realizado pelos cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi, completa dois anos cheio de números para exibir. Ao chegar à sua milésima sessão, contabiliza um total de 200 mil Luiz e Laís: 200 mil espectadores espectadores e 86% de ocupação das salas. O projeto de cinema itinerante, em sua quarta fase — que vai de novembro de 2006 a março de 2007 — deve passar por 15 novas cidades que margeiam as rodovias Castello Branco e Raposo Tavares, como Santana do Parnaíba, Osasco, Jandira, Itapevi, São Roque, e outras, todas situadas em um raio de até 115 km de São Paulo. A escolha das cidades visa atender às comunidades de baixa renda situadas ao longo dessas rodovias. Nessa fase, serão exibidos os longas “Tainá 2 — A Aventura Continua”, “O Casamento de Louise” e “Dois Filhos de Francisco”. A sala é equipada com ar condicionado, projeção cinemascope, som surround e 225 lugares. O projeto teve início a partir do Cine Mambembe, criado em 1996, mas teve seu nome mudado para Cine Tela Brasil a partir de 2004, ano em que conseguiu o patrocínio da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), por

foto: Jair Bertolucci

Seleção internacional

fotos: divulgaçÃO

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Entre linhas e links O programa “Entrelinhas”, da TV Cultura, dedicado aos livros e à literatura, ganhou um site na Internet. Os usuários podem acessar os vídeos de algumas das melhores matérias de cada programa, além de conferir lançamentos, ler e até mesmo enviar a sua própria resenha que, caso seja selecionada, será publicada na seção “Resenha do Leitor”. O site conta com a colaboração do A apresentadora escritor e editor Joca Reiners Terron; do sociólogo, Paula Picarelli escritor e articulista Marcelo Coelho; do colunista de literatura e escritor Manuel da Costa Pinto; da escritora Verônica Stigger; e do jornalista e professor Ivan Marques. O conteúdo pode ser conferido no endereço www.tvcultura.com.br/ entrelinhas site. O programa de TV vai ao ar às quartas-feiras, às 22h40.

Produtos femininos e o esporte O novo comercial da Johnson & Johnson para o seu produto feminino o.b. conta com a participação das irmãs Carol e Maria Clara, atletas de vôlei de praia. Com cenas do dia-a-dia das jogadoras, treinando, surfando, andando de bicicleta e em casa, o filme mostra cenas de praia, de esporte e da orla do Rio de Janeiro. A idéia é mostrar a importância da liberdade de movimentos e do conforto, além de segurança e proteção, sugeridos pelo produto. O comercial, produzido pela Estação 8 com direção de Jorge Solari, tem inserções nos canais da Globosat. A criação é da Lowe. T e la

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( scanner ) Herói às avessas O herói brasileiro de histórias em quadrinhos Vira-Lata, criado há 15 anos por Paulo Garfunkel e Líbero Malavoglia, vai virar protagonista de filme. A Academia de Filmes prepara um longa-metragem com direção de Alex Miranda sobre o personagem, que serviu de respaldo ao trabalho do Dr. Dráuzio Varella na penitenciária do Carandiru. O médico usou as edições da revista para mostrar que, apesar de conquistar a mulher que quisesse, Vira-Lata sempre carregou consigo uma camisinha. A trilha sonora contará com a participação do letrista e músico Garfunkel.

Tradição x modernidade A modernidade chegou às campanhas de Natal. A prova disso é a campanha da AlmapBBDO para a Bauducco, que além de contar com um filme tradicional de 45 segundos — no qual o filho do Sr. Bauducco assiste a miniaturas de Papai Noel cantando — também conta com uma ação a ser realizada na Internet. O portal Terra promoverá um chat-vídeo com o Papai Noel, com uma hora de duração, além de um “theme pack” de Natal para usuários do programa de mensagens MSN. O filme foi dirigido por Clovis Mello, da Cine, com animação de Jotaerre, da Digital 21.

Dicionário cross-media

“A Guerra do Vinil”

Um dos produtos idealizados inicialmente para a Internet sobre a série “Antônia”, produzida pela O2 Filmes e veiculada pela Globo, ganhou espaço na televisão. O “Dicionário de Emília” tornou-se um quadro fixo do “Fantástico” por cinco semanas, além de ser hospedado no site após a exibição na TV. O programete, com duração de cerca de três minutos, mostra a personagem mirim Emília e a sua vontade de saber tudo. A criação é da O2 Digital, divisão de novas mídias da O2 Filmes, com direção de Rodrigo Meirelles e Thiago Dottori. Além deste, foram criados outros conteúdos para o site de “Antônia”, como uma série de pequenos documentários sobre moradores de Vila Brasilândia, bairro da zona norte de São Paulo em que a série se passa; um curta-metragem sobre a história dos avôs das personagens principais; sete “pílulas” de making-of; e um clip exclusivo da música título de “Antônia”. O conteúdo pode ser acessado no endereço www.globo.com/antonia

“Dicionário de Emília”

Animação para adultos O Cartoon Network terá em em seu bloco adulto “Adult Swim” uma produção brasileira. Trata-se de “A Guerra do Vinil”, produzida pela Terpins Greco, que aborda o mundo do hip-hop na periferia. A animação utiliza recursos do artigo 39 da MP 2.228/01. Para os celulares, o canal criou no seu portal uma área denominada Cartoon Network Celular, com o portfólio de conteúdos do canal que estará disponível nas operadoras brasileiras.

Primeiro sinal verde Foi aprovada dia 23 de novembro na Câmara dos Deputados a ratificação da “Convenção sobre a Proteção e Promoção das Expressões Culturais”, convenção da Unesco sobre a diversidade cultural. Caso o Senado faça o mesmo, o Brasil estará entre os 30 primeiros países que farão parte do Comitê Internacional que organizará a aplicação das políticas para todos os países. A Convenção reitera “o direito soberano dos Estados de

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conservar, adotar e aplicar as políticas e medidas que considere necessárias para proteger e promover a diversidade das expressões culturais em seus respectivos territórios”. Também define que os bens e serviços culturais, são “de índole ao mesmo tempo econômica e cultural, porque são portadores de identidades, valores e significados e, por conseguinte, não devem ser tratados como se só tivessem valor comercial”.

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( scanner ) Incentivos explicados

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Do rádio para a TV Com programação que não se restringe ao universo musical, a Transamérica, rede de rádio FM que é retransmitida por diversas emissoras pelo País, estreou seu primeiro canal de TV em Curitiba, ocupando o canal 59 UHF. O grupo Transamérica de Comunicação tem a concessão há 16 anos, e desde então ocupava o canal com a maior parte de sua programação comprada. Em 2004, o canal passou a apresentar programação da então Rede 21, do Grupo Bandeirantes, atual Play TV. Na nova fase, a TV Transamérica também aumentou sua parcela de produção própria, deixando para as atrações da Play TV, voltadas ao público jovem e jovem-adulto, a faixa noturna ao longo da semana. A programação diurna do canal é mista, com esportes, variedades, cultura, saúde, tecnologia, assuntos empresariais etc. Da programação derivada do “dial”, o canal de TV traz o quadro “Transalouca”, com os mesmos apresentadores do programa da rádio. Há atrações do canal disponíveis no site www.transamerica.tv.br.

Chegou às livrarias em dezembro a nova edição do “Guia do Incentivo à Cultura”, do advogado Fabio Cesnik. No Guia, o especialista em direito autoral e incentivo fiscal à cultura apresenta, entre outros assuntos, os procedimentos e questões administrativas que envolvem a elaboração de um projeto, desde sua formatação até a prestação de contas; os trâmites legais e benefícios fiscais obtidos pelas empresas investidoras; detalhes da MP 2.219/01, regulamentação que autorizou a criação do Conselho Superior de Cinema e da Ancine, em 2001; novidades da Lei do ICMS de São Paulo; e sugestões precisas relacionadas com a difícil tarefa de captação de recursos. Publicada pelo Instituto Pensarte, a segunda edição do livro é uma versão ampliada e revisada, que inclui também as modificações introduzidas pelo decreto que produz as alterações na Lei Rouanet, além de tópicos sobre leis federais, estaduais e municipais de incentivo à cultura.

Line Up em novo endereço A Line Up, após a cisão da extinta AD Line, está atendendo em novo endereço, no bairro do Jardim América, em São Paulo. Atuando nas áreas de engenharia, projetos, instalações, suporte técnico, assistência técnica, vendas e integração de sistema, a empresa representa os fabricantes e desenvolvedores Sony, Thomson, Tektronix, AEQ, Kroma, Adtec, CIS/Avid, Orad, Avocent e Rhozet. Além disso, é autorizada a fazer manutenção em equipamentos Sony, Thomson, Kroma, AEQ, Anton Bauer e da linha intermediate da Avid.

Sistema global A TV Globo Internacional contratou os serviços da Objective Solutions para o desenvolvimento de um sistema para o atendimento e a gestão da base de dados de seus assinantes europeus a partir do bairro Barra Funda, em São Paulo. Com a migração para o satélite Hotbird, da Globecast — e consequen­ temente maior cobertura geográfica — a TV Globo Internacional optou por iniciar o contato direto com o assinante europeu. “Nosso maior ganho foi a melhoria no atendimento de nossos assinantes, que agora ligam gratui­ tamente para uma central no Brasil”, diz a gerente de operações internacionais da TV Globo Interna­cional, Yassue Inoki. “Assim, temos uma melhor gestão da base de dados do assi­nante, desde o momento em que ele entra em contato conosco como ‘pros­pect’, passando pela contratação, habili­tação, cobrança, até o momento da pós-venda”. O assinante liga para um número 0800 e é direcionado à central de atendi-

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Globo Internacional via satélite: gerenciamento no Brasil

mento no Brasil. Após a definição do que ele necessita — contratação do serviço, mudança de pacote, cancelamento etc — o sistema Objective SMS comunicase com a Globecast, para as respectivas alterações. A operação dura apenas poucos segundos. “O sistema contempla desde o atendimento na central, a gestão do contrato e o gerenciamento dos serviços, até as cobranças”, diz o gerente de projetos da Objective Solutions, Danilo Conde, que lembra que o sistema faz a integração com o HSBC de Londres, responsável pelas cobranças.

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O sistema começou a operar quatro meses após o início das customizações necessárias devido ao fato do sistema estar preparado para trabalhar no Brasil. “Detalhes como a estrutura de endereço na Europa e a cobrança em euro fizeram com que o sistema tivesse de ser modificado”, diz Conde. A próxima adaptação a ser feita, se­ gundo ele, é a integração do atendi­men­ to com a central da TV Globo Inter­nacio­ nal em Roma, que distribui os de­coders aos agentes autorizados pela Europa. Yassue diz ainda que os esforços até o momento foram direcionados à migração da base inicial de assinantes na Europa, que hoje é de 3,2 mil. Os planos da TV incluem a ampliação dos serviços oferecidos pela central de atendimento. “A central passará a ser multi-canal, atendendo não somente às ligações telefônicas, como também e-mails. Além disso, implantaremos em breve o serviço de chat on-line através do próprio site da TV Globo Internacional”, conclui­.

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Quem comandará a Ancine A expectativa do fim do mandato de Gustavo Dahl frente à Ancine, no da 16 de dezembro, causou uma movimentação política no meio cinematográfico como há muito não se via. Dahl conta com o apoio do chamado “setor industrial” do audiovisual (ligado aos grandes grupos de Gustavo Dahl produção e distribuição), mas, surpreendentemente, conta também com algum apoio no setor mais independente e até de uma pequena parte do PT, que temem mais uma crise política no cinema com a indicação à presidência de algum nome alinhado à atual política do MinC. Temem também que a presidência da agência acabe entrando no pacote de negociações para a formação da base governista. A consulta pública aberta pelo MinC para receber sugestões de nomes à presidência da Ancine não chegou ainda a um nome forte que não tenha rejeições dentro do setor, a aposta é que Gustavo Dahl tem grandes chances de ser reconduzido. Entre os nomes indicados pelas várias associações estão Gustao Dahl, Isa Castro, Monica Schmiedt e Elisa Tolomelli, Assunção

Marina Lima

Música para comemorar A Digital 21, produtora que nasceu como um braço da Cine, comemora cinco anos com a produção do seu primeiro DVD musical. Trata-se do novo DVD de Marina Lima, que conta com parceiros como Monique Gardenberg (direção), Dudu Trentin (arranjos e produção), Isay Weinfeld (cenografia), Deborah Colker (direção de movimento), Érika Palomino (consultoria de moda) e Lauro Escorel (fotografia). O DVD traz o show “Primórdios”, gravado totalmente em HD. Na equipe, 30 pessoas trabalharam na captação e dez na pós-produção. Além desses, a empresa, que fecha 2006 com faturamento 50% superior ao de 2005, prepara para o ano que vem trabalhos na área de interatividade móvel e filmes de animação.


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( scanner ) Animação manufaturada

Preciosidades do cinema

Com o objetivo de entregar trabalhos artesanais, seis profissionais uniram-se para montar a produtora de animação Oca Filmes. Embora a empresa tenha sido aberta no início de novembro, os profissionais trabalharam juntos nos últimos três anos na Trattoria. A equipe é formada pela produtora executiva Ana Paula Catarino, o artista em CGI Diego Velasco, o diretor de animação Guilherme Alvernaz, o animador Andre Mello Metello, o ilustrador Luiz Gustavo do Amaral e o programador Marcos Issler. Os sócios ainda convidaram o admiEquipe da nova produtora nistrador de empresas Jean Paul Robin para cuidar da administração da produtora. Embora tenha sido constituída há pouco tempo, a Oca já deu início à sua produção. Até o momento, foram realizados três trabalhos para a Margarida Flores e Filmes (para comerciais das marcas Coca-Cola, Motorola e CCAA) e cenas de animação para o curta-metragem “Entre Duas Rodas”, de Vitor Massa, da Republika Filmes. Ana Paula lembra que embora a maior demanda ainda seja para a publicidade, a produtora está aberta a todos os tipos de conteúdo. Baseada na experiência de seus profissionais, a Oca filmes tem como objetivo realizar trabalhos artesanais, com foco na animação em 2D e 3D. “Não queremos ser uma finalizadora, mas sim uma boutique de animação”, diz Ana Paula. No momento, os profissionais preparam o cenário para uma sessão de fotos que Bob Wolfenson realizará para o Boticário.

Contar as transformações pelas quais uma cidade do interior passou durante cerca de 30 anos pode não parecer muito intrigante. Quando o município em questão é Lençóis, no interior da Bahia, e a transformação da cidade deve-se em parte a um filme brasileiro rodado nesta cidade, a história é diferente. Baseada na relação da comunidade de Lençóis com o filme “Diamante Bruto”, realizado em 1977 por Orlando Senna, a roteirista e diretora Conceição Senna gravou o documentário longa-metragem “Brilhante”, no qual narra a transformação da cidade, localizada na Chapada Diamantina, que vivia basicamente da extração de pedras preciosas e hoje é um importante pólo turístico. “O filme mostrou a cidade em decadência do garimpeiro, mas também retratou as riquezas e as belezas daquela região, o que acabou chamando a atenção para o lugar”, diz Conceição, que também atuou como atriz do filme de 1977. Na época das filmagens de “Diamante Bruto”, a população de Lencóis participou da produção, atuando principalmente na figuração. Foi na exibição do filme para a população, no entanto, que Conceição percebeu a relação das pessoas com “Diamante Bruto”. “O documentário partiu da idéia de recuperar essa memória”, diz a diretora. O documentário foi gravado entre 2001 e 2003 e, finalizado em 2005. A produção, realizada com recursos da própria diretora, é realizada pela MP2 Produções, e a distribuição é da RioFilme.

Expansão mineira Com transmissão via satélite e aumento da infra-estrutura, a TV Paranaíba, afiliada da Rede Record em Uberaba, Minas Gerais, planeja a sua expansão pela região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. A TV, que hoje atinge 25 municípios em UHF e cerca de 1,8 milhão de espectadores, planeja atingir, dentro de 24 meses, outras 55 cidades, totalizando 80 municípios e aproximadamente 3 milhões de espectadores na região. A expansão torna-se possível a partir do acordo fechado com a Loral Skynet do Brasil para utilização de banda Ku via satélite Estrela do Sul 1. “Ao colocar o seu sinal no satélite, a emissora busca melhorar a qualidade de recepção, expandir a programação e futuramente, fornecer conteúdos fora da transmissão broadcast”, diz o diretor geral da TV Paranaíba, Ary de Castro Santos Júnior. 12

A troca dos transmissores tem início em Uberaba, cidade que começa a receber o sinal via satélite no dia 17 de dezembro. A idéia é atender inicialmente as 25 cidades que já assistem a TV Paranaíba, para depois chegar aos outros municípios. Santos diz ainda que a nova divisão de engenharia da emissora, chamada de Paranaíba Sat, tem feito o trabalho de base, visitando as praças mais afastadas e buscando apoio das prefeituras para a parte logística da operação. “A ajuda das prefeituras serve para encontrar locais onde possamos colocar as antenas e os transmissores para a difusão do sinal nessas áreas”, completa. O sinal a ser transmitido será o mesmo para todas as cidades. Além de maior abrangência e melhor qualidade de transmissão, a TV Paranaíba planeja para 2007 uma •

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reformulação da programação, com a inclusão de um programa regional e a retomada do jornalismo local. O programa, a ser exibido das 12h às 13h, diariamente, será uma revista eletrônica, com fatos relevantes das principais cidades da região. O jornal deve ser exibido às 18h30. Atualmente, apenas uma hora da programação de segunda a sexta é regional, e nos finais de semana, essa programação corresponde ao período vespertino, preenchido principalmente com programas de televendas locais, realizados em parceria com uma produtora da região. Para atingir esse crescimento e a melhoria da programação, a Rede Mineira de Rádio e Televisão investe em infra estrutura, com a aquisição de novas câmeras, switchers, dois cenários e contratação de mão-de-obra.

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O poder da escolha A Rain Brasil e a AgênciaClick apresentaram em novembro mais uma forma de transformar a publicidade em algo interativo. A partir da iniciativa, os espectadores de cinemas em São Paulo e no Rio de Janeiro puderam escolher a seqüência de um filme publicitário do Fiat Idea Adventure por meio de SMS. A platéia foi convidada a responder gratuitamente por Publicidade interativa no cinema SMS a quatro questões mostradas na tela e a partir das respostas, definir o destino do personagem do filme da Fiat. Com as opções escolhidas, os espectadores são direcionados a uma das combinações feitas a partir de 16 frames produzidos pela O2 Filmes, com direção de Rodrigo Meirelles. O conteúdo dos filmes aponta para fatos comuns do cotidiano, indicando que determinadas escolhas do dia-a-dia podem conduzir a aventuras imprevisíveis. Após a apuração — realizada pela empresa TellVox em até 5 minutos após o início da votação — os visitantes assistem à montagem mais votada. Para viabilizar a ação nos cinemas, foi utilizado o sistema Kinocast, da Rain, que tornou possível o gerenciamento da playlist com agilidade para que o filme escolhido fosse exibido em seguida. A experiência pôde ser conferida até o dia 10 de dezembro, de sexta a domingo, durante três fins de semana, nas sessões noturnas de uma sala digital do Unibanco Arteplex Botafogo, no Rio de Janeiro, e do Morumbi Shopping e Unibanco Arteplex (Shopping Frei Caneca), em São Paulo.

Vídeos para decifrar o mercado financeiro Com o objetivo de mudar a forma como as pessoas vêem o mercado de compra e venda de ações, a Vista Filmes desenvolveu vídeos explicativos para o site da corretora de valores Win (www. wincorretora.com.br). Ao acessar o site, o usuário pode fazer um “tour virtual”, no qual uma apresentadora explica todo processo do site, disponibilizando uma ferramenta de cotações. As cenas que fazem parte do “tour virtual” foram dirigidas por Marco Antonio Bichir com supervisão da Player Filmes. Para 2007, a Vista Filmes desenvolve um formato digital de publicidade de varejo.


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Doutor cinema

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cineclubista. Em 1980, tornou-se presidente do CNC — cargo que ocupou por três mandatos. Mas, no final da década de 1980, o movimento sofreu um retrocesso e Claudino sofreu um acidente que o deixou de cama por praticamente dois anos. Com isso, continuou tocando sua produtora e o trabalho na universidade, além de permanecer ligado aos cineclubes de Vitória, mas longe do movimento nacional de cineclubes que se enfraquecia. Foi só em 2003 que, durante o Festival de Brasília, foi realizada uma Jornada Nacional de Cineclubes — evento antonio claudino de jesus que não acontecia desde 1989. Tinha meados da década de 1970, alunos da perdido o contato com muita Universidade Federal do Espírito Santo gente e reencontrei todo mundo. promoviam sessões clandestinas de Montamos uma comissão provisória cinema. Claudino logo se envolveu e para rearticular o movimento. Acabei pouco depois o cineclube se estruturou, sendo eleito presidente e este ano fui deixando de ser clandestino. Era a reeleito. Conseguimos reunir mais de época da efervescência do movimento 250 cineclubes do Brasil inteiro. Os cineclubista, que Claudino atribui a cineclubes são parte da minha vida dois fatores: a resistência à ditadura assim como respirar, mas agora tem e à distribuição organizada feita pela uma garotada cheia de gás e está na hora de eles começarem a ascender para assumir esse trabalho. O fenômeno está espalhado por todo o Brasil. Só na região em que Claudino mora, na cidade de Vila Velha, há 15 cineclubes. O número que ele cita é Dinafilme, distribuidora de filmes do CNC uma estimativa dos associados do que atendia exclusivamente o circuito de CNC, mas está longe de ser o total de cineclubes, e pela Embrafilme. cineclubes no Brasil. Todo dia aparece Formado, passou a atender em hospitais algum um novo. e se tornou professor de ciências da saúde, mas sempre ligado ao movimento (Lizandra de Almeida)

Foto: Bruno Schultze

édico, professor universitário, educador na área de meio ambiente, dono de uma produtora de cinema, presidente do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC) e vice-presidente da Federação Internacional de Cineclubes. Todas essas atividades fazem parte do cotidiano de Antonio Claudino de Jesus atualmente e conversam muito entre si. Sou médico parasitologista, minha formação é toda voltada para a medicina social, para a saúde pública. Isso me levou a estudar e criar projetos de educação para o meio ambiente. E o cinema é a arte que serve como veículo de educação. Desde a infância, o cinema é parte de sua vida. Nasci no interior do Espírito Santo e nossa grande diversão era a matinê de domingo. Com oito ou nove anos, o dono do cinema me convidou para ser padrinho do filho dele. Eu já ia sempre ao cinema, mas com isso comecei a assistir os filmes da cabine, mesmo aqueles que eram proibidos.

“Os cineclubes são parte da minha vida assim como respirar, mas agora tem uma garotada cheia de gás e está na hora de eles assumirem” Prestou vestibular para medicina e então se mudou para Vitória, onde a efervescência universitária era grande. Comecei a participar dos movimentos culturais, já fazia teatro, organizava eventos de música. Em

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Geórgia Guerra-Peixe

Ricardo “Gordo” Carvalho

Divisão especial

A Bossa Nova Films recebeu no mês de novembro dois novos diretores. O primeiro a chegar à produtora foi Ricardo “Gordo” Carvalho, ex-Margarida Flores e Filmes, que conta com uma experiência de vinte anos no mercado publicitário. Além dele, a Bossa Nova recebe Geórgia Guerra-Peixe, que se reintegra ao núcleo de diretores da produtora, após um ano e meio trabalhando na Cia de Cinema. Nesse período, a diretora também desenvolveu o projeto do documentário “Rompendo a barreira do som”, uma co-produção entre a Bossa Nova Films e a Amérimage Spectra do Canadá.

Amilcar Oliveira é o diretor da Sentimental e-Tal, braço da produtora Sentimental Filme para novas mídias e conteúdo. A divisão, lançada há alguns meses, ficará responsável por toda a produção para web, celular, e mídias alternativas, e pelos conteúdos não-publicitários, como documentários e filmes. No momento, a Sentimental e-Tal trabalha no projeto de um documentário sobre pessoas famosas e anônimas que amam karaokê. Oliveira passou por canais de televisão como National Geographic, Bandeirantes e Gazeta, e por agências, como a Motivare. Antes de chegar à Sentimental e-Tal, participou do desenvolvimento do departamento de novas mídias da Cinéma.

Nova diretoria

Foto: arquivo

Fotos: divulgação

Diretores experientes

Novidades no comercial

André Sturm foi reeleito presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo (Sicesp) para o triênio 2006—2009, com Fabiano Gullane como vice. A cerimônia de posse aconteceu em 30 de novembro, com a presença do ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Foto: marcelo kahn

Fernando Fiorese é o novo contratado do SBT como executivo de contas da área de vendas da diretoria comercial. Fiorese trabalhou na QG Propaganda, onde foi diretor do grupo de contas Fininvest, Pop (GVT), Droga Raia, Fritex e Meio & Mensagem. Sob o comando da mesma diretoria, também chega ao departamento de marketing George Luis Mofarej, como analista de mídia. Antes do SBT, ele atendia a conta da Casas Bahia na Young & Rubicam.

Presidência da associação

Em todas as áreas

A produtora Ana Cristina Costa e Silva, da Dharma Filmes, responsável pela Brasil Central Film Commission, assumiu em novembro a presidência da Associação Brasileira de Film Commissions (Abrafic), associação formada durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a partir da união institucional das film commissions regionais, estaduais e municipais do Brasil. Além de Ana Cristina, compõem a diretoria executiva da nova associação: Edgar de Castro, da São Paulo Film Commission (vice-presidente); João Roni Jardim Garcia, da Santa Catarina Film Commission (diretor-executivo); e Maria Viveiros, da Minas Film Commission (secretária-executiva).

Com cinco contratações, a Datamidia,FCBi termina 2006 e começa 2007 com a sua equipe reforçada. Danielle Bicudo, com passagem pela RMG Connect, é a nova gerente de projetos da agência, e fará parte da equipe de Juliana Nascimento no atendimento à Motorola. Na equipe de tecnologia foram duas contratações: Flávio Gabriel Pereira da Silva (ex-Ogilvy) e Pedro Byung Monson (ex-Euro RSCG 4D). Para o planejamento, chegam à agência Camila Carsalade (ex-Globo.com e NBS) para ser assistente de projetos, atendendo a conta da TIM, e Jussara Martins Gomes, que assume o cargo de assistente de diretoria.

De saída André Barroso, diretor-geral das emissoras TV Tem, afiliadas da Rede Globo no interior paulista, deixará o cargo no final do ano. O executivo atribui a decisão a motivos pessoais, sobretudo a distância de casa (ele reside no Rio de Janeiro, com sua família). Barroso, após quatro anos como diretor-geral, poderá permanecer próximo ao grupo, atuando como consultor eventual. A princípio, sua posição será ocupada pelo empresário J. Hawilla, proprietário do grupo. A TV Tem possui geradoras em Sorocaba, Bauru, Rio Preto e Itapetininga, além de outras sete unidades regionais em Jundiaí, Marilia, Araçatuba, Catanduva, Votuporanga, Ourinhos e Botucatu.

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Edianez Parente

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Anunciantes põem as cartas na mesa Acabar com o BV, diversificar as mídias, defender a auto-regulamentação, exigir criatividade das agências e participar mais dos assuntos nacionais: eis a pauta da ABA. fotos: marcelo kahn

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Ricardo Alves Bastos, presidente da ABA.

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ão se trata de pouca coisa. Ainda que considere que 2006 tenha sido um ano “morno” para os investimentos em mídia, a ABA (Assoc. Brasileira de Anunciantes) fala em nome de 70% do PIB publicitário do País. A entidade reúne numa mesma mesa concorrentes que jamais se sentariam lado a lado em qualquer negociação. Assim, a associação tem manifestado com força a visão do anunciante sobre temas de relevância no mercado. Desde a posição contrária à pratica do famoso BV (ou bonificação de volume, uma comissão repassada às agências pelos grandes veículos de comunicação), o modelo de negócios da TV digital aberta, recomendações junto ao Conar (Conselho de AutoRegulamentação Publicitária) sobre a propaganda dirigida ao público infantil, até a novíssima legislação municipal que proíbe a publicidade exterior em São Paulo. O presidente da associação, Ricardo Alves Bastos, além de ter formação jurídica, é sociólogo e busca levar para a ABA sua visão multidisciplinar — ele é diretor de assuntos legais e corporativos da Johnson & Johnson para a América Latina. Como entidade, a ABA tem uma agenda movimentada. Promove para seus associados cerca de 50 eventos ao ano, reunindo mais de seis mil executivos. Em 2006, entre outras, a ABA enviou carta ao ministro das Comunicações, Hélio Costa,


onde pleiteou seu direito, como viabilizadora da TV aberta, de ponderar e solicitar informações sobre a definição do padrão digital a ser adotado no Brasil. Afinal, a ABA entende que, se os custos da televisão aumentam, o anunciante é quem sofre o impacto dos valores cobrados pelas emissoras. Para tratar destes e de outros assuntos que movem o setor, Ricardo Alves Bastos recebeu TELA VIVA para a entrevista que segue. TELA VIVA — A ABA marcou posição ao longo deste ano sobre diversos assuntos. Por que decidiram se manifestar? RICARDO ALVES BASTOS Fizemos nossos “positional papers”. São manifestações relevantes para o nosso setor. A idéia é colocar indiscutivelmente a opinião da ABA, porque uma das ansiedades que havia entre os nossos associados é de que deveríamos participar mais dos temas institucionais, polêmicos e políticos de relevância para o País e não só ficar como uma associação que fosse mais comportada. Na realidade, hoje, a maioria dos nossos associados acredita que a ABA tem de desempenhar um fator de agregação. Vem daí a manifestação sobre a escolha do padrão da TV digital? Mandamos a carta para o ministro. Como o próprio disse, o padrão da TV digital não vai entrar amanhã. É uma coisa que está sendo prevista “step by step” para os próximos dez anos e talvez um pouco mais. Então, dentro dessa perspectiva, queremos discutir, porque os anunciantes, ao final do dia, pagam a conta. E, obviamente, quem paga a conta tem o direito de pelo menos protestar e dar palpite. E vocês ficaram satisfeitos com o resultado? Foram chamados para as reuniões? O documento resultou num contato, com um retorno tipo: “aguardem um pouco”. Então, esperamos a chamada de todos os

veículos para resolver algumas questões. Mas a verdade é que o próprio governo ainda não tem uma visão muito clara de como ela vai ser implantada. Têm a idéia de que vai decolar e falaram que vão nos chamar no devido tempo. E se não chamarem, vamos reiterar, discutir um pouco mais.

prometido para 2007 faz com que o Brasil cresça 5% . Este ano não cresceu. Só cresceu, na América Latina, mais do que o Haiti - e se o nosso “benchmark” é o Haiti, estamos muito mal! As empresas estão segurando investimentos. Como o mercado não cresce, pode haver uma ou outra empresa com um determinado lançamento que tenha investido; mas de um modo global, o ano foi ruim. O setor de perfumaria, higiene e limpeza (no qual trabalho) foi um destaque neste ano, pois continuou investindo e tem crescido a base de mais de 10% ao ano, mas é um setor específico, apesar de ter empresas muito grandes (Johnson, Procter, Natura, KimberlyClarke, Colgate, Unilever, Boticário etc), mas dentro do cenário nacional ainda assim é pequeno. Esse setor continuou investindo bem em mídia.

Mas os anunciantes não participam do já lançado Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre. Mesmo porque a gente ainda não tem o que fazer ali, porque se trata de uma parte muito técnica. Quando chegar à questão da implementação, daí acredito que teremos uma participação mais efetiva, quando entrar na questão do modelo de negócios, que é basicamente a nossa. Sobre a tecnologia, até achávamos que a discussão tinha de ser um pouco mais ampla no final, pois os dois sistemas, o europeu e o japonês, tinham uma série de prós e contras. O padrão japonês, sem dúvida,

E o impacto da maior participação das classes D e E no mercado? Ainda é pouco. O primeiro setor onde isso se reflete é o de alimentos. Houve aumento de consumo, porém não o suficiente para se justificar um investimento maciço em propaganda. Na realidade, pode-se dizer que havia uma demanda reprimida. A partir do momento em que se tem uma economia mais estável, sem inflação muito alta, as pessoas começam a ver o que dá para fazer dentro do orçamento. É uma maneira típica do brasileiro, porque a gente vem de uma cultura inflacionária, onde sempre se compra dentro do seu salário. Com inflação reduzida, acaba-se comprando mais. Isso realmente houve. Mas no aspecto macro, crescimento na ordem de 2,5% ainda é pouco.

“O mercado este ano foi morno, Mesmo com Copa do Mundo e eleição.” permite uma integração maior. Mas, por outro lado, só tem no Brasil e Japão. Então, na realidade, víamos que o padrão europeu, que já havia sido aceito por 77 paises, daria uma interação melhor em termos de aproveitamento da programação, e também da criação da propaganda, como a possibilidade de fazer comerciais em outros países e serem rapidamente absorvidos aqui. A minha preferência seria pelo padrão europeu, mas isso não tira nenhum mérito do padrão japonês, que dizem ser o futuro por uma série de conceitos técnicos. Como foi 2006 para o mercado anunciante? O mercado este ano foi morno. Mesmo com Copa do Mundo e eleição. Sob o aspecto de investimento em mídia, houve diminuição — as pessoas ficaram muito mais preocupadas com as questões da eleição, então as empresas seguraram os investimentos. Ocorreu que, sob o ponto de vista macroeconômico, o País não está crescendo como deveria e poderia. Vamos ver se o “espetáculo de crescimento” T e la

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Como a ABA vê o cenário que se vislumbra com as novas tecnologias e respectivas novas mídias que surgem? Tivemos há pouco um evento, o ABANet, que é o prêmio que a associação faz para as empresa pontocom. Foi uma festa muito bonita. Vemos que os jovens, e os sistemas que estão se propondo 17

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( capa) associação faz para as empresa pontocom. Foi uma festa muito bonita. Vemos que os jovens, e os sistemas que estão se propondo representam uma diferença enorme em relação à mídia tradicional que tínhamos antes. Muitas empresas estão experimentando novas formas de mídia; isso cria força, e se aproveita a convergência. O objeto que se pega hoje é um telefone e também uma televisão; o computador já obedece ao comando de voz. Como vai ser a mídia para tudo isso? Vai te avisar que você recebeu uma propaganda? Como as agências e anunciantes vão trabalhar com isso, com essa interação e essa convergência que ocorre entre esses novos instrumentos, que são uma nova mídia? Abre-se toda uma nova perspectiva. Como vai se trabalhar o celular da forma que está se tornando? Hoje há torpedos horrorosos, porque são invasivos. Mas como é que você gostaria de receber uma propaganda divertida e não invasiva, com o principal da propaganda, que é informar as boas coisas do seu produto, para despertar o seu desejo ou criar uma necessidade? Estas são as questões. O Brasil tinha uma dificuldade tremenda com telefonia. E hoje os americanos ficam impressionados com o nosso uso do celular. Porque telefonia tradicional lá funciona perfeitamente. Aqui,o celular virou uma febre, o acesso que todo mundo pôde ter com o pré-pago. Como isso reflete em mídia? Hoje existe uma discussão muito grande entre os anunciantes, as agências e até entre os veículos. Como os veículos vão se comportar? Há um tempo, dei uma palestra com o pessoal de jornal, foi uma reunião mundial. Como o jornal entra nisso? Os jovens não deixaram de ler noticias, mas deixaram de ler o jornal na forma física. Eles o lêem nos sites. Todo o mundo está com uma expectativa na exploração desses meios novos de comunicação, o que vai exigir um grande trabalho principalmente das agencias, de se adaptar a esses novos sistemas.

desgaste, uma incerteza se vai dar certo. As agências terão uma função dupla. Primeiro, elas terão de descobrir quais são essas mídias, e depois vão ter de convencer o cliente, que também está numa zona de conforto.

“Uma empresa de comunicação tem de ser multimídia. Não vai ser só TV. ” Mas ainda não houve nenhuma alternância significativa na divisão do bolo de publicidade. Exatamente. A Internet cresceu. Mas existe uma maior criatividade em alguns meios mais tradicionais. Numa reunião com o pessoal de rádio, fiquei impressionado como a forma de fazer esta mídia evoluiu. Jingles, novas situações; eles estão demonstrando uma tremenda criatividade. Parece que o anunciante está mais próximo de todo este processo. Ele não o delega mais na sua totalidade às agências? Tem razão. Vejo que há um grande desafio para as agências profissionais de proporem às companhias outras formas. Vejo muito trabalho em volta deles. Primeiro: terão de se adaptar; e a gente não vê isso no momento, e por isso o anunciante fica cada vez mais próximo, porque sempre tem uma pessoa mais jovem na empresa falando: “Por que não tentamos isso, por que não tentamos aquilo?”. Começam a se mostrar outras formas não tradicionais. E as agências não querem o novo, porque de uma certa forma muitas delas estão confortáveis. Em toda zona de conforto, onde se propõe uma mudança estrutural, as pessoas têm de se agitar e sair. E isso é sempre desagradável. Até que depois se dá bem no final.... e a hora que tem de se mexer, há sempre um 18

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Como assim? O cliente chega e diz: “Você vai ter de colocar dinheiro em telefonia celular, porque está havendo uma convergência, ela começa a ser uma televisão também”. Outra coisa é a mudança do consumidor. Ele está mudando com uma velocidade extraordinária. Ele não quer ser só consumidor, quer palpitar no produto, quer interagir. Porque hoje também é fácil. Você começa a detectar que a pessoa não está esperando para ser pesquisada. Por isso que o SAC aumenta tanto. Ele liga muito para reclamar, mas também para dar sugestões sobre a evolução de um produto. E as pessoas querem interagir na propaganda. Para os anunciantes, o grande segredo está em: como traduzir tudo isso em produtos. E para as agências é: como fazer para oferecer aos anunciantes uma coisa totalmente nova, mas vendável, e que possa chegar mais rapidamente ao consumidor. E os veículos, como ficam com a convergência? Obviamente, terão de se adaptar. Uma empresa de comunicação tem de ser multimídia. Não vai ser só TV. Será TV, Internet, montagem, tudo. É nitidamente, o futuro. E aí entra uma outra questão: haverá uma saturação? Acredito que não. Tenho duas filhas, jovens, que vêem tudo isso apenas como uma outra forma de comunicação. Não se sentem saturadas com todas essas mensagens. Conseguem absorver muito mais do que eu. que fui criado numa outra transformação. Elas acham que a propaganda já é parte da vida. O cérebro dos jovens já funciona de forma diferente; as crianças mexem melhor com o computador do que a gente. Fazer mídia para isso é o futuro.

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( capa) Quais os projetos, expectativas e novidades dos anunciantes para 2007? A ABA prevê novos comitês para o ano que vem — já há um comitê só com presidentes de companhias, um órgão institucional. Criamos um outro que é muito interessante, que é o de melhor prática, dentro de área de finanças, ligada com marketing. Hoje existe uma discussão muito grande sobre quem deve ficar com a área de marketing — e o financeiro obviamente está sendo demandado a entender de marketing. O financeiro tradicional ficava muito desconfiado de como medir, pois têm uma mente muito pragmática. Em marketing, durante muito tempo, não se sabia quanto daria 2 mais 2; podia as vezes ser 5 ou 3. Hoje, com as novas métricas, cada um tem de entender melhor das áreas. Também, a ABA certamente vai continuar implementando esta ação pública. Realmente participar dos debates nacionais, sobretudo. Nos interessa tudo o que pode chegar perto do nosso setor de anunciantes: não é só a questão do digital, não é só a questão dos novos métodos, mas também a legislação. Agora, junto ao Conar, estamos discutindo a questão da publicidade infantil em alimentos e bebidas, porque acreditamos firmemente na auto-regulamentação. Ela é feita por especialistas, principalmente em setores que se movem com extrema rapidez como o nosso. Se deixar “ao Deus dará”, o governo tenta preencher os espaços. A sociedade é como a natureza: não deixa espaços; cria vida e ocupa os espaços vazios. Se você não fizer nada, alguém vai fazer por você. Normalmente, quando parte do órgão governamental, é para aumentar o seu espaço em detrimento dos outros e se começa a querer regulamentar sem ser especialista. Estou generalizando, mas normalmente as pessoas não especialistas tendem a, ou a regulamentar demais, ou a coibir.

Seria o caso da legislação anti-outdoor, em São Paulo? Aqui, com o nosso prefeito, nos manifestamos de forma contrária, não por achar que qualquer anunciante tenha o direito de emporcalhar a cidade. Tem de haver uma regulamentação, sim. Não estamos propondo nada de extraordinário; não será nada diferente do resto do mundo. Muitas megalópoles têm um negocio organizado: há cidades nas quais há áreas onde não se pode ter propaganda, e há centros onde a propaganda vira até algo turístico.

“Hoje existe uma discussão muito grande sobre quem deve ficar com a área de marketing — e o financeiro obviamente está sendo demandado a entender de marketing.” Nestes lugares, há impacto. Mas não se coloca nada numa zona residencial ou de preservação ambiental etc. Pode ser uma solução para São Paulo. Em Paris, há muita propaganda organizada, não se vê a cidade emporcalhada. Aqui no Brasil mesmo, por exemplo, em Curitiba, há um relacionamento muito bom entre a comunidade e os anunciantes, porque houve uma conversa correta entre anunciantes, agências e governo e onde de comum acordo se chegou ao que seria melhor para a cidade, dando oportunidade para cada parte falar. O que não dá é querer impor, o que cria essa 20

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distorção que se tem agora em São Paulo, onde se deixa de lado até o fator de informação da propaganda. Não somos contra a lei só por ser uma lei. Queremos que haja o diálogo representativo de todos os atores desta questão, de forma que a comunidade ganhe com isso. E tem outra: discutimos muito o conceito de rarefação e adequabilidade. Como são estes conceitos? Rarefação é rarear a propaganda de uma forma correta e adequar para a região. Anunciar no centro é diferente dos Jardins, da Marginal, do parque Ibirapuera. O conceito de adequabilidade é o que os anunciantes mais querem, porque obviamente a pior coisa para ele é fazer um anúncio muito bonito na hora errada, no tempo errado e para o público errado. Gasta-se muito dinheiro e se ouve: “Seu anúncio estragou o meio ambiente!” Os anunciantes bancam grandes atrações na TV, das novelas à Copa do Mundo. Mas, por todas estas questões, sofrem uma certa “vilanização” na sociedade. Como sair disso? A ABA já fez campanha institucional (com o slogan “O Melhor do Brasil é o Brasileiro”). O que existe de errado é você deixar pegar esse papel de vilão, porque você não está controlando o seu produto final. Como anunciante, tem de ter um acordo entre todos os players sobre tudo o que você pode anunciar. O produtor de comida infantil tem de dar informação correta sobre o produto. Tem de discutir com os players e não deixar, por exemplo, um órgão como a Anvisa determinar o que deve ser feito e o que não deve ser feito. Tem de ser feito, como se fez através do Conar (no caso da publicidade infantil), o que se supõe que seja uma boa propaganda. Por exemplo, você não pode anunciar perto de colégio, não pode ter faixa/ banner; você tem de anunciar depois de certas horas, não pode colocar um ídolo de futebol dizendo “Eu só como


no McDonald’s”, porque não é verdade; ou “peça para sua mãe comprar.” Então, aí entra a criatividade das agências. A agência tem de fazer um comercial que cumpra todas essas normas e que continue sendo bom. Porque, fazer uma coisa de transgressão é muito mais fácil. Agora, o preço da liberdade é a eterna vigilância. Não pode contratar uma agência e dizer: “Bem, agora faça o que quiser”. Tem de saber. Essa é uma discussão sobre ética muito profunda de que a ABA tem participado bastante e a gente tem conseguido. Acredito que há o desafio para indústria e anunciantes que tenham produtos que não sejam politicamen­te corretos. Por exemplo, para anunciar cigarro, a agência tem um desafio, pois há muitas restrições e o conhecimento de que é nocivo. Mas o desafio é da agência. Deve ter um jeito. O mesmo vale para o anúncio de medicamentos e de bebida alcoólica, não? Acho medicamentos menos problemático. Não é uma posição formal da ABA, mas acho que é uma questão até de informar o público para evitar a auto-medicação. No caso de bebidas alcoólicas, não temos ainda um “statement”, mas existe a proposta do Conar (N.E.: a ABA é uma das fundadoras do Conar). No caso da bebida alcoólica, é o mesmo que o cigarro. Mas os anunciantes de bebidas alcoólicas conseguem fazer coisas mais inovadoras do que os de cigarro em locais onde existe mais restrição. Por exemplo, só se pode anunciar em determinada horas, em determinados programas, talvez num canal para pessoas adultas, ou após as 22h. E no Brasil ainda há uma outra questão, que é a cerveja ser um bebida nacional. ... e que paga na TV eventos tão grandes quanto uma Copa do Mundo! Exato. Acho que ela (a propaganda) tem que ser restrita de um determinado modo. Não pode

criar comerciais onde se incentiva um negócio que não existe. Por exemplo, a idéia de que quem toma cerveja está sempre bonitão na praia, só tem mulher bonita e tudo o mais. Isso é indutivo. Tem outros meios de se fazer. Obviamente, tem de puxar pela criatividade das agências. Comercial de cerveja no Brasil mostra sempre um grupo de pessoas do futebol, na praia, e incentiva o consumo principalmente entre os adolescentes. Não sou contra a bebida, mas acho que não se pode incentivar. Tem de dar opção e informar sobre os riscos. Por isso, digo: tem de ter a auto-regulamentação. E não deixar

fui eleito. É um assunto estratégico e uma coisa que tem de ser discutida, envolvendo os três pilares do negócio: anunciante, veículo e agência. Nós preferimos uma solução negociada: queremos pagar o preço justo. A solução para a questão é acompanhar todo o processo. Não queremos diminuir o preço em função do BV, mas sim pagar uma coisa que seja feita às claras. Saiu uma resolução do TCU (Tribunal de Contas da União) contra o BV e o governo tem dez dias para começar a se adaptar nos seus contratos. Muitas redes nos apóiam

“Acabar com o BV (bonificação de volume) é a principal bandeira da nossa administração e um dos motivos por que fui eleito. ” na mão de terceiros, porque a primeira coisa que vão falar é que vai proibir tudo. Daí não vende, daí deixam de financiar a Copa do Mundo, a Fórmula-1, tirando as opções de lazer da população. Agora, acredito que devem fazer de uma outra forma. Aí entra o fator: veículo, agência, fazendo algo de uma forma bacana, legal, de uma forma criativa. Como estão os anunciantes oficiais? Petrobras, Caixa, Correios e Banco do Brasil são associados. Participam de atividades da diretoria. Adotam todo o nossa posicionamento, pois tiveram um momento difícil com a questão das verbas designadas politicamente. O pessoal técnico do governo não ficou muito satisfeito com o que aconteceu da forma política. Os técnicos querem que tudo seja mais coordenado, restrito. E é para isso que servimos, para criar estas normas e levar para a frente uma proposta. Essa coisa do Marcos Valério pegou mal para as agências e o para o pessoal de propaganda de governo, demonstrando que existe falta de auto-regulamentação de empresas do governo. E deu no que deu. Se tivesse auto-regulamentação, não teria ocorrido dessa maneira. Qual a maior meta da associação? Acabar com o BV (bonificação de volume) é a principal bandeira da nossa administração e um dos motivos por que T e la

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nesta questão — como a Band e Record. Nos Estados Unidos, a questão foi abordada em lei, que surgiu na esteira dos escândalos financeiros. O BV é utilizado como prática para fidelização dos clientes. Em 20 agências de São Paulo, trata-se do primeiro e do segundo maiores clientes. Queremos marcar uma reunião sobre o tema com a Globo e o Cenp. Já falei para as redes. Os anunciantes não têm medo de pagar, 20%, 30% ou 40%, mas não dá pra fazer compras no escuro, sob o nome de “incentivos”. Isso pega mal para o País, para o relacionamento das empresas e para os negócios. Isso tudo gera o monopólio. Temos de diversificar os meios. Tem de haver diversidade. Seria bom que todos crescessem. Quanto maior a competição, melhor para todo mundo. É muito ruim ter uma situação imperial, nos remete aos tempos dos déspotas. A transparência faz parte da democracia. Quais as novidades em 2007? Vamos intensificar nossa campanha de adesão para novos sócios. Hoje são 270, que representam 70% do mercado de investimento publicitário no Brasil. Queremos ter pelo menos mais 50. Queremos também ter mais anunciantes de varejo, para dar maior representatividade.

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Fernando Lauterjung

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Plataforma de lançamento Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre é criado com a missão de especificar a primeira versão do padrão nacional e mantê-lo evoluindo conforme as necessidades da indústria e da sociedade.

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o dia 23 de novembro foi criado o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre. Trata-se de um órgão criado para assessorar o Comitê de Desenvolvimento do SBTVD-T acerca de políticas e assuntos técnicos referentes à aprovação de inovações tecnológicas, especificações, desenvolvimento e implantação do sistema nacional. É o início de um trabalho que deve se manter enquanto existir a TV digital aberta no País, mesmo após a definição da primeira versão do padrão brasileiro. O Fórum será responsável por qualquer especificação que faça parta do futuro Sistema Brasileiro de TV Digital. Segundo o primeiro presidente do Fórum do SBTVD-T, Roberto Franco (também presidente da SET e diretor de engenharia do SBT), a função do órgão é “harmonizar os requisitos e propor especificações”. “Teremos de identificar as demandas e receber ‘inputs’ dos membros do Fórum e de fora”, explica, lembrando que as demandas podem ser da população, do governo ou de qualquer elo da cadeia televisiva. A idéia, segundo Roberto Franco, é “criar uma plataforma comum sem congelar a tecnologia. Oferecer o melhor que existe, dando garantia de permanência e deixando uma porta para a entrada de novas tecnologias”. Para ele, o Fórum é algo inovador no Brasil: “Trata-se de uma auto-gestão na interação entre diversos setores da uma mesma cadeia de valor”. O fato da criação do Fórum estar em decreto presidencial também é significativo. “O governo está compartilhando a competência de normatizar”, diz Roberto Franco.

É claro que qualquer funcionalidade/ tecnologia implementada no padrão não pode vir a limitar o desenvolvimento de novas funcionalidades e nem ter custos impossíveis. Um grupo técnico tem a responsabilidade de buscar a implantação das funcionalidades, analisando o tempo necessário e o custo. “Qualquer especificação deve ter acesso e custo não discriminatório, razoável e justo”, explica Roberto Franco. Ou seja, um fabricante não poderá colocar no padrão uma especificação à qual só ele terá acesso. O mesmo vale para os desenvolvedores de softwares, os radiodifusores etc. “Trata-se da criação de uma plataforma comum”, explica. Entidade propositora Além de fazer os estudos técnicos e de mercado, o Fórum tem a função de propor normas à ABNT (Agência Brasileira de Normas Técnicas), ao Inmetro etc. Além disso, também pode colaborar com o Executivo, dando subsídios para que a Anatel possa fiscalizar o setor, por exemplo. 22

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Também pode apresentar propostas ou subsídios para que os ministérios criem a regulamentação. Todavia, Roberto Franco diz que não se trata de um órgão para discutir como deve ser a comunicação de massa no Brasil, já adiantando que na discussão de uma eventual Lei Geral de Comunicação, o Fórum poderá até colaborar, mas apenas oferecendo subsídios, estudos. “Não cabe ao Fórum definir como será a comunicação de massa no Brasil, mas definir a tecnologia que melhor atenda a comunicação de massa que o País deseja ter”, diz Roberto Franco. Após a definição das funcionalidades e tecnologias que farão parte de padrão, ainda não se sabe como se dará o processo de certificação. Os modelos podem ser através da auto-certificação, um processo ágil, mas que carece de mecanismos que permitam retirar do mercado produtos incompatíveis com o SBTVD-T; ou a adoção de uma entidade certificadora, o que

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fotos: arquivo

mais burocrático. Há ainda a tenham sede e administração no País e possibilidade de o governo exigir a cujas atividades estejam diretamente homologação dos equipamentos, relacionadas e afetadas pela padronização definindo uma autarquia para do Sistema Brasileiro de Televisão Digital executar o trabalho. Terrestre. Podem ser dos seguintes A primeira versão do SBTVD-T, setores: emissoras de televisão; fabricante segundo Roberto Franco, deve estar de equipamentos de recepção terrestre pronta no final deste de televisão; fabricante mês de dezembro. de equipamentos de Isto porque grande transmissão de televisão parte do padrão já terrestre; indústria de está especificada, o software; entidades de que se deu durante os ensino e pesquisa que trabalhos da Câmara desenvolvam atividades de Desenvolvimento diretamente relacionadas do SBTVD-T, que com o SBTVD-T. será agora sucedida Os associados efetivos pelo recém-criado são aqueles que não fórum. “As decisões têm direito a voto, não mais importantes, podendo eleger ou ser nesta fase, estão eleitos, e também têm nos estudos de obrigação de contribuição disponibilidade de anual com o Fórum. “Precisamos ter equipamentos, preços definições antes Nesta categoria poderão dos componentes estar pessoas jurídicas do início da fabricação etc”, explica o que tenham sua sede e de equipamentos”. presidente do Fórum. administração no País, Roberto Franco, presidente A expectativa cujas atividades estejam do Fórum do SBTVD-T. é que os primeiros diretamente relacionadas e equipamentos afetadas pela padronização comecem a funcionar em regime do sistema brasileiro, mas que não de teste em meados de 2007, com o se enquadram nas atividades citadas lançamento comercial da TV digital acima. Poderão estar nesta categoria os aberta em novembro do mesmo fabricantes de set-top boxes de TV a cabo ano. “Para isso, precisamos ter ou por satélite, por exemplo. várias definições antes do início da Os associados observadores são aqueles fabricação dos equipamentos”. que, por carta-convite formal do Conselho Também será criado um conjunto de marcas e logotipos, que deverão ser divulgados e aplicados no equipamentos. Como isso acontecerá ainda depende da definição de como será a certificação ou homologação. Deliberativo, aceitem ingressar no Fórum sem direito a voto e sem a obrigatoriedade Composição de contribuição anual, sendo eles pessoas O Fórum do SBTVD-T será físicas ou jurídicas de notório conhecimento composto por três tipos de associados: sobre o escopo do Fórum, ou que plenos, efetivos e observadores. Os desempenhem importante papel dentro associados plenos são aqueles com do cenário da implementação da televisão direito a voto, podendo eleger e ser digital no Brasil. eleitos para o conselho deliberativo O Fórum será formado por: assembléia e o conselho fiscal, e com obrigação geral; conselho deliberativo; módulos de de contribuição anual para o Fórum. trabalho; superintendência administrativa e Nesta categoria, poderão filiar-se conselho fiscal. somente pessoas jurídicas, que A assembléia geral é o órgão máximo

e soberano e tem como prerrogativas deliberar sobre a previsão orçamentária e a prestação de contas; reformular o estatuto; deliberar quanto à dissolução do Fórum; decidir em última instância; decidir acerca das políticas da associação, por proposição do conselho deliberativo; aprovar o regimento interno, que deverá ser submetido ao conselho deliberativo; aprovar o relatório anual das atividades e das demonstrações financeiras anuais; aprovar o valor das contribuições ordinárias a serem cobradas dos associados; eleger os membros do conselho deliberativo e conselho fiscal; aprovar a contratação e destituição dos auditores independentes, por proposição do conselho deliberativo; aprovar inclusão e exclusão de associados. O conselho deliberativo é composto por 13 conselheiros, com mais 13 suplentes (veja box), eleitos pela assembléia geral para mandato de dois anos, dentre os representantes expressamente indicados pelos associados plenos, de acordo com a seguinte disposição: quatro representantes das emissoras de TV; quatro representantes da indústria fabricante de equipamentos de recepção; dois representantes da indústria fabricante de equipamentos de transmissão; um representante da indústria de software; dois representantes das entidades de

A expectativa é que os primeiros equipamentos comecem a funcionar em regime de teste em meados de 2007.

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ensino e pesquisa. Para Roberto Franco, isso representa toda a cadeia do setor. Fazem parte ainda do conselho sete representantes indicados pelo Governo Federal, denominados vogais, sem direito a cargo e voto. Cabe ao conselho deliberativo: definir as políticas gerais de ação, estratégias e prioridades do Fórum; definir, criar e modificar os módulos de trabalho, de acordo com as necessidades; definir, aprovar, criar


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( tv digital) modificar os grupos de trabalho, de acordo com as necessidades; definir os componentes dos módulos de trabalho, bem como os seus coordenadores; aprovar os coordenadores dos grupos de trabalho; aprovar os resultados dos trabalhos e encaminhá-los ao comitê de desenvolvimento, quando necessário; aprovar o estabelecimento de relações com outras organizações, no Brasil e fora dele, definindo o grau das mesmas; convocar a assembléia geral ordinária, anualmente, e a assembléia geral extraordinária, sempre que necessário; propor contribuições especiais ou extraordinárias à assembléia geral para o atendimento de projetos ou necessidades temporárias; definir e aprovar as políticas de contratação da superintendência administrativa do fórum; aprovar e fixar a remuneração da superintendência administrativa do fórum; contratar e destituir os auditores independentes, mediante recomendações e aprovação da assembléia geral; decidir sobre inclusão e exclusão de novos associados. Existirão quatro módulos de trabalho: módulo de mercado, módulo técnico, módulo de propriedade intelectual, e módulo de promoção. O módulo de mercado será composto por representantes dos associados plenos da indústria

a composição do fÓRUM Conselho Deliberativo Titulares Roberto Franco (SBT) Fernando Bittencourt (Globo) José Marcelo do Amaral (Record) Amilcare Dalevo Jr (Rede TV)

Suplentes Liliana Nakonechnyj (Globo) Tadao Takahashi (TVE Brasil) José Chaves (TV Cultura) Frederico Nogueira e Silva (Bandeirantes)

Moris Arditi (Gradiente) Gilberto Marangão (CCE) Roberto Barbieri (Semp Toshiba) José Mariano Filho (Panasonic) Manoel Correa (Phillips) Carlos Goya (Sony) Benjamin Sicsu (Samsung) Dilson Suplicy Funaro (LG) Jakson Sosa (RF Telavo) Almir Ferreira Silva (RF Telavo) Carlos Fructuoso (Linear) Robson Caputo (Linear) Marcelo Knörich Zuffo (USP) Luiz Meloni (Unicamp) Guido Lemos de Souza Filho (UFPB) Luiz Fernando Gomes Soares (PUC-RJ) Laércio José de Lucena Cosentino (TOTVS) David Britto (Quality Software) Conselho Fiscal Titulares José Marcos Martins (Tecsys) Abdul Adad (Cineral) José Inacio Pizzani (TV Clube) Salustiano Fagundes (Hirix) Adonias Costa da Silveira (FINATEL)

de receptores, de transmissores e de software e da radiodifusão. Os demais módulos serão compostos por representantes dos associados plenos da indústria, da radiodifusão e da comunidade técnica e científica. Com essa composição, Roberto Franco acredita que o Fórum tenha representatividade no governo e na indústria. “A adoção de um padrão aberto é voluntária, portanto este padrão precisa de credibilidade”, explica. Além disso, o

fato de governo ter participação no órgão também ajuda. “O governo participa para maximizar a relação do setor com o Estado”. O presidente do Fórum diz que o ATSC foi o melhor do mundo até a criação do DVB, que se manteve como o melhor até a criação do ISDB-T. Agora, cabe ao Fórum criar “o melhor padrão do mundo”. Pelo menos até que apareça outro melhor.

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( mercado)

Samuel Possebon

s a m u c a @ p a y t v . c o m . b r

Corrida com obstáculos Telefônica decide iniciar as vendas de seu serviço de TV via satélite, em parceria com a DTHi, e esquenta a discussão com operadores de TV paga sobre o modelo regulatório e concorrencial

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e a Telefônica é minha parceira”. parágrafo explicativo acima já há uma Segundo ele, o modelo de negócios polêmica: o acordo entre Telefônica e DTHi do produto Você TV, prestado é uma parceria ou a Telefônica comprou conjuntamente com a tele, é feito de a DTHi? Obviamente, Telefônica e DTHi forma a garantir que a DTHi possa dizem que é uma parceria. Hélio Barroso, continuar existindo mesmo tendo presidente da DTHi, reconhece que a ao lado uma gigante do setor de Telefônica tem uma forte participação no telecomunicações. Foi, na verdade, negócio. É ela quem vende, instala, dá o diz ele, a forma que uma empresa de atendimento, cuida do uplink dos sinais TV paga encontrou para sobreviver. para o satélite (o que, aliás, acontece “Estão previstas no nosso acordo no Peru). Para a DTHi, diz Barroso, fica condições para que a responsabilidade eu possa sobreviver contratual com o mesmo que a assinante e com os Telefônica consiga programadores. Até o vender, do dia para a fechamento desta edição, noite, um milhão de contudo, a reportagem assinantes”. Segundo não conseguiu ter acesso descreve Barroso, a aos contratos firmados Telefônica é quem com os assinantes. Aliás, agrega o potencial de um usuário que conseguiu venda da operação comprar o serviço recebeu da DTHi. “Eles é que da Telefônica apenas um entram com a central documento: a nota fiscal de vendas, com o de instalação, em nome da banco de dados A Telecom, uma empresa Barroso, da DTHi: a Telefônica é minha de clientes, que da própria Telefônica. parceira e o modelo permite que eu fazem o marketing Nos contatos com o call continue existindo. e que prestam o center da Telefônica atendimento”, diz o feitos por este noticiário, executivo. Ele informa ainda que é em várias ocasiões o atendente deixou a Telefônica que faz a instalação (“o de informar que o produto era prestado pessoal deles está sendo treinado”) por uma empresa parceira. E em vários e o uplink dos sinais, a partir do Peru. destes contatos o atendente da Telefônica “Eu mantenho minha operação em informou que o serviço seria prestado São Paulo para os 3,5 mil clientes apenas para clientes da tele. Segundo do produto Astralsat, que é a oferta apurou este noticiário junto à Anatel, está pré-paga da DTHi”. Segundo Hélio em curso um processo de fiscalização para Barroso, as estimativas de venda do verificar se a Telefônica está usando a DTHi produto em parceria com a Telefônica como “laranja” para poder oferecer serviço não são públicas. “Mas o potencial é de TV paga. muito grande, porque só no Estado Hélio Barroso, da DTHi, não considera de São Paulo são mais de 13 milhões justas as críticas que sua operação vem de clientes e ainda vamos expandir recebendo de que teria sido “comprada” para todo o Brasil”. pela Telefônica. “Tenho minha empresa, Ele explica que os custos foram que presta um serviço de TV por assinatura, fotos: arquivo

e tempos em tempos, alguém resolve desafiar os limites regulatórios e avançar sobre um universo ainda inexplorado. Foi assim em novembro de 1997, quando a operadora de TV paga de Brasília TV Filme decidiu lançar o serviço de banda larga por redes de MMDS, antes de o governo definir uma regra para isso (na verdade, a proposta de uma regra estava em discussão dentro da recémcriada Anatel, mas o regulamento só saiu em 1999). No final de novembro de 2006 a Telefônica também ousou. Apesar dos protestos generalizados de boa parte do setor de TV por assinatura (notadamente Net Serviços, Sky+DirecTV e ABTA), a empresa iniciou as vendas do seu serviço de TV paga via satélite (DTH) oferecido em parceria com a DTHi (Astralsat), uma empresa que já está há alguns anos no setor mas que até hoje teve pouco sucesso, não passando de 3,5 mil assinantes. O serviço, batizado de Você TV, é extremamente competitivo, com pacotes iniciais de R$ 39,90 e um empacotamento temático que permite considerável flexibilidade na escolha dos canais em comparação com os modelos atualmente praticados na TV por assinatura brasileira. Não é uma escolha canal a canal, mas os blocos de canais são bem segmentados por gêneros. O pacote máximo, com todos os 56 canais, custa R$ 79,90. A oferta de lançamento inclui uma promoção que dá os canais HBO por um ano sem custos extras. A situação, entretanto, é tão complexa que nesse simples 30

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( mercado) utilização da infra-estrutura da reticentes em relação a esta flexibilidade. Telefônica e que também os contratos Lembram que a WayTV (em Minas), a de programação foram feitos em Image TV (hoje chamada CTBC), em condições mais vantajosas em função Uberlândia, e a própria TVA já fizeram da atuação pan-regional da tele. empacotamentos bastante segmentados “Posso garantir que não há subsídio mas acabaram optando por modelos e que a partir de um determinado mais simples, com menos opções para número de clientes, o retorno é certo. o assinante. No caso da WayTV, houve Eu sempre fui um defensor da tese uma pressão dos demais operadores que de que a TV por assinatura pode ser compravam a programação via NeoTV, muito barata, desde que se aceite associação de compra de canais da qual a ganhar na escala, e é isso que a nossa Way é participante. parceria vai fazer”. Para os críticos da operação da Segundo Hélio Barroso, as Telefônica/DTHi, a conta não fecha. negociações com os programadores Francisco Valim, presidente da Net foram feitas por ele e pela Telefônica, Serviços, é um deles. “Se considerar os mas os contratos são da DTHi. preços de programação e impostos, não Os programadores ouvidos dá para chegar ao preço da Telefônica. Os informalmente preços que a Telefônica por este noticiário pratica no Chile são maiores (nenhum aceita do que no Brasil. falar abertamente) E lá (no Chile) não estão dizem que aceitaram dando dez canais da HBO ter seus sinais na de graça”, diz o executivo. operação do DTH da A Telefônica evita Telefônica porque polêmica e discussão com apostam na parceria a Net. A única manifestação e na perspectiva oficial da empresa veio do de crescimento de seu presidente, Fernando longo prazo, mas Xavier (que deixará o cargo que ainda não há no começo de 2007). Ele contratos com a tele. revelou que a parceria que Eles explicam que a empresa firmou com a existem negociações DTHi para oferecer o serviço Valim, da Net: preços da Telefônica em andamento, mas de televisão por assinatura no Chile são maiores que no Brasil, que por enquanto via satélite foi comunicada e sem a HBO. os contratos são de à Anatel em 30 de agosto teste, ou estão sendo passado. “Até o presente usados os contratos com a própria momento, a Anatel fez apenas um único DTHi. No caso da HBO, que tem seus pedido de esclarecimento sobre o assunto, canais disponíveis gratuitamente solicitando à Telefônica que informasse por 12 meses para os assinantes do que programação seria veiculada no pacote de R$ 79,90, há, segundo serviço. Como nada mais nos foi dito, nós informações de mercado, uma tivemos a certeza que não havia nenhuma preocupação para que a Telefônica problema em iniciar a parceria”, dizia Xavier venda esta promoção apenas por no começo de dezembro. um período limitado, até para não “O objetivo das teles não é competir, desgastar a imagem “premium” dos mas, sim, acabar com a competição. canais. Parece que ter 95% do mercado de De qualquer maneira, o modelo telecomunicações não é suficiente. proposto pela Telefônica, ainda que Elas querem ter 100%”, protesta Valim. não seja inédito, apresenta uma grande inovação, sobretudo pelo Nova regulamentação preço e pela flexibilidade oferecida. O início do DTH da Telefônica em Mas os próprios programadores estão parceria com a DTHi foi o estopim da 32

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confusão regulatória que se arma para 2007. O ministro Hélio Costa (Comunicações), que horas antes de a tele ter iniciado as vendas disse “se entrar no ar vai ter que sair”, foi obrigado a admitir que não tinha instrumentos legais para impedir que o DTH começasse a ser comercializado. A Anatel, a quem caberia impedir ou não a operação, está sinalizando com pontos contraditórios. Diz (por meio de seu presidente, Plínio Aguiar Jr.) que a Telefônica deveria ter aguardado o sinal verde da agência, mas também diz (por meio do conselheiro Pedro Jaime Ziller) que como se trata de uma parceria comercial, não há a necessidade de anuência prévia. A verdade é que a Telefônica cansou de esperar. Desde agosto está com pedidos para ter sua própria licença de DTH outorgada ou a parceria comercial com a DTHi aprovada. A agência disse que não gostaria de decidir sobre esses assuntos sem discutir mais amplamente o modelo. A tele acha que, até lá, não há nada que a impeça de prestar o serviço de DTH, e por isso foi adiante. Existe, também, um imensa pressão da matriz da Telefônica, que não quer perder espaço na competição panregional que trava com a Telmex. Para 2007, além das discussões sobre como a Anatel se posicionará em relação aos pedidos de DTH da Telefônica e também em relação aos outros casos que envolvem a entrada das teles na TV paga (o pedido de anuência para que a Telemar compre a operadora de cabo WayTV e o pedido de anuência para que a Telefônica adquira a TVA), haverá uma discussão mais ampla, sobre a tão esperada Lei de Comunicação (ver matéria nesta edição). O ministro Hélio Costa espera que por aí se resolvam o que ele mesmo chama de “confusão” para setores com pouca regulamentação, como é o DTH. Mas haverá a necessidade de resolver os casos consumados, como parece ser o do DTH da Telefônica (em parceria ou não com a DTHi).


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( produção)

Daniele Frederico

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TV Cultura anima a programação Séries de animação em co-produção entre produtoras brasileiras e canadenses avançam com a parceria com a emissora.

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o dia 29 de novembro, em São Paulo, foi anunciado o projeto “Anima Brasil”, da TV Cultura, que prevê a par­ceria da emissora com pro­dutoras independentes para a produ­ção e a exibição de séries de animação infantis. Fazem parte do projeto quatro séries com 52 episódios de 11 minutos cada, totalizando uma hora de progra­mação, para crianças de 4 a 12 anos. Todos os projetos escolhidos para o “Anima Brasil” são trabalhos brasileiros que contam com uma produtora canadense para a sua co-produção (veja quadros). A produção das séries será dividida entre Brasil e Canadá, com roteiro, distribuição internacional e dublagem em inglês feitas pelos canadenses, e direção, planejamento e animação sob responsabilidade dos brasileiros. O custo de produção dos programas gira em torno de US$ 5 milhões cada, sendo que este valor, assim como a produção, fica dividido entre canadenses e brasileiros. No Canadá, as produtoras têm de buscar a parceria com um exibidor do país, já que é apenas a partir dessa união que o financiamento é liberado para a co-produção. No Brasil, o custo será coberto por possíveis acordos de co-produção das produtoras e dinheiro proveniente do acordo com a TV Cultura — parte por meio da Lei Rouanet e parte pelo plano de mídia a ser realizado pela emissora. “Estamos negociando também com parceiros comerciais”, diz o coordenador de produção cinematográfica da TV Cultura, Ivan Isola. André Breitman, da 2D Lab, lembra que além do que será

financiado no Brasil e no Canadá, é interessante buscar uma pré-venda no mercado internacional. A participação da TV Cultura representa um avanço na produção dessas animações, já que alguns acordos estão em curso há mais de um ano. O produtor Kiko Mistrorigo, da TV Pingüim, acredita que, caso as co-produções concretizem-se em 2007, os programas poderão ser exibidos em 2008. Com esse projeto, a TV Cultura busca o início de um processo de industrialização, já que a idéia é

apoiar outras produções em uma segunda etapa. “Queremos que o ‘Anima Brasil’ torne-se um programa para desenvolvimento de projetos”, diz Ivan Isola. Inicialmente, as séries serão exibidas apenas pela TV Cultura, mas não pela TV Rá Tim Bum. Segundo o presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, Marcos Mendonça, o objetivo é fazer com que as produções sejam vendidas a outros canais da TV por assinatura. O licenciamento será realizado pela Cultura Marcas.

do o Mon Mitos d série é

Riff Raff

vo da O objeti e forma lúdica . d a r a tr s o funcion m mundo Lab o o m D co 2 la e ap Produzid nadense Galca junto à érie é s akids, a ara crianças p a d a lt vo Seu con 2 anos. de 9 a 1 aseado no site . b w teúdo é a Criança (ww d ue Mundo acrianca.com), da em 2002 q o d ça m o n o d la c n l , s u a o m tu édia vir dutos derivad p lo ic c en pro iversos . gerou d , livros e DVDs s M O CD-R

Magnit ika

Anabel Da Martinelli Films em co-produção com a VivaVision, a série dirigida ao público entre 4 e 8 anos mostra as aventuras de Anabel, garota de sete anos que adora comer e ler os clássicos de Edgar Allan Poe. Essa é a única das quatro séries que está na segunda temporada. A primeira, com 13 episódios de sete minutos cada, foi realizada de forma experimental pelo projeto Pic TV (Programa de Integração Cinema e TV) e exibida pela TV Rá Tim Bum.

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A série para o público de 9 a 12 anos é uma mistura de comédia com aventura. A história tem início quando o velho guardião do universo, ao chegar na Terra para desfrutar de sua aposentadoria, recebe a missão de cuidar de seus netos, Riff e Raff. Os dois adolescentes têm de aprender a ser heróis, e ao mesmo tempo conviver com os problemas típicos da adolescência. A produção é da RDigital Mixer, com a parceria da Cite-Amerique, do Canadá.

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Além de produç contar com a c ão o VivaVisio da canadense n , o p rojeto d “Magnit e ik parceria a”, tem ainda a da franc Criada p esa P&P e . que tam la TV Pingüim , bém pro série “P duz a eix parceria onauta” em com a c Nelvana anaden se , voltada a animação, para cri a a amiza nças de d Magnitik e entre Meg, m 6 a 10 anos, mo o s a, e Alic e, que v radora do plan tra ive na T eta erra.

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Edianez Parente

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“Na Moda” milionária O último relatório da Ancine sobre os projetos com valores aprovados via art. 39 da MP 2281/01 lista em R$ 7,6 milhões o valor da novíssima produção local da HBO no Brasil. Ainda em fase de pré-produção, a minissérie está a cargo da Gullane Filmes e deve ser filmada em São Paulo.

Gaúcho no Cartoon

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A chegada no Cartoon Network das vinhetas feitas com o traço de Mauricio de Souza e produzidas pelo estúdio de Daniel Messias sobre o personagem que o famoso desenhista criou para o craque Ronaldinho Gaúcho embute certa nostalgia. Afinal, faz tempo que o personagem vestido com as famosas cores do uniforme da Seleção Brasileira não dá o show de bola que vemos nos desenhos e tirinhas. Já com o uniforme azul/vermelho do Barcelona, a história é outra...

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é o share (participação entre todas as TVs ligadas) da Rede Globo das 7h à meia-noite;

“O videoclipe deixou de ser televisivo!”

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De Zico Góes, diretor de programação da MTV, ao anunciar o fim deste tipo de programação no canal de TV. Já no canal broadband da MTV, o Overdrive, os internautas já mandaram cem vídeos de suas próprias bandas, desde que o canal estreou na internet brasileira, em setembro último.

é o share da Globo entre 18h e meia-noite.

FOtoS: divulgação

Fonte: Ibope — PNT

Audiência sertaneja A estratégia do Telecine de exibir blockbusters do cinema nacional tem dado retorno de audiência. Some-se a isso o excelente trabalho on-air e de chamadas cruzadas feitos pelos canais da Globosat. Em novembro, a estréia do longa-metragem nacional “Dois Filhos de Francisco”, no Telecine Premium, deu ao canal, carro-chefe da rede, a liderança na TV paga do seu horário. Foram mais de 2% de audiência, ou aproximadamente 320 mil indivíduos por minuto* — uma fábula em termos de TV por assinatura! No dia seguinte, houve a reexibição no Telecine Pipoca — e, em dois anos, tratou-se da sessão de maior audiência deste canal, que só passa títulos com dublagem em português.

Não disponivel

*Fonte: Ibope Telereport SP+RJ — Projeção Brasil

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Futuro da Band

Sucesso de “O Ano...”

Os canais pagos da Band, Bandnews e BandSports, ganharam espaço no lineup da operação Você TV, apresentada como parceria entre a Telefônica e a DTHi. Caso a tele avance mais ainda no mercado de oferta de vídeo — também comprou participação na TVA e aguarda resposta sobre pedido de licença própria de DTH, todas estas operações em análise na Anatel — trata-se de importante janela de distribuição para os canais da Band. Isto pode explicar o silêncio de Johnny Saad, que preferiu não se manifestar sobre a compra da Vivax pela Net. A Vivax, ao lado da TVA e da parcela DirecTV na nova operação Sky+DirecTV, são até o momento os maiores distribuidores dos canais de TV por assinatura do Grupo Band.

Caso raro no cinema nacional: o longa “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias’’, de Cao Hamburger, teve ampliado o seu número de cópias um mês após sua estréia. O filme estreou no início de novembro com 68 cópias e, já no começo de dezembro e após 233 mil pagantes, mais salas receberam cópias. Foram em cidades como São José dos Campos e Ribeirão Preto, em São Paulo; em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul; João Pessoa, na Paraíba; e Juiz de Fora, em Minas Gerais. O título recebeu menção honrosa do júri da 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - em que também foi vencedor do prêmio Petrobras - e foi eleito o melhor longa de ficção pelo júri popular do Festival do Rio.

“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”

Multiplicação O Canal Adulto, dedicado ao gênero de sexo explícito, vai gerar mais três novos canais, segundo informa seu diretor geral, José Sanchez. A proposta é vender um pacote com várias opções de canais aos motéis: “Estamos preparando para 2007 mais três canais: um 100% nacional, o Explícita TV; um 100% gay, o Hot Man; e um terceiro ainda sem nome, mas com um gênero mais ‘soft’”, explica Sanches.

Record, vice-líder

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n Está marcada para maio a volta de “O Aprendiz” na Record? Desta vez, a procura será para um parceiro empresarial de Roberto Justus. O nome da atração, já na sua quarta edição, será “O Aprendiz — O Sócio”. Detalhe: a idéia foi do bispo Honorilton Gonçalves!

Para a ABA (Assoc. Brasileira de Anunciantes), o SBT já perdeu mesmo o posto de segunda emissora do País. A entidade, que representa 70% das verbas de publicidade do Brasil, reconhece a TV Record no posto, como a rede que tem ampliado e melhorado a programação, com um trabalho sério no seu departamento comercial — além, é claro, de ter uma grade que não muda de uma hora para outra.

oO ator Jece Valadão, que morreu em novembro, estava escrevendo um roteiro? O ator trabalhava num projeto próprio de um filme sobre a atuação dos promotores de Justiça. nO brasileiro Paulo Gustavo Pereira será o diretor das transmissões do Oscar 2007 para o Brasil na TNT? O diretor, que também é jornalista especializado em filmes e séries, entende o assunto! Já exerceu este trabalho em muitas edições da festa, quando o SBT tinha os direitos do evento na TV aberta. Os comentários da premiação serão do crítico Rubens Ewald Filho.

Riso stand up Anote esse nome: Robson Nunes, VJ do Disney Channel. O jovem ator e apresentador tem também grande talento para o humor. Em recente apresentação num palco paulistano — uma participação na peça “Humor de Quinta”, onde há veteranos do gênero como Sérgio Rabelo -, ele mostrou toda sua verve para comédia, dominando sozinho a cena com dois esquetes dos mais hilários.

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Você sabia que:

oA Disney vende no mercado internacional o formato de produção local para “High School Musical?” O longa-metragem de sucesso não deixa de ser um concurso para revelação de talentos musicais, no estilo de “Fama” e “Popstars”.

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(audiência - TV paga) Globo News é vice entre adultos; Disney Channel decola

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Foto: divulgação

m outubro, mês de eleições, os canais pagos TNT, Globo News e Multishow foram, nesta ordem, os três primeiros colocados em alcance — os que atingiram o maior número de indivíduos ao longo do dia - entre o público adulto com TV por assinatura. De perto, estão seguidos por SporTV (com os jogos do Campeonato Brasileiro), Universal Channel (com filmes e seriados) e os documentários do Discovery Channel. AXN (de “Lost”) e Warner Channel (“ER”, “The OC” etc) empatam na sétima colocação do ranking. O levantamento considera o total de indivíduos a partir de 18 anos com TV por assinatura nas seguintes praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito

O longa-metragem “High School Musical”, que alavancou o Disney Channel: salto do sétimo para o terceiro lugar.

Federal, num total de 4,3 milhões de indivíduos. Neste público, os canais de TV por assinatura aferidos pelo Ibope Mídia apresentaram um alcance diário médio de 55,2%, ou 2,4 milhões de pessoas por dia, e um tempo médio diário de audiência de duas horas de 20 minutos.

Mas outubro também foi o mês das crianças. Entre o público infanto-juvenil (o levantamento vai dos 4 a 17 anos idade) com TV por assinatura, nas mesmas praças citadas acima, os três canais que tiveram o melhor alcance diário médio foram: Cartoon Network, Nickelodeon e Disney Channel. Este último saltou da sétima posição para o terceiro lugar, em parte por conta da ampliação de sua distribuição e também devido a atrações de grande audiência, como o megasucesso “High School Musical”. No total, os canais voltados a este target jovem tiveram um alcance de 60,7% ou 573 mil pessoas por dia, além de um tempo médio diário de audiência de duas horas de 22 minutos. (EDIANEZ PARENTE)

alcance e tempo médio diário

De 4 a 17 anos*

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio TOTAL CANAIS PAGOS 55,2 2.412 2:20:04 TNT 15,6 681 0:31:50 GLOBONEWS 12,3 538 0:36:19 MULTISHOW 11,3 493 0:18:24 SPORTV 10,9 478 0:35:52 UNIVERSAL CHANNEL 10,1 442 0:31:57 DISCOVERY 9,9 431 0:23:07 AXN 9,5 416 0:23:33 WARNER CHANNEL 9,5 414 0:25:41 NATIONAL GEOGRAPHIC 8,7 382 0:20:43 CARTOON NETWORK 8,7 381 0:30:38 FOX 8,1 356 0:17:31 SONY 8,1 354 0:21:33 TELECINE PREMIUM 7,7 339 0:26:57 SPORTV 2 6,9 302 0:16:18 GNT 6,9 302 0:18:20 TELECINE PIPOCA 6,7 292 0:39:32 PEOPLE + ARTS 6,5 284 0:17:01 NICKELODEON 6,3 274 0:28:46 HBO 6,0 262 0:28:02 DISNEY CHANNEL 5,9 258 0:35:41 *Universo 4.374.300 indivíduos

TOTAL CANAIS PAGOS CARTOON NETWORK NICKELODEON DISNEY CHANNEL JETIX MULTISHOW TNT DISCOVERY KIDS SPORTV BOOMERANG DISCOVERY FOX TELECINE PREMIUM WARNER CHANNEL SPORTV 2 AXN PEOPLE + ARTS UNIVERSAL CHANNEL SONY TELECINE PIPOCA GLOBO NEWS *Universo 944.500 mil indivíduos

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(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 60,7 573 2:22:50 25,8 243 0:52:55 18,4 174 0:40:38 17,8 168 0:59:47 16,4 155 0:49:26 13,4 126 0:28:45 13,3 125 0:28:30 12,5 118 0:47:20 8,2 77 0:29:55 7,8 73 0:31:31 7,4 70 0:16:06 6,6 62 0:17:04 6,3 59 0:26:59 6,1 57 0:20:38 5,3 50 0:15:38 5,3 50 0:13:52 5,3 50 0:21:25 5,2 49 0:20:02 5,1 48 0:15:10 5,0 47 0:39:51 4,9 46 0:16:45

Fonte: Ibope Telereport - Tabela Minuto a Minuto - outubro/2006

Acima de 18 anos*


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( making of )

Lizandra de Almeida

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Coisas de verão

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fotos: divulgação

clima divertido e as brincadeiras entre amigos dão o tom da nova campanha de verão da Skol, mostrando que as lembranças que cada um vai deixar para os netos são as farras que só acontecem nesta estação. A campanha começou com dois filmes de um minuto, cujas imagens foram remontadas em quatro diferentes versões de trinta segundos. São todas colagens de cenas em sua maioria cheias de gente, na piscina, na praia, no campo e até na lama. A imagem mais lavada e em tons menos vivos do que os da fotografia tradicional de publicidade lembra os vídeos caseiros e todo o acting também pretende tornar as ações as mais naturais possíveis. “Trabalhamos as cenas no telecine para que fossem diferentes entre si e bem realistas. Algumas ficaram mais lavadas, outras esverdeadas. A idéia era fugir da fotografia limpinha e partir para imagens mais documentais”, explica Marcelo Teixeira, assistente de direção. As filmagens aconteceram em três diárias, duas no litoral de São Paulo e uma no interior, onde foram rodadas as cenas de cachoeira e piscina, principalmente. Os únicos recursos de pós-produção utilizados foram feitos no telecine. “Todas as cenas foram feitas ao vivo, incluindo o casal que pula de bungee jump, a do pára-

As imagens foram tratadas no telecine para se parecerem com filmes caseiros. A idéia foi dar um tom descontraído aos filmes.

quedista que pula e se solta na água, do cara que salta da janela e a do surfista, que era um surfista mesmo. A única cena que não fizemos foi a do grupo que está dentro de um bote em queda livre, que foi comprada de banco de imagens.” Logo no início, um casal se beija e parece flutuar no ar. A montagem rápida exige atenção para ver que o rapaz está apoiado pela perna em um trampolim e que a menina se apóia unicamente no próprio menino — sem trucas. O garoto sem cabeça que segura a cabeça embaixo do braço também foi feita sem efeitos especiais. A pessoa deitada está com a cabeça coberta de areia, enquanto a outra cabeça pertence a um outro rapaz que está sentado e enterrado até o pescoço.

A produção usou poucos efeitos, e deixou a criatividade dos atores tomar conta do roteiro.

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Muitas cenas aconteceram sem nenhum planejamento — como a corrida de pés-de-pato à beira mar, assim como o pessoal jogando hóquei sobre patins em uma piscina vazia. “Colocamos todo mundo lá e quem caiu, caiu mesmo”, diz Marcelo. A trilha foi composta por um dos criativos da agência e serve de base para a locução engraçada, que comenta as cenas e reforça a idéia de compartilhar bons momentos com amigos. Afinal, é para isso mesmo que serve a cerveja, não? fichatécnica Cliente Skol Produto Skol Pilsen Agência F/Nazca Dir. de criação Fábio Fernandes e Eduardo Lima Criação Fábio Fernandes, André Kassu, Marco Monteiro, Keka Morelle e André Faria Produtora Zero Filmes Dir. fotografia Amon Montador Amon e Marcelo Teixeira Produção Equipe Zero Filmes Prod. de Som Tesis Finalização Cinema


Lembranças da infância

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utra campanha que recorre a um tom emocional e nostálgico, e que também vai atrás das imagens documentais e realistas. A campanha de lançamento do novo Prisma, da GM, tem um filme para televisão e outro para internet, integrando o conceito de forma divertida e complementar. “A McCann sempre oferece um projeto multidisciplinar, com peças para os mais diferentes canais”, diz a diretora de criação Adriana Cury. “O conceito dessa campanha, ‘a vida te trouxe até aqui’, está focado muito mais no consumidor do que no carro. O target é a pessoa entre 28 e 35 anos, que já conseguiu chegar a uma posição que permite que ele tenha um carro melhor”, explica Adriana. O filme de televisão mostra isso a partir de um desfile de personagens típicos da infância e adolescência do público dessa idade, que acompanha o motorista do Prisma por várias ruas até que ele chega em seu carro. Para explorar mais a idéia dos personagens e contar em detalhes a vida do personagem, foi criado um videoclipe em exibição na internet que mostra todos os personagens cantando em uma paródia do clipe “We are the World”, gravado por mais de 40 artistas na década de 80 em uma campanha para angariar fundos contra a fome na África. “Nosso principal problema nesse filme foi definir os personagens”, afirma Manguinha, diretor do filme. “A agência fez uma lista enorme e ficamos lapidando isso. Havia muitos problemas de licenciamento, então decidimos criar dois tipos de personagem. Um eram os arquétipos, personagens conhecidos que não têm direitos autorais, como o palhaço e todos os circenses, o super herói genérico, a fada, os feiticeiros, o saci, além dos amigos e da família. E outros eram os personagens conheci-

Filme é focado num personagem, e não no produto. Produção para a TV foi simultânea à do clipe, veiculado só na Internet.

dos, como o Fofão, o Chuck, o Stay Puff, o Scooby-Doo. Mesmo assim a polêmica foi grande...” Para a direção de fotografia, Manguinha trouxe ao Brasil o fotógrafo dinamarquês Eigil Bryld, que fez vários longas-metragens. “Queríamos um olhar diferente, e conseguimos uma cor e uma textura tipicamente européias. Pensamos mesmo em filmar um céu nublado, para não trazer o sol do trópico, e ele praticamente não usou luz, só filtros na câmera.” Com mais de 70 mil acessos no YouTube em cerca de um mês de lançamento, o videoclipe aproveitou a maioria dos personagens, instalando-os em um teatro no Rio de Janeiro que simulava um estúdio de gravação. “Não encontramos nenhum estúdio onde pudéssemos colocar os mais de 40 personagens”, conta a diretora do clipe Ivy Abujamra. O vídeo foi captado em HDV porque o filme era destinado à internet, mas ainda assim as imagens precisaram de uma ‘pioradinha’, diz Ivy. “Se tivéssemos captado em Mini DV a qualidade já seria suficiente.” Uma versão para televisão foi feita, mas a dificuldade de licenciar os personagens

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impediu sua exibição. Os dois trabalhos foram feitos simultaneamente e com produção conjunta. “Alguns personagens aparecem no site explicando as características do carro, então precisamos escolher atores que não só representassem bem os personagens no filme, onde nenhum deles têm fala, mas que soubessem dizer as falas para o site.”

fichatécnica Cliente General Motors Produto Prisma Agência McCann Erickson Dir. de criação Adriana Cury, Danilo Janjácomo, Roberto Cipolla e Paulo Sanna Produtora Republika Filmes Dir. do filme Carlos Manga Jr. (Manguinha) Diretor de Eigil Bryld fotografia Prod. de som Sax So Funny Dir. do clipe Ivy Abujamra Produtora de S de Samba som do clipe


(televisão)

André Mermelstein

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Casa arrumada Diretoras contam como se deu a reestruturação e a recuperação da TVE Brasil, das instalações físicas à grade de programação.

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fotos: nando neves

uando Beth Carmona e Rosa Crescente assumiram respectivamente as direções da Acerp e da TVE, no início de 2003, muitos comentavam que elas sequer conseguiriam trabalhar na emissora estatal, que aquilo era uma repartição pública (na pior acepção da palavra) e que as executivas, vindas de experiências em canais internacionais, após uma passagem premiada pela TV Cultura, não agüentariam o tranco. Instalações caindo aos pedaços, funcionários desmotivados, programação caótica e desordenada eram parte deste quadro. Passados quatro anos, a realidade se mostrou bem diferente daquelas previsões pessimistas. TELA VIVA conversou com as duas executivas na sede da TVE, no Rio de Janeiro, para fazer um balanço desta gestão de quatro anos frente a um grupo que além da TVE Brasil abrange ainda a Rádio MEC e a TVE do Maranhão. Alguns progressos saltam à vista. O novo prédio, adquirido e reformado por elas, em nada lembra uma emissora como a descrita acima. As instalações foram modernizadas e a TV está “zerinho”. Na programação também houve mudanças significativas. A mais visível foi a volta da TVE à produção de conteúdos infantis de ficção, com a série “Um Menino Muito Maluquinho”, que poucos dias antes da entrevista havia sido premiado no Japão como melhor série para crianças. Mas houve também mudanças em outros programas, na intenção de formatar uma grade

Beth Carmona (esq.) e Rosa Crescente

coerente em toda a programação. O primeiro fato que chama a atenção é que esta foi a gestão mais duradoura da TVE até hoje, além da do fundador Gilson Amado, que esteve mais de dez anos à frente da TV. Depois dele, ninguém havia durado mais que dois anos. Para se ter uma idéia, entre 1982 e 1997 a TVE teve 14 presidentes. Algumas gestões duraram apenas seis meses. Esta permanência é resultado, entre outras coisas, da própria posição do governo em relação à TVE. Beth conta que quando foi chamada para assumir a direção, chegou a estranhar. “Eu nem conhecia pessoalmente o Luiz Gushiken (então ministro da Secom), o (Ricardo) Kotscho, a equipe de comunicação do governo. Eu dizia a eles que havia gente dentro do PT que tinha condição de assumir o posto. Mas eles disseram que eu era a pessoa certa, e insistiram que eu viesse. Desde então, tive total liberdade para trabalhar, 42

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nunca recebi um telefonema sequer pedindo algum tipo de intervenção”, diz. Um dos exemplos desta independência é que até então, a TVE costumava interromper sua programação, até mesmo nos horários infantis, para transmitir cerimônias e atos envolvendo autoridades governamentais. “As pessoas aqui estavam acostumadas, era uma coisa natural. Da primeira vez que quiseram fazer, por força do hábito, nós vetamos. E não interrompemos o sinal nenhuma vez nesses quatro anos”, relata Rosa. Diagnóstico Levou algum tempo até que as duas “tomassem pé” da situação, descobrissem o diagnóstico real da emissora. “A leitura dos funcionários era de que havia um desmanche.


Além disso, tínhamos que entender o que era e como funciona a figura da organização social (a Acerp é uma organização que administra a TVE e recebe as verbas por um contrato de gestão com o Governo Federal)”, conta Beth. E quando começaram a agir, perceberam que não dava para fazer uma coisa de cada vez. “O processo de recuperação foi de toda a estrutura de uma vez. Ainda não está terminado”, conta Beth. “Atacamos várias áreas simultaneamente”, explica Rosa. “Havia problemas de programação, mas também de pessoal, de instalações, de equipamentos, de sinal...” A questão do financiamento, fundamental, foi abordada logo de cara. A TVE estava endividada com os provedores de satélite a ponto de a emissora quase sair do ar por corte de sinal. Além de dívidas com o INSS, funcionários etc. Aos poucos, as dívidas foram sendo equalizadas e hoje o déficit está zerado. “Foi a primeira coisa a ser resolvida, além da batalha pelo orçamento. Mas ao mesmo tempo tínhamos que mexer na programação, porque as coisas têm a ver, tem que saber onde vai mudar, o que terá que ser criado”, conta Rosa. O orçamento é um ponto crítico, pois a TVE não tem receita publicitária expressiva. Houve ganhos. No início da gestão ele estava

“O processo de recuperação foi em todas as áreas de uma vez.” Beth Carmona

em torno de R$ 15 milhões anuais, valor que chegou a aproximadamente R$ 37 milhões atualmente. “Mas já foi de R$ 100 milhões na década de 90!”, lembra Rosa. Isso para manter uma estrutura que conta hoje com 1,5 mil funcionários. Com o diagnóstico em mãos, as diretoras fizeram uma reunião com os funcionários para apresentar o plano de ação. “Tinha gente com 20 anos de casa que nem imaginava o que acontecia lá dentro. Havia muitos ‘guetos’, sem integração entre as pessoas”, diz Beth. A primeira coisa a fazer na programação foi criar uma lógica, uma temática, sem necessariamente criar novos programas. “Demorou até para

conhecermos todos os programas”, lembra Beth. Ela conta que foram feitas pesquisas para entender a imagem da TV junto ao público. Descobriu-se que as pessoas não assistiam a TVE, achando que era uma coisa muito sofisticada, mas quem assistia buscando justamente esta sofisticação se decepcionava. Além disso, a emissora tinha um grave problema de transmissão no Rio de Janeiro (onde funciona como rede aberta), que está sendo resolvido agora com a compra de um novo transmissor e a reforma da torre no Sumaré (onde ficam as antenas de TV na cidade do Rio), que devem funcionar a partir de fevereiro de 2007. “A imagem física que a TV tinha, quando pedíamos para as pessoas personalizarem, era de um homem sério, distinto, mas antiquado, ultrapassado”, conta Rosa. Por outro lado, detectaram que a TV pública é bem vista no Brasil. “As pessoas entendem como necessária”, conclui. Outro problema enfrentado é o da distribuição por cabo e satélite nas praças onde não há o sinal aberto da TVE. O canal teve uma discussão

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( televisão) foto: nando neves

ano com a Sky, por conta de um deslocamento do sinal no line-up da operadora, mas segundo Beth isto deveria mudar ainda este ano. Também há negociações com Net e Neo TV para a colocação do canal. “Mas é uma batalha”, conta Beth. “Até porque não entramos com um discurso comercial, é um canal aberto e gratuito”. Programação O ponto central da reconstrução foi, claro, a programação. “Quando se mexe na programação, mexe com tudo, porque envolve todas as áreas”, conta Rosa. A emissora procurou uma agência para cuidar da nova comunicação, marca, visual etc, mas acabou fazendo tudo internamente, o que gerou um forte sentimento de auto-estima entre os funcionários, contam. Não havia um plano específico, mas sabiam que precisariam, por exemplo, de uma programação infantil própria, pois até então a TVE apenas reproduzia os programas da TV Cultura. “Não dá para criar do zero”, conta Rosa. “Aproveitamos muita coisa que já existia, mas organizando dentro de uma lógica. Tanto que praticamente não mexemos em gente”. A mudança andou sobre três eixos: “reforma” de programas existentes, criação de novos títulos, vendo o que faltava na programação, e o relacionamento com a produção independente. “Havia esta produção aqui, mas os independentes não se relacionavam com a TV, só com seus patrocinadores. Hoje construímos uma relação, não é apenas uma cessão de espaço”, diz Beth. Rosa enumera exemplos como “Expedições”, “Conexão Roberto D’Avila”, “Revista do Cinema Brasileiro”, “Direito em Debate” e “100% Brasil”. Claro, os produtores independentes, carentes de espaço na TV aberta, acham pouco. Mas não é, enfatizam as diretoras.

“Quando se mexe na programção, mexe com tudo, porque envolve todas as áreas”. Rosa Crescente

“Temos, além destes citados, o ‘DOCTV’, o ‘Curta-Criança’, é bastante coisa. Agora, temos que ter produção própria, porque o papel de uma TV pública também é o de formar profissionais, principalmente pessoas com mentalidade de TV pública”, diz Beth. “Quando fizemos o ‘Maluquinho’, perguntaram porque não usamos produtores independentes”, conta Rosa. “É porque temos que deixar aqui um certo know-how, tem que ser uma coisa regular, que fica na TV”. Ela diz esperar que os produtores tragam idéia, que mostrem o que eles têm a oferecer para a TV pública, e não o contrário. “Há títulos, como o ‘Programa Especial”, que só podem vir dos independentes, por exemplo. Não daria para fazer aqui”, conclui. Educativa Beth e Rosa avaliam positivamente a iniciativa do Ministério da Cultura de criar um fórum para debater e chegar a políticas para a TV pública. Até porque, dizem, cada um tinha um conceito do que fosse TV pública, e agora se está chegando a denominadores comuns. “Antes achavam que eram só as educativas, mas hoje tem 44

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TV Senado, Câmara etc”, diz Beth. Mas ela lembra que as educativas abertas passaram por um processo que é diferenciado, e que essa diferenciação tem que ser entendida. “Nós mantemos o ‘E’ da TVE, e acho que as educativas têm que se manter assim, sem ter vergonha da denominação”. Ela lembra que temas como o meio-ambiente, entre outros, que nem sempre são abordados na TV comercial, têm que estar presentes na programação de uma educativa. “O importante é o reconhecimento público deste tipo de comunicação para o Brasil. Hoje podemos nos orgulhar de produtos ou conceitos nascidos na TV pública, como o ‘Observatório da Imprensa’, o ‘Roda Viva’, ‘Castelo Ra-Tim-Bum’ entre tantos outros, assim como exemplos regionais em Minas, Rio Grande do Sul...”, diz Beth. Rosa Crescente menciona ainda a importância da inserção internacional da TVE, com a participação em fóruns e eventos, e a parceria com canais como National Geographic e BBC. A próxima empreitada nesta linha é o lançamento de “Janela, Janelinha”, que reunirá programetes para crianças produzidos em todo o mundo e trocados entre as emissoras públicas em um programa conhecido como “Items Exchange”. Futuro O que falta? Muita coisa, segundo Beth e Rosa. “Falta concluir a reforma dos prédios, comprar mais equipamentos, recuperar o acervo... Mas o principal é que o conceito já está implantado, as coisas estão caminhando”, dizem. Quanto à sua permanência frente à emissora, nenhuma definição até agora. É claro que a decisão passa por definições políticas, sobre as quais as diretoras, prudentemente, não se manifestam. Mas ressaltam que qualquer que seja a decisão, o rumo já está dado. “Há uma adesão a um conceito. A gente consolidou uma série de idéias. As pessoas vão continuar isso”.


N達o disponivel


( política)

Carlos Eduardo Zanatta*

z a n a t t a @paytv.com.br

Os desafios do segundo mandato O que esperar da próxima gestão do presidente Lula para o setor de comunicações, após um primeiro mandato conservador em relação às políticas históricas do PT.

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voz corrente tanto no mercado de serviços de telecomunicações e comunicações quanto no próprio Congresso Nacional, que no primeiro mandato, apesar de todas as expectativas em contrário, o governo do presidente Lula não deu a menor importância ao setor de comunicações. As expectativas eram muito grandes porque, além de um trabalho consistente realizado pela equipe de transição antes da posse, em 1º de janeiro de 2003, o Partido dos Trabalhadores foi criado e cresceu com uma forte ligação com os movimentos sociais que se dedicam a discutir a democratização das comunicações, especialmente o Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações, o FNDC. Imaginava-se ainda que a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações, a Fittel, tivesse influência programática nas definições do governo. Na verdade, apesar de ter sido eleito com a promessa de promover mudanças na prática política, alterando a prioridade das ações do governo, nas comunicações, o primeiro mandato do presidente Lula foi extremamente conservador. Observemos que as áreas de governo foram divididas em feudos imunes à influência dos demais. O Ministério das Comunicações especificamente foi entregue ao PDT, um aliado. É bem verdade que o ministro Miro Teixeira não deixou de cercar-se de algumas pessoas

oriundas dos quadros da Fittel ou próximas à entidade. Entre eles, José Guimarães Palácios (secretário-executivo na gestão Miro Teixeira), Pedro Jaime Ziller e Plínio de Aguiar Júnior, entre outros. Miro Teixeira, porém, não chegou a abrir para a sociedade a discussão sobre os grandes temas ligados ao seu ministério. Apesar de tudo, sua herança foram os dois decretos que marcaram o primeiro mandato do presidente Lula: o decreto da TV digital e o decreto de política de telecomunicações, que orientou a renovação dos contratos de concessão da telefonia fixa. Foi alguma coisa, mas muito pouco diante do que era necessário para manter a vitalidade do setor. A avaliação em relação ao segundo ministro das comunicações do governo 46

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Lula, o peemedebista Eunício de Oliveira, é unânime: ele entrou mudo e saiu calado, não apenas em relação às palavras, mas também em relação a realizações concretas para animar o setor. E finalmente, Hélio Costa, que ainda permanece no cargo, passou toda a gestão sem conseguir resolver o problema da indicação de um conselheiro para a Anatel, entrando em choque com as opções do PMDB para indicar um nome e alinhando-se com as posições defendidas pelos radiodifusores em relação à digitalização. Ninguém tem dúvida que, apesar dos ares tecnológicos modernizantes que se passou a respirar no Minicom, com ênfase sobre a TV digital, Wi-Max e “outros bichos”, Hélio Costa seguiu a cartilha conservadora que caracteriza o período. De qualquer forma, é importante lembrar que o mérito do ministro Hélio Costa foi “destravar” (um verbo que estará totalmente na moda para o segundo mandato de Lula) o debate sobre a TV digital. Aos trancos, o Brasil definiu um caminho para a tecnologia. Pode não ser o melhor, e isto será verificado pela história, mas é um caminho. Em síntese, os quatro primeiros anos do presidente Lula foram perdidos para a discussão de um novo modelo convergente de telecomunicações e comunicações. Não se pode esquecer, finalmente, que a Anatel quase parou com o contínuo contingenciamento de recursos da agência (apesar da bilionária arrecadação do Fistel) e a dificuldade para se chegar a alguma


em implementar ou até mesmo discutir um novo modelo de desenvolvimento para o setor de comunicações e O que muda telecomunicações, que Ainda é cedo para agora deve ser tratado avaliar que mudanças de forma convergente. podem realmente Apesar dos discursos ocorrer no novo em contrário, não existe mandato do presidente consciência no governo Lula. Antes de qualquer da importância do setor outra observação é de telecomunicações preciso lembrar que para melhorar o não devem ser criadas desenvolvimento do expectativas, digamos, Em relação ao Minicom de Hélio Costa, país como um todo e “revolucionárias” ou até há duas opções: manter o PMDB ou especificamente nos passar ao PT. mesmo de mudanças aspectos sociais. Se significativas em relação não existe consciência, ao que aconteceu no primeiro menos ainda existem planos neste sentido. mandato. Até pela enorme aprovação popular traduzida na expressiva Quem cuida da casa? votação que obteve na eleição para o Em relação à decisão sobre os ministros segundo mandato, o presidente deve do novo mandato, informação essencial manter o rumo da política econômica, para avaliar o que pode acontecer na área que implica alguma transferência de das comunicações, o presidente emitiu renda com avanços para as classes sinais contraditórios sobre a ocasião mais empobrecidas incluindo-se aí os em que deverá tomá-la. Primeiro disse programas sociais e talvez colocando que iria esperar a eleição das mesas um pouco mais de lenha na fogueira das duas casas do Congresso Nacional do desenvolvimento econômico. (após 15 de fevereiro). Depois, afirmou O povão não votou em mudanças. que quer resolver tudo até o Natal deste Votou na permanência do governo ano. Como tudo na vida, há vantagens Lula da forma como conseguiu e desvantagens em tomar a decisão perceber, ou seja, com a estabilidade imediatamente ou adiá-la mais um pouco. da economia e com a permanência Esperar as eleições das mesas amarra um dos mecanismos de transferência de pouco mais os aliados, especialmente o renda. Duvida-se que haja interesse PMDB, aos interesses do presidente: vale foto: arquivo

conclusão em relação a qualquer coisa em que houvesse algum dissenso.

dizer, se não houver acordo sobre as eleições na Câmara e no Senado, Lula pode mudar os ministros. Ou então: os ministros serão definidos depois que tudo estiver como Lula quer na Câmara e no Senado. Seria esperar para ver quem ajudou e quem atrapalhou. Tudo isso para evitar surpresas desagradáveis como a eleição de Severino Cavalcante para a presidência da Câmara há dois anos. O grande aliado Em relação ao Ministério das Comunicações, há praticamente apenas duas opções: manter o Minicom sob o comando do PMDB, agora o aliado por excelência, ou dar o ministério para um dos dois deputados do PT (Walter Pinheiro, da Bahia, ou Jorge Bittar, do Rio de Janeiro) sempre lembrados para ocupar este cargo no governo petista. Se a opção for pelo PMDB, um importante líder do partido, que prefere não se identificar, avalia que para a agremiação os ministérios serão divididos entre Câmara e Senado. Não haverá influência de uma casa na escolha da outra. Parece simplista, porque certamente o presidente não vai deixar a decisão apenas para o partido aliado, mas terá que combinar outras determinações políticas que fazem parte do “quebracabeças” da montagem do ministério, como são as referências regionais, por exemplo. Caso as comunicações

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( política)

foto: Folha Imagem

continuem com o PMDB, a primeira hipótese seria manter Hélio Costa com suas boas relações junto ao sensível segmento da radiodifusão. Se Costa não fica, o leque se abre significativamente. Os grandes eleitores do PMDB são, pelo menos por enquanto, o deputado pelo Ceará e ex-ministro Eunício de Oliveira, o presidente Sarney, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o deputado paraense Jader Barbalho, sem ignorar o aumento da influência do governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do deputado baiano Geddel Vieira Lima, importante aliado do PT na derrota do PFL baiano nas eleições para o governo daquele Estado. Entre os próceres peemedebistas, Eunício de Oliveira e Geddel Vieira Lima também disputam a presidência da Câmara. Pelo menos Eunício pode não se política como um dos interlocutores interessar mais pelas “comunicações” privilegiados do PMDB junto ao governo se conseguir seu intento principal. e pode ser premiado com alguma Pode não querer para si, mas indicar indicação surpresa. É claro que nenhum alguém. Observe-se como neste dos nomes que possam ser apresentados caso parece interessante para estes pelo PMDB teria vontade ou interesse políticos aguardar a eleição das em patrocinar a necessária e profunda mesas do Congresso para decidir mudança legal e regulamentar que o sobre os ministérios. O ex presidente país precisa fazer no setor de Sarney pode indicar sua própria filha, comunicações e telecomunicações. Roseana, a derrotada ex-governadora do Maranhão, com as vantagens A lei da convergência e desvantagens que seu nome O que pode acontecer, e parece representa como alguém diretamente que é isso mesmo que Hélio Costa já envolvida com a radiodifusão, ou prepara de mansinho com a criação do voltar a insistir em tal Grupo de Trabalho colocar no ministério Interministerial para Paulo Lustosa, mesmo apresentar propostas com o verdadeiro que alterem “só um incêndio de seu nome pouquinho” a legislação quando se cogitou em e a regulamentação indicá-lo para a Anatel. para evitar problemas Lustosa foi ministro recorrentes na área de do governo Sarney e comunicações, é uma preside atualmente a espécie de dispersão Fundação Nacional de regulatória, expressão Saúde, a Funasa. cunhada pelo consultor O deputado Jader de telecomunicações Barbalho, mesmo e professor de com os processos comunicação da que responde por Universidade de Brasília corrupção, continua Murilo César Ramos para Caso o Minicom vá para o PT, Walter presente na cena designar uma situação Pinheiro é um dos nomes mais cotados. 48

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em que seriam realizadas mudanças legais e regulamentares de forma pontual, “como já aconteceu com a TV digital, deve acontecer com o rádio e vai acontecer com a televisão por assinatura”, diz. Muda-se alguma coisa para que tudo fique como está no campo das comunicações eletrônicas de massas. De qualquer forma, não muda o liame político dos ministérios com o Congresso Nacional. Recordese que, estranhamente, o Brasil acabou ficando com uma Constituição parlamentarista que deve funcionar num governo presidencialista. Essa característica torna tão essencial o apoio dos partidos ao Executivo que indevidamente costuma-se denominar as bancadas do governo de “bancadas de sustentação” e não apenas bancadas de apoio como deveriam ser classificadas. Secretaria de comunicação Uma alteração que talvez significasse alguma mudança efetiva seria a transferência da discussão sobre conteúdo (e a conseqüente elaboração da tão insuflada proposta de Lei de Comunicação Eletrônica de Massas) para uma secretaria de comunicações diretamente ligada à Presidência da República. Mas se esta posição vier a prosperar, avalia o deputado Walter Pinheiro a bordo do seu caminhão com os 200 mil votos que lhe foram dados pelo povo baiano, “é melhor fechar o Minicom e transferir suas funções para o MDIC. Fica mais coerente”. Finalmente, com o apoio parlamentar de começo de governo, certamente o Palácio do Planalto (e já surgiram sinais neste sentido) deverá levar à frente a discussão sobre as alterações nas agências reguladoras, até para evitar a maldita descontinuidade que vem afetando diversas delas, especialmente a Anatel. Desde 2004 o governo apresentou uma proposta de alteração na legislação em relação à qual não conseguiu consenso para aprovação. Isso pode mudar. *Chefe da sucursal de Brasília deTELA VIVA e TELETIME.


( broadcast)

Espaço para crescer Novo diretor da divisão profissional da Sony fala sobre a adoção, ainda lenta, da alta definição no Brasil e analisa as perspectivas de mercado com a TV digital.

TELA VIVA - Em que passo está a digitalização das emissoras e produtoras no Brasil? ARMANDO ISHIMARU O mercado continua crescendo. As grandes redes já se digitalizaram, mas agora estão partindo para o HDTV, independente da implantação da TV digital (transmissão digital terrestre). As emissoras pequenas e médias do interior ainda são analógicas, mas nós

Como é nos outros países? Nos EUA a grande demanda é por HD, é mais de 50% do mercado. No Japão, mais ainda: 90% é HD. Mesmo na América Latina, o México já compra muito mais que o Brasil. Lá o HD é cerca de 30% das vendas.

fotos: marcelo kahn

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santista Armando Ishimaru voltou ao Brasil há cinco meses após um “exílio” voluntário de quase duas décadas. Há 28 anos na Sony, o engenheiro eletrônico veio substituir Luiz Padilha no cargo de diretor da divisão Profissional da Sony Brasil. Padilha, por sua vez, transferiu-se para a operação da empresa em Miami, nos EUA. Ishimaru traz ao país uma grande experiência em várias áreas dentro da Sony. Com oito anos de casa, foi enviado ao Panamá para montar a rede de distribuição de equipamentos profissionais para toda a América Latina, exceto o Brasil (“por causa do PAL-M”, lembra). Após dois anos, a operação foi transferida para Miami, e Armando foi junto. Passou um ano e meio divulgando as novas tecnologias, principalmente o então nascente MPEG. Cuidou ainda, em diferentes momentos, de marketing e vendas. Nesta entrevista, Ishimaru fala de seus objetivos nesta nova etapa da vida da companhia e analisa o mercado brasileiro de equipamentos broadcast, às vésperas da entrada do sistema brasileiro de TV digital.

O que falta para uma adoção maior do HD? Não é só questão de preço. Hoje temos equipamentos HDCam mais acessíveis que Betacam Digital. Mas não vemos ainda uma mudança radical nos usuários. Acho que como ainda não temos as transmissões digitais, o mercado ainda não tenha percebido os benefícios. E o HDV? Foi bem recebido no País? É outro mercado, cobre um nicho de produtoras de “baixa renda”. Traz um benefício muito grande, por isso está tendo uma grande expansão.

Armando Ishimaru

como fornecedores podemos ajudá-las a dar dois passos de uma vez, partindo direto para o digital em alta definição.

E ele não canibaliza o produto de maior valor? Não, pela própria tecnologia HDV. Ela nasceu, como o DV, de um pool de desenvolvimento de uma linha “consumer”, e depois foi adotada para criar um produto profissional. O DVCam não chegou ao high-end e nunca chegará. É muito difícil uma tecnologia cobrir todas as aplicações. Há vários níveis de necessidade e várias linhas para atendê-los.

Os preços de equipamentos HD estão ficando muito próximos do SD (standard definition). Por quantos anos o sr. acha que ainda haverá mercado para o SD? Não dá para responder, depende do mercado. Uma cabeça-de-rede já não investe mais em SD, porque a diferença de preço (para o HD) não é significativa. Mas o jornalismo ainda usa muito SD, e se compram equipamentos para reposição também. Hoje a relação nas vendas no Brasil ainda é de 10% de HD para 90% de SD (a conta não inclui o HDV). Daqui a cinco anos essa relação deve mudar para 60/40 ou até 70/30 a favor do HD. T e la

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Como anda a adoção no Brasil das tecnologias de gravação sem fita (“tapeless”)? O XDCam (sistema de gravação em discos Blu-Ray, desenvolvido pela 49

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( broadcast) Sony), como tecnologia, é standard no Brasil. A quantidade de equipamentos ainda é uma fração em relação aos sistemas com fita, mas das cinco grandes redes, quatro já adotaram o sistema. E as vendas continuam. As novas implantações já são em XDCam, o tape entra só para completar. Já há mais de 500 unidades (entre câmeras e VTs) no Brasil. O que está sendo feito para combater o mercado paralelo? Há boas perspectivas neste campo. Nossa estratégia sempre foi incentivar a distribuição através dos dealers (distribuidores). A estabilidade do câmbio também nos favorece muito. A Receita também está fazendo um bom trabalho, que favorece a todos. O setor mais afetado é o de produtos mais “commodity”, como projetores. Ainda assim, no último mês 60% das vendas foram feitas através da Sony, contra um histórico de 10%. Quais são as perspectivas para o mercado em geral? O mercado mundial sofreu uma forte queda no início da década. Este ano estamos voltando aos mesmos níveis de 1998, foi um bom ano. Temos tido um crescimento médio em torno de 10% a 15% ao ano. Com a entrada da TV digital e mantido o câmbio devemos seguir este ritmo (obs: a Sony brasileira faturou US$ 320 milhões em 2005).

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crescimento mais significativo? O low-end, ou segmento “prosumer”, vem crescendo muito. São pequenas produtoras, documentaristas. Isso se deve à facilidade de acesso aos equipamentos e à produção feita em computadores domésticos.

“A TV digital só deve impactar a venda de equipamentos de produção após três ou cinco anos.” A TV digital não terá então um impacto maior nas vendas? Muita gente acredita que a TV digital trará um boom, mas estou sendo realista. Certamente os primeiros investimentos das redes serão em equipamentos de transmissão, e serão investimentos significativos. Só depois investirão mais em sistemas de produção. Acho que vamos sentir este efeito depois de três ou cinco anos.

Quais são seus objetivos nessa gestão frente à Sony do Brasil? Aumentar a prestação de serviços. Estamos ampliando nosso portfólio de produtos e serviços em geral, dando mais assessoria, pós-venda, integração de sistemas. Também quero aumentar as parcerias com os dealers e ampliar a rede de distribuição nas área que ainda estão necessitadas. Assinamos recentemente um novo dealer em Recife (Imagenheria), e o próximo deve ser na região Centro-Oeste.

Há algum nicho do mercado de produção que venha experimentando

Pay-TV News. Há dez anos, a principal fonte de informação para o mercado de TV por assinatura. www.paytv.com.br

O Brasil deve adotar o MPEG4 nas transmissões digitais. Seus equipamentos já incorporaram esta compressão? Nossa área de equipamentos para empresas, como videoconferência, já usam o MPEG-4, além de outros equipamentos, com o Playstation e o notebook Vaio do Japão. Temos a tecnologia, mas para incorporá-la aos equipamentos ainda falta que o Brasil feche as especificações do seu sistema.

(andrÉ MERMELSTEIN)

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( tecnologia )

Cliff Wootton*

c a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

Compressão de vídeo

Copyright Broadcast Engineering 2006

Como evoluímos do MPEG-1 até o padrão H.264. Entenda porque a compressão do padrão brasileiro de TV digital é a mais avançada.

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onsidere o progresso que fizemos desde as origens do vídeo digital, quando o MPEG-1 foi apresentado. Todos os codecs de vídeo para radiodifusão digital e distribuição descendem deste modelo. Decisões técnicas tomadas 15 anos atrás foram surpreendentemente visionárias. O estado da arte é representado pela codificação H.264 para serviços HDTV, em taxas de dados que eram inconcebíveis poucos anos atrás (N. do T.: trata-se justamente da compressão que será adotada no SBTVD-T, para as transmissões digitais terrestres no Brasil.) Como funciona Os encoders de vídeo produzem um fluxo de bits (bit stream) serializado que modula um sinal portador para transmissão por radiodifusão ou rede. Produzir um bit stream codificado economicamente sem a duplicação desnecessária é desafiador. O receptor reconstrói uma seqüência de imagens em movimento a partir deste stream. Apenas o player é padronizado. Os encoders usarão técnicas mais avançadas assim que são desenvolvidas. Isto não é um problema.Equipados, eles produzirão uma saída concordante. Isto demonstra que os bit rates evoluirão. O som é processado independentemente e entregue em referência a uma mesma timeline. Quadros Um vídeo pode durar horas, mas na verdade é comprimido em pequenas seqüências. A duração destas seqüências depende do

Macro-bloco

Fatias

Fatias no limite dos objetos da cena

FIGURA 1 Divisão do frame em macro-blocos, fatias e limites dos objetos.

formato de vídeo e da plataforma. Quinze quadros é o típico em grupos de imagens (GOP, do inglês group of pictures). Existem três tipos de quadros em um GOP: Intraframes (I-frames) no início; Predicted frames (P-frames) no final; e frames codificados bidirecionalmente (B-frames) no meio. O I-frame é codificado primeiramente, exatamente como uma fotografia still. A imagem é dividida em macro-blocos de 16 x 16 pixels. Os macro-blocos são agrupados em fatias horizontais que ajudam na reconstrução da imagem. Alguns resultados imediatos aparecem na economia de bit rate a partir da separação de macro-blocos similares e do armazenamento em buffer apenas de blocos únicos (veja a figura 1). Então o conteúdo do P-frame é analisado. Apenas blocos novos, não presentes no I-frame, são mantidos. A compilação de macro-blocos descreve os frames em cada final do GOP. Agora os B-frames podem ser codificados mais eficientemente. Os macro-blocos do B-frame são descartados se eles forem uma réplica de qualquer bloco dos I-frame e P-frame T e la

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que já tenham sido compilados. O buffer mantém estes macro-blocos específicos que são apresentados por diferentes frames. O último frame do GOP deve ser entregue antes de ser exibido, para que os B-frames posam ser reconstruídos. A reordenação imediata dos frames causa alguma latência na codificação por conta do tamanho do GOP. Se a latência é um problema (como em vídeoconferência, por exemplo) use GOPs mais curtos. O codec Motion JPEG codifica apenas I-frames. Ele nunca atingirá níveis de compressão tão altos como MPEG, mas produz um conteúdo editável. Os I-frames podem ser de até 40 kB. Um GOP com apenas 15 I-frames ocuparia 600 kB. Um único P-frame pode economizar 35 kB. Esta economia de bytes não acrescenta muito sozinha, mas o restante do GOP pode codificar B-frames tão pequenos quanto 1 kB. Todo o GOP pode ser codificado em menos de 60 kB. Então, 51

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( tecnologia) Ordem de exibição dos frames

P-frames e B-frames rendem uma compressão de 10:1, se tolerarmos a latência (veja a figura 2). Macro-blocos O MPEG-1 proporcionou um casamento simples e descartou técnicas para redução dos macroblocos. Mais tarde, a criação de codecs encontrou macro-blocos que são similares, mas não idênticos, e codificou as diferenças residuais. Se os blocos não são idênticos, nós poderíamos eliminar um pouco mais às custas da precisão da imagem. Alguns detalhes nos macro-blocos pode ter se movido fracionadamente de um frame para outro. O MPEG-2 permite que os pixels se movam em um vetor de movimento antes de descartar os resíduos. O H.264 melhora isso ao permitir que a distância do movimento seja menor que um pixel inteiro. Vetores de movimento são um desafio computacional, mas reduzem a quantidade de dados necessária para a codificação. O MPEG-s e o H.264 também ampliam a distância de suas procuras por duplicação. O MPEG-1 olha apenas dentro da mesma fatia; o MPEG-2, dentro do mesmo GOP; e o H.264 pode olhar fora do GOP. Um alcance maior leva a melhores índices de compressão. Codecs modernos proporcionam muitas ferramentas para eliminar macro-blocos. O H.264 implementa um super-jogo com todas as ferramentas suportadas pelos codecs concorrentes. Como isto foi trabalhado por consórcio de especialistas de vários padrões e revisado tecnicamente por centenas de engenheiros, deve superar a performance dos outros codecs.

Ordem de transmissão dos frames Início do GOP

Final do GOP

FIGURA 2 A transmissão dos I-frames, P-frames e B-frames não se dá na mesma ordem da exibição.

revertida pelo player. Um único macro-bloco é representado como luminância em uma resolução de 16 x 16, e dois blocos de cor a 8 x 8. O olho é menos sensível para informações de cor. Comprimir de 10-bit RGB para 8-bit YCbCr e reduzir o chroma para 8 x 8 pixels garante uma compressão 2:1. Isto não é suficiente. Usar freqüências ao invés de pixels é mais eficiente. Aplicando-se uma série de Fourier conseguimos coeficientes que descrevem o quanto cada freqüência contribui para a imagem espacial. A computação DCT (Discrete Cosine Transform) é direta, mas intensiva. O algoritmo visita cada pixel na macro-bloco, acumulando os coeficientes de freqüência e alocando-os em uma grade. A luminância é transformada em blocos de 8 x 8. O primeiro valor é um DC offset (valor médio). O resto são perturbações na freqüência que modificam isto. A freqüência (e portanto os detalhes) aumenta para a direita e para baixo. Um detalhamento fino está na base direita da grade com coeficientes decrescendo em magnitude para freqüências mais altas. Começando no topo esquerdo, a freqüência faz um zig-zag em direção ao canto inferior direito para ordenar os valores de coeficiente para a transmissão. O valor tende a zero quando este caminho é truncado. A partir deste ponto, o encoder não apresenta perdas. Descartar coeficientes antes deste ponto causará problemas

Transformação Codificar macro-blocos diretamente no bit stream de saída não deveria render compressão suficiente. Nós precisamos de uma redução de objetivo geral, que é fácil de aplicar e simples de ser 52

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visíveis na tela. Até mesmo em níveis de compressão mais altos, a imagem pode ser boa. Agora, o macro-bloco original é representado por apenas poucos coeficientes, pronto para ser codificado no bit stream. Níveis de compressão Quais níveis de compressão são viáveis? Digamos que o conteúdo do vídeo possa ter 25% dos macro-blocos descartados em um I-frame. Cada estágio subseqüente contribui para direcionar o resultado: I-frame reduz 75 % B-frames e P-frames: 10% Sub-sampling: 50% DCT/Entropy: 50% Chegamos a um fator de compressão próximo de 50:1 em um sistema bem regulado. Reduzir o tamanho da imagem e o frame rate para streaming em Internet pode melhorar a performance. O futuro Certamente, o encoders ficarão melhores. O H.264 atingirá níveis de compressão surpreendentes, especialmente para HD. Isto já é atraente para SD e mais ainda na construção do emergente conceito de Interactive TV 2.0, que está no horizonte e sendo desenvolvido ao redor dos padrões MPEG-4 BIFS e LASeR. A jornada ainda não acabou. * Cliff Wootton foi arquiteto técnico de sistemas do BBC News Interactive TV e prepara um livro sobre sistemas avançados de conteúdo interativo para TV.


( upgrade ) Áudio sem fio

Multi-resolução

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fotos: Divulgação

Zaxcom anunciou no final de novembro um adaptador estéreo para os sistemas de gravação de áudio TRX900/TRX900AA e ZFR100. O novo STA100 transforma sistemas monocanais em gravadores/ transmissores de dois canais para aplicações em campo. O equipamento pode ser conectado diretamente nos transmissores sem fio de áudio TRX900/TRX900AA ou no gravador ZFR100, e conta com entrada dedicada de time code, permitindo sincronizar o áudio com o time code da câmera. O equipamento também permite transformar, via software, um de seus conectores em monitor de áudio ou em saída de time code, para sincronizar com outros dispositivos.

Monitoramento SD e HD com o novo VCC-8000.

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Adaptador transforma transmissores mono em estéreo.

Avitech apresentou em novembro sua nova geração da linha Video Command Center. O novo modulo VCC-8000 permite que sinais simultâneos DVI e VGA, assim como HDTV e vídeo analógico, sejam exibidos em resolução de até 1920 x 1200. Com um único modulo, é possível monitorar entradas YPbPr, S-Video, DVI, VGA, HD-SDI, e SD-SDI. Cada módulo conta com até oito entradas (podendo ser DVI, VGA, HDTV, NTSC e/ou PAL) e os módulos podem ser montados em cascata, chegando a até 15 módulos.

Placa 2K

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AJA Video Systems lançou a Kona 3, uma placa de captura I/O compatível com a plataforma Apple para produtoras e finalizadoras. A placa pode trabalhar em SD, HD, HD dual-link e arquivos 2K, podendo receber e enviar dados 2K através da porta high-speed data link (HSDL), sendo, portanto, compatível com telecines 2K. Por este tipo de conexão, é possível mover vídeo 2K sobre dois cabos SDI como dados. Usando o software proprietário da AJA VTR Xchange, é possível alimentar a ilha com dados 2K e criar, simultaneamente, arquivos DPX e QuickTime. Com isso, o número de aplicativos que poderá lidar com o conteúdo torna-se muito maior, já que os dois formatos de arquivos são bastante difundidos.

A placa pode capturar e executar vídeo digital sem compressão de 8 e 10-bits e áudio de 24-bits. Além disso, os usuários podem criar uma versão SD do conteúdo HD. A revisão do Kona 3 leva arquivos 2K para a conteúdo pode ser feita plataforma Apple. alimentando dois projeresolução 2048 x 1080, em de 1920 x 1080 ou ainda em monitores SD.

tores 2K de monitores HD

DVD do futuro

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ma nova mídia para a distribuição de home-video deve surgir em breve. De acordo com o site NewScientist. com, a Warner vem trabalhando no desenvolvimento de um disco compatível com as duas tecnologias de laser azul que disputam o mercado de DVDs em alta definição, a BluRay e a HD-DVD. Os engenheiros do estúdio Alan Bell e Lewis T e la

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Ostrover já patentearam a tecnologia, que permitirá usar uma camada do disco para Blu-ray e a outra para HD-DVD. Ainda será possível usar o outro lado do disco para gravar um DVD comum. Todavia, pelo menos por enquanto, o custo do disco é maior que o de três discos, um de cada padrão, somados.

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( agenda ) JANEIRO 9 a 13 2° Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual, Atibaia, SP. Tel.: (11) 4414-2082. E-mail: internacional@festivaldeatibaia. com.br. Web: www.festivaldeatibaia.com. br 18 a 28 Sundance Film Festival, Park City, EUA. Tel.: (801) 328-3456. E-mail: festivalregistration@sundance.org. Web: www.sundance.org 15 a 18 Natpe 2007. Hotel Mandalay Bay Resort, Las Vegas, EUA. Tel.: (1-310) 453-4440. E-mail: info@natpe.org. Web: www.natpe.org 27 e 28 Festival Internacional de Programas Audiovisuais — Fipa, Biarritz, França. Tel.: (33-1) 4489-9999. E-mail: info@fipa.tm.fr. Web: www.fipa.tm.fr

29 a 31 RealScreen Summit, Renaissance Hotel, Washington DC, EUA. Web: www. realscreensummit.com

FEVEREIRO 6 a 18 Mostra do Filme Livre (MFL), Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2539-7016. E-mail: contato@mostradofilmelivre.com. Web: www.mostradofilmelivre.com 7 a 9 Kidscreen Summit, Nova York, EUA. Tel.: (1-416) 408-2300. E-mail: swilder@brunico.com. Web: www.kidscreensummit.com 8 a 18 Festival Internacional de Berlim, Berlim, Alemanha. Tel.: (49-30) 259-200. E-mail: info@berlinale.de. Web: www.berlinale.de 27 a 1°/3 Andina Link 2007, Cartagena, Colômbia. Tel.: (571) 482-1717. E-mail: andina@andinalink.com. Web: www.andinalink.com

MARÇO 2 a 8 4° Festival de Cinema de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP. Tel: (16) 3625-3600. E-mail: festival@saopaulofilmcommission.com.br. Web: www. saopaulofilmcommission.com.br 23 a 1°/4 É Tudo Verdade — Festival Internacional de Documentários, São Paulo e Rio de Janeiro, com itinerâncias em Brasília (DF) e Campinas (SP). Tel.: (11) 3064-7617. E-mail: info@etudoverdade.com.br. Web: www.itsalltrue.com.br

ABRIL 14 a 19 NAB 2007, Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Tel.: (1-202) 595-2052. E-mail: register@nab.org. Web: www.nabshow.com

ue ar cur mera q nho o o r p i â ara ei a c r bonz uia, e p , l a G iv ch se oe la V tos e a ecisei ora no . ai N e p T a s r t n a oP Gui ipame Nem p produ os dia o Car i s . a u o a h q se ir o, u s de e ecisav rei min nto tod and eu n p x a r e t e e m Este ecedor utora p cadas orçam sso endo o o p d d n for a pro ambém dos de que al, ven scand i r u b h i sco nacion do e b urar. o min todo. T o ped e d b , r to ad oc ano a rece Viva do inte undo de pr Merc a l r n o Te ca il om ago ista no mer e TV d bendo Bras v e r d sa um s do a gócio anais fácil, no Fór n i e L s obr s ne para c muito ceiros u c u e s e e m o r d m .É o. ciar News ento s pa ões álog n a cat roduç i meu levisã fin am va e e p ara ela Vi inanci p co- ncontr al de T a f T ajud online do de Eu e nacion a n m r u fu rio Inte edir oticiá novo p a n ri um ode mas no e sair p é At dir. os, 07 dev l. e t p e j r pro em 20 ovisua da a deseja a n i s o. que o aud mai s para o nov o a r h a an pa en en ão t rta ap óspero n Tela Viva deseja aos seus , sso sta ca um pr i r assinantes um feliz 2007. Po evi e tal e r a c s N E feliz um


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