TATAME Edição #255

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TATA M E

#255


Ação de sobra Realizado a cada dois anos e considerado o maior torneio de luta agarrada do mundo, o ADCC 2019 aconteceu nos dias 28 e 29 de setembro, em Anaheim, na Califórnia (EUA), e mais uma vez correspondeu à grande expectativa. Além do show de organização, com milhares de torcedores nas arquibancadas durante os dois dias do evento, nos tatames o nível também foi alto. Os principais destaques foram André Galvão e Gordon Ryan. Enquanto o líder da Atos derrotou Felipe Preguiça e se tornou tetracampeão da superluta, Gordon levou o ouro duplo, com direito a vitória sobre Marcus Buchecha no absoluto. A TATAME, é claro, acompanhou todas as ações do torneio, e nesta edição digital, conta com detalhes como foi o ADCC 2019, que coroou também Augusto Tanquinho, JT Torres, Matheus Diniz, Kaynan Duarte, Bia Basílio e Gabi Garcia. Completando a TATAME #255, você encontra ainda entrevistas exclusivas, os melhores cliques e uma matéria especial relembrando todos os craques que realizaram o feito de Gordon Ryan e foram campeões ouro duplo do ADCC. Boa leitura e até a próxima!

Diogo Santarém, editor diogosantarem@tatame.com.br

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O DONO DO ADCC Muitos tapas, algumas lesões, surpresas e coração de sobra por parte de todos os lutadores. Como de costume, o ADCC, maior torneio de luta agarrada do mundo, contou com grandes combates e fortes emoções no fim de semana dos dias 28 e 29 de setembro, em Anaheim, na Califórnia (EUA). Os principais destaques foram André Galvão e Gordon Ryan. Galvão derrotou Felipe Preguiça e faturou o tetracampeonato da superluta, e Gordon, por sua vez, saiu com o ouro duplo após vencer peso e absoluto, com direito a triunfo sobre Marcus Buchecha. Os dois vão se enfrentar na superluta do ADCC 2021. Cada um, vale ressaltar, também levou um cinturão do evento e o prêmio de 40 mil dólares. Nas divisões de peso, cinco campeões brasileiros em sete categorias. Augusto Tanquinho (66kg), Matheus Diniz (88kg), Kaynan Duarte (+99kg), Bia Basílio (60kg) e Gabi Garcia (+60kg) triunfaram, enquanto JT Torres (77kg) e Gordon Ryan

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(99kg) levaram a medalha de ouro para os Estados Unidos. Gabi Garcia, por sinal, se tornou tetracampeã, sendo agora a mulher com maior número de conquistas na história do ADCC e empatando com Marcelinho Garcia nos títulos por peso.


Foto Mayara Munhos/Jiu-Jitsu in Frames

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Galvão impõe pressão e fatura tetra da superluta Repleta de tensão – e alguma rivalidade -, a superluta começou com André Galvão e Felipe Preguiça trocando tapas em pé até o líder da Atos tentar um double leg e cair por cima de Preguiça. No chão, Galvão continuou colocando pressão, mas não conseguiu passar a guarda do faixa-preta da Gracie Barra BH.

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Com o duelo de volta em pé, André seguiu pressionando e apostando nas quedas. Em uma delas, porém, Preguiça caiu sobre uma mesa e acusou lesão na costela. A dinâmica prosseguiu no tempo extra, com Galvão mostrando gás de sobra e tentando diversas quedas, enquanto Felipe resistia às investidas.

Em mais um ataque nas pernas, o líder da Atos finalmente conseguiu contabilizar os pontos da queda e abriu 2 a 0 no placar. A partir daí, Galvão administrou o resultado e, aos 37 anos – ele fez aniversário neste domingo (29) -, se tornou tetracampeão da superluta do ADCC, com títulos em 2013, 2015, 2017 e 2019.


Confira abaixo um resumo de cada final: > MASCULINO Até 66kg: Augusto Tanquinho x Kennedy Maciel A divisão até 66kg foi uma grata surpresa e coroou os fãs com muita ação. A final, é claro, não poderia ser diferente. Augusto Tanquinho e Kennedy Maciel – filho da lenda Charles Cobrinha, tricampeão do ADCC – deram tudo de si e alternaram bons momentos durante o confronto. Nos minutos finais, porém, Tanquinho fez valer sua experiência e com uma pegada nas costas anotou os três pontos que lhe renderam o ouro. Aos 36 anos, Tanquinho é ex-lutador do UFC e atualmente se dedica mais ao MMA – onde tem seis vitórias e três derrotas -, participando de algumas competições sem quimono. Faixa-preta de Jiu-Jitsu, o brasileiro agora ostenta títulos importantes do Mundial – Gi & No-Gi – da IBJJF e do ADCC, entre outras conquistas. Até 77kg: JT Torres x Vagner Rocha Pela segunda vez, JT Torres derrotou Vagner Rocha, agora valendo o título até 77kg do ADCC 2019. A revanche entre os dois foi bastante agitada – com muitos tapas – e recheada de provocações, principalmente por parte do brasileiro. No tatame, JT parecia sempre um passo à frente, e comprovou isso na reta final do combate. Após pegar as costas do experiente Vagner e anotar 3 a 0, JT foi ajustando a posição e, no último segundo, conseguiu o estrangulamento que lhe rendeu o bicampeonato na divisão. Até 88kg: Craig Jones x Matheus Diniz Enquanto Craig Jones chegou na decisão até 88kg com três finalizações, Matheus Diniz passou por adversários do calibre de Pedro Marinho, Josh Hinger e, na semifinal, Gabriel Arges. Na final, porém, a dupla foi mais cautelosa. Por cima durante a maior parte do duelo, o pupilo do casca-grossa Marcelinho Garcia não foi capaz de pontuar, assim como o australiano Jones, que sem sucesso buscou algumas finalizações. No tempo extra, Diniz conseguiu impor seu jogo e anotar dois pontos, mas acabou sofrendo duas punições em seguida. Depois disso, Jones correu atrás do placar, mas viu uma punição contra ele adicionar mais um título sem quimono ao premiado currículo de Matheus, que vence o ADCC pela primeira vez. Até 99kg: Gordon Ryan x Vinicius “Trator” Ferreira Confirmando seu favoritismo ao derrotar Lucas Hulk na semifinal, Gordon Ryan dominou a maior parte do combate final contra a surpresa Vinicius “Trator” Ferreira. Após algumas transições no chão, aos 10 minutos Gordon pegou as costas do brasileiro e não teve dificuldades para finalizar no estrangulamento. Foi o segundo ouro seguido do americano, que em 2017 brilhou na divisão até 88kg e foi vice no absoluto. Mais 99kg: Kaynan Duarte x Nick Rodriguez Como de costume no ADCC, Kaynan Duarte e Nick Rodriguez começaram uma das finais mais esperadas do evento fazendo bastante força em pé. Já na metade da luta, Nick tentou pegar as costas de Kaynan, que se desvencilhou e caiu por baixo. A partir daí, o brasileiro passou a tentar ataques nas pernas. Na marca dos 12 minutos de luta, o “gigante americano” foi com tudo para as costas do faixa-preta da Atos, que por pouco escapou. Na sequência foi a vez de Kaynan pegar as costas de Nick e, após fechar o cadeado com as pernas, ajustar a posição. Com 3 a 0 no placar, o brasileiro tentou várias vezes finalizar o americano no pescoço, mas Rodriguez soube resistir. Nos segundos finais, Nick ainda conseguiu se soltar, atacou o pupilo de André Galvão nas costas e, se não fosse o relógio marcar o fim do combate, poderia dar trabalho. Foi o primeiro título de Kaynan Duarte no ADCC, logo em sua primeira participação na competição.

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Absoluto: Marcus Buchecha x Gordon Ryan As disputas do absoluto começaram eletrizantes, com sete finalizações nas oito primeiras lutas. Nas quartas de final, Marcus Buchecha fez 3 a 0 contra Aaron Johnson, Mahamed Aly derrotou Tim Sprigs nas punições, e Gordon Ryan e Lachlan Giles finalizaram Garry Tonon e Patrick Gaudio, respectivamente. Nas semifinais, em exibições de gala, Buchecha pegou Aly com um mata-leão, enquanto Tonon estrangulou a surpresa Giles. O revés, entretanto, não desanimou o australiano Lachlan Giles, que com sua terceira chave de calcanhar no peso aberto (Kaynan, Gaudio e Aly), finalizou Mahamed e garantiu a medalha de bronze. Dois dos principais nomes do torneio, Marcus Buchecha e Gordon Ryan tentaram de tudo um pouco na final do absoluto: trocaram posições, atacaram por cima, da guarda, mas não conseguiram finalizar nem pontuar durante o tempo normal. Na prorrogação, Buchecha passou praticamente os dez minutos em pé, sendo obrigado a buscar o ataque, enquanto Gordon defendia na guarda. No fim, uma punição para o brasileiro definiu a decisão do peso aberto e consagrou Ryan como campeão ouro duplo do ADCC 2019. > FEMININO Até 60kg: Ffion Davies x Bianca Basílio Última final por categoria, a decisão até 60kg foi também a mais rápida. Com uma chave de pé brutal, Bia Basílio finalizou Ffion Davies e confirmou sua boa fase. O golpe foi tão forte que Ffion precisou de atendimento médico para deixar o tatame. Bia, por sua vez, celebrou seu primeiro ouro no ADCC após bater na trave na última edição, realizada na Finlândia, em 2017, quando foi prata para Bia Mesquita. Mais 60kg: Gabi Garcia x Carina Santi Campeã em 2011, 2013, 2017 e, agora 2019. Gabi Garcia segue dando show no ADCC. A faixa-preta da Alliance não deu chance para as rivais e, na grande final da divisão +60kg, encontrou uma dura Carina Santi. O triunfo por finalização, entretanto, foi questão de tempo, e veio através de uma Kimura. Com a conquista, Gabi se torna a mulher mais vitoriosa da história do evento e se iguala ao recordista Marcelinho Garcia.

Gabi Garcia conquistou o tetra do ADCC e se tornou uma das recordistas de títulos do evento

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Na final do absoluto, após uma guerra de 30 minutos, americano Gordon Ryan derrotou Buchecha nas punições

Com apenas 16 anos, Tye Ruotolo (de preto) chegou na semifinal e foi uma das grandes surpresas do torneio

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Regras e formato No sistema do ADCC, algumas regras são diferentes das competições mais tradicionais do Jiu-Jitsu. Por exemplo, nas disputas da fase eliminatória, o duelo tem duração de 10 minutos, sendo que na primeira metade, os pontos não são registrados e somente finalizações são levadas em consideração. Após cinco minutos de luta, os pontos começam a ser contabilizados e caso nenhum dos lutadores consiga finalizar, será declarado vencedor aquele que acumular mais pontos. Caso a luta termine em igualdade, é acrescido um tempo extra de cinco minutos e, em situação de novo empate, mais cinco minutos de prorrogação. Permanecendo o empate, o vencedor é escolhido de acordo com a combatividade. Na fase final, como ocorre na fase eliminatória, na primeira metade do confronto, não são considerados os pontos. Todavia, na fase em questão, a duração das lutas é de 20 minutos, com 10 minutos de duas prorrogações, caso seja necessário. Também como na fase anterior, em situação de empate após duas prorrogações, o vencedor é escolhido de acordo com a combatividade durante o duelo. A respeito das técnicas permitidas, são citadas qualquer tipo de queda, qualquer tipo de estrangulamento – com exceção de usar a mão para interromper a respiração -, qualquer chave de ombro, braço e pulso, além de qualquer chave de perna, tornozelo e calcanhar. Por outro lado, não são permitidos golpes traumáticos, assim como dedo nos olhos, agarramento ou puxão de orelhas. O golpe bate-estaca é permitido somente em situações de defesa de submissão como em uma defesa de triângulo, por exemplo.

Pontuação: 2 PONTOS Posição de montada, joelho na barriga, raspagem ou inversão (caindo na guarda ou meia guarda) e quedas (terminando na guarda ou meia guarda) 3 PONTOS Pegada nas costas com ganchos e passagem de guarda 4 PONTOS Raspagem ou inversão limpa (passando a guarda) e queda limpa (terminando fora da guarda) Vale ressaltar que não existem pontuações acumulativas como, por exemplo, passagem de guarda direto para a montada. Nessa situação, serão assinalados somente os pontos da passagem de guarda Negativa (penalidades) -1 PONTO Puxar ou pular na guarda, recuar (fugir da luta), ir para fora da área da luta (intencionalmente) e falta de combatividade

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1 - Kaynan vencendo Yuri Simões rumo ao ouro +99kg 2 - JT Torres celebrando vitória sobre Vagner Rocha

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3 - Gordon Ryan e André Galvão, campeões ouro duplo da superlutas

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RESULTADOS COMPLETOS: > Masculino Até 66kg – Augusto Tanquinho derrotou Kennedy Maciel por 3 a 0 Até 77kg – JT Torres finalizou Vagner Rocha com um estrangulamento Até 88kg – Matheus Diniz derrotou Craig Jones por 0 a 1 nas punições Até 99kg – Gordon Ryan finalizou Vinicius “Trator” Ferreira com um estrangulamento Mais 99kg – Kaynan Duarte derrotou Nick Rodriguez por 1 a 0 (3 pontos; 2 punições) Absoluto – Gordon Ryan derrotou Marcus Buchecha por 0 a 1 nas punições > Feminino Até 60kg – Bianca Basílio finalizou Ffion Davies com uma chave de pé Mais 60kg – Gabi Garcia finalizou Carina Santi com uma Kimura > Superluta André Galvão derrotou Felipe Preguiça por 2 a 0

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2019 GORDON RYAN

QUEM PARA GORDON RYAN?

Maior torneio de luta agarrada do mundo, o ADCC começou em 1998 e, ao longo de sua história, coroou sete campeões ouro duplo. Um deles foi consagrado no ADCC 2019, realizado dias 28 e 29 de setembro, em Anaheim, na Califórnia (EUA). Trata-se do americano Gordon Ryan, que se junta ao seleto grupo composto por Zé Mario Sperry, Mark Kerr, Ricardo Arona, Roger Gracie, Bráulio Estima e André Galvão em 13 edições do evento.

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Foto Mayara Munhos/Jiu-Jitsu in Frames

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2019 GORDON RYAN

Gordon Ryan se tornou o sétimo homem a conquistar o ouro duplo em uma edição do ADCC

Para atingir tal feito, Gordon primeiro brilhou em sua divisão, até 99kg. Foram quatro lutas e três finalizações, incluindo um estrangulamento sobre Vinicius Trator, da Alliance, na grande final. De volta para o peso aberto, o americano anotou mais três finalizações, forçando os três tapinhas de Pedro Marinho, Garry Tonon e Lachlan Giles. Na decisão, superou o multicampeão Marcus Buchecha – recordista em títulos no Mundial de Jiu-Jitsu – por 0 a 1 nas punições após uma batalha de 30 minutos de duração.

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Essa foi a segunda participação de Gordon Ryan no ADCC, quem em 2017, na Finlândia, venceu o peso até 88kg e foi vice no absoluto. Dono de um estilo falastrão, o faixa-preta faz valer suas palavras e, em duas edições, soma três medalhas de ouro, uma de prata e 16 vitórias em 15 lutas, com 11 finalizações. Agora, ele quer inovar. Em seu perfil no Instagram, o representante da equipe Renzo Gracie propôs participar da superluta do ADCC 2021, contra André Galvão – atual campeão

-, e disputar a divisão até 99kg. Segundo as regras, os integrantes da superluta não disputam as categorias, algo que Ryan pretende mudar. “Eu quebro recordes e quebro as regras. Ninguém nunca disputou a superluta e competiu em uma divisão de peso ao mesmo tempo. Se o ADCC permitir, quem quer ver esse filho da p*** aqui disputando a superluta e a categoria até 99kg no ADCC 2021?”, postou o lutador, que é campeão mundial No-Gi.


Relembre os outros campeões ouro duplo: Zé Mario Sperry, 1998 Na primeira edição do ADCC, o casca-grossa Zé Mario Sperry começou fazendo história. Ele foi o primeiro campeão ouro duplo do evento, vencendo a divisão até 99kg e o absoluto. No seu peso, Sperry passou por Mohammed Saleh, Larry Parker, além dos brasileiros Renato Verissimo e Ricardo Alves nas semis e final, respectivamente. No peso aberto ele derrotou outro compatriota para garantir o título, Ricardo Morais.

Mark Kerr, 2000 Dono de uma carreira respeitada no MMA, onde foi campeão do UFC e teve uma passagem de sucesso pelo PRIDE, Mark Kerr começou no Wrestling e brilhou no ADCC 2000. Na época, o gigante americano venceu oito rivais para garantir os títulos +99kg e absoluto, derrotando nomes como Josh Barnett, Ricco Rodriguez, Leozinho Vieira e Ricardo Almeida. Nas superlutas seguintes, Kerr bateu Mario Sperry e perdeu para Arona.

Ricardo Arona, 2001 Um dos grandes nomes da história do MMA nacional, Ricardo Arona começou sua carreira no mundo das lutas no Jiu-Jitsu e sempre levou facilidade sem o quimono. Prova disso são os quatro títulos que o lutador possui no ADCC, dois deles conquistados em 2001, nos Emirados Árabes. Naquele ano, o “Tigre” atropelou seus rivais e, nas finais, venceu Ricardo Almeida na categoria até 99kg e Jacques Machado no peso aberto.

Roger Gracie, 2005 Em 2005, em edição do ADCC também realizada nos Estados Unidos, Roger Gracie venceu a categoria até 99kg e o absoluto. Na sua divisão, ele eliminou Justin Garcia, Eduardo Telles, Xande Ribeiro e, na decisão, Alexandre Cacareco. Já no peso aberto, em campanha histórica, o Gracie simplesmente passou por nomes como Fabrício Werdum, Xande e, em uma das finais mais marcantes do ADCC, finalizou Ronaldo Jacaré.

Bráulio Estima, 2009 Há dez anos atrás, quem brilhou foi Bráulio Estima. Em 2009, o faixa-preta da Gracie Barra faturou a divisão até 88kg e o peso aberto. Na primeira final, da sua categoria, Bráulio passou pelo hoje tetracampeão da superluta André Galvão. Já no absoluto, em exibição de gala, eliminou Marcelinho Garcia, Vinny Magalhães e Xande Ribeiro. Na sequência, venceu Jacaré na superluta de 2011 e perdeu para Galvão em 2013.

André Galvão, 2011 Último campeão ouro duplo antes de Gordon Ryan, André Galvão, atual tetracampeão da superluta, brilhou em 2011, em edição na Inglaterra. Para chegar ao posto que ocupa hoje, o líder da Atos levou a categoria até 88kg derrotando o casca-grossa Rousimar Toquinho na final e, no absoluto, finalizou o americano Pablo Popovitch após passar pelos faixas-preta Serginho Moraes e Murilo Santana em sua caminhada ao topo.

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2019 AUGUSTO TANQUINHO Por Vitor Freitas Foto Mayara Munhos/Jiu-Jitsu in Frames

CAMPEÃO

DE TUDO TATA M E # 2 5 5


“Um cara persistente”. Foi isso que alguns fãs de Jiu-Jitsu comentaram nas redes sociais depois de verem Augusto Tanquinho vencer o ADCC 2019, em Anaheim, na Califórnia (EUA). Na divisão até 66kg, recheada de bons nomes como Paulo Miyao, Matheus Gabriel e outros da nova geração, o faixa-preta da Soul Fighters precisou fazer quatro lutas para sair com o ouro. Primeiro, finalizou Keith Krikorian, depois, passou por Matheus Gabriel e Paulo Miyao até a final contra o jovem casca-grossa Kennedy Maciel.

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2019 AUGUSTO TANQUINHO

O segredo da campanha foi ter confiança, como o próprio Tanquinho revelou em entrevista à TATAME. O ex-lutador do UFC teve confiança em suas sessões de treino no Arizona (EUA), sua alimentação e, principalmente, no que sua mente o mostrava antes mesmo de entrar para lutar. Tanquinho, agora campeão de tudo no Jiu-Jitsu, analisou sua participação no ADCC 2019 e o que ainda o faz se desafiar. “Neste ADCC, eu tive muita confiança e estava preparado para qualquer um. Eu treinei como nos velhos tempos, me preparei para ser campeão. Fui campeão dos maiores eventos do mundo na faixa-preta e eu sabia o que precisava ser feito para ganhar, mas não vinha fazendo isso. Com a minha esposa esperando o nosso primeiro filho eu quis lutar por ele, para que ele, mesmo na barriga, um dia possa ver que o pai dele trabalhou duro para dar esse título pra ele. A lição que fica é quando se trabalha duro a recompensa vem, então, esse será o maior ensino dele”, destacou o campeão, que tentava vencer o ADCC há oito anos. Durante a sua participação, Tanquinho teve momentos para mostrar que suas defesas estavam em dia. Contra Kennedy Maciel, na final da categoria, o campeão precisou defender as costas enquanto o desafiante tentava a todo custo o estrangular. Foi a

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partir desse momento, após defender a pegada nas costas, que Tanquinho cresceu no duelo até capturar Kennedy pelas costas, garantir três pontos e o ouro. “Acredito que a experiência me ajudou muito. Manter a calma e ver as oportunidades, tanto para sair quanto para atacar, fizeram a diferença. Ficar naquela situação não foi novidade pra mim, pois inúmeras vezes estive ali no meu treinamento durante o camp. Eu sai da minha zona de conforto e treinei quase que diariamente rounds de 30/40 minutos com o Marcio André. Ele várias vezes chegou lá parecido como o Kennedy chegou e eu saí. Não se afobar e manter a calma são essenciais para o sucesso da defesa. Sobre o ataque, o meu diferencial para não perder foi igualmente a calma. Parece estranho, mas 4/5 segundos para analisar a situação e reconhecer suas oportunidades, às vezes, fazem uma grande diferença. Analisei as minhas opções ali e acho que fiz a escolha mais acertada para a situação”, explicou Augusto. Antes de encerrar, Tanquinho ainda listou momentos importantes da sua carreira e o seu diferencial em ação, mesmo treinando longe dos holofotes da grande mídia esportiva. A seguir, veja a opinião do lutador. “Deus sempre acha um jeito de me honrar. Como já tinha feito antes no World Pro de 2011,

“A lição que fica é quando se trabalha duro a recompensa vem, então, esse será o maior ensino dele” onde venci o time todo de campeões da Atos da minha categoria; no Mundial 2013, tendo que ganhar do Rubens Charles Cobrinha e do Rafa Mendes um seguido do outro; como no Mundial No-Gi da IBJJF tendo que vencer o Leandro Lo e o JT Torres um seguido do outro… Enfim, nesse ADCC não seria diferente. Eu tive que passar pelo atual campeão do Pan e Mundial da IBJJF, Matheus Gabriel, o atual número um sem quimono, segundo o ADCC, Paulo Miyao, e na final outro atual campeão mundial e filho da lenda Cobrinha. Enquanto algumas mídias continuam enaltecendo e tentando criar campeões e ídolos sem título, eu continuo quebrando recordes e escrevendo o meu nome da história do esporte”, desabafou o multicampeão Augusto Tanquinho.


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