TATAME #259

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EDITORIAL

Capa de 1999, com Fábio Gurgel, debatendo pela primeira vez a profissionalização do Jiu-Jitsu

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TATA M E

#259


Jiu-Jitsu profissional

Filha de Carlos Gracie dispa

ra: ‘Meu pai estava quase

sendo excluído da histór

ia do Jiu-Jitsu’

#218

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abril de 2014 R$11,90

Em 1999, a TATAME levantou pela primeira vez o debate sobre a profissionalização do Jiu-Jitsu. Na época, em uma reportagem especial que você confere reproduzida nas páginas desta edição, nossa equipe saiu a campo e apontou as melhores maneiras de um faixa-preta fazer a sua renda mensal. Desde então, 20 anos se passaram e a pergunta segue no ar: e aí, o Jiu-Jitsu se profissionalizou? Na TATAME #259, reacendemos o tema em busca de respostas. Para isso, conversamos com atletas, árbitros, empresários, promotores de eventos e professores/líderes de equipe. Entre os atletas, os escolhidos foram Kaynan Duarte e Bia Basílio. Dois dos principais nomes no masculino e feminino, respectivamente, os faixas-preta lideraram as premiações em dinheiro no Jiu-Jitsu em 2019. Na parte de arbitragem, Alan Moraes e Muzio De Angelis, referências, comentaram sobre a evolução da área. Outros destaques são as entrevistas com os professores Fábio Gurgel (Alliance), Alberto Ramos (GFTeam) e Fábio Andrade (Nova União), além de matérias exclusivas com empresários da arte suave e promotores, entre eles representantes da IBJJF, AJP e F2W. Ainda nas páginas da TATAME #259, você encontra “um mapa da mina”, com os principais eventos de Jiu-Jitsu - com e sem quimono - espalhados ao redor do mundo que pagam premiação em dinheiro. Vale lembrar que a nossa edição digital é atualizada periodicamente, através do site e das redes sociais da TATAME, com novos debates sobre o tema, desdobramentos e conteúdos exclusivos. Boa leitura e até a próxima!

m.br

Predestinado

De figuração em novela a pupilo de Dan Henderson: a saga de João Assis, campeão do ADCC

lendário

Pelé recorda velhos tempo s de Chute Boxe e explica rixa com Anderson Silva: ‘Tentou apagar minha trajetória de samur ai’

até quando?

+

Diogo Santarém, editor

Saiba mais sobre a hipnos a nova arma dos lutadorese,

diogosantarem@tatame.com.br

Aprenda um treinamento adaptado para o Jiu-Jitsu

UFC se recusa a casar a luta entre Ronda Rousey e Cris Cyborg. Afinal, o que há por trás desse comba te?

PROFiSSãO

JiU-JiTSU

Opção de saúde e lazer, a arte suave é emprego para milhões de pessoas. Listamos algumas formas de se ganhar dinhe iro no esporte Fenômeno do peso leve e atleta do UFC, Léo Santo s ensina três posições partin do da meia-guarda

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Capa de 2014, matéria reproduzida nas páginas desta edição, dando sequência ao debate

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atletas

KAYNAN DUARTE

JOVEM

Por Yago Rédua

ESTRELA Aos 21 anos, Kaynan Duarte confirmou definitivamente que é um novo astro do Jiu-Jitsu mundial. Com apenas um ano e meio como faixa-preta, o lutador da Atos venceu as principais competições que disputou em 2019, casos do ADCC, Mundial da IBJJF, Abu Dhabi World Pro e Spyder BJJ. Desta maneira, além de colecionar medalhas de ouro e troféus, o brasileiro também ganhou destaque pelas premiações em dinheiro, que passaram de meio milhão de reais. Natural da cidade de Pederneiras, interior de São Paulo - com cerca de 40 mil habitantes -, Kaynan Duarte iniciou nas artes marciais através do Judô. No entanto, após receber conselhos de um primo, o lutador resolveu conhecer o Jiu-Jitsu e, aos poucos, foi se apaixonando pela arte suave. O parente parou com os treinos, mas Kaynan seguiu e hoje é um dos nomes mais bem remunerados da moda-

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lidade no cenário mundial. De acordo com um levantamento feito pela Revista TATAME, só em torneios neste ano de 2019, Kaynan faturou cerca de US$ 162 mil (aproximadamente R$ 670 mil, segundo conversão do Banco Central do Brasil). Fora as competições, o atleta da Atos ainda tem patrocínios de marcas de quimonos e suplementos, por exemplo. Há um ano e meio

como faixa-preta, ele vem colecionando títulos importantes, como o Mundial e o ADCC, além de faturar o estrelado GP do Spyder BJJ, que rendeu US$ 100 mil, no último mês de novembro, na Coreia do Sul. “Hoje em dia, a minha maior renda vem das competições e eu tenho também os patrocinadores. Eu não dependendo mais de ficar dando seminário ou aula. Hoje, na


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KAYNAN DUARTE

verdade, nem dou aula mais. Eu só treino e participo de competições. Quando eu quero, faço seminários, mas aí é mais para compartilhar o meu Jiu-Jitsu”, contou Kaynan à TATAME, completando. “O que eu fazia em um ano na faixa marrom, eu faço em duas ou três superlutas como preta”. Olhando para o seu professor, o multicampeão André Galvão, o jovem faixa-preta disse que a situação atualmente é

“O que eu fazia em um ano na faixa marrom, eu faço em duas ou três superlutas como preta” realmente mais favorável aos competidores de alto rendimento do que no passado. Kaynan relembrou que, segundo o líder da Atos, há alguns anos “viver

Da faixa-marrom para a preta “Eu já tinha percebido um pouco na faixa-marrom (que dava para ganhar dinheiro), porque eu estava em um ano muito bom. Mas eu percebi que na faixa-preta, você vai ser muito mais remunerado. Todo mundo quer ver os melhores em ação, e mesmo que tenham caras bons nas coloridas, a galera quer ver os principais na preta”.

do Jiu-Jitsu era uma questão de amor”. E apesar do quadro ser mais positivo hoje, o campeão mundial acredita que ele ainda possa melhorar. “Comparado há alguns anos, (o cenário) está muito melhor. Agora existem vários eventos que pagam bem os atletas. A IBJJF também passou a pagar nos seus principais eventos, mas eles podiam melhorar mais, como pagar um salário para os campeões mundiais. O Galvão fala que antigamente não era como hoje, não tinham tantos campeonatos pagando dinheiro. Não dava muito dinheiro, era mais amor pela luta”, comentou.

DIVULGAÇÃO FIGHT2WIN

atletas

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DIVULGAÇÃO SPYDER BJJ

Com 100 mil dólares, Kaynan faturou uma das maiores premiações da história do Jiu-Jitsu, no Spider BJJ

Opção pelo Jiu-Jitsu A escolha pela profissão é sempre um desafio para os jovens. Kaynan, por sua vez, decidiu levar o Jiu-Jitsu com mais seriedade aos 18 anos, quando tinha terminado o ensino médio. O lutador enfatizou que, na época, não olhou para as questões financeiras que o esporte oferece. “Quando eu resolvi levar o Jiu-Jitsu a sério, eu tinha 16 anos, mas só levei realmente a sério com 18. Foi no período que eu terminei o meu colegial. Eu nun-

ca pensei na questão financeira. Acho que quando você pensa só em dinheiro, você não consegue ter sucesso. Faço o que eu gosto e o dinheiro vai ser um bônus”, afirmou o paulista, relembrando um pouco das dificuldades no começo nas faixas coloridas. “A dificuldade é igual para todos nas faixas coloridas. O Jiu-Jitsu não é um esporte tão barato, porque as maiores competições estão fora do Brasil. Aí, tem inscrições, hotéis, passa-

gem e outras coisas. Eu fiz rifas poucas vezes, eu sempre tentava lutar os campeonatos que tinham na minha região (interior de São Paulo) para ganhar o absoluto e ir juntando dinheiro. Eu também tinha patrocínio de algumas pessoas locais”. Os patrocínios, aliás, eram uma espécie de “ajuda” que Kaynan tinha para ir em busca do seu sonho, como o próprio definiu. Já na faixa-preta, o lutador da Atos vê a relação com os

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KAYNAN DUARTE

MAYARA MUNHOS

patrocinadores como um negócio e acredita que a personalidade do atleta, dentro e fora dos tatames, conta na hora de uma empresa investir. “Pra mim, no começo, eu tinha mais apoio local. Pessoas que apoiavam o meu sonho. Quando você é faixa-preta, você não procura mais patrocínio. Eles não estão visando apoiar o seu sonho, eles querem patrocinar você porque sabem que vão ter um retorno. Olham as redes sociais, a personalidade do atleta, como você luta... Isso também tem um impacto”, apontou. Destaque em 2019, Kaynan

venceu o World Pro, Mundial, GP do KASAI, superlutas no Fight 2 Win, ADCC, Spyder BJJ, entre outros torneios. Aos 21 anos, a jovem estrela já é uma realidade dentro dos tatames, mas segundo o próprio atleta, o desejo é performar ainda melhor em 2020. “Esse ano com certeza foi um dos melhores, não me lembro, mas acho que ninguém fez isso no primeiro ano de faixa-preta. Ano que vem eu vou voltar com tudo. Vou me preparar mais ainda. Não vou me sentir confortável. Quero ter as melhores performances e entregar as melhores lutas para o público”, concluiu.

PREMIAÇÕES EM 2019 Spyder BJJ: US$ 100 mil ADCC: US$ 10 mil Mundial: US$ 6 mil Marianas Open: US$ 10 mil KASAI GP: US$ 10 mil* KASAI Pro 6: US$ 2,5 mil* F2W 113: US$ 4 mil* Grand Slam LA: US$ 2,5 mil World Pro: US$ 10 mil F2W 128: US$ 4 mil* 2º lugar King of Mats: US$ 3 mil * valores aproximados Total: US$ 162 mil (cerca de R$ 670 mil)

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JONATHAN FRANÇA

Por Yago Rédua Fotos divulgação FJJD-Rio

NEM TUDO

SÃO FLORES No “lado B” do Jiu-Jitsu, o serralheiro Jonathan França vive situação oposta às grandes estrelas. O faixa-preta precisa trabalhar de 7h às 17h para, em seguida, ir treinar até às 22h30, diariamente. Com uma família para sustentar e sem qualquer apoio de patrocinadores, o lutador mostrou toda sua superação e conquistou o ranking da FJJD-Rio. Com isso, terá a oportunidade de disputar o Abu Dhabi Grand Slam de Londres em 2020, sua primeira competição internacional. Como em qualquer modalidade, nem todos os lutadores de Jiu-Jitsu conseguem desfrutar de patrocínios e disputar os campeonatos que pagam as melhores premiações. Ainda assim, o amor e o sonho de buscar uma história de sucesso nos tatames são combustíveis para esses atletas. Faixa-preta da equipe Pitbull, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, Jonathan

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França foi destaque do Circuito Rio Mineirinho 2019, um dos principais eventos do calendário carioca de Jiu-Jitsu. Aos 27 anos, o lutador é serralheiro e trabalha das 7h da manhã até às 17h. Depois, vai direito para a academia e treina até 22h30 de segunda à sexta-feira, além de realizar treinos específicos aos sábados. O esforço, sem contar com qualquer tipo de apoio, foi recom-

pensado com o título do ranking da FJJD-Rio e a conquista da passagem internacional para lutar no Abu Dhabi Grand Slam da AJP Tour em Londres, na Inglaterra. Animado com a oportunidade de competir pela primeira vez fora do Brasil, França afirmou que nunca ganhou dinheiro lutando Jiu-Jitsu. “Eu nunca ganhei nada além de medalhas. Há dois anos, eu fui o campeão do ranking de ou-


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JONATHAN FRANÇA

tra federação e não ganhei nada além de um certificado”, desabafou o lutador, que contou sobre as dificuldades para ter apoio de empresas em Teresópolis. “Não tenho nenhum patrocínio que me ajude na área financeira. Tenho um amigo que tem um curso de inglês e ele me ajuda com aulas. Buscar patrocínio é muito difícil na minha cidade, mesmo com um bom currículo, as pessoas não acreditam que você faz um trabalho sério. Alguns empresários não se propõem a ajudar e outros já ajudam outros

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“Eu nunca ganhei nada além de medalhas. Há dois anos, eu fui o campeão do ranking de outra federação e não ganhei nada além de um certificado” atletas. As maiores dificuldades são as de não ter um patrocínio, não poder contar com a ajuda de ninguém, ter que ficar fora de campeonatos importantes, o que é muito frustrante”, relatou.


Jonathan vai disputar sua primeira competição internacional de Jiu-Jitsu em 2020

Sonho: viver só do Jiu-Jitsu Oriundo de um projeto social, Jonathan começou a treinar em 2008 com o casca-grossa Jessé Rodrigues. Atualmente na equipe Pitbull, o lutador, além de sustentar a família com o salário como serralheiro, precisa pagar os registros de campeonatos e priorizar quais competições vai querer participar. “As inscrições de competi-

ções eu mesmo quem pago. Sai do meu bolso. Isso me impossibilita de lutar alguns eventos, pois tenho família e fica muito pesado no meu orçamento, já que são muitos gastos”, apontou. A chance de viajar para fora do país pela primeira vez para competir no Abu Dhabi Grand Slam - que paga os campeões

em dinheiro - pode render ao faixa-preta uma oportunidade única de expandir os seus horizontes. Jonathan disse que sonha em viver apenas do Jiu-Jitsu um dia: “Eu tenho como objetivo e sonho viver do Jiu-Jitsu, sustentar a minha família através dele. É isso que eu amo fazer. Essa é uma das minhas maiores metas”.

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BIA BASÍLIO

Por Yago Rédua

TRABALHO

ÁRDUO E DESTAQUE Consolidando o seu espaço com muito suor e dedicação, Bia Basílio se tornou uma das principais lutadoras de Jiu-Jitsu da atualidade, com títulos importantes em 2019. Neste ano, a jovem faixa-preta da Almeida JJ venceu o ADCC, Brasileiro, World Pro e duas superlutas no BJJ Stars, entre outras conquistas, que lhe renderam um total de R$ 127 mil reais só em premiação. Oriunda de um projeto social, Bia Basílio nasceu na Zona Leste de São Paulo e tem sua história entrelaçada com o esporte. Após fazer rifas e contar apoios pontuais para lutar fora do Brasil, a faixa-preta da Almeida Jiu-Jitsu foi subindo degraus na arte suave e, atualmente, é uma das principais mulheres na modalidade com apenas 23 anos. Bia, sem contar com patro-

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cínios e outras fontes, arrecadou em competições cerca de R$ 127 mil em 2019, segundo levantamento feito pela Revista TATAME. A atleta participou de grandes eventos e venceu o Brasileiro da CBJJ, Abu Dhabi World Pro e o ADCC, maior torneio de luta agarrada do mundo, que pagou US$ 6 mil para as campeãs (em comparação com US$ 10

mil aos homens). Além disso, Bia fez duas superlutas no BJJ Stars, mas não tivemos acesso aos valores exatos das bolsas. Em entrevista à TATAME, Bianca revelou que, em determinados momentos, se sente uma “exceção” em meio ao universo feminino dentro de um Jiu-Jitsu profissional, mas entende que seus prêmios são frutos de um árduo trabalho.


CAMILA NOBRE

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BIA BASÍLIO

“Eu me considero uma exceção em determinadas partes, porém tenho certeza que com dedicação e disciplina é capaz de se viver só do Jiu-Jitsu. Sem isso, é impossível, porque para você alcançar coisas grandes, você precisa ser dedicado. Qualquer mulher pode chegar ao patamar que eu cheguei ou que outras lutadoras chegaram”, disse Bia, que seguiu falando sobre o crescimento do Jiu-Jitsu feminino. “Eu vejo o crescimento do Jiu-Jitsu feminino muito acentuado. De uns anos para cá, eu vejo

CAMILA NOBRE

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“Eu me considero uma exceção em determinadas partes, porém tenho certeza que com dedicação e disciplina é capaz de se viver só do Jiu-Jitsu” que as categorias encheram, a competitividade entre as mulheres aumentou. Acredito que em alguns anos vamos chegar em um nível muito legal e em breve estaremos iguais aos homens no

nível de quantidade. Vejo muitas meninas procurando o Jiu-Jitsu e hoje elas têm muitos espelhos. O que o homem é capaz de realizar, uma mulher também é”, destacou a campeã do ADCC.


PREMIAÇÕES: homens x mulheres

CAMILA NOBRE

Enquanto Bia Basílio, um dos principais nomes do Jiu-Jitsu feminino em 2019, faturou cerca de R$ 127 mil na temporada, Kaynan Duarte, destaque entre os homens, ganhou aproximadamente R$ 670 mil, uma diferença de R$ 543 mil.

Pelo BJJ Stars, Bia realizou duas lutas e vai se consolidando como um dos nomes de destaque do evento

Patrocínios no Brasil Encontrar patrocinadores no Brasil não é tarefa das mais fáceis, principalmente em uma modalidade que está longe da grande mídia. Mas segundo Bia, o atleta precisa ser esforçado, indo em busca de patrocinadores ou apoios sem ter o medo de levar um “não”.

“Patrocínios são difíceis para todos que buscam viver do esporte. O principal ponto é a sua dedicação. Com o seu trabalho duro, as portas vão se abrindo para você. Eu sempre busquei muitos os patrocínios, porque eles não vão cair no colo de ninguém. Eu sempre

busquei até mesmo apoiadores que pudessem me ajudar a conquistar tais coisas. Eu sempre fiz currículo, me apresentei para as pessoas como eu sou, falava dos meus objetivos, treinos. Você tem que ter atitude de ir em busca dos seus sonhos”, explicou.

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BIA BASÍLIO

Apoio x Patrocínio “O apoio não é sempre que você vai ter, às vezes, pode não ajudar com uma passagem, uma inscrição ou algo do tipo. Mas vai ajudar muito em determinados momentos. E o patrocínio é algo mais certo. Muitas pessoas procuram mais um patrocínio, algo mais concreto. No início de carreira, é bom se apegar aos apoios, porque fazem a diferença e dificilmente alguém vai querer patrocinar um faixa colorida, por exemplo. Quando eu era faixa-azul, não tinha patrocínio nenhum. Na faixa-roxa, eu comecei a ter uns apoios. E no início, acaba que muitas pessoas ajudam por dó ou algo do gênero, do que simplesmente pelo seu talento. Já ouvi muitas pessoas falarem para eu trabalhar em banco, que eu tinha que arrumar um emprego, mas sempre respondi que esse era o meu emprego. Eu sempre acreditei no meu trabalho e no que queria da minha vida”.

REPRODUÇÃO INSTAGRAM

atletas

Bia faturou 6 mil dólares por vencer o maior torneio de luta agarrada do mundo

Rentabilidade no Jiu-Jitsu É possível viver apenas de patrocínios e competições no Jiu-Jitsu? Para Bia Basilio, isso já é uma realidade na arte suave, mas é preciso entender quais são os planos de vida de cada

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atleta. A faixa-preta afirmou que, dentro dos objetivos dela, precisa sim aplicar seminários e ministrar aulas na matriz da Almeida JJ, em São Paulo. “A minha resposta é sim e não,

depende do que eu quero para a minha vida. Se eu desejo ter o necessário, eu consigo pagar as contas, parcelar algumas coisas. Para alcançar objetivos maiores, preciso aplicar muitos seminários


CAMILA NOBRE

e aulas também. Hoje os patrocinadores e premiações ajudam muito. Na verdade, os patrocínios são a parte principal. As premiações, às vezes, não são valores grandes”, frisou a casca-grossa, apontando outras formas de ser bem-sucedido no Jiu-Jitsu. “Existem várias maneiras de viver do Jiu-Jitsu, então, eu sempre acreditei que eu viveria do esporte. Isso é um desejo meu desde pequena. Eu sou um exemplo como atleta, mas tem faixa-preta que virou árbitro, líder de federação ou que possui a própria academia e, com muito trabalho, consegue ganhar dinheiro com isso”.

Mudanças para evolução Analisando o cenário atual do Jiu-Jitsu, Bia acredita que ele ainda pode melhorar. A lutadora fez um paralelo com outra arte marcial, o Judô, e afirmou que a arte suave é “diferente” e vem encontrando um profissionalismo dentro de suas características. “Comparando com o Judô, o Jiu-Jitsu é um esporte profissional, mas é diferente do Judô, que faz parte das Olimpíadas, onde os atletas conseguem patrocínios de bancos, por exemplo. Não podemos achar que o Judô é profissional de um jeito e o Jiu-Jitsu tem que seguir o mesmo modelo. O Jiu-Jitsu tem espaço para todos. Em um campeonato, você encontra um atleta que se dedica apenas para aquilo e um atleta que é um pai de família, tem um outro emprego e treina Jiu-Jitsu porque gosta. A arte suave é algo muito família. Você luta pela sua equipe e não só por você”, disse

Bia, que não enxerga o “fechamento” entre companheiros de equipe como um ponto negativo para o Jiu-Jitsu profissional. “Sobre o fechamento de lutas, por exemplo, eu vejo as pessoas falando que as pessoas pagam para assistir e, às vezes, a luta não acontece. Olha, respeito a opinião de todos, mas acho que tem que fechar, sim. Se você treina com uma pessoa todos os dias, não tem porque os dois quererem provar para os outros quem é o melhor”, apontou. A respeito de evolução e melhora do cenário para homens e mulheres, em busca de igualdade, Bia acredita que isso passa, entre outros fatores, por uma mudança nas regras: “Acho que muitos campeonatos poderiam valer dinheiro

e muito mais dinheiro do que eles (IBJJF) se propõem a dar em premiação. Para homens e mulheres teria que ser igual. Assim como os homens se dedicam, as mulheres também se dedicam muito. ‘Ah, mas são menos lutadoras’. Mas as que estão aí, se dedicam muito. A IBJJF dá um passo de cada vez. Teve melhorias, mas ainda tem muita coisa para evoluir. Regras, tempo de lutas e pontuação são tópicos que estão melhorando. Seria legal se tivesse premiação para outras faixas, mas o foco tem que ser na faixa-preta. Faixa colorida pode parar de treinar a qualquer momento por algum motivo. Eles (IBJJF) precisam dar uma atenção maior ao faixa-preta, porque vão estimular os menos graduados à chegarem no topo”.

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MASTER

Por Yago Rédua Fotos reprodução

EM BUSCA DE

RECONHECIMENTO Com um grande número de competidores em eventos dentro e fora do Brasil, a classe master ainda busca um espaço maior no Jiu-Jitsu quando o assunto se trata de patrocínios e premiações. A batalha por mais reconhecimento, porém, continua! Além das grandes estrelas e do “lado B” da arte suave, a categoria master vive uma realidade ainda distante das grandes premiações. Maior evento da classe, o Mundial Master da IBJJF (International Brazilian Jiu-Jitsu Federation) acontece anualmente na famosa Las Vegas (EUA). Em 2019 o torneio contou com a presença de 1.470 lutadores, sendo que o valor médio para inscrição, contando o primeiro e o segundo lote, foi de R$ 185,50. Desta forma, a IBJJF arrecadou cerca de R$ 270 mil - apenas em inscrições. Entretanto, diferente do Mundial e o Brasileiro, onda federação passou a pagar os campeões no adulto faixa-

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-preta nesta temporada, o Mundial Master segue sem premiação para os primeiros colocados. Sempre com um alto número de atletas inscritos nos campeonatos, a classe master busca reconhecimento. Bernardo Popolo, atual sexto colocado no ranking da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ), afirmou que a realidade dos lutadores masters é “bem difícil” e, geralmente sem contar com muitos apoios ou patrocínios, é preciso ter outras fontes de renda para custear os gastos com competições, “Dou aulas de Jiu-Jitsu, mas também tenho um outro tipo de renda. É difícil viver só do Jiu-Jitsu, porque não recebemos

apoios. Fazemos por amor mesmo. É um esporte que dá muita satisfação na parte pessoal, mas é muito por amor mesmo. Os lutadores masters que têm ajuda financeira são poucos”, opinou o faixa-preta. Outro faixa-preta que costuma disputar as principais competições nacionais e internacionais é Marcelo Dourado. O casca-grossa alertou para a questão da classe master colocar um alto número de atletas nos eventos, mas não ser recompensada com premiação em dinheiro. “Eu vejo os eventos crescerem, cada vez mais gente nas competições, um interesse maior de todos. Até mesmo na cobertu-


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MASTER

ra de veículos especializados. O Mundial Master teve transmissão em todas as áreas para o mundo todo. Isso é algo muito positivo. O que falta é ter o retorno financeiro. A realidade é que quem sustenta os campeonatos profissionais são as categorias de base e os masters, que têm mais inscritos, e eles não recebem dinheiro”, afirmou Dourado.

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“A realidade é que quem sustenta os campeonatos profissionais são as categorias de base e os masters, que têm mais inscritos, e eles não recebem dinheiro” Marcelo Dourado


Como viajar para lutar? Morador do estado de Santa Catarina, Bernardo Popolo viaja os principais estados brasileiros para competir Opens da IBJJF/ CBJJ e também para lutar o Abu Dhabi Grand Slam do Rio de Janeiro. O deslocamento e o valor das inscrições são arrecadados pelo próprio atleta, que precisa, às vezes, dar o “jeitinho brasileiro” para poder lutar.

“Eu tenho alguns apoios, mas a parte de inscrição eu não tenho. Acabo pagando do meu bolso, as passagens e hotéis também tiro do meu próprio bolso. É muito difícil essa questão financeira. Para viajar, eu tiro as passagens no cartão, dou aquele jeitinho brasileiro, me endivido, mas vou fazer o que eu amo”, comentou ele, que seguiu:

“Eu dou aula, mas não são em todos os lugares que sou remunerado. Em dois projetos sou voluntário. Um no morro do Mocotó e outro em uma igreja. Eu também tenho outra fonte de renda, que são apartamentos que eu alugo. Isso que me ajuda bastante, principalmente com as inscrições. É uma guerra constante”, destacou Bernardo.

“Para viajar, eu tiro as passagens no cartão, dou aquele jeitinho brasileiro, me endivido, mas vou fazer o que eu amo” Bernardo Popolo

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MASTER

Quais eventos pagam? Com o crescimento da categoria, alguns eventos já estão procurando valorizar a classe master como um todo, seja em organizações de lutas casadas ou em campeonatos. O Fight 2 Win, por exemplo, promove disputas profissionais entre atletas com e sem quimono, pagando premiação e distribuindo cinturão aos campeões nos Estados Unidos. No Brasil, o BJJ Stars realizou um GP master com oito atletas em sua primeira edição e promoveu superlutas na segunda. Em campeonatos, o Circuito Rio Mineirinho, da Federação de Jiu-Jitsu Desportivo do Rio de Janeiro (FJJD-Rio), premia o campeão do ranking com uma passagem para World Pro, em Abu Dhabi, que é organizado pela AJP (antiga UAEJJF). Além disso, nesta temporada, criou o ranking extra, que garantiu o vencedor no Mundial Master de

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2020. Já em São Paulo, a FPJJ (Federação Paulista de Jiu-Jitsu) distribuiu passagens para o Pan da IBJJF e ainda realizou o Master Pro, pagando R$ 2 mil aos campeões. Outros eventos pelo Brasil, como o Prime Experience Jiu-Jitsu, também buscam remunerar a categoria. A AJP premia em dinheiro os três primeiros colocados em seus principais eventos, como o World Pro e as etapas do Abu Dhabi Grand Slam que rodam o mundo. Os valores nos Grands Slams podem variar de US$ 1,5 mil até US$ 2,5 mil, de acordo com o número de atletas inscritos.

Campeão no master 1 do Grand Slam do Rio, o experiente Alan Finfou destacou essa valorização para a categoria: “O Jiu-Jitsu está crescendo demais. Essas competições que a AJP está organizando, com certeza vêm abrindo portas para diversos atletas. Hoje, temos a oportunidade de lutar por US$ 2.500 (classe master). Sabemos que não têm muito muito dinheiro no esporte, mas isso já é um pontapé muito grande para profissionalizar. Vemos atletas que vêm de todas as partes do Brasil para tentar a sorte no Grand Slam. Eu comecei a lutar em 1996 e tenho a oportunidade de lutar até hoje”, disse Finfou.

“Através da AJP, hoje temos a oportunidade de lutar por US$ 2.500 na classe master” Alan Finfou


O que esperar do futuro? O mercado da classe master vem mostrando cada vez mais força nas principais competições de Jiu-Jitsu dentro do Brasil e também no exterior. Marcelo Dourado acredita a tendência é a classe seguir em evolução e destacou o empenho dos atletas em todas as categorias na busca pela profissionalização do esporte. “Eu vejo que está crescendo

muito o mercado de competição na classe master. A galera se interessa muito por competir no master, quando já tem uma certa estabilidade financeira, estão trabalhando ou então quase se aposentando. Isso permite que eles voltem aos treinos. A galera que faz preparação física e treina forte. De uma certa forma, essa galera é profissional. Eles fazem de forma muito

séria. Eu vejo em todas as categorias cada vez mais o comprometimento de tentar competir. Eu vejo o Jiu-Jitsu muito parecido com o Rugby, que os árbitros se profissionalizaram primeiro que os atletas. Tem árbitro que consegue estar todos os fins de semana trabalhando e acho que eles conseguem pagar os boletos, fazendo o que gostam”, apontou.

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Filha de Carlos Gracie dispara: ‘Meu pai estava quase sendo excluído da história do Jiu-Jitsu’

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De figuração em novela a pupilo de Dan Henderson: a saga de João Assis, campeão do ADCC

Saiba mais sobre a hipnose, a nova arma dos lutadores Aprenda um treinamento adaptado para o Jiu-Jitsu

Neste espaço, reproduzimos a matéria de capa da TATAME #218, lançada em abril de 2014, quando pela segunda vez falamos sobre a profissionalização PROFiSSãO do Jiu-Jitsu. E aí, será que muita coisa mudou desde então? capa JiU-JiTSU até quando?

UFC se recusa a casar a luta entre Ronda Rousey e Cris Cyborg. Afinal, o que há por trás desse combate?

Opção de saúde e lazer, a arte suave é emprego para milhões de pessoas. Listamos algumas formas de se ganhar dinheiro no esporte

Fenômeno do peso leve e atleta do UFC, Léo Santos ensina três posições partindo da meia-guarda Capa_01_#218.indd 1

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como viver do

Jiu-Jitsu Por EquiPE TATAME

Viver fazendo aquilo que amamos, às vezes, não é tão simples. Ainda por cima quando falamos de uma profissão que a grande maioria precisa ter dois empregos para conseguir uma renda para cobrir seus gastos. O Jiu-Jitsu é uma dessas profissões em que é preciso se desdobrar para não chegar ao final do mês sem dinheiro para pagar as contas. Mas, aos poucos, o cenário está mudando e as oportunidades aparecendo. De olho nesse crescimento, a TATAME saiu a campo e apontou as melhores maneiras do faixa-preta de Jiu-Jitsu fazer a sua renda mensal.


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#218

abril de 2014 R$11,90

Filha de Carlos Gracie dispara: ‘Meu pai estava quase sendo excluído da história do Jiu-Jitsu’

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até quando?

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PROFiSSãO

JiU-JiTSU

Opção de saúde e lazer, a arte suave é emprego para milhões de pessoas. Listamos algumas formas de se ganhar dinheiro no esporte

Fenômeno do peso leve e atleta do UFC, Léo Santos ensina três posições partindo da meia-guarda Capa_01_#218.indd 1

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Academia no exterior Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

“A maior dificuldade é transformar a academia em um business, com um fluxo constante de alunos entrando e mantendo-os até a faixa preta. O maior benefício é que você nunca vai ter a sensação de trabalhar na vida. E saber que o que você faz muda a vida das pessoas ao seu redor. Isso é algo especial e que me deixa muito orgulhoso. Eu faço a diferença na minha comunidade espalhando essa arte que amo e acredito totalmente. Hoje, tenho 10 filiais ao redor da Europa e estou abrindo uma filial da Gracie Barra em West Palm Beach, na Flórida. Ser dono de academia engloba cerca de 60% da minha renda atualmente” Bráulio Estima

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Seminário “Acredito que é possível viver só de seminários por um período limitado, pois eles são requisitados apenas após vencermos campeonatos e estarmos na mídia, o que leva tempo e bastante trabalho. O interesse é sempre renovado de acordo com as gerações que estão vencendo, então não é algo que será consistente durante toda sua vida. Acredito que os atletas não deveriam focar nos seminários como principal fonte de renda para o futuro, pois é algo incerto. Graças a Deus, a procura sempre foi muito grande pelo fato da nova geração ser fã das nossas técnicas, mas nosso foco nunca foi seminários e, sim, ter nossa academia” Guilherme Mendes

Arquivo pessoal

Com três títulos mundiais cada, os irmãos Rafael e Guilherme Mendes são muito requisitados para dar seminários no mundo inteiro

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Ainda de faixa marrom, Rodolfo Vieira faturava um extra em torneios que pagavam premiação, como o World Pro, em Abu Dhabi

Torneios com premiação Eduardo Ferreira

“Não é fácil viver do Jiu-Jitsu. Todo mundo sabe que é bem difícil, ainda mais no Brasil. Para ser valorizado aqui, é muito complicado. Lá fora, valorizam tudo. O que vejo de pior é arrumar patrocínio. Graças a Deus, tenho bons patrocinadores e consigo, hoje, viver bem do Jiu-Jitsu. Se fosse abrir uma academia lá fora, estaria mil vezes melhor. A lei natural é treinar para caramba aqui, passar um sufoquinho no início e depois se mudar para o exterior. Estou bem, consigo ganhar um dinheiro legal com patrocínio, seminário e nos campeonatos que dão premiação em dinheiro. A maioria dos campeões mundiais está fora do país, então, a galera daqui ficou carente de aprender com eles. Eu, por morar aqui, levo vantagem nisso. Mas os campeonatos remunerados são muito importantes. Hoje em dia, não luto mais com a preocupação de ter que ganhar para ter o dinheiro, mas, três anos atrás, era obrigação. O dinheiro da premiação é bom demais, e os eventos têm melhorado nisso” Rodolfo Vieira

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Eduardo Ferreira

Aula particular “Se eu desse aula particular todo dia, aumentaria muito minha renda. Para um professor que consegue dar aula particular constantemente, é uma ajuda muito grande, pois o valor é sempre mais elevado. Se for todos os dias, melhor ainda. Os instrutores da minha academia aumentam muito seus salários com as aulas que eu não consigo dar e que sobram para eles. Em qualquer profissão, o caminho é duro, mas temos vários exemplos de pessoas bem sucedidas no Jiu-Jitsu. É preciso ter seriedade, dedicação e ser profissional” Roger Gracie

Arbitragem

Muzio De Angelis

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“Considero impossível viver apenas da arbitragem no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo. O primeiro motivo é pela baixa remuneração gerada por essa atividade, com raríssimas exceções. O segundo motivo é o grande número de desafetos que o árbitro acaba “conquistando” ao longo do tempo, já que boa parte dos atletas que perdem suas lutas se sente prejudicados pela arbitragem. Portanto, eu vejo a profissão de árbitro como um extra. Ninguém vive apenas com essa fonte de renda. A maioria tem academia de Jiu-Jitsu, é professor de Educação Física ou tem algum outro emprego. Quem sabe um dia conseguiremos mudar essa realidade”


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Professor em Abu Dhabi “Dá pra viver do Jiu-Jitsu em Abu Dhabi, mas tem que correr atrás sempre. Se você ficar parado, nada vai cair no seu colo. Fui para Abu Dhabi pensando nisso e fiquei lá por quatro anos. A vida lá era calma, dá pra viver tranquilamente do Jiu-Jitsu. A estrutura é muito boa, bem melhor do que aqui. Nós trabalhávamos para o Ministério da Educação, agora o controle do Jiu-Jitsu passou para uma empresa privada, e as coisas mudaram. Isso contribuiu para que eu voltasse para o Brasil. Quando era o Ministério, a gente tirava cerca de R$ 9 mil. Eu teria continuado lá (se não fosse a mudança no comando). Até tinha planos de voltar antes, mas fui ficando. Tive uma vida tranquila lá, mas, mesmo assim, tenho que continuar correndo atrás. Não tem como fugir disso” Luis Ricardo da Silva Neira

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Ricardinho construiu amizade com seus alunos e os cumprimentava com a famosa “narigada”


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Dono de fábrica de quimono “Minha renda sempre veio da minha empresa de quimonos. A Koral é uma multinacional fundada no Brasil, mas temos filial e loja própria em Los Angeles, distribuidores oficias na Europa, Japão e Austrália. Mas, quem luta Jiu-Jitsu, sabe que não há posição confortável e sabe que seu oponente te raspa, passa tua guarda e te pega se ficar na posição de conforto. Acredito que muitos sonhem e imaginem uma grande oportunidade, já vi mais de 30 empresas abrirem e fecharem em 17 anos nesse mercado. É bastante complicado, a começar por um produto que dura muito tempo, e a maioria dos praticantes só tem um no guarda-roupa. Quantas camisas de futebol têm o fã que nem pratica o esporte? Já existem muitas marcas no mercado, a disputa já é bastante acirrada. Então, para quem sonha em começar nesse ramo, deve começar analisando isso” Victor Costa

Treinador de MMA Arquivo pessoal

Ramon Lemos é treinador de chão de Anderson Silva, ex-campeão dos médios do UFC

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“É possível viver como treinador de atletas de MMA, desde que você enxergue como profissão e como empresa. Você tem que fazer tudo certinho, tem que ter CNPJ e toda a documentação necessária. E, o mais importante, tem que ter visão empresarial. Tenho que explicar para os atletas que não treino só a parte técnica deles, mas que eu e ele somos uma equipe e que nossas carreiras também precisam ser administradas. O MMA pode sustentar um pouco mais rápido a sua família. No Jiu-Jitsu, você tem que ser incrível, tem que ser o número 1. O segundo lugar do pódio não tem espaço. Você tem que ser o melhor e ter fama suficiente a ponto de ter muitas ofertas de seminários, aulas particulares e afins. Já no MMA, não. Você pode perder uma luta aqui e outra lá que, mesmo assim, vai conseguir tirar um bom dinheiro”. Ramon Lemos


professores

FÁBIO GURGEL, ALBERTO RAMOS E FÁBIO ANDRADE

Por Mateus Machado Fotos reprodução

A VISÃO DOS

PROFESSORES Do lado de fora do tatame, os professores têm um papel fundamental no desenvolvimento do Jiu-Jitsu, principalmente pela responsabilidade de formar não só atletas, mas pessoas de bem. Para entender um pouco mais sobre a visão deles a respeito da profissionalização do esporte nos últimos anos, conversamos com Fábio Gurgel, líder da Alliance, Alberto Ramos, responsável pela GFTeam Cachambi, e Fábio Andrade, professor da Nova União, três referências na arte suave. Além de líderes em suas respectivas equipes, cabe ao professor a tarefa de moldar o aluno com as diretrizes corretas do Jiu-Jitsu, passar as técnicas, sem contar na enorme responsabilidade de lidar diariamente com personalidades, características, sonhos, metas e frustrações distintas. Por conta disso, profissionais da área - que às vezes também atuam como árbitros, atletas, etc. - costumam ter um vasto conhecimento da arte suave, com propriedade para debater o tema em questão nas páginas da TATAME #259.

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Com o passar dos anos, o Jiu-Jitsu se profissionalizou? É possível, hoje em dia, um atleta viver só do esporte? E as premiações? Nessa reportagem, você confere as diferentes opiniões dos professores Fábio Gurgel (Alliance), Alberto Ramos (GFTeam) e Fábio Andrade (Nova União), representantes de algumas das principais equipes de Jiu-Jitsu do mundo. “Eu acho que poucos atletas conseguem (viver só do Jiu-Jitsu). Acho que hoje é uma realidade, se formos pegar não só os grandes campeões, mas

os campeões que conseguem fazer um marketing que justifique, porque acho que essa troca tem que ser entendida. O cara ser campeão simplesmente pela premiação que existe, obviamente que não (se sustenta). Um Campeonato Mundial que, pela primeira vez, pagou 10 mil dólares de prêmio... Um cara não consegue viver no nível que um atleta profissional precisa com esse dinheiro. Talvez se ele lutar todos os eventos que paguem em dinheiro, ele consiga. Mas tem outras coisas agrega-


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das a isso que fazem com que ele consiga viver de Jiu-Jitsu. O ponto é: e depois que ele não for mais atleta, o que vai fazer? Porque, diferentemente de um esporte profissional, como o Futebol ou o Basquete nos EUA, você não vai conseguir acumular nenhum patrimônio/riqueza sendo lutador de Jiu-Jitsu. Essa consciência as pessoas precisam ter. Não adianta você acele-

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“E depois que ele não for mais atleta, o que vai fazer? Porque, diferentemente de um esporte profissional, como o Futebol ou o Basquete, você não vai conseguir acumular nenhum patrimônio/riqueza sendo lutador de Jiu-Jitsu. Essa consciência as pessoas precisam ter” Fábio Gurgel


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rar, se tornar o melhor lutador e não se preparar para mais nada além daquilo. A sua carreira vai acabar e o seu dinheiro também. Mais importante do que o atleta conseguir sobreviver com o dinheiro das premiações, é ele conseguir construir alguma coisa para o futuro”, opinou o “General” da Alliance, Fábio Gurgel. “Com certeza é possível. Se o atleta se dedicar, for um cara focado, ele consegue viver do Jiu-Jitsu durante anos e bem. A gente teve recentemente o Spyder BJJ na Coreia do Sul, onde o campeão recebeu 100 mil dólares. É muito dinheiro para um GP. É coisa que, há anos, se você comentasse isso com alguém, te chamariam de maluco (risos), era inviável, e hoje em dia estamos vivendo isso e só tem a

“O Jiu-Jitsu está tão profissionalizado que, se o cara não conseguir viver como atleta, ele consegue viver como professor e muito bem” Alberto Ramos

melhorar, são vários eventos que pagam bem. Tem uma molecada boa surgindo e que, certamente, vai poder viver do esporte. Também acho que o Jiu-Jitsu está tão profissionalizado que, se o cara não conseguir viver como atleta, ele consegue viver como professor também, e muito bem. É fazer o que tem que ser feito, saber gerir uma academia e estudar bastante, estar sempre disposto a evoluir”, declarou Alberto Ramos, responsável pela

GFTeam Cachambi, na Zona Norte do Rio de Janeiro. “Com toda certeza, hoje em dia os atletas podem, sim, viver apenas do Jiu-Jitsu de forma digna e honesta. O trabalho é árduo e a caminhada não é fácil, como em qualquer empreitada, mas nos dias atuais já é possível afirmar que o lutador consegue viver do esporte”, afirmou Fábio Andrade, professor da Nova União e líder do projeto “Família Bangu Jiu-Jitsu”.

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Mudança de panorama Com uma longa trajetória também como competidor, Fábio Gurgel citou os principais desafios que precisava encarar para se sustentar dentro do Jiu-Jitsu naquela época, lembrando que a realidade e, principalmente, o pensamento dos atletas, eram completamente diferentes em relação ao que é visto atualmente. “Acho que era uma realidade completamente diferente. O Jiu-Jitsu não tinha, nem de longe, a perspectiva de ser um esporte profissional e nenhum lutador competia com esse intuito de ganhar algo em termos de dinheiro. Eu fazia o esporte como fiz vários outros na minha vida, mas acabou que o Jiu-Jitsu foi o que eu escolhi para seguir, e já via naquela época a possibilidade de ter uma academia, dar aulas. Eu queria estar naquele ambiente, mas não se pensava em dinheiro como competidor. Tanto é que nem no Vale-Tudo se pensava (em dinheiro), depois que isso, obviamente, foi mudando, como a história já conta. Mas na minha época a gente não tinha nenhuma expectativa de ganhar dinheiro competindo”, falou o líder da Alliance, seguido por Alberto Ramos. “Quando eu comecei, realmente, era muito difícil de conseguir patrocínio. O marketing era o ‘boca a boca’ que se tinha entre os amigos e ganhar os campeonatos, mas até você ganhar torneios, você precisava investir muito dinheiro. No meu caso, eu sempre trabalhei desde

novo, então eu conciliava os treinos com o trabalho. Foi bastante difícil, mas junto com isso, eu tinha amigos de treino que eram empresários, e eles me ajudavam, de alguma maneira, a conseguir pagar minhas viagens e inscrições para os campeonatos. O início era muito mais complicado em relação a hoje, porque não tinha nenhuma visibilidade, principalmente nas faixas coloridas. Eu disputo torneios desde a faixa azul e era ‘brabo’ pra competir, a renda vinha por parte do meu trabalho e da ajuda desses amigos”, relembrou o professor da GFTeam, que ainda comentou sobre as principais mudanças na arte suave nos últimos anos. “O Jiu-Jitsu cresceu muito mundialmente, e com isso, as empresas/empresários foram voltando mais os olhos para o esporte. Acho que a principal mudança que aconteceu de uns anos pra cá foi que o pessoal viu que é um esporte que pode ser altamente rentável se você souber fazer um trabalho bacana. A gente vê vários campeonatos pagando em dólar, como foi o Grand Slam da AJP, várias federações aqui no Rio que já estão pagando até o Master, que é muito desvalorizado e é tão competitivo quanto o adulto. Estão começando a injetar dinheiro em um esporte que estava esquecido. Hoje em dia, como o Jiu-Jitsu está conhecido mundialmente, acho que esse retorno financeiro para os empresários está melhorando e, consequentemente, isso ajuda os atletas”.

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Receita do sucesso À medida em que o Jiu-Jitsu evolui em diversos quesitos, cresce também o número de academias espalhadas no Brasil e no mundo, o que gera uma certa concorrência e uma disputa pelo melhor “negócio”. No entanto, Fábio Gurgel avalia que o segredo para um bom negócio não está relacionado a se preocupar com a concorrência, mas sim com a qualidade do seu próprio trabalho. “Eu não acho que o nosso nicho seja tão repleto de concorrência assim. Eu acho que tem muita gente que não se preparou para fazer o trabalho. A quantidade de academias que se vê abrindo e fechando é bem grande. Eu não vejo nenhum sentido de investimento de autoridade num negócio totalmente privado. Acho que se você

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entregar um bom serviço ao seu aluno, você vai poder cobrar dele um preço justo e terá um lucro considerável. Acredito que tem que funcionar como qualquer empresa privada. Você investe, você cobra, tem lucro e reinveste esse lucro, fazendo seu negócio evoluir”. Professor da Nova União e líder do projeto social “Família Bangu Jiu-Jitsu”, Fábio Andrade citou “outro lado” na busca pelo sucesso: “É bem simples. Tenho muito amor ao meu trabalho e meu investimento é igual pagar o estudo de um filho, meu maior lucro é ver meus alunos vencerem sem pisar em ninguém, querendo apenas o que é nosso por direito. Outra coisa que deixo bem claro é o significado da palavra ‘trabalho’, pois nada se vence sem trabalho duro”, opinou.

“Tenho muito amor ao meu trabalho e meu investimento é igual pagar o estudo de um filho, meu maior lucro é ver meus alunos vencerem” Fábio Andrade


PROFESSORES: o Jiu-Jitsu virou profissional? “Acho que o Jiu-Jitsu está em clara evolução, em todos os sentidos, desde a parte técnica, que evolui diariamente. Acho que a estrutura das competições é cada vez melhor, está cada vez em mais países. Você tem o Jiu-Jitsu espalhado para o mundo inteiro, o que era inimaginável se você voltar no tempo. Acho que, como negócio, o Jiu-Jitsu está sabendo como gerir seu negócio, as academias estão mais profissionais. Tenho falado com centenas de gestores de academias que já têm uma preocupação de entregar o melhor serviço, de fazer o seu negócio ser lucrativo. Acho que o Jiu-Jitsu vem evoluindo constantemente. Tem muita coisa para melhorar, obviamente. O Jiu-Jitsu pode, sim, atingir seu nível profissional, se a gente conseguir sair dessa questão do fã/praticante. Acho que esse é o desafio, mas acredito que tem um horizonte. Daqui a 20 anos, considero que o Jiu-Jitsu estará muito melhor, com certeza com seu braço profissional mais estabelecido, com as academias mais cheias, mais praticantes, e toda a indústria do Jiu-Jitsu se favorece com isso. Se compararmos com 10 anos atrás, a gente é muito melhor hoje, e se olharmos 10 anos para frente, vamos ser muito melhores do que somos atualmente”, Fábio Gurgel. “Nível profissional, não. Ainda faltam coisas... São muitas federações. Nosso maior órgão não tem eleição para presidente, a regra não é clara (muito interpretativa). Acho que isso nos afasta do profissionalismo. Não existe uma ‘Lei Pelé’ para troca de equipes. Os atletas mudam de equipe e a formadora nada recebe por isso. Doping apenas para faixas-preta é desigualdade, ou faz em todos ou não faz em ninguém. Enfim, falta muita coisa para o tal profissionalismo”, Fábio Andrade. “O nível do Jiu-Jitsu aumentou demais nos últimos anos e está sendo muito bacana vivenciar tudo isso. Ainda falta bastante coisa. Acho que as federações deveriam olhar menos para o próprio bolso e fazer mais pelos atletas. A gente vê campeonatos que não dão premiação, e você vai ver o total de atletas inscritos, tem muita grana. Com certeza eles poderiam premiar mais, incentivar mais os alunos, porque hoje em dia, o pessoal está mais atento a isso, vendo que pode ser pago, que pode ser feito coisa melhor. Se as federações não pararem para pensar um pouco no atleta - as que não fazem isso -, elas vão começar a perder espaço e isso vai ser bom. Hoje em dia, aqui no Rio, a gente tem algumas federações que pagam e eu só vejo o campeonato dessas federações crescendo. Em relação aos organizadores de evento, eu vejo que muitos se empenham bastante para dar uma boa bolsa aos atletas e espero que isso cresça cada vez mais. O Jiu-Jitsu está aumentando muito, tem muitas pessoas praticando o esporte e vendo que a arte suave pode ser algo rentável. Espero muito que, de fato, todos os atletas possam viver 100% do Jiu-Jitsu futuramente”, Alberto Ramos.

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promotores Por Diogo Santarém e Yago Rédua

Fotos divulgação

A VOZ DOS PROMOTORES Um dos pontos mais importantes para o processo de profissionalização do Jiu-Jitsu são as organizações e eventos que atuam na área e impactam diretamente neste desenvolvimento. Para entender melhor esse lado, a TATAME conversou com diferentes promotores que deram suas respectivas opiniões e, entre vários assuntos, falaram sobre como os atletas ganham dinheiro com premiações hoje em dia.

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São torneios, GPs, superlutas... O calendário do Jiu-Jitsu hoje contempla vários formatos de competições que pagam prêmios em dinheiro para os atletas. Separamos, então, alguns dos principais promotores da arte suave, em um bate-papo exclusivo que você confere a seguir:


AJP lidera incentivos aos atletas Durante o seu calendário anual, a AJP (antiga UAEJJF) promove seis etapas do Abu Dhabi Grand Slam e mais o World Pro, que fecha a temporada. Além disso, passou a realizar os eventos do Queen e King of Mats, que também rendem prêmio em dinheiro aos lutadores. Ao todo, a federação sediada nos Emirados Árabes Unidos distribui cerca US$ 2 milhões por temporada. Apesar do esforço, Rodrigo Valério, gerente da AJP, não acredita que a arte suave seja profissional. “É uma questão entre as organizações e os atletas. Na minha visão, o Jiu-Jitsu ainda não é um esporte profissional. Quan-

do alguém é profissional dentro de uma área, ela tem um salário. Todo mês, tem plano de saúde, benefícios, entre outros. Já no cenário do Jiu-Jitsu, o atleta tem que dar aula, seminário, tem que ir atrás de um patrocinador. Acaba que ele todo mês tem uma oscilação de renda. Daí, ele pode se machucar, não compete. O atleta depende de muitos fatores para viajar e participar das competições. Profissional é o cara que só vive de luta e não depende de mais nada”, disse Valério, que falou sobre as premiações da AJP. “A AJP nunca precisou pensar no lucro. É claro que buscamos parceiros e o Sheik é apaixonado

pelo Jiu-Jitsu. Graça a Deus que, alguém lá do outro lado do mundo, deu valor para o nosso esporte. Ele elevou o profissionalismo dos campeonatos como ADCC, World Pro, Grand Slam. Temos muitas federações que focam em cidades capitais. Nós estamos buscando expansão na Ásia, por exemplo. Nós investimos muito, não temos retorno, mas estamos abrindo o caminho. É muito difícil o apoio de grandes marcas de outros esportes chegarem no Jiu-Jitsu. Nosso apoio é todo de Abu Dhabi. Para se tornar rentável, precisamos de mais exposição da mídia, que as lutas fiquem mais fácil de entender”, comentou.

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promotores

SJJIF e o desejo do esporte olímpico Criada para levar o Jiu-Jitsu para as Olimpíadas, a SJJIF (Sports Jiu Jitsu International Federation) também busca incentivar os atletas e distribui premiação em dinheiro nas suas competições. Na última edição do Mundial, em novembro de 2019, a entidade teve como prêmio um total de US$ 74 mil. Presidente da federação, João Silva, assim como Rodrigo Valério - da AJP -, também não vê o Jiu-Jitsu como profissional. “O Jiu-Jitsu está se profissionalizando a partir do momento que está envolvendo federações, remuneração em dinheiro, etc.

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Mas falar que é profissional hoje... Não. O Jiu-Jitsu está em processo. Existem dois lados nisso: o organizador de eventos e o atleta. Profissional é quando o atleta treina o tempo inteiro, não precisa dar aula para sobreviver e depende apenas das competições. Não são todos, mas acho que já existe atleta assim. Tem que ver se o cara não está violando as políticas antidoping, se está fechando luta”, apontou João, que ainda citou outro problema: a questão do retorno financeiro. “Você tem vários organizadores com eventos pagando dinheiro e ajudando o profissio-

nalismo do Jiu-Jitsu. A maior dificuldade para todas as organizações que pagam dinheiro em premiação é achar o retorno. A parte lucrativa de um organizador é ele fazer o dinheiro dele também. Alguns promotores pensam em dar dinheiro, mas chega um ponto que quebra. O Jiu-Jitsu não está em uma mídia muito grande, não tem patrocinadores grandes. É uma coisa que vai demorar, mas vai chegar. Hoje temos bem mais pessoas que reconhecem o nosso esporte. As pessoas sabem muito sobre Jiu-Jitsu em países que, teoricamente, não tem tanta força”.


FJJD-Rio busca maneiras de valorizar Saindo de uma escala internacional para uma regional, a FJJD-Rio promove eventos há 12 anos no estado do Rio Janeiro. No entanto, Rogério Gavazza, que comanda a federação, já organiza torneios de Jiu-Jitsu desde 1992. Devido às dificuldades financeiras para pagar prêmio em dinheiro aos campeões, a escolha da entidade é por distribuir passagens internacionais para eventos da AJP e também da IBJJF. “Promovo eventos há 27 anos e sempre pensei nas competições

como uma vitrine e mecanismo de projeção dos atletas e das equipes. A competição não pode ficar só naquele dia. Toda a expectativa que criamos faz com que tenha uma projeção do atleta/equipe. Eu sempre busquei investir na parte da mídia para divulgar todo o trabalho. Nós temos um bom patrocinador master, o Mineirinho, que está conosco há 12 anos. Isso por conta do nosso trabalho de divulgação da marca. O Circuito Rio Mineirinho precisa ser um pouco mais valorizado, porque só o nos-

so ranking perdura por tanto tempo e vamos continuar apoiando nos próximos anos”, falou Gavazza, que completou: “Criamos há 12 anos essa meta de termos um ranking onde os campeões pudessem disputar competições internacionais. Por oito anos, premiamos para as competições da IBJJF. Desde que a UAEJJF, agora AJP, passou a investir nos atletas, passamos a premiar os campeões com passagens para eventos internacionais do Grand Slam e World Pro”.

F2W e o sucesso nos Estados Unidos Com 37 eventos em 2019, o Fight 2 Win distribuiu US$ 1,245,089 milhões ao todo. A franquia - que cresce cada vez mais - promove lutas casadas entre atletas de ponta no Jiu-Jitsu e outros que estão ainda nas faixas coloridas. Seth Daniel, presidente do evento, comentou sobre a rentabilidade do F2W, tendo que em vista que no Brasil os organizadores reclamam da falta de retorno. “Isso acontece porque aqueles que os administram (eventos) não sabem como administrar um negócio, geralmente são caras do Jiu-Jitsu ou apenas pessoas

tentando ganhar dinheiro rapidamente. Somos sustentáveis, criamos uma plataforma que é bem-sucedida. Nós trabalhamos todos os dias, trabalhamos mais do que todo mundo, não é segredo o trabalho”, disse Daniels, que detalhou as fontes de renda do F2W. “Vendas de ingressos, patrocinadores, streaming, tudo isso vai para um pote. É saber gerenciar seus custos e entregar um bom produto. O mercado do Jiu-Jitsu nos EUA está crescendo, mas ainda assim é um esporte de nicho”, concluiu.

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promotores

IBJJF, principal entidade no Jiu-Jitsu Principal organização de arte suave do mundo atualmente, a IBJJF (International Brazilian Jiu-Jitsu Federation) demorou, mas em 2019 adotou uma nova postura na busca pela maior valorização dos atletas. Pagando premiação em dinheiro em algumas das suas principais competições, como o Mundial, a entidade entende o seu papel de liderança e promete seguir trabalhando nesse sentido. “Nossa principal responsabilidade é atuar para que mais gente tenha condições de trabalhar e viver de Jiu-Jitsu. Quanto mais o Jiu-Jitsu for bem ensinado, tenha um caminho viável para uma carreira esportiva, possua uma regra que seja segura para praticar-se e ao mesmo tempo

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eficiente para a defesa pessoal, mais oportunidades existirão para que isso aconteça”, opinou Filipe de Faria, que atua no elo entre IBJJF e CBJJ (Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu). “O Jiu-Jitsu é uma ferramenta incrível que torna a vida das pessoas melhor. A nossa ideia é levar esses benefícios ao maior número de pessoas possível, usar a IBJJF como uma plataforma que ajude a gerar as condições para que isso aconteça, e mais gente pratique Jiu-Jitsu. Nós nos enxergamos trabalhando nessa missão. A IBJJF trabalha em melhorar a experiência dos atletas, professores e todos os envolvidos. Quanto melhores as condições para que os atletas e professores possam apresen-

tar seu trabalho a comunidade, maiores as chances de se poder viver de Jiu-Jitsu, e viver bem”. Ainda de acordo com Filipe, apesar da grande evolução nos últimos anos, ainda existe muito a ser feito para que o Jiu-Jitsu realmente se torne profissional. E para ele, um dos pontos importantes nesse processo é o papel em conjunto das organizações. “Se forem eventos onde haja condições seguras e onde se dê chances justas e dignas para que os atletas exponham seu trabalho, nós enxergamos como um benefício a nossa comunidade. Estamos muito melhores do que 24 anos atrás quando a IBJJF foi fundada, mas ainda existe muito trabalho pela frente”, encerrou.


M A PA DA M I N A Separamos alguns dos principais eventos de arte suave – com e sem quimono – espalhados ao redor do mundo que pagaram premiação em dinheiro em 2019. Entre eles tem campeonato da IBJJF, Brasileiro da CBJJ, torneios de superlutas, circuito internacional da AJP e mais. Confira:

Obs: valores gerais distribuídos

AJP TOUR Grand Slam: US$ 1.350.000,00; US$ 225 mil por etapa (6) World Pro: US$ 687.200,00 King of Mats: US$ 12 mil (média por evento) Queen of Mats: US$ 6 mil (média por evento) ADCC US$ 230.600,00 IBJJF / CBJJ Mundial: US$ 139 mil Brasileiro: R$ 190 mil BJJ Pro (RJ e SP): R$ 79 mil BJJ Pro (NY e LA): U$$ 29 mil GP dos Pesados: US$ 50 mil SPYDER BJJ GP até 76kg: US$ 100 mil GP até 100kg: US$ 100 mil Bolsa por participação: valores não revelados KASAI PRO GPs: US$ 10 mil Superlutas: valores não revelados BJJ STARS GP absoluto: R$ 100 mil Superlutas: valores não revelados FIGHT 2 WIN US$ 40 mil (média por evento)

POLARIS PROFESSIONAL Valores não revelados COPA PODIO Valores não revelados SJJIF Mundial: US$ 74 mil MARIANAS OPEN US$ 10 mil

DEZEMBRO 2019


árbitros

ALAN MORAES E MUZIO DE ANGELIS

Por Mateus Machado Fotos divulgação

EM FRANCA

EVOLUÇÃO Fator essencial para o desenvolvimento – e profissionalização – do Jiu-Jitsu, a arbitragem evoluiu a passos largos nos últimos anos. Hoje a tecnologia já auxilia os profissionais em casos importantes, como nos recursos de vídeo, novas regras foram implementadas e a especialização dos árbitros através de cursos se tornou imprescindível para que os atletas tenham tranquilidade dentro dos tatames, tornando os erros de arbitragem menos frequentes. Ou seja, crescimento do Jiu-Jitsu se refletiu em diversas áreas, seja no aumento do número de praticantes nas academias, criação de novas entidades, campeonatos, implementação de novas regras, premiações, entre outros fatores que ajudam a valorizar cada vez mais o esporte e quem o pratica. Uma dessas mudanças se deu na arbitragem, que com a questão da tecnologia e outros

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“mecanismos”, também acompanha o processo de evolução que toma conta da arte suave. Com todo esse crescimento, a pergunta mais frequente é a seguinte: o Jiu-Jitsu, de fato, se tornou profissional? Para isso, a TATAME conversou com Alan Moraes e Muzio de Angelis, referências no âmbito da arbitragem voltada para o esporte. Com anos dedicados atra-

vés de suas respectivas funções, os árbitros deram avaliações a respeito do desenvolvimento e a profissionalização do Jiu-Jitsu desde que puderam vivenciar o esporte de maneira mais próxima. “O Jiu-Jitsu em si sofreu várias mudanças. A mais importante, na minha opinião, foi o desenvolvimento e o crescimento do Jiu-Jitsu esportivo. Acho que esse foi um fator importante que


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ALAN MORAES E MUZIO DE ANGELIS

ajudou a popularizar e o trouxe mais para perto da sociedade, fazendo com que não só os eventos se tornassem mais profissionais, mas todos os envolvidos, como staff, árbitros, atletas e professores. Hoje, dentro do que envolve o Jiu-Jitsu competitivo, temos cursos de formação e capacitação de árbitros e staff, atletas buscando profissionais mais capacitados para aumento de performance, academias com planos de aula e programas para todos os tipos de público”, detalhou Alan Moraes, que também é responsável por uma filial da Ares BJJ no Rio de Janeiro. “O desenvolvimento e a profissionalização do Jiu-Jitsu estão em um nível altíssimo. Claro que pode melhorar muita coisa ainda, mas quando a gente poderia imaginar que um atleta receberia um prêmio de 100 mil dólares? E podemos citar também o BJJ Stars, evento nacional que pegou 100 mil reais ao Nicholas Meregali. Se

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“Se continuar assim, nossos atletas vão parar de migrar para o MMA e investir no Jiu-Jitsu mesmo” Muzio sobre a profissionalização do Jiu-Jitsu

continuar assim, nossos atletas vão parar de migrar para o MMA e investir no Jiu-Jitsu mesmo”, elogiou Muzio de Angelis, Diretor de Arbitragem da FJJD-Rio. A dupla também opinou se, hoje em dia, já é possível que um atleta de alto rendimento, seja ele faixa-preta ou não, viva exclusivamente do Jiu-Jitsu através de premiações de campeonatos e patrocínios. E para Alan Moraes, ainda é necessário mais incentivo por parte das autoridades e empresas, mas alguns lutadores já conseguem se manter desta forma. “Acredito que já estamos bem perto disso, mesmo que

seja ainda uma minoria, mas já temos atletas profissionais vivendo somente do Jiu-Jitsu. As Federações estão cada vez mais investindo, e para ter os melhores atletas em seus eventos, estão investindo com passagens e prêmios em dinheiro. Além das Federações, temos grandes eventos profissionais, que pagam grandes quantias em dinheiro. Acho que estamos caminhando para que todos os atletas possam, de fato, conseguir viver do Jiu-Jitsu. Falta mais incentivo do governo e empresas interessadas em apoiar a base do esporte”.


Evolução na arbitragem em pauta Parte essencial para o desenvolvimento do Jiu-Jitsu como um todo, a arbitragem também passou por mudanças importantes com o passar dos anos, com alterações e implementações de novas regras, o auxílio da tecnologia, especialização cada vez maior dos profissionais, etc. Na visão de Muzio, o patamar dos árbitros evoluiu con-

sideravelmente nos últimos anos, porém, críticas de atletas, professores e torcedores por possíveis erros são consideradas naturais. “O nível da arbitragem atualmente está altíssimo, principalmente aqui no Rio de Janeiro. Eu lido numa boa (com as críticas), tento errar o mínimo possível, mas somos humanos e por isso fica im-

possível acertar sempre. O importante é chegar em casa, colocar a cabeça no travesseiro e saber que você fez o seu trabalho de forma limpa e honesta. Nosso patamar subiu muito. A FJJ-Rio, por exemplo, faz dois cursos de regras por ano. A CBJJ tem curso nas principais capitais do Brasil. E para os árbitros, foi criado o RTP (Referee

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Trainning Program), que visa treinar e alinhar os árbitros em todo o território nacional”, destacou o faixa-preta 6º grau, que também esclareceu dúvidas importantes a respeito do processo para se tornar um árbitro atualmente. “O aluno precisa ser faixa-marrom ou preta e tirar uma nota excelente no curso. Tem que errar o mínimo possível e depois solicitar um estágio. Na FJJ-Rio, são necessários três campeonatos como estagiário para entrar no quadro de arbitragem. Minha dica é estudar e tirar todas as dúvidas

com os árbitros mais antigos, considero isso muito importante para a evolução do profissional”. “Praticamente todas as federações hoje têm seus cursos de regras. Estudar e aprender nunca é demais. Para ser árbitro de determinada federação, você deve fazer o seu curso e ser aprovado no estágio. Não basta apenas fazer a prova e falar que já é árbitro de tal federação. Somente após todo esse processo você passará a fazer parte do quadro de arbitragem. Importante para quem hoje quer ser árbitro é que seja, no mí-

“Acredito que ainda estamos bem distantes de uma remuneração que condiz com a importância da profissão” Alan sobre o salário dos árbitros

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nimo, faixa-marrom, que goste de estudar Jiu-Jitsu, que tenha experiência como atleta e, principalmente, saiba interpretar a regra”, aconselhou Alan, revelando o valor que os árbitros recebem, em média, das principais entidades. “A diária de um árbitro é de 330 reais, mas dependendo do evento, pode vir a aumentar um pouco mais. Normalmente eventos particulares de lutas casadas e GPs são os que pagam os melhores cachês. Um bom árbitro consegue fazer um salário médio se trabalhar em todos os eventos, todos os sábados e domingos de cada mês. Mas acredito que ainda estamos bem distantes de uma remuneração que condiz com a importância da profissão e, principalmente, se comparar com investimentos que muitos árbitros fazem em suas carreiras”, encerrou.


ÁRBITROS: o Jiu-Jitsu virou profissional? “Acho que estamos longe de um Judô, por exemplo, mas estamos à frente de quase todas artes marciais em termos de organização e em número de praticantes. O Jiu-Jitsu precisa de um olhar mais atencioso das nossas autoridades e empresários. Vários países reconhecem o Jiu-Jitsu como uma arte capaz de mudar e ajudar na evolução de seu povo. Acho que aqui falta ainda essa valorização para que o Jiu-Jitsu ganhe mais lugar de destaque”, Alan Moraes. “O nível profissional subiu muito, mas ainda não é o desejado. Em relação aos árbitros, o recurso de vídeo já está sendo usado em alguns lugares e isso ajuda bastante. Mas o árbitro é muito exigido e nem todas as federações compreendem isso. Precisamos de um lugar para poder descansar durante os intervalos, rádios em todas as áreas de luta para melhorar a comunicação, isso seria uma coisa fantástica. Por último, eu acho que as federações deveriam chamar mais árbitros para melhorar o rodízio. Atualmente, em todos os lugares, são dois árbitros por área”, Muzio de Angelis.

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