UNDERGRADUATE RESEARCH PROGRAM - PROPOSITION PERIOD

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Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

EXPERIMENTAÇÕES SOBRE UM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO COHAB Itaquera IB Pe. Manoel da Nóbrega PIBIC/CNPq

Talita Camacho Barão Bolsista

Maria Lúcia Caira Gitahy Orientadora

São Paulo 2010


AGRADECIMENTOS

Reservo este espaço aos meus agradecimentos. Nestes dois anos de pesquisa, agradeço a ajuda sempre presente e atenciosa de minha orientadora Maria Lúcia Caira Gitahy. Agradeço também, aos seus amigos e estudiosos do grupo de pesquisa Labfau, pelo interesse em meu percurso de trabalho e pelas trocas de idéias. Agradeço, por fim, ao Professor Fábio Mariz Gonçalves, pelas conversas e referências projetuais, que ajudaram a enriquecer meu conhecimento e pensamento sobre o projeto de espaços livres, sua área de maior estudo e dedicação.


1. INTRODUÇÃO I etapas e cronograma, 04 2. CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS, 05 2.1. Ambiguidade do espaço público contemporâneo, 07 Espaços do consumo I Espaços do espetáculo

2.2. A transformação na concepção do espaço público, 10 Do funcionalismo ao espaço do encontro

2.3. Novas paisagens urbanas, 13 Arte e espaço urbano

2.4. As noções diversas de lazer, 16 vivência européia I vivência latino-americana

3. O ESPAÇO I preexistências, 19

SUMÁRIO

3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009, 20 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAÇO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE, 21 3.1.2. Espaço em estudo 1 - ESPAÇO EM PROJETO, 22

3.2. Estudos pré-projetuais, 26 3.2.1. ENTORNO I VISTAS, 27 3.2.2. Espacialidade e Usabilidade, 37

4. O ESPAÇO I proposições, 39 4.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL, 40 4.2. PROPOSTA PROJETUAL I elementos, 53 PERCURSOS I interações,

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TRANSIÇÕES I half pipe e bowl,

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63 IMPERMANÊNCIAS I elementos vivos, 71 EXPERIMENTAÇÕES I cercamentos, 77 PERMANÊNCIAS I bancos e iluminação,

5. BIBLIOGRAFIA, 80 6. PARECER DO ORIENTADOR Maria Lúcia Caira Gitahy, 81


1. INTRODUÇÃO I etapas e cronograma


1. INTRODUÇÃO I etapas e cronograma No primeiro ano de pesquisa, foram escolhidas para estudo três áres livres e públicas, inseridas no Conjunto Habitacional Itaquera IB ‘Pe Manoel da Nóbrega’, da COHAB-SP. Os estudos iniciais trouxeram a bagagem histórica necessária à compreensão mais apurada acerca da complexa formação da cidade de São Paulo. Sobre seu crescimento acelerado, resultado de uma conjuntura nacional e internacional - avalanche de imigrações de dentro e de fora do país. Sobre seu planejamento e as intenções urbanísticas correlatas - como o fomento ao crescimento extensivo e ilimitado, baseado no traçado de eixos rodoviários. Assim como, sobre o, então, consequente, desenvolvimento do padrão periférico de crescimento. E sobre seus planos de habitação - desde os o desenvolvimento dos IAPs até o surgimento do conjunto BNH-COHABs. Aproximando-se, neste momento, do contexto urbano no qual estavam inseridas as três áreas em estudo, a periferia leste de São Paulo, buscou-se pela história social destas três áreas livres e públicas. Dentre tais espaços em estudo, um deles suscitou a vontade pela proposição. Um terreno baldio. Terreno este cujo estado de abandono decorreu tanto de complicações administrativas à época da implantação do conjunto (transição entre as décadas de 70 e 80), quanto do escasso interesse político em provir de espaços públicos interessantes certas áreas ‘desinteressantes’ da cidade, como também da falta de vontade e força reivindicatória de grande parte da própria população ali residente. Assim, em um segundo ano de pesquisa me propus desenvolver, para este espaço abandonado, um projeto que, embasado pela constante observação e pelas bagagens histórica e social adquiridas, teria a intenção essencial de atribuir-lhe o caráter, então deficiente, de verdadeiro espaço público urbano. Novas leituras proporcionaram a investigação acerca do uso e vida dos espaços urbanos, acerca das novas possibilidades quanto à concepção das novas paisagens urbanas, e, também, acerca das diversas formas de entender o lazer e a ação no âmbito público. Observei este espaço durante dois anos de pesquisa, e, agora, enfim, projetei nele, concretamente, o resultado de minhas reflexões. Quis animar seus percursos, como também instigar a permanência. Quis atrair pessoas, e, assim, suscitar múltiplos contatos. Quis reduzir a imponência dos rígidos limites murados, buscando a diversidade de paisagens, atividades e usos. Quis criar elementos que fizessem com que as pessoas se surpreendessem e se indagassem, e, neste processo, talvez se identificassem e relacionassem com o espaço. Quis que atentassem, enfim, para a imprescindibilidade de seu caráter público e buscassem, sempre, preservá-lo, como aquilo que proporciona algo a todos, sem restrições.

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2. CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS


2. CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS 3.1. Ambiguidade do espaço público contemporâneo I Espaços do consumo I Espaços do espetáculo 3.2. A transformação na concepção do espaço público I Do funcionalismo ao espaço do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espaço urbano 3.4. As noções diversas de lazer I vivência europeia e vivência latino-americana


2.1 Ambigüidade do espaço público contemporâneo Espaços do consumo I Espaços do espetáculo A década de 90 foi marcada por uma reestruturação urbana, decorrente da forte crise econômica mundial dos anos 80. O rompimento do acordo capitalista fordista e a volta do liberalismo econômico induziram fortemente as transformações sobre a sociedade e sobre os espaços urbanos. A globalização e a avassaladora revolução técnico-científica-informacional vieram transformar de forma bastante drástica a relação espaço-tempo. A transição entre o séculos XX-XXI passou a ser sentida e vivenciada em todas as escalas da vida nas grandes cidades – no âmbito do trabalho e do cotidiano doméstico, no âmbito econômico, cultural, comportamental e psicológico. É necessário pontuar que os processos conseqüêntes dessas mudanças vão desencadear transformações de escala e teor diferente nos diferentes países do mundo, especificamente devido às diferentes condições de avanço econômico entre tais. A Europa, neste contexto, vivencia um momento de estabilidade, após passados longos anos de sua reconstrução no período pós-guerra. Deste modo, suas principais cidades buscam, neste novo século, a recuperação do lugar europeu na cultura mundial. Cidades como Barcelona, Berlim e Paris passam por abrangentes processos de urbanização, cuja ambição principal é a retomada de seu destaque no cenário mundial. Tais planos urbanos destinam-se à criação de novos e significativos espaços livres públicos, voltados essencialmente para o encontro de pessoas e culturas diversas – o multiculturalismo como grande atratividade. Estas grandes urbanizações inseriram novamente a Europa no panorama cultural mundial após a hegemonia americana pós-segunda guerra. A vontade de transformar cada cidade em novos lugares da cultura mundial, seja ela um grande centro histórico e cultural como Paris, Londres ou Berlim, ou mesmo alçar as pequenas cidades aos holofotes da mídia como o ocorrido com a cidade de Bilbao na Espanha, por exemplo, é a marca destas novas urbanizações européias. Estas se completam como objetos-espetáculos urbanos, ou seja, novos prédios, parques e espaços públicos criados pelas mentes dos mais famosos nomes da arquitetura contemporânea, e que por si só são fortes elementos urbanos, como signos desta nova era européia. (DIAS, 2005)

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A cidade européia do século XXI, portanto, é aquela que visa aprimorar-se, buscar novos espaços e novas experimentações. Busca a urbanização de antigas áreas abandonadas e desvalorizadas, a integração mais plena de seu tecido urbano em áreas pós-industriais, portuárias e a instalação de sistema de infra-estrutura. No entanto, mesmo estas cidades, que tem nestas grandes transformações urbanas a ambição pelo espetáculo urbano, também enfrentam problemas sociais críticos quanto a exclusão social e espacial e quantos aos históricos conflitos étnicos. Já as cidades dos países ditos subdesenvolvidos ou de Terceiro Mundo, como o Brasil, devem ser melhor caracterizadas como cidades que necessitam ainda, no cenário do novo século, aprimorar-se, crescer ordenada e planejadamente. No entanto, a despeito dos diferentes estágios acompanhados entre estas distintas realidades, algumas análises sociais são amplas e aplicam-se a toda a sociedade ocidental. As cidades do século XXI, como um todo, são marcadas pela ênfase na criação de lugares voltados

ao espetáculo e ao entretenimento. Tanto as cidades desenvolvidas quanto as cidades em estágio de desenvolvimento estão inseridas na realidade ambígua entre a introversão e a espetacularização da vida e dos espaços urbanos. As cidades, frente a tais adversidades, inteorizam-se, dentro de seus tantos automóveis e dos grandes edifícios fechados para o encontro. Evidentemente, as conseqüências da perda de significado do espaço urbano tornam-se mais críticas em cidades cuja desigualdade social é sentida de forma mais aguda, pois é mais intensa a exclusão social, bem como a decorrente insegurança urbana. Passamos por um século onde se é marcante a construção de espaços climatizados, condicionados e direcionados ao entretenimento. A tradicional praça, os largos e mesmo as ruas, foram trocados, ou melhor, trazidos para dentro destes novos ambientes, onde tudo é controlado, desde sua segurança até o seu olhar. O caos urbano, a violência, a sujeira das ruas e seus indigentes são deixados do lado de fora desses novos lugares do consumo de mercadorias, serviços, arte e cultura. (DIAS, 2005) A decadência da esfera pública é analisada como conseqüência desses processos desencadeados no cerne da sociedade do pós-guerra. Sociedade que passou a ter no consumo sua lógica fundamental de funcionamento, sociedade que é motivada pelos espaços relacionados a esse consumo, pelo espetáculo e pelo evento (SPERLING) intrínsecos a ele. A esfera pública é entendida como o âmbito em que se desenvolve a produção cultural, em que se constrói auto-conhecimento e conhecimento do outro, em que se constrói, portanto, o interesse pelo que é público; onde se constrói e se exerce cidadania. Nas cidades, esta esfera tem sua materialidade nestes espaços, que são livres e públicos, como as ruas, calçadas, praças, parques e etc. Arendt (ARENDT, 1991) escreve sobre a significância deste contato, ao afirmar que “[...] ser visto e ouvido por outros é importante pelo fato de que todos vêem e ouvem de ângulos diferentes. É este o significado da vida pública [...]”, em contraposição à esfera de vida privada, pois “[...] até mesmo a mais fecunda e satisfatória vida familiar pode oferecer somente o prolongamento ou a multiplicação de cada indivíduo, com os seus respectivos aspectos e perspectivas.” O que se observa é que, na cidade introvertida e espetacularizada (DIAS, 2005) tem-se, em substituição à esfera pública, uma esfera que pode ser denominada de esfera social (MACEDO;CUSTÓDIO). Nesta última, o “ver e ser visto” são empobrecidos e ficam restritos a uma troca de olhares entre indivíduos de comportamento padrão, já com atitudes tolhidas e reguladas por práticas e códigos sociais padrão, de ambientes socialmente controlados. Não sendo assim capaz de substituir o papel da esfera pública no encontro da alteridade e da diversidade

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2. CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS 3.1. Ambiguidade do espaço público contemporâneo I Espaços do consumo I Espaços do espetáculo 3.2. A transformação na concepção do espaço público I Do funcionalismo ao espaço do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espaço urbano 3.4. As noções diversas de lazer I vivência europeia e vivência latino-americana


2.2. A transformação na concepção de espaço público Do funcionalismo ao espaço do encontro A cidade moderna, no decorrer do século XIX-XX, transformou o caráter polifuncional dos espaços urbanos. Baseando-se em princípios modernistas bastante determinantes, declaradamente manifestados em documentos como a Carta de Atenas, de 1933, os arquitetos e planejadores pensaram cidades construídas pelo funcionalismo, pelas grandes vias e pelos extensos e ilimitados espaços livres. A arquitetura paisagística moderna, então, também funcionalista, tinha como função resolver espaços criados para balizar a relação dos pedestres com o crescente número de automóveis. Além de equipar áreas especialmente e exclusivamente determinadas para o lazer recreativo ou esportivo. Postularam um ideal de cidade de poucas e simples regras, que posteriormente viram tornarem-se as principais cerceadoras daquela vivência urbana pretendida. A revisão dos conceitos modernos colocou em rediscussão, de forma bastante intensa, a resignificação dos espaços livres urbanos. A leitura daqueles espaços, concebidos sob as diretrizes de um manifesto agora já bastante criticado, possibilitou repensar o que se queria então para o desenho dos novos espaços da cidade. Muitos críticos pós-modernos, como Jane Jacobs, buscaram, por meio da crítica à rigidez monofuncionalista, à pluralidade e diversidade dos meios urbanos. Espaços de múltiplos encontros e múltiplas apropriações. A esfera pública vívida essencialmente nas ruas e calçadas, não necessariamente ou exclusivamente em locais especialmente a ela destinados. As cidades e seus espaços passaram a ser entendidos com estruturas em semi-trama (ALEXANDER, 1965), de complexos cruzamentos e intersecções, de encontros, conflitos e acontecimentos simultâneos. Em fins do século XX, portanto, o espaço e a vida pública tornaram-se elementos significativos na discussão arquitetônica. Novos espaços urbanos passaram a surgir, enquanto outros já existentes eram renovados. Principalmente nas cidades européias, uma grande quantidade de ruas de pedestres, praças e amplas calçadas arborizadas e equipadas com mobiliário urbano foram projetadas e construídas. Olhando para os padrões de desenvolvimento das décadas recentes, é evidente que muitas cidades européias deixaram sua marca. Em termos de política, as cidades holandesas, alemãs e escandinavas estavam entre as primeiras em experimentar novos tipos de espaços urbanos. Mais recentemente, muitas cidades do sul e centro da Europa seguiram o exemplo. A política de retirada dos carros e oferta de melhores condições para a vida urbana continua a ser

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principalmente um fenômeno europeu, mas é interessante notar que políticas urbanas correspondentes podem ser encontradas em cidades da mérica do Norte e do Sul da Ásia e Austrália. (GEHL, 2002: 19). Ainda que com menor intensidade, a análise de Luis Sergio Abrahão demonstra os rebatimentos, nas áreas centrais da cidade de São Paulo, da dimensão sócio-política então atribuída à materialidade das ruas e praças. O pesquisador inicia a análise do tema pelo VIII Congresso Internacional da Arquitetura Moderna – O Coração das Cidades –, partindo para estudo do pensamento desenvolvido nos encontros do Team X. Busca, assim, entender os desdobramentos desses discursos nos anos 60, em Jacobs, Aldo Rossi e Henri Lefebvre; bem como nos anos 70-80, no pensamento de Carlos Nelson Ferreira dos Santos. Trata dos primeiros projetos que intencionaram devolver aos pedestres a possibilidade de caminhar pelas ruas do centro. A operação Centro em 1979, concretizou tais ideais discutidos alguns anos antes nos Seminários Internacionais de Revitalização de Áreas Centrais. Ainda que estas transformações tenham, de fato, alcançado a discussão do urbano no âmbito das cidades brasileiras, precisa-se salientar que, em grande parte das aglomerações urbanas, a exemplo da própria metrópole paulista, as políticas rodoviaristas, que construíram de forma predominantemente o tecido urbano e possibilitaram sua expansão conseqüente, continuaram e continuam até os dias de hoje determinando de forma preponderante as políticas sobre o meio urbano.

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2. CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS 3.1. Ambiguidade do espaço público contemporâneo I Espaços do consumo I Espaços do espetáculo 3.2. A transformação na concepção do espaço público I Do funcionalismo ao espaço do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espaço urbano 3.4. As noções diversas de lazer I vivência europeia e vivência latino-americana


2.3. Novas paisagens urbanas Arte e espaço urbano A pesquisa sobre os novos espaços urbanos tornou-se então, na transição para o novo milênio, destacadamente na Europa, bastante fecunda. Surgiram pesquisas interpretativas que buscaram no lúdico às bases para a fomentar novos conceitos de lugar e novas experiências humanas nos espaços de apropriação e convívio comum. Sem assertivas dogmatizantes nem manifestos, aqueles que desenhavam a cidade passaram a fazê-lo de forma mais liberta, e, essencialmente, heterogênea. Criando, portanto, espaços diversos entre si, ímpares e inusitados. A arte insere-se assim na discussão sobre os espaços urbanos, aproximando-se do desenho urbano e tornando-se, então, parte intrínseca destes projetos. “Assim, uma gama maior de tendências artísticas, a exemplo da arte conceitual, irá participar das estratégias de desenho/projeto, que contarão com novas interpretações do estruturalismo e da semiologia, ao mesmo tempo em que se aprofundam em investigações mais sistemáticas e críticas da abstração, elemento-chave na cultura moderna. As intervenções inseridas nestes contextos passam a fazer releituras nas quais mecanismos normalmente ligados às artes plásticas são revisitados. Surgem atitudes de projeto que fazem referência a Landscape Art, que inserem elementos como “objects trouvés” em uma esfera mais surrealista ou ainda utilizam ready-mades, introduzindo no espaço aberto objetos (re)elaborados a partir de mudanças de escala, de contexto ou de significado, explorando o valor do choque que provocam fora de sua situação convencional”.(CAIXETA; FROTA, 2006: 68) Dentre as cidades européias, Barcelona, tem, em todo esse processo, papel de fundamental relevância e destaque. É, na conceituação de Eliane Caixeta e José D’Aló Frota, uma marco teórico e referencial. As pesquisas desenvolvidas nesta cidade lançaram novas bases para o pensar e agir sobre os espaços urbanos contemporâneos. De modo que, hoje, tem-se, pelos conceitos desenvolvidos e pelos projetos já implantados e em andamento, uma profícua base metodológica para análise. Foi em Barcelona que primeiramente surgiu o conceito de “cidade recuperada. Foi também sua administração municipal aquela que introduziu uma política para os espaços públicos de destacada eficiência e operacionalidade.

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Em 1980, Oriol Bohigas junto à outros arquitetos-pesquisadores do Laboratório de Urbanismo da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona (ETSAB) conceitualizam uma ação sobre a cidade que não se pautaria mais sobre a análise e atribuições de usos, mas se daria pela análise detida e atenciosa de seus mais singulares elementos urbanos. Assim como mostra um extenso e recente estudo sobre a gestão da paisagem – Gestion del paisaje¹ - as intervenções de escala local são significantes e também atuam na formalização da paisagem urbana, ao passo que as intervenções estruturantes determinam as relações ou as permanências sobre o espaço urbano como um todo. Abandonaram, naquele momento, o urbanismo dito quantitativo, fugindo da abstração dos instrumentos e técnicas mais distanciados de controle urbanístico. Para, então, agir segundo um repertório de ações pontuais e criteriosas, dada a proximidade para com o objeto. As intervenções fizeram parte de uma vontade em recuperar a identidade da comunidade catalã, de modo que, além das intervenções pontuais no centro e nas periferias, também agiram sobre o território, estendendo-se a diversas cidades e povoados da Catalunha. Bohigas baseiam-se em um método que denominou por modo metástico. Tirado das ciências biológicas, este método baseava-se na concepção de que as ações pontuais, metástases, irradiariam, indiretamente para seu entorno, os benefícios da atuação direta e localizada. De forma a provocar transformações em grandes áreas da cidade, pela dispersão das ações locais sobre o território. Prevalecendo, por fim, uma ação homogênea sobre todo o território de Barcelona, deixou de existir sentido na discriminação entre centro e periferia. Cada porção da cidade passou a ser dotada de significado e peculiaridade. Em 2006, a cidade sedia a IV Bienal Europeia da Paisagem como uma das cidades de mais expressiva produção paisagística no contexto europeu e mundial.

NOTA: 1. BUSQUETS, Jaume e CORTINA, Albert (coords.). Gestión Del paisaje. Manual de protección, gestión y ordenación del paisaje.

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2. CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS 3.1. Ambiguidade do espaço público contemporâneo I Espaços do consumo I Espaços do espetáculo 3.2. A transformação na concepção do espaço público I Do funcionalismo ao espaço do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espaço urbano 3.4. As noçoes diversas de lazer I vivência européia e vivência latino-americana


2.4. As noções diversas de lazer e espaço público urbano A vivência européia I A vivência latino-americana São bem conhecidas, de senso comum, algumas das características mais marcantes que discriminam tais culturas, no entanto uma pesquisa de bases cientificas intenta explorar com propriedade o que diferencia o lazer do europeu do lazer dos latino-americanos², o que torna diferente a apropriação e uso dos espaços do lado de lá (America do Norte e Europa) dos de cá (América Latina). Faz-se importante tal análise para que não estudemos os projetos de um e outro lugar de forma indiscriminada, nivelando-os erroneamente sobre as mesmas bases. Camargo inicia a análise destacando três categorias: tempo, espaço e atividade. A primeira e mais direta influência sobre o conceito de lazer – o tempo – está relacionado à Jornada de Trabalho. As bases brasileiras para análise comparativa são insuficientes, de forma que o que se pode afirmar foi que os países desenvolvidos tem mais tempo de lazer do que de trabalho. Enquanto que nos países da América Latina não se tem indícios dessa inversão entre horas de trabalho e horas de lazer. O tempo de férias remuneradas na legislação brasileira estagnou-se nos 30 dias anuais por ano de trabalho; e no âmbito da aposentadoria os números brasileiros equivalem aos norte-americanos. A discussão sindical acerca da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais é existente no contexto brasileiro. No entanto, a onda de flexibilização é predominante. O autor discrimina dois caminhos desse processo, o primeiro diz respeito a flexibilização dos horários – “permitem ao trabalhador administrar seu tempo em função das peripécias do cotidiano, podendo trabalhar mais num dia e menos num outro, por conta de seus compromissos pessoais externos ao trabalho”(DE LIMA CAMARGO, 2010: 6 ) – no segundo, a jornada varia de acordo com a demanda

da produção. Quando há maior demanda, a jornada se estende até o limite máximo de 44 horas semanais, se não, ao mínimo de 36. Os dois caminhos tendem a acrescentar tempo de lazer ao trabalhador. Entretanto, há também o perigo iminente da desregulamentação da jornada de trabalho. Neste caso, benefícios como o salário e o tempo livre, já garantidos por lei, estariam ameaçados. Com relação às atividades exercidas pelas culturas em análise, viu-se que todas realizam o mesmo tipo de atividades de lazer, como: ida à teatros, cinemas, concertos, centros culturais, restaurantes, parques verdes. A taxa cresce tanto nos países desenvolvidos (Europeus e Norte americanos) quanto nos subdesenvolvidos latino-americanos. No entanto, os números destes último são comparadamente menores. Os equipamentos, da mesma forma, são de igual natureza;

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a diferença é sempre de quantidade e qualidade. Os espaços por aqui, na América Latina, são, portanto, em geral, menos abundantes e menos qualificados, dada a inferioridade da situação socioeconômica. No entanto, vale também lembrar que as conformações desiguais no espaço intra-urbano (VILLAÇA, 1998) não excluem tal discrepância mesmo no âmbito de uma mesma e única cidade. Destaca-se, então, outro aspecto de tempo. O tempo passado em casa. As atividades de lazer doméstica tem grande participação no lazer cotidiano dos latino-americanos –

“Na América Latina, como de qualquer forma também na Europa e na América do Norte, encontramos, de um lado, a casa, a fortaleza do lar e as atividades que aí se desenrolam, na metade midiatizadas (tevê, radio, jornais, livros, revistas, internet) e na metade não midiatizadas (hospitalidade doméstica, cuidados com animais e plantas, todas as espécies de bricolagem e trabalhos manuais) que constituem práticas cotidianas, e, de outro, as atividades de lazer extradoméstico (parques, cinema, teatro, espetáculo, turismo de prazer) que ocorrem apenas dentro de uma participação mensal ou anual. (LIMA CAMARGO, 2010: 6). “A cidade latino-americana torna-se uma cópia mais pobre, ou mesmo uma caricatura da cidade européia ou norte-americana.” (LIMA CAMARGO, 2010: 10).

Qualquer um poderia dizer sobre as diferenças entre a postura dos latino-americanos e europeus e norte-americanos com relação à hospitalidade. Esse é mesmo um elemento de grande diferenciação na percepção dos usos dos espaços urbanos nestas diferentes culturas. De fato, os primeiros são muito mais abertos à conversa com o outro, com o estranho, nas ruas. No entanto, a postura generalizada destes não deixa de determinar um comportamento que é também superficial. Diferente do contato com o europeu, por exemplo, que é mais fechado; porém, quando estabelecido, é mais íntimo. […] os manuais de turismo reforçam um imaginário muito rígido dos dois lados. Por exemplo, a um brasileiro que é convidado para uma festa em qualquer cidade da Europa ou América do Norte, eles recomendarão muita atenção : é preciso chegar sempre na hora marcada, ir embora à também na hora marcada, prestar atenção às regras de etiqueta, não constranger seus anfitriões com gargalhadas, com o familiar segurar pelos braços, pois as pessoas lá não gostam de contato físico, de exteriorização das emoções; não se deve dirigir a palavra a alguém sem ter sido formalmente apresentado, pois as pessoas são mais formais, nunca perguntar sobre questões da intimidade, nunca se deve ultrapassar uma porta sem ser convidado, ou autorizado pelo seu anfitrião. Um europeu lerá como recomendações para o caso de ser convidado para uma festa familiar no Brasil, que ele não deve ser de forma alguma pontual, que o melhor é chegar com um certo atraso (15 a 30 minutos) pois seus anfitriões também não estarão prontos na hora marcada; que ele não se espante se as pessoas o abraçam e o apertam demasiadamente; que, ao contrário, devem tentar retribuir; nenhum problema, ao contrário, em comer e beber muito ! Quanto à hora de ir embora, também não deverá ficar impaciente. Aliás, ele deverá considerar sempre a possibilidade de lá ficar e dormir, seja porque bebeu muito seja porque seu anfitrião ignora o dever de dar atenção a todos os convidados e resolve monopolizá-lo durante toda a noite ! (LIMA CAMARGO, 2010: 11). O autor questiona-se acerca da validade desses conceitos já carregados de sendo comum, sem poder negá-los nem confirmá-los de fato. Assume que tais caricaturas constituem um certo folclore, porém afirma relembra ainda a afirmação do filosofo italiano Domenico de Masi “a gente escuta mais gargalhas em um dia no Brasil do que em uma semana na Itália e em um mês inteiro na Suécia”(citado em LIMA CAMARGO, 2010: 12). Neste texto, o autor procura deixar claro que o lazer de que trata não é aquele que compõe a oposição tradicional lazer-trabalho. Esse lazer dizia respeito àquele tipo de sociedade, que acabara de chegar às cidades e ainda habituava-se aos meios de vida urbanos. Na contemporaneidade, o lazer define-se de modo distinto. Ele teve seu tempo conferido pela

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revolução técnico - cientifica (maior produção, menos trabalho), e mais do que é isso, esse tempo é voltado ao gozo, ao divertimento; não ao aprimoramento da formação educacional nem à vida política. Conclui-se que o lazer moderno é um produto do processo de urbanização não sendo produto das sociedades desenvolvidas; já que as manifestações culturais em São Paulo surgiram antes mesmo do inicio de seu processo de industrialização em fins do século XIX. Caracteriza-se por fim o homem cordial, de HOLANDA, um sujeito que guarda em si a herança da sociedade rural misturada à conduta que aprendeu a exercer no seu novo meio, o urbano – “Não se trata do homem

gentil, sorridente, sem agressividade, mas de um indivíduo que está perdido em algum ponto da transição da sociedade rural (que, entre nós, foi a dominante até os anos 1960) e a urbana, e, em conseqüência, dotado de uma cultura misturada com elementos da sociabilidade tradicional (marcada pelo gosto da proxemia e mesmo da intimidade) e da sociabilidade urbana (marcada pela distância, pela etiqueta). Do ponto de vista da vida em sociedade, esta cordialidade implica em alguns atributos daquilo que ele chama o caráter do povo brasileiro […].”(LIMA CAMARGO, 2010: 12).

Somos meio urbano, meio rurais. A especulação que se faz, por fim, é de que essa mescla de elementos que formam o caráter, especificamente do povo brasileiro, determina a peculiaridade de sua expressão comportamental em meio ao espaço público. Nas cidades européias, de urbanização consolidada, a esfera pública pode ser vivenciada nos espaços urbanos acolhedores, onde se pode desfrutar da urbanidade, “ver e ser visto”. Nas cidades latino-americanas, sobretudo em suas áreas periféricas, não é do mesmo modo que os espaços livres públicos se apresentam aos moradores destas regiões mais pobres. A última análise que se faz é a respeito do estranho caráter festivo da população latino-americana. Tal festividade pode ser relacionada ao conceito já usado aqui e melhor explorado pela psicanalista Maria Rita Kehl³. Essa estudiosa classifica a sociedade atual como a sociedade do gozo; na qual os eventos produzidos em função do próprio sistema econômico precisam ser desfrutados em sua máxima intensidade, freqüência em todas as baladas, viradas noturnas, muita música, muita bebida, muito cigarro, muito consumo. É preciso estar em festa, em velocidade entusiasmada, para evitar maiores reflexões sobre o status quo social. ‘Paradoxalmente, durante os anos 1950, o tempo tradicional contaminado pelo sentido da festa era considerado uma dificuldade a ser superada no caminho do desenvolvimento, na direção de uma industrialização que se estimava urgente. Para o melhor e o pior, nós não alacançamos este objetivo. Para o pior, continuamos com a etiqueta de país emergente, com todos os demônios que acompanham esta expressão. Para o melhor, nós temos manifestações culturais originais. Para o pior, basta olhar nossas cidades. Para o melhor, esta cultura tradicional, a se crer nos economistas do turismo e do desenvolvimento, torna-se hoje um recurso econômico. Todas as ações de valorização do patrimônio cultural inspiram-se nesta crença. Tudo se passa como se, para falar como Sérgio Buarque de Holanda, mais a cordialidade com face lúdica e menos a etiqueta com a sua face séria torna-se a regra de uma urbanidade de duas faces. De um lado, ela é contagiada pela alegria, feita de riso. De outro, sendo o lúdico mais flexível em relação às regras, esta urbanidade abre a porta às patologias da diferença e deve aceitar as conseqüências. ’ (LIMA CAMARGO, 2010: 12). NOTAS: 2. “América Latina é a reunião de dois grupos de sociedades, conforme a referência às linguas e aos colonizadores : de língua espanhola, reúne mais de vinte países, do México ao Norte, até a Argentina e Chile ao Sul, cada um deles tendo peculiaridades não apenas nas suas regiões como em relação aos outros; e de língua portuguesa, com apenas um país, o Brasil, mas de dimensões continentais e com profundas diferenças culturais no seu interior (DE LIMA CAMARGO, L.O.) 3. Psicanalista, clinicando desde 1981 com adultos, em consultório particular. Doutora em psicanálise pelo Departamento de Psicologia Clínica da PUC de São Paulo. Conferencista, ensaísta e poeta. Participação na imprensa desde 1974 com artigos sobre cultura, comportamento, literatura, cinema, televisão e psicanálise. Autora de ensaios em diversas coletâneas.

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3. O ESPAÇO I preexistências


3. O ESPAÇO I preexistências 3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAÇO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE 3.1.2. Espaço em estudo 1 - ESPAÇO EM PROJETO 3.2. Estudos pré-projetuais 3.2.1. Espacialidade e Usabilidade 3.2.2. ENTORNO I VISTAS


3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAÇO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE

Um questionamento que norteou o desenvolvimento deste trabalho - ESPAÇO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE Uma história social de três áreas livres e públicas no Conjunto Habitacional “Pe. Manoel da Nóbrega” COHAB Itaquera IB - foi o modo como se dá a relação

ESPAÇO EM PROJETO

entre o público e o privado na configuração sócio-espacial do meio urbano. O modo, sobretudo, com que o seu desenvolvimento desigual acaba por definir a história social de cada região de uma cidade. É abordada uma gama de questões referentes ao desenvolvimento da cidade de São Paulo e sobre seu processo bastante acelerado de crescimento urbano e de periferização. As migrações em massa, as políticas públicas no âmbito do desenvolvimento industrial e as ações no campo da questão habitacional são assuntos correlatos, quando se pretende discutir a conformação espacial observada hoje nesta cidade. É a partir de objetos específicos – três espaços da COHAB Itaquera IB – Padre Manoel da Nóbrega – que esta pesquisa pretende abordar a configuração dos espaços livres públicos na realidade urbana da periferia leste da cidade de São Paulo e a destinação, nem sempre recorrente, destes espaços como loci das relações urbanas de caráter coletivo. Entender a história social dessas áreas, ou seja, os processos sociais, econômicos e políticos que agiram, e que ainda agem, sobre elas, ao longo do tempo, eque lhes conferiram suas atuais configurações de estado e uso foi intuito principal deste estudo.

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consulta à população confirma esse caráter meramente funcional do espaço. É verdade que usos de lazer podem ser observados, principalmente por jovens na faixa de 12-18 anos, mas não é possível, dada sua inospitalidade, considerá-lo, como espaço de lazer. Apenas 2 em 15 pessoas assim o consideraram. Ainda que, muito provavelmente, não o considerem devidamente qualificado para tanto. Com a ocupação indevida dos esqueletos deixados após a demolição dos prédios até mesmo seu uso de trânsito de pedestres ficou prejudicado. Era, de fato, inaceitável que esta condição se estendesse. De modo que os moradores dos prédios limítrofes ao terreno, sob organização de seus síndicos, trataram de desenvolver um abaixo-assinado para a demolição das estruturas residuais. Reivindicaram a demolição destas últimas por mais de 20 anos, insistentemente. Apenas há cerca de um ano e meio, em 2007, obtiveram uma resposta por parte do Poder Público Municipal. Por meio do contato com um assessor da Subprefeitura da Penha, Waldir Alves da Silva, chamado por Waldir Serralheiro, há muito tempo conhecido pelos moradores da região leste, os prédios abandonados foram finalmente demolidos.

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3.1.2. Espaço em estudo 1 - ESPAÇO EM PROJETO Terreno baldio é a expressão comumente usada para a denominação de espaços similares a este. Sua configuração é de total abandono e descaso, de total ausência de manutenção ou mesmo de qualquer atenção despendida. Ainda escondidos sob o mato crescido que domina boa parte desse espaço estão os resquícios de uma ocupação que precede seu atual abandono. Antes, apenas para deixar claras as questões territoriais, o espaço em estudo 1 não está totalmente inserido nos limites do Conjunto Itaquera IB Pe. Manoel da Nóbrega. Uma porção de seu espaço fica situada no Conjunto Itaquera IC Pe. Manoel de Paiva. Entretanto, para efeitos práticos e de relação urbana tais divisões não tem muito sentido ou relevância. Originalmente, segundo os cálculos estatísticos feitos pela COHAB-SP quando do estudo da área de implantação de seu conjunto, parte deste espaço foi denominada como área verde (A.V.), atualmente sob posse da Subprefeitura da Penha, e outra parte como Área Reservada para a COHAB-SP. Quanto a esta ultima área, a Companhia diz pretender a obtenção de recursos para iniciar novas obras de habitação. A área verde (A.V.) não possui, no momento, qualificação alguma; e isso se deve, em grande medida, ao próprio desconhecimento da subdivisão municipal de governo acerca dos espaços públicos que estão sob sua responsabilidade. Não se conseguiu, ainda, nenhum parecer sobre ações futuras da Subprefeitura, se é que alguma ação está sendo, ou será em algum momento, pensada. Na Área Reservada para a COHAB-SP, deste espaço, foi iniciada a construção de blocos de habitação durante a administração de Jânio Quadros da Prefeitura da Cidade de São Paulo (1985 - 1989) pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Os prédios foram construídos e tiveram o processo interrompido pelo Ministério Público antes de conclusas suas obras. Não receberam sequer seus novos moradores. Os prédios apresentaram infiltrações severa mente danosas que acarretaram sua não ocupação naquele momento e retardaram qualquer ocupação posterior por blocos de habitação. Ao invés de serem posteriormente demolidos, os esqueletos de prédios foram deixados no local. A tais estruturas mortas logo foram atribuídos alguns outros usos, mais que indesejados. Grupos de usuários de drogas passaram a se reunir ali, criando grande insegurança aos demais moradores da região. O espaço não possuía, nem possui até o presente momento qualquer qualificação ou função atribuída. Apenas configura-se como uma passagem, é mesmo um corte de caminho, um atalho de percurso bastante desagradável, porém muito utilizado pelos moradores das proximidades.

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Alguns comerciantes, residentes do próprio conjunto, relatam que, sem a construção que dava abrigo à ação de traficantes e usuários de drogas, julgam o local seguro apesar de seu aspecto ruim. Podemos observar com isso o modo como os antigos moradores, comerciantes de garagem, tão típicos desses Conjuntos Habitacionais, servem como valiosos “olhos da rua” (JACOBS, 1961), zelosos pelo bem estar de seus vizinhos e de todos que por ali precisem transitar. Ainda assim, apesar da conceituação do espaço como seguro por alguns desses moradores, a consulta pública realizada não reafirma essa opinião. A grande maioria, 87% dos consultados, considera o local inseguro, e 67% considera inseguro em todos os períodos do dia. Todos vêem como necessária a provisão de algum tipo de qualificação ao espaço para que essa condição indesejada seja transformada. É unânime a opinião de a manutenção despendida pelo Poder Público é insuficiente. Quanto a isso, nem precisamos nos delongar. É muito claro que a população não está satisfeita. O espaço dá margem à ocorrência de muitos usos indevidos, são precisas e enfáticas as opiniões de moradores que relatam ser qualquer uso que ocorra ali, pela simples razão de ali acontecer, inadequado. O espaço é, sobretudo, Fotos dos esqueletos de prédios , tiradas no dia da demolição, em 2007. FONTE: Revista Waldir Serralheiro (antigo assessor da Subprefeitura da Penha); obtida com síndico de um dos prédios limítrofes ao espaço em estudo 1 .

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inadequação a qualquer uso que se pretenda benéfico à população. Sua constituição material, física, é limitante; compromete qualquer apropriação. É recorrente que mesmo aqueles que ali moram, nos prédios mais próximos e na região, entendam ser também indevida a própria manutenção que os próprios moradores conferem ao espaço. É certo que o lugar não condiciona nenhum tipo de apreço ou de sensibilização ao seu cuidado mais afeito. No entanto, uma ação de descaso, que parte de um dos lados, o da municipalidade, poderia, ao menos, não ser reforçada, com mais descaso da população. Que é, em verdade, a que mais deveria se preocupar. Uma pequena parte se mobiliza, e consegue, depois de muitos anos, para o beneficio de todos, a demolição de um resquício que era mesmo símbolo dessas posturas. No entanto, a mobilização é, comumente, muito reduzida. O despejo de lixo e entulho no local é o uso inadequado mais apontado pela pesquisa com a população e pelas constantes visitas, até mais do que o uso corrente do espaço para o consumo de entorpecentes. Alguma qualificação ao local talvez minimize a noção, que alguns munícipes têm, de que o espaço está ali à disposição, para receber o lixo que eles geraram e com cuja destinação não quiseram muito se preocupar.

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Em função disso, não é um fato isolado a intenção de alguns moradores, na ausência de ações governamentais, de tomar para si a responsabilidade sobre alguma mínima qualificação do espaço. É ouvido de alguns moradores do local que, cansados de buscar resposta da Subprefeitura, investiriam eles mesmos na implantação de equipamentos para o local – geralmente, brinquedos de parque infantil, caso obtivessem permissão. É de se esperar, a partir disso, outras ações que são conseqüentes. Para que se garanta a boa manutenção dos equipamentos, muito provavelmente, aqueles que ali os colocaram considerariam a necessidade de restringir, de algum modo, seu uso, ao menos em determinados períodos do dia; ou até mesmo, talvez, restringir seu uso por determinado público que não se considere adequado. O que se percebe, com isso, é que um espaço, que é público, tem nesse tipo de apropriação, cuja intenção, sem dúvida, não é outra que não a de conferir ao espaço algum uso e alguma vida, um forte comprometimento. Passa-se a entendê-lo, com isso, como espaço sob cuidado de alguns poucos, e assim, como espaço sob a manutenção destes poucos, até que enfim, como espaço sob algum tipo de posse destes poucos.Alguma noção de privado e, portanto, de restrições, passa a pairar sobre este espaço público,

atingindo incisivamente este seu caráter elementar. A possibilidade de uso, que é de toda e qualquer pessoa, torna-se, assim, muito facilmente, inibida. Ocorre, neste sentido, uma problemática confusão ou, mais precisamente, uma inversão quanto às competências e atribuições de cada uma das partes que definem a relação entre o público e privado. O risco dessa ambigüidade, então, criada precisa ser considerado. Quando questionados, os moradores mostram terem idéias diferentes acerca da destinação desejada ao espaço. Houve certa predominância quanto à vontade de que ao espaço seja direcionada à implantação de algum equipamento de saúde (46%). No entanto, uma conclusão mais refinada, que possa embasar um projeto futuro, requer ainda uma pesquisa mais generalizada e de maior e mais ampla aproximação com os moradores. As pesquisas projetuais, sobre este espaço, a serem realizadas na próxima fase da pesquisa terão na ampliação dessa consulta pública um constituinte fundamental. Uma vez demolidos os tais esqueletos de prédios, nada mais aconteceu e nem acontece nesse espaço, e isso, por si só, já é um erro. É inaceitável que este local, com seu aspecto atual – um matagal extenso e descontínuo, um terreno lamacento, com uma escassa ou mesmo total ausência de iluminação pública, – se mantenha como o espaço livre urbano que é oferecido a população que ali habita.

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3. O ESPAÇO I preexistências 3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAÇO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE 3.1.2. Espaço em estudo 1 - ESPAÇO EM PROJETO 3.2. Estudos pré-projetuais 3.2.1. ENTORNO I VISTAS 3.2.2. Espacialidade e Usabilidade


ESPAÇO EM PROJETO

3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pré-projetuais I 3.2.1. ENTORNO

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ESPAÇO EM PROJETO

COHAB Itaquera I ABC 3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pré-projetuais I 3.2.1. Zona ENTORNO leste SP

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ESPAÇO EM PROJETO 3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pré-projetuais I 3.2.1. ENTORNO

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3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pré-projetuais I 3.2.1. ENTORNO

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3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pré-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA NORTE

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3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pré-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA SUL

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3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA LESTE

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3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA OESTE

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3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA PANORÂMICA 35


3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA PANORÂMICA 36


MUROS

PIPAS FUTEBOL atividades diversas

ESPAÇO CENTRAL

lixo

movimento constante PERCURSOS

MUROS

Acesso à feira livre de sábado (à rua paralela)

O uso do espaço para recreação é corrente, principalemente nos fins de semana e em períodos de recesso escolar. Utilizado por crianças e adolescentes, normalmente envolvidos em atividades como empinar pipa ou jogar futebol.

percursos mais intensos e frequentes, durante toda porção de dia claro. Marcados no solo, pelos riscos sem gramado.

Muros construídos pelos prédios, a fim de delimitar seu próprio lote - deixado aberto por uma mistura ambígua de políticas fracas de habitação e adoção equivocada da concepção modernista de térreo livre e público. Muros de construção precária, sem concordâncias com os demais lotes, nem com o espaço externo.

MUROS

S

O UR

M

lixo

MUROS caminho murado

estar conversas dia

Porção marcada pelo desnível de aproimadamente 4m, em relação ao centro do terreno. Faixa também utilizada como meio de cruzar o espaço do terreno, principalmente por aqueles que pretendem acessar a travessa Antônio Brunelli - caminho murado adiante.

caminho de escassa visibilidade e insegurança consequente

lixo

BAR LAN HOUSE movimento constante ‘olhos da rua’ visibilidade

lixo lixo

Acesso à feira livre de quarta-feira

FUTEBOL PIPAS

conversas - interações dias e noites todos os dias

Os muros delimitama divisão entre o terreno e os lotes vizinhos, realizando também a conMUROS ALTOS tenção do terreno vizinho, em cota superior de aproximadamente 12-13 metros. Os muros estão aos pedaços e fragmentados, pelos já ocorridos desmoronamentos. MUROS ALTOS

3. O ESPAÇO I preexistências I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.2 Espacialidade e Usabilidade

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4. O ESPAÇO I proposições


4. O ESPAÇO I proposições 4.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL 4.2. PROPOSTA PROJETUAL I elementos PERCURSOS I interações TRANSIÇÕES I half pipe e bowl PERMANÊNCIAS I bancos e iluminação IMPERMANÊNCIAS I elementos vivo EXPERIMENTAÇÕES I cercamentos


5.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL A conclusão deste estudo é o projeto. Neste projeto de espaço livre e público urbano o que se tentou, enfim, foi propor um pouco a mais. Propor a revisão, por meio de um desenho que pudesse, aliado à pesquisa acerca das experimentações paisagísticas mais destacadas na contemporaneidade, chamar a atenção para a condição vazia daquele espaço. Vazia, por materialidade, claramente. Mas também, vazia de sentido, de relações, de permanências. Conformado pelos muros erigidos no limite de cada lote de cada prédio e, também, por desacertos administrativos e políticos, em ampla escala, esse espaço chamou a atenção à pesquisa e à proposição projetual conseqüente por estar, em sua história ou não história, em seu lugar ou não lugar, arraigado de questões latentes basilares à construção dos espaços livres urbanos e do pensamento que se faz ou que se deixa de fazer sobre eles. A revisão de um paradigma moderno – o qual modificou antigos espaços e projetou tantos outros, desconstruindo e construindo tradições – as conseqüentes transformações acerca da concepção e ação sobre o meio urbano –que se fizeram mais destacadas em países europeus – assim como a ousadia de projetos como aqueles realizados em Barcelona, bem como as diferenças entre o contexto europeu e latino americano foram temas que cercaram a apropriação que se tentou fazer desse espaço como resultado propositivo de seu estudo. Entendê-lo como ambiente cercado destas tantas questões, torna seu estudo e projeto um exercício que permeia, inevitavelmente, o limite entre sua realidade atual e concreta e outras possibilidades de vida urbana, hoje remotas. O projeto não poderia deixar de ser realizado neste limiar, não poderia deixar de realizar essa busca, ainda que se entenda que sem a tomada de postura reivindicatória dos próprios moradores mais interessados, dificilmente um espaço livre como este seria mais que um gramado aparado, com uma ou outra árvore, e equipado com banquetas de concreto. De início, este espaço apresentou-se como um local de não permanência. Um local que se definiu por caminhos, atalhos e cortes de caminho. Faz-se movimentado durante a luz do dia pela passagem bastante constante de pessoas. Deste modo, o desenho do espaço iniciou-se pelos percursos, pelas linhas traçadas no próprio solo em que fica o rastro sem gramado. Diferente de outros terrenos em desuso de condição similar, sua morfologia definida como espaço entre e não encerrado em si, faz com que sua vida exista nesta atividade rotineira do ir e vir. E nesta movimentação, foram desenhados caminhos compostos por faixas que se ampliam e se encontram, definindo uma trama. Nestas tramas pontuam-se os locais de encontro e de permanência. A fim de constituir esses espaços, que não se criariam apenas com percursos, usou-se de algumas reentrâncias do limite construído pelos muros para determinar espaços reservados ao uso comercial de pequenas lojas, como vendas de alimentos, bebidas, itens básicos, etc. Os estudos de Whyte Junior, de Jane Jacobs e Jan Gehl são alguns que enfatizam a relação entre a diversidade

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de usos e a diversidade de usuários e de vida urbana. Pequenos estabelecimentos de alimentação, no espaço mais amplo, ao lado leste do terreno intentam criam ali um grande espaço de estar, de conversas e de animação. Os dois pontos comerciais em porta de garagem que ali existem, um bar e uma lan house, já conferem ao local a permanência de um pequeno grupo de amigos e fregueses assíduos, em praticamente todos os horários do dia e todos os dias da semana. Este ambiente inserido no todo do projeto surge, tomando parte desse pequeno expoente de uso e permanência. Outros elementos que definem a permanência em espaços públicos, enfatizados também em Whyte Junior, são os bancos. As pessoas permanecem em locais em que elas possam se sentar. Os bancos desse projeto são extensos, não pretendem constituir-se em pequenas peças de mobiliário urbano, espalhadas pelo espaço. Surgiram, desde os primeiros desenhos, como elementos integrantes da morfologia do próprio terreno. Tomando parte de suas diferentes inclinações, tais elementos delineiam os caminhos e

têm seus comprimentos definidos. Em inclinações de 0,06 (6%), 0,07 (7%) e 0,08 (8%) os comprimentos variam, sendo respectivamente: 8,5m, 7,0m e 6,25m. Tais comprimentos são definidos diretamente da relação entre a altura do assento e a linha de inclinação. Em Julius Panero¹ foram buscadas as dimensões antropomórficas que refinaram os desenhos iniciais, esculpindo a forma do assento em acordo com as diferentes figuras humanas. O assento amplia-se em altura e largura, gradativamente, na medida em que ganha comprimento. De modo que, assim, conformam-se assentos que se adéquam aos diferentes percentis², como também às diferentes fases e tamanhos das pessoas, de crianças a adultos. Alguns deles partem do chão e ganham sua dimensão. Já outros começam na dimensão mínima e ganham dimensão, tendo, portanto, menor comprimento. As pranchas gráficas seguintes esclarecem essa descrição geral. A segurança do estar no espaço público tem na iluminação um item de fundamental importância. A iluminação no projeto divide-se entre iluminação pontual e periférica. As luminárias pontuais estão distribuídas pelos caminhos e intercaladas entre os bancos e os pontos de iluminação periférica permeiam o perímetro dos muros limítrofes, em seu ponto mais alto. A presença dos muros que delimitam este espaço, como já pontuada, é marcante e extremamente rígida em sua relação com o interior do terreno. Os caminhos existentes que o cortam predominantemente no centro e se abrem nas extremidades, por vezes constroem-se nas periferias, definindo caminhos escondidos pelas elevações do terreno e que se encostam nos muros. Isso é crítico no muro que limita o lado norte do terreno. Neste local, surgiu a necessidade de tentar modificar a rígida relação entre o plano horizontal e vertical. O ímpeto foi o de reformular, nesta linha a norte, essa relação. Pretendeu-se eliminar o ângulo reto, evitar que quaisquer caminhos ou atalhos pudessem se dar por ali. Transformou-se em curva o encontro ortogonal. A pista de skate e patins, chamadas pelos nomes em inglês de half pipe (meio cano) e bowl (piscina) significam aqui, para além do lugar para a prática desses esportes em si, elementos de transição. Todo espaço contém também suas não permanências, sua mutabilidade. Para além da inconstância trazida pelas pessoas em suas diferentes atividades e interações, a paisagem natural é também importante elemento mutante. As árvores, como elementos vivos, definem diferentes paisagens em seus diferentes ciclos de vida. Neste projeto, as cores que surgem no período de floração dos ipês amarelos e rosas e das eritrinas colorem o outono e o inverno. Os jacarandás e os paus-ferro colorem a primavera e o verão. Os esquemas visuais feitos em planta e no corte B-B pretendem ilustrar essa paisagem conferida pela combinação de diferentes espécies de árvores. Neste ponto, é possível evidenciar a congruência entre os elementos do projeto que estão separados em pontos neste memorial, mas que, em verdade, são pensados sempre de forma en_

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trelaçada e interdependente. No espaço de estar (a leste) conformado pela nova atividade comercial e pelos caminhos, são definidos, na trama de encontro dos riscos no chão, os pontos de plantação dos ipês amarelos. Nestas intersecções do desenho do piso, nascem os ipês de floração amarela (Tabebuia chrysotricha). Entre estes, no ponto médio, nascem as eritrinas (Erythrina speciosa), pontuando, no outono-inverno – período de floração dessas espécies – as flores vermelhas no conjunto amarelo. Ainda no outono-inverno, as mulungus (Erythrina verna) e os ipês brancos e rosas, em meio a paus-ferros e jacarandás – arvores em florem apenas no período da primavera-verão – participam dessa combinação de cores. Na primavera-verão, assim, a paisagem se transforma, os ipês e eritrinas recuperam suas folhas, já os jacarandás conferem o roxo de suas flores, as quais permeiam o amarelo da floração do paus-ferro. Toda essa transformação sobre o espaço proposta em projeto não designa, isoladamente, a despeito do desejo dos que o desenham, mudanças, sejam estas de pensamento, ideais, postura, políticas

ou sociais. O encontro e a troca entre diferentes pensamentos e idéias, que se dão nestes espaços, são os que podem, por sua vez, fomentá-las. Ao desenho do espaço cabe então, ao menos, tentar instigar tais interações. Isso é dito, pois, esse espaço teve sua conformação dada pelo cercamento de cada lote, numa tentativa abrupta daqueles moradores de transformar o espaço, a fim de resgatar um tecido urbano que lhes era mais conhecido – de distinções bem definidas entre o público e o privado. Essa circunstância – além de tantas outras como violência urbana, predomínio da individualização sobre o coletivismo, etc. – reforça, nos comentários tantas vezes ouvidos, a noção do fechamento. “Porque não fechar?”; “Poderíamos colocar um portão e fechar durante a noite”; “Queria fazer uma área para as crianças, colocar um cercadinho para proteger”. Essas são frases não literais, são escritas por memória. No entanto, são importantíssimas, pois marcaram decididamente esse processo de estudo e proposta. A noção, ou vontade, do fechar – cercar pesava sobre a vontade de pensar sobre o espaço comunal, das múltiplas interações e encontros. Nesse sentido, buscou-se neste desenho um elemento da paisagem que pudesse comunicar tais questões. Elemento este que pudesse materializar o fato de que a noção de proteção daquilo que é propriedade e de desdém do que é comunal não apenas persiste como é, cada vez mais, de grande predominância. Assim, o ipê branco tem aqui uma importância destacada. Decidiu-se cercá-lo. Em uma experimentação conceitual, pretendeu-se com isso explorar a simbologia do cercamento, ou enclausuramento, de algo vivo e comum. Para questionar a vontade de trancar, de guardar, garantir para si ou para poucos, o que é de todos. Criou-se, em três pontos do espaço, esse contraste incongruente entre algo vivo e belo, plantado no espaço de uso público, e a rigidez segregacionista dos limites criados. Neste sentido, quando esses limites cercam também pedaços dos assentos públicos, pretendem causar o estranhamento – “Se existe o banco público, porque está preso no cercamento?”, “Porque não posso sentar?”, Será que se pode sentar?”. Estudando, durante esses dois anos, entre pesquisa e projeto, a relação conflituosa entre os limites do público e do privado, tendo como espaço de pesquisa, a região do Conjunto Pe Manoel da Nóbrega (COHAB-SP), as possibilidades propositivas sobre os espaços públicos, ainda mais nesta conjuntura de região periférica, são sempre difíceis e limitantes. No entanto, a intenção deste projeto foi de rever conceitos e propor elementos e experiências, embasados em leituras e estudos e também em constantes observações e percepções pessoais sobre o espaço estudado, de forma a chegar num resultado que denotasse o interesse e a esperança acerca das possibilidades dos espaços urbanos.

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4. O ESPAÇO I proposições I 4.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 1_ especificações técnicas

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4. O ESPAÇO I proposições I 4.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 2_ representação ilustrativa (sem projeto de arborização)

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4. O ESPAÇO I proposições I 4.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 3_

representação ilustrativa do projeto de arborização (período outono-inverno)

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4. O ESPAÇO I proposições I 4.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 4_ representação ilustrativa do projeto paisagístico (período primavera-verão)

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3. O ESPAÇO I proposições 5.1. Conclusões : PROPOSTA PROJETUAL 5.2. PROPOSTA PROJETUAL I elementos PERCURSOS I interações TRANSIÇÕES I half pipe e bowl PERMANÊNCIAS I bancos e iluminação IMPERMANÊNCIAS I elementos vivo EXPERIMENTAÇÕES I cercamentos


interaçþes I percursos


Há também o percurso criado ao lado da pista halfpipe, de uso mais imediato dos esportistas, mas de acesso livre, e que dá acesso ao terraço a cota +815m.

Novas linhas estruturadoras do desenho surgiram a partir dos traços preexistentes. Estas foram definidas considerando as novas possibilidades de percursos e interações criadas por meio dos elementos projetados, em especial as áreas de atividade comercial

+815m

Duas linhas principais de percurso já se desenhavam no terreno, pela marca no solo da constante passagem. O projeto quis partir desses percursos materializados no espaço para a definição de seus caminhos e desenho do piso.

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Essa travessa conforma-se atualmente como um caminho estreito definido apenas pelas faces cegas dos muros que delimitam os lotes. Longo percurso murado, de precaria visibilidade e consequente insegurança. Por servir de acesso mais imediato à determinadas ruas e, principalmente, à estação de metrô Artur Alvim, o atalho é correntemente utilizado durante o dia, apesar da insegurança existir mesmo durante esse periodo, segundo relatos. A diversidade de usos e os ‘olhos da rua’ já largamente trabalhadas na literatura da área (JACOBS, 2001), não deixam dúvidas de que um elemento simples para a transformação dessa condição é a atividade comercial. dessa forma o uso do atalho pode se dar normalmente e com segurança. A importancia desse percurso já ali preexistente, portanto, se reforça.

Foram reservadas também áreas para pequenas lojas sob a laje à cota +815m, criada pela continuidade do nível da pista halfpipe que se inicia do limite oeste do terreno.

Os riscos sobre definem faixas sobre o piso que se ampliam e se interceptam constituindo tramas. As linhas definem a predominancia do percurso; e as tramas, a da permanência. Designou-se uma área comercial neste espaço que atualmente configura-se por meio dos barrancos de contenção do terreno em cota superior (à Sul). Muros aos pedaços delimitam precariamente os diferentes níveis existentes entre o terreno em projeto e o entorno, sendo mais extrema a condição dessa área cuja diferença entre niveis é a mais ampla, cerca de 12m. A determinação de área para comércio de alimentos e bebidas teve tanto a intenção de reduzir o grande recuo entre o limite do terreno neste ponto e seu ambiente central, como também de potencializar neste local a atualmente reduzida permanência.

estabelecimentos comerciais já existentes - uma lan house e um pequeno bar - são responsáveis pela escassa vitalidade e vigilância do local. Ainda que tal permanencia ao redor do ponto comercial seja

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CORTE E-E 0m

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transiçþes I pista half pipe e bowl


passagem de pedestres

A entrada e saída da pista faz-se por meio de uma rampa de leve inclinação (0,04- 4%), isolada do percurso dos pedestres. + 815m perímetro murado

trecho em halfpipe

+ 812m

“...a modalidade vertical é praticada em uma pista com curvas (transições) [...] A pista que apresenta a forma de ‘U’ é chamada de halfpipe e pode ser feita de madeira ou concreto. (em www.revistadeciframe.com)

trecho em bowl (“piscina”)

Terraço criado pela diferença de nível entre a declividade do terreno, de 8% no trecho paralelo ao lado, e a continuidade em nível, +815m, da pista de skate e patins. Pretende-se “É tida como uma das modalidades mais loucas de skate, pois é um espaço de encontro. praticada em piscinas vazias de fundo de quintal, que com suas paredes arredondadas são verdadeiras pistas de skate. Na realidade as pista de skate em forma de ‘Bowl’ (bacia) são inspiradas nas piscinas que tinham a transição redonda: azulejos e coping. O fundo redondo das piscinas americanas é para o caso de a água congelar, as paredes não arrebentarem, pois nesse caso o gelo se deslocaria para cima , não fazendo pressão nas paredes. Na década de 70, alguns skatistas californianos , mas precisamente de Santa Mônica, se aventuraram a andar e piscinas vazias. E assim foi criada a Pool Riding.

Como pode-se observar na vista panorâmica, de sentido OESTE-LESTE, existe nesta área uma descida abrupta de nivel, tendo como referência a área central do terreno. Essa faixa rebaixada já existente é delimitada à norte pelos muros cegos do prédios de habitação. De forma que, configura-se como um vão no terreno, desprovido de qualquer visibilidade a bastante atrativo ao despejo de entulho e outros lixos de toda natureza . Quis-se, então, modificar a relação entre o plano vertical do muro e o plano horizontal do solo. Morfologicamente, pretendia-se que deste vão, partisse-se para a construção de uma linha de relevo que marcasse essa vista (linha que pode ser observada no corte D-D). Encaixou-se a pista de skate nessa reentrancia do relevo, buscando eliminar a relaçao do vão com o muro, evitando a possibilidade de manutenção deste ‘beco’. À particulariade de nível deste trecho foi atribuída uma atividade determinada, um carater de espacialidade.

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permanências I bancos e iluminação


Três cabos entrelaçados, apoiados em dois pontos intermediários, constituindo juntos umaestrutura em tripé.

iluminação periférica

80 cm

1. “A definição dos percentis é bastante simples. Para qualquer conjunto de dados - o peso de um grupo de pilotos por exemplo - o primeiro percentil é um valor que, por um lado, é menor que os pesos de cada um dos 1% de pilotos mais leves e, por outro lado, é menor que os pesos de cada um dos 99% dos homens mais pesados. [...]. O percentil 50, que encontramos entre os valores médios como a mediana, é um valor que divide um conjunto de dados em dois grupos contendo os 50% menores e os 50% maiores desses valores. De modo geral o percentil 50 (ou o 50º percentil) representa o valor médio de uma dimensão para determinado grupo, mas sob nenhuma circunstância deve ser entendido como sugerindo que o ”homem mediano ou médio tem aquela dimensão corporal indicada. (PANERO, 2001: 34)

São dois os tipos de bancos projetados, estes se adaptam as três diferentes inclinações do terreno.Deste modo, existem seis diferentes dimensões variantes, sendo três originais (850, 700 e 625 metros) e trêsderivadas (540, 465 e 415 metros). O tipo original sai do solo, tendo forma de meia cruz, e atinge a dimensão final, já o derivado inicia na dimensão mínima da cruz completa e obtém suas dimensões máximas, sendo portanto adaptado a mesma inclinação do terreno que o de origeme tendo, consequentemente, menor comprimento.

comprimento

850 cm - 700 cm - 625 cm 0,06 - 0,07 - 0,08

comprimento

30m

50m

5º percentil infantil feminino (6 anos)

h= 33,3 cm

5º percentil infantil feminino 11 anos

h=39,9 cm

h=54cm

50º percentil adulto feminino

95º percentil adulto masculinop

22 cm

0, 1

22 cm

54 cm 10m

h= 26 cm

R

20 cm

04 0,

alguns dos referenciais antropométricos

0m

540 cm - 465 cm - 415 cm 0,06 - 0,07 - 0,08

50 cm

inclinação do terreno

R

20 cm

inclinação do terreno

iluminação periférica

20 cm

A iluminação da área projetada divide-se entre iluminação periférica, localizada no topo dos muros perimetrais; e pontual, por meio de luminárias distribuídas no espaço.

305 cm

170 cm

Os bancos desse projeto surgiram, desde o início como elementos integrantes da morfologia do próprio terreno. Tai elementos nascem do solo e ganham altura e largura conforme extendem-se pelo seu declive. Assim, eles acabam por criar assentos adequados aos diversos percentis¹ antropométricos do corpo humano, assim como também adequado às pessoas de diferentes idades e tamanhos, de crianças a adultos.

8 cm h= 39,9 cm

h= 33,3 cm

h=26 cm

R

0,

04

64

N


Nesse croqui de estudo Já existia a intenção de fazer do objeto banco um elemento integrado a morfologia do terreno, de modo a obter suas dimensões a partir da linha de inclinação deste último.

primeiras idéias

66


primeiras idĂŠias

67


Esse croqui da forma final ilustra o assento redefinido do banco, mais refinado quanto à antropometria. Mostra também os dois tipos de bancos projetados, sendo um tipo derivação do outro.

forma final

68


69


170 cm

80 cm

projeto das luminรกrias pontuais

E= 1: 15

70


impermanĂŞncias I elementos vivos


Jacarandá Mimosifolia Jacarandá Mimoso D = 10m h= 15m Tabebuia heptaphylla Ipê roxo ou Ipê rosa D= 12m; h= 20m

Caesalpinia leiostachya Pau-ferro D= 12m ; h= 30 m

Tabebuia roseo-alba Ipê branco D = 6m; h= 16m Tabebuia chrysotricha Ipê amarelo ou Ipê tabaco D = 8m ; h = 10m Erythrina Speciosa eritrina D = 5m ; h= 5m

0m

10m

30m

Erythrina Mulungu Mulungu do litoral ou Suinã D= 8m ; h = 14m

50m

72

N


Os Jacarandás e os Ipês Rosas preenchem a paisagem para aqueles que chegam pelo lado oeste. Dali, aparecem aqui e ali na massa de árvores que adentra o espaço.

Junto aos ipês brancos, que aparecem neste projeto também como elementos de caráter simbólico, as Mulungus criam uma composição branco-vermelha. intentou-se que as Mulungus, sempre acompanhecem os Ipes brancos, a fim de destacar seu corpo e a simbologia a ele atribuída.

Para a ambiência pretendida para este espaço, pensar a paisagem viva em toda sua mutabilidade foi elemento de grande importância. Pensou-se nas árvores e em suas impermanências, nos elementos que vem e vão, a cada temporada. Quis-se para este ambiente que se pretende do estar e do encontro, um inverno cheio de amarelo, pincelado de vermelho. Os Ipês amarelos localizam-se nas intersecções da trama criada pela encontro dos riscos delineados nos caminhos. No meio ponto de cada arco entre Ipês, estão as eritrinas, que se espalham também para além da massa de Ipês.

As eritrinas saem do trama, espalhando-se pelo espaço esparsamente, inserem-se no gabião e alcançam, mais adiante, à oeste, o outro acesso ao local.

0m

10m

30m

50m

72

N


A coloração aqui se transforma, e o roxo do Jacarandá Mimoso torna-se preponderante.

São os paus-ferro e os Jacarandás que, na primavera e no verão, conferem a coloração amarelo arroxeada à paisagem. Enquanto os Ipes Rosa, Mulungus e ipês branco recuperam suas folhas. Nesta época, o Ipê branco inicia a recuperaçao de suas folhas e termina sua floração. No cercamento então, a desnsidade do elemento enclausurado diminui e modifica-se a percepção.

Na primavera-verão a paisagem aqui se transforma,o verde se torna preponderante, em folhas de diferentes textura e aspecto.

A paisagem se torna mais densa e a sombra mais farta

No verão, quando os Ipês amarelos recuperam suas folhas, conferem sombra à constante presença do sol nas estações quentes. 0m

10m

30m

50m

74

N


0m 5m 10 m 20 m

Tabebuia roseo-alba Ipê branco

Jacarandá Mimosifolia Jacarandá Mimoso

Mulungu do litoral ou Suinã

Erythrina Mulungu

Caesalpinia leiostachya Pau-ferro

Ipê roxo ou Ipê rosa

10 m

Tabebuia heptaphylla

5m

Erythrina Speciosa eritrina

Tabebuia chrysotricha Ipê amarelo ou Ipê tabaco

0m 20 m

CORTE B-B

CORTE B-B

76

Tabebuia roseo-alba Ipê branco

Jacarandá Mimosifolia Jacarandá Mimoso

Mulungu do litoral ou Suinã

Erythrina Mulungu

Caesalpinia leiostachya Pau-ferro

Ipê roxo ou Ipê rosa

Tabebuia heptaphylla

Erythrina Speciosa eritrina

Tabebuia chrysotricha Ipê amarelo ou Ipê tabaco


experimentaçþes conceituais I cercamentos


Este espaço nasceu do cercamento. Não do cercamento de si mesmo, mas do cercamento de todos os outros. Este, como tantos outros, sobrou ali. A não implantação dos edificios que seriam aí construidos, na epoca de implantação desse conjunto, transformou uma área que seria, a priori, fechada à passagem, em um espaço aberto. Transformou-se em um espaço livre de edificações e também de transição. É muito predominante ainda essa noção do fechamento, de proteção do que é ‘meu’ e descaso com o que é ‘nosso’. Há mais de 20 anos atrás, esses moradores erguiram seus muros, pois sentiram em seu dia-a-dia a conflituosa relação estabelecida em um conteto de ambigua distinção entre o público e o privado. A chegada do transporte, de mais pessoas, de mais desconhecidos e mais insegurança contextualizaram também a reconstrução desse grande conjunto habitacional e geraram os espaço urbanos que hoje lá se observam. A insistência pelo fechamento ainda é sentida, aqui e ali, nos relatos dos moradores. Este espaço projetado, não nasce já transformando esta realidade. Talvez nem possa transfomá-la com o tempo, já que a questão é de multiplos e complexos fatores. Um projeto de renovação talvez, por si só, já suscite maior apreço ao significado do espaço público, do espaço de reunião do público. No entanto, dificilmente transforma um meio de lidar com o espço comum que se construiu durante anos.

interceção do cercamento sobre parte dos assentos públicos

O ipê branco tem aqui uma importância destacada. Decidiu-se cercá-lo. Em uma experimentação conceitual, pretendeu-se com isso explorar a simbologia do cercamento, ou enclausuramento, de algo vivo e comum Para questionar a vontade de trancar, de guardar, garantir para si ou para poucos, o que é de todos. Criou-se, em três pontos do espaço, esse contraste incongruente entre algo vivo e belo, plantado no espaço de uso público, e a rigidez segregacionista dos limites criados. Neste sentido, quando esses limites cercam também pedaços dos assentos públicos, pretendem causar o estranhamento “Se existe o banco público, porque está preso no cercamento?”

“Porque não posso sentar?” Será que se pode sentar?”

A estrutura em gabião substitui os pesquenos e grandes barrancos de terra contíguos ao muro à Sul. De oeste a leste, o terreno decresce e o desnivel entre o espaço aberto e solo vizinho amplia-se bastante, de modo que nesta parte mais solicitada mecanicamente, previu-se a substituição dos muros existentes por muros em estrutura de gabião em blocos retangulares. Nas partes menos solocitadas, previu-se uma estrutura de gabião em plano inclinado, sobreposta por barras de ferro que cortam tal plano de forma complexa e brusca. Com a intenção de expressar o fechamento a todo custo, as barras sobrepoem-se atravessadas.

muro em blocos de gabião

N

0m

10m

30m

50m

78


ABRAHÃO, Sérgio Luís. O processo de significação do espaço público como espaço público político. (Tese de Doutorado). 2005. ALEX, Sun. Convívio e exclusão no espaço público: questões sobre o projeto da praça. (Tese de Doutorado). 2004. Alexander, Christopher. La ciudad no es um árbol. Califórnia: Bekerley, 1965. ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991. BUSQUETS, Jaume e CORTINA, Albert (coords.). Gestión Del paisaje. Manual de protección, gestión y ordenación del paisaje. Barcelona: Ariel, 2009. CAIXETA, Eline M.M.P. D'ALÓ FROTA, J. As Novas paisagens urbanas no século XXI. In ARQTEXTO, pp 64-73, 2006. CORSINI, Jose Maria Ordeig. Diseño urbano. Accesibilidad e sostenibilidad. Barcelona: Monsa, 2007. DE LIMA CAMARGO, L.O. Lazer e urbanização na América Latina. In Contribuciones a lãs Ciencias Sociales, junio 2010. ww.eumed.net/rev/cccss/08/lolc.htm DIAS, Fabiano Vieira . O desafio do espaço público nas cidades do século XXI. In www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos

5. BIBLIOGRAFIA

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80


6. PARECER DO ORIENTADOR Maria Lúcia Caira Gitahy Avaliação do Relator (CPq/FAUUSP):

AVALIAÇÃO DE RELATÓRIOS DE BOLSISTAS INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC ( X ) PIBITI ( )

FUPAM ( ) SANTANDER ( )

USP ( )

Aluno(a): Talita Camacho Barão Orientador(a): Maria Lucia Caira Gitahy Titulo da Pesquisa: Espaço, sociedade e socibilidade. Uma história social de três áreas livres e públicas no Conjunto Habitacional “Padre Manoel da Nóbrega”- COHAB Itaquera B

Início da Bolsa: Agosto de 2008 Término da Bolsa: Agosto de 2010 Parecer do Orientador: A bolsista desenvolveu um excelente trabalho de pesquisa em história social sobre três áreas livres e públicas do Conjunto Habitacional “Padre Manoel da Nóbrega”- COHAB Itaquera B, que pode ser conferido no alentado relatório apresentado no final de um ano da Bolsa PIBIC/CNPq. Interessada em realizar o projeto para a área em condições mais críticas, passou a trabalhar no mesmo. Considero os resultados do seu trabalho durante este segundo ano de Bolsa, também excelentes, tanto o memorial, quanto as plantas. Estou muito satisfeita com a qualidade do trabalho da Bolsista.

Data: 14 de agosto de 2010. Aprovado ( X ) Aprovado com restrições ( ) ( )

Não aprovado

Data: Aprovado ( )

Aprovado com restrições ( )

Não aprovado ( )

81


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