"Samarcanda" - TAG Curadoria Fev/2022

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10 10 O LIVRO INDICADO

Khayyam em Samarcanda, no atual Uzbequistão: “Se você quer manter os olhos, os ouvidos e a língua, esqueça que tem olhos, ouvidos e língua”. O cádi dá a ele um livro em branco para preencher com seus poemas e pensamentos que não podem ser externados em sua época, obra que percorrerá um périplo pelo tempo e pelo espaço, de um tribunal muçulmano no século XI até o naufrágio do Titanic. Não é por acaso que toda essa trama sobre um pedaço do mundo que pode ser simultaneamente sublime e melancólico é contada a partir da saga de um livro que reconcilia Oriente e Ocidente, Idade Média e Belle Époque. Em 1859, o poeta inglês Edward FitzGerald traduziu e resgatou os rubaiyat, após séculos de obscuridade, com tamanho sucesso a ponto de Algernon Charles Swinburne afirmar que ele colocou Khayyam no panteão da poesia anglófona e Borges ponderar se a alma do persa reencarnara na Inglaterra para cumprir seu destino literário. O manuscrito fictício, que conserva a poesia e a genialidade de Omar Khayyam, simboliza o quão multifacetado pode ser o Oriente e como ele pode suscitar deslumbramento, temor e reverência em nós, ocidentais.


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