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LB - Se o seu avô fosse vivo o que ele diria após assistir o seu filme?

Neta de peixe, peixinho é… Cecília Amado, a carioca mais comentada do momento na Bahia, acaba de transformar a obra do avô, Capitães da Areia, em cinema.

peixe

LB - Como é filmar neste século um romance baseado num livro que foi escrito nos anos 30? Imagino que você precisou fazer certas adaptações, mas o problema de crianças de rua continua a existir. C.A. - O problema continua o mesmo na essência, nas relações humanas e no que leva as crianças para a rua. Escolhi fazer uma fábula com linguagem contemporânea, algo que fosse de certo modo atemporal. LB - Quem são os atores por trás dos Capitães da Areia do filme? C.A. - Todo o nosso elenco jovem conhece o universo dos Capitães da Areia. Não são meninos de rua, mas conhecem muito bem as ruas, vivem com bastante liberdade e já passaram alguma situação de abandono em suas vidas. LB - Como foi realizado o casting? C.A. - Foram 22 ONGs parceiras, todas trabalhando com arte-educação em Salvador. Entrevistamos 1200 jovens para chegar em 12, após 2 meses de oficinas com 90 desses meninos.

C.A. - Acho que ele iria se apaixonar por esses meninos. LB - O filme é bastante fiel à obra? Ou você percorreu caminhos próprios? C.A. - Ele é fiel ao espírito do livro e ao Jorge Amado que eu conheci. Mas como literatura e cinema pedem dramaturgias bem distintas, o filme tem sua própria estrutura e linguagem. LB - O filme saiu como você o imaginava desde o início das gravações? C.A. - Muita coisa me surpreendeu no caminho, digo isso positivamente. Mas acho que tudo que nós planejamos e conceituamos está na tela. LB - Aonde foram filmadas as cenas? C.A. - Filmamos tudo em Salvador! Adorei descobrir e explorar a região do Santo Antônio, entramos em muitas casas ali em busca das locações. A região é cheia de pousadas charmosas e bares. LB - Foi fácil passar suas ideias de direção de fotografia para Guy Gonçalves? C.A. - O Guy foi co-diretor do filme, esteve desde o início do projeto. Assim fizemos muita coisa a quatro mãos, desde as decupagens de cenas e conceituação da fotografia, até a própria direção de atores. LB - Qual sua opinião sobre o cenário do cinema nacional atual? C.A. - Acho que ampliamos bastante o leque de filmes e estilos, mas ainda falta organização na forma de fomentar, produzir e distribuir para que vire indústria. LB - Que atriz/ator você ainda não teve oportunidade de dirigir, e sonha em um dia poder trabalhar? C.A. - Andréa Beltrão, acho ela bárbara, super versátil. Nunca trabalhamos juntas, mas está nos meus planos. LB - Você pretende levar o Capitães para festivais fora do Brasil?

LB - O filme tem um papel de responsabilidade social?

C.A. - Depois do circuito comercial do filme no Brasil, o próximo passo são os festivais internacionais.

C.A. - Claro, o filme vai além do entretenimento. Esses jovens atores funcionam como porta-voz de toda uma geração de jovens invisíveis socialmente.

C.A. - Um filme por ano, por que não? Queria ser como o Woody Allen! Risos!

LB - Qual é o seu maior sonho?

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