Todos pelo Nosso
HOSPITAL
Revista da Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo | CHTS Edição n.º2 | 2022
Índice
03 Editorial 04 Testemunhos 06 Comissão de Humanização 07 Humanitude e a construção de uma “civilização do amor” 09 Desafiados 10 Desde 1991... 11 Atividades 2021 ... desde 1991 16 Voluntariartes Revista Anual - Edição n.º 2 | 2022 Tiragem: 300 exemplares Propriedade - Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo Avenida Hospital Padre Américo, 210 4560-136, Guilhufe, Penafiel | Telm: 914201877 Direção - José Manuel Oliveira Coordenadores de Edição - José Manuel Oliveira, Alexandra Silva, Inês Sousa Design Gráfico - Sara Moreira E-mail: ligadeamigoshpa@chts.min-saude.pt Impressão Gráfica: Gráfica de Paredes, Lda.
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Ficha Técnica
Editorial José Manuel Oliveira Presidente da Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo
sical, aparece um contratempo. Como que numa complementaridade a sinfonia é perfeita. Quer isto dizer que as dificuldades com que por vezes nos deparamos são fatores de aperfeiçoamento. Será então que estamos perante um tempo de renovação? Sim. Aproveitemos o nosso tempo, a nossa vida. E seguramente teremos sempre um tempo para poder dedicar aos outros de uma forma desinteressada, participando assim na melhoria do tempo daqueles que foram obrigados a dispor de um tempo no hospital.
O tempo, o contratempo e o destempo… “O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo que o tempo tem”. Este trocadilho popular, eternizado em verso pela mão do poeta Vinicius de Moraes (1913 - 1980) obriga-nos a uma reflexão sobre a forma de utilização do nosso tempo. O tempo que agora vivemos… já é tempo passado! Temos um tempo em que nos dedicamos ao trabalho, um outro à família, um outro aos amigos, um outro ao lazer e ainda arranjamos mais tempo para mais coisas! Mas há um que devemos privilegiar: o Nosso tempo. Tempo é vida. E como o tempo passa depressa! Contratempo, uma contrariedade, uma dificuldade que surge, um imprevisto…. ou por outro lado, um compasso musical apoiado nos tempos fracos.
Por fim, o destempo. O exemplo da má utilização do tempo. Uma guerra bárbara, inútil e despropositada que estamos a presenciar com reflexos neste e nos tempos vindouros. E porque o tempo é vida, permitam-me a refletir no poema “Tempo” de Mário Quintana: A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas… Quando se vê, já é 6.ª feira… Quando se vê, passaram 60 anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. seguia sempre, sempre em frente … E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. Recebam um abraço
É o que nos tem acontecido neste tempo de pandemia, que ainda não acabou. Fomos impedidos de darmos aquele tempo à nossa causa de voluntariado. Mas a exemplo de uma orquestra bem afinada, onde se segue com rigor o compasso muTodos pelo nosso Hospital | 3
Testemunhos
que a partilha, a solidariedade e a ajuda aos outros faz cada vez mais sentido e enriquece a nossa passagem por esta vida terrena.
Agora que vivemos novos tempos, no que concerne à pandemia COVID19, em que já podemos tirar as máscaras em muitos dos locais da nossa vida quotidiana (ainda não dentro dos hospitais), estamos no início da retoma da presença dos nossos amigos de bata amarela nos serviços do Hospital Padre Américo – os voluntários da Liga. Estiveram todo este tempo a contar o tempo. Viam o tempo passar, a fugir-lhes sem o poderem agarrar. Mas agora é tempo de voltar a ter tempo. Tempo para voltar a dar o seu tempo. Os doentes, os familiares e outros utentes do nosso hospital passam a ter de novo a proximidade e a ajuda desprendida destes voluntários. As agruras dos últimos dois anos, que nos trouxeram tanto sofrimento colectivo e tantas tristezas, mostraram-nos também 4 | Todos pelo nosso Hospital
Dar sem esperar nada, dar mesmo quando nos fizer falta, pode ser esta a diferença que ajude alguém carenciado e que seja a faísca dinamizadora de uma energia mais cintilante e nos transforme em pessoas melhores. Saibamos sorrir, abraçar, ser simpáticos, ajudar. Saibamos tirar as pedras do caminho, saibamos caminhar ao lado de quem está sozinho. Saibamos ser o ombro amigo de quem chora, estar disponível não importa a hora. Vamos estar atentos e ajudar quem deambula pelos corredores perdido, Vamos tentar acalmar quem está exaltado sem sentido. Vamos, todos em conjunto, contribuir para uma sociedade melhor, mais tolerante, com sentido positivo e construtivo. Vamos lutar por um hospital cada vez melhor, onde cada vez haja mais e melhores respostas à população desta região do Tâmega e Sousa, mas saibamos fazê-lo reconhecendo o trabalho dos muitos profissionais que, no dia a dia, têm vindo a dotar o nosso hospital de serviços cada vez melhores.
O esforço de maior humanização, particularmente nos serviços de saúde, tem-se vindo a mostrar com acrescida relevância, à medida que a sociedade vai evoluindo e as pessoas se tornam, naturalmente, muito mais exigentes neste domínio. Cumprir regras de boa convivência, cumprir horários, ser cortês e delicado, ser bem educado e ter bons modos, são cada vez mais atributos que devemos impor aos profissionais e aos utentes. A presença amiga dos voluntários nestes cenários é, pois, uma mais valia muito importante para a construção de uma vida colectiva melhor e mais tolerante. Vamos à obra, todos juntos, remando no mesmo sentido. Vamos a isto com energia renovada. Vamos! Dr. Carlos Alberto Presidente do Conselho de Administração do CHTS
vista material, mas muito ricos e significantes para o equilíbrio dos aspetos psicológicos, que estas vicissitudes acarretam para o doente e seus familiares. Vejamos, a nossa prática de assistentes sociais na saúde, em contexto hospitalar, tem-nos permitido avaliar o quão é fundamental a existência deste tipo de projetos, só possíveis com a boa vontade de organismos privados e da população civil.
“Espaço Solidário” Quando me desafiaram para escrever este artigo, muito coisa me ocorreu…há muito a escrever sobre a parceria entre a Liga de Amigos do Hospital padre Américo e o Serviço Social nestes últimos 15 anos. Claro que, após uma breve meditação sobre o assunto, não poderia deixar de dar destaque ao “Projeto Espaço Solidário”, em funcionamento desde 2011 e, na altura, divulgado nos órgãos de comunicação social local, e fazer jus à sua importância na realidade do CHTS. Analisando o nome, ESPAÇO, dois locais onde se armazenam bens de primeira necessidade e outros bens essenciais, SOLIDÁRIO de todos para todos os que necessitam de um apoio pontual, numa fase menos boa das suas vidas, quer seja pela doença, pelo desemprego, pelos atos de violência, ou até mesmo por nada destas disfuncionalidades ou vulnerabilidades sociais. A necessidade, no momento, de um carinho, de um gesto de ternura, por estar só, ter perdido um ente querido, ter descoberto uma doença grave, esses “mimos” insignificantes do ponto de
É um projeto talvez desconhecido para a maioria dos leitores, mas sobejamente conhecido para os nossos doentes e famílias, que através do Serviço Social, beneficiam dos seus serviços e apoios. Por detrás deste projeto, está uma grande equipa, de voluntários, órgãos de gestão da Liga de Amigos, e a equipa do Serviço Social, com destaque para os assistentes técnicos de ambos os serviços, que durante 365 dias ao ano, mantêm possível a distribuição de bens alimentares, peças de vestuário, produtos de apoio, brinquedos, livros e muitos outros artigos.
Em jeito de conclusão, é sem dúvida, pelos sorrisos das crianças, a quem são oferecidos brinquedos e livros, pelo agradecimento dos adultos pelos bens alimentares e outros produtos, e pela satisfação profissional dos assistentes sociais de ver colmatado um “problema” que, pela negativa, estava a interferir com o processo de cura e ou reabilitação dos doentes. É a pensar nos doentes e para os doentes que este projeto existe e vai ser sempre a “menina dos olhos” desta parceria. Bem-haja Liga de Amigos do Hospital Padre Américo de Penafiel, por tudo o que se tem conseguido em prol do bem-estar dos doentes. Dr.ª Maria João Correia Diretora do Serviço Social do CHTS
Engana-se quem pense que só são distribuídos os já conhecidos cabazes de natal… apetece dizer que natal é todos os dias. Sem fazer deste texto uma missiva de angariação de bens, é sempre bom relembrar, que o projeto é alimentado por doações quer de empresas, quer de anónimos que nos contactam para deixar o seu contributo. O seu patrono principal é a Direção da Liga de Amigos, que colmata sempre que necessário, a compra e reposição dos produtos em falha. Todos pelo nosso Hospital | 5
Comissão de Humanização O projeto Humanizar+ da Comissão de Humanização do CHTS, é um projeto abrangente, que em colaboração com os serviços, procura encontrar soluções para os problemas apresentados. Emerge das suas propostas consoante as necessidades sentidas, procura a convergência da tecnologia e humanização na prestação de cuidados de saúde, onde a pessoa é o centro das atenções.
nização é muito de cada um de nós.
Atualmente, vivemos tempos exigentes em que as pessoas são ainda mais essenciais para a garantia da eficiência das Instituições e para que consigamos prosseguir a Visão, os Valores e a Humanização dos serviços de saúde. Exemplo disso, são todos os profissionais que cumpriram e cumprem com a missão de salvar todos quantos puderem, de não deixar ninguém sozinho, de viver vidas que não eram suas e levarem um pouco das suas vidas, a cada um que perdeu a sua.
• Pelo empenho, pelo cuidado e pela salvaguarda do bem comum; • Pelo profissionalismo na luta diária perante o impacto devastador da pandemia; • Pela determinação e espírito de missão; • Pela resiliência na capacidade de recuperar face à adversidade assoladora; • Pela coragem na luta do inimigo invisível; • Pela força no medo, no stress e no cansaço; • Pela dádiva, pelo altruísmo e pela entrega
Numa época tão difícil, imperou a exigência da mudança, de novas aprendizagens, de empenho, de esforço, de criação de valor, em que ao mesmo tempo se refletia o papel dos profissionais de saúde, sendo estes o pilar fundamental do cuidar, pautando as suas ações e comportamentos, com valores, motivações, competências, responsabilidade moral e ética demonstrativa, de que a huma-
Tratar doenças e cuidar pessoas é a missão inspiradora dos profissionais nos cuidados de saúde no CHTS.
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A parceria da Comissão de Humanização com a Liga de Amigos do HPA, permitiu valorizar o esforço conjunto de todos os profissionais, onde a solidariedade demonstrada constituiu um incentivo e um motivo de alento na missão de cuidar. Obrigado!
“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer” Ganghi
vertendo-nos em humanos racionais mecanizados. O nosso comportamento ético-social tornou-nos em Humanos focados em “ter”, desvanecendo o nosso “ser”.
Humanitude e a construção de uma “civilização do amor”. No ano de 2018, encontrei-me com a encíclica ‘Populorum Progressio’, do Papa Paulo VI, sobre o desenvolvimento dos povos. “Educar para o humanismo Solidário” é o seu tema e desde então ao significado da minha vida acrescentei “Mãos à obra para um humanismo mais solidário. Ainda há esperança”. A encíclica datada de 2017, denomina-se de Educar ao Humanismo Solidário - Para construir uma “civilização do amor” - 50 anos após a ‘Populorum progressio’. Esta é dirigida em especial para educadores, professores, aplicando-se a todos nós que queremos viver diferente, viver solidário, viver em amor. Vivíamos um período de grandes transformações com a tecnologia digital a absorver o nosso social e educação com novas situações que nos deixaram e deixam muitas vezes desnorteados e a colocar-nos diante de novos processos de quotidiano, seja no ser humano individual, como em família e em todas as outras relações sociais. A educação foi-se reinventando, infelizmente na sua maioria para o que os nossos olhos absorviam no digital, sendo muitas as vezes com uma conduta moral duvidosa, sem apreço à vida enquanto ser e a deixarmos de vivenciar os melhores momentos que o nosso mundo tem para nos oferecer. A exigência económico-política, obrigam a deixar o nosso ser intelectual e comunitário à parte, con-
Com a pandemia que nos absorveu, nos últimos anos, e este acontecimento de guerra, em que vivemos ao segundo o sofrimento monstruoso de um povo civil e inocente, e também, por acontecer na Europa e com potencias económico-políticas mundiais que colocam em causa a subsistência do conforto que vivemos, despertou-nos para um Humanismo mais solidário. Claro é que deveriam promover ações semelhantes aos povos que vivem no resto do mundo, mas na minha opinião, sim há muito mais a fazer pelos povos de todo o mundo, mas não devemos ousar coloca-los à semelhança da nossa vida quotidiana. Há esperança para um Humanismo Solidário, para construirmos uma civilização de amor e paz, mas não para impormos o nosso paradigma de vida Europeu. Na encíclica somos convocados a reflectir sobre a nossa vocação à solidariedade, às condições sobre a realidade humana e a guiar-nos para os desafios da convivência multicultural. Neste processo individual de aprendizagem e doação ao próximo do meu tempo, da empatia e do abraço que nos conforta, rapidamente concluí que o que doamos, em dobro recebemos. Recebemos um sorriso entre lágrimas que conforta a o nosso “ser”, nos traz paz e que ainda há esperança. Por altura no início da pandemia, 2020, a Humanitude despertou-me interesse, que palavra tão bela por todo o seu significado, para mim mais amplo e carregado de amor que o Humanismo. A Humanitude é a nossa disponibilidade permanente ao Outro e deve ser o cerne das nossas relações de ser humano para ser humano. Define uma relação permanente de solidariedade, de um impulso espontâneo de acolher o Outro, ou seja, a Humanitude torna possível “conectar humano com humano” –
parafraseando uma bela expressão o poeta Aimé Césaire – “ é a base para uma cultura do “ser”, o oposto de uma cultura totalitária do “ter” que refletimos no humanismo, que leva a relações permanentemente conflituosas de aquisição abandonado o nosso ético individual e social. Num simpósio denominado de Ubuntu, que decorreu em Genebra, na Suíça, em abril de 2003, Joseph Ki-Zerbo (historiador, político e escritor, 1922-2006) proferiu a visão de Humanitude como “o homem como remédio para o homem”. Ubuntu é uma palavra de origem África Subsaariana. Nelson Mandela explicou esse ideal como, “Respeito. Cortesia. Compartilhamento. Comunidade. Generosidade. Confiança. Desprendimento. Uma palavra pode ter muitos significados. Tudo isso é o espírito de Ubuntu.” Com alegria, deparo-me com a Humanitude como a aspiração e aplicabilidade nos serviços de saúde. A Humanitude a ser vivenciada pelos profissionais de saúde. A Mestre Rita Araújo no seu trabalho de projeto apresentado para obtenção do grau de Mestre em Cuidados Continuados, em 2014, resume o conceito de Humanitude, como uma filosofia que cujo sentido se resume na prática à utilização permanente do “coração” na prestação do cuidar, que respeita e se preocupa com a pessoa e que denuncia e afasta a desumanização do cuidado. A Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo em 2021, implementou o Prémio Humanitude que reconheceu aos serviços do HPA, a sua Humanitude e a constante necessidade de sensibilizar os profissionais de saúde do nosso Hospital para esta filosofia. Termino, reconhecendo com humildade este meu conhecimento em autodidata, recorrendo a diversos textos do Vaticano, teses e projectos universitários para obtenção de grau, bem como ao trabalho da Humanitude Portugal. Mãos à obra! Ainda há esperança!
Alexandra Bessa Todos pelo nosso Hospital | 7
Desafiados tários que nos tornam mais humanos, para a escuta que acolhe e nos comunica de modo mais verdadeiro.
O tempo é de desafio! Questiona-nos esta humanidade que nos precede, inclui e irmana. “A messe é grande…”* São, por isso, muitos os exaustos, assoberbados em tarefas mil, calendários e horários que fazem com que andemos sempre em cima da hora, em distanciamentos assépticos, mergulhados em máscaras e tantas, e necessárias, proteções… e quase não resta tempo para a esperança, para os gestos volun-
O tempo é de desafio! De procura desta autêntica humanidade… solidária, fraterna, terna, suave. “Mas os trabalhadores são poucos…” Precisamos de nos sentir mais convocados, mais impulsionados a sair de nós mesmos para encontrarmos os outros e, por eles, encontrarmo-nos a nós. Construir caminhos de felicidade partilhada, quantas vezes enquanto esse itinerário é verdadeiro “vale de lágrimas”, que torna essa comunhão lugar fraterno autêntico e fecundo de vida. O tempo é de desafio! O evangelho que com as nossas mãos, pés, inteligência e coração vamos hoje escrevendo nas nossas relações, faz presente aos nossos dias a Parábola do Bom Samaritano.
D’Ele nos queremos apropriar sempre, fazer nosso esse olhar fraterno e compassivo de Jesus com que desejamos, também nós, olhar a realidade da doença e do serviço à fragilidade. “Rogai, ao Senhor da messe…” Sustém-nos nestes desafios o Venerável Padre Américo, que acolhemos como patrono, para vivermos a mesma liberdade e audácia que nos envia e compromete com a dignidade e a vida dos nossos irmãos, em especial os mais vulneráveis, e reclama a abundância da bênção e da graça de Deus para os nossos dias!
* Reflexão a partir do Evangelho de S. Lucas 10:2 Padre Hélder Barbosa
Cuidar de quem acolhe “Os profissionais são na saúde a solução através da experiência e dedicação, sendo essenciais no associativismo voluntário”. O último ano vivido pôs à prova, mais uma vez, a capacidade de resiliência e superação de todos os profissionais na saúde. Face à dimensão histórica e sem paralelo do desafio que enfrentámos, os profissionais da saúde não se negaram, em áreas muito diversas e no contexto das dificuldades, a dar continuidade a um número variado de atividades de modo a cuidar dos utentes, sobretudo pessoas da nossa região - o Tâmega e Sousa. Neste contexto ímpar, os profissionais da saúde responderam aos anseios e necessidades assistenciais com discrição, competência, rigor e eficiência. Num momento de especial aflição em contexto de extrema adversidade, os profissionais da saúde são garantia de experiência e 8 | Todos pelo nosso Hospital
dedicação impar. À Liga de Amigos e Voluntariado do Hospital Padre Américo, uma palavra de consideração pelo trabalho de serviço prestado nas mais diversas áreas. Por fim, uma palavra de confiança para o futuro, certo que a experiência e dedicação dos profissionais, dos voluntários e do associativismo constituirão uma mais valia relevante na recuperação e afirmação da saúde.
Os sintomas foram-se generalizando, até que na manhã do dia 25 de novembro, quando me levantei para ir tomar o pequeno-almoço, queria caminhar e o ar faltava. Fui levado de urgência para o CHEDV – Hospital São Sebastião, onde entrei diretamente para os cuidados intensivos, aí fiquei uns dias. Depois recebi alta no dia 30 de novembro, ao final do dia, regressando a casa transportado pelos Bombeiros de Castelo de Paiva.
Recentemente foi-me solicitado que desse o meu contributo para a revista que a Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo. Foi com imensa satisfação que recebi este honroso convite, depois de uma experiência hospitalar, que tive no período pandémico, que nos últimos três anos afetaram o nosso país e o mundo. Como português, e cidadão que vive no Tâmega e Sousa sinto-me na obrigação de partilhar, como sobrevivi a este maldito vírus e ao que ele trouxe de novo à minha vida, até porque a maioria dos portugueses são “massacrados”, nos órgãos de comunicação social, com estatísticas de mortos e infetados, e este vírus é muito mais do que isso. Além disso, como disse um dia um Amigo meu, nestes anos da pandemia só ouvimos falar em número de mortos e de infetados, e pouquíssimas vezes se falou de quem sobreviveu. Quando testei positivo à COVID 19, foram dias de muita angústia, tudo era novidade para mim. Nunca tinha passado por algo igual. As imagens televisivas, era a única coisa que me mantinha distraído era uma constante a falar do mesmo, o COVID era o centro das atenções. Tudo andava à volta deste ser invisível que começava a dar volta às nossas vidas. Mais uma vez realço a excelência do trabalho desenvolvido por todos os profissionais de Saúde 24 que diariamente me contactavam para saber o meu estado de saúde. As imagens que íamos vendo na TV era dos hospitais cheios, e em especial o meu hospital de referência, o CHTS, Hospital Padre Américo.
Pela meia-noite e meia, do dia 2 de dezembro, sou levado de novo à urgência hospitalar, desta vez, ao CHTS – Hospital Padre Américo. Chegamos à urgência do hospital, em Penafiel, após uma viagem na EN 106, feita numa estrada cheia de buracos e com tampas de saneamento, abaixo da cota da estrada. Uma via que espera há mais de duas décadas pela construção do IC35. Após a chegada ao hospital, e a saída da ambulância e a triagem, não demorou mais de dez minutos a minha chegada ao serviço de urgência. Entro no hospital com um diagnóstico de dispneia, dor torácica de características pleuríticas e com tosse seca. Ao mesmo tempo sentia uma dor no membro inferior esquerdo. Passo a noite na urgência a fazer exames e a ser vigiado pelos excelentes profissionais de saúde ali em serviço. Cerca das duas horas da manhã a médica de serviço comunica-me que eu tinha tido uma trombose venosa profunda, seguida de uma embolia pulmonar, vulgo infarto pulmonar. Nos dois primeiros dias, as dores eram muitas e mal conseguia falar, tendo recebido doses de morfina, para as dores, e injeções para tornar o sangue mais fluído, de modo a fazer desaparecer o coágulo que entretanto se tinha formado no final da perna esquerda.
mes ao coração (ecocardiograma). Fui realmente muito bem acompanhado por toda a equipa médica, de enfermagem e pessoal operacional, e dia após dia ia melhorando, apesar de a dor na perna só ter passado na ante -véspera da minha alta hospitalar e a dor no peito progressivamente também foi desaparecendo. Na panóplia de exames que efetuei no CHTS foi-me identificado um aneurisma na artéria ilíaca. Esta situação que nada tem a ver com o COVID 19, tem levado a um maior acompanhamento e precaução da minha parte, junto do SNSServiço Nacional de Saúde. Nos últimos dois anos, tenho percorrido os corredores do Hospital Padre Américo e tenho sentido quanto é valioso o serviço dos profissionais que ali trabalham nas diversas áreas e dos voluntários que lhes dão apoio. E aqui chegados não posso deixar de saudar a existência da Liga dos Amigos do Hospital pois fazem um trabalho notável de acompanhamento com os voluntários que compõem esta Liga e que, graciosamente, disponibilizam algumas horas das suas vidas para ajudar todos aqueles que têm necessidade de recorrer ao hospital. O Voluntariado deve ser algo a não perder, e quanto foi importante no apoio à pandemia que nos afetou. O COVID 19 trouxe-nos ensinamentos que devemos refletir e procurar no futuro elevar ainda mais o SNS. Castelo de Paiva, 6 de agosto de 2022
Paulo Ramalheira Teixeira Jurista/Consultor de Empresas
Os cerca de sete dias que estive internado, no CHTS, foram dias em que também não podia receber visitas da família (mas contrariamente ao primeiro internamento, neste já não tinha COVID) e em que levei com quarenta e seis injeções na barriga, fui sujeito a imensos exames, fiz três TAC’s, muitas análises e exaTodos pelo nosso Hospital | 9
Desde 1991... Novembro, 2021 – Comemorou-se o 30º Aniversário da Liga dos Amigos e Voluntariado do Hospital Padre Américo-Vale do Sousa. Mesmo limitados pelos constrangimentos em que a pandemia nos mergulhou a comemoração foi tempo para relembrar aqueles que há três décadas “meteram ombros” e criaram o movimento de Voluntariado nos velhinhos hospitais de Penafiel e Paredes. Sob o patrocínio do Presidente do Conselho de Administração, Dr. Freire Soares, e coordenado pelo incansável casal “ Acácios”, o Prof. Acácio e a Prof. Filomena, com o apoio incondicional da saudosa Dr.ª Teresa Salgado iniciou-se o voluntariado no Centro Hospitalar do Vale do Sousa (Paredes-Penafiel). Desde esse ano até aos dias que correm passaram trinta anos. E durante este tempo o movimento cresceu quer em Voluntários quer nas atividades que a Liga de Amigos desenvolve diariamente no Hospital Padre Américo.
Nesta comemoração foi tempo de homenagearmos o nosso patrono, Pai Américo, exultando o 2º aniversário do processo de canonização. Sob a presidência do Revº Padre Júlio Pereira, responsável da Casa do Gaiato de Paço de Sousa foi proferida uma palestra dedicada à Vida e Obra do Padre Américo pelo historiador penafidelense José Coelho Ferreira. Procedeu-se à entrega das distinções de “Amigos” Honorários: Dr. J. Freire Soares, Dr. Daniel Amaral, Prof. Dr. Nogueira da Rocha, Dr.ª Maria Jorge Nogueira da Rocha, António Francisco Ferreira, Prof. Acácio Pereira, Prof. Filomena Barroca, Luis Álvaro Rocha e Dr. António Pereira de Magalhães. “Amigos” Benfeitores – Dr.ª Alexandra Gonçalves, Aveleda SA, Alice Abreu, Caíde de Rei S.C., Vitorino Oliveira e Maria Conceição Bessa Mendes, Irmandade da Torre dos Clérigos.
Decorrente do ato eleitoral procedeu-se à tomada de posse dos novos Corpos Sociais para o próximo quadriénio que ficou assim elencado: Assembleia Geral – Dr. Albano Miguel Teixeira; Dr. Joaquim Manuel Merino; Maria José Silva. Direção – José Manuel Oliveira, Armindo Anjos Teixeira, Raúl Silva Peixoto, Maria Conceição Rosendo, Margarida Aurora Ramos e Rosa Rebelo. Conselho Fiscal – José António Ribeiro, Maria Madalena Carvalho e Nuno Martinho Cobanco.
Diplomas de Humanitude aos Serviços Hospitalares com Voluntariado e Casa do Pessoal do HPA.
A nossa homenagem a todos aqueles que connosco fizeram e fazem o Caminho. 10 | Todos pelo nosso Hospital
A direção
Atividades 2021 ... desde 1991 Visita Chakall - 20 de março Recebemos a visita do Chef Chakall e da sua equipa que cozinharam ao vivo paella para os profissionais do Hospital. Natural da Argentina, mas assumidamente português de coração, ainda que considere ser pouco o que está a fazer para retribuir o empenho dos profissionais da linha da frente, Chakall afirmou que o fez com muito amor, dando um pouco daquilo que sabe fazer.
Páscoa - 4 de abril Ainda que com alguns condicionalismos, foi possível proporcionar aos doentes internados, nesta quadra, a tradicional visita Pascal.
Dia do Enfermeiro - 12 de maio O Dia Internacional do Enfermeiro foi assinalado pelo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) com a realização de um encontro científico online que contou com mais de 300 participantes. A Liga dos Amigos associou-se à comemoração. A data escolhida remete para o aniversário de Florence Nightingale, considerada a fundadora da Enfermagem Moderna O final da manhã culminou com um momento musical e largada de pombos no exterior junto à entrada principal do Hospital Padre Américo. Todos pelo nosso Hospital | 11
Retoma atividades de Voluntariado - 1 de junho O mês de junho, ficou marcado, pela retoma parcial da atividade do voluntariado. A sua colaboração notou-se de forma relevante, na reabertura das visitas dos familiares, aos doentes internados.
Dia da Criança - 1 de junho No dia da Criança o Serviço de Pediatria, contou com o apoio da Liga de Amigos, através da oferta de t-shirts, telas e tintas para as respetivas pinturas nestes materiais, para proporcionar atividades às crianças internadas neste dia.
Entrega equipamentos - 12 de agosto Entrega de diverso equipamento aos serviços de Ortopedia, Especialidades Médicas, Medicina Física e Reabilitação e Urgência Pediátrica, entre os quais nove cadeiras de rodas e duas televisões que vão contribuir para a melhoria da prestação cuidados à população que recorre ao CHTS- Hospital Padre Américo
Nefrologia - 15 de setembro A partir do dia 15 de novembro, o CHTS deu mais um salto significativo na resposta à vasta população, da área de influencia do Hospital. A Liga dos Amigos, não pode deixar de se associar ao Serviço de Hemodiálise, uma comprovada mais valia para os doentes que precisam destes tratamentos, através da oferta de equipamento que permite proporcionar um ambiente mais humanizado e confortável. 12 | Todos pelo nosso Hospital
Assembleia Geral Atualização de Estatutos Ato Eleitoral Decorreu no mês de Novembro a Assembleia Geral para atualização de Estatutos e o ato eleitoral que definiu os Corpos Sociais que vão orientar a Liga dos Amigos e o Voluntariado para o próximo quadriénio.
30º Aniversário - 27 de Novembro Com o apoio da Associação Empresarial de Penafiel e da Confraria do Sameiro foi possível comemorar os trinta anos da Liga dos Amigos e do Voluntariado no hospital. A cerimónia foi presidida pelo Revº. Padre Júlio Pereira, responsável pela Casa do Gaiato e nela foi homenageado o nosso patrono – Pai Américo. Foi relevada a atividade da Liga e do Voluntariado ao longo deste tempo por parte de alguns dos membros fundadores… desde 1991. Decorreu ainda a entrega de Diplomas aos “Amigos” Honorários e Benfeitores e a tomada de posse dos novos Corpos Sociais.
Jornadas da Humanização - 2 de dezembro Decorreram, no auditório do Hospital Padre Américo, as jornadas “Humanização no CHTS”, organizadas pela Comissão de Humanização do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa (CHTS) e da qual a Liga dos Amigos é membro. Esta iniciativa teve como objetivos promover a reflexão e troca de experiências sobre esta temática e dar a conhecer os projetos de humanização existentes no centro hospitalar.
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Almofadas Under Blue 2 de dezembro A empresa Under Blue associou-se à causa da Luta contra o Cancro da Mama. A Liga dos Amigos e o Serviço de Cirurgia II agradecem a oferta de próteses mamárias secundárias e almofadas (coração) que servirão de apoio às mulheres sujeitas a mastectomia.
Músicos - 20 de dezembro Recuperamos a tradição neste Natal e os músicos Eduardo Peixoto e Luís Moura regressaram ao hospital para levar música quem está internado nesta época.
Apresentação da Direção da Liga dos Amigos HPA ao CA Dezembro 2021 Aproveitando o dia da entrega de equipamentos ao hospital, a Direção da Liga foi recebida pelo Presidente do Conselho de Administração para apresentação de cumprimentos e conversar acerca de estratégias para a continuação dos contributos, nomeadamente a retoma gradual do Voluntariado.
Doação de Equipamentos - 23 de dezembro A Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo, realizou a oferta de diversos equipamentos, dando assim o seu contributo para a melhoria das condições e conforto dos nossos utentes do CHTS- HPA.
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Entrega de Pijamas Dezembro- Urgência Pediátrica A Liga de Amigos, ofereceu pijamas ao Serviço de Urgência Pediátrica, uma necessidade sentida em virtude da maior afluência de crianças, neste serviço, que serão usados para as situações dificuldades ou de imprevistos, para os quais os pais não vêm preparados.
Cabazes de Natal 2021 Para a elaboração e distribuição de Cabazes de Natal a utentes do Hospital contamos com a preciosa contribuição de concidadãos que atentos às necessidades doaram parte dos bens alimentares. Destacamos a colaboração da Empresa Abreu Cash SA e de ofertas a nível pessoal. O espaço Solidário promoveu a entrega de cerca de 30 cabazes de bens alimentares a utentes referenciados pelo Serviço Social. A distribuição decorreu na semana anterior ao Natal e contemplou a entrega de bens de vestuário e brinquedos.
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VOLUNTARIARTES
Francisco Ferreira Rodrigues Voluntario na Liga dos amigos do HPA desde 2005 Aposentado da Industria do Mobiliário Socorrista Voluntário desde 1994 Escultor Autodidata 70 anos
Exposições / Concursos/ Livros - Feira Internacional do Turismo de Lisboa - C. M. de Paredes - Casa da Cultura de Paredes - Cruz Vermelha Portuguesa - Concurso de Arte emBraga – 3º lugar - Livro “Artes em Madeira: Alma, Esforço e Engenho”
Talha Para o entalhar da madeira, com diferentes durezas e texturas, usa o seu jogo de ferramentas, das quais fazem parte Goivas, Palhetes e Cochevis de diferentes tamanhos. Tem trabalhos realizados em vários tipos de madeiras, desde Cedro, Tola, Carvalho Francês; Pau Preto, Castanho, entre outras.
Artesão Enquanto Artesão tem emprestado, o que considera o seu “dom”, a sua voz, memórias e trabalho às mais diversas solicitações, desde a participação em Exposições, Programas de Televisão, solicitações de diversas entidades e particulares, até ao mais recente contributo para enaltecer a Industria e os Mestres da Madeira naquilo que é a preservação desta arte, Património Cultural da região, de onde é natural. Recentemente participou na elaboração do Livro “Artes em Madeira: Alma, Esforço e Engenho”, lançado a propósito da participação do Município de Paredes na Feira Internacional do Turismo de Lisboa 2022, que assegura, o ajudou a esquecer a recente pandemia que o obrigou a cancelar varias exposições e trabalhos. Refere que é difícil retirarem-lhe o entusiasmo da prática da escultura como passatempo, e que desde muito tenra idade as professoras lhe reconheceram habilidade para o desenho. Nas suas palavras gostava de
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ensinar a arte que tanto lhe deu ao longo da sua vida, aos mais jovens. Autor de obras oferecidas à Diocese do Porto, à Paroquia de Beire, do S. Miguel Arcanjo, à Cruz Vermelha de Vilela e de inúmeras imagens para várias Capelas Particulares, guarda com muito carinho na memória a reação de muitos ao verem as suas peças finalizadas. Para alem de arte sacra, faz outro tipo de peças, por exemplo, recentemente teve um pedido para elaborar uma peça de um jogo de Xadrez de coleção. Este ano, prevê ainda, realizar uma Exposição na Casa do Pessoal do CHTS e a participação num Concurso de Artes de Madeira, promovido pela C. M. de Paredes e integrado no Festival de Artes em Madeira de Paredes (FAMP).
Voluntário na Liga dos amigos do HPA desde 2005 Serralheiro Mecânico na C. M. de Paredes Acordeonista 60 anos
Grupos - Casa do Povo de Bitarães, Rancho Folclórico de Penafiel, Grupo Folclórico de Sobrosa, Rancho Folclórico de Gandra, Rancho folclórico Infantil de Duas Igrejas, Grupo de Bombos “Os Zés Pereiras” - Cantares ao Desafio e outros eventos.
Acordeão Sobre o instrumento de cerca de 15 quilos, que carrega orgulhosamente ao peito, diz que o que mais usa, um Acordeão Atlantic, tem mais de 50 anos, 40 dos quais na sua mão, e que na altura vendeu outros dois para o poder comprar. Segundo o Sr. Aníbal, dá-lhe mais uso, por ser “…mais gaiteiro, vibrar mais e encher mais a música…” Atualmente tem 3, todos a 4ª voz e 120 baixos.
Acordeonista Aníbal Pinto toca desde os 10 anos de idade, por vontade da sua mãe, que todos os dias passava à porta da Escola de Música da Sagrada Família e gostava do que ouvia nas aulas de acordeão. Quis, na época, que os 6 filhos aprendessem. Dos 6, apenas Aníbal lhe ganhou o gosto. Também ele tentou que os seus filhos, 2 rapazes e uma rapariga, enveredassem pela música e pelo mesmo instrumento, mas apenas um dos rapazes toca guitarra elétrica. Lamenta que não valorizem, mas justifica-se com o tempo que é necessário dedicar à aprendizagem e treino do acordeão e com a ausência de vocação que na sua opinião “…ou se tem ou não se tem…” Atualmente, para além da sua atividade profissional, como Serralheiro Mecânico na Câmara Municipal de Paredes e da entrega ao Voluntariado, dedica o seu tempo a tocar acordeão em vários Grupos Folclóricos e de Música Popular Portuguesa e em variados eventos. Mostra-nos a sua recheada agenda
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Anibal José R. Pinto Moreira
de atuações e festividades, assentes no telemóvel e como comprovamos, tem dias em que faz mais do uma atuação em diferentes locais, mas como se apressa a dizer-nos “…quem corre por gosto, não cansa…”. Conta-nos que “…esta vida é exigente…”, que as atuações “…podem ser bastante diferentes, quer nas músicas, porque cada grupo folclórico tem a suas músicas, as suas entradas e saídas, quer no tipo de atuações e festividades…” que participa. Diz que chega a ter momentos musicais em que toca uma hora seguida, mas outros em que atuam cerca de 20 ou 45 minutos. Conta ainda que já passou por várias peripécias, recorda uma por exemplo, lhe rebentou uma alça durante a atuação e que teve que interromper a mesma e pedir o acordeão emprestado ao rancho que ia atuar a seguir, “…toco em qualquer acordeão…” diz orgulhoso. Conta que se diverte como no início e que este hobby traz à sua vida muita alegria de viver.
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Joaquim Manuel Merino Rocha Sousa Médico (Aposentado) Doutorado na Faculdade de Odontologia da Universidade de Lille II, França. Membro Fundador da Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo Pintor 70 anos
Pintura Joaquim Merino, nome pelo qual é conhecido é natural do concelho de Penafiel e reside na vizinha cidade de Paredes. Frequentou o Liceu Nacional de Penafiel e desde muito novo teve forte inclinação pela arte de representar (teatro) e pela pintura. Entusiasta do movimento associativo foi Presidente da Direção da Casa do Pessoal do Centro Hospitalar do Vale do Sousa e um dos grandes responsáveis pela construção da sua sede no terreno anexo ao Hospital de Paredes. Após a entrada na aposentação dedicou-se a uma das suas paixões – a pintura. A sua participação em eventos culturais remonta aos anos 70 do século passado, destacando-se: - Circulo de Cultura e Arte - Seminário de Vilar - 1º Prémio na categoria de Desenho e Pintura (1970) - 1ª Exposição de Pintura da Freguesia de Atalaia – Pinhel 18 a 30 de Agosto (2021) - Participação na II Edição da Exposição dos Artistas do Vale do Sousa 8 de Dezembro (2021) - 1ª Exposição de Pintura galeria de arte da Clínica com o tema “Cuidando da nossa mente através da arte” Março de 2022; - Casa da Cultura de Paredes: Participou numa exposição coletiva no mês de Abril; - Exposição na Câmara Municipal de Pinhel no Museu Municipal inaugurada no dia 18 de Maio, dia Internacional dos Museus, até 30 de junho;
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- Participação no Prémio de Artes Plásticas Henrique Silva a convite da Câmara Municipal de Paredes; - Convidado pela Casa de Cultura de Paredes para organizar uma exposição individual no mês de Novembro;
Voluntário na Liga dos amigos do HPA desde 2015 Empresário Industria de Mobiliário Animação em Eventos 64 anos
Atividades /Instrumentos - Animador em Eventos; - Harmónica; Acordeão; Baixo; Viola; Cavaquinho; Bombo; Órgão, Cantor; - Tem um CD editado.
Eventos Tem todos os instrumentos que sabe tocar, e todo o equipamento para animar um evento, “…sozinho faço a festa…”. Já partilhou o palco com variados artistas portugueses e recorda-nos um em particular, o Nel Monteiro, com quem deixou de dizer que toca “...musica pimba… ele disse-me: Então rapaz, o que vais cantar? E eu respondi-lhe, musica pimba. E ele disse-me, não é música pimba, é musica Portuguesa o que nós cantamos e tocamos…”, confessa que este episo-
Acordeonista Luís Gonzaga, começa por nos contar que atualmente leva a vida a fazer a festa. Durante a sua vida profissional, foi proprietário de uma fabrica de móveis que encerrou há 17 anos, após uma crise económica que lhe fez deixar os móveis e agarrar as cantorias a tempo inteiro. Conta que se diverte, mas também tem agora mais dificuldade em lidar com as horas de sono perdidas. Conta também que já teve momentos de vida difíceis em que estava a animar uma festa, mas por dentro “…apetecia-me mas é chorar…”.
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Luís Gonzaga
Conta que desde os 9 anos, que começou a tocar Harmónica de Boca, diz “…tirava sozinho as janeiras, por ouvir só e ia com a minha família, todo contente acompanhar as Janeiras na Terra…”
Toca e canta musica portuguesa que é o que mais prazer lhe dá, mas também canta fado, se lhe pedirem. Confessa, não ser o seu género musical favorito por ser “…mais triste…”. Tem um CD editado, que em tempos levava consigo para vender nos eventos que fazia. Ensina Viola, Cavaquinho e Acordeão.
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A Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo – Vale do Sousa, é uma associação sem fins lucrativos, apolítica e inconfessional. A Liga atua com respeito, colaboração e apoio aos serviços do Hospital. A Liga tem por objetivo o apoio aos utentes do Hospital Padre Américo – Vale do Sousa. Ao longo do tempo tem vindo a ser reforçada a interação com o Hospital, através de iniciativas que resultam de acordos e/ou protocolos com os órgãos de Gestão ou com outros serviços, tais como: • Oferta de equipamento ao Hospital, tal como, cadeira de rodas e televisores para as salas de espera e enfermarias; • Em colaboração com o Serviço Social, no projeto designado de Espaço Solidário, através do qual se criou um banco de bens de primeira necessidade, tais como, bens alimentares não perecíveis, peças de vestuário e produtos de higiene intima, de forma a satisfazer, no imediato, as necessidades dos doentes internados e com graves problemas económicos; • Também através do serviço Social, a Liga tem dado apoio a doentes carenciados que necessitem de resposta imediata ao nível de “ajudas técnicas” que comprometam o estado de saúde do doente (medicamentos, vacinas etc.). É da responsabilidade da Direção da Liga dos Amigos promover o acompanhamento e supervisão da atividade do Voluntariado de forma a garantir a prossecução dos seus objetivos. Ao longo destes 30 anos de existência, o corpo de voluntariado da Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo, tem cooperado com o Hospital, através da presença de Voluntários distribuídos pelos diversos serviços do Hospital, que calorosamente dão um pouco de si, a todos aqueles que por motivos de saúde recorrem aos serviços do Hospital. São Homens e Mulheres que graciosamente disponibilizam algumas horas das suas vidas para amparar os doentes e/ou acompanhantes. O Voluntário tem que ter disposição para oferecer, gratuitamente, o seu tempo disponível, as suas habilitações, o seu bom contacto humano e a sua boa vontade ajudando ao bem-estar do doente. Tem que estar disposto a, com bom senso e muito amor, ajudar cada doente a realizar-se, até ao fim, como pessoa na sua totalidade, respeitando inteiramente a sua dignidade, aceitando incondicionalmente o compromisso, num empenhamento total, e sem servilismo, de uma missão que é sempre um ato de amor e de doação pessoal, tendo sempre em atenção que o essencial é chegar ao doente, através dos vários serviços que tem que realizar.
E GRATIDÃO foi o que quis demonstrar a Comissão de Humanização do Centro Hospitalar do Tâmega (CHTS) a todos os profissionais do Hospital, pela forma abnegada e corajosa com que encararam o “inimigo”, pelo empenho, esforço e dedicação que colocaram na sua função de cuidar do outro, em tempos de pandemia. E porque também o quiseram eternizar, esse OBRIGADO, está agora expresso num painel (colocado nas paredes do Hospital Padre Américo, em Penafiel e no Hospital de São Gonçalo, em Amarante), que foi concebido por Diogo Mendes, um aluno da Escola Secundária de Penafiel que respondeu afirmativamente ao desafio lançado e contribuiu com a sua arte para esta mostra de reconhecimento coletivo. “A gratidão é a memória do coração” - Antístenes Mónica Ferreira, Jornalista