Jornal da SBCT - Ano 5 - Edição Setembro/2016

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Tratamento Pré e Pós-Operatório dos Pacientes com Pectus Excavatum. – Pectus Press (Pp)

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Serviço de Terapia Ocupacional, uma das divisões do Ins�tuto de Ortopedia e Traumatologia modificou e desenvolveu uma órtese flexível, em parceria com a Disciplina de Cirurgia Torácica, do HCFMUSP e do Incor, para auxiliar desde o início no tratamento de crianças e adolescentes com Pectus Excavatum (PEX). “Nosso obje�vo foi desenvolver e adaptar uma peça de menor custo, com mais conforto e este�camente melhor adaptada ao tórax de todos os pacientes”, diz a terapeuta ocupacional, Maria Cândida Luzo. “Como estamos tratando de adolescentes, quanto mais simples e confortável for o tratamento, mais aderência e melhores resultados poderão ser colhidos deste específico grupo de pacientes”, acrescenta. O PEX é uma deformidade do tórax com vários graus de severidade. Em casos graves, a deformidade prejudica inclusive as funções cardíacas e respiratórias como nos mostram os úl�mos trabalhos desenvolvidos pelo grupo do Prof. Dr. Hans Pilegaard, na cidade de Aarhus, Dinamarca. O problema se acentua mais frequentemente no período de crescimento rápido dos ossos, nos primeiros anos da adolescência, quando ocorre o chamado “es�rão da puberdade”, fase em que os pacientes também sentem os efeitos psicológicos causados pela deformidade. Segundo a terapeuta ocupacional, “a nova órtese também favorece a melhora da postura, da respiração e, consequentemente, a melhora da esté�ca corporal”. Este modelo de órtese u�liza os conceitos preconizados por pesquisadores brasileiros consagrado na literatura como método Haje, baseado nas lições aprendidas do Prof. Sidney Haje, cujo legado foi a criação de um protocolo de tratamento conservador para as deformidades da parede torácica. Ele tratou

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seu primeiro paciente há mais de 35 anos, quando criou a técnica de “Dynamic Chest Compressor Brace”, em associação com um protocolo de exercícios específicos “Dynamic Remodeling Method”, que estabeleceu novos padrões para o tratamento do Pectus carinatum e Pectus excavatum. Ele também apontou que para cada �po de pectus, há um tratamento, um prognós�co, uma idade ideal para o início e para o acompanhamento. A conformação torácica e a flexibilidade da parede também são variáveis importantes para todas as técnicas de manejo clínico e ou cirúrgico. Tradicionalmente, considerava-se o PEX como uma deformidade cuja importância cosmé�ca é maior do que a funcional. Entretanto, dor torácica no local da deformidade, palpitações, arritmias transitórias e, principalmente, dificuldade para realizar exercícios são queixas frequentes e atualmente comprovados em alguns pacientes. Avaliações clínicas e de propedêu�ca armada nos casos mais acentuados, como mencionado acima, em trabalhos recentes da literatura, podem demonstrar alterações significa�vas dos índices fisiológicos respiratórios e cardiológicos. Entretanto, e não menos importante, grande parte desses pacientes apresenta graves alterações psicológicas devido ao contorno irregular do tórax. Tendem a se retrair, não se expor em público, evitam a�vidades espor�vas, relacionamentos, convivência entre os colegas e todas ou quaisquer situações que exijam exposição da sua deformidade. Alterações psicológicas têm sido também iden�ficadas inclusive nos pais, que passam a considerar os filhos incapacitados para exercerem uma a�vidade �sica normal. Todas estas alterações associadas acabam contribuindo e provocando profundas e progressivas consequências, muitas vezes di�ceis de serem corrigidas.


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