JORNAL DA SBCT | ANO 7 | EDIÇÃO JUNHO / 2017

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Jornal da SBCT Ano 7 | Edição de Junho / 2017

Fernando Vannucci, Sérgio Tadeu, Carlos Alberto Araújo, Mário Ghefter, Miguel Tedde e Ricardo Terra

Informativo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica


Editorial

Mensagem do Presidente

Meus amigos,

Prezados colegas,

O jornal da nossa SBCT é um veículo de comunicação, de registro do que aconteceu ou do que está sendo planejado, seja em âmbito administrativo ou científico. Registra ações individuais, de um grupo ou da própria instituição a qual ele representa. Nele, e com ele, está expressada uma identidade, um canal de comunicação com todos seus membros, associados e patrocinadores. É um registro da vida da nossa SBCT.

No momento em que assumidos a condução dos trabalhos que irão nortear o destino da SBCT pelos próximos dois anos tenho que confessar que neste momento as sensações são fortes e muito intensas. Embora não tendo consultado, mas conhecendo meus colegas da atual diretoria, tenho a pretensão de dizer que devo estar falando em nome deles também, pois comungamos os mesmos ideais em relação à SBCT. A sensação mais premente que nos domina é a alegria e isso acontece porque há muito júbilo e contentamento por estarmos mais uma vez reunidos, todos nós, em torno de uma antiga e perene paixão, paixão minha e acredito que de todos, que é a nossa SBCT.

Essa edição é, também, um marco do início de uma nova diretoria eleita no último congresso, o Tórax 2017 que ocorreu na cidade do Rio de janeiro. Momento em que nosso presidente eleito por dois mandatos, o Dr. Darcy Pinto Filho, passou ao Dr. Sérgio Tadeu a responsabilidade pela condução da sociedade pelos próximos dois anos. Sob nova diretoria, esse jornal passa também a ter novos contribuintes na sua elaboração, a apresentar algumas mudanças e a ter novas colunas. A nova coluna – Tórax Brasil: um retrato da cirurgia torácica brasileira é uma das novidades. Nela procurar-se-á fazer um registro da diversidade da prática da nossa especialidade nas diferentes cidades e serviços do nosso país. O registro será feito com objetivo de que as diversas ações, dos diferentes associados sejam conhecidas, divulgadas e registradas por esse jornal. Dessa forma, teremos um conhecimento melhor e mais preciso da realidade enfrentada por nossos associados, nos diversos serviços e em várias cidades, independente de seu tamanho ou em que região estejam elas localizadas. Um melhor conhecimento levará a uma mais precisa qualificação da nossa realidade e problemas, que, ao final, propiciará um planejamento mais pontual e racional para as ações da SBCT.

Carlos Alberto A. Araújo Vice-Presidente da SBCT - RN

Independente de possíveis diferenças de opinião, de possíveis pontos de vista divergentes, é fundamental que entre nós prevaleça, como tem sido até agora, o entendimento em prol desse ente maior que é a Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica. Vamos fazer com que nossos corações pulsem no mesmo ritmo, embalados pela veneração comum que temos pela Sociedade. Assim, quero conclama-los a que façamos juntos essa jornada pelos próximos dois anos. Esta será, acima de tudo, uma gestão de congraçamento de todos os cirurgiões torácicos, de tal forma que a maior beneficiária desse trabalho, que tenho certeza, faremos em conjunto, possa ser a cirurgia torácica brasileira. Mas as emoções não se resumem à alegria em nossos corações. Juntos com a alegria também experimentamos um forte senso de responsabilidade decorrente da imensa tarefa que temos pela frente e isso faz com que nossas mentes também estejam aceleradas.

Sérgio Tadeu L. F. Pereira Presidente da SBCT

Um acontecimento importante, merecedor de registro, foi o término da reforma da nossa sede. Houve, primeiramente, aquisição da sala ao lado da antiga sede. Registra-se aqui a importância da contribuição financeira proveniente do sucesso do Tórax 2015 que aconteceu na cidade de Fortaleza/CE. Oportuno o agradecimento a toda comissão organizadora do evento. Com isso iniciou-se uma grande reforma que tornou nossa sede maior, mais moderna e bonita. Convidamos todos a fazerem uma visita e conhecer nossa nova sala. Com certeza terão oportunidade de reconhecer um pouco da nossa história. Sua inauguração oficial acontecerá, provavelmente, até o final deste ano e será devidamente registrada.

A SBCT cresceu muito. De pequena sociedade nacional de um país do terceiro mundo estamos experimentando um papel de destaque na cirurgia torácica mundial. O minucioso inventário que nosso Presidente Darcy acaba de fazer é uma prova inconteste disso. E esse fato, admirável por um lado, só faz realçar por outro, a enorme responsabilidade que temos pela frente. Não basta manter a roda em movimento. O que se espera é que continuemos a levar a SBPT para posições de destaque, cada vez mais alto, como tem feito todas as diretorias que nos antecederam.

Nosso jornal é feito com objetivo de divulgar as ações dessa sociedade, assim também representa uma plataforma de informações para todos nós.

E para isso eu os convoco a participar. A responsabilidade também é de todos nós. A SBCT estará aberta a propostas de trabalho que sejam trazidas por seus associados. É disso que necessitamos: de ideias e projetos que visem melhorar a cirurgia torácica brasileira e que sejam trazidas e desenvolvidas por seus idealizadores por meio das comissões de trabalho. Assim, gostaria que vocês sintam-se coercitivamente convocados a colaborar com a SBCT.

Aproveitem e comentem.

Expediente

Mas não posso finalizar sem fazer um agradecimento especial. É imperativo reconhecer que a SBCT só atingiu a posição que tem hoje graças ao fato de ter sido presidida por colegas ilustres, ícones da cirurgia torácica nacional, que tanto legaram. Mas a par disso, algo precisa se ressaltado. A SBCT foi até então liderada por colegas oriundos de capitais, ligados as grandes universidades do país. Isso é compreensível. Nos seus primórdios, esse sopro da metrópole, da universidade, repleto de tradição conferia uma aura de confiabilidade, de consistência que era necessária nessa fase inicial de nosso desenvolvimento.

Diretoria da SBCT

Presidente: Sérgio Tadeu L. F. Pereira Vice-presidente: Carlos Alberto Almeida de Araújo Secretário Geral: Mario Cláudio Ghefter Tesoureiro: Miguel Lia Tedde Secretário Científico : Ricardo Migarini Terra Secretário de Assuntos Internacionais: Fernando Vannucci

Textos e Edição

Responsável pela revista: Roger Normando

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Mas se é verdade o que disse o poeta, que para nascer é preciso destruir um mundo, no sentido de romper com o cômodo e o seguro, para a consequente busca da própria razão de existir, foi isso o que a SBCT fez nas ultimas gestões.

Endereço

Av. Paulista, 2073, Horsa I, cj. 518 | São Paulo - SP CEP: 01311-300 Fone/fax: (11) 3253-0202 secretaria@sbct.org.br www.sbct.org.br

Cinthya Brandão - Jornalista DRT/BA 2397 www.cinthyabrandao.com.br

Ter sido conduzido com sucesso por uma Diretoria que se diferenciava neste aspecto de não ser oriunda dos grandes centros veio à mostra ao associado que nesta nova fase a SBCT poderá estar em qualquer canto deste nosso imenso país. Dessa forma, a SBCT, que nunca foi etilista, hoje é mais do que nunca de todos nós. Assim, quero agradecer aos Drs. Darcy e Avino, gaúchos de Caxias do Sul, por mais esse legado que nos deixaram, e que temos compromisso de manter uma SBCT cada vez mais perto de cada um e de todos os cirurgiões torácicos deste país.

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Escassa vocação para o nobel

O general em sua caverna

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s queixas generalizadas dos pesquisadores nacionais com a restrição de verbas e suspensão de bolsas de graduandos em fase avançada de seus projetos acadêmicos explicam perfeitamente a debandada de talentos rumo a países onde a ciência seja considerada uma alavanca indispensável para o desenvolvimento científico e social. Esta abdicação de cultura própria condena-nos, irreparavelmente, à condição de copiadores medíocres de projetos concebidos por cabeças livres para serem grandes. Tudo bem que sendo pobres como somos não pretendamos competir em número de premiados com os EUA (355), Reino Unido (120), ou com a Alemanha (105), mas ficar atrás do Azerbaijão (1), de Chipre (1), Iémen (1) e Ilhas Faroe (1) e Bangladesch (2) é demais. E se quisermos nos deprimir um pouco mais, olhemos para nossos irmãos latino-americanos, como a Argentina (5), Guatemala (2), Chile (2), Peru (1) e Venezuela (1). Não bastasse a nossa reconhecida inépcia, ainda a história confirma que sempre que existir espaço para o azar, o azarado se candidata a ocupá-lo. Em 15 de fevereiro de 1915, nasceu em Petrópolis no Estado do Rio, Peter Medawar, filho de um empresário inglês que enriquecera em Londres, trabalhando com material dentário e de ótica e resolvera expandir seus negócios, emigrando com a esposa para o Rio de Janeiro, nos primórdios do século XX. Com uma grande loja da Óptica Inglesa em Copacabana e residência na região serrana do Rio, tiveram dois filhos brasileiros, Peter e Pamela, registrados simultaneamente, no Cartório de Petrópolis e na Embaixada Inglesa no Rio de Janeiro. Na adolescência ambos foram mandados à Inglaterra para cumprirem o High School, e vivendo lá, Peter recebeu a convocação para o serviço militar brasileiro, aos 18 anos. Preocupado em não interromper seus estudos, mandou uma carta pedindo dispensa, e usando como intermediário o então Ministro da Aviação, Salgado Filho, amigo do pai e seu padrinho. Apesar da interferência, o pedido foi negado por Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra no Estado Novo, o período ditatorial de Getúlio Vargas. Não tendo

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comparecido à convocação, perdeu a nacionalidade brasileira, que nunca mais figurou em seu currículo. Formado em Zoologia, em Oxford, em 1935, iniciou seus trabalhos de pesquisa dedicados à cultura de células e regeneração de nervos periféricos. Durante a II Guerra trabalhou na Unidade de Queimados da Glasgow’s Royal Infirmary. Nesta época, os transplantes de pele eram usados em escala crescente nos pacientes com grandes queimaduras, resultantes dos bombardeios diários sobre o Reino Unido. À época atribuía-se o sucesso ou o fracasso do procedimento à técnica cirúrgica, mas Medawar resolveu estudar os enxertos perdidos e descobriu que neles, havia um número impressionante de linfócitos, que são glóbulos brancos relacionados com a imunidade, e com isto abriu a porta para o entendimento do mecanismo da rejeição celular. Em reconhecimento ao fato de que todo o desenvolvimento dos transplantes se deve à esta descoberta elementar, deram a Peter Medawar, o Nobel de Medicina em 1960, um título que o Brasil não pode compartilhar, aparentemente por uma rusga entre dois ministros, que participaram involuntariamente na produção do tal azar. Anos depois, já como uma personalidade festejada no mundo científico, Peter foi convidado para vir ao Rio de Janeiro onde proferiu uma conferência histórica, registrada nos Anais da Academia Nacional de Medicina. Com os pais já falecidos e tendo a família se desfeito dos bens materiais no Brasil, pediu para ir a Petrópolis rever o local onde tinha passado uma infância muito feliz. Contam que, na volta, desceu a serra chorando, completamente comovido por reencontrar, intactas, as imagens de uma meninice que levava no coração com uma intensidade que não podia, de nenhuma maneira, ser borrada por uma decisão burocrática. Esta história deve entristecer os cientistas brasileiros de todos os tempos. Os mais sensíveis, chorarão. Os outros culparão o destino, e com isto, mais uma vez, nos justificaremos. JJ Camargo

Membro da SBCT - RS

colombiana Santa Marta fica na divisa com a Venezuela. Lá, Simon Bolívar, o libertador da América, encavernado numa tuberculose, passou os últimos dias de vida. Em, “O general em seu labirinto”, Gabriel Garcia Márquez descreve os últimos dias de “El libertador”, que relutou em aceitar tratamento médico. Uma prova: ”o doente piorou ainda mais no fim de semana, por causa de um copo de leite de jumenta que tomou por sua conta e risco, escondido dos médicos.” Vale ressaltar que a cura médica da TB ainda não existia e o que se fazia era higiene pessoal, isolamento em área ventilada, quarto com janelões, particularmente em região montanhosa, além de repouso, como relata Thomas Mann em, “A montanha mágica”. Bolívar morreu em 1830, quando ainda se falava em miasmas e pneumas, e a TB ainda se chamava Tísica. O bacilo foi descoberto somente em 1882 e dez anos depois surgiram os primeiros tratamento efetivos - o cirúrgico-, destacando-se as desconjunturantes operações de toracoplastias e os pneumotóraces. Foi somente em 1946 que apareceu a primeira droga-alvo. A casa onde o general passou os últimos dias era simples. O seu quarto de sobrado flertava com o mar. Tinha escarradeira, jarra d’água com toalha, cama e banheira. A velha casa da alfândega, que se vê hoje para visitação, tem parede amarela e dois quadros de pessoas que fizeram parte de seus últimos dias, entre eles, dr. Reverend, seu médico de cabeceira. Lá está, esculpido em mármore carrara, o mirrado corpo do general morto, para exposição e selfies. Quem não puder chegar até Santa Marta, que faça uma passagem pelas muralhas de Cartagena das índias e visite a Ábaco – livros e café -, na Calle de la Mantilla. Foi o que fiz. Fuçei até achar, por acaso, os 33 boletins médicos do dr. Alejandro Reverend, reunidos numa só apostila com 87 páginas que retratam os últimos estertores do general. Na necropsia ele descreve que suas pleuras estavam aderidas e seus pulmões

endurecidos. O direito, quando espremido, purgava um manancial da cor vinhosa. Tradução: caverna tuberculosa. O jovem médico tinha apenas 35 anos, havia chegado da França e tinha responsabilidade do tamanho da Nova Granada. O médico assumiu o caso após discussão com seus pares, que se cegavam à Tísica. Sem outros meios, o diagnóstico se fazia no olhar clínico e a confirmação era somente pós-morte. Bolívar tinha 47 anos de idade e muitas conquistas, mas dentro de sua humildade dizia que tais vitórias não cabiam numa banda de sapatos. Após o enterro, outro general ofereceu ao médico, pela dedicação, o cargo de cirurgião-chefe do exército. Ele respondeu: “prefiro minha liberdade a todo emprego assalariado”. Ainda se negou a receber recompensa pecuniária. Disse que fazia aquilo por admirá-lo. Ficou junto a ele até o último arfo. Logo após, desapareceu. Ressurgiu em Paris, escrevendo tais relatos clínicos, em 1866. Em 2010 os restos mortais de Bolívar, que se encontram no panteão nacional da Venezuela, foram exumados por determinação de Hugo Chávez, ao achar que havia conspiração e envenenamento, tal como ocorrera com Napoleão Bonaparte. A análise levou ao diagnóstico radicalmente diferente ao de Reverend, mas não confirmou a hipótese estilhaçada de Chávez. Os ossos exumados foram devolvidos. O espírito do general, por destino, não demorou a recepcionar o de Chávez, mas é improvável que no labirinto cavernoso do subsolo do panteão, o déspota esteja maduro suficiente para entender que conquista se faz com passos e não rasgando boletim médico, ou a própria constituição.

Roger Normando Membro da SBCT - PA 05


O

XX Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica – TÓRAX 2017 realizado na cidade do Rio de Janeiro no período de 03 a 05 de maio de 2017, tendo como Presidente do Congresso, Fernando David, e Presidente da Comissão Científica, Anderson Nassar, foi marcante para a SBCT e seus membros, para a cidade do Rio de Janeiro e os Cirurgiões Torácicos de todo o estado. Um evento bem sucedido graças ao trabalho determinado e comprometido da Comissão Organizadora e da Diretoria Executiva da SBCT. O TÓRAX 2017 apresentou uma grade científica de qualidade, contou com a participação de 14 convidados internacionais que engrandeceram o evento com a apresentação de temas atuais e de grande interesse e também comentaram trabalhos apresentados por cirurgiões torácicos brasileiros, modalidade inusitada em nossos congressos o que foi uma oportunidade ímpar para todos os participantes. O Congresso contou com 599 inscritos, deste total, 277 também se inscreveram nos 05 cursos e café com o professor, com a participação dos convidados internacionais, valorizando significativamente estas atividades. Vale ressaltar que a educação continuada em Cirurgia Torácica é uma grande missão da SBCT. Reunião sobre o Banco de Dados da SBCT, durante o XX Congresso Brasileiro de Cirurgia Torácica- Tórax 2017, no Rio de Janeiro/RJ, entre 03 e 05 de marco de 2017.

Participação nos cursos:

Cirurgia da Traqueia e Endoscopia Respiratória Intervencionista Hands On - Hospital Antônio Pedro

39

Cirurgia de Parede Torácica (Transmissão de Cirurgia)

20

Cirurgia Minimamente Invasiva (Transmissão de Cirurgia)

62

Estadiamento do Câncer de Pulmão (Café com o Professor)

31

Intercorrências e Complicações Peroperatórias em Cirurgia Minimamente Invasiva - (Café com o Professor)

31

Oncologia Torácica

50

Trauma Torácico

44

TOTAL

277

A receita bruta do TÓRAX 2017 foi de R$ 1.117.370,00, tendo como resultado positivo a receita de R$ 513.597,99 para os cofres da SBCT, importante para financiar as atividades científicas e de Defesa Profissional organizadas pela sociedade. O Rio de Janeiro ofereceu a sua beleza natural e a reestruturação da cidade para acolher da melhor forma a todos os congressistas e seus familiares, uma honra para os cirurgiões torácicos cariocas, e teve o privilégio em poder comemorar os 20 anos da fundação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica.

Prêmio Artur Eugênio de Azevedo Pereira 2016

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oi entregue durante o XX Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, o prêmio Artur Eugênio de Azevedo Pereira 2016 ao residente Rodolfo Lavor Alencar, do Serviço de Cirurgia Torácica do Pavilhão Pereira Filho, da Santa Casa de Porto Alegre. Este prêmio é dado ao residente com melhor desempenho no curso de Aprimoramento em Videocirurgia, o qual é oferecido anualmente pela SBCT, a todos os residentes de segundo ano de cirurgia torácica do país. O vencedor é selecionado de acordo com desempenho nos seminários, prova escrita e na prova prática que inclui uma lobectomia por videotoracoscopia no modelo anima.

Foi de extrema importância e muito gratificante para a Comissão Organizadora a realização do XX CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA TORÁCICA – TÓRAX 2017.

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Fernando David Presidente do XX Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica – TÓRAX 2017

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TEMPO DE TRANSECÇÃO

33%

mais rápido que os concorrentes.

SELAMENTOS

150%

mais fortes se comparados com outros dispositivos de energia avançados.

SBCT apresenta nova diretoria eleita

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Diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica que assumirá a entidade pelos próximos dois anos foi eleita no dia 05/05/17, no Rio de Janeiro, no encerramento do Tórax 2017 – XX Congresso Brasileiro de Cirurgia Torácica. No discurso de posse, o novo presidente da SBCT, Dr. Sérgio Tadeu Lima, conclamou a participação de todos para manter a sociedade em constante crescimento. “Vamos fazer com que nossos corações pulsem no mesmo ritmo, embalados pela veneração comum que temos pela Sociedade. Assim, quero conclama-los a que façamos juntos essa jornada pelos próximos dois anos. Esta será, acima de tudo, uma gestão de congraçamento de todos os cirurgiões torácicos, de tal forma que a maior beneficiária desse trabalho, que tenho certeza, faremos em conjunto, possa ser a cirurgia torácica brasileira”, ressaltou e reconheceu a importância do papel de Dr. Darcy Ribeiro Pinto Filho frente à entidade nos últimos quatro anos. “A SBCT cresceu muito. De pequena sociedade nacional de um país do terceiro mundo estamos experimentando um papel de destaque na cirurgia torácica mundial. O minucioso inventário que nosso presidente Darcy acaba de fazer é uma prova inconteste disso. E esse fato, admirável por um lado, só faz realçar por outro, a enorme responsabilidade que temos pela frente”, reiterou.

Conheça a diretoria da SBCT 2017/2019 Presidente: Sérgio Tadeu Lima F. Pereira Vice-Presidente: Carlos Alberto Almeida de Araújo Secretário Geral: Mario Cláudio Ghefter Tesoureiro: Miguel Lia Tedde Secretário Científico: Ricardo Mingarini Terra Secretário de Assuntos Internacionais: Fernando Vannucci

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Agradeço à minha família – meus filhos e meus netos, infelizmente nem todos aqui presentes neste momento. Eles têm sido minha inspiração, minha missão de vida e meu orgulho pela vida que eles construíram e continuam construindo. Mas acima de tudo, bem acima de tudo, agradeço à minha esposa Viviane, farol de nossas caminhadas, pedra angular de nossas vidas, porto seguro de cada aventura, força inabalável de nossos destinos. Sem ela, sem seu amor, sem sua luz, eu jamais poderia ser o que hoje sou pois que, sem ela, o que há de mais essencial em mim não teria florescido e se tornado realidade. Agradeço muito ao destino que me tornou médico, a seguir Cirurgião e mais que tudo, Cirurgião Torácico. Sou muito feliz por ter feito estas escolhas, o que me permitiu conviver com meus colegas desta Sociedade tão imponente hoje que é a SBCT. Gostaria de citar nominalmente todos eles e agradecer-lhes um a um o convívio, a amizade, e o aprendizado que não cessa nunca.

Tributo ao professor O “Tributo ao Professor” é uma distinguida homenagem instituída no encontro de Fortaleza, o Tórax 2105, onde o homenageado foi o Prof. Manoel Ximenes Neto, e representa o reconhecimento público da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica aos professores que ajudaram a construir o caminho da Cirurgia Torácica brasileira. Neste ano, a SBCT presta seu reconhecimento ao Prof. José Antônio de Figueiredo Pinto por sua brilhante trajetória docente e inestimável contribuição na formação dos cirurgiões torácicos brasileiros. Abaixo o inesquecível discurso de agradecimento do Prof. Figueiredo Pinto, proferido durante o Tórax 2017.

M

eus profundos agradecimentos à Diretoria da SBCT por esta homenagem, sem dúvida a mais significativa da minha vida como Cirurgião Torácico. Em junho de 2001, numa noite gélida de Gramado, fui eleito presidente da SBCT, numa eleição em tudo memorável. Ao assumir o pódio para agradecer e dizer que nada havia sido tão importante em minha vida profissional quanto ser eleito presidente, me lembro nitidamente de ver o Darcy e o Tadeu sentados lado a lado na plateia. Naquele mesmo momento tive a certeza de que uma das minhas prioridades seria abrir a Sociedade à nova geração. Fico muito feliz que estejam os dois aqui, por incontáveis méritos próprios, a presidir esta cerimônia, cercados de respeito e da admiração de todos nós. É extremamente significativo para mim que esta homenagem tenha acontecido no Rio de Janeiro. Aqui aportei numa segunda-feira de outubro de 1968, após 22 horas de ônibus para uma entrevista com o Professor Jessé Teixeira, no Hospital da Beneficência Portuguesa, no dia seguinte. Naquela terça-feira, pontualmente as 8:00h fui por ele entrevistado e fomos, no seu carro ao Hospital Santa Maria em Jacarepaguá onde ele realizou uma lobectomia superior direita. Com tal maestria e técnica que me deu a certeza imediata de que eu havia feito a escolha certa. Quando voltamos ao Catete no meio da tarde, eu tinha sido aceito como residente, a começar em fevereiro do ano seguinte. Iniciou-se assim, minha carreira, eu diria com o beneplácito de vocês, minha missão como Cirurgião Torácico. Acabei ficando 2 anos, desenvolvi uma sólida e insuperável amizade com o Professor Jessé. Fui muito feliz no Rio de Janeiro

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onde, na mesma Beneficência Portuguesa da rua Santo Amaro nasceu minha filha Ângela que hoje está a lidar com detalhes, sombras e contrastes no campo da Imagem. O Professor Jessé Teixeira foi um extraordinário Cirurgião, dotado de técnica refinadíssima e apurado senso clínico e que era portador de 2 qualidades que costumam se opor – era extremamente organizado e extremamente criativo – o que muito raramente acontece para poucos e afortunados. Ele foi, portanto, um cirurgião completo e que teria sido reverenciado com um dos grandes cirurgiões do século se vivesse num país de língua universal e se publicasse em inglês.

Peço licença para personalizar esta homenagem numa pessoa chamada Vicente Forte, meu amigo, meu irmão (frequentemente meu irmão mais velho, com todos os rigores de irmão mais velho) de quem ora fui aluno ora mui mestre, na legendária volúpia do Vicente de ensinar e de aprender. Vicente foi uma perda enorme para todos nós e para a SBCT, ele que, com cargos ou sem cargos, incansavelmente se dedicou a ela. A vida muito cedo me tirou meus irmãos mas me ofereceu a compensação destes tantos e tão queridos amigos, quase todos aqui nesta plateia, meus irmãos de coração e de caminhada e que eu os bendigo e agradeço. Muito mais eu poderia dizer acerca desta trajetória na Cirurgia Torácica que ainda me encanta e me excita, com entusiasmos de principiante e também da minha vida formando cirurgiões. Eu aprendi através da poesia de meu pai que nada pode ser mais eloquente do que a síntese, e que a essência da síntese se encontra é na poesia. Por isso, tive a ousadia de traduzir um trecho da poesia “EN PAZ” de Amado Nervo, poeta mexicano que viveu no Uruguai e que faleceu em Montevidéu em 1919, e que diz:

Próximo do meu poente eu te agradeço, Vida, porque não me deste esperanças falsas nem trabalhos injustos nem penas que não fossem merecidas. Percorrendo meu caminho, vejo que fui o arquiteto do meu próprio destino e que, quando plantei roseirais colhi somente rosas. Por vezes, achei longas as noites de minhas insônias mas não me prometeste tão somente noites boas e, reconheço, tive noites docemente serenas. Por certo que tive invernos muito longos mas nunca me disseste que maio seria eterno Amei, fui amado, o sol iluminou minha face Vida, nada me deves Vida, estamos em paz!

José Antônio de Figueiredo Pinto Títular da SBCT

Na mesma gélida noite de Gramado em 2001, do alto do pódio, fazendo força para dominar a emoção como agora, percebi meus residentes e ex-residentes, todos ou quase todos presentes e pensei: “eu tenho de agradecer a eles o trabalho de alta qualidade, a seriedade, o entusiasmo e a dedicação permanente, pois sem eles, sozinho, eu não poderia construir o Serviço que construí”. E foi o que eu fiz e faço agora novamente, agora que igualmente estão todos ou quase todos nesta plateia. A presença maciça deles aqui, o carinho, o afeto, a amizade deles para comigo e entre eles mesmo, falam eloquentemente por si só. Muito obrigado a vocês todos que são meu orgulho e minha realização. Vocês todos me ajudaram a realizar este sonho: construir um Serviço de qualidade, com seriedade e ética e que tivesse um ambiente de afeto, de respeito às qualidades de cada um e que tivesse a atmosfera em que cada um se sentisse feliz dando os primeiros passos no seu futuro. Nesta caminhada eu tive a ventura de ter dois Jaymes comigo: o Jayme Rios e o Jayme Heck, e sou grato ao destino que os colocou no meu caminho. E agora, chegou a Maria Tereza, um sopro de juventude e renovação. 11


Algo corriqueiro na cena urbana brasileira. Fui testemunha visual dessa comum, mas inaceitável situação do nosso país. De um lado uma casa velha, que era forçada a funcionar como um hospital. Totalmente mal adaptada para exercer essa função. Assim vi e conheci o HTCG. Uma real fotografia do descaso com as mais básicas necessidades da população. Aquilo, numa linguagem bem nordestina, era a mais pura representação da palavra pardieiro.

Tórax Brasil:

O repórter Forte

Um retrato da cirurgia torácica brasileira A

ideia dessa coluna nasceu da necessidade de conhecer, informar, documentar, divulgar e registrar a diversidade no exercício da cirurgia torácica brasileira. Através dela esse repórter mostrará as diferentes particularidades e desafios que os cirurgiões torácicos brasileiros enfrentam em suas cidades e nos hospitais em que trabalham. Sejam em capitais, metrópoles ou pequenas cidades do interior. A ideia, inspirada na insaciável necessidade que dr. Vicente Forte tinha de conhecer de perto a todos nós, é ter uma representação da nossa diversidade enquanto Sociedade. Inspirado nele, esse repórter passa a adotar um pseudônimo: Repórter Forte!

A Serra da Borborema não respeita as fronteiras entre os estados da Paraíba, Alagoas,Pernambuco e Rio Grande do Norte. Decorrente a sua altitude, seu cume mais alto é o Pico do Papagaio com 1.260m, propicia um microclima próprio em pleno sertão do nordeste brasileiro. Campina, como seus habitantes carinhosamente chamam, é a cidade mais importante dessa microrregião, desempenhando uma influência política e econômica muito além de suas fronteiras geográficas. Não é diferente com a medicina em geral e, mais ainda, com a cirurgia torácica em particular. Quando se fala em cirurgia torácica nessa região a lembrança e personificação é imediata na figura de Geraldo Antônio Medeiros. 63 anos, formado em 1976 pela Universidade Federal de Pernambuco. Geraldo é cria de um dos maiores nomes da cirurgia torácica brasileira: Jesse Teixeira. Em 1979 quando fez pós-graduação na PUC/RJ sofreu a pródiga influência do professor Jesse.

Uma Ilha Climática no Interior do Nordeste A Cirurgia Torácica em Campina Grande/PB

Ano de 1980, Geraldo retorna à Campina Grande para mudar a história da cirurgia torácica da região e, posteriormente, a história da medicina da cidade. Além da prática da cirurgia torácica geral, com forte ação no trauma, Geraldo resgatou um “elefante branco” que incólume e displicentemente repousava na periferia de Campina. O Hospital de Trauma de Campina Grande (HTCG), fisicamente, estava pronto há mais de 2 anos. Sem vida, apenas existia sem desempenhar qualquer função que se espera de um hospital, numa amostra do desrespeito com a coisa pública.

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Mas, durante aquela longínqua visita que fiz a rainha da Borborema, percebi que a inquieta indignação de Geraldo não ficaria sem ação. Logo em seguida, e para desespero familiar, assumiu a função de diretor do HTCG. Do descrito pardieiro. Seria uma nítida manifestação de insanidade? Foi minha primeira indagação quando falamos ao celular. Longe disso. Influenciado por sua forte, e reconhecida no mundo da SBCT, dedicação e ação no trauma torácico, Geraldo foi um visionário diante daquela situação esdrúxula e caótica. Os cuidados às vítimas do trauma em CG estavam entre um pardieiro e um elefante branco inoperante. Certamente, em óbvia consequência, carecia de uma qualidade mínima. Em 10 de janeiro de 2011 assumiu o caótico hospital de trauma. Em 23 de junho do mesmo ano, em pleno festejos juninos, fez o inimaginável: transferiu todos os pacientes para o elefante branco que há muito tempo e em dinheiro público desperdiçado dormia. Nascia aí o Hospital de Emergência e Trauma Don Luiz Gonzaga Fernandes (HTLGF).

giões. Dário BirolinI, Italiano de Fiume e professor da USP, estaria orgulhoso e consciente de que seu pioneirismo tinha representante e era plenamente praticado naquele hospital. O paciente com politraumatismo não disputava espaço, tempo e, muito menos, a atenção e cuidados da equipe multidisciplinar com outras ocorrências menos graves. A perfeita estratificação dos escores de trauma tornava o cenário funcional, resolutivo e, na medida do possível, calmo. A urgência era uma definição traçada pelas condições do paciente e não pela falta de planejamento ao atendimento inicial ao politraumatizado. O hospital é palco de outra realidade pouco comum no Brasil. Lá, sob a regência do maestro e diretor Geraldo, o cirurgião torácico é presencial. São sete cirurgiões que pertencem a uma equipe integrada e dedicada àquele hospital. Geraldo é um histórico e veemente defensor dessa ação. “O trauma torácico deve estar sob a responsabilidade, desde o atendimento inicial, do cirurgião torácico”. Sentencia ele com convicção que a literatura e o tempo lhe respaldam.

“…Estala relho marvado Recordar hoje é meu tema Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema…”

Música de Rosil Cavalcanti: os tropeiros da Borborema

Mas não foi dessas tão comuns inaugurações que a história do nosso país está acostumada a ver e ter. Coisa para político se promover e TCU se calar. Aquilo era para valer e honrar o dinheiro público. Era para ser palco do pleno exercício da cidadania e dos cuidados com a saúde pública da população. Será que está nascendo mais um político e, consequentemente, morrendo mais um grande médico? Suspeita clínica precipitada a minha. Decerto não valorizei a história familiar e os antecedentes do cidadão Campinense. O HTLGF hoje é uma realidade de encher os olhos de qualquer brasileiro, principalmente por estarmos acostumados com a falta de compromisso tão comum no âmbito da saúde pública. Geraldo é um exemplo de vida dedicada, primordialmente, ao bem-estar da população mais pobre que depende exclusivamente da precária saúde pública no nosso país. E mais, o HTLGF é placo e uma referência de gestão pública honesta, dedicada, que rompe com a nefasta ação politiqueira exercida tradicionalmente quando o assunto é saúde pública. Em um passado não muito distante, fui a CG para operar com Geraldo em outro hospital. Era uma sexta-feira e terminamos a cirurgia ao final de uma tarde fria e chuvosa. Fazia 19º, gélido para os padrões nordestinos. Para um Potiguar, estava prestes a nevar. Meu pensamento e desejo era pegar a estrada de volta para Natal. Geraldo não deixou que isso acontecesse antes de me levar para ver sua obra. Mas vai aqui uma confissão, sem delação premiada, do que me passou pela mente quando visitei o ressuscitado elefante. Isso é somente fachada! Foi o pensamento que tive quando chegamos na entrada do hospital. Diagnóstico precipitado decorrente a um exame superficial. A aparente inoperância era um reflexo e consequência de uma perfeita sistematização das zonas de prioridade estabelecidas naquele ativo cenário de trauma. Tudo sinalizado no chão do hospital. Não havia inatividade, tudo era perfeitamente praticado conforme os preceitos do atendimento inicial ao politraumatizado. Ali se respirava a sequência temporal, o ABCDE do ATLS (na sigla em Inglês para Suporte Avançado de Vida no Trauma), estabelecido pelo Colégio Americano de Cirur-

Equipe da Cirurgia Torácica No início de uma tarde chuvosa em Natal/RN, aprumei o GPS no rumo do planalto da Borborema. Uma viagem de volta ao passado recente com o objetivo de registrar o presente para que sirva de exemplo para nossa SBCT. Inicialmente viajei pelas beiradas da BR 101, depois pelos aceiros da 230. Após quase 3 horas cheguei no antigo aldeamento dos índios Ariús. Ampla, plana, privilegiada, cercada de baraúnas, paus-d’arcos, angicos e mulunguzeiros. Cheguei em uma área para ser contemplada. O que vi foi uma grande campina, a cidade de Campina Grande. A rainha da Borborema nesse cenário me recebia. Nosso ponto de encontro foi o referido HTLGF. A segunda casa de Geraldo. Não tem um centímetro daquele espaço público que não tenha sua marca e seu profundo orgulho. Dos jardins com a farta floração das bougainvilleas à lavanderia. Da enfermeira dos apenados às amplas salas do centro cirúrgico. Mas a ala da pediatra, percebi, encheu-lhe de orgulho maior. 13


Seja sob infusão venosa profunda de algum antibiótico ou sob ação nutridora das sondas naso-enterais, as crianças podiam desfrutar de atividades que ajudassem a se integrar melhor ou reconhecer como doméstico aquele ambiente hospitalar. Vi satisfação e olhares atentos naquelas crianças convalescentes. Uma dádiva e uma certeza que estamos cuidando do nosso futuro. Foi o que automaticamente me ocorreu a mente. Sorte delas, orgulho nosso. E aquelas crianças que, por algum motivo, estão impossibilitadas de deixar seu leito hospitalar? Indaguei com curiosidade! Numa ação conjunta com a acompanhante, frequentemente a mãe, é feita uma seleção do melhor brinquedo, baseado na idade e condições clínicas do pequeno paciente, que é levado até o leito hospitalar. Orgulhosamente esclareceu a psicóloga infantil. Senti um profundo e duplo orgulho. Primeiramente me orgulhei, sentimento tão raro nos atuais dias, por constatar que uma população vulnerável estava sendo bem cuidada por um órgão público. O segundo motivo, mais expressivo para esse jornal e para esse RF, foi lembrar que um dos nossos membros é um dos principais responsáveis por essa realidade. Ser brasileiro, nesse momento, e ser membro da SBCT me fez trasbordar de profundo orgulho.

Orgulhosamente continuamos nossa peregrinação pelas entranhas do hospital. Observei que cada unidade operacional é apresentada com uma história particular, mas todas mostram um perfil que retrata o espírito geral do hospital: satisfação e comprometimento das pessoas com a função a ser desempenhada. Em cada canto, a cada porta que se abria, seja de um funcionário, de um médico, de um policial, de uma cozinheira ou dos próprios acompanhantes que transitam pelo hospital, ouve-se uma reverência a pessoa de Geraldo. Até o médico socorrista do SAMU, logo após a estabilização do paciente que ele havia trazido à área vermelha, fez questão de retirar as luvas e ir cumprimentá-lo: “uma satisfação encontrar o senhor novamente, dr. Geraldo”. Sentenciou o jovem médico após um forte aperto de mãos, esboçando, em seu cansado semblante, uma admiração por alguém que certamente tinha como referência para sua importante ação nos cuidados às vítimas do trauma. Assim vivenciei, constatei e orgulhei-me do que acontece em um hospital público na Rainha da Borborema, em Campina como seus habitantes carinhosamente falam. Mais ainda por ele, o hospital, ser dirigido por um cirurgião torácico da nossa SBCT. Um cirurgião que incorpora o real e inalienável espírito humanitário que deve está sempre ao lado de todo médico. Que desempenha uma importante ação de uma liderança aglutinadora junto aos seus pares cirurgiões torácicos. Um membro da SBCT que deve servir de orgulho e exemplo pela dedicação e condução honesta de um hospital publico que mudou definitivamente a realidade de toda uma região no nordeste brasileiro. Esse RF, em nome da SBCT, agradece ao dr. Geraldo Antônio Medeiros pelo exemplo vivo que representa para todos nós e por ter nos dado a oportunidade de vivenciar e registrar sua história nessa coluna. Decididamente, dr. Vicente Forte estaria se sentindo profundamente orgulhoso diante dessa trajetória e de suas consequências para uma população carente.

Ala Pediátrica

25º Congresso da Sociedade Europeia de Cirurgiões Torácicos (ESTS) O 25º congresso da ESTS aconteceu na cidade de Innsbruck/Áustria de 28 a 31 maio, e mais uma vez proporcionou a todos uma grande oportunidade na atualização de conhecimentos e no estreitamento da relação da SBCT com ESTS. Os dados oficiais do evento registram 1124 inscritos, com 10 participantes Brasileiros. No domingo, 1º dia, houve a já tradicional competição científica que esse ano tornou-se maior, recebeu a denominação de “The world Cup of Thoracic Surgery 2017”, passando a ser uma competição disputada por países. O vencedor foi o time do Canadá.

NEWS

A brinquedoteca, então, foi o ápice de seu orgulho expressado na forma de farto e largo sorriso. Em um espaço integrado às enfermarias, uma área bem decorada recebe as crianças ali internadas. Sob o olhar atento e profissional de uma psicóloga as crianças interagem com um ambiente lúdico e primorosamente concebido para ajudar na sua plena recuperação.

18º Encontro Anual do CHEST WALL INTERNATIONAL GROUP O 18º encontro anual do CHEST WALL INTERNATIONAL GROUP aconteceu de 14 a 16 de junho, em Florença - Itália. O evento abordou assuntos como Pectus Excavatum e Pectus Carinatum, além de outras deformidades torácicas, e reuniu aproximadamente 280 participantes, de quase todos os países do mundo, um dos maiores eventos desta sociedade desde a sua fundação em 2009. Várias técnicas e novos tratamentos foram apresentados e sem dúvida, os serviços de destaque e de maior volume dedicados a esta especialidade estavam presentes e opinaram sobre os temas apresentados. Durante dois dias e meio, de intenso trabalho, uma comissão julgadora definiu os dois prêmios que foram distribuídos, a melhor apresentação oral e ao melhor pôster com discussão, selecionados entre os 94 trabalhos enviados especialmente voltados aos residentes/profissionais jovens, com menos de 35 anos de idade. A Sociedade foi definitivamente instalada, com a eleição de novos membros do Board e com o lançamento do novo website www.chestwall.org que está disponível a todos e estimulando a participação de novos sócios a também para tomar conhecimento dos futuros eventos, que inclusive, já estão definidos os locais e os professores responsáveis: 2018 - Coréia do Sul; 2019 - África do Sul; 2020 - Suíça; e 2021 no Japão.

Carlos Alberto A. Araújo Vice-presidente da SBCT - RN

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Reg. nº10349000535 - © 2017 Medtronic. Todos os direitos reservados. Medtronic, o logo da Medtronic e Outros são, em conjunto, marcas registradas da Medtronic. ™* Marcas de terceiros são marcas registradas de seus respectivos proprietários. Todas as outras marcas são marcas registradas de uma empresa da Medtronic. M. Luz 03/2017.

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