3 minute read

Capítulo VIII: As Primeiras Capas de Disco no Brasil

Como comentado na seção anterior, durante a década de 1940, uma pequena diversidade de formatos de fonograma estava em circulação no mercado fonográfico internacional. Esses formatos eram: o disco de goma laca de 78 rotações, o Long Play de 33 1/3 rotações, os compactos de 45 rotações e, um pouco depois, os compactos simples de 33 1/3. Durante essa década, no nosso mercado nacional, o disco de 78 RPM ainda era o único formato ao qual se tinha acesso. Não há registros concretos que possam confirmar qual foi a primeira capa pensada exclusivamente para um disco no Brasil. Em sua pesquisa, Laus especula que a primeira capa de disco surgiu em uma coleção da gravadora Continental voltada para o público infantil em 1946. O disco em questão seria a versão em 78 RPM de Branca de Neve e os Sete Anões.[28] Infelizmente, poucos registros fotográficos foram encontrados até agora nessa pesquisa que mostrem essa capa e as outras da coleção

[28] Branca de Neve e os Sete Anões, conto de fadas popular europeu que resultou no primeiro longa-metragem de animação, lançado pelo estúdio de Walt Disney em 1937. O disco em português foi gravado por vozes famosas do rádio da época, como Dalva de Oliveira (1917-1972) e Carlos Galhardo (1913-1985).

Advertisement

infantil que vieram na mesma época. Laus enumera diversas capas de discos infantis da época, lançados entre 1946 e 1949 por Braguinha:

Foram lançados ainda Os quatro heróis, A Gata Borralheira, Alice no país das maravilhas (com desenhos originais de Walt Disney), A formiguinha e a neve e Chapeuzinho Vermelho, com desenhos de capa assinados por Alceu.[29] Em 1949 foi lançado História da baratinha, com desenho de Nássara [1910-1995].[30] É bastante provável que todos esses discos infantis não assinados tenham sido ilustrados pelo mesmo Alceu que assinou Chapeuzinho e Baratinha (LAUS, 2005, p. 309 e 312).

Apesar de ainda não possuirmos foto de acervo da capa de Branca de Neve e os Sete Anões, encontramos em acervo digital outro disco de histórias da mesma coleção citado por Laus como Os Quatro Heróis (imagem 50).

Vale comentar que esses famosos discos de Braguinha foram lançados primeiro no formato 78 RPM de goma-laca, não confundindo com seus relançamentos nas décadas de 1960 e 1970 em discos compactos de 33 1/3 RPM coloridos, na “Coleção Disquinho” da Continental (imagem 51).

[29] Alceu identificado na pesquisa de Laus como Alceu Penna foi um ilustrador que atuou nas décadas de 1930 e 1940 em várias publicações de revistas e livros infantis (LAUS, 2005, p.312). [30] Antônio Gabriel Nássara (1910-1996), carioca de formação incompleta em arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes. Ainda jovem começou trabalhos como paginador para jornais, passando depois para cartunista e ilustrador em revistas e outros impressos. Além da carreira como ilustrador também atuava na cena musical como compositor; Endereço na web: https://www.escritoriodearte.com/artista/antonio-nassara Acesso em: 22 de mar. de 2022.

Imagem 50: Respectivamente capa e contracapa do disco de 78 RPM “Os 4 Heróis” com adaptação de João de Barro (Braguinha)[31] e música de Francisco Mignone.

Imagem 51: : Coleção Disquinho de compactos de 33 1/3 RPM da Columbia.

[31] Braguinha (1907-2006), compositor brasileiro de marchinhas, peças infantis e ainda letrista da popular música de Pixinguinha, Carinhoso, lançava seus trabalhos sob o pseudônimo de João de Barro para evitar que seu pai soubesse de sua carreira musical.

Já a primeira capa para LP brasileira foi lançada pela Capitol em 1951, quando a gravadora se aventurou a lançar seu primeiro Long Play que reunisse diversas marchas de carnaval antes lançadas avulsas em 78 RPM. Observamos abaixo a capa de Capitol - Carnaval em long-playing, ilustrada por Paulo Brèves. (LAUS, 2005, p. 313)

Imagem 52: Capa do de “Carnaval em Long Playing”, lançada pela Capitol (1951), com autoria de Paulo Brèves.