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PERÍODO REGENCIAL E REVOLTAS REGENCIAIS
A ARTE DE ESCREVER
Estamos dando início a um trabalho bem dinâmico e inovador que pretende ensinar técnicas redacionais que tornarão seu texto muito mais uido, objetivo, coerente, coeso e com o nível de linguagem adequado ao propósito comunicativo exigido pelas bancas dos concursos militares.
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Estima-se que escrever bem seja 98% de técnica e 2% de talento. Diante de um tema na prova do concurso, o candidato não pode dizer que está sem criatividade; a qual, portanto, deve ser substituída pela técnica.
Então, por que chamar este capítulo de “A arte de escrever”? Justamente para poder contrariar esse paradigma. Escrever só é uma arte quando se faz pela e com beleza. A isso damos o nome de literatura. Não é, contudo, o que você vai fazer no dia da prova; é preciso redigir um texto bom, respeitando as características exigidas pela banca examinadora do concurso.
Dito isso, agora vamos mergulhar fundo no treinamento, porque sem treinamento e disciplina não se chega ao pódio. Vamos juntos conquistar a nota de que você precisa na prova de Redação.
NECESSIDADE DE BOA COMPOSIÇÃO
Escrever representa uma atividade social indispensável. O ser humano é o único animal que se comunica por meio de linguagem, que é um sistema complexo de combinação de códigos.
A linguagem verbal, preferida pelos homens para realizar comunicação, divide-se em oral e escrita.
Generalizando:
LINGUAGEM ORAL → Comunicação pelo ouvido
LINGUAGEM ESCRITA → Comunicação pela visão
A linguagem escrita é bem menos e ciente que a oral, pois esta conta com gestos, expressões sionômicas e entonação das frases. Esses recursos são facilitadores da comunicação linguística, quando bem empregados.
Por isso tudo, pode parecer mais simples a exposição escrita, principalmente para os tímidos, por causa da inibição de todo esse conjunto complexo de elementos da linguagem oral.
O problema é que esses elementos precisam ser substituídos por vários outros recursos (regras e orientações gramaticais), para que a comunicação seja e ciente.
Logo, escrever bem é resultado de uma técnica elaborada que precisa ser adquirida com muito treino.
Este tópico inicial, portanto, intenta esclarecer entre nós um ponto de partida para o que vamos estudar daqui por diante.
Já vimos que a consequência tácita de a linguagem escrita ser mais de ciente que a oral é a necessidade de ser melhor elaborada. Quanto maior de ciência sentimos numa determinada função, tanto maior será a necessidade de nos aprimorarmos nela. Não é diferente com a linguagem. O desaparecimento dos gestos e das variações ou in exões do tom da voz nos atos de fala precisa ser suprido por vários recursos na escrita. As pausas, a entonação e o ritmo da fala, por exemplo, precisam ser substituídos pelos sinais de pontuação, que jamais o farão com igual valor das pausas vocais pelas vírgulas. Este sinal de pontuação foi criado por uma convenção tradicional cujas razões de uso se justi cam tanto pela ordem lógica da frase como pela pausa meramente rítmica. Por tudo isso e ainda mais, surge a necessidade de adquirir uma boa e e ciente técnica de formulação verbal que inclui, principalmente, um saber linguístico que extrapola o domínio verbal do uso cotidiano e exige o conhecimento das regras gramaticais.
Agora é preciso que haja uma conscientização sobre a divisão da gramática, a m de que se organizem os pensamentos sobre o que temos para estudar e o porquê de saber tais regras.
GRAMÁTICA
É o conjunto de regras de um dado idioma relativas aos sons da fala, às formas dos vocábulos, à sua combinação e posição nos enunciados.
A gramática se subdivide nos seguintes tópicos: • fonética e fonologia • ortogra a • morfologia • sintaxe
Assim, concluímos este item por meio de uma justi cativa mais concreta para que a gramática seja estudada. Sabendo-se que a principal comunicação humana é um jogo de trocas verbais em que os interlocutores (os jogadores) precisam conhecer bem as regras para que possam ser bem sucedidos, nalmente se entende que ninguém elabora um texto bem redigido se não souber as regras gramaticais que regularizam o discurso.
DISTRIBUIÇÃO METÓDICA E COMPREENSÍVEL DE IDEIAS
Neste momento você deve estar dizendo: “Mas eu não consigo pôr as minhas ideias no papel!”.
E é neste momento que vamos tratar disso. Dê uma lida novamente no título deste tópico. Leu? Vamos aprender a distribuir suas ideias num esboço, criando um método de forma a tornar sua composição bem compreensível e suas ideias bem articuladas com o tema.
O CARÁTER PSICOLÓGICO DA EXPOSIÇÃO ESCRITA
Não há monstro mais assustador no dia da prova que uma folha de papel em branco; e quanto mais tempo ela ca desse jeito, mais nervoso o candidato se torna. Portanto, o primeiro passo é escrever nela logo nos 30 primeiros segundos.
Outro inibidor da escrita das ideias é sua organização e escolha de quais delas têm mais pertinência com o assunto. Se você não consegue ordenar seu pensamento, di cilmente seu texto terá uma boa sequenciação de ideias e, muito provavelmente, cará tão confuso que o leitor (e, nesse caso especí co, o examinador) não entenderá seu propósito comunicativo.
A prova de redação é uma situação de comunicação arti cial em relação às leis naturais de interlocução, porque, na prova, não sentimos a necessidade natural de realizar uma troca verbal com alguém. Aquele texto nos é imposto por uma banca e somos incitados a escrever sobre um tema de que talvez nem tenhamos tanto conhecimento (ou vontade de expor opniões sobre); devido a isso é arti cial. E também porque expomos o assunto num lugar, embora sejamos lidos em outro.
O ambiente não está integrado em nossas palavras como elemento funcional. Falar sobre as “amizades verdadeiras” num ambiente hostil de concorrência por uma vaga no ensino militar, por exemplo, não é tão simples. A comunicação linguística, no caso da prova de redação, está desligada da ocasião e do espaço de interlocução, o que faz com que tenhamos uma experiência de linguagem à qual devemos nos adaptar. Em outras palavras, devemos nos desligar daquele ambiente e tentar nos imaginar na situação comunicativa que a banca propôs.
PLANEJANDO SUA REDAÇÃO
Listemos algumas situações às quais é preciso se adaptar e se conscientizar a m de que seja feita uma boa redação na prova. a) A exposição escrita faz ressaltar certos defeitos do texto que não existiriam em uma situação de comunicação oral, como: • letra; • ortogra a; • margens do texto; • estrutura de parágrafos. b) As frases têm de ser mais logicamente construídas, porque não contamos com a ajuda do ambiente, dos gestos e da entonação. c) As palavras têm de ser cuidadosamente escolhidas, para deixar clara a sua intenção na comunicação, porque o interlocutor não pode, no momento da leitura, pedir ao autor que lhe esclareça o que não cou evidente. d) A pontuação que tenta substituir a entonação, as pausas, e separar as proposições em sua ordem lógica pode, se mal usada, di cultar ou inibir o bom entendimento do texto. e) Uma palavra muito repetida num texto escrito em poucas linhas (25 a 30) torna-se um fato grave no processo de leitura, pois compromete a uição do texto e constitui um defeito facilmente visível. f) Certas palavras e expressões de uso cotidiano na fala podem prejudicar a comunicação escrita, pois são consideradas coloquiais ou marcas de oralidades, o que se julga intolerável em provas de concursos.
PROJETO DO TEXTO
Este é o passo que se dá rumo à organização das ideias.
Ter ideias é muito importante, mas saber distribuí-las no texto de forma organizada é tão importante quanto.
Há, no entanto, um problema que precisamos considerar e que tão bem foi exposto por J Mattoso Camara Jr, grande e famoso linguista brasileiro: “Ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever.”
Explicando: Se alguém que não conheça o assunto tentar elaborar um texto sobre esse tema, ver-se-á diante de uma missão impossível.
O caráter de domínio do assunto faz corpo com o que foi dito sobre o caráter arti cial da redação do concurso. No âmbito pro ssional, por exemplo, quando somos postos a escrever, fazê-molo com propriedade, pois dominamos o assunto. Na escola, quando o professor propõe um trabalho escrito, provavelmente já deve ter havido alguma aula sobre o assunto, então o aluno consegue redigir, porquanto já foi exposto ao tema de forma didática.
Não é esse, contudo, o caso da prova de redação. A banca proporá um tema e espera que o candidato disserte sobre o assunto, e defenda uma opinião. Nesse momento, como você vai se preparar para essa surpresa? Bem, aí vai a minha dica: leia sobre vários assuntos. Mais à frente será fornecida uma listinha de temas para orientar sua leitura e algumas fontes de pesquisa con áveis.
Supondo-se que o candidato tenha domínio do assunto, agora focaremos na organização das ideias.
As principais etapas da formulação do texto são: a) plano da redação; b) técnica da formulação das sentenças, sem os elementos da exposição oral.
Uma coisa, porém, precisa car clara: nenhum professor conseguirá fazê-lo escrever bem, usando nenhuma técnica, se não se sabe pensar em termos de língua escrita; escrever é diferente de falar. Portanto, só poderei ensinar você a elaborar um bom texto escrito se aprender a “pensar” sua exposição de ideias em linguagem verbal escrita.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO I
Propomos, agora, um exercício mental que vai ajudá-lo na tarefa de pensar como expor uma ideia num texto escrito.
Sugerimos situações de comunicação e você vai pensar em como escreveria isso a um interlocutor. Ponha seu texto no papel. Depois de uns dois ou três dias, releia seus textos como leitor e não como compositor. Esse exercício vai mostrar-lhe alguns problemas com seu texto que podem ter passados despercebidos quando escritos, mas visíveis na leitura. Por isso, é tão importante que você leia sua redação antes de entregá-la como texto de nitivo. Tente, depois, reescrever os trechos em que houve problemas na comunicação das ideias.
SITUAÇÃO 1
Um amigo seu quer ir à sua casa, mas não conhece o bairro nem sabe como chegar ao endereço. É preciso mandar a ele um e-mail, informando-lhe o passo a passo até chegar à casa.
SITUAÇÃO 2
Você foi ao cinema assistir a um lme e adorou. Alguns de seus amigos ainda não se decidiram sobre ir ou não ver o lme. Você, então, postará em uma rede social uma sinopse da história. Depois dirá a eles por que não podem perder essa exibição.
SITUAÇÃO 3
Você quer muito estudar em uma escola famosa e muito bem conceituada, mas as vagas são limitadas. Logo, é preciso escrever uma carta ao diretor, expondo sua intenção e dizendo, de modo convincente, por que você merece estudar na instituição.
Para redigir um bom texto, então, é necessário conhecer bem o tema, mas também devemos elaborar um bom plano para a exposição escrita. A seguir sugerimos um esquema no qual você organizar suas ideias. 1. Determine o recorte temático a ser abordado sobre o assunto que você vai escrever.
Exemplo:
ASSUNTOS RECORTES TEMÁTICOS
As favelas do Rio de Janeiro Os projetos de urbanização e as Unidades Paci cadoras de Polícia (UPP).
Sucesso pro ssional Quais são os pro ssionais mais felizes: os que ganham muito dinheiro ou os que fazem aquilo de que gostam?
Jovens talentosos O talento é uma capacidade nata e não pode ser ensinado.
2. Cite pelo menos 3 (três) outros aspectos que estejam ligados ao recorte temático. Procure fazer perguntas que possam ser respondidas em seu texto. Elas favorecem uma argumentação pautada em discussão.
Exemplo:
RECORTES TEMÁTICOS
Os projetos de urbanização e as Unidades Paci cadoras de Polícia (UPP)
Quais são os pro ssionais mais felizes: os que ganham muito dinheiro ou os que fazem aquilo de que gostam?
O talento é uma capacidade nata e não pode ser ensinado.
ASPECTOS
1. A urbanização melhora as condições de moradia e a população das favelas se sente melhor assistida.
2. Com a instalação das UPPs, os moradores se sentem mais seguros nas favelas?
3. Projetos ainda a serem desenvolvidos para retirar das favelas o trá co de drogas: isso é possível?
1. Ter dinheiro é sinônimo de sucesso?
2. Como adquirir sucesso na carreira?
3. Dinheiro é consequência de sucesso, que só se consegue fazendo aquilo de que se gosta.
1. A criança já nasce com predisposição a algumas capacidades.
2. As capacidades podem ser treinadas e se transformar em habilidades.
3. O talento é nato, mas pode ser aprimorado para levar o jovem ao sucesso.
Coloque, no papel, para elaborar seu esquema, expressões rápidas e abreviadamente indicativas, articuladas entre si como deverão constar na sua exposição escrita nal. Essas ideias assim articuladas corresponderão aos parágrafos de sua redação.
A nalidade do esquema, portanto, é auxiliar e encaminhar seu trabalho nal, mas não deve se tornar empecilho da atividade mental que vai pôr forma à sua composição. Por isso, durante a sua execução, podem aparecer defeitos de planejamento e necessidade de acréscimos que deverão ser considerados.
O esquema deve ser um ponto de referência exível e, portanto, sujeito a modi cações durante todo o trabalho de exposição escrita. Contudo, jamais pense em não compor esse esquema inicial, pois sem ele não poderá orientar-se para a elaboração de seu texto de nitivo.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO II
Elabore esquemas para os seguintes assuntos propostos: a) A paz mundial. b) O valor da amizade. c) A carreira militar no Brasil. d) Até que ponto a chave para entender o futuro reside no passado?
Observação
Este é um exercício que não precisa de correção, posto ser apenas uma orientação para que se treine os esquemas.
O TEXTO DEFINITIVO
Seu esquema agora deve ser desenvolvido como texto dissertativo ainda na folha de rascunho. É nela que você vai rmar o teor nal de sua composição. No rascunho: 1. divida o conteúdo de seu trabalho em parágrafos; 2 estabeleçar a gradação e a ligação entre os aspectos prédeterminados no esquema; 3. escolha a apresentação inicial adequada ao seu propósito comunicativo; 4. desenvolva frases complexas e encadeadas de cada aspecto listado no esquema; 5. en m, execute o trabalho nal de seus pensamentos, formulando frases e parágrafos próprios de um texto escrito.
Com esses procedimentos, a redação de nitiva vai se formando aos poucos por meio de inserções, supressões e alterações no conteúdo inicial.
Quando for passar a limpo seu rascunho para a folha do texto de nitivo, você terá preocupações centradas nos aspectos verbais da exposição escrita que serão avaliados pela banca. Vejamos a lista: a) centralização do título b) legibilidade da letra; c) respeito às margens esquerda e direita; d) respeito ao espaçamento inicial dos parágrafos; e) respeito à quantidade limite de linhas escritas; f) respeito às regras de gra a das palavras (ortogra a); g) correta separação das sílabas das palavras translineadas; h) respeito à modalidade padrão da língua.
O texto de nitivo surge, então, da revisão de seu rascunho, considerando os problemas de gramática, da escolha certa dos vocábulos (seleção lexical), da harmonia entre as ideias expostas e do efeito estético de toda a composição nal. A importância disso é maior do que pode parecer, porque a exposição do texto no papel objetiva tornar a leitura mais fácil, uida e, principalmente, atraente. Sim, a banca precisa se sentir atraída pelo seu texto, seja pela plasticidade, seja pela textualidade. 1. O texto dissertativo é uma modalidade tipológica em que o autor expõe sua opinião sobre um dado assunto (TESE) e passa a defendê-la por meio de argumentos. 2. Transposição de uma palavra para a linha de baixo. 3. Entende-se por modalidade padrão o respeito às regras prescritas pela gramática para um texto escrito formal. 4. Aspecto visual do texto.
Terminamos aqui a exposição do capítulo inicial de nosso trabalho. É claro que temos um longo e árduo projeto pela frente. O planejamento mental e o projeto do texto constituem dois terços do trabalho de torná-lo um profícuo escritor de redações em concursos. De agora em diante, focaremos o último terço que falta.
Sintetizando:
REDAÇÃO NOTA MÁXIMA
1/3 1/3 1/3
Planejamento mental Projeto do texto Regras de composição
Saiba que o último terço a estudar é a parte mais extensa, porém a mais fácil. A nal, decorar regras é muito mais viável do que organizar pensamentos e transformá-los em projeto. E é por isso que, apesar de esse trabalho inicial ter se nalizado, ele não termina aqui. Você precisa exercitar essas técnicas. Um bom trabalho se faz com insistência, perseverança e disciplina. Só aprende a nadar quem nada; só se torna um atleta quem nada todos os dias; mas só se torna um campeão quem nada muito todos os dias, aprendendo melhores técnicas, fazendo melhor tempo, ouvindo seu técnico e, por m, quem deseja muito tocar a borda antes dos outros nadadores.
Perguntamos: Você quer apenas aprender a escrever, quer ser um bom redator ou quer ser um campeão e tirar DEZ na redação do concurso?
Sua resposta depende do modo como você vai realizar os trabalhos e tarefas que lhe serão propostos aqui. Por isso, é preciso escrever muito todos os dias e é preciso que alguns de seus textos sejam corrigidos e comentados por um professor - técnico, a m de aprimorar cada vez mais sua habilidade discursiva.
GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO I
Resposta pessoal.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO II
Resposta pessoal.
ANOTAÇÕES
A ARGUMENTAÇÃO
O QUE É UM TEXTO ARGUMENTATIVO?
É um texto em prosa (frases organizadas em parágrafos), que deve defender uma TESE, uma opinião, a respeito de um determinado TEMA, para persuadir o leitor a aceitar ou a concordar com sua opinião. Para isso, você precisa ter bons ARGUMENTOS em defesa de seu ponto de vista.
Uma argumentação bem escrita deve conter uma proposição bem definida e clara para não haver dúvidas quanto ao que se pretende afirmar ou negar sobre um tema. Esta proposição é a opinião do autor, ou seja, a tese a ser defendida e que tem de se provar verdadeira ou válida. Para haver tese, no entanto, é preciso que haja questionamentos a respeito do assunto, pois ninguém defende ideias a respeito das quais todos estão de acordo. Ninguém defende uma tese como: • Sol é uma estrela, núcleo do Sistema Solar. • O quadrado é uma gura geométrica de quatro ângulos retos. • Os professores têm licença para dar aula.
Como não há o que questionar a respeito do que se disse, não há tese a defender. Assim, argumentar implica questionamento e divergência de opiniões. Para haver uma argumentação válida e consistente, é preciso que a proposição seja a rmativa e especí ca o su ciente para permitir uma posição bem de nida. A m de submeter uma tese à argumentação, é preciso delimitá-la e apresentá-la em forma de opção.
Exemplo: Os pais devem premiar os lhos quando estes forem obedientes? Sim ou não?
Após questionar o tema para a formulação da tese, é preciso definir com clareza o sentido de cada etapa da proposição e de seus termos para tornar possível uma argumentação irrefutável. No caso, por exemplo, da tese sobre a premiação dos filhos pela obediência, deve-se ater à questão apenas dos casos de obediência e não deixar os argumentos fluírem para o lado da premiação pelo êxito na escola ou pelo cumprimento das tarefas, por exemplo.
Depois de definida a proposição da tese, passa-se à argumentação. Há diversas maneiras de argumentar em favor de uma tese, e várias formas de representar o binômio tese-argumento. A argumentação deve se basear nos princípios da lógica, portanto deve lidar com ideias, princípios e fatos; tudo se pode provar com bons argumentos.
Este é o estágio em que o autor apresenta os fatos para comprovar a tese (dados estatísticos, exemplos, ilustrações, descrições, comparações). Há algumas condições para que a estratégia argumentativa seja eficiente: fidedignidade, autenticidade, relevância e adequação. Soma-se a isso a ordem lógica dos fatos e a ordem de importância em que devem ser apresentados, o que deve ser decidido de acordo com a natureza da tese. Algumas teses não acomodam dados estatísticos, por exemplo.
Existem também outras estratégias argumentativas de que o autor pode servir-se para persuadir o leitor, influenciá-lo ou fazê-lo mudar de opinião: confrontos, testemunhos e argumentos de autoridade, alusões históricas pertinentes e até citações de obras literárias.
Após arrolar provas e argumentos, o autor passa à conclusão, ou seja, expõe claramente a essência da proposição, arrematando o texto com uma possível proposta de solução para a situação-problema discutida no corpo do texto, ou a confirmação do teor da proposição.
Vejamos um exemplo.
ASSUNTO
Saúde pública brasileira
TEMA TESE
A de ciência no atendimento dos hospitais públicos no Brasil. O governo brasileiro deveria criar políticas públicas de manutenção e crescimento dos hospitais públicos brasileiros.
ARGUMENTOS
PORQUE sem aparelhagem moderna não há atendimento adequado. com poucos servidores não há como atender a quantidade de doentes que chega todos os dias aos hospitais.
TESE
O governo brasileiro deveria criar políticas públicas de manutenção do crescimento dos hospitais públicos brasileiros para atender melhor a população.
O melhor tempo verbal para a formulação da tese é o Futuro do pretérito.
Comece com uma sugestão de intervenção para criar a solução depois.
Tudo se pode provar com bons argumentos. Por isso, uma boa argumentação não deve se basear apenas em opiniões. Para fundamentar o que se a rma como tese, você deve comprovar sua opinião por meio de evidências, ou seja, pela apresentação dos fatos.
A evidência de provas, portanto, é o modo como você vai comprovar a verdade ou validade de sua tese. Essas provas fazem com que o leitor tenha certeza da veracidade do que você defende e chega a algumas conclusões pelo raciocínio ou pela apresentação dos fatos.
São cinco os tipos mais comuns de evidência: 1. fatos propriamente ditos; 2. exemplos; 3. ilustrações; 4. dados estatísticos; 5. argumentos de autoridade (ou testemunho autorizado).

1. Os fatos evidentes, os irrefutáveis, são os que mais provam a tese. 2. Os exemplos são fatos representativos de alguma situação. 3. Quando o exemplo se alonga em forma de uma pequena narrativa para comprovar a tese, tem-se a ilustração. Há dois tipos de lustração: a hipotética e a real. A primeira narra o que poderia acontecer ou provavelmente acontecerá em determinadas circunstâncias. Sua narrativa possui detalhes capazes de ilustrar a tese para tornar a conclusão aceitável. O propósito principal da ilustração hipotética é tornar mais viva e mais expressiva uma argumentação sobre temas abstratos. A ilustração real descreve ou narra em detalhes um fato verdadeiro.
Mais eficaz, mais persuasiva do que a hipotética, ela vale por si mesma como prova. É preciso que seja clara, objetiva, e obviamente relacionada à proposição. Muitas vezes, a ilustração pode ser feita por referência a episódios históricos ou a obras de ficção (romances, peças de teatro, cinema). 4. Dados estatísticos são informações capazes de provar de forma irrefutável o que se pretende provar verdadeiro. 5. Testemunho é o fato trazido à argumentação por intermédio de terceiros. Desde que seja um argumento de autoridade autorizada no assunto, tem valor de prova. Entretanto, sua aceitação é relativa, pois o mesmo fato atestado por outras pessoas pode ser gerador de diversas verdades e, assim, assumir posição de versão.
Tese: A saúde pública no Rio de Janeiro não atende com eficácia à população carioca...
Argumento: ... PORQUE está deficiente.
Fato-exemplo: Os cariocas precisam recorrer a hospitais particulares para receber atendimento adequado e eficaz. Uma família de classe média, por exemplo, se vê na quase obrigação de pagar plano de saúde para obter assistência médica de qualidade.
Ilustração hipotética: Suponhamos que um chefe de família esteja desempregado e não possa arcar com despesas de um plano de saúde familiar. Nesse caso, sua família terá de se submeter ao descaso do Governo e enfrentar as filas de atendimento e as longas esperas por consultas agendadas nos hospitais da rede pública da cidade do Rio de Janeiro.
Ilustração real: Esta semana, o RJTV apresentou uma reportagem sobre a situação calamitosa que enfrentam os principais hospitais cariocas. Algumas alas e setores do Hospital do Andaraí, um dos mais importantes da Rede, permanecem desativados por falta de recursos financeiros para manutenção dos aparelhos de Raio-X.
Dados estatísticos: O IBGE divulgou que mais de 46% da Rede Hospitalar Pública da cidade mantêm inativas as unidades de tratamento intensivo por falta de aparelhamento adequado e atualizado. Com isso, um terço dos pacientes indicados para tratamento em UTI fica nos leitos comuns, piorando gravemente o estado da doença e, em alguns casos, chegam ao óbito.
Testemunho: O Secretário de Saúde informou que, até dezembro de 2008, mais de 2 bilhões de reais serão direcionados a melhorias no setor. Ele mesmo visitou alguns dos principais hospitais do Rio e atestou que do jeito como estão, não podem atender a quantidade de doentes que chegam todos os dias à espera de tratamento e socorro.
CONSISTÊNCIA DO RACIOCÍNIO
Essa é uma das principais estratégias argumentativas. Para obter consistência, o raciocínio deve ser organizado de forma lógica, com o auxílio de algumas conjunções. Esse raciocínio poderá ser organizado, sintaticamente, de várias formas, mas sua ordem lógica deve ser mantida.
Exemplo: Está fazendo frio. Vou levar casaco. 1. Como está fazendo frio, vou levar casaco. 2. Vou levar casaco, porque está fazendo frio. 3. Está fazendo frio, logo vou levar casaco.
ESQUEMA ESTRUTURAL DA DISSERTAÇÃOARGUMENTATIVA
No capítulo 1, apresentamos um esquema de recorte temático e seus aspectos. Este primeiro momento esquemático servirá de base para a formulação de sua tese e para a elaboração da base argumentativa de seu texto. Depois dele, é preciso que você faça um esquema estrutural, ou seja, a forma como sua redação vai se apresentar, dividida em parágrafos. Apresentamos, a seguir, um exemplo de esquema estrutural para uma dissertação-argumentativa. Claro que há variações de acordo com o tema e com a habilidade discursiva do sujeito escritor, mas, tratando-se de concursos, não se pode esquecer de que as bancas determinam algumas expectativas em relação aos textos dos candidatos.
ESQUEMA ESTRUTURAL (SUGESTÃO)
1º parágrafo = Introdução, contendo a tese defendida pelo candidato e o argumento de defesa. 2º parágrafo = Apresentação da ideia central de apoio à tese estabelecida no primeiro parágrafo.
3º parágrafo = Exposição de argumentos auxiliares, apresentando algumas evidências de provas. 4º parágrafo = Apresentação de um fato-exemplo (ou mais de um) para melhor articular sua tese. 5º parágrafo = Conclusão de toda a argumentação apresentada pelo autor, com possível sugestão de solução para a situação-problema.
VEJAMOS UM EXEMPLO DE REDAÇÃO CONSTRUÍDA A PARTIR DESSE ESQUEMA ESTRUTURAL
INTRODUÇÃO
Existem algumas ideias resistentes a respeito do Brasil. A primeira é a de que não se trata de um único país, mas dois, antagônicos, separados entre si pela barreira da prosperidade. A outra é de que o Brasil tem recursos naturais em abundância com um povo de alta criatividade (argumento principal) e, por isso, está destinado a se
transformar mais cedo ou mais tarde em grande potência (tese).
IDEIA CENTRAL
As duas ideias são verdadeiras e transportaram-se do século 20 para o 21. Na virada do milênio, o Brasil que se apresenta ao mundo
tem uma perna rmemente ncada na modernidade (apoio 1). É a maior economia industrial do hemisfério sul e a nona maior no
concerto mundial (apoio 2). O salto foi feito no último século. A outra perna continua atolada no passado, pois o produto dessa economia vigorosa não foi entregue adequadamente à sociedade.
ARGUMENTOS AUXILIARES
Isso demonstra que ele ainda é um país duplo, dividido entre os que têm – ricos e classe média – e os que não têm. Estima-se que 33% da população viva em condição de pobreza acentuada, uma distribuição de renda pior do que a que existe na Colômbia (dados estatísticos comparativos). Para esses, de nada adianta que o país fabrique automóveis e satélites ou que tenha abundância de minérios e um presidente eleito pelo voto direto e secreto em terminais de computador (fatos). O progresso do século não os tocou.
FATO-EXEMPLO
Dentro desse quadro de desigualdade, os brasileiros mudam de século com uma mancha em sua reputação, a de suportar um dos mais iníquos sistemas de distribuição de renda do mundo. Muitas questões ficaram para as gerações que governarão o país no século 21. A primeira e mais urgente está no padrão educacional. O brasileiro ca, em média, apenas cinco anos na escola. Com essa bagagem, não poderá ajudar o país a realizar suas potencialidades. Pode-se citar vários outros problemas, como reforma agrária, violência urbana,
falta de crédito, velhice desamparada, sistema judiciário falho.
CONCLUSÃO
Em sua história positiva, porém, o Brasil se mostra no final do século sem impedimentos sérios para o desenvolvimento. Mas aquele que acha que nada será como antes tem toda a razão. Um novo ciclo
de crescimento depende de trabalho mais duro e de prazo mais
longo. É esse trabalho que poderia ter sido feito durante o século 20 e não foi realizado. Um voto de con ança, então, deve ser
depositado nos que construirão os próximos 100 anos.
Observação
Os termos sublinhados são elementos coesivos capazes de encadear as ideias articuladas em cada parágrafo. Eles permitem a retomada do assunto e a contiguidade textual.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO I
01. Redija frases, utilizando as palavras-chave abaixo, com coerência e coesão necessárias a uma boa organização discursiva. a) televisão – criança – violência b) liberdade – conquista – humanidade c) avião – acidentes – compromisso d) trânsito – homicídios - legislação
02. Redija uma tese para os dados apresentados como evidência da prova. a) No século 21, 65% da população brasileira ainda não possui acesso à Internet. b) 800 milhões de pessoas morrem de fome, ao ano, no mundo. c) As mulheres, nas grandes cidades brasileiras, já ocupam 43% das vagas no mercado de trabalho. d) Os restaurantes, diariamente, põem fora comida su ciente para alimentar 19 milhões de brasileiros famintos.
03. Escreva um argumento para comprovar cada tese abaixo. a) O sertanejo é, antes de tudo, um forte gênero, apesar de sua aparência de fraco. b) O aluno do Ensino Médio da Rede Pública apresenta sérias di culdades e de ciências na produção de seus textos escritos. c) A exigência de uma prova de redação no Vestibular é uma boa tática para a reabilitação do ensino no Brasil. d) A Internet provocou uma revolução digital no mundo, diminuindo fronteiras, mas abrindo abismos.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO II
TEXTOS PARA AS QUESTÕES 01, 02 E 03
CIÊNCIA VERSUS RELIGIÃO Por que acredito mais na ciência do que na religião?
Eu acredito na ciência porque ela não pede que acreditemos nela. A ciência nos diz honestamente que conhece apenas parte da natureza. Assume tranquilamente que não tem todas as respostas e que nunca as terá. A ciência não exige fé, mas convencimento. Sabe ser re exo de todos os preconceitos e fraquezas das sociedades que a produziram, mas procura transcendê-los. Sabe que é falha, limitada e mutável, e nisso consistem sua força e sua beleza. Por tudo isso, não é que eu acredite na ciência. Eu, simplesmente, con o nela.
(NOGUEIRA, Renata Nascimento. Folha de São Paulo, outubro de 2001.)
POR QUE ACREDITO MAIS NA RELIGIÃO DO QUE NA CIÊNCIA?
Coincidência. Acaso. Destino. Tantas explicações que não explicam muito, quando a gente fala de uma coisa que nos intriga e para a qual sabemos que não existe mesmo uma explicação. Acho que a religião supera em muito a ciência porque se apega à capacidade mais indômita do ser humano – a de acreditar.
Gosto de saber que existe alguém comigo o tempo todo, que me ouve, que me faz estar neste ou naquele lugar na hora certa por este ou aquele motivo. É o inesperado, o salto no escuro. Quem não acredita, ca vagando somente entre as possibilidades.
Eu pre ro contar com o impossível que, convenhamos, vive cruzando nosso caminho. Além do mais, a quem você gostaria de recorrer na hora daquele aperto, a um Deus misericordioso que pode te ouvir e dessa vez – só dessa vez! – livrar sua cara ou ao Einstein, com aquela baita língua de fora?
(RODRIGUES, Angela Guagnelli. Folha de São Paulo, outubro de 2001.)
01. Os textos acima formam uma espécie de debate, a partir de títulos sugeridos por um jornal para seus leitores. A leitora Renata Nogueira questiona o próprio título sugerido pelo jornal, em virtude da seguinte característica que ela atribui à ciência: a) Não se opor à religião. b) Não ser passível de crença. c) Ser falha, limitada e mutável. d) Ser mais honesta do que a religião.
02. Para estabelecer a superioridade da religião sobre a ciência, Ângela Rodrigues se baseia em a) acasos do destino. b) evidências categóricas. c) explicações su cientes. d) necessidades humanas.
03. Ao defender a religião, a leitora Ângela Rodrigues constrói um tipo de discurso diferente do cientí co, normalmente caracterizado por argumentos e provas. Essa diferença, na carta da leitora, é marcada por a) alusão a fatos inesperados. b) registro de preferências pessoais. c) referência a cientistas conhecidos. d) menção a comportamentos sociais.
04. A revista Veja entrevistou um endocrinologista e sobre ele a rmou: “[...] acostumou-se a tratar de todo tipo de moléstia metabólica, desde disfunções hormonais até o diabetes - sem jamais ter per lado entre aqueles que consideram um grama a mais como peso na consciência”. (27/09/89, p.5) Marque a declaração desse médico que segue a mesma direção argumentativa do trecho sublinhado: a) “Mas a culpa da manipulação também é do próprio obeso, que quer resolver seus problemas através de fórmulas instantâneas.” b) “O gordo é explorado por uma indústria que reúne médicos, indústrias farmacêuticas, institutos de beleza e autores de livros sobre dietas.” c) “Os carboidratos têm a vantagem de ser uma alternativa mais saudável na dieta que as gorduras e proteínas.” d) “A neurose das dietas está transformando em pecado o prazer de comer uma refeição saborosa.” e) “Essa história de ter de comer em determinados horários quando se faz dieta é bastante questionável. Teoricamente, o ideal é que a pessoa coma várias vezes ao dia.”
05. Indique o único segmento que serve como argumento contrário à defesa da manutenção do ensino superior gratuito no Brasil. (Com base em texto de Roberto Leal Lobo e Silva Filho): a) Há um princípio de justiça social segundo o qual o pagamento por bens e serviços deve-se fazer desigualmente, conforme as desigualdades de ganho. b) A Europa Ocidental considera investimento a formação de quadros de nível superior. c) Nos EUA, a maior parte do orçamento das melhores universidades é composta por doações, convênios com empresas ou órgãos federais, fundos privados, cursos de atualização pro ssional. d) Nos EUA, o montante arrecadado pelas universidades de seus estudantes, a título de taxas escolares, não chega ao percentual de 20% de seu orçamento global. e) No Brasil, país com renda per capital de aproximadamente US$ 2 mil, uma taxa escolar de US$ 13 mil ao ano por aluno, conforme estimativa do Banco Mundial, é quantia astronômica.
06. Marque o item que representa uma ilustração con rmatória da tese postulada no seguinte texto: “Pode-se a rmar que a distribuição injusta de bens culturais, principalmente nas formas valorizadas de falar, é paralela à distribuição iníqua de bens materiais e de oportunidades.” (S.M. Bortoni) a) Prova disso são os modernos shopping centers, cujo espaço foi arquitetonicamente projetado para permitir a convivência da empregada e da madame, do porteiro e do ministro, en m, de ricos e pobres. b) Temos na diversidade dos programas de televisão um exemplo de que a diferença, outrora marcante entre cultura de elite e cultura popular, hoje está reduzida a uma mera questão de grau. c) A iniquidade na distribuição de bens culturais no Brasil encontra demonstração inequívoca na oposição que ainda hodiernamente se faz entre casa-grande e senzala. d) Demonstra este fato o esforço que fazem dirigentes políticos e sindicais provenientes das camadas baixas da sociedade para dominar a variedade padrão da Língua Portuguesa. e) Os chamados “meninos de rua”, menores abandonados e meninas prostituídas testemunham, no Brasil da modernidade, a falência das elites em dividir o bolo da economia.
07. (UFRJ 2006)
DE MANHÃ O hábito de estar aqui agora aos poucos substitui a compulsão de ser o tempo todo alguém ou algo. Um belo dia – por algum motivo é sempre dia claro nesses casos –você abre a janela, ou abre um pote de pêssegos em calda, ou mesmo um livro que nunca há de ser lido até o m e então a ideia irrompe, clara e nítida: É necessário? Não. Será possível? De modo algum. Ao menos dá prazer? Será prazer essa exigência cega a latejar na mente o tempo todo? Então por quê? E neste exato instante você por m entende, e refestela-se a valer nessa poltrona, a mais cômoda da casa, e pensa sem rancor: Perdi o dia, mas ganhei o mundo. (Mesmo que seja por trinta segundos.)
(BRITO, Paulo Henriques. As três epifanias – III. In: BRITO, P. H. Macau. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 72-73)
A conjunção adversativa mas, utilizada no penúltimo verso do texto II, além de implicar contraste, desempenha papel argumentativo específico. Explique esse papel.
08. É sabido que o fato novo assusta os indivíduos, que preferem o mal velho, testado e vivido, à experiência nova, sempre ameaçadora. Se você disser ao cidadão desprevenido que o leite, por ser essencial, deve sair das mãos dos particulares para cooperativas ou entidades estatais, se você disser que os bancos, vivendo exclusivamente das poupanças populares, não têm nenhuma razão de estar em mãos privadas, o cidadão o olhará com olhos perplexos de quem vê alguém