Setúbal Revista Nr. 22

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ENTREVISTA tros” através da referida plataforma. Vantagens, posso dizer que o facto de ter o escritório ali “à mão”, facilitava em muito a comunicação e a resolução de assuntos. As grandes desvantagens do escritório em casa, era estar onde eu era a empregada da limpeza, a cozinheira, sem um horário de trabalho e sempre a resolver problemas em frente a um pc ou ao telefone..Chega a uma altura que já estamos saturados e já ninguém tem vontade de atender, sequer, o telefone à família ou aos amigos. Com que tipo de situações foi confrontado a nível profissional face à Pandemia? Como as tem resolvido? Atualmente, consegue-se resolver quase tudo à distância de um “click”…Quando as condições das comunicações ajudam, claro. Muitas vezes o serviço de internet em Cabo Verde falha…No primeiro dia de aulas, nas sessões síncronas, estava com o coração nas mãos. Iam estar a funcionar seis sessões ao mesmo tempo, e eu pensei: ”se isto falha, temos cerca de 150 alunos à espera do nosso apoio e os pais”…Tive mesmo receio, mas correu lindamente e conseguimos funcionar como muitas das escolas em Portugal estão a funcionar. À parte desta situação particular da pandemia, o facto de trabalharmos no estrangeiro e para o Governo de Portugal, faz-nos recorrer muito a este tipo de comunicações. Como foi socializar em tempos de quarentena? Efetivamente, esta foi a parte de que senti mais falta. Estando a trabalhar longe do país, habituamo-nos a viver com os amigos. Como costumo dizer, os meus amigos aqui em Cabo Verde são a minha família. Passei os dias sozinha em casa. Na tentativa de matar as saudades ia falando com a família de Portugal e a de Cabo Verde. Cozinhei muito mais, de forma mais saudável, fiz mais exercício, contra todas as minhas expetativas! Assisti a espetáculos, concertos, “lives”… Mas estive sempre bem e o trabalho ajudou, e bastante, a passar o tempo. Olhando para trás, estes dois meses passaram a correr. Agora, com o retomar das relações pessoais vivemos uma situação muito estranha, todos de máscara, cruzarmo-nos com as pessoas e não termos contacto físico….Principalmente quando nos encontramos com os alunos, em que era habitual um abracinho e não podemos…Parece que nos tornámos desconhecidos e distantes… Tenho mesmo muitas saudades de um

abraço forte aos meus amigos…. Face a todos estes novos acontecimentos e experiências vividas o que acha que vai mudar no mundo profissional? E pessoal? Sinceramente, em termos de tecnologias e de novas ferramentas, toda esta situação foi uma mais valia. O ser humano naturalmente resiste à mudança e muitas das ferramentas agora utilizadas estavam à nossa disposição e prontas para

serem usadas, mas arranjávamos sempre uma desculpa para adiar….Estávamos bem assim, para quê mudar…Com todas as contingências resultantes da pandemia e do estado de emergência, fomos obrigados a utilizá-las e acabamos por ter formação em tempo real, o que se tornou muito mais eficaz… E neste momento adquirimos todos um conhecimento e prática em ferramentas que estavam a ser subaproveitadas.

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