Setúbal Revista Nr. 20

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OPINIÃO

não sindicalização (devido ao trabalho temporário, a concorrência entre trabalhadores, novas normas de trabalho), as emigrações, as crises económicas, desemprego, etc. Em Portugal, o debate ainda está focado em famílias políticas que há mais de 40 anos dominam a cena política. No entanto, com o surgimento de novos partidos que defendem a xenofobia, que são contra as etnias e contra os emigrantes, tem de haver uma união de esforços entre os partidos que lutaram pela Democracia, para desmascarar esta nova ameaça. A história está cheia de atitudes inesperadas e de criadores de ilusões que originaram as suas páginas mais negras, impensável de se repetirem. Ninguém poderá evocar a sua superioridade moral para vencer este combate. Tem de se ter sempre em conta o

respeito pela dignidade humana, pelas liberdades, direitos fundamentais e pluralismo. Só uma sociedade tolerante, mas atenta, poderá levar-nos à escolha livre de novas reformas em nome da justiça e da equidade. Os cidadãos têm de ser olhados como pessoas e a sociedade como um conjunto de homens livres. É preciso que as novas gerações estejam aptas a desenvolver e a aprofundar um diálogo em nome do pluralismo, da liberdade e da modernidade, tendo sempre em conta que a dignidade envolve direitos tantas vezes esquecidos. A cultura deve proporcionar um maior aperfeiçoamento das sociedades democráticas, com redistribuição de riqueza, que possa promover a igualdade, tão ligada à equidade. Isso não pode ser esquecido, porque

senão os excluídos tendem a acumular descontentamentos, que levam à revolta, e, desiludidos, votam nos tais partidos de ultradireita, que se aproveitam desse descontentamento e provocam o conhecido populismo de direita. Os valores éticos devem ser vistos como instrumento regulador no domínio da economia e dos direitos sociais. Dessa forma, a Democracia não cairá nas mãos da mediocridade e no domínio de “massas” duvidosas. Hoje, o papel fundamental dos meios de comunicação e a sua influência não é o mesmo que há trinta anos. Há uma aceleração dos acontecimentos e muitas vezes o que conta é a notoriedade e não o pensamento. Esta tendência tem de ser contrariada, pois de outra forma perdemos um jornalismo de qualidade. n Setúbal Revista

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