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EU VEJO [AS APROXIMAÇÕES CULTURAIS

ENTRE BRASIL E PORTUGAL] COMO AS ONDAS DO MAR: ÀS VEZES CHEGAM MAIS

PERTO, E ÀS VEZES AFASTAM-SE

UM POUQUINHO, MAS O MAIS

Importante Sabermos Que As Ondas Existem Constantemente

acordo um pouquinho diferente, mas basicamente é uma normativa. Lembro-me sempre de um escritor português do início do século 20 que foi muito arredio ao acordo ortográfico, porque não era um acordo transversal. Teixeira de Pascoaes [1877-1952], que era um escritor conservador, dizia: “Como o abismo se perde quando se perde o y”. Porque “abismo” escrevia-se com “y”, e há todo um desenho da palavra que ele também encontrava naquela grafia. Penso que o acordo seja um instrumento, mas ele é um de muitos. Ele por si só não nos traz soluções miraculosas, ele nos traz uma busca de alguma confluência. Mas eu acredito muito mais em trocas, num diálogo construído através de diferentes formas, seja na dança, na literatura, na música, mais do que numa norma ortográfica. Temos que ter consciência de que são os falantes que criam a língua, e que a língua é uma entidade viva, a mais viva de todas, porque se ela ficar presa no registro normativo, ela não evolui e vai deixar de nos dizer aquilo que vemos.

Novos Horizontes

É importantíssimo que Brasil e Portugal se unam para que a língua portuguesa passe a ser uma língua de trabalho em organizações internacionais, como nas Nações Unidas. Essa é uma valorização que só acontecerá quando trabalharmos conjuntamente. Além disso, na África e, sobretudo, em Timor Leste, dedicarmos um olhar muito especial à área da educação. Pensar no futuro passa por conseguirmos não só fortalecer o contexto bilateral, mas também olharmos para o contexto multilateral, tanto no que tem a ver com as organizações internacionais, quanto naquilo que é a esfera específica da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]. Fico muito feliz que o

Brasil tenha entrado novamente no programa DocTV CPLP e voltado a participar ativamente, porque esse é um primeiro passo importante para desenvolvermos conteúdos audiovisuais em língua portuguesa e continuarmos a promover esse tipo de encontro, também, na área do cinema e do audiovisual. Ouça, em formato de podcast, a conversa com a diretora do Instituto Camões, Alexandra Pinho, presente na reunião virtual do Conselho Editorial da Revista E, no dia 27 de abril de 2023. A mediação é de Thaís Heinisch, assistente de literatura e bibliotecas na Gerência de Ação Cultural do Sesc São Paulo.

QUADRINHOS POR HELÔ D'ANGELO