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ELEIÇÕES
O que esperar dos prefeitos e vereadores nos próximos quatro anos?
Sebastião Melo assumiu a Prefeitura Municipal de Porto Alegre garantindo diálogo e respeito às diferenças
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Em um ano marcado pelo uso de máscaras, álcool em gel, isolamento social, medidas restritivas e discussões políticas sobre a ciência, os brasileiros também elegeram seus representantes municipais para os próximos quatro anos. No Rio Grande do Sul, os eleitores definiram 494 prefeitos e 4.833 vereadores para as 497 cidades gaúchas. O segundo turno foi uma realidade em Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria. Os partidos PP, MDB e PDT lideram o ranking dos mais eleitos no Estado.
As cerimônias de posse realizadas em 1º de janeiro marcaram o início de gestões que seguirão enfrentando a pandemia de Covid-19 e com ela decisões importantes como a volta às aulas e a retomada da economia. Na Capital, o prefeito Sebastião Melo (MDB) assumiu a Prefeitura Municipal em meio ao crescimento de casos de Coronavírus, com grande parte dos leitos de UTI ocupados. Em seu discurso, Melo garantiu que não pretende aumentar as restrições para funcionamento do comércio. “Vamos enfrentar a questão da Covid-19 com responsabilidade, mas vamos equilibrar a saúde com a economia e a economia com a saúde, para que a cidade não quebre”, afirmou.
Na Câmara Municipal, 36 vereadores também assumiram seus gabinetes. As maiores bancadas pertencem ao PSOL, PT e PSDB, com quatro representantes cada um. No entanto, a novidade neste ano é a quantidade de vereadores negros eleitos. Cinco vereadores, incluindo a candidata mais votada Karen Santos (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB), Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSOL) tiveram, somados, mais de 40 mil votos. O grupo, intitulado como a “bancada negra de Porto Alegre”, busca criar uma pauta conjunta que deve abranger a luta antirracista e temas como mobilidade urbana, moradia, educação, investimento em cultura, política para mulheres, saúde pública e outros.
Antes da solenidade que consagrou Melo como prefeito, foi possível sentir o tom do primeiro embate entre governistas e oposição. A votação que deu origem à Mesa Diretora da Câmara ocorreu sob protestos dos vereadores contrários ao governo, que consideraram a escolha um desrespeito ao regimento interno da casa, que determina a representatividade proporcional dos partidos no
Câmara Municipal de Porto Alegre terá cinco vereadores negros na mesma legislatura
O que pensa a ASJ

parlamento. Ao final, com 26 votos do bloco governista, os cargos ficaram com o presidente Márcio Bins Ely (PDT), 1º vice-presidente Idenir Cecchin (MDB), 2ª vice-presidente Nádia Gerhardt (DEM), 1º secretário Hamilton Sossmeier (PTB), 2ª secretária Mônica Leal (PP) e 3º secretário Claudio Janta (SD).
Nos demais municípios com segundo turno, as posses registraram discursos centralizadores com foco na recuperação econômica e no combate à pandemia. Em Santa Maria, o prefeito reeleito Jorge Cladistone Pozzobom (PSDB) e os 21 vereadores assumiram a responsabilidade de governar os 283.677 habitantes. Durante sua fala, o representante enfatizou que irá administrar a cidade “com todos os vereadores e para todos os cidadãos". A cidade de Pelotas também reelegeu a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), que, ao lado dos 21 vereadores empossados, reforçou que dará sequência ao trabalho iniciado na última gestão.
Na Serra Gaúcha, o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB), e os 23 vereadores iniciaram oficialmente a 18ª Legislatura do município. A solenidade, restrita aos eleitos, autoridades e imprensa devido aos protocolos sanitários, teve discursos que enfatizaram o papel da Câmara Municipal na defesa da população. “Sou o terceiro prefeito eleito recentemente oriundo da Câmara de Vereadores. Isso me orgulha e faz jus à importância do papel que é a gente passar pela Câmara”, ponderou Didomenico. Em Canoas, o prefeito Jairo Jorge (PSD) assumiu pela terceira vez o comando da cidade. Ao lado dos 21 vereadores, o representante colocou o enfrentamento à pandemia como principal objetivo da sua gestão. “Essa não é hora de divisão, não é hora de disputa. É hora de convergência e pacificação. Em primeiro lugar está a vida dos canoenses”, enfatizou. O presidente da Associação dos Servidores da Justiça (ASJ), Paulo Olympio, avalia que as eleições de 2020 mostraram um avanço significativo dos partidos considerados de centro. A extremadireita com candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro acabou perdendo espaço em diversos municípios. O dirigente classifica essa movimentação como um início de pacificação nacional do discurso político, que há anos sofre com uma forte polarização. “Porém, não podemos nos deixar enganar. A força da extrema-direita, apesar de demonstrar uma leve queda, ainda pode arriscar pautas progressistas consideradas importantes para os servidores públicos e a sociedade em geral”, pontua. Para a gestão 2021-2024, Olympio espera debates técnicos e coragem dos eleitos para governar as cidades, lembrando que a pandemia de Covid-19 ainda assola o território nacional e o Plano de Vacinação Federal pode exigir que prefeitos e vereadores se unam ao governo estadual para repensar alternativas deixadas para trás pelo Ministério da Saúde. “A pandemia não acabou e se não tivermos um Plano de Vacinação bem alinhado com todos os municípios estaremos fadados ao fracasso, colocando milhares de pessoas em risco iminente”, declara.

Em Canoas, Jairo Jorge assumiu a Prefeitura Municipal pela terceira vez