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Maria Lamas publica, sob o pseudónimo de Rosa Silvestre, vários contos infantis, em revistas destinadas às crianças. Uma dessas revistas é “O Gaiato”, semanário infantil, com publicação às quintas-feiras. Maria Lamas inicia a sua colaboração neste jornal, logo no primeiro número, apresentando as Aventuras do Zito e da Zizinha: O Zito e a Zizinha pertencem à família de “O Gaiato”. Excerto do conto:
«O Zito e a Zizinha chegaram há pouco do colégio, e estão a lanchar com belo apetite; não tardam aí um minuto. Pronto, lá vêm eles, corados, olhos brilhantes, todos contentes com os novos amiguinhos que lhes arranjei.
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- Ora, vivam! – Dizem os dois, ao mesmo tempo, fazendo uma mesura – porque o Zito e a Zizinha, lá por serem «os ases» da brincadeira, não deixam, por isso de ser bem educados...quando querem.
- Béu, béu, rebéu, béu – protesta um cãozito que os acompanha sempre, assim com ar de quem diz: - Então eu não sou gente? E o simpático cãozinho põe-se de pé, mas patitas traseiras, e cumprimenta também os leitorzinhos do «Gaiato», lá na sua linguagem: - Béu, béu, rebéu, béu! Chama-se Redopio, este cãozito, que tem uma história bem bonita, que um dia destes lhes contarei, e não larga os donos nem por um torrão de açúcar. São três amigos inseparáveis, até lhes chamam os três da vida airada. Para eles não há ralações nem tristezas. O Zito e a Zizinha têm tudo quanto as crianças da sua idade podem desejar: uns pais muito amiguinhos, uma quinta para brincar e correr, à vontade, uma avó que lhes conta lindas histórias, brinquedos, livros e, até, aquele impagável Rodopio que se presta a quantas diabruras eles se lembram de lhe fazer. O Zito tem 9 anos e a Zizinha fez 8 há pouco tempo. E… pronto, está feita a apresentação. É verdade, ainda não lhes disse que a Zizinha gosta de comer doce às escondidas da mãezinha e diz a sua mentirita de vez em quando, e que o Zito, com a sua mania de engenhos e engenhocas, se farta de partir e estragar várias coisas que ainda tinham utilidade. Também há uma personagem importante nestas aventuras: é a miss Kate, a quem foi confiada a difícil tarefa de educar estes anjinhos… da pele do diabo! Para mais, como a bondosa senhora é muito alta, muito magra, muito feia e muito ridícula, com vestidos que se usaram no século passado e chapéus que parecem tirados do caixote do lixo, os pequenos, por mais que queiram, não podem deixar de se rir dela. Mas, lá no fundo do seu coraçãozinho, estimam-na a valer, e têm razão para isso, porque a miss Kate é a bondade em pessoa, apesar de ralhar de manhã à noite.»