a safra. Deslocaram-nas desde logo para a Afurada16 onde se fixavam durante as épocas de pesca, aí constituindo colónias de dimensão assinalável, profusamente referenciadas ao longo dos séculos XVIII e XIX.
Fig. 2 – Postal ilustrado de ílhavas e chinchorras17 na Afurada
Teria sido dessa sua fixação na referida zona, e da sua utilização na captura do sável, que adviria a confusão de, muitas vezes, a ílhava ter sido identificada com a designação de saveiro18, hábito que mais tarde se estendeu a outras embarcações, como foi o caso do saveiro19 (meia-lua), da Caparica, que pescava na borda do mar. Tomando outros rumos, desta vez para sul, para mais longe, os ílhavos da laguna levaram a sua bateira, instrumento precioso de trabalho, para a beira da embocadura do Tejo20 onde assentaram arraiais, muitas das vezes acompanhados pelas famílias que assim participaram, elas também, nessa aventura migratória a que já se designou como a diáspora dos ílhavos, e que nós julgamos mais correcto designar por diáspora das gentes da laguna. Chegados logo se dispersaram pelas praias ribeirinhas onde vieram a constituir singulares colónias, deixando um referencial no cardápio das actividades piscatória centradas naquele rio, capítulo importante com direito a página própria no historial das actividades Tejo, tamanha foi a sua dimensão identitária e tão significativa se veio a mostrar a sua influência sobre os restantes comparsas.
16
Em 1725 e 1759 pescavam sáveis e lampreias, no rio Douro e sua foz, 262 indivíduos. (Amorim, Inês, 1997: 506). 17
Chinchorra foi, também, a designação dada a uma das bateiras lagunares, com comprimento que atinge os 9 m, que por utilizarem essa arte, dela tomaram o nome. 18
Saveiro foi designação generalizada dada às embarcações de bicas curvas, e fundo plano.
19
Lopes, 1975: 148.
20
Ver Fonseca, Senos da, Capítulo 7, o Varino, do livro Embarcações que Tiveram Berço na Laguna, 2011:203.