40 anos de evangelização! Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Monsenhor Décio Ravagnani.

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Ananias José Barbosa

“Louvado seja Deus, que criou o céu e a terra, e que concedeu para todos nós o Dom da vida”



Para meus filhos Vinicius, Mariana e Matheus, minha inesgotável fonte de inspiração...; e para minha esposa Tina, pelas orações e apoio nas minhas diversas tomadas de decisões.



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“Um padre comprometido, zeloso e amável, que sabe como liderar”.


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primeiro contato que tive com Monsenhor Décio foi em fevereiro de 2006, quando adentrei com minha esposa Tina na igreja Matriz e deparei com um padre de semblante sério, porém tranqüilo e sereno. O grisalho dos seus cabelos já o denunciava ser uma pessoa madura e experiente. Naquele dia sentei-me, como sempre, logo nos primeiros bancos próximo da porta que dá acesso ao banheiro da igreja, afinal minha esposa estava na 11ª semana de gestação, e passava constantemente por crises de enjôos. O momento que vivíamos era perfeito. Estávamos casados há quase três anos e ela grávida do nosso primogênito. Mesmo sendo um casal maduro, eu e ela acima dos 33 anos de idade, nos preocupávamos um com o outro, ao ponto de distrairmos sem muita concentração na missa, tamanha era a nossa felicidade e nosso envolvimento com o primeiro filho. Confesso que naquela noite eu acreditava que seria mais uma missa de difícil lembrança posterior da palavra, do evangelho e da homilia.Logo percebi que estava enganado. A riqueza de detalhes, a singeleza, o modo de expressão e demonstração da experiência, associados ao carinho com que Monsenhor Décio conduziu a celebração me prendeu a atenção. Lembro como se fosse hoje quando o padre disse: “Dom Bruno Gamberini me delegou essa comunidade, e agora vocês são a minha família. Viveremos em comunhão e sintam-se a vontade para convidar o padre, inclusive para almoçar ou jantar, na casa de vocês”. Sua fala parecia de fato familiarizada e me deixou na “obrigação” de fazer-lhe um convite, porém, somente no ano seguinte tive a honra de recebê-lo em minha casa. Naquela oportunidade, ele confessa um apreço e um sonho em comum: o gosto pela política; e esta como ferramenta capaz de melhorar a qualidade de vida do povo em geral. A mim particularmente Monsenhor Décio conquistou rapidamente. Foi ele quem batizou meus três filhos e sempre quando a Igreja Católica estava num tempo de festa litúrgica, como na Páscoa da


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Ressurreição (Mariana) e Pentecostes (Matheus). A exceção talvez tenha sido o batismo do primeiro filho (Vinicius), que foi batizado no dia dez de dezembro de 2006, ano da chegada de Monsenhor Décio na paróquia. Numa conversa informal, num momento de descontração, perguntei a ele se poderia considerar o batismo do Vinicius no tempo do Advento. Rápido no raciocínio me respondeu que era mais adequado memorizar o “DDD”. A princípio lembrei apenas de Discagem Direta a Distância, que fazíamos quando ligava para alguém distante, sem entender muito bem. Logo Monsenhor Décio explicou: “Dez de Dezembro, batizado por Décio dá DDD”, disse rindo. De personalidade forte e perfeccionista, exigente com tudo que envolve a liturgia, Monsenhor Décio foi aos pouco conquistando a comunidade, pois, em cada ação dele, cada missa, cada evento religioso, revelava os princípios e valores nos quais grandes homens públicos pautam suas trajetórias. Convicto da necessidade de cumprir fielmente as deliberações superiores numa igreja milenar e hierárquica, sempre foi muito ágil em transmitir aos seus liderados, qualquerobservação propostas pelo seu superior, o arcebispo da nossa arquidiocese, atualmente o Bispo Dom João Inácio Muller, que sucede Dom Aírton José dos Santos e este sucessor do inesquecível amigo do Monsenhor Décio, Dom Bruno Gamberini, já falecido. Líder nato, Monsenhor Décio sempre se destacou por cumprir todas as determinações, mas sabe também, na mesma proporção, exigir de seus subordinados leigos, o cumprimento e respeito hierárquico na condução dos diversos movimentos e pastorais. Firme, sério e convicto daquilo que quer, e a maneira como valoriza as questões litúrgicas transmite,às vezes, a falsa imagem de ser um padre durão e impopular, no entanto, quem tem a oportunidade de conhecê-lo com maior proximidade sabe que és, na verdade, um homem simples, zeloso, simpático, amável e conselheiro. Monsenhor Décio é incansável, emuito dedicado na busca pela excelência,quando se trata de cumprir com respeito, o compromisso as-


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sumido na sua ordenação. Ele sempre nos cobrou, sempre defendeu, que para uma boa caminhada paroquial é preciso ter compromisso, dedicação, amor e carinho para com as coisas de Deus, e também com o próximo. Suas experiências transcendem o mundo religioso e são úteis em diversas áreas do campo pessoal e profissional. Monsenhor Décio nunca negou a personalidade forte e a coragem de fazer a coisa certa, se aproximando de lideranças religiosas e políticas sem visar ás suas conveniências nem ceder ás mínimas transgressões. Posiciona como pároco responsável por uma grande paróquia e, quando precisa valer-se das amizades conquistadas e construídas, pede sim, mais em nome da comunidade, da igreja e para a igreja. Sabe cobrar e exigir melhorias para todos, fiéis ou não. Tem o olhar para a sociedade, sem distinção, e o faz com a freqüência necessária, sem excessos ou omissão. São inúmeros os valores desse grande líder, mas o comprometimento merece ser destacado. Mesmo com a saúde frágil e ás vezes debilitado, o padre faz questão de assumir as responsabilidades da paróquia, mesmo sabendo que pode contar com seu fiel vigário, Padre Marcel. Quer e faz questão de conduzir pessoalmente o seu rebanho: “Temos que ser fiéis aos nossos planos, cumprir a nossa missão de filhos e filhas de Deus, assumindo verdadeiramente o nosso batismo”, afirma ele, sempre que participa nas reuniões de lideranças paroquiais. Costuma inclusive falar isso nas suas homilias, assumindo assim o ensinamento do “Bom Pastor”. Ananias José Barbosa


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“Nasce o menino Décio, que se transforma num grande homem”


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ra uma tarde ensolarada, um dia igual a todos os outros, menos para o jovem Cyneu. Com seus 23 anos de idade, aquela era sem dúvida alguma, a melhor de todas as tardes. Um dia especial. Ao pôr do sol, naquela tarde de julho de 1941, Cyneu contraía matrimônio com a jovem Olga, mulher forte e de família tradicionalmente católica. A igreja enfeitada recebia a presença de amigos e parentes. Registra-se também a presença de pessoas importantes da comunidade local, autoridades políticas e religiosas por gratidão e conhecimento que os noivos tinham na cidade de Moji Guaçu/SP. (naquela época era assim mesmo, grafado com a letra “j”). A vida é pontuada por alguns momentos sublimes, de suma importância, e o matrimônio é um deles. Cyneu estava radiante, feliz e fazendo planos, alguns de natureza pessoal e profissional. Outros envolviam a bela e admirada jovem esposa, de 21 anos, pois acreditava fielmente que a felicidade plena se completaria com a presença de filhos. Quantos ter? Um casal talvez? Uma família numerosa, como de costume? Não demorou muito e a jovem esposa deu-lhe a notícia mais importante dos últimos tempos: • Neu esperamos um bebê! Disse a jovem, um tanto tímida, usando o carinhoso apelido, numa tentativa de desanuviar o ambiente. • Eu sonhei com esse momento Olga... duas palavras, apenas duas, bastam para exprimir o que ora sinto: alegria e gratidão. Alegria por nós, pela sua gestação e gratidão pelas bênçãos que Deus tem nos concedido! Abraçaram-se demoradamente. Um silêncio tomou conta do lugar, a ponto deles ouvirem a respiração um do outro. Tudo correu perfeitamente bem e como sonhado. Cyneu Ravagnani e Olga Galhardoni Ravagnani estavam constituindo a família. Ele, um servidor público. Ela, uma dona de casa inquieta, que tinha no cuidar da família, a principal atividade.


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Foto: Arquivo Pessoal Monsenhor DĂŠcio aos 6 meses de idade

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O casal teve 5 filhos. Uma família verdadeiramente abençoada por Deus, que teve no segundo filho do casal a resposta para uma vida inteira dedicada ao cristianismo, praticando a fé no Catolicismo. No dia 12 de março de 1944, nasceu Décio Ravagnani, na cidade de Mogi Guaçu, interior do Estado de São Paulo, onde passou toda a sua infância, adolescência e juventude. Décio Ravagnani é o segundo filho do casal Cyneu e Olga. Nos anos seguintes completa a família duas meninas, e mais um menino. Décio Ravagnani, desde sempre é muito próximo dos pais. O menino, que havia sido gerado com muito amor e carinho,agora cresce saudável e forte. Assim como agem muitas famílias católicas, era preciso dar um passo importante: o batismo. O senhor Cyneu ainda se encontrava nos seusafazeres para ajudar a esposa, pois era o período de resguardo, quando comunica com a esposa, a conversa que teve com o padre Clemilton. Sem manifestação contrária de Olga, como já era de se esperar, a data está marcada. O menino por iniciativa de seus pais,vai receber o sacramento do batismo. Décio é batizado no dia 09 de abril de 1944, na igreja matriz, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Moji Guaçu.Quem o batiza é Frei Clemente Marradan. O batismo do pequenino Décio é um feito muito importante para seu Cyneu e a esposa Olga, pois elessempre estiveram convencidos de que o sacramento do batismo é o nascimento para a vida espiritual, quando a criança deixa de ser uma criatura para ser filho de Deus. O menino Décio cresce num ambiente cristão de muita religiosidade e o lar do jovem casal transborda embênçãos. O lar é verdadeiramente Cristão. Com a permissão importante dos seus pais, Décio manifesta o desejo de ser coroinha e inicia assim os primeiros passos na vida religiosa.Acompanhado dos pais, fazia visitas nas casas de vizinhos e amigos, nas muitas e tradicionais novenasda Imaculada Conceição, que acontecia na cidade natal.


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Foto: Arquivo Pessoal Dia da sua 1ª comunhão

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O Curso primário aconteceu no “Grupo Escolar Padre Armani”. O tempo vai passando e Décio se destaca na família do seu Cyneu, como uma criança de forte apelo religioso. Era muito comum vê-lo ficar horas no quarto, com ou sem a presença dos pais, rezando o terço e meditando a palavra. Foi crismado por Dom Manoel da Silveira D`Elboux, então Bispo da Diocese de Ribeirão Preto/SP. No ano de 1959,Décio é admitido no Ginásio São José e matriculadona 1ª série do ginásio, que anos mais tarde foi denominado como segundo grau. Em 1960, começa a estudar no “CENE Luiz Martini” na cidade de Mogi Guaçu. Nesse Ginásio, Décio cursou as séries iniciais do ginasial, até o ano de 1963, quando já dava sinais deliderança no grupo escolar. Nesse período também, foi nomeado pelo prefeito Altino Martini, para ocupar o cargo de auxiliar da tesouraria no município de Mogi Guaçu. No mês de outubro de 1962, o mesmo prefeito o transfere da Divisão de Tesouraria para trabalhar no gabinete do prefeito, como Secretário Administrativo. Mesmo trabalhando, o jovem Décio continuava firme e envolvido com seus estudos. A secretária da escola “Luiz Martini” naquele ano era Maria Ângela Vedovello, que também morava na mesma rua dos pais de Décio e por razões de amizade sempre acompanhava a assiduidade e freqüência dele na escola. Num documento datado de dezembro de 1963 é possível verificar que é ela, Maria Ângela Vedovello, quem assina como secretária, o certificado de aprovação do aluno Décio Ravagnani, na 4ª série “B”, como consta nas páginas 56/63 do livro de anotações dos admitidos na escola. Muitas pessoas eram próximas do casal Cyneu e Olga, no entanto, uma família em especial parecia ser fonte de inspiração. Maria Ângela Vedovello, além de secretária, era amiga e vizinha, e narra que toda a infância e adolescência fora vivenciada na antiga rua da estação, muita tranqüila e sossegada. Era muito comum às mães se reunirem ali para troca de experiências, principalmente para falar sobre a criação e educação dos filhos


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e, naturalmente, as crianças aproveitavam para brincar na rua, sob o olhar cuidadoso dos pais. Na década de 60, havia uma interligação maior entre as pessoas das cidades interioranas. Naquela época era muito comum a comunidade permanecer unida. A cidade de Mogi Guaçu mantinha todos os traços decidadezinha do interior, onde se conviviam todos muito próximos uns dos outros em fraternidade, companheirismo e respeito. Lá não havia espaços segregados para uns e para outros. Todos independentemente de sua condição financeira, social, de suas crenças e origens freqüentavam os mesmos locais. Nessa convivência fraterna com todos, num ambiente gostoso para a formação das crianças, Décio vai se destacando e adquire desde muito cedo o princípio da igualdade das pessoas e, também, o da liberdade de cada um fazer suas escolhas sem, no entanto, deixar de vivenciar os conceitos cristãos. Conciliando os estudos e a participação nas atividades da igreja Décio vai, desde cedo se destacando pela assiduidade, disciplina e o desejo forte de ajudar as pessoas. Maria Ângela Vedovello conta que Décio era quem preparava as festividades do colégio. Décio exercia uma liderança nata. Coordenava os trabalhos de encerramento do ano escolar, de formação e encerramento de cursos. Ainda bem jovem, sempre pedia aos pais, e por vezes para a direção da escola, que convidasse a participar das solenidades, o Bispo Dom Tomaz Vaquero. O desejo de trazer na cidade o Bispo responsável pela Diocese foi realizado. Como presidente da comissão de festejos fez contar com a presença do Bispo na formatura de sua turma, tornando um marco na vida dos formandos e também para o município. O Bispo não somente veio para a cidade, como ficou o dia todo em visitas nas famílias que de alguma forma participavam das atividades da igreja. Uma família que recebeu a visita do Bispo foi, naturalmente, seus pais. O Jovem Décio Ravagnani continuou a liderar na escola, na igreja e na família. O dom de liderança começa a ganhar contornos sociais


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fortes e de reconhecimento público.Em 1966, aos 22 anos de idade conclui o curso ginasial de formação de professores primários, que anos depois foi renomeado como “curso de magistério”, na “Escola Monsenhor Nora” em Mogi Mirim. Aluno dedicado, sempre preocupado com os estudos e as causas sociais, percebe que há um chamado para atuar de maneira mais direta no processo de evangelização das pessoas. É uma demonstração daquilo que estava por vir.

O ano de 1969 foi marcado na vida do Jovem Décio, próximo de completar 25 anos. Era chegada a hora de se ausentar pela primeira vez da sua cidade natal, para que pudesse continuar com seus estudos. Não havia cursos de nível superior em Mogi Guaçu naquele ano, e assim como muitos jovens, se viu obrigado a cursar faculdade fora da cidade natal e também da região. Naquele ano, Décio é aprovado e matricula-se na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Pardo, no curso de Pedagogia. Os dois primeiros anos de pedagogia foram cursados na cidade de Poços de Caldas, sul de Minas Gerais, e os dois anos subseqüentes na cidade de São José do Rio Pardo. Mesmo se ausentando para os estudos, Décio não deixou de participar ativamente na vida social e religiosa da sua cidade natal. Atuando como voluntário nas atividades da igreja, lidera e forma um grupo de jovens com a missão de desenvolver projetos sociais e religiosos. O grupo de jovens ganha corpo e mais adeptos e admiradores se aproximam. Sob orientação do Padre Longino Vastbinder e coordena-


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Foto: Arquivo do Jornal Gazeta Guaçuana, da enchente do rio Mogi Guaçu em 1970

Foto: Arquivo do Jornal Gazeta Guaçuana, da enchente do rio Mogi Guaçu em 1970


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ção de Décio Ravagnani, que naquele momento era o mais experiente e maduro do grupo, formaliza na cidade um movimento denominado Treinamento de Liderança Cristã – TLC. O trabalho como líder jovem teve a sua mais importante experiência no ano de 1970. Naquele ano aconteceu o transbordamento do Rio Mogi Guaçu, mais precisamenteno dia 22 de fevereiro. A enchente no centro da cidade durou de 3 a 4 dias. Foi decretado pelo prefeito, estado de calamidade pública.Muitas pessoas deixaram a suas casas de botes e lanternas nas mãos, pois a cidade ficou sem energia elétrica pelo menos por 48 horas e sem água potável pelo dobro de tempo. O Padre Longino Vastbinder foi um dos últimos a ser resgatado e deixar sua casa, que ficava ao lado da igreja Matriz. Muitos dizem que o padre havia feito contatos com várias autoridades e convocou os jovens para trabalharem no resgate e ajuda das pessoas ilhadas e que perderam tudo. Mais uma vez destaca a presença de Décio nos serviços de ajuda. Para Maria Ângela Vedovello foi ele quem coordenou o trabalho, e que na prática substituiu a Defesa Civil, pois naquela época não existia corporação na cidade. Foi grande a assistência que os jovens deram aos moradores que sofreram com as águas em suas casas. Para fugir da enchente, as pessoas eram levadas para bairros mais distantes e seguros que estavam livres das águas. Alguns moradores foram alocados em prédios escolares e casas de parentes e amigos. Um fato curioso para a amiga e vizinha é que com a região central inundada, a Igreja Matriz não foi atingida. Nenhuma quantidade de água, por menor que fosse entrou na Matriz e praticamente nada de água no lado de fora da igreja. Alguns atribuem o fato ao posicionamento geográfico que ela está instalada, explicando que o nível do terreno naquela parte é mais alto do que o restante da Praça Rui Barbosa. Para outros, porém, foi uma proteção divina mesmo, as mãos de Deus. É fato que o povo guaçuano sempre teve muita fé à Imaculada Conceição. Ainda que trágico, o evento deu mais visibilidade e destaque para o jovem Décio, que aos 25 anos se tornara um líder destemido e res-


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Foto: Arquivo pessoal Representante dos formandos, DĂŠcio Ravagnani fala na formatura em 1972.

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peitado. Os trabalhos da juventude católica, ganha adeptos e admiradores em todo o município. Décio que já havia ocupado a função de coroinha na igreja dá início agora, a um trabalho de maior responsabilidade na igreja. Com apoio total dos seus pais, e do pároco, Padre Longino Vastbinder, realizava estudos bíblicos, formava grupos de teatro, dança, música, gincanas e campanhas do tipo “agasalho”, “quilo de alimentos” e outros. Aos finais de semana o seminarista Décio Ravagnani, juntamente com um ministro da Sagrada Comunhão Eucarística e outros jovens da TLC – Treinamento e Liderança Cristã partiam para as comunidades mais distantes, na sua maioria rural, para fazer a leitura do evangelho do dia e reflexão litúrgica da palavra. A participação dos jovens era espontânea e começavam a serem convidados para diversas cerimônias de casamentos, aniversários e até mesmo de velórios. Lá faziam leituras, introduziam cantos e rezavam. Sob a liderança de Décio o grupo chegou contar com mais de 150 jovens, conta Maria Ângela Vedovello. Para ela era uma instituição que tinha como principal missão a evangelização, formação de grupos de oração e celebração da palavra, sobretudo nas áreas rurais da cidade. Dois anos depois em 1972, mais precisamente na data de 12 de novembro, um trágico acidente de carro na Vila Paraíso tira a vida do Padre Longino. Foi surpreendente, nas palavras de Maria Ângela Vedovello, a participação com tristeza dos jovens da TLC – Treinamento e Liderança Cristã, no velório do querido padre Holandês. Nesse dia todas as providências necessárias foram tomadas a partir da orientação de Décio. Na verdade, quem assume a paróquia de “fato” é ele. É tão grande a comoção que a cidade para. Um vazio enorme toma conta dos moradores, cristãos ou não. Uma fala desafiadora, e ao mesmo tempo incentivadora, do Bispo diocesano Dom Tomaz Vaquero no velório do padre é o sinal para uma tomada de decisão que viria mudar a história de vida de Décio Ravagnani. Aos 28 anos de idade com


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irrestrito apoio de seus pais Cyneu e Olga, Décio Ravagnani toma a mais importante decisão de sua vida: vai ser padre. No ano de 1972 formou-se em pedagogia, concluindo o seu primeiro curso de nível superior. No ano seguinte, em 1973 começa no seminário e matricula-se na Faculdade Teológica Nossa Senhora da Assunção em São Paulo, no curso de Teologia, naquele que é seu segundo curso de nível superior.


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“Vida Religiosa e Sacerdotal – Início da caminhada evangelizadora”


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triênio de estudos voltados para a vida missionária é completado em 1975. Um ano antes, mais precisamente no dia 03 de agosto de 1974, o Bispo de São João da Boa Vista, Dom Tomás Vaquero concede a Décio Ravagnani o Ministério de Leitor e Acólito, como preparação para a vida sacerdotal. Menos de um ano depois Décio Ravagnani, requisita a imposição da Sagrada Ordem do Diaconato.Estudante dedicado, seminarista fiel e ativo nas ações que vão ao encontro das necessidades da sociedade, era certo a aceitaçãoe aprovação do Bispo. Dom Tomás Vaquero concede a Sagrada Ordem de Diaconato no dia 22 de junho de 1975, e a Missa em Ação de Graça foi na igreja da Imaculada Conceição de Mogi Guaçu. Os trabalhos agora são mais intensos e freqüentes. Os convites para os municípios vizinhos começam a ser cada vez maiores e Diácono Décio Ravagnani se torna conhecido por toda a região. No dia do seu aniversário natalício, quando completou 32 anos de idade, em 12 de março de 1976, foi enviado para a cidade de Vargem Grande do Sul, e já no mesmo dia foi apresentado aos fiéis pelo então pároco Monsenhor Celestino C. Garcia. Na cidade de Vargem Grande do Sul logo se destaca, pelo acolhimento e principalmente pela desenvoltura e inquietação. É um tempo de constante oração em preparação para receber o Sacramento da Ordem. Não demorou muito para acontecer. Em 06 de maio do mesmo ano, em carta endereçada a Dom Tomás Vaquero o diácono Décio Ravagnani escreve: “Exmo. Sr. Bispo Diocesano, ao aproximar-me da Sagrada Ordenação e depois de séria reflexão diante de Deus, testifico sob juramento que não sou impelido a receber a Sagrada Ordem por nenhuma coação ou violência nem por qualquer temor, mas que a desejo espontaneamente e a quero de vontade sincera e livre, porquanto experimento e sinto realmente ser chamado por Deus”. Já no dia 10 de maio, apenas quatro (4) dias após o envio da carta, a Matriz de Sant`Ana em Vargem Grande do Sul começa uma série de


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Foto: Arquivo pessoal Diácono Décio a caminho da ordenação com seus pais Cyneu e Olga

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novenas em suas comunidades. Orações em famílias são iniciadas e acontece um mês inteiro de “Oração do Terço”, nas casas de diversas pessoas nas cidades de Vargem Grande do Sul e também na cidade de Mogi Guaçu, sempre em família. Na cidade natal, por meio da Matriz Imaculada Conceição, diversos movimentos foram iniciados em orações pela ordenação do diácono Décio Ravagnani, e segundo Maria Ângela Vedovello, foram feitas novenas pedindo a proteção e intersecção de Nossa Senhora, em prol do amigo, que sempre foi visto como obediente e filho exemplar do casal Cyneu e Olga. As orações são incessantes. A Diocese de São João da Boa Vista marca a data da ordenação. Décio Ravagnani será ordenado padre. Uma programação especial é acertada. Numa programação específica para a ordenação, convites foram enviados para diversas pessoas, religiosos, prefeitos das cidades vizinhas, acadêmicos e diversas outras autoridades. O Convite trazia: “Como Tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo (Jo.17.18). Com alegria venho, juntamente com meus pais, convidar V.S. e Exma. Família, para participarem da minha ORDENAÇÃO SACERDOTAL, pelo gesto sacramental da Imposição das Mãos de D. Tomás Vaquero, Bispo da Igreja que está em São João da Boa Vista. Muito nos alegra sua participação. Diácono Décio Ravagnani”. A Ordenação aconteceu às 18:00h do dia 06 de junho de 1976 no Santuário de Nossa Senhora do Rosário, de Mogi Guaçu. Pelas mãos de Dom Tomás Vaqueiro, Bispo de São João da Boa Vista, e na presença de seus pais e diversos outros convidados foi ordenado Padre Décio Ravagnani. Na fala dirigida ao povo reunido, Dom Tomás Vaquero afirma: “Este nosso irmão, após prudente exame, é ordenado Presbítero, para servir ao Cristo Mestre, Sacerdote e Pastor, que faz crescer a sua Igreja como povo de Deus e Templo do Espírito Santo.Transmite a todos a palavra de Deus. Toma consciência do que fazes e põe em prática o que celebras. Lembra-te que foste tirado do meio do povo, dentre aos homens e colocado a serviço deles nas coisas de Deus. Desempenha, portanto, com verdadeira caridade e contínua


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Foto: Arquivo Pessoal Diácono Décio é Ordenado Padre em 06 de junho de 1976, por Dom Tomás Vaquero

alegria, a missão do cristo Sacerdote, procurando a sua glória e não a tua. Finalmente, querido filho, cumprindo a tua parte na função do Cristo Pastor e Chefe, procura, unido e submisso ao Bispo, reunir os fiéis numa só família, a fim de que possas conduzi-los a Deus Pai, pelo Cristo, no Espírito Santo. Tem sempre diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor, que veio não para ser servido, mas para servir, e para procurar e salvar o que estava perdido”. Aos 32 anos de idade, Padre Décio celebra sua primeira missa na sociedade humanitária, uma comunidade de Vargem Grande do Sul, numa missa campal, tamanha era a quantidade de pessoas vindas de diversos locais e também das cidades vizinhas. Os fiéis lotaram o lugar, e naquela oportunidade, foi lida por Dom Antonio Davi, vigário geral, a provisão da cúria diocesana, que nomeava Padre Décio como vigário auxiliar, na Igreja Matriz, Paróquia de Sant`Anna.


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Foto: Arquivo Pessoal Igreja Matriz de Sant`Ana, em Vargem Grande do Sul, 1ª Paróquia de Padre Décio

A Paróquia de Sant`Ana tinha como pároco responsável Monsenhor Celestino C. Garcia, um padre de idade avançada e com a saúde consideravelmente debilitada. Muito zeloso e comprometido com a missão assumida, foi logo delegando ao Padre Décio, que este pudesse visitar os fieis mais distantes, sobretudo das áreas rurais, que naquele ano contava com diversos sítios e pequenas propriedades familiares. Foi numa comunidade com essas características que Padre Décio celebrou sua primeira missa. O local escolhido foi na sociedade humanitária, bairro bastante populoso e com um povo muito simples, mas fiéis e ricos na fé. A primeira missa que Padre Décio presidiu foi na data de 17 de junho de 1976. Não demora muito e Padre Décio Ravagnani ganha destaque na cidade de Vargem Grande do Sul. O Jornal “Gazeta de Vargem Grande” costuma rotineiramente destacar as ações do padre, muitas delas na


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primeira página, na capa. Tudo parece acontecer muito rápido na vida do Padre Décio, que se apresenta no dia a dia da comunidade de forma dinâmica e zeloso. Logo reúne as Associações Paroquiais: Apostolado da Oração, Liga Católica “Jesus, Maria e José”, Legião de Maria, Obra das Vocações Sacerdotais, Dispensário Santo Antônio e São Vicente de Paula para uma necessária capacitação e reciclagem, adaptando-os às normas do Concílio Vaticano II e às Conclusões de Puebla. Sentindo o peso da idade e a precária saúde do pároco, Monsenhor Celestino C. Garcia, assume a responsabilidade de ecônomo e assuntos administrativos. A igreja tem carências e precisa de construções e em alguns casos de reformas, que dignifiquem o culto a Deus.

Foto: Arquivo Pessoal Padre Décio na celebração da sua primeira missa, na “sociedade humanitária”


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Padre Décio Ravagnani procura atuar para melhor realizar sua missão de evangelização e de suas obras assistenciais. Sem descuidar do aspecto religioso implanta de forma definitiva a Pastoral do Dízimo e diversifica dividindo a paróquia em diversos setores, sob a coordenação dos ministros do dízimo. O resultado é gratificante e tem apoio dos fiéis. Começa ampla reforma da Igreja Matriz de Sant`Anna, o que atrai para sua inauguração o Bispo Diocesano, em 21 de julho de 1977. Na seqüência, inicia-se a adaptação da Capela de São Benedito, bem como reforma e construção de anexos ao Centro Pastoral, atendendo as necessidades da Pastoral Catequética. Em 1978 realiza uma viagem inesquecível para a “Terra Santa”, e que serviu como um intenso retiro espiritual de capacitação para sua caminhada. Depois de alguns dias passando por lugares sagrados e religiosos, muitos deles por onde andou o próprio Jesus Cristo, Monsenhor vai até a Itália. Mais uma vez peregrina por diversos locais sagrados. Na Itália teve pela primeira vez um encontro com o Santo Papa João Paulo II. Estar na presença de um papa é sempre muito gratificante. Considerado recém ordenado, naquele ano de 1978, Padre Décio já demonstrava sua capacidade de articulação e seguia os passos das maiores autoridades religiosas da época. Para essa visita ao Papa João Paulo II, Padre Décio está acompanhado do Padre Orani, que vinha numa ascensão surpreendente se firmando como destacada liderança da Igreja Católica no Brasil. Atualmente Dom Orani Tempesta é arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Em 1979 lança na cidade de Vargem Grande do Sul as CEBs – Comunidades Eclesiais de Base, para atuar como suporte do padre. São 17 comunidadesimplantadas e em ação, todas com seus santos padroeiros, que atuavam como braço direito do padre. Essas comunidades eram muito comuns naquela época, e além da finalidade de evangelização, atuavam também na área social, prestando auxílio aos fiéis que mais necessitavam. Era inevitável o con-


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Foto: Arquivo pessoal Padre Décio na companhia de Monsenhor Orlando e Padre Orani, na biblioteca do Papa João Paulo II

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texto politizado das CEBs, que organizava os fiéis para lutarem em defesa dos seus direitos. Ainda em 1979, Padre Décio forma uma comissão específica para obras no Centro Pastoral Santo Antônio, na Vila Polar. O desafio é enorme. Com a aprovação do Bispo e suporte técnico da prefeitura, inicia-se a construção daquela que seria o cartão de visitas do jovem padre. Com amplas instalações, salas adequadas a diversas atividades e outras benfeitorias. É na verdade a construção da primeira igreja construída na cidade sob a responsabilidade do Padre Décio, que não parou somente naquela.Foram várias igrejas construídas e ou reformadas por iniciativa de Padre Décio. A construção na Vila Polar, uma localidade bastante populosa, tem 1.700m², e desde o início das obras, os moradores do bairro já se referiam a ela como um embrião para uma futura paróquia. Essa obra ousada, até por ser a primeira, faz com que o Padre Décio seja conhecido e chamado, carinhosamente, como “Padre Construtor”.


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“Em 1979 é fundada a Paróquia Nossa Senhora do Rosário”


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istante pouco mais de 155km de Vargem Grande do Sul acontecia na cidade de Sumaré/SP, mais precisamente no distrito de Hortolândia, aquela que seria considerada a maior conquista religiosa. Enquanto Padre Décio construía igrejas, acontecia aquia fundação da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, criada através do Decreto de 15 de outubro de 1979, assinado pelo então Bispo Coadjutor Dom Gilberto Pereira Lopes, da Arquidiocese de Campinas/SP. A princípio quando era apenas uma capela tinha como padroeiro São Francisco de Assis. A capela de São Francisco de Assis pertencia à paróquia da cidade sede: Sumaré. Em função exatamente da capela, a prefeitura de Sumaré outorga para a praça existente na frente da comunidade, o mesmo nome em homenagem ao Santo Padroeiro e a praça passa a ser denominada Praça São Francisco de Assis. Havia na cidade de Sumaré, fundado na década de 60, o Seminário São Francisco dos Frades Capuchinhos, que deu origem a Paróquia de São Francisco de Assis, de Nova Veneza, e foi no sentido de não causar conflitos com a duplicidade de nomes, e apenas por essa razão, quea paróquia passou a ter como padroeira Nossa Senhora do Rosário. O então distrito de Hortolândia crescia muito rápido e atraia pessoas de várias partes do país. Foi em 1966o inicioda construção da atual Matriz no entorno da antiga capela, de modo que a construção anterior pudesse ficar inteiramente dentro da igreja atual. Nos primeiros anos da década de 70 o já populoso distrito de Hortolândiacontava com uma quantidade significativa de fiéis católicos, que participavam frequentemente das celebrações. Este puderam comemorar na metade dos anos 70, o término da nova construção, que se mantém até os dias de hoje com a mesma arquitetura. O Decreto assinado por Dom Gilberto Pereira Lopes, estabelece que: “Aos que virem este Decreto, saudação no Senhor. Pelo presente Decreto fica erigida canonicamente a Paróquia de Hortolândia (distrito do município de Sumaré) sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, com os seguintes limites. Tem início no ponto em que a estrada asfaltada SP 101 (Campinas/


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Foto: Arquivo Pessoal Moldura com cópia do decreto

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Foto: Arquivo Pró- Memória Sumaré Capela de São Francisco – Década de 60


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Monte – Mor) cruza os limites municipais, Campinas – Sumaré junto ao Km 5, e segue pela mesma estrada até o ponto em que ela atinge o limite entre os distritos de Sumaré e Hortolândia (próximo ao Km 14) continuando pelos mesmos limites oficiais (confronta com a Paróquia de Sant`Ana – Sumaré) e segue pelos limites de Nova Veneza – Hortolândia (Paróquia São Francisco de Assis) até atingir os limites municipais Campinas – Sumaré (junto ao marco 8) seguindo pelos mesmos até o ponto onde teve início. Todos esses limites passam pelo meio das vias citadas ficando o lado direito pertencendo a nova Paróquia”. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário já nasce grande. Geograficamente falando cobre quase que a totalidade de Hortolândia, parte significativa de Nova Veneza, onde já havia a Paróquia de São Francisco de Assis. Num primeiro momento os fiéis não aceitaram a mudança do pa-

Foto: Arquivo Pró- Memória Sumaré Capela de São Francisco – metade da década de 70 Da esquerda para a direita: 1 - Pessoa não identificada, 2- José Lins Phenis, 3 - Antonio Pereira de Camargo Neto, 4- Antonio Gigo, 5 - Geraldo Costa Camargo, 6- Iran Carrara, 7 - José Francisco Breda e 8 Luiz Mário de Toledo


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droeiro, no entanto, para não haver duplicidade, o que significava ter duas paróquias com a mesma denominação na mesma cidade, Nossa Senhora do Rosário foi invocada. Sua inauguração foi, naturalmente, uma festa. Ser paróquia é poder ter autonomia administrativa, significava poder reivindicar a exclusividade de ter um padre, principalmente por se tratar de um período de grandes debates por liberdades e direitos da população em geral. O primeiro padre da Paróquia Nossa Senhora do Rosário foi Joaquim Francisco do Nascimento, que ficou na função por apenas três meses e meio. Padre Joaquim Francisco foi nomeado na data da fundação da paróquia, ou seja, em 15 de outubro de 1979 e ficou até o dia 30 de janeiro de 1980. Quando saiu, vieram substituir o padre Joaquim, os Frades Capuchinhos, do seminário de São Francisco de Nova Veneza.

Foto: Arquivo Pessoal Dia da Criação da Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Da esquerda para direita: Jango, Teresinha, Tico Breda, o prefeito Moranza, o vereador Geraldo Costa Camargo, sua esposa Ercília, Dirce e o menino Adalto)


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“Anos 80 até metade dos 90 na Paróquia Nossa Senhora do Rosário”

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O período compreendido de janeiro de 1980 a dezembro de 1989 foi de muitas mudanças no comportamento da população. Isso em Hortolândia, no Estado de São Paulo e no Brasil, logo os reflexos são naturais e muito parecidos tanto em Vargem Grande do Sul como em Hortolândia. Ainda ao início dos anos 80 o Brasil vivia a ditadura militar, muito embora já se acenava para a criação de condições de uma abertura política. No decorrer dos anos, pressão por eleições resultou no movimento das “Diretas Já”, um envolvimento cívico de várias camadas da sociedade, o qual contou com a participação de intelectuais, artistas, pessoas ligadas à igreja, sobretudo a igreja Católica, partidos políticos novos como o PT, PMDB e PSDB, entre tantas personalidades políticas. Em outubro de 1981 foi realizada a primeira festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário e em janeiro do ano seguinte, a primeira assembleia paroquial, que teve a participação de cento e vinte e seis pessoas. Em 28 de fevereiro de 1983 foi criada a Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Rosolém, e mais uma vez é redimensionada a paróquia. As comunidades da região do Jd. Sumarézinho e Novo Ângulo, que pertenciam a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, são incorporadas e passam a pertencer à nova paróquia criada. Próximo a metade da década um presidente civil foi eleito: Tancredo Neves. Falecido em 21 de Abril de 1985 não chegou a assumir o cargo e José Sarney, seu vice, assumiu a presidência da República. A população convivia com altos índices inflacionários e estagnação econômica. Planos econômicos como o Plano Cruzado, Plano


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Bresser e Plano Verão fracassaram. No âmbito político, promulgou-se a Constituição de 1988. Em Hortolândia começou um movimento político para emancipação do distrito, que se via abandonado por Sumaré. O movimento ganha apoio popular e da igreja, e o Padre João Luiz Fávero lidera a transição de uma década para outra, com contornos sociais e de participação popular muito forte. O movimento se organiza e a ganha a participação da juventude católica, que se dedica diuturnamente e se vê inserida por completo na luta pela emancipação. Durante toda a década, passaram pela Paróquia Nossa Senhora do Rosário três padres. Na data de 20 de março de 1981, assumiu a paróquia o Padre Ercílio Turco, que ficou pouco mais de dois anos. Deixou a paróquiana data de 31 de julho de 1983. Eleito bispo em 1989,atualmente é Bispo Emérito da Diocese de Osasco/SP. No dia 06 de agosto de 1983 chegou à Paróquia Nossa Senhora do Rosário o Padre Pedro Maia Pastana, que permaneceu a frente do trabalho pastoral um pouco mais, quase cinco anos, até 29 de janeiro de 1988. Atualmente o padre é titulado Monsenhor Pedro Maia e exerce a função de vigário Geral na Diocese de Amparo. O padre Pedro Maia Pastana foi o 3º pároco na paróquia. É também o 3º mais longevo, ficando atrás apenas do Padre Mauro e do Monsenhor Décio. Padre João Luiz Fávero assume em 30 de janeiro de 1988 e fica até 15 de setembro de 1990. Assim como o padre Pedro, João Luiz Fávero também recebeu o título e agora é Monsenhor João Luiz Fávero. Atualmente é Vigário Geral da Arquidiocese de Campinas. Aos 19 dias de maio de 1991 realiza-se o plebiscito, em que mais de 19,5 mil eleitores compareceram às urnas e votaram, para deliberar sobre a emancipação de Hortolândia. Naquela ocasião somente 32 mil eleitores estavam aptos a expressar seu voto. A voz do povo se fez ouvir com impressionante clareza. Dos 19.592 eleitores que compareceram às urnas, 19.081 optaram pelo “Sim” e 255 pelo “Não”. Foram 97,4% de votos “Sim”, a favor da


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emancipação. Hortolândia é elevada a município.A paróquia Nossa Senhora do Rosário organiza uma grande romaria ao Santuário de Aparecida, em sinal de agradecimento. Com a emancipação política e administrativa de Hortolândia, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário é redimensionada. As comunidades inseridas nos limites de Sumaré deixam de pertencer a paróquia. Importante registrar que a Paróquia Nossa Senhora do Rosário teve participação ativa durante todo o processo de emancipação, desde o início,no final dos anos 80, quando o párocoJoão Luiz Fávero incentivava a participação dos fiéis, organizava excursões a São Paulo para as ações de defesa do plebiscito, orientava a pastoral dos jovens a irem às ruas em busca de eleitores para o “Sim”. Uma das lideranças da juventude na época participa do processo eleitoral e se elege vereador na primeira eleição municipal da história da cidade. Carlos Alberto da Silva, o “Carlinhos da Juventude”, viria a ser depois, o primeiro e mais jovem presidente da câmara de vereadores de Hortolândia. Padre Osmar Marques é quem assume em 16 de setembro de 1990 e fica até 30 de janeiro de 1993. Em 31 de janeiro de 1993, padre José Armando Coracin chega para ficar até 15 de julho de 1995. Cabe registrar também, que foi em 1993 a chegada na paróquia, das irmãs Missionárias da Imaculada Rainha da Paz. Desde o início auxilia a Paroquia Nossa Senhora do Rosário, na formação de leigos e leigas, no cuidado das meninas desassistidas, na animação de nossas comunidades, nas celebrações e em todos os demais movimentos de evangelização.


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“Padre Décio Ravagnani se torna um líder local e regional”


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Anos 80 até a metade dos 90, na vida de Monsenhor Décio

Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana de Vargem Grande do Sul foi outro movimento que Padre Décio fez questão de manter. A primeira participação ocorreu no ano 1977, quando a romaria estava na sua 2ª edição e não parou mais. Enquanto esteve em Vargem Grande do Sul, participou de todas as edições. Padre Décio lidera e participa de diversos movimentos que vai além da vida religiosa. O padre, de personalidade inquieta, se aproxima dos governantes da cidade, ou seja, de todos os prefeitos que por lá passaram, e cobra melhorias para os munícipes, atrai a atenção de várias autoridades locais, regional e Estadual.

Foto: Arquivo Pessoal Padre Décio dá as benção aos cavaleiros na 5ª edição da Romaria


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Na paróquia acompanha quase que diariamente as obras do “Centro Pastoral Santo Antônio” na Vila Polar, obra grande que durou quatro anos. Essa obra deu origem a igreja que fora inaugurada no ano de 1984, com a presença de diversas autoridades eclesiásticas e políticas. Além de se preocupar com os espaços físicos, Padre Décio mostra também a sua força e zelo espiritual. Organiza o Ministério Extraordinário da Sagrada Eucaristia, mesclando fiéis experientes com pessoas mais jovens. Promove tardes de estudos, cursos de formações litúrgicas e os encarrega da Pastoral da Saúde. A preparação da liturgia para as celebrações também é prioridade. Cada comunidade forma sua equipe de liturgia com diversos fiéis que se revezam na preparação das missas. A participação das famílias nas missas presididas por Padre Décio Ravagnani é cada vez mais crescente, e logo a pastoral dos acólitos e coroinhas também ganha destaque e uma legião enorme de meninos e meninas participam ativamente da vida da igreja.

Foto: Arquivo Pessoal Grupo de coroinhas e acólitos, formados por Padre Décio


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Em 12 de março de 1985, na data de seu aniversário natalício, Padre Décio inicia as obras da Igreja Nossa Senhora das Dores, no jardim Dolores, e a construção conta com 2 salas para serem utilizadas pela Catequese e mais 2 banheiros. Essa obra termina em 15 de setembro de 1985. Naquele ano, Padre Décio faz sua segunda viagem ao Vaticano. Acompanhado de Dom Tomás Vaquero é outra vez recebido pelo Papa João Paulo II, na biblioteca do Papa em Roma. Ser recebido pelo Santo Papa no local de trabalho e estudos é um ato de muita importância. Primeiro porque é raríssimo o Papa receber alguém do clero ali. Normalmente o Papa reserva esse local para recepcionar Chefes de Estados. O segundo encontro com o papa é mais duradouro e reservado. O papa ouve, aconselha e reza. Permite ser fotografado num ambiente muito rico em espiritualidade e, assim, Padre Décio entra para o rol dos pouquíssimos padres do mundo a ser recebido num ambiente sagrado de trabalho, na proporção de tempo que durou a audiência. Foto: Arquivo pessoal Padre Décio e Dom Tomás Vaquero são recebidos pelo Papa João Paulo II em 1985.


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Em 1986, outra vez na data do seu aniversário, em 12 de março dá início a construção da igreja de São Francisco, no Jardim Primavera. A obra é realizada num tempo “Record” e foi inaugurada na data de 04 de outubro do mesmo ano. Ainda em 1986 a câmara de vereadores de Vargem Grande do Sul, associando-se aos 10 anos de Ordenação Sacerdotal do Padre Décio, e com reconhecimento de suas obras religiosas e sociais concede a ele, por iniciativa do vereador Antônio Fermozelli Neto, e aprovado por todos os parlamentares, Título de Cidadão Vargem-grandense. A sessão solene para entrega do título ocorreu em 26 de julho de 1986, na Paróquia de Sant`Ana, comunidade Matriz, dia da padroeira da cidade. O ato é um acontecimento de proporção inédita na cidade. Conta com a presença do Bispo Dom Tomás Vaquero, do prefeito e do presidente da câmara do município, vereadores, do deputado estadual Dr. Nelson M. Nicolau, Juiz de Direito da cidade de Leme o Dr. Antônio Celso Arcury, do delegado da polícia civil de Vargem Grande do Sul e várias outras autoridades. Tantas e importantes autoridades chamou atenção da imprensa local, que presente na sessão solene registrou e deu chamada principal no jornal entregue no município no dia seguinte. A reportagem trouxe a fala de todas as autoridades que da celebração participaram. E olha que não eram poucas. As ações que o padre realizava ou até mesmo que deixava de fazer eram de interesse social e público, pois pela Paróquia de Santa`Ana passavam quase que obrigatoriamente as principais decisões que interferia diretamente na vida do cidadão Vargem-grandense. No discurso do presidente da câmara e do autor da propositura, Padre Décio ouve, atenciosamente, agradecimentos e reconhecimento por parte do poder público local:“Padre Décio veio para nossa comunidade paroquial e para nossa cidade para nos abrilhantar. É um padre zeloso e traz na bagagem a força jovem que motiva nossa gente. É inspiração, sobretudo aos nossos jovens, pois acompanha de perto, estimula os vocacionados, ora e dá efetiva ajuda aos seminaristas, que no futuro, queira Deus se tornem dispensadores da Graça entre nós” disse o presidente.


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Foto: Arquivo Pessoal Título de Cidadão concedido pela câmara de Vargem Grande do Sul


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Já o autor da propositura, preferiu: “Nossa comunidade se engalana, se engrandece, se agiganta, se alegra, pois seu pastor, seu condutor maior recebe um título de cidadão vargem-grandense. Nossos corações pupulam desfreadamente e, até parece que os músculos estão a se chocar de tanta emoção e felicidade. Isso representa o quanto o senhor foi e é importante para nossa comunidade religiosa. Ide e ensinai toda gente, nisso verão que sois o meu discípulo, disse Jesus. Esse ensinamento, essa ordem divina, é que nortearam a vida desse sacerdote que, há muito, veio conviver conosco. Que bom seria se pudesse ter vindo antes ainda”. E continuou com os agradecimentos: “É incansável, parece uma formiga elétrica. Está em todos os recantos. Não para nunca. Suas mãos e bênçãos estão estendidas e prontas a quem o procura. E como Cristo sabe usar as palavras adequadas, às vezes árduas e ásperas, mais necessárias”. Ao final do seu longo discurso, entre diversos outros agradecimentos e reconhecimentos pelas obras religiosas e sociais na cidade cravou: “Por tudo o que o senhor representa para nós, por obras em prol da nossa cidade, pela sua espiritualidade e bondade, pela sua sinceridade, trabalho e dedicação, a câmara lhe outorga esse título de cidadão vargem-grandense”. Ao receber o titulo Padre Décio recebe também um longo e forte abraço de Dom Tomás Vaquero, que declina da sua fala, informando que a sua presença é para bênçãos aos presentes, e que, abrindo mão do discurso pode-se assim ouvir por mais tempo o homenageado. Para o padre, o gesto de Dom Tomás é um ensinamento de humildade e desprendimento. Após os agradecimentos formais, tem inicio a fala mais esperada da noite. Disse Padre Décio: “Quero Agradecer Dom Tomás, meu líder e amigo, que sempre tem algo novo e importante para nos ensinar, acaba de nos dar uma aula de desprendimento e humildade, é seguramente a maior autoridade aqui presente, no entanto, se faz pequeno. Com esse gesto que cresce é Jesus. A Todos eu agradeço. De Mogi Guaçu saiu esse pobre padre que vos fala e que humildemente vos ama, e vos quer servir sempre e cada vez mais. Nasci no seio de uma família católica, meus pais não pouparam esforços a fim de me dar uma boa educação religiosa. Na catequese a boa doutrina cristã. Em casa sempre encontrei os melhores exemplos de austeridade de respeito


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mútuo e de amor ao próximo. Lembro da caravana que foi daqui para minha ordenação sacerdotal, dia glorioso, em que Dom Tomás Vaquero, aqui presente, nosso Bispo e amigo, me ungiu para o sérico da igreja e do povo cristão, tornando-me o ancião do altar. Nossa Senhora do Rosário presidiu toda a solenidade, e hoje estou aqui, a frente da paróquia dedicada a sua Santa Mãe, Sant`Anna. Encontro-me num trabalho árduo e fecundo; num trabalho feliz e fértil. Num trabalho que me orgulho e engrandeço. Já dizia o arcebispo de Marselha, Dom Roger Etchegaray, que o sacerdote de hoje não é absolutamente o de ontem, e temos o pressentimento de que o de amanhã será ainda mais diferente. Tem o sacerdote a nobre missão e o santo poder de manifestar que a palavra que recebeu da igreja e que deve anunciar é exatamente a palavra de Cristo Profeta; que o culto que a igreja celebra é exatamente o Culto de que Cristo é o sacerdote por excelência; que a autoridade à qual se submete a igreja e que exerce é exatamente a autoridade de Cristo Rei. Isso é o que tenho feito e vivido nessa cidade, na paróquia”. Continuou Padre Décio, de uma forma muito própria e com um discurso que representa muito daquilo que de fato ele é: “trabalhei e continuo trabalhando nesse mundo carregado de pecados, mas também dotados de não poucos recursos que se integram no edifício de pedras vivas para se tornarem a mansão de Deus no Espírito Santo”. Padre Décio finaliza o discurso agradecendo a todos sem distinção, em especial aos presentes naquele momento de honra e alegria para ele. O título de Cidadão Vargem-grandense oficializa aquilo que o próprio padre já sentia em seu coração. Muito bem acolhido pelo povo fiel e respeitado na maioria de suas decisões se sentia filho de Vargem Grande do Sul. Feliz e se sentindo reconhecido pela honraria Padre Décio continua seu trabalho pastoral e foco nas construções das igrejas no sentido de permitir um acolhimento merecido para aquele povo simples, humilde e trabalhador. A população de Vargem Grande do Sul se identifica de uma maneira muito irmanada com o padre, sobretudo os fiéis cristãos católicos que aprovam a sua metodologia de evangelização. Tudo é muito


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Foto: Arquivo pessoal Padre Décio batiza criança na vigília pascal, Paróquia de Sant`Anna.

concorrido na matriz, mais de uma maneira muito singela o batismo na vigília pascal é sem dúvida a maior de todas. Bastou o primeiro batismo por imersão para que em todos os anos muitos fiéis, algumas inclusive gestantes ainda, o procuravam para que pudesse batizar seus filhos naquelas missas em especial. Era tão concorrido que havia famílias que pedia para ser incluída na Vigília Pascal do ano seguinte. Padre Décio sempre muito atencioso procurava atender, mais zeloso com as coisas de Deus não permitia ser mais do que quatro crianças, exatamente para que a Celebração da Vigília pudesse ter seu tempo transcorrido normalmente. Deixar a criança para ser batizada no ano seguinte também dificultava, considerando que o sacramento era concedido por imersão nas águas, pois isso exige condições físicas favoráveis e, naturalmente, as crianças cresciam eganhavam bastante peso de um ano para o outro.


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Os trabalhos continuavam prioritários na parte evangelizadora e administrativa. No ano seguinte, em 22 de abril de 1987 inicia a construção da Igreja de Santa Luzia, no bairro Cohab. Desta vez o padre inova com a construção de uma zeladoria, pequena casa para moradia daquele que viria ser o zelador do local. A igreja conta ainda com um salão, uma cozinha, duas salas para catequese e dois banheiros. A construção termina em 13 de dezembro do mesmo ano. Em junho de 1988, como agradecimento e nas festividades de seu 12º aniversário sacerdotal,Padre Décio inicia a construção da 5ª igreja. Desta vez para contemplar os fiéis do Jardim Santa Marta. Está em construção a Igreja de Santa Rita de Cássia, concluída quase um ano depois, em 21 de maio de 1989. O trabalho do Padre Décio é bem aceito entre os cristãos, e a construção de novas igrejas tem uma aprovação quase que total. Desta forma, a construção da 6ª igreja no município de Vargem Grande do Sul tem início na data de 11 de fevereiro de 1990, no bairro de São José. É a Igreja de São José que é inaugurada no mesmo ano, em 01 de outubro.

Foto: Arquivo pessoal Inauguração da Igreja de São José, conta com a presença de Dom Davi Dias Pimentel, Monsenhor e o prefeito de Vargem Grande do Sul.


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Foto: Arquivo Pessoal Padre Décio recebe Benção Apostólica – 1990.

Assim como na inauguração da Igreja de São José, todas as demais tiveram a celebração e a presença de autoridades religiosas, políticas e demais representantes da sociedade. No mesmo ano, melhora as instalações da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, com a construção de um salão paroquial, duas salas para catequese, um banheiro e uma dispensa. Ainda no ano de 1990 recebe do Santo Padre o Papa João Paulo II, a bênção apostólica, um reconhecimento extremamente importante que reconhece a grandeza das ações do padre.


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Poder receber tão sublime reconhecimento é motivo de muito orgulho para os fiéis de Vargem Grande do Sul, que reconhece ter um padre empreendedor, mas também valoroso na espiritualidade cristã. Deu-se início também na construção da Igreja de Santa Edwiges, no bairro Vila Santana, no dia 12 de dezembro de 1990, e missa de inauguração do novo templo em 22 de julho do ano seguinte. Durante esse período, o pároco e comunidade católica da Paróquia de Sant`Ana, passam a ser constantemente agraciados por diversas homenagens e titulações de reconhecimento dos trabalhos que desenvolve. A riqueza dos procedimentos adotados para a evangelização chama a atenção na cidade, nos municípios vizinhos e até fora do país. Ainda tinha mais por vir. No ano de 1991, mais precisamente no dia 09 de março, apenas três dias antes de seu 47º aniversário natalício, e prestes a completar 15 anos de Ordenação Sacerdotal, outro grande acontecimento: Padre Décio recebe o título de Monsenhor. Desde então passa a ser chamado pelos fiéis, amigos e religiosos como Monsenhor Décio. A titulação chamou a atenção da imprensa local e virou assunto durante um bom tempo. A celebração contou mais uma vez com a participação de lideranças políticas locais e regionais, diversas lideranças religiosas, entre elas de Dom Tomás Vaquero. Dá-se para ter uma noção do significado dessa titulação naquele longínquo ano de 1991, sobretudo em Vargem Grande do Sul, com fiéis católicos tradicionais e conservadores da fé e dos bons costumes. Era também o ano do centenário da Paróquia de Sant`Ana. Consultando o professor Felipe Aquino, da Canção Nova, durante muitos séculos, o Papa costumava conceder títulos honoríficos aos sacerdotes dentro da sua Casa Pontifícia. Segundo o professor “O título foi usado ao longo dos anos e logo foi dado a sacerdotes fora de Roma com a recomendação de um bispo; entretanto, recentemente foi limitado pelo Papa Francisco, voltando à prática anterior.Alguns sacerdotes que têm o título de monsenhor não são, necessariamente, bispos.Ao ser membros da Casa Pontifícia, os monsenhores vestem a cor púrpura (que está mais pró-


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Foto- Arquivo pessoal Capa do Jornal Gazeta de vargem Grande do Sul – Ed. do dia 16 de março de 1.991

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Foto: Arquivo Pessoal Monsenhor Décio exibe para a comunidade o título recebido.

ximo do magenta), uma batina com botões, uma faixa e geralmente não tem um solidéu ou uma cruz peitoral que os distingue de bispos e cardeais”. De qualquer forma, os vargem-grandense viam Monsenhor Décio como um pároco respeitoso e que de fato estava pronto a servir, nas mesmas condições, de outros ordenados hierarquicamente superiores. Para o agora Monsenhor Décio, o título não é uma honraria que significa privilégio, ao contrário: “O título de Monsenhor que me é conferido aumenta a minha responsabilidade no anúncio da Boa Nova, do amor de Deus. Cresce em mim a minha disponibilidade à igreja, a minha gratuidade total pela salvação da porção do querido povo de Deus que me foi confiado nessa Paróquia de Sant` Ana. A Todos a minha palavra de gratidão, em especial ao Santo Padre, o Papa João Paulo II, que me confia tamanha responsabilidade e quero assim assumir essa missão pela instauração do Reino de Deus”. Disse ele durante seu discurso.


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Sem nada esperar em troca, Monsenhor Décio continua o trabalho arduamente. Sempre preocupado com a irmandade dedica-se ao campo da evangelização através também do assistencial, sobretudo com os irmãos mais carentes. Para ele uma coisa complementa a outra. Em 1992 uma perda irreparável. Faleceu no dia 02 de agosto o amigo, líder espiritual o Bispo Dom Tomás Vaquero. Foi ele quem ordenou Padre Décio Ravagnani. O luto foi longo, mas não capaz de abater o padre, que continuou sua caminhada. Nas suas andanças de pastoreio observava uma população idosa muito desprovida dos meios estruturais na saúde do município. Não se omitiu. Começou um movimento, liderando um grupo de moradores que pediam a construção de um Pronto Socorro na cidade. Convencido de que, para cada ação tem uma reação, angariou adeptos e adversários, mas não se deu por vencido. Dizia que a saúde precisava sim de estrutura física como o pronto socorro, mas necessário também era a melhoria no tratamento e distribuição de água, considerando a água interfere diretamente na saúde da população. Em 06 de junho de 1994 participou de grande festa do 18º aniversário sacerdotal. Havia conquistado a maioridade na ordem, diziam seus amigos mais próximos. A partir desta data Monsenhor Décio passa a celebrar o aniversário sacerdotal com um almoço com os fiéis da comunidade. Ao final do ano, mais precisamente no dia 30 de dezembro, é transferido para missão na cidade de Ribeirão Preto/SP. A cidade de Vargem Grande do Sul chorava a sua perda. A imprensa, assim como em inúmeras outras vezes, consegue traduzir bem o sentimento do povo vargem-grandense. Muito fiéis e algumas autoridades foram ouvidas por Jacy Beni Bologna, jornalista que cobriu a celebração de despedida do padre. Silvio Torres, deputado estadual naquele ano disse: “Acompanhei o trabalho de Monsenhor e o que fez de importante na criação das comunidades de base e o trabalho junto às entidades assistenciais. Pelas suas obras merece o respeito de todos nós. Tinha amizade pessoal com Monsenhor Décio e ele ensinou-me a admirá-lo”.


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Foto: Arquivo Pessoal Gazeta de Vargem Grande publica sobre a despedida de Monsenhor Décio.

De Sidney Beraldo, que fora prefeito em São João da Boa Vista, e naquele ano também deputado Estadual ouviu o seguinte: “Vivemos próximos desde quando eu era prefeito junto com Alfeu e o Monsenhor tinha participação grande junto a comunidade. Uma personalidade que se integrou e marcou uma época em Vargem Grande. O que mais destaca em Monsenhor é que toma decisão e mantém a igreja sempre integrada com os problemas da comunidade”. Atualmente Sidney Beraldo é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo – TCE/SP. Foram quase 20 anos de trabalho missionário num só lugar, incluindo o tempo como seminarista e diácono. Monsenhor Décio é ciente do dever cumprido, sabe que para executar a missão confiada por Deus precisa enfrentar os desafios e superar os obstáculos. Uma curiosidade chama a atenção. Na missa em que despediu do povo católico, Monsenhor Décio disse durante a homilia que não iria


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despedir-se de ninguém, para que não cometesse injustiça com os que não puderam participar da celebração. Disse ainda que os agradecimentos vão dirigidos a todos, e igualmente não citaria nomes, mais uma vez para não cometer injustiça. No entanto, fez questão de chamar de “braço direito” Madre Bernadete: “Não quero me despedir de ninguém, talvez apenas do meu braço direito a Madre Bernadete, que foi para mim uma verdadeira mãe, conselheira e amiga fiel. Sei que se fizer vou cometer injustiças, pois muitos já partiram desta vida. Aos que aqui estão agradeço todos. Sei que fui um padre polêmico, agradei e desagradei muitas pessoas. Para felicidade de alguns e tristeza de outros eu vou. Estou partindo em missão, não sei o que me espera, mais tenho a certeza de que Jesus estará comigo”. Essa fala mostra o quanto Monsenhor Décio é autêntico, fala o que pensa, e nos mostra que ele reconhece desde muito tempo, seu posicionamento firme, ao ponto de se achar polêmico.


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“Metade dos anos 90 até 2006 na Paróquia Nossa Senhora do Rosário” No dia 16 de julho de 1995 é nomeado o 7º pároco para a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, e vem para a comunidade Matriz, Padre Mauro Sérgio de Oliveira. Com quase cinco anos na paróquia, Padre Mauro é o segundo padre que mais tempo permaneceu aqui, atrás apenas de Monsenhor Décio. O crescimento populacional de Hortolândia é acelerado e Paróquia Nossa Senhora do Rosário fica a cada ano sobrecarregada no sentido da cobertura da área geográfica compreendida. Atende a mais de vinte comunidades, algumas distantes como as do Jd. Amanda. Em dezembro de 1997 a Arquidiocese de Campinas delibera pela fundação da Paróquia de Santa Luzia, que absorve as comunidades de Santa Luzia, São Sebastião do Jd. São Bento, São Benedito II e Nossa Senhora Aparecida. Hortolândia nos anos 2000 já é uma cidade próspera, e sua maior conquista que a coloca em condições de igualdade com vários outros municípios é o fornecimento de água potável para seus moradores, comércio e indústrias. Está em plena operação no município a Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, que resolvido o problema da falta de água, se prepara agora para dar início à implantação de esgoto. Padre Mauro ficou àfrente da paróquia até a data de 03 de maio do ano 2000. Após a saída do Padre Mauro, a Arquidiocese de Campinas nomeia Padre Pedro Rígolo Filho, como 8º pároco, na data de 04 de maio do ano 2000. Mais uma vez com passagem rápi-


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da, Padre Pedro fica pouco mais de três anos, até 06 de novembro de 2003. Antes de sair, porém, o pároco toma decisões importantes para a paróquia Nossa Senhora do Rosário. É ele quem compra no Jd. Firenze, um terreno de esquina para a paróquia, com o objetivo de implantar ali uma comunidade que pudesse atender a área rural e os moradores do bairro, que embora recém implantado, crescia rapidamente. Padre Pedro Rígolo participou também do processo de novo redimensionamento da paróquia, que cedeu às comunidades Nossa Senhora do Carmo, São José, Nossa Senhora Aparecida do Campos Verdes, Santa Clara, São Francisco, Santo Antônio e Santa Rita. Essas comunidades foram absorvidas com a criação, em 06 de agosto de 2003, da 4ª Paróquia da cidade, Nossa Senhora Aparecida do Campos Verdes. Em 07 de novembro de 2003, como 9º administrador paroquial, assume o Padre Jair Ferreira Julião. Marca esse início dos anos 2000 também, mais precisamente no ano de 2004, a decisão do Bispo Arquidiocesano Dom Gilberto Pereira Lopes, que desde 1982 exercia essa função na arquidiocese, embora tivesse a responsabilidade de exercer outras funções para a igreja de Campinas desde o ano de 1977. Foi Dom Gilberto em 1979 quem criou a paróquia Nossa Senhora do Rosário. Isso significa que o bispo está no nosso meio, naquele longínquo ano de 2004, por mais de 27 anos. Ao completar 75 anos de idade, Dom Gilberto enviou sua carta de renúncia ao Papa João Paulo II, que aceitou o pedido. Ato contínuo, em 02 de junho de 2004, o papa nomeia Dom Bruno Gamberini como Arcebispo Metropolitano de Campinas. Dom Bruno Gamberini, no dia de sua posse em 1º de agosto de 2004, conferiu a Dom Gilberto Pereira Lopes as Faculdades de Vigário Geral da Arquidiocese de Campinas*. (*) Hoje, Dom Gilberto é Arcebispo Emérito de Campinas, dando atendimento na Cúria Metropolitana às quintas-feiras, das 14h30 às 17h00. Seu trabalho frente à Arquidiocese de Campinas é histórico


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Fonte: Arquivo da Paróquia Parte frontal da Igreja Matriz na metade dos anos 2000

Padre Jair Ferreira Julião permanece à frente da paróquia até a data de 07 de fevereiro de 2006, quando é sucedido por decisão do Arcebispo. Foi Dom Bruno Gamberini, Arcebispo da Arquidiocese Metropolitana de Campinas, quem convidou o amigo Monsenhor Décio Ravagnani para ser o 10º administrador paroquial. Ele vem e assume no dia 08 de fevereiro de 2006, e desde então a sua missão tem sido evangelizar. É o momento em que os caminhos entre Monsenhor Décio e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário se cruzam.


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“Metade dos anos 90 até 2006, na vida de Monsenhor Décio” No começo do ano de 1995, logo após um período de férias, Monsenhor Décio é recebido na “Paróquia Senhor Bom Jesus do Bonfim”, na Arquidiocese de Ribeirão Preto, para um trabalho naquela que foi sua segunda cidade para exercer o trabalho de sacerdote. A cidade que o acolhia como pároco é Ribeirão Preto/SP. Aqui cabe um registro da amizade conquistada naquele ano. Foi nas férias de 1995 que conheceu Dom Bruno Gamberini, que viria ser seu amigo pessoal, conselheiro e irmão de fé. Num congresso religioso sentou-se lado a lado com Dom Bruno, e as trocas de experiências, de maturidade de ambos os lados, fizeram com eles se aproximassem cada vez mais. O Santo Padre, o Papa João Paulo II, nomeou Dom Bruno o 4º Bispo Diocesano de Bragança Paulista em 17 de maio de 1995. Foi ordenado Bispo no dia 16 de julho de 1995, na Catedral de São Carlos Borromeu, em São Carlos, SP. Tomou posse da Diocese de Bragança Paulista/SP em 20 do mesmo ano. Sempre que podia, saía de Ribeirão Preto e dirigia até Bragança Paulista para encontrar o amigo. Dom Bruno Gamberini era de uma amabilidade incrível, sempre muito risonho e de uma enorme capacidade de acolher. O trabalho na Paróquia de Bom Jesus do Bonfim não difere daquilo que pensa Monsenhor Décio. Mais uma vez demonstra preocupação com o acolhimento e conforto dos fiéis. É preciso lugares apropriados para as preparações, reuniões e celebrações, lugar digno de se chamar “Casa de Deus”. O zelo pela casa do Pai o consome, assim como manda a Santa Igreja.


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Sem descuidar da parte evangelizadora vai aos poucos deixando a sua marca. Por mais que Monsenhor Décio se esforça para que o compreendam no sentido de que faz em cumprimento aos compromissos assumidos, é inegável que tem todo um jeito muito particular. Em pouco tempo adquire um carro para a paróquia, executa reformas e implanta grupos de lideranças nos movimentos da igreja. Transmite energia e garra. Consegue voluntários novos para assumir responsabilidades e assim forma o Grupo de Coroinhas e Acólitos, que chega a ter 83 crianças e adolescentes. Um marco para a paróquia. Outro destaque o “Grupo de Clarissas”, com 35 pessoas participando ativamente. Na Paróquia Senhor Bom Jesus do Bonfim, a permanência foi de dois anos. Novamente o destino havia preparado novos desafios em outra localidade. Fiel aos princípios missionários “calça as sandálias” da humildade, coloca a “túnica” e parte, no dia 1º de janeiro de 1997, pois Deus tinha novos planos para a sua caminhada.


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3ª cidade: São João da Boa Vista No dia 03 de janeiro de 1997 Monsenhor Décio toma posse na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Diocese de São João Batista, na cidade de mesmo nome. É calorosamente recebido. Dá inicio a um trabalho que mais uma vez contempla renovação e zelo pelas coisas de Deus. Dá nova dinâmica às pastorais, com mais participação e comprometimento dos escolhidos. Implanta a Pastoral do Dízimo e desmembra-a da pastoral familiar, e orienta para a participação dos fiéis e a capacitação segundo a palavra de Cristo Jesus. Existe na cidade de São João Batista, uma grande área populosa que deu origem a um bairro distante do centro. Nessa comunidade está a Igreja de São Sebastião, que conta com um barracão, de certa forma até grande, onde realizavam-se as celebrações. Novamente Monsenhor Décio envolve os fiéis para a compra de um carro, facilitando os deslocamentos para essa e outras comunidades. Como era de se esperar, logo ele forma uma equipe intitulada como “Equipe de Construção” e dá um grande impulso na construção da Igreja de São Sebastião. Implanta também na paróquia outra equipe, a chamada“equipe de eventos”, e delega responsabilidades com um objetivo bem definido: terminar a obra da igreja. As obras da Igreja de São Sebastião são desafiadoras em razão do seu tamanho. Resolve então formalizar um pedido de ajuda internacional. Encaminha documentos solicitando ajuda em dinheiro para o Adveniat, instituição alemã, e tem o pedido aceito. Além da conclusão das obras da Igreja de São Sebastião, consegue também recursos para a completa reforma da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.


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É na cidade de São João da Boa Vista que aprimora ainda mais seu zelo pelas coisas da igreja e de Deus. Implanta e organiza o Ministério Extraordinário da Sagrada Eucaristia, com suas vestimentas, chega a ter mais de 80 ministros. Outra novidade para os fiéis locais, é a Pastoral dos Acólitos e Coroinhas, pois até então havia apenas os coroinhas coordenados por um ministro sem ter, no entanto, a designação de pastoral. Logo a pastoral ganha destaque, as crianças e adolescentes com suas vestimentas impecáveis e de cores vibrantes chamam a atenção da comunidade, cresce e chega a ter 68 integrantes. Depois de quase vinte anos de trabalho contínuo e ininterrupto na cidade de Vargem Grande do Sul, parece que o destino de Monsenhor Décio agora é de um período menor para cada novo desafio. Mais uma vez é chegada à hora de partir. No dia de natal de 1999, em meio às comemorações do advento, é designado pelo Bispo Diocesano Dom Dadeus Grings para o Santuário de Nossa Senhora Aparecida na cidade de Tambaú/SP. O exercício de sua missão evangelizadora é mesmo marcado pela saudade. Saudades para quem fica e mais saudade ainda para o pároco que parte em busca de constituir novos irmãos e irmãs, batizados na fé em Jesus Cristo.


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4ª cidade: Tambaú No dia 09 de janeiro do ano 2000 assume o Santuário de Nossa Senhora Aparecida para um trabalho de muita responsabilidade. Não que os anteriores não tenha sido, no entanto, o desafio agora parece ser maior. Primeiro por se tratar de um Santuário que recebe visitações de fiéis, durante o ano todo, do Brasil e do exterior. Foto: Arquivo Pessoal – Monsenhor Décio em Tambaú, 2001.


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Muitos romeiros visitam Tambaú em razão dos trabalhos realizados na cidade pelo beato Padre Donizetti. O sacerdote diocesano brasileiro nasceu em 3 de janeiro de 1882, em Cássia (MG), e faleceu em 16 de junho de 1961, em Tambaú (SP). Padre Donizetti espalhou por Tambaú diversas obras sociais, dentre as quais a fundação do asilo São Vicente de Paulo e da Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Tambaú. Criou também a Congregação Mariana, a Irmandade das Filhas de Maria e o Círculo Operário Tambauense. Sua principal missãoa frente do Santuário de Nossa Senhora Aparecida é organizar todo o processo de beatificação do Padre Donizetti, que necessitava de impulso, de prioridade e dedicação. O Bispo Diocesano Dom Dadeus Grings, conhecedor da experiência, garra e competência de Monsenhor Décio lhe confia essa nobre missão. A comunidade local é bastante conservadora, pela fé e crença nos milagres do padre. Trazem na lembrança o jeito simples e de dedicação aos pobres. Não há muitas cobranças com relação às estruturas construídas, e mais uma vez Monsenhor Décio vai à luta. Sem se afastar um milímetro da responsabilidade delegada pelo bispo, Monsenhor Décio demonstra seu lado empreendedor para aquele povo. Conhecedor de seu espírito incansável se lança a novos desafios e convida a igreja para participar. Novamente compra um carro, agora para o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, faz reformas estruturais, pinturas, substituição de bancos e outros. São diversas as mudanças, mais a principal é vista até nos dias de hoje, e certamente será apreciada por muitos anos. Propôs e conseguiu a confecção de uma estátua de bronze, escultura de tamanho real do padre Donizetti, que fica no Santuário. A escultura é visitada e fotografada por milhares de pessoas todos os anos. Como tudo na vida de Monsenhor Décio é entregue nas mãos de Deus, quis Ele, que entre inúmeras pessoas que trabalharam e continuam a trabalhar no processo de beatificação do Padre Donizete é a canonização que ficará marcada por toda a vida. Foi Deus quem um


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dia permitiu ao Monsenhor Décio, ser uma das pessoas que participou ativamente no processo de beatificação do padre, que com as Graças do Pai, o Amor do Filho e a Compaixão do Espírito Santo tornará o primeiro Santo nascido no Brasil*. No dia 08 de junho do ano de 2001 Monsenhor Décio celebrou o jubileu de prata, 25 anos de Ordenação Sacerdotal, e Tambaú em peso, num grande número de fiéis vai ao seu encontro para orações e abraços. Para a comemoração dos 25 anos de padre, Monsenhor Décio enviou convites para todas as paróquias que já havia servido, e também para amigos e familiares. Um dos casais de amigos que estiveram presentes foi Maria Ângela e seu esposo.

Foto: Arquivo Pessoal Maria Ângela Vedovello e seu esposo no Jubileu de Prata – 25 anos.

No dia 08 de abril desse ano (2019), o Papa Francisco aprovou o decreto reconhecendo um dos milagres realizados pela intercessão do sacerdote brasileiro, o que possibilitou que ele se tornasse santo. A celebração do rito de beatificação do padre Donizetti Tavares de Lima foi marcada para o dia 23 de novembro, às 9h, em Tambaú (SP). O anúncio foi feito na manhã do dia 19 de julho, uma sexta-feira, pela Diocese de São João da Boa Vista (SP).


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Estiveram presentes também familiares de Monsenhor, além de políticos e religiosos das cidades em que eu ele já havia servido. Desde muito tempo Monsenhor Décio faz questão de convidar as pessoas que alguma forma fizeram parte da sua caminhada. Para o Jubileu de Prata, celebrado com muita alegria e orações em junho de 2001, o Santuário recebeu muitas correspondências de diversos lugares, vindas de pessoas justificando a impossibilidade de se fazer presentes, e desejando sabedoria e vida longa na caminhada evangelizadora.

Foto: Arquivo Pessoal Benção Apostólica dos 25 anos de padre


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Foto: Arquivo pessoal – Monsenhor Décio Recebe Dom Luiz Gonzaga Bergonzini (in memorian), Bispo de Guarulhos/SP e Dom David D. Pimentel, Bispo de São João da Boa Vista de 2001-2012, no jubileu de prata - 25 anos de sua ordenação sacerdotal

Foram muitas as correspondências, todas importantes, no entanto, uma delas é especial. Trata-se de uma benção Apostólica, vinda de Roma e emitida pelo Santo Padre o Papa João Paulo II. Pela segunda vez Monsenhor Décio recebe a benção apostólica, agora em função da celebração do Jubileu de Prata, onde celebrou 25 anos da Ordenação Sacerdotal. Celebrar 25 anos em qualquer atividade é motivo de alegria. Quando se comemora tantos anos servindo ao próximo é motivo mais que especial. Na vida do Clero em geral, costuma ser momento de muitas orações, é mais um estágio alcançado. Traduz-se na intimidade madura com o próprio Jesus Cristo. Muitas das correspondências recebidas por Monsenhor estão guardadas até hoje. O convite também. Aqui reproduzimos os dizeres do convite: “Com alegria venho, juntamente com toda a comunidade do Santuário Nossa Senhora Aparecida, convidar para participarem da Celebração Eucarística, presidida por Dom David Dias Pimentel, em que comemorarei 25 anos de minha Ordenação Sacerdotal. Sua presença engrandecerá na partilha de tão grande dádiva”.


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5ª cidade: Espírito Santo do Pinhal Em fevereiro de 2003, Monsenhor Décio foi designado pelo Bispo Dom David Dias Pimentel para dar início à implantação da 4ª paróquia na cidade de Espírito Santo do Pinhal. A institucionalização e fundação de uma paróquia, de certa forma é um trabalho bastante árduo. Ainda que a busca seja a ampliação e facilitação para o acesso de fiéis, é de se imaginar que a paróquia existente, aquela que será na prática separada, têm naturalmente pessoas que se posicionam contrários. A questão geográfica é um dos critérios que a igreja utiliza no processo de constituição e fundação de uma paróquia, considerando que o povo de Deus, os fiéis, deve ter facilitado a sua acessibilidade. A escolha de Monsenhor Décio para a fundação da paróquia de Pinhal tinha o objetivo de se ter a frente deste trabalho um padre experiente, ousado e destemido. Com a missão estabelecida visitou todas as comunidades da futura paróquia. Conversou com diversas pessoas e lideranças, ora numa conversa de convencimento, ora para substituição mesmo, de alguns coordenadores que há muito estavam à frente de um trabalho e apresentava comodismo. Depois de certo tempo, o trabalho começou a dar resultados satisfatórios. A paróquia é denominada “Paróquia dos Santos Mártires”, e os padroeiros são: São Sebastião, São Pantaleão e Santa Luzia. Na Paróquia dos Mártires, como ficou conhecida, Monsenhor Décio adota um trabalho semelhante aos anteriormente desenvolvidos, no entanto, considerando a realidade daquele povo, não proporcionou construção de igrejas. Ainda que simples, as comunidades contavam com suas estruturas suficientes e com condições de acolher os fiéis.


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Mais uma vez se fazia necessário a conscientização dos cristãos, que ao pouco foram se adequando à nova filosofia de trabalho de Monsenhor Décio. A ênfase foi a família. Era preciso envolver os pais, capacitar às catequistas e atrair as crianças, jovens e adolescentes para a catequese, de forma que todos pudessem se sentir bem acolhidos. No dia 20 de janeiro de 2006 envia para a diocese, relatório final da implantação da paróquia. No relatório constava também, de forma bem explícita e verdadeira, às dificuldades enfrentadas e quais eram as necessidades prementes da mais nova paróquia de Espírito Santo do Pinhal. No mesmo dia se licencia para um curto período de férias. Normalmente, as férias de um padre são utilizadas para visitar amigos e parentes. Algumas delas, ainda que seja viagem a lazer, acabam por se doar e se apresentam como padre, ou seja, acabam por ajudar nas celebrações da cidade que visitam. Monsenhor Décio nunca se preocupou com isso, aliás, até prefere passar férias com conhecidos seus, amigos que conheceu ao longo dos anos. Assim, embarca para a cidade de Peruíbe/SP, a convite do Padre Marco Antonio Rossi, considerável amigo de longa data, desde os tempos em que fora aluno do Monsenhor no seminário. No retorno de Peruíbe e na companhia de Padre Marco, decidiram passar por Campinas, com o objetivo de darem um abraço fraternal em Dom Bruno Gamberini, outro amigo fraternal de ambos, que naquela oportunidade, conduzia a Arquidiocese de Campinas. Da visita não programada e nem antecipadamente planejada surge o que Monsenhor Décio chama de“providência”. Naquele dia, Dom Bruno Gamberini o convida para transferir-se para a Arquidiocese de Campinas, cientificando haver essa possibilidade, em razão de um acordo de cooperação entre a Arquidiocese Metropolitana de Campinas com a Diocese de São João da Boa Vista. Houve forte apelo missionário na solicitação de Dom Bruno. Com aprovação do seu Bispo Dom David Dias Pimentel, Monsenhor Décio desembarca na cidade de Campinas, na data de 05 de fevereiro de 2006.


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A amizade fraternal com Dom Bruno Gamberini fez com que a aceitação fosse sem ao menos saber qual a missão iria desenvolver. Para Monsenhor Décio prevalecia o chamado de Deus. Enquanto se dirigia para a Arquidiocese de Campinas, rezava, e nas orações em silêncio repetia, Jeremias (3:22-24), “A benignidade do Senhor Jamais acaba, ás suas misericórdias não tem fim; renovam-se cada manhã. Grande é tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei Nele”. A conversa com Dom Bruno fora agradável. É claro que a prevalência hierárquica da igreja é um designo do Pai, e a subordinação é respeitada de maneira sacramental, no entanto, é inegável que estar diante de um amigo dá a tranqüilidade que a condição humana tanto necessita. Falaram dos velhos tempos, dos desafios e tantas outras coisas que já haviam acontecido mais falaram também do futuro, da grandeza da Arquidiocese Metropolitana de Campinas e seus inúmeros desafios. A certa altura a comunicação da missão, e na seqüência, o nome daquela que seria a 6ª cidade a trabalhar na evangelização: Hortolândia. No dia seguinte, designado por Dom Bruno Gamberini para ser administrador paroquial na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, chega à cidade num sentimento de alegria e satisfação. É nesse dia, 6 de fevereiro de 2006 que seus caminhos se cruzam.


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“Monsenhor Décio e Paróquia Nossa Senhora do Rosário: Caminhos que se cruzam”


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Paróquia Nossa Senhora do Rosário, assim como esperado acolhe-o com muito carinho. Não demora muito para conhecer seu estilo de evangelizar, sua disposição, comprometimento e liderança. Dois dias depois, na data de 08 de fevereiro de 2006, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário recebe a Provisão, assinada por Dom Bruno Gamberini, nomeando Monsenhor Décio como seu Administrador Paroquial. A frente da paróquia, Monsenhor Décio reformula por completo a Pastoral dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, substituindo inclusive suas vestes, que deixa de ser na cor branco e passa a ser de cor bege. Assim também procede com a Pastoral dos Acólitos e Coroinhas. Atendendo a orientação do Arcebispo assumiu a Celebração do Batismo, que antes de sua chegada era celebrado por leigos, ministros da palavra e das comunidades que compõe a equipe que auxilia a paróquia. Passou a conceder o Sacramento do Batismo apenas na Matriz, de forma paroquial e concentrada e, ordenou que somente padres ou diáconos pudessem celebrar e conceder o sacramento. Essa decisão foi muito bem aceita por pais, padrinhos e a comunidade católica em geral. O espírito empreendedor e de administrador é revelado logo no primeiro ano de missão. Convoca todos os coordenadores de comunidades para uma tomada de decisão que viria revigorar os ânimos de todos os fiéis: As comunidades serão todas reformadas, ampliadas se possível e construída quando necessário. Monsenhor Décio é daqueles homens apaixonados pelo que faz. Exerce a missão sacerdotal com entusiasmo e muita dedicação. Adota o lema “a palavra convence, os exemplos arrastam” e transforma a realidade das comunidades, fortalecendo os laços de amizade e compromisso cristão. Já no primeiro ano mostra a importância da participação do povo nas deliberações da igreja e para a igreja. É preciso participar e debater as questões sociais e políticas da comunidade, para que está esteja cada vez mais forte, ensina ele aos coordenadores.


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Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio em 2006

Demonstra pela sua experiência e história de vida que é um padre verdadeiramente destemido, com coragem para enfrentar e disposição para cumprir. Professa que é preciso buscar forças para superar os obstáculos, mais que precisam estar unidos. Conduz seu rebanho, utilizando-se de outra frase repetida inúmeras vezes: “Juntos solidários, jamais juntos solitários”. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário já não é mais a mesma. Continua simples, mas enriquece na fé. Tem um povo fiel, de caracte-


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rística muito marcante que envolve Monsenhor. É essa característica marcante de um povo católico e lutador que alegra e encoraja ao pároco recém-chegado. Muito também se assemelha com as características da população dos lugares por onde Monsenhor já havia estado. Disposto a uma caminhada de lutas e conquistas, afirma numa das suas homilias, o desejo de fundar uma comunidade que pudesse acolher os moradores das proximidades do Parque Ortolândia. Numa das primeiras missas presidida por ele, bradou: “na primeira semana aqui fui informado da origem da nossa cidade, da existência de um bairro inteiro de irmãos cristãos que praticam a fé na Igreja Adventista. Fui pessoalmente andar pelo bairro que, alias, é muito aconchegante. Atrevido que sou até bati palmas em algumas casas, e olha que fui bem recebido, mesmo depois de afirmar que sou padre. Nenhuma família me destratou. Caríssimos e amados irmãos, quem algum dia deu oportunidade para nossos irmãos de fé católica que moram lá, no bairro adventista? Ainda que fosse unanimidade de outra denominação religiosa, o que atestei não ser, mais ainda que fosse, devemos nos colocar a disposição daquele povo. Quero nessa noite lançar um desafio, fundar uma comunidade no Parque Ortolândia, ou ao menos nas suas proximidades para poder acolher de uma maneira mais próxima e direta os nossos irmãos que ali residem. Quero também, a participação de nossas irmãs religiosas da Casa Betânia nesse projeto, que não é um projeto meu, e sim inspiração do Espírito Santo. Quando eu caminhava por lá, fui profundamente tocado, mesmo sabendo que isso parece difícil nós vamos à luta. Para Deus nada é impossível e quero contar com o apoio e as orações de vocês para implantar uma comunidade no bairro adventista”. Naquela noite foi sacramentado o sonho e o desejo de uma nova comunidade da paróquia. Em 06 de agosto de 2006, em uma celebração preparada pela comunidade Nossa Senhora do Amparo e pelas Irmãs Missionárias da Imaculada Rainha da Paz, em que Monsenhor Décio presidiu, foi anunciado o início da nova comunidade, batizada inicialmente de Beato Padre Francisco Pianzola, hoje a atual Comunidade Nossa Senhora Rainha da Paz. Por um tempo considerável, as celebrações ocorriam nas casas cedidas, carinhosamente pelos morados do bairro Jd. Firenze.


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Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio celebra na casa da Leninha/2012. À direita o coordenador Toninho.

Atualmente a comunidade conta com um aconchegante templo para atender as demandas dos fiéis daquela localidade. Ainda no primeiro ano Monsenhor Décio passou a cobrar as comunidades para que, nas celebrações em Ação de Graças, as mesmas pudessem participar em conjunto, de forma unida, demonstrando assim o que é verdadeiramente uma paróquia. É preciso distinguir o que é uma Missa paroquial, daqueles movimentos ou ações em que o evento é próprio da comunidade. Outra decisão tomada com apoio da Comissão Pastoral Paroquial – CPP foi à implantação do caixa comum. Contabilmente tudo é registrado na comunidade, no entanto, os recursos são geridos pela paróquia, no chamado “Caixa Comum”.


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2007 – Têm inicio o segundo ano de Monsenhor Décio na Paróquia Isso permitiu já no segundo ano, em 2007, o início das reformas e ampliações das comunidades da Paróquia. A igreja matriz não contava sequer com a identificação de um letreiro, por exemplo, muito comum no catolicismo. Muitas igrejas Brasil afora, traz na sua identificação a imagem da sua padroeira. O primeiro passo é então, identificar a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, e um painel com a imagem da Mãe é afixado na parte frontal da igreja, sinalizando que mudanças significativas, inclusive do ponto de vista visual, estavam a caminho. A primeira comunidade a sofrer intervenção é a Matriz. A parte frontal da igreja recebe nova pintura e a imagem de Nossa Senhora do Rosário é fixada num grande banner à esquerda de quem entra. Monsenhor Décio logo envolve osfieis paroquianos, e solicita que estes ajude-o com doações para uma reformulação do altar, que passa a ser completamente revestido com mármores. O corredor principal da igreja também recebe pisos demármores. O sistema de som e de iluminação são trocados, bem como todo o forro interno da Matriz, que é substituído. Uma comissão é criada para dar destinação a um terreno ao lado do Centro Pastoral, e a prioridade é a construção de um salão para atender as necessidades das pastorais e também para a realização de eventos de maior proporção. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário realiza sob a orientação de Monsenhor Décio, o 25º Encontro de Casais com Cristo – ECC nos dias 14, 15 e 16 de julho, muito bem organizado e que deu bons frutos para a comunidade.


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Foto: Arquivo da Paróquia Parte frontal da Igreja matriz no início do trabalho de Monsenhor Décio, 2007

Outros encontros nos anos subseqüentes foram realizados, até o 31º Encontro de Casais com Cristo. A partir daí realiza-se movimentos que tem as famílias como centro, organizados pela Pastoral Familiar sem, no entanto, ser o ECC. Institui também na Matriz, de forma oficial a participação da Renovação Católica Carismática com uma data específica no calendário anual. Todas às terças-feiras é realizada a Celebração com Cura e Libertação. Ainda no ano de 2007 Monsenhor Décio inicia a reforma do Salão Paroquial ao lado da matriz. O salão recebe novos pisos, ampliação da cozinha, construção de mais um banheiro, para que separe masculino e feminino, pintura e forro. Atualmente é utilizado também para a parte administrativa onde funciona a secretaria paroquial da igreja. Dom Bruno Gamberini estabeleceu uma visita pastoral, e a última cidade da Forania Cristo Rei é Hortolândia. Monsenhor Décio fica responsável por organizar, juntamente com os demais padres das outras paróquias da cidade, essa visita.


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A abertura da visita se dá com a chegada da imagem peregrina da Imaculada Conceição, no dia 02 de setembro, com oração do terço na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, e a noite a Missa, com a participação de todas as paróquias da cidade. A visita pastoral ocorreu todas as noites subsequentes e, após a missa, Dom Bruno se reunia com um movimento ou pastoral específica. A missa de encerramento da visita pastoral ocorreu dia 09 de setembro, também na Paróquia Nossa Senhora do Rosário.


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2008 – Têm inicio o terceiro ano de Monsenhor Décio na Paróquia A comunidade católica de Hortolândia vai aos pouco, conhecendo o padre. O seu jeito comunicativo vai transpondo os limites da paróquia e nos eventos de festas religiosas que inclui outras paróquias é Monsenhor Décio quem toma a frente. Seu carisma e a sua facilidade de aproximar-se de personalidades políticas, religiosas, culturais e artísticas, também vêm a desabrochar. Começa a ser convidado para participar de eventos públicos e aproxima-se do prefeito Ângelo Perugini, que se torna um amigo pessoal. Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor presenteia o cantor Daniel no rodeio de 2008


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Monsenhor Décio participa de solenidades de inauguração de mandatos, de posse no poder legislativo e no executivo, de abertura de rodeios e diversos outros movimentos que tem a participação de grande público, sempre com uma mensagem de incentivo, de congratulação e de bênçãos. Aos pouco se torna referência espiritual na cidade. É sempre lembrado para participar de inaugurações de grandes obras e outros eventos da prefeitura. Acontece durante o mês de maio, numa quinta-feira dia 22, a grande festa de Corpus Christi no Jardim São Sebastião, que envolveu todas as paróquias da cidade. Mais uma vez Monsenhor Décio toma a iniciativa e lidera o encontro. Desde muito cedo as pessoas se reuniam para a confecção de longos tapetes coloridos, com a serragem como matéria prima principal, que deram um toque todo especial. Muitas pessoas puderam participar e celebrar a sua fé. Durante a procissão na parte da tarde, muitos fiéis puderam expressar e testemunhar Deus que é o verdadeiro alimento para os cristãos. Corpus Christi é partilha, é a mais sublime manifestação de fé, que acontece ao redor da mesa. Todos são convidados para se alimentar. Pessoas das instituições de segurança envolvidos na grande festa puderam bradar as estimativas oficiais naquela data: cinco mil pessoas assistiam a Santa Celebração. Tamanho número de participante fez também, com que o número de eventos conjuntos com as demais paróquias fosse diminuindo. Atualmente não acontece com participação da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Monsenhor Décio continuou sua saga pelas reformas e construções das comunidades. Ainda naquele ano quis que tivesse início a reforma e construção de salão, na comunidade Santa Terezinha, considerada também uma reforma grande, que viria a perdurar ao menos por um ano. A vontade e o desejo de atender as comunidades é grande, no entanto, é aconselhado a organizar um plano de construção.


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A necessidade de atender as comunidades é premente. A comunidade de Santa Edwiges no Jardim Boa Esperança precisa de uma atenção toda especial. A igreja ocupa um terreno sem as devidas documentações, por ser uma área pertencente a municipalidade e que fora invadida. Essa situação deixou por anos, os fiéis receosos em investir na construção, no entanto, para o padre era questão de tempo poder dar dignidade e respeito aos frequentadores daquela comunidade.


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2009 – Têm inicio o quarto ano de Monsenhor Décio na Paróquia Nos primeiros dias do ano a comunidade Matriz soube que a câmara de vereadores discutia, internamente, a possibilidade de conceder um título para Monsenhor Décio, em sinal de reconhecimento ao bom trabalho realizado na cidade em tão curto espaço de tempo, os vereadores se movimentavam para reconhecê-lo como um cidadão hortolandense.

Foto: Arquivo Pessoal Título concedido à Monsenhor Décio


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Por iniciativa do vereador José Nazareno Gomes, a propositura teve apoio unânime de todos os vereadores,que foram favoráveis e votaram a favor da concessão do título. O Decreto Legislativo nº 80 de 06 de maio de 2009 é publicado. Esse é o segundo título de cidadão concedido para Monsenhor Décio. O primeiro ele recebeu da câmara municipal de vereadores de Vargem Grande do Sul. A sessão solene para a entrega da homenagem foi realizada na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, durante a novena da padroeira, no mês de outubro. Participaram, além do autor da propositura, o prefeito Ângelo Perugini, a vice-prefeita Jacyra Santos de Souza e os vereadores Clodo, Jair Padovani, Renata Beluf, Terezinha Prataviera, Ceará e o presidente daquela sessão solene, o vereador Gervásio. No discurso do autor da propositura não faltou elogios: “O senhor recebe esse título Monsenhor em sinal de agradecimento a tudo o que o senhor tem feito para esse povo e também para a nossa cidade. Que bom que o senhor está aqui, foi Deus que te enviou para nós, e em pouco tempo já fez muito. Estive visitando algumas comunidades que o senhor tem reformado e está tudo de cara nova, bem pintadas e com condições de acolher bem esse povo sofrido e lutador. Nossa labuta têm sido lutar. E nós vamos continuar lutando, cada vez mais pela melhoria de vida das pessoas da nossa querida cidade de Hortolândia, que agora ganha mais um filho ilustre. Estamos felizes. Peço a Deus que ele te de muita saúde para o senhor, filho de nossa terra, e que o senhor meu querido Décio, continua aqui, nos ajudando a construir uma cidade melhor. Meus parabéns”. Na sua fala de agradecimento Monsenhor Décio fez questão de informar aos presentes, que este era o segundo título que recebeu: “Hoje sou agraciado pela segunda vez com um honroso título de cidadão. Recebi também em 1991 da cidade de Vargem Grande do Sul, no entanto, esse que recebo nesta noite tem um significado especial. Não sei se sou merecedor, pela minha pequenez e também por estar tão pouco tempo aqui, mas por eu sentir ser filho desta cidade há muito tempo. Ás vezes me pego pensando no passado e a sensação que me vem é de que sou filho destas terras desde sempre. Alguma coisa me prende aqui. Hortolândia me acolheu com carinho e generosidade, assim como sempre fazem com um padre, mais tenho a impres-


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são de que fui eu quem acolheu esse povo que agora é minha família em Jesus Cristo.Foi um casamento perfeito nobres vereadores e excelentíssimo senhor prefeito Ângelo Perugini, como é bom essa singeleza, essa paz que sinto no meu coração. Sou sim, Hortolandense! Esse título só reforça o que já sinto, mais isso tudo tem um significado, aumenta mais ainda a minha responsabilidade. Nunca me furtei do compromisso que assumi, por onde passo cumpro integralmente a missão assumida com minha ordenação. Sou um padre feliz e realizado, que encontrei aqui, nas terras deste município, verdadeiros amigos que me permitem ser o que sempre fui. Muito obrigado pelo gesto de carinho. Agradeço a todos, de uma maneira especial aos membros fieis destas paróquia que homenageia a mãe de Jesus, Nossa Senhora, a senhora do Rosário, que ela possa interceder por toda a querida e amada Cidade de Hortolândia”. Outro destaque para a comunidade católica, no ano de 2009, é a implantação da pia batismal na matriz. A partir deste ano, Monsenhor Décio passa a realizar nas celebrações da Vigília Pascal e do Natal, os batizados de recém nascidos, por imersão nas águas, assim como fazia nos tempos de pároco em vargem Grande do Sul. Foto: Arquivo da Paróquia Dom Bruno Gamberini dá as benção na pia batismal, ladeado de Monsenhor Décio


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A comunidade católica se encanta e ganha adeptos. Muitos são batizados em missas lotadas, na maioria das vezes com fiéis ocupando a galeria da Matriz. O ano de 2009 ficou marcado também em função do 30º aniversário de fundação da paróquia. O jubileu dos 30 anos(bodas de pérola) da implantação da paróquia teve diversas comemorações, mas foi na novena da padroeira a mais emocionante de todas. O tema da novena foi: “Maria, Mãe e Rainha dos sacerdotes, intercede por eles”, e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário pode receber no altar alguns dos seus párocos de anos anteriores. Monsenhor Décio fez questão de convidar a maioria deles, no entanto, nem todos puderam estar presentes. Entre os que vieram foram Monsenhor João Luiz Fávero, Pedro Rígolo, José Armando Coracin e Dom Gilberto Pereira Lopes, arcebispo emérito. A presença destes causou bastante emoção, além de trazer boas lembranças para muitos dos fieis que com eles conviveram. Com relação ao trabalho de transformação das estruturas existentes uma decisão: todas as comunidades passarão por reformas.

Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor João Luiz celebra na Novena da Padroeira, jubileu de 30 anos.


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Os coordenadores das comunidades se reúnem e sob a orientação e liderança de Monsenhor Décio resolvem trabalhar uma unidade de cada vez. Elegeram para coordenar esse desafio o responsável das finanças da paróquia, Henrique Quiantareto Filho, chamado pelo padre, em mais de uma oportunidade, de “meu braço direito”. A necessidade de reformas de algumas das comunidades era tão grande que várias quis ser a primeira a ser reformada. O plano de reformas não elencou ordem prioritária, mais contemplaria as comunidades Nossa Senhora do Amparo, Santa Edwiges, Nossa Senhora de Lourdes, São Benedito, Santa Terezinha, Beato Francisco Pianola (Rainha da Paz), Nossa Senhora de Fátima e São Marcos, além da sede, a Matriz que já vinha recebendo os reparos necessários.


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2010 – Têm inicio o quinto ano de Monsenhor Décio na Paróquia No ano de 2010, Monsenhor Décio inicia uma grande obra para a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, a construção de um salão para abrigar os serviços de diversas pastorais e movimentos. Num terreno vazio, extensão do centro pastoral existente, reuniu seus auxiliares mais próximos e decidiu: Vamos erguer aqui, nosso Centro Pastoral. A obra envolveu esforços consideráveis das pessoas físicas e também das instituições. A equipe montada com o objetivo de tirar a obra do “papel”, mas que na verdade era tornar o sonho realidade, procurou primeiramente a prefeitura, no sentido de que esta pudesse desenvolver o projeto arquitetônico, bem como a sua aprovação. Com o projeto aprovado a peregrinação continuou nos comércios e entre os fiéis. Muitos comerciantes da redondeza contribuíram, sobretudo, aqueles que de alguma forma conheciam a necessidade da paróquia ter um espaço adequado. A obra é ousada e de grande envergadura. É natural que durante o ano de 2010, apenas a parte burocrática é que foi superada. Obra mesmo viria, na prática, acontecer apenas nos anos seguintes. Em 2010 ainda, Monsenhor Décio solicita a um grupo de ministros para que formem a pastoral da sobriedade. É atendido de imediato e os primeiros passos são dados. A Pastoral da sobriedade começou a caminhar neste ano, tendo os encontros semanais todas as terças-feiras às 20:00h na comunidade Nossa Senhora de Lourdes. Monsenhor pede que as comunidades através de seus coordenadores incentivem a Pastoral da Sobriedade, na participação dos encontros, orientando as pessoas que a participação nos encontros não é apenas para dependentes, mas está aberta à participação de todos.


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Além da construção do Centro Pastoral, a equipe montada para solucionar os problemas de reforma e de ampliação das comunidades toma as primeiras decisões. Inicia-se a ampliação e reforma da comunidade de São Benedito.


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2011 – Têm inicio o sexto ano de Monsenhor Décio na Paróquia A Paróquia Nossa Senhora do Rosário já se preparava para as celebrações festivas e religiosas da novena de sua padroeira com bastante antecedência, como sempre fazia Monsenhor Décio. Havia convidado Dom Bruno Gamberini para estar na novena da padroeira, e como era grande o desejo de tê-lo presidindo a celebração num dos dias da novena, o convite se deu no mês de maio, num evento mariano ocorrido em Campinas, pessoalmente. De imediato Dom Bruno consentiu positivamente e se comprometeu a estar presente. Mas, no início do mês de agosto daquele ano, Dom Bruno Gamberini com sua saúde frágil e comprometida é internado pela segunda vez num curto espaço de tempo. A paróquia reza incessantemente pela sua recuperação, no entanto, numa tarde de domingo a arquidiocese de Campinas emite, para tristeza de muitos, a seguinte nota: Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo! Louvamos a Deus pelo dom da vida de Dom Gamberini, agora intercedendo por nós junto ao Pai. É com profundo pesar e em comunhão de fé e esperança no Cristo Ressuscitado, que comunicamos o falecimento de DOM BRUNO GAMBERINI, nosso Arcebispo Metropolitano, ocorrido na tarde de hoje, 28 de agosto, às 14h52, na UTI do Hospital Bandeirantes em São Paulo, em decorrência de falência de múltiplos órgãos. Comunicamos, também, que o velório será na Catedral Metropolitana de Campinas, logo após a chegada do corpo à cidade, provavelmente ainda na noite de hoje, dia 28 de agosto.


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A Celebração Exequial, seguida do sepultamento, será na terça-feira, dia 30 de agosto, às 10h00, na Cripta da Catedral. Manteremos a todos informados pelos nossos boletins e pelo site da Arquidiocese. Campinas, 28 de agosto de 2011 A prematura morte de Dom Bruno, deixa a Arquidiocese de Campinas vacante, e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário se engrandece com a grata satisfação de ver um “filho seu” ser eleito Administrador Arquidiocesano. Com um comunicado oficial da Arquidiocese em mãos,compete a Monsenhor Décio informar os fiéis. Durante a tradicional missa das 19:30h das sextas-feiras, com a voz embargada anuncia: “Caríssimos e amados irmãos e irmãs, ainda com o coração ferido com a partida tão precoce do nosso queridíssimo Dom Bruno, nosso Arcebispo da Arquidiocese de Campinas, e em particular meu fraternal amigo, devo comunicar-lhes que um filho nosso, que foi pároco aqui na Matriz, foi eleito ontem para ser Administrador Arquidiocesano.Conclamo a assembléia e todas as comunidades da nossa paróquia a estarmos unidos e em orações por Monsenhor João Luiz, que agora assume nobre e importante missão, lembrando que um dia ele esteve aqui, onde deu início ao seu ministério sacerdotal. Que a mãe santíssima, Nossa Senhora do Rosário interceda por ele e por suas decisões”. Na seqüência Monsenhor Décio faz a leitura do comunicado que trazia em mãos: Comunicado da Arquidiocese Conforme prescreve as normas da Igreja Católica Apostólica Romana, no Código de Direito Canônico, por ocasião do falecimento de Dom Bruno Gamberini e a vacância da Arquidiocese de Campinas, o Colégio de Consultores se reuniu às 09h30 de hoje, dia 1º de setembro, na Catedral Metropolitana de Campinas, e elegeu o Monsenhor João Luiz Fávero como


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Administrador Arquidiocesano. Ele administrará a Arquidiocese até nomeação do novo Arcebispo Metropolitano pelo Santo Padre Papa Bento XVI. Campinas, 1 de setembro de 2011 No dia a dia, também de forma muito especial nas missas e nas celebrações, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário realiza a “oração vacante”, aguardando a nomeação pelo Santo Papa, daquele que seria o novo pastor na Arquidiocese de Campinas.

Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio preside Celebração Eucarística em outubro de 2011.

Ao final daquele ano de 2011, Monsenhor Décio realizou uma grande reunião com os coordenadores das comunidades, das pastorais e outros movimentos. Além de solicitar um planejamento das ações para o ano vindouro, fez uma retrospectiva do ano que se encerrava.


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Monsenhor faz um apelo a todos os coordenadores que zelem pelas comunidades, cuidando do espaço físico, fazendo reparos onde se fizer necessário. Pede para se atentar e cuidar do som. Quase todas as comunidades naquele ano receberam novas aparelhagens de som, por isso apela para todos se esforcem para conservar. Pede também para que estejam atentos à limpeza, à ornamentação para as Missas e Celebrações. Sugere escolher uma pessoa da comunidade que tenha habilidade para ornamentar e montar uma equipe para limpeza dos paramentos para fazer a limpeza sempre, cuidar das alfaias. É nessa reunião que Monsenhor Décio informa aos presentes que as obras da comunidade São Benedito, estãosendo finalizadas e que uma viela lateral à igreja foi ocupada, ampliando o espaço interno da comunidade.


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2012 – Têm inicio o sétimo ano de Monsenhor Décio na Paróquia No dia 15 de fevereiro de 2012, Dom Airton José dos Santos é nomeado como 4º Arcebispo da Arquidiocese de Campinas. A experiência de Monsenhor Décio faz com que a paróquia seja uma das primeiras a ser chamada na presença do bispo. Ainda no primeiro semestre de 2012 havia ficado pronto o salão paroquial, construído com o objetivo de servir as diversas pastorais e movimentos. É neste local onde acontece a maior parte dos eventos festivos e comemorativos, tais como os aniversários do Monsenhor, Baile dos Casais, Encontro de Noivos, etc. Foto: Arquivo Paroquial – Obra construída por iniciativa de Monsenhor Décio


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Com a obra concluída Monsenhor Décio reuniu o CPP – Conselho Pastoral Paroquial e aprovou homenagem ao amigo e Bispo Dom Bruno Gamberini, com o nome deste para a denominação do salão. Está realizado a conquista e inaugurado o “Centro Pastoral D. Bruno Gamberini”. Para concluir a obra, diversos fiéis contribuíram e a municipalidade também. No entanto, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Monsenhor Décio agradecem sempre a benevolência de D. Norma Pupo Denadai, cuja família foi intercessora na mediação, que culminou na concessão de toda a área (terreno) pela prefeitura de Sumaré na década de 80. Tanto o terreno da unidade existente, denominado com o nome de dona D. Norma, quanto o novo, denominado Centro Pastoral D. Bruno Gamberini.

Foto: Arquivo Pessoal D. Norma Pupo Denadai recebe abraço de Monsenhor Décio – Gratidão

Os batizados realizados por Monsenhor Décio por imersão são cada vez mais solicitados. Com um coração generoso e sempre muito zeloso com a evangelização estende a prática para outras celebrações festivas da igreja, como Pentecostes.


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Foto: Gabriel de Oliveira Monsenhor Décio batiza o menino Matheus J. Barbosa, na solenidade de Pentecostes

Foto: Gabriel Oliveira – Monsenhor Décio batiza Matheus J. Barbosa, por imersão nas águas naSolenidade de Pentecostes


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Foto: Arquivo da Paróquia Igreja completamente ocupada para celebração da Crisma em setembro de 2012 Foto: Arquivo da Paróquia – Monsenhor Décio e Dom Airton José dos Santos, celebração da Crisma em setembro de 2012


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Monsenhor Décio sempre soube buscar um equilíbrio nas atividades religiosas e administrativas. Ao mesmo tempo em que mostra desenvoltura e garra para melhorar as estruturas existentes não abre mão da riqueza de detalhes no processo de evangelização. Prova disso foi às inúmeras vezes em que celebrou com amor, com alegria, com precioso detalhe que enriquece a todos os fiéis. A igreja é milenar e hierárquica, de tradições igualmente milenares, e sem interferir nos conceitos tradicionais Monsenhor consegue, a cada dia mais, ganhar adeptos do seu modo de celebrar. Durante o ano é realizado na paróquia o 29º Encontro de Casais com Cristo – ECC, semente frutífera do amor ao próximo, da prática da doação, gratuidade, pobreza, alegria e oração. Diversos movimentos e pastorais estão em ação naquele ano de 2012, e os fiéis já acostumados com a personalidade e o jeito do seu pároco. Foi nesse mesmo ano que concluiu a ampliação e reforma da Comunidade de São Benedito e de Santa Terezinha. Deu iniciou a outras reformas. No segundo semestre de 2012, assim como em todos os anos, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário celebrou o Sacramento da Crisma. Para a concessão deste importantíssimo sacramento o Arcebispo Metropolitano de Campinas se faz presente na maioria das vezes. Naquele ano não foi diferente, e Dom Aírton José dos Santos nos alegra mais uma vez com a sua presença. Em 06 de novembro de 2012, Monsenhor Décio passa a pertencer definitivamente, à Arquidiocese Metropolitana de Campinas. Isso foi possível por decisão de Dom Airton José, que contou, naturalmente, com a anuência e concordância de Dom David Dias Pimentel, bispo de São João da Boa Vista.


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Foto: Arquivo da Paróquia Decreto de Excardinação e Incardinação de Monsenhor Décio – 2012


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2013 – Têm inicio o oitavo ano de Monsenhor Décio na Paróquia No ano seguinte já em 2013 a paróquia Nossa Senhora do Rosário foi, assim como todo o clero do mundo todo, surpreendida com a notícia de renúncia do santo padre Papa Bento XVI, que abdicou do papado em 28 de fevereiro. Coube ao Monsenhor a missão de orientação, oração e também de transmitir tranqüilidade aos fiéis. Na primeira oportunidade de falar publicamente sobre o assunto, disse em sua homilia: “É sim a primeira renúncia de um papa, mais não a primeira renúncia de Bento XVI. O Santo papa já renunciou a sua família biológica para formar a família comunitária. Renunciou aos privilégios de formar uma família, sobretudo de usufruir de tudo aquilo que seus pais construíram, e olha que é de uma família abastada da Alemanha. É preciso compreender esse gesto. Mostra desapego ao poder, se preocupa em não expor a igreja, é nobre e movido pelo Espírito Santo no mais alto grau de humildade”. Monsenhor Décio comemora mais um aniversário natalício em meio a escolha do sucessor de Bento XVI, e no dia seguinte, uma quarta-feira dia 13 de março é eleito o Santo Papa Francisco. A possibilidade de o mundo ter pela primeira vez um papa Sul Americano estava concretizada. O forte apelo por um papa que não fosse do continente Europeu, encheu de esperança o povo católico brasileiro, que poderia enfim, com grandes possibilidades, ter um papa nascido no Brasil. É nesse ano que a Paróquia Nossa Senhora do Rosário passa a contar com mais uma pastoral: Fé e Política. Pensando na possibilidade de uma boa preparação dos fiéis, Monsenhor Décio decidiu oferecer um movimento como subsídio para os cristãos.


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A primeira formação da pastoral contou com a presença de quatro vereadores, que indicaram seus representantes da paróquia e entre esses alguns jovens. O lema principal da pastoral foi adotado, a partir da resposta que o Papa Francisco deu a um jovem: “Envolver-se na política é uma obrigação de todo cristão” O segundo semestre do ano 2013 foi bastante corrido, assim como já havia acontecido com o primeiro semestre. O sacramento da Crisma, que normalmente acontece em outubro ou novembro foi antecipado e mais uma vez muito jovens recebem a confirmação. Muitas outras atividades tiveram suas ocorrências transcorrendo-se normalmente. As pastorais e movimentos estão ativos, mas cabe aqui o registro de uma delas. A equipe de eventos, por sugestão do Monsenhor Décio, inova no almoço comunitário realizado durante a Novena da Padroeira. Os convites são para um delicioso porco no rolete.

Foto: Arquivo da Paróquia Igreja completamente ocupada para celebração da Crisma em 22 de setembro de 2013


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Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio e Dom Airton dos Santos, na celebração da Crisma

Os cristãos da paróquia aderem de imediato. Participando e convidando diversas outras pessoas o almoço é concorrido. Torna-se tradição e outras edições foram realizadas, chegando ao menos no 6º porco no rolete. Foi também no ano de 2013 a conclusão da reforma e ampliação da comunidade São Benedito e Nossa Senhora de Lourdes. Inicia-se ainda, a construção da comunidade Rainha da Paz. Além do cuidado com a parte administrativa, a questão religiosa também é prioridade. Outra ocorrência a ser registrada aconteceu longe da Matriz, mais precisamente no Rio de Janeiro, quando parte de nossos jovens encontrou o Papa Francisco. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário se fez representar na visita do Santo Padre o Papa Francisco, no Rio de Janeiro, na Jornada Mundial da Juventude – JMJ, quando organizou uma excursão e enviou diversos jovens para aquele encontro. Foi o segundo maior encontro ocorrido no mundo, concentrando próximo de quatro milhões de jovens.


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2014 – Têm inicio o nono ano de Monsenhor Décio na Paróquia Em 2014 muitas alegrias na vida de Monsenhor Décio e da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Monsenhor em especial comemora 38 anos de ordenação sacerdotal e a paróquia sua presença entre nós. As atividades da igreja mãe são acompanhadas de perto por Monsenhor, que costuma acompanhar de perto todos os movimentos. Se faz presente nos encontros de noivos, nas festas sociais, faz abertura dos bingos, desfila entre o povo nas festas juninas e muito mais. Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio, seminarista Guilherme e Padre Marco na Celebração de 38 anos de Sacerdócio


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Logo no início do ano chama a comunidade para participar ativamente do Movimento Mãe Rainha, queestaria completando 100 anos naquele 2014. É importante já se preparar para fazer um trabalho bem elaborado para o centenário. Para Monsenhor é também a forma de exercer a igreja de saída, a igreja doméstica que valoriza a pessoa no ambiente em que ela vive. Ir ao encontro dos cristãos é uma missão dos batizados. Os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, já fazem há tempos, a visitação aos irmãos enfermos, levando a eles uma palavra de esperança e fé, mais principalmente o próprio Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Para a Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Monsenhor Décio, ficou marcado na memória de muitos a comemoração do 38º aniversário sacerdotal. Mais uma vez contou com a presença doarcebispo. Dom Airton José dos Santos se fez presente, e dessa vez por um longo período.

Foto: Arquivo da Paróquia Bispo Dom Airton José dos Santos, a menina Laura e Monsenhor Décio em comemoração


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O que marcou também foi a belíssima celebração e a descontração durante o almoço comemorativo, tanto por parte de Monsenhor Décio como de Dom Aírton José, que fizeram questão de serem fotografados com diversos fieis e aparecem nas fotos sempre sorridentes. Dom Aírton pareceu bem à vontade, fez uma de suas mais longas visitas na paróquia. Permaneceu até o final das comemorações. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário, através de Monsenhor Décio consegue apresentar para a comunidade católica um forte trabalho missionário de vocações. É da nossa paróquia alguns seminaristas dos dias de hoje, que por aqui passaram, servindo como coroinhas e acólitos, e que continuaram perseverantes na caminhada da fé. Alguns destes jovens estão dando sequência no trabalho de evangelização e certamente farão, com as Graças de Deus, parte do clero num futuro bem próximo. Com destaque o seminarista Diego Scarano, que em 09 de novembro deste ano de 2019 será ordenado Diácono e com igual destaque Foto: Arquivo da Paróquia Jovens do I Acampamento na missa em Ação de Graças da Juventude - 2014


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para o Padre Idalírio Oliveira Oline, que aqui ficou por muitos anos auxiliando em diversas atividades da igreja. Mas não são apenas esses destacados. Eles são referência. A paróquia encaminhou para o seminário outros jovens que trilharam o início da caminhada de evangelização aqui, todos pelas mãos de Monsenhor Décio. Podemos citar também, correndo risco inclusive de cometer injustiças, o Eder, Marcelo, Vilmar e Vinicius. Certamente teremos outros. No ano de 2014 a Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Monsenhor Décio fortalece um trabalho com a juventude católica. A igreja precisa rejuvenescer e atendendo a um chamado institucional vai a campo. Tem também um fator extra de motivação, o encontro mundial da juventude ocorrido no Rio de Janeiro, aqui no Brasil no ano anterior. Aproveitando a oportunidade que o momento disponibilizava a paróquia reestabelece e reorganiza a sua pastoral da juventude.

Foto: Arquivo da Paróquia Jovens do I Acampamento na missa em Ação de Graças da Juventude


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Em dezembro de 2014, aconteceu o primeiro Acampamento da Juventude, com o tema “Jovem você nasceu para dar certo”. O evento teve uma adesão acima das expectativas e desde então tornou se um momento muito aguardado pelos jovens paroquianos e também pelos pais destes jovens, que lotam a igreja matriz para recepcionar o retorno de seus filhos.

Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio preside missa em Ação de Graças da Juventude


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2015 – Têm inicio o décimo ano de Monsenhor Décio na Paróquia Foram vários os acontecimentos marcantes no ano de 2015. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Monsenhor Décio organizam o II Acampamento Jovem, e para isso conta com a costumeira disponibilidade dos fiéis. Ter os jovens atuando na igreja e motivo e orgulho. Primeiro porque é sabido que no mundo atualmente existe ação do inimigo voltada especificamente ao público adolescente e jovem. São inúmeros os casos de violência contra a população desta faixa etária e, além da família, a igreja é a instituição adequada e preparada para o acolhimento e prevenção. A partir do primeiro encontro que deu origem ao I Acampamento, o evento se torna tradicional e outras edições foram realizadas nos anos subseqüentes. Além dos acontecimentos tradicionais de uma igreja católica, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Monsenhor Décio sempre apresentam motivações especiais para momentos também especiais. Em 04 de Julho de 2015, o Arcebispo de Campinas Dom Aírton José do Santos, nomeia Monsenhor Décio como Administrador Paroquial, numa belíssima missa de Ação de Graças. Os batismos, encontro de noivos, casamentos comunitários, pastoral da saúde e carcerária, os encontros de acólitos e coroinhas, as vigílias, a Renovação Católica Carismática – RCC, mãe rainha, o tríduo nas comunidades, festa da padroeira, enfim, tudo caminhando bem. Numa paróquia que homenageia a Mãe de Jesus, Nossa Senhora do Rosário, o que está bom pode melhorar ainda mais. São tantos os acontecimentos, mais, uma mudança significativa ainda estava por


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Foto: Arquivo da Paróquia – Decreto de nomeação de Monsenhor


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Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio recebe as chaves de Administrador Paroquial das mãos de Dom Airton.

vir, e com as Graças do Pai e a Intersecção da Mãe, aconteceu: a paróquia terá dois padres. Foi designado por Dom Airton José dos Santos, o padre Marcel Fabiano Prado, para servir na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, como vigário geral, auxiliando o Administrador Paroquial, Monsenhor Décio. Em fins de agosto e inicio de setembro do ano de 2015 a paróquia já contava com a imprescindível presença de mais um padre. Chegou para auxiliar Monsenhor Décio, o Padre Marcel Fabiano. Naquela oportunidade pude, por exercer o mandato de vereador, apresentar e ter a aprovação dos demais membros do legislativo, uma moção de congratulações pela vinda do Padre Marcel. Entre outras manifestações de gratidão e congratulação escrevi: “A Paróquia Nossa Senhora do Rosário atende a uma extensa área da municipalidade, com uma população de aproximadamente 50 mil habitantes, e maior que muitos municípios do Brasil. Até então, Monsenhor Décio era a única presença abençoada e incansável na paróquia. Temos certeza que Monsenhor


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Décio e Padre Marcel completar-se-ão, pois a convivência reforça e estimula a prática de Doação, Retribuição, Alegria, Oração e Valores imprescindíveis na construção de uma sociedade melhor”. Afirmar “com certeza” pode ter sido interpretado como um atrevimento e ousadia da minha parte, no entanto, iluminado pela sabedoria do Espírito Santo lá estava eu, inspirado na previsão de que aquela nomeação não era um desejo meu apenas, e sim de toda a Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Concluí a Moção de Congratulações nº 95/2015, com a esperança de que a união desses dois servos de Deus pudesse ser frutífera: “Esperamos que Padre Marcel produza bons frutos e que seja contagiado pelo Amor e a Graça do Espírito Santo, atuando para o restabelecimento dos valores da família e como guia de jovens adolescentes, para o bem de todo cidadão hortolandense” A presença de Padre Marcel de fato muda a rotina na paróquia e na vida do Monsenhor Décio. O que a Paróquia Nossa Senhora do Rosário enxerga é uma amizade paternal, uma posição de obediência e respeito, mas acima de tudo de um cuidado muito especial da parte do Padre Marcel, sobretudo no que pese a saúde do líder maior.


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Foto: Arquivo da Paróquia Padre Marcel na sua 1ª Novena da Padroeira, com Dom Gilberto

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2016 – Têm inicio o décimo primeiro ano de Monsenhor Décio na Paróquia O ano de 2016 é especial para a paróquia e para Monsenhor Décio. É o ano do seu Jubileu de 40 anos de ordenação Sacerdotal do padre. São quatro décadas de evangelização. Tal como canta o salmista “Tu és sacerdote para Sempre!” no dia 05 de junho, um domingo, entoou-se um hino de louvor para celebrar os quarenta anos de ministério sacerdotal de Monsenhor Décio. Numa emocionante celebração, repleta de fieis e concelebrada por alguns amigos religiosos, dentre eles, padre Marcel, foi comemorada as bodas de diamantes (rubi ou esmeralda) de vida sacerdotal de Monsenhor Décio, um exemplo de persistência, de superação e dedicação. No almoço de comemoração os convidados puderam testemunhar um sacerdote feliz, sorridente e que fez questão de se fotografar com todos. Quase sempre visto de semblante sério, naquele dia em que completou 40 anos evangelizando, pudemos testemunhar um Monsenhor diferente, como diferente também era o momento que ele celebrava e comemorava. Afinal, não é muito comum tanto tempo de dedicação e trabalho a uma só causa. Para a Paróquia Nossa Senhora do Rosário é uma comemoração inédita, pois a comunidade não havia celebrado, ainda, 40 anos de ordenação de um padre. Em muitas outras celebrações e comemorações da paróquia, no ano de 2016, tinha à frente Monsenhor Décio. Agora com a presença do Vigário Padre Marcel as atividades são subdivididas. As que exigem um deslocamento maior, como cumprir as responsabilidades nas comunidades, por exemplo, é Padre Marcel quem vai.


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Fotos: Arquivo da Paróquia – Monsenhor Décio com seminaristas na comemoração de seus 40 anos de Ordenação Sacerdotal Fotos: Arquivo da Paróquia – Monsenhor Décio com seus amigos na comemoração de seus 40 anos de Ordenação Sacerdotal


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Foto: Arquivo da Paróquia – Monsenhor Décio com seus irmãos (família) na comemoração de seus 40 anos de Ordenação Sacerdotal

Foto: Arquivo da Paróquia – Monsenhor Décio com as missionárias, na comemoração de seus 40 anos de Ordenação Sacerdotal


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O compromisso assumido na ordenação é encarado com muita seriedade pelo pároco.

Foto: Arquivo da Paróquia Adoração a Santa Cruz no ano de 2016

Monsenhor faz questão de exercer por completo a sua missão e da mesma forma, não gosta de deixar nenhuma celebração incompleta. Executa todos os rituais, passo a passo. Certamente que esse zelo não o difere de outros padres, mas inegavelmente, é uma de suas marcas mais lembradas pelos fiéis que o conhecem. A Adoração a Santa Cruz é um exemplo deste zelo. Para celebrar exige movimentos que até para uma pessoa mais jovem se torna dificultoso, mas para o padre, ainda que fisicamente frágil, não pode haver obstáculo quando o serviço é para Deus. Esse ensinamento está interligado pela frase costumeiramente pronunciada: “As palavras convencem, os exemplos arrastam”. É desta forma que o tempo vai passando e que Monsenhor continua evangelizando.


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Foto: Arquivo da Paróquia Adoração a Santa Cruz no ano de 2016


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2017 – Têm inicio o décimo segundo ano de Monsenhor Décio na Paróquia Durante o ano de 2017, assim como nos demais, a paróquia organiza seus movimentos e pastorais para a seqüência das suas ações de forma muito natural. No planejamento anual preparado e aprovado, diversas atividades têm suas datas definidas. Novo encontro de jovens, casamentos comunitários, os batizados, encontro de noivos, casais, festas litúrgicas, pastoral da criança, o “rebanhão” da renovação católica carismática e muito mais. A tradição é sempre mantida. Durante o ano de 2017, é possível notar um Monsenhor Décio mais retraído em função das intercorrências clínicas, no entanto, ele faz questão de realizar tudo que foi planejado. É verdade que cada vez mais, com a participação do padre Marcel, um verdadeiro protetor. Por ser aniversariante do mês de março, a celebração e a comemoração normalmente é uma das primeiras atividades do ano. Pelo menos a organização coincide com a preparação da páscoa. Ainda assim, por ter a oportunidade de ter seus amigos e familiares juntos de si, Monsenhor sempre realiza um almoço ou jantar. Foto: Arquivo da paróquia Aniversário de 73 anos teve a presença do bispo Dom Aírton José do Santos


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Outra tradição na Paróquia Nossa Senhora do Rosário é a Missa do Aniversário de Hortolândia. Desde a emancipação a comunidade matriz acolhe os fiéis e autoridades legislativas e do executivo, para a missa em Ação de Graças. Essas missas, normalmente são realizadas na data de 19 de maio, dia do aniversário da cidade, e costuma vir para a celebração, pessoas de diversos lugares do município. Houve ao longo dos anos, momentos em que a comunidade aproveitou a presença de autoridades para manifestar repúdios a determinados temas ou mesmo para reivindicar maior atenção para os direitos do povo. Durante o tempo em que a paróquia esteve sob a responsabilidade de Monsenhor essas missas passaram a ter conotação religiosa, assim como tem que ser. É um momento de oração, de pedir proteção e de confraternizar-se com setores diversos da municipalidade. Monsenhor Décio sempre teve uma amizade fraternal com o prefeito atual Ângelo Perugini, que o acolheu quando da sua chegada na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em 2006. Era ele o prefeito naquele período e agora também. Sempre se concedeu ao prefeito, no final dessas missas, a opção de falar sobre os acontecimentos da cidade, no entanto, a amizade cultivada com o padre faz com que, na maioria das vezes, o discurso seja substituído por elogios e agradecimentos. No 26º aniversário de Hortolândia não foi diferente, quando chamado a dar uma palavra, o prefeito foi logo dizendo: “Quem faz aniversário é Hortolândia, mais o melhor presente ela já ganhou quando esse homem, Monsenhor Décio, foi designado para cá por Dom Bruno Gamberini. Nem tive oportunidade de dizer a ele pessoalmente, pois faleceu repentinamente, o quanto de bom ele fez para a nossa cidade quando mandou o Monsenhor para essa paróquia. Ele é uma pessoa adorável, de visão, que sabe o que é melhor para o nosso povo. Monsenhor é muito bom para as coisas de Deus e vocês são testemunhas disso. Mas ele é muito bom também para lutar por melhorias. É meu amigo e por ele eu tenho grande respeito e admiração. Vou contar uma coisa que talvez vocês não saibam. Monsenhor me liga toda semana, e ele tem autonomia para isso, me cobrando solução quando vê moradores de rua


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perambulando, quando fica um tempo sem ver viaturas da guarda municipal; enfim, quando ele vê algo que não está muito de acordo ele me liga, e sempre é cobrando melhorias para o povo, para a nossa cidade”.

Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor Décio recepciona o prefeito Ângelo Perugini na missa de aniversário da cidade.


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É nesse período que Monsenhor Décio teve agravado seus problemas de saúde e a forma física alinhada a sua disposição começava a deixá-lo com restrições clínicas. Ele já não podia dispor-se a percorrer as ruas ao entorno da matriz a pé, quando das procissões por exemplo.

Fotos: Arquivo da Paróquia Solenidade de Corpus Christi em procissão nas ruas - 2017


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Foto: Arquivo da Paróquia Monsenhor presidindo celebração

Na solenidade de Corpus Christi, Monsenhor Décio participou e presidiu a celebração, no entanto, quando da caminhada dos fiéis em procissão, ele permaneceu na igreja, aguardando o retorno da multidão. É possível verificar o pároco envolvido com os procedimentos por completo daquela e de outras solenidades. Ainda que com restrições, e alguns momentos até mesmo proibido clinicamente, ele fazia questão de estar ao menos por perto. Monsenhor nunca escondeu das pessoas mais próximas, fiéis ou não, a fragilidade da sua saúde. Mas para a comunidade como um todo, para a assembléia, sempre procurou demonstrar força e perseverança. Foram várias celebrações presididas por ele em2017, ano que sua saúde se agravou ainda mais.


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2018 – Têm inicio o décimo terceiro ano de Monsenhor Décio na Paróquia O ano de 2018, assim como todos os outros começa bem na comunidade católica. A fragilidade da saúde de Monsenhor Décio se torna publicamente visível, embora ele nunca tenha escondido de ninguém, ter uma saúde frágil. Debilitado já demonstra faltar forças. Fisicamente é notável que a cada tempo a saúde do padre inspira cuidados. Religiosamente tem forças. Espiritualmente insiste em participar com uma freqüência que a própria comunidade reconhece que é por misericórdia de Deus. Normalmente a Celebração do Domingo de Ramos, é uma missa em que os fieis participam em grande número. Famílias inteiras com seus ramos em mãos, desde muito cedo, se encontram na Praça São Francisco de Assis em frente à Igreja Matriz, para a celebração. Foto: Arquivo da Paróquia – Fieis se aglomeram na Praça São Francisco de Assis, em frente à Igreja Matriz – 2018


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Presidindo essa missa tão bonita e especial, Monsenhor Décio já está com suporte de oxigênio que passa a usar nas 24h do dia. Tem como companhia inseparável um aparelho portátil de oxigenação, que na maioria das vezes é carregado por um acólito ou ministro que o auxilia, nos seus deslocamentos. Durante todo o ano de 2018 é assim. Mesmo quando poderia ser substituído, Monsenhor Décio faz questão de comparecer e cumprir com sua responsabilidade e missão de pároco. Foram poucas vezes em que aceitou ser substituído. Durante as atividades desempenhadas por ele, era muito comum ouvi-lo preparando a comunidade para o seu afastamento. No primeiro semestre do ano passou por um procedimento cirúrgico no coração e diversos outros procedimentos clínicos, que aos pouco foi tirando-lhe a força física.

Foto: Arquivo da Paróquia – Monsenhor Décio é auxiliado na Celebração de Domingo de Ramos – 2018

Em abril a Paróquia Nossa Senhora do Rosário é mais uma vez informada que ficará vacante. Nota da Arquidiocese de Campinas traz aos fiéis a seguinte notícia: “O Santo Padre, o Papa Francisco, aceitando a renúncia de Dom Geraldo Lyrio Rocha, nomeou na manhã de hoje, dia 25 de abril de 2018, Dom Airton


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José dos Santos como novo Arcebispo de Mariana, MG, transferindo-o da Arquidiocese de Campinas. A Igreja Particular de Campinas, a partir de hoje, está vacante até que o Papa Francisco nomeie o novo Arcebispo, para o qual não tem um tempo determinado. Para este período, Dom Airton continua como Administrador Apostólico de Campinas até tomar posse em Mariana. Depois, até a nomeação do novo Arcebispo de Campinas, o Colégio de Consultores elegerá o Administrador Diocesano”.


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2019 – Têm inicio o décimo quarto ano de Monsenhor Décio na Paróquia O ano de 2019 é especial para a Paróquia Nossa Senhora do Rosário pelos seus 40 anos de fundação. O jubileu do 40º aniversário é em 15 de outubro, mas as comemorações estão estampadas nas diversas ações das pastorais e movimentos desde o início do ano.

Foto: Arquivo da Paróquia – Marca utilizada pelas pastorais

O grupo de jovens da paróquia se movimenta e idéias vão surgindo para as comemorações. Surge apresentação de camisetas, de slogan, de orações e no dia a dia os fieis vão sendo envolvidos, de uma forma ou de outra, nas festividades comemorativas. Monsenhor Décio está com a saúde um tanto debilitada, e com a idade completa de 75 anos. Naturalmente que comemorou seu 75º aniversário como sempre fez, rodeado de amigos, seus irmãos e irmã


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(uma das irmãs do Monsenhor, a caçula, é falecida), autoridades políticas, fieis da paróquia, religiosos e tantos outros convidados. Em razão da saúde e da idade uma curiosidade toma conta de muitos na paróquia. Sabedores de que os documentos da igreja, de forma mais direta o direito canônico, orienta que com essa idade, deve o pároco solicitar ao seu respectivo bispo diocesano a sua desobrigação das atividades e responsabilidades paroquiais. Teria chegado a hora de parar? Na data de seu aniversário natalício, quando Monsenhor Décio completou 75 anos de idade, a Arquidiocese de Campinas está novamente vacante. Tudo ocorre com a naturalidade esperada e a presença de Monsenhor entre nós está, ao menos por enquanto, garantida. Dois meses após seu aniversário, durante a Novena do Perpétuo Socorro, que ha muito tempo acontece às 15h de quartas-feiras na Matriz, Monsenhor Décio lê durante a celebração, a seguinte nota da Arquidiocese de Campinas: Comunicado Oficial Campinas, 15 de maio de 2019. Com alegria comunicamos que o Santo Padre, o Papa Francisco nomeou, na manhã de hoje, Dom João Inácio Müller para Arcebispo Metropolitano de Campinas, sendo transferido da Diocese de Lorena/SP. Sua posse acontecerá no dia 14 de julho, aniversário de Campinas, às 15h, em Celebração campal na Praça José Bonifácio em frente à Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário se alegra e na pessoa de seu pároco inicia procedimentos necessários no sentido de ter a presença de Dom João Inácio Muller em seu jubileu de 40 anos de evangelização. O convite está feito, a comunidade reza para que o arcebispo possa estar presente. Com idade superior de 75 anos e com a saúde bastante comprometida Monsenhor Décio pleiteou a possibilidade de estar numa cidade litorânea, onde o próprio clima contribui e muito com a sua


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Foto: Arquivo da Arquidiocese – Dom João Inácio Müller

saúde, considerando que a maior dificuldade é mesmo com o sistema respiratório. No dia 13 de agosto Dom João Inácio Müller em carta endereçada ao Bispo da Diocese de Santos/SP Dom Tarcísio Scaramussa, solicita “Uso de Ordem”, no que diz: “Caríssimo Irmão, Dom Tarsício, Paz e Benção! Venho apresentar-te o Monsenhor Décio Ravagnani, sacerdote de nosso Clero Arquidiocesano, que deverá passar uma temporada em Praia Grande, em residência própria, por motivo de descanso e tratamento de saúde. Solicito, pois, concessão do Uso de Ordem, para que, enquanto aí permanecer, possa desempenhar seu ministério presbiterial, no que acharem oportuno”.


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Dom Tarcísio Scaramussa concede, em 16 de agosto, também em carta-resposta à Arquidiocese de Campinas, o “Uso de Ordens”, e se disponibiliza para acolher Monsenhor Décio. Antes de partir, porém, em meio ás preparações para a Novena da Padroeira, festa litúrgica de comemoração dos 40 anos de fundação da paróquia, o Arcebispo Metropolitano, Dom João Inácio Müller concede para Monsenhor Décio o Título de Pároco Emérito, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, através do protocolo 32 do dia 28 de agosto de 2019. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário reza, porque tem na milenar Igreja Católica Apostólica Romana, a única verdadeiramente universal e hierárquica, um Papa Emérito (Bento XVI), um Arcebispo Emérito (Dom Gilberto Pereira Lopes) e agora um Pároco Emérito (Monsenhor Décio). Acerca da curiosidade que acometeu a comunidade paroquial, quando de seu aniversário natalício de 75 anos, é dada a resposta final: “Quem veio para servir, e não para ser servido, não para nunca. Segue do seu jeito, nas suas limitadas condições, evangelizando sempre”.


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Foto: Arquivo da Paróquia Título de Pároco Emérito concedido para Monsenhor Décio

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“Jubileu dos 40 anos da Paróquia Nossa Senhora do Rosário” A Novena de Nossa Senhora do Rosário, em comemoração aos 40 anos de fundação, acontece a partir do dia 28 de setembro com o tema principal: “Com Maria, 40 anos da Paróquia Nossa Senhora do Rosário – O que vimos e ouvimos isso vos anunciamos” (1jo 1,3). O encerramento da novena é no domingo dia 06 de outubro, com uma celebração eucarística às 19h30minh. Há 40 anos, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, honra e dignifica a nossa cidade e o povo católico. Muitos párocos já passaram por ela, e muitos ainda passarão, mas com a Graça de Deus e a intersecção de Maria, Mãe de Jesus, Mãe da Igreja e nossa Mãe, perdurará para sempre evangelizando, formando a grande família cristã. À frente desta grande família, unidas por uma mesma fé esteve Monsenhor Décio. Com suas intervenções e seu jeito, particularmente único, mostra sem receios, a expressão de um padre que há mais de 40 anos, é comprometido com a melhor causa da humanidade, que é a evangelização, permitindo e orientando para que todas as pessoas fiéis busquem a salvação. Como é rica a realidade! Quantos fatos inimagináveis ocorreram ao longo deste tempo, e que nos surpreende quando deles tomamos conhecimento. Como é rica a história da igreja e por conseqüência da paróquia! Por isso devemos apreciar o trabalho que, na condição de leigos, vimos há anos exercendo. Exercer a um chamado é possibilidade permitida por Deus, mas também pelo pároco, que nos permite caminhar exercendo nossas atribuições em nome da igreja. É a Paróquia Nossa Senhora do Rosário que permitiu a muitos de nós, que nesses


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40 anos de fundação nós pudéssemos doar ao trabalho missionário. Cada um com seus dons. Devemos e muito agradecer. Muitos irmãos nossos puderam servir ao longo desses 40 anos, com a permissão e bênçãos dos padres que por aqui passaram. Oriundo da Diocese de São João da Boa Vista e nascido em Mogi Guaçu, Monsenhor Décio nos proporciona nestes tempos atuais, em cada conversa repleta de conhecimento e sabedoria, um novo aprendizado. Quando temos oportunidade de estar em momento de descontração com ele temos, uma verdadeira aula de religião, de história e de filosofia. É um misto de valores significativos de igualdade e de amor ao próximo. Conviver com Monsenhor Décio é respirar o cristianismo, respeito e amizade. Com ele a paróquia aprendeu e aprende que o cuidado e zelo com as coisas de Deus é o que nos enriquece na fé. Sério, exigente, às vezes até inflexível, mas de perfil conciliador consegue, com cordialidade e simplicidade valorizar cada celebração, tornando as missas verdadeiras solenidades de “Ação de Graças”. Tudo ganha mais nobreza, mais brilho, mais espiritualidade com a participação e a presença de Monsenhor Décio nas Santas Missas, oração comunitária sacramental, que a igreja nos convida a participar. Monsenhor Décio sempre se mostrou um padre de temperamento forte, destemido e intransigente na defesa da religiosidade da fé. Através do zelo com a casa do Pai, valoriza a dignidade dos cristãos, da pessoa humana, mostrando a cada um a responsabilidade adquirida com o sacramento do batismo. É sabido que um perfil assim atrai, mas também afasta. Monsenhor Décio reconhece suas limitações humanas, e assim como qualquer outra pessoa comete erros. Quando isso acontece procura reparar. Para ele o conceito serve para si próprio e também para aconselhar alguém quando necessário: “Não há enfraquecimento em você voltar atrás e reconhecer um erro para o aprimoramento de uma medida. Há grandeza, sabedoria das pessoas que adotam essa atitude”.


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Nesses mais de 40 anos de ordenação sacerdotal, Monsenhor Décio manteve-se com vigor, fiel aos compromissos assumidos, digno e consciente da sua responsabilidade. Já está no 14º ano conosco. Isso representa 1/3 da fundação da paróquia, servindo com alegria, buscando garantir a inviolabilidade da Sagrada Escritura. Unido à Paróquia Nossa Senhora do Rosário formam um só corpo, uma só ferramenta, que vivem agindo para a propagação dos ensinamentos e da palavra de Nosso Senhor Cristo Jesus. Pode-se afirmar que a história da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, como guardiã da fé e dos direitos do povo cristão e das lutas por uma cidade melhor, confunde-se com a história de vida missionária de seu pároco emérito, cuja compreensão sobre a igualdade, a renúncia à vida pessoal e a dignidade em servir tem inspirado jovens da nossa comunidade católica, que com ele conviveram, a seguirem o caminho da evangelização. Basta ver quantos seminaristas temos da nossa paróquia, trilhando o mesmo caminho. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Monsenhor Décio são partes da mesma história. São dois caminhos que se cruzam. Mais de 40 anos fazendo o bem, santificando, evangelizando nossos irmãos e irmãs batizados na fé católica. Parabéns, Monsenhor Décio e parabéns Paróquia Nossa Senhora do Rosário! A cidade de Hortolândia e os fiéis lhes agradecem. As suas trajetórias se confundem e se fundem. Louvado seja Deus, que por providência fez com que seus caminhos cruzassem, para nossa alegria.




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