Ebook AviSite - Coccidiose Aviária

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E-book Coccidiose Sumário

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Parcerias

O que é Coccidiose Aviária? A Coccidiose Aviária no Brasil Diagnóstico e monitoria da Coccidiose Prevenção e controle da Coccidiose

E-Book Especial “Coccidiose Aviária” foi produzido através da parceria voluntária entre a Professora Alda Maria Backx Noronha Madeira, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e a Mundo Agro Editora e contou com a colaboração de Marco Antonio Crescimanno de Almeida, Médico Veterinário formado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e de Igor Leonardo dos Santos, do Centro de Amparo à Pesquisa Veterinária - CAPEV). O e-book “Coccidiose Aviária” tem o objetivo de tornar disponíveis os conhecimentos atuais sobre esta grave enfermidade que ataca a avicultura. Alda Maria Backx Noronha Madeira possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (1987), Mestrado (1992) e Doutorado (1998) em Patologia Experimental e Comparada pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Professora Doutora da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Parasitologia, com ênfase em Protozoologia Parasitária Animal, atuando principalmente na área de biologia molecular de Eimeria de galinha doméstica. Em seu currículo Lattes os termos mais frequentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: Sequenciamento de DNA, Eimeria, SAGE, ORESTES, Coccidiose Aviária.

Perspectivas

Parcerias Comerciais

Responsáveis Coordenação

Colaboração

Alda Maria Backx Noronha Madeira

Marco Antonio Crescimanno de Almeida, Médico Veterinário formado pela FMVZ-USP

Igor Leonardo dos Santos Centro de Amparo à Pesquisa Veterinária – CAPEV


E-book Coccidiose

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

E-book nº 1 - Coccidiose Aviária Abril/2016

expediente Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Érica Barros (MTB 49.030) Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação Caroline Esmi financeiro@avisite.com.br

Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.

A avaliação da saúde intestinal deve fazer parte de todo e qualquer programa de controle de uma operação avícola, seja ela de médio ou grande porte

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Introdução

A

Coccidiose Aviária é considerada uma das doenças mais importantes na avicultura, pois causa diarreia e enterite, resultando em uma diminuição da absorção de nutrientes, gerando grandes prejuízos.

Neste e-book especial os leitores encontrarão as últimas análises sobre o tema, tais como: - Coccidiose Aviária é uma doença entérica causada por protozoários do gênero Eimeria: - Estima-se que o impacto global da Coccidiose exceda três bilhões de dólares por ano; - Doenças imunossupressoras, tais como Marek, Gumboro, Micotoxicoses acometem o sistema imunológico das aves favorecendo a instalação de várias doenças, entre as quais a Coccidiose Aviária. - Acompanhe uma atualização profunda e as últimas pesquisas envolvendo a Coccidiose Aviária.


O que é a Coccidiose Aviária? 1. Definição A Coccidiose Aviária é uma doença entérica causada por protozoários do gênero Eimeria, de distribuição mundial e de grande importância para a indústria avícola. Por interferir diretamente na digestão e absorção dos nutrientes, a Coccidiose pode induzir aumento da conversão alimentar, pigmentação deficiente, aumento da mortalidade, ocorrência de infecções secundárias, desuniformidade do lote e como consequência, aumento da idade do abate dos frangos.

2. Ciclo de vida e biologia A Eimeria apresenta um ciclo biológico monoxeno, ou seja, ocorre integralmente num único hospedeiro, sendo transmitida por via oral-fecal (Williams, 1999; Allen & Fetierer, 2002; Dalloul & Lillehoj, 2006). O ciclo biológico da Eimeria spp. é autolimitante e envolve três fases (Figura 1): esquizogonia (também denominada de merogonia), gametogonia e esporogonia ou esporulação. O estágio infectante é o oocisto, que quando esporulado, contém quatro esporocistos, os quais contêm dois esporozoítos. Após a ingestão dos oocistos esporulados, os esporozoítos são liberados e penetram nas células epiteliais intestinais. Dentro das células do intestino, há multiplicações assexuadas que podem ocorrer por várias gerações. Após certo número de gerações, que variam de acordo com

Figura 1 . Representação do ciclo biológico genérico de Eimeria spp. de galinha doméstica E-book Revista do AviSite

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E-book Coccidiose a espécie de Eimeria, há a formação de gametas. Esta fase é denominada de gametogonia e culmina na reprodução sexuada com a formação do oocisto. O oocisto é eliminado pelas fezes e somente torna-se infectante após a esporulação, ou esporogonia que ocorre no meio ambiente sob determinadas condições de temperatura, umidade e oxigenação que são frequentes nos galpões avícolas. Ambas as fases esquizogonia e gametogonia podem levar à destruição maciça das células intestinais, provocando lesões e reduzindo assim a capacidade do intestino em absorver nutrientes. A destruição do epitélio pode ser maior ou menor na dependência da quantidade ingerida de oocistos esporulados, da espécie de Eimeria e do estado imunitário do hospedeiro. Em decorrência ao acometimento intestinal, várias alterações são observadas, dentre as quais, diarreia, má absorção de nutrientes, queda do ganho de peso e da conversão alimentar (Allen & Fetierer, 2002)

3. Patogenia e Sinais clínicos A Coccidiose das galinhas domésticas é causada por sete espécies de parasitas do gênero Eimeria e, a infecção no campo pode ocorrer por uma ou mais espécies simultaneamente, sendo comumente observada em frangos de corte e matrizes reprodutoras. Além de ser hospedeiro específico, a Eimeria spp. é altamente sítio específica, ou seja, invade diferentes regiões do intestino, as quais podem ser acometidas em graus distintos de patogenicidade (Tabela 1). Importante salientar que além das espécies de Eimeria serem específicas quanto ao sítio de infecção, a localização na camada epitelial ou subepitelial também é diferenciada para cada espécie, tendo como consequência um maior ou menor grau de lesão intestinal e/ou cecal. Desta forma, as espécies de localização mais superficial (E. praecox, E.mitis) praticamente não provocam danos ao hospedeiro, já as de localização mais profunda (E tenella, E. necatrix) provocam sérios danos à mucosa, com hemorragias e necrose epitelial, e em casos graves, com mortalidade (Chapman, 2014). Assim, em decorrência às lesões na mucosa há redução da capacidade absortiva do intestino delgado, com redução da absorção de vários nutrientes como zinco, cálcio, ácido oleico, glicose, xantofila, entre outros (Chapman, 2014). Além disto, há também diminuição da taxa de renovação das vilosidades, perda de fluídos, hemorragias, possibilitando também que o animal fique susceptível a infecções secundárias (Chapman, 2014; Allen & Fetierer, 2002).

Espécie

Sítio preferencial de desenvolvimento

Tipo de lesão

Virulência

E. acervulina

Duodeno

Leve: estrias bancas transversais na mucosa intestinal Grave: parede intestinal espessa, mucosa com placas brancas coalescentes

Moderada

E. praecox

Duodeno, jejuno

Não produz lesões significativas

Baixa

E. maxima

Jejuno e íleo

Leve: petéquias na superfície serosa e conteúdo intestinal alaranjado Grave: enterite catarral, conteúdo intestinal alaranjado e sanguinolento, espessamento da parede intestinal.

Moderada

E. mitis

Íleo

Não produz lesões significativas

Baixa

E. brunetti

Íleo e reto

Leve: petéquias na mucosa e na serosa, Grave: espessamento da parede intestinal, necrose coagulativa

Moderada

E. necatrix

Jejuno e íleo; oocistos no cecos

Leve: pontos brancos e petéquias visualizados pela serosa, com aspecto de “sal e pimenta” Grave: dilatação intestinal, espessamento da parede intestinal, presença de sangue coagulado, muco e restos celulares na superfície mucosa.

Alta

E. tenella

Cecos

Leve: petéquias na mucosa cecal Grave: dilatação dos cecos, espessamento da parede cecal, presença de sangue coagulado e tecido necrótico

Alta

Adaptado de Johnson & Reid (1970)

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Doenças imunossupressoras, tais como Marek, Gumboro, Micotoxicoses acometem o sistema imunológico das aves favorecendo a instalação de várias doenças, dentre as quais a Coccidiose Aviária 4. Fatores predisponentes Além do fator espécie de Eimeria que pode induzir sintomatologia de magnitude e intensidade distintas, há vários aspectos como, condições de manejo, nutrição, idade, linhagem e estado imunitário das aves, eficiência do programa de controle da Coccidiose, doenças intercorrentes, localização e clima da granja que também interferem na magnitude dos quadros clínicos observados. Dentre estes fatores destacam-se os relacionados com a biologia do parasita, hábitos do hospedeiro, condições da criação e estado imunitário das aves (Chapman, 2014; Witcombe & Smith, 2014).

Biologia do parasita O oocisto, estágio eliminado pelo hospedeiro que após a esporulação torna-se infectante, apresenta uma parede extremamente resistente, permanecendo viável no ambiente por pelo menos 6 meses. Além disso, esta parede também é refratária à maioria dos desinfetantes empregada na criação das aves, sendo sensível à amônia, solventes orgânicos e alguns compostos fenólicos. Em contrapartida, é sensível ao calor e sua viabilidade cai consideravelmente quando submetido a temperaturas acima de 60ºC.

Hábitos do hospedeiro A galinha doméstica possui o hábito de ciscar a cama e, ao fazê-lo, pode ingerir os oocistos e se infectar, tornando a transmissão do parasita bastante eficiente.

Condições da criação A alta densidade populacional e contínuo contato das aves com as fezes são condições que aumentam a transmissão do parasita induzindo uma alta morbidade, ou seja, acometimento de grande quantidade de aves. Além disto, o ambiente da granja, com alta temperatura e umidade, associadas à manipulação vigorosa da cama podem favorecer a esporulação do oocisto, que é o processo que torna o oocisto infectante. Importante salientar que para esporular o oocisto necessita de alta umidade, temperatura ao redor de 28ºC e oxigenação. Por outro lado, a fermentação da cama pode ser um bom manejo para diminuir a viabilidade dos oocistos, pois além da grande produção de amônia, a cama atinge altas temperaturas, diminuindo a viabilidade dos oocistos.

Estado imunitário das aves Doenças imunossupressoras, tais como Marek, Gumboro, Micotoxicoses acometem o sistema imunológico das aves favorecendo a instalação de várias doenças, dentre as quais a Coccidiose aviária. Desta forma, para um bom controle da Coccidiose, é importante que doenças que acometem o sistema imunológico também sejam prevenidas adequadamente. E-book Revista do AviSite

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A Coccidiose Aviária no Brasil 1. Ocorrência e impacto econômico Estima-se que o impacto global da Coccidiose exceda três bilhões de dólares por ano, incluindo despesas com prevenção e tratamento (Williams, 1999; Dalloul & Lillehoj, 2006). No Brasil, há poucos estudos sobre a ocorrência e importância econômica da Coccidiose Aviária. A grande maioria dos levantamentos realizados em granjas de frango de corte relata a ocorrência simultânea ou não, de seis a sete espécies de Eimeria que acometem a galinha doméstica (Kawazoe & Figueiredo, 1990; Terra et al., 2001; Carvalho et al.,2011; Moraes et al., 2015), sendo Eimeria maxima, E. acervulina e E. tenella, as mais frequentemente observadas (Toledo et al., 2011; Carvalho et al.,2011; Moraes et al., 2015). A E. necatrix não é comumente relatada neste tipo de criação e, geralmente está presente em aves com longo período de alojamento, como matrizes e reprodutoras pesadas (Santos et al., 2003). Pelo fato da Coccidiose Aviária ser causada por sete espécies de Eimeria, que podem ou não ocorrer simultaneamente, com diferentes graus de intensidade, o cálculo das perdas econômicas causada por esta doença é bastante complexo (Williams, 1999). Além das infecções serem mistas, há espécies, como E. mitis e E. preacox, que somente interferem com o ganho de peso e conversão alimentar, enquanto que há outras, como E. necatrix, E. tenella e E. maxima que em adição a estes efeitos, induzem severas lesões intestinais e/ou cecais que podem culminar em alta mortalidade (Williams, 1999). Num levantamento realizado, Castro (1994) observou que aproximadamente 65% das criações avícolas brasileiras pesquisadas apresentavam Coccidiose, e o quadro clínico variava de subclínico a clínico. Segundo Castro (1994) as perdas decorrentes da Coccidiose subclínica podem atingir valores próximos a US$ 19,1 milhões anuais, sendo US$ 11,85 milhões relacionados à carne e US$ 7,25 milhões em consumo de ração.

2. Formas clínica e subclínicas Em relação à patogenia da Coccidiose, há três formas de interação parasita-hospedeiro comumente obsevadas no campo: a Coccidiose clínica, com sintomas e lesões aparentes, a subclínica cujos sintomas são inaparentes, mas com redução do ganho de peso e aumento da conversão alimentar e, a coccidíase, na qual as aves são infectadas, mas não apresentam a doença e nem redução da performance, que é o caso da infecção decorrente da vacinação das aves. Devido ao uso constante de anticoccidianos, atualmente não são frequentes os surtos provocados pela eimeriose e os maiores problemas econômicos estão relacionados à Coccidiose subclínica (Williams, 1999). Outro ponto importante a ser ressaltado é que surtos da doença, parcialmente controlados, podem resultar numa Coccidiose subclínica, de tal forma, que se o programa de controle da enfermidade não for bem executado e bem monitorado, o produtor somente terá prejuízos, tanto com o gasto com drogas e/ou vacinas utilizados, quanto com a redução dos índices zootécnicos induzidos pela forma subclínica da doença. As alterações decorrentes da forma subclínica nem sempre são percebidas, mas o impacto econômico é significativo nas granjas avícolas, já que uma leve lesão intestinal pode induzir menor absorção de nutrientes reduzindo a eficiência metabólica e imunológica das aves acometidas, predispondo as mesmas às doenças intercorrentes (Allen & Fetierer, 2002), tais como a enterite necrótica (Van Immerseel et al., 2004).

3. Interação com outras enfermidades Em consequência à lesão intestinal causada pela invasão e multiplicação dos estágios do parasita do gênero Eimeria, há um desequilíbrio do ecossistema intestinal favorecendo a colonização, proliferação e a produção de toxinas pelo Clostridium perfringens, causador da enterite necrótica (Van Immerseel et al., 2004). Além disto, a lesão intestinal provocada por estas coccidias também pode possibilitar que bactérias comensais oportunistas como vários sorovars de E. coli e Salmonella invadam e se proliferam, alterando ainda mais o equilíbrio intestinal (Palliyeguru & Rose, 2014). A enterite necrótica pode ser observada tanto na forma clínica quanto na subclínica e estima-se que em frangos de corte esta patologia induza uma redução de 12% no ganho de peso e um aumento de 10,9% da conversão alimentar (Skinner et al., 2010). O controle da Coccidiose quer seja pela administração de anticoccidianos (Elwinger et al., 1998), ou pela vacinação pode diminuir a ocorrência da enterite necrótica no campo (Williams et al., 2003). Mas por outro lado, vacina viva de cepas atenuadas de Eimeria, quando oferecida numa quantidade 10x maior que a prescrita, associada a demais alterações da dieta, pode induzir a forma subclínica da necrose entérica (Pedersen et al., 2008). Desta forma, importante salientar que não basta os criadores utilizarem um programa de controle da Coccidiose, este tem que ser bem realizado, de forma consciente, sempre aliado a um diagnóstico correto e um constante monitoramento do status da Coccidiose no campo.

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Diagnóstico e monitoria da Coccidiose 1. Diagnóstico e identificação Classicamente, o diagnóstico da Coccidiose Aviária é realizado pela avaliação dos sintomas, lesões macro e microscópicas em diferentes regiões do intestino das aves, em associação aos testes laboratoriais como exame direto das fezes e concentração dos oocistos por flutuação em solução saturada. Após a concentração, os oocistos são colhidos e analisados quanto à morfologia para diferenciação das espécies de Eimeria que estão acometendo a criação. Os sinais clínicos da doença podem ser descritos como diarreia, que varia de mucóide a sanguinolenta, desidratação, penas arrepiadas, anemia, despigmentação da pele (palidez de crista e barbela) e prostração. A necropsia das aves pode ser realizada pela observação das lesões em regiões específicas do intestino e/ou cecos, seguindo os critérios estabelecidos por Johnson & Reid (1970), nos quais as lesões macroscópicas observadas para cada uma das quatro seções do intestino (duodeno, jejuno, íleo e cecos), são classificadas em graus de escore de lesão em uma escala de 0 a 4. É importante ressaltar que a Coccidiose é uma doença de plantel e como tal, deve ser vista de forma populacional e não de forma individual. A associação de sintomas, na forma e frequência que ocorrem na população, seja no galpão ou na granja como um todo, associados aos parâmetros econômicos, tais como, ganho de peso diário (GPD) e final, consumo de ração, conversão alimentar (CA), idade de abate, e os achados de necropsia, são fundamentais para o correto diagnóstico da doença. Entretanto, durante o diagnóstico, algumas vezes podem se notar sobreposições de sítios de lesões e tamanho de oocistos, dificultando a identificação da espécie que está acometendo o plantel (Long & Joyner, 1984). Isto pode ser observado, por exemplo, para espécies de Eimeria que não são corriqueiramente observadas, como E. brunetti e E. necatrix que podem compartilhar determinadas características com outras espécies de Eimeria. Nestes casos, além do diagnóstico baseado nos índices de produtividade, sintomas, lesões macro e microscópicas e observação de oocistos, outras ferramentas de diagnóstico, como testes moleculares, podem auxiliar na discriminação das espécies de Eimeria. De um modo geral, as técnicas moleculares se baseiam na amplificação de regiões específicas do DNA de cada espécie de Eimeria, não necessitando de grandes quantidades de oocistos. Como podem ser realizados para pequeno número de oocistos, estes testes tem a vantagem de detectar e discriminar as espécies de Eimeria que ocorrem em infecções subclínicas sem lesões aparentes sejam estas mistas ou não (Carvalho et al., 2011; Fernandez et al., 2003). Como desvantagem, estes testes necessitam de transporte das amostras coletadas para laboratórios especializados e, dependendo do teste, podem ser onerosos ao criador. Há vários testes moleculares disponíveis e publicados na literatura e dentre estes, destaca-se o teste PCR (polimerase chain reaction) multiplex desenvolvido na Universidade de São Paulo, pelo grupo do Prof Arthur Gruber. Este teste permite numa única reação, a discriminação simultânea das espécies de Eimeria de galinha que estão presentes na amostra coletada de uma dada criação (Fernandez et al., 2003). Uma variação da PCR convencional é o teste LAMP (Loop-mediated isothermal amplification) que utiliza uma enzima para a amplificação isotérmica de uma região específica do DNA do parasita. Este teste apresenta alta especificidade, sensibilidade, rapidez e seu custo é reduzido sendo utilizado para a detecção de diversos patógenos, incluindo Eimeria (Barkway et al., 2011). Além destes testes, há também testes moleculares de alta sensibilidade e especificidade que quantificam a presença de certas regiões do genoma dos parasitas, possibilitando desta forma não só a discriminação da espécie de Eimeria, mas também a quantificação das mesmas, mensurando de forma indireta o grau de infecção de cada espécie de Eimeria existente numa granja (Vrba et al., 2010). Além dos testes moleculares, há também testes mais acessíveis que também podem auxiliar na discriminação das espécies de Eimeria existentes numa amostra de campo. Baseado na análise do tamanho e formato dos oocistos, o COCCIMORPH (www.coccidia.icb.usp.br/coccimorph) (Castañón et al., 2007) é um sistema público e gratuito que permite ao usuário submeter individualmente a imagem de oocistos de Eimeria de galinha recebendo em tempo real o diagnóstico da espécie de Eimeria presente na imagem enviada. Este sistema é bastante interessante, pois não necessita de transporte da amostra, é rápido, barato, não está sujeito à identificação subjetiva dos oocistos e não envolve os custos dos testes moleculares realizados em laboratórios, necessitando apenas de fotomicrografias enviadas pela internet. E-book Revista do AviSite

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A Coccidiose das galinhas domésticas é causada por sete espécies de parasitas do gênero Eimeria e, a infecção no campo pode ocorrer por uma ou mais espécies simultaneamente, sendo comumente observada em frangos de corte e matrizes reprodutoras

2. Monitoria do controle da Coccidiose A integridade da mucosa intestinal tem um papel importante no desenvolvimento da ave, visto que os processos de absorção são totalmente dependentes dos mecanismos que nela ocorrem (Macari et.al., 2000). Ou seja, a absorção de nutrientes somente se efetivará quando houver integridade funcional de todo o conjunto de células que fazem parte da mucosa. Atualmente, além dos parâmetros de desempenho zootécnico, é fundamental que o técnico também tenha em mente quão importante é o monitoramento da integridade anátomo funcional da mucosa intestinal das aves. A avaliação da saúde intestinal deve fazer parte integrante de todo e qualquer programa de controle de uma operação avícola, seja ela de médio ou grande porte. Não se pode esquecer que a ração representa na criação de frangos de corte entre 70 a 80% do custo de produção e, portanto, o aproveitamento dos nutrientes está ligado a um intestino íntegro e saudável. Infelizmente, não há meios de se eliminar totalmente as eimérias do meio ambiente, mas sim controlá-las através de diversas medidas, entre elas destaca-se o manejo dentro do aviário, o controle sanitário de outras doenças que afeta a ave, principalmente o seu sistema imunológico, como é o caso da Doença de Gumboro e finalmente o uso de anticoccidianos na ração, de forma preventiva, desde o primeiro dia de vida da ave até 5 a 7 dias antes do abate. O que se busca na verdade é uma redução da carga parasitária no ambiente, no caso, da cama do aviário, propiciando um equilíbrio na relação hospedeiro/parasita e um ambiente mais favorável para as aves. A monitoria no campo é hoje uma prática muito difundida entre os sanitaristas avícolas e o escore de lesões (Johnson & Reid,1970) tem sido utilizado como uma ferramenta no diagnóstico da Coccidiose, sendo fundamentalmente uma das principais ferramentas que o veterinário tem hoje para monitorar o status da Coccidiose no campo. O que se vê hoje no campo é a utilização de diferentes métodos ou programas de avaliação da saúde ou da qualidade intestinal das aves. Para tanto são empregados métodos muitas vezes subjetivos, que podem tornar-se objetivos sempre que realizados por uma mesma pessoa. As grandes integrações têm os seus próprios critérios de monitoria e muitas delas desenvolveram os programas em parceria com a indústria veterinária através das suas equipes de assistência técnica.

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A esses programas foram dados diferentes nomes, como por exemplo, “Sistema de Gerenciamento de Informações de Necrópsias”, o qual por uma metodologia própria e específica ajudava as empresas a identificar, diagnosticar e quantificar os seus problemas sanitários. Para tanto foram usadas planilhas próprias que caracterizavam e quantificavam ou simplesmente informavam a presença ou não de determinadas patologias. Outro programa implantado foi chamado de “Sistema de Monitoramento da Qualidade Intestinal das Aves” que tinha como objetivo a avaliação das enterites. Este programa utilizava um critério de classificação das enterites (mucóide, necrótica e aquosa), atribuindo a elas diferentes graus de acordo com a severidade das mesmas. Para se obter uma monitoria eficiente, o ideal é buscar a uniformidade dos critérios e a implantação de mais laboratórios, oficiais ou não, que tenham sistemas de diagnósticos padronizados. Além disso, a monitoria no campo deve ser permanente e seguir uma metodologia constante e homogênea. Para isto é importante a presença de pessoal capacitado no laboratório de diagnóstico e veterinários no campo com bom conhecimento e experiência em patologia. Hoje a monitoria da qualidade intestinal das aves é uma prática obrigatória e comum em toda e qualquer operação avícola. Cada empresa tem e segue a sua metodologia própria para avaliar a saúde intestinal das aves e aplicar critérios que auxiliam o sanitarista na definição e ou escolha de programas sanitários que irão auxiliar na prevenção e controle das enfermidades que afetam o sistema digestório das aves. Para finalizar, a monitoria poderá ser também realizada, de forma mais sofisticada, contando com os recursos que um laboratório de diagnóstico oferece tais como: • necropsia das aves através das quais podem ser encontradas lesões típicas em regiões específicas dos intestinos; • exame direto das fezes para detecção de oocistos; • análise morfológica, forma e tamanho dos oocistos, após a técnica de concentração dos oocistos por flutuação em sal, uma vez que os oocistos são pouco densos acumulando-se na fase superior da solução salina saturada;. • oocistograma – contagem do número de oocistos por grama de fezes ou de cama provenientes de uma ou mais granjas; • associação com demais técnicas laboratoriais.

3. A importância da realização de AST(Anticoccidial Sensitivity Test) no Brasil A Coccidiose no Brasil está presente nas diversas regiões produtoras de frangos de corte, sendo seu controle um desafio oneroso e complexo para as indústrias produtoras. Medicamentos anticoccidianos são amplamente utilizados para a prevenção da Coccidiose e várias pesquisas têm demonstrado não só o aparecimento de cepas de Eimeria resistentes à grande parte dos anticoccidianos empregados para o controle da Coccidiose como também variabilidade desta resistência em função do tipo de anticoccidiano utilizado bem como do programa definido pelas empresas avícolas (Chapman, 1976; McDougald et al. 1987; Chapman, 2014). Para otimizar a utilização da medicação profilática numa dada área ou granja, é fundamental que se tenha o conhecimento do perfil do fármaco utilizado (Peek & Landman, 2003) e a sensibilidade da população de Eimeria que esteja acarretando desafio, seja ele clínico ou sub-clínico, aos anticoccidianos empregados. A garantia de eficácia de um anticoccidiano a longo prazo está atrelada a um constante monitoramento do status de resistência ou sensibilidade das espécies de Eimeria ao fármaco ou ao grupo de fármacos empregados numa dada região e/ou granja, correlacionando este com o desempenho zootécnico dos frangos neste período. Com a monitoria, o veterinário terá em mãos dados objetivos, computados e tabelados que o orientará quanto às medidas a serem tomadas a cada momento, como a necessidade ou não de estabelecer um programa de rotação de drogas. Para esta monitoria, uma das ferramentas preconizadas é o AST (anticoccidial sensitivity test) (Chapman, 1998) que permite a comparação in vivo da eficácia dos diferentes anticoccidianos sobre a infecção causada por uma população de Eimeria numa dada granja e/ou área em um determinado momento, sendo um referencial importante no aspecto epidemiológico e também uma ferramenta muito valiosa para a escolha e definição de um programa de controle da Coccidiose Aviária. O AST é um teste realizado num galpão experimental com rigoroso controle sanitário, onde frangos de corte são tratados com os anticoccidianos a serem presquisados e desafiados preferencialmente com espécies de Eimeria de maior importância numa dada região. Durante o teste, vários parâmetros como ganho de peso, conversão alimentar (CA), mortalidade e escore de lesão (Johnson e Reid, 1970) causados pelas espécies de Eimeria são avaliados. Vários países têm empregado este teste com sucesso (McDougald et al. 1987, Peek & Landman, 2003), obtendo inclusive, redução da ocorrência da Coccidiose no campo (Peek & Landman, 2003). O AST ainda não é largamente utilizado no Brasil, mas assim que for empregado de maneira mais expressiva, possibilitará: E-book Revista do AviSite

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A alta densidade populacional e contínuo contato das aves com as fezes são condições que aumentam a transmissão do parasita induzindo uma alta morbidade, ou seja, acometimento de grande quantidade de aves

• fornecer dados tangíveis e insights para ajudar a elaborar e aperfeiçoar programas de controle de Coccidiose e desta forma minimizar prejuízos econômicos; • monitorar os perfis de vários anticoccidianos contra desafios de cepas de Eimeria isoladas de campo; • avaliar a resposta das eimérias de campo frente a diferentes drogas e também diferentes concentrações; • avaliar a sensibilidade de uma droga utilizada há bastante tempo, com o objetivo de ajudar decidir sobre rodízio ou não desta droga; • avaliar a viabilidade e eficácia de “novos produtos” de âmbito nacional e internacional: novas moléculas, novas combinações ou ainda diferentes concentrações; • obter informações epidemiológicas determinando quais são as drogas que apresentam maior resistência/sensibilidade contra cada Eimeria alvo pesquisada naquele ano em caso de Coccidiose, bem como sua ocorrência e distribuição no território nacional; • comprovar a eficácia de aditivos naturais como métodos alternativos para controlar a Coccidiose (alguns ajustes na técnica do AST podem ser feitos para esta finalidade). Deve ser levado em consideração que o AST trata-se de um teste laborioso e de custo elevado, necessitando de um local apropriado e equipe devidamente treinada para sua realização. Além disso, os resultados aplicam-se apenas à sensibilidade da coccidia às drogas testadas e não abordam a questão mais ampla dos efeitos totais dos produtos (possíveis promotores de crescimento) sobre o desempenho de frangos de corte em condições comerciais (McDougald et al. 1987). Outra ressalva a ser feita é o perfil de sensibilidade/resistência das amostras de Eimeria frente aos anticoccidianos testados não necessariamente representa o que está ocorrendo na média da população de frangos de corte em âmbito nacional (Peek & Landman, 2003).

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Prevenção e controle da Coccidiose A prevenção da Coccidiose é feita pelo uso de medicação anticoccidiana nas rações e utilização de vacinas, sendo que a prática de vacinação em frangos de corte não é expressiva no mercado mundial quando comparada com o uso de drogas anticoccidianas.

1. Anticoccidianos Drogas

Anticoccidianos são drogas utilizadas para prevenir a Coccidiose e, desde sua utilização, as perdas mundiais com a doença têm reduzido significativamente. De um modo geral, as drogas anticoccidianas são administradas nas rações das aves de forma preventiva desde o 1º dia de vida até 5 ou 7 dias antes do abate. Alternativamente, podem também ser utilizadas na água de bebida, embora seja mais oneroso e de resultados discutíveis. Quanto à forma química, existem dois tipos de drogas anticoccidianas: • químicas: obtidas por síntese química em laboratório; • antibióticos ionóforos (poliéteres): obtidos a partir da fermentação bacteriana. Nas últimas três décadas, por conta do surgimento de cepas de coccídias tolerantes e ou resistentes, a indústria veterinária desenvolveu outros produtos baseados em combinações de ionóforos com a nicarbazina, a qual é também na verdade um anticoccidiano químico e que possui excelente eficácia no controle de coccídias. Essas associações exploram o conceito de sinergia e ou potenciação entre as drogas visando um controle mais eficaz, principalmente contra as cepas resistentes que, em alguns casos, já não são tão bem controladas pelas drogas usadas individualmente. A seguir são apresentadas algumas dessas combinações: • Nicarbazina + Maduramicina • Nicarbazina + Narasina • Nicarbazina + Senduramicina • Nicarbazina + Salinomicina • Metil benzoquato + clopidol (neste caso dois químicos) Quanto ao tipo de ação, os compostos químicos possuem modo de ação específico (sobre apenas uma etapa do metabolismo da coccídia), propiciando ao parasita desenvolver resistência de forma bastante rápida. Eles podem atuar como coccidicidas (matando as coccídias) ou coccidiostáticos (interrompem o desenvolvimento dos parasitas sem destrui-los). O controle da Coccidiose através do uso de produtos químicos vem sendo praticado desde os anos 50 até o presente. As sulfas foram as primeiras drogas a serem usadas, tanto na água de bebida como na ração. Um dos últimos compostos químicos lançados no mercado mundial foi o diclazuril (1989) e até o momento, não há indícios de lançamento de novos anticoccidianos (Witcombe & Smith, 2013). Há várias razões para o não lançamento de novas drogas, e dentre estas, inclui-se o fato de não existir um produto ideal que preencha todos os requisitos como: ser eficaz contra espécies e cepas economicamente importantes para as aves, não gerar resistência ou então que a mesma se desenvolva de forma lenta, não interferir no desempenho das aves ainda que sob condições ambientais diversas e ser seguro para o frango, ao meio ambiente e ao consumidor. O primeiro antibiótico ionóforo a ser lançado foi a monensina, cuja introdução apresentou um profundo efeito no controle da Coccidiose (Shumard & Callender, 1967). A partir da década de 80 foram lançados a lasalocida, narasina, salinomicina, maduramicina e por fim a senduramicina. Estes antibióticos atuam no balanço eletrolítico de vários estágios do parasita, tais como, esporozoítos e merozoítos extracelulares, esporozoítos intracelulares e possivelmente contra estágios de gametogonia. Provavelmente, atuam principalmente sobre os trofozoítos justamente quando da passagem de espozoítos para trofozoítos e no momento em que penetram na célula (López & Olvera 2006). Devido ao seu mecanismo de ação, os ionóforos tem efeito coccidicida e a resistência dos parasitas frente a estes compostos se desenvolve de forma mais lenta quando comparado aos demais anticoccidianos. Os ionóforos são obtidos a partir da fermentação de diferentes espécies de actinomicetos (Quadro 1) e, apesar de terem o mesmo mecanismo de ação, apresentam seletividade diferenciada pelos cátions envolvidos com o balanço eletrolítico das células parasitárias (Quadro 2) (Pressman, 1976). E-book Revista do AviSite

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E-book Coccidiose Quadro 1. Microrganismos produtores de ionóforos

Espécie

Droga

Streptomyces lasaliensis

Lasalocida

Streptomyces cinnamonensis

Monensina

Streptomyces albus

Salinomicina

Streptomyces aureofaciens

Narasina

Actinomadura yumaensis

Maduramicina

Actinomadura roseorufa

Semduramicina

Adaptado de López & Olvera (2006)

Embora ocorra o aparecimento de cepas resistentes aos anticoccidianos, processo este natural de sobrevivência do parasita, até hoje, o uso de anticoccidianos na ração é o meio mais eficaz de prevenção da Coccidiose. Infelizmente, há poucos produtos encontrados no mercado e no momento não há perspectiva de desenvolvimento de novos produtos. Para retardar o aparecimento da resistência dos coccídios aos anticoccidianos, um ponto primordial é a utilização correta do programa de controle, e em seguida, deve-se sempre procurar alternar o uso de produtos entre um programa e outro, salientando-se que quanto maior a variabilidade dos produtos em relação ao modo de ação, menor é a possibilidade de se desenvolver resistência.

Quadro 2. Seletividade catiônica dos ionóforos

Droga

Seletividade

Valencia

Lasalocida

K+ > Na+ > Ca++

Bivalente

Monensina

Na+ >> K+

Monovalente

Narasina

Na+ >> K+

Monovalente

Salinomicina

K+ > Na+

Monovalente

Adaptado de López & Olvera (2006)

Medicação Até meados do século 20, a Coccidiose era somente tratada, não existia o conceito da prevenção da parasitose e com isto, as perdas eram elevadas e o desempenho das aves era bastante prejudicado. A partir da década de 40, nasceu um novo conceito que foi o uso de medicação preventiva com a utilização contínua de sulfas. Começou então uma nova era na avicultura industrial e houve um progresso muito grande com o aparecimento de novas drogas, uma vez que a indústria farmacêutica procurou rapidamente acompanhar o desenvolvimento da indústria avícola. No início, o controle e prevenção da Coccidiose era realizado com programas cheios ou diretos (“full” ou “ straight”), em que um único produto (químico/químico ou ionóforo/ionóforo) era usado do início ao fim da criação do lote, com um período de retirada antes do abate das aves (5 a 7 dias). Posteriormente foram introduzidos os programas duais (“shuttle”), em que dois químicos diferentes ou dois ionóforos também diferentes ou ainda, um químico ou um ionóforo, são usados um na fase inicial e o outro na fase de crescimento e vice-versa. Foram ainda introduzidos programas “triais”, um para cada fase, pré-inicial, inicial e crescimento. Atualmente, aliado aos programas duais ou triais, também se utiliza a rotação onde uma ou duas drogas (programa duais) são utilizadas por um período de tempo (verão ou inverno) e depois se troca por outra(s) droga(s). Após um novo período de tempo se retorna à droga originalmente utilizada. Além deste, rotação de drogas e vacinas também é empregada e neste programa, utiliza-se drogas por um período de tempo, que em seguida é substituída pela vacinação, retornando a seguir a utilização de drogas. O objetivo desta rotação é o restabelecimento da sensibilidade pela troca de populações de parasitas resistentes por outras sensíveis às drogas (cepas vacinais),

2. Vacinas e vacinação Já é sabido de longa data que as infecções por Eimeria spp. induzem resposta imune protetora no hospedeiro (Tizzer,1929). Baseando-se neste princípio e a facilidade potencial com a qual os oocistos podem ser administrados às aves, em 1952 surgiu a primeira vacina viva que passou a ser usada comercialmente na época.

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As vacinas possuem certas características, tais como: • representam um controle natural da Coccidiose; • induzem uma imunidade ativa; • os resultados dos estudos, de laboratório e de campo, realizados até a década de 90 com vacinas vivas eficazes, sugerem que protegem as aves contra os efeitos patogênicos de uma infecção coccidiana, mas não necessariamente induzem uma imunidade absoluta, isto é, protegem contra a doença mas não contra a infecção per se; • a imunidade é mediada por células; • anticorpos humorais têm uma menor importância; • a imunidade é específica para cada espécie e não há proteção cruzada entre as espécies. Embora as vacinas existam desde 1952, o seu uso no Brasil somente passou a ser mais frequente nos últimos 10 a 15 anos, e isso é devido a vários fatores, tais como: receio dos produtores quanto à possibilidade de aparecimentos de resíduos de drogas nos tecidos, menor probabilidade de lançamento de novas drogas no mercado e aumento de cepas tolerantes e ou resistentes às drogas. Finalmente, pode-se também considerar que o acréscimo da produção de frangos chamados “orgânicos” tenha contribuído também para o aumento da utilização de vacinas. Mesmo com o aumento do uso de vacinas durante os últimos 40 anos, a sua utilização tem acontecido em uma escala muito pequena quando comparado à quimioterapia profilática com anticoccidianos.

Vacinas Existem hoje no mercado dois tipos de vacinas vivas: • vivas virulentas, ou também, ditas patogênicas, que contém oocistos vivos esporulados de espécies patogênicas; • vivas não virulentas, que contém oocistos vivos esporulados de linhagens atenuadas por passagens em ovos embrionados ou pela seleção de oocistos que são eliminados nas fezes de modo prematuro (cepas precoces). Existem algumas diferenças entre as vacinas virulentas e as não virulentas e estas foram destacadas no quadro 3. Desde 1952 até início da década de 90, várias vacinas vivas foram lançadas no mercado (Quadro 4) e até o momento, ainda são comercializadas tanto no Brasil, quando mundialmente. Em 2005 duas outras vacinas foram lançadas: a Coxabic que é uma vacina de subunidade composta por um purificado proteico de gametócitos de E.maxima APGA (Antigenos de Gametócitos Purificados por Afinidade), sendo utilizada para a prevenção da Coccidiose em frango de corte pela imunização materna e, a Bio-Coccivet R que é uma

Quadro 3 – Comparação entre as vacinas vivas virulentas e não virulentas quanto à patogenicidade, lesões induzidas, margem de segurança, utilização de quimioterapia após a administração e custo

Vivas Virulentas

Vivas não virulentas

Patogenicidade maior

Patogenicidade nula

Maior número de lesões intestinais

Sem risco de Coccidiose clínica

Menor margem de segurança

Maior margem de segurança

Pode necessitar de quimioterapia subsequente ao seu uso

Não requer tratamento subsequente ao seu uso

Menor custo

Custo mais elevado

Adaptado de López & Olvera (2006)

vacina viva atenuada constituída de uma suspensão concentrada de oocistos esporulados das setes espécies de Eimeria isoladas no Brasil, sendo empregada para a prevenção da Coccidiose em reprodutoras leves e pesadas. Além destas vacinas, também está disponível a Bio-Coccivet que é uma vacina atenuada de oocistos vivos constituída de uma suspensão concentrada de oocistos esporulados de 5 espécies de Eimeria: E. acervulina, E. praecox, E. maxima (3 cepas), E. tenella e E. mitis, isoladas de campo no Brasil, indicada prevenção da Coccidiose em frangos de corte. Recentemente também foi lançada no Brasil a FORTEGRA que é uma vacina viva indicada para frangos de corte que contém 5 espécies de Eimeria, incluindo as mais importantes para o campo como E. acervulina, E. maxima (2 cepas) e E. tenella, O mercado avícola, incluindo os técnicos e a agroindústria de uma maneira geral, devem considerar as vacinas como um complemento aos programas de controle e prevenção da Coccidiose pois possibilitam a introdução de cepas mais sensíveis ajudando desta forma, a restabelecer a sensibilidade das eimérias às drogas. E-book Revista do AviSite

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Os sinais clínicos da doença podem ser descritos como diarreia, que varia de mucóide a sanguinolenta, desidratação, penas arrepiadas, anemia, despigmentação da pele (palidez de crista e barbela) e prostração 18

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Quadro 4. Vacinas disponíveis comercialmente e suas características

Nome

Patogenicidade

Tipo de ave

Espécies. incluídas

Coccivac B (1952)

Virulenta

Frangos de corte

E. acervulina, E.maxima; E. tenella

Coccivac D (1952)

Virulenta

Reprodutoras Poedeiras comerciais

Todas as espécies

Immucox I (1986)

Virulenta

Frangos de corte

E. acervulina, E.maxima, E. tenella, E.necatrix.

Immucox II (1986)

Virulenta

Reprodutoras Poedeiras comerciais

E. acervulina, E.maxima, E. tenella, E.necatrix, E brunetti

Paracox (1992)

Não virulenta

Todas as classes de aves

Todas as sete espécies

Livacox (1992)

Não virulenta

Todas as classes de aves, E. acervulina, E.maxima, E. principalmente frangos de corte tenella

Coxabic (2005)

Não virulenta

Frangos de corte (via ovo)

E. maxima

Bio-Coccivet (2005)

Não virulenta

Frangos de corte

E. acervulina, E.maxima, E. tenella, E.mitis, E. praecox

Bio-Coccivet R(2005)

Não virulenta

Reprodutoras leves e pesadas

E. acervulina, E.brunetti, E. maxima, E.necatrix, E.praecox, E. tenella, E.mitis

Fortegra (2013)

Vacina viva

Frangos de corte

E. acervulina, E.maxima, E. tenella, E.mitis

Desde 1952 até início da década de 90, várias vacinas vivas foram lançadas no mercado (Quadro 4) e até o momento, ainda são comercializadas tanto no Brasil, quando mundialmente. Em 2005 duas outras vacinas foram lançadas: a Coxabic que é uma vacina de subunidade composta por um purificado proteico de gametócitos de E.maxima APGA (Antigenos de Gametócitos Purificados por Afinidade), sendo utilizada para a prevenção da coccidiose em frango de corte pela imunização materna e, a Bio-Coccivet R que é uma vacina viva atenuada constituída de uma suspensão concentrada de oocistos esporulados das setes espécies de Eimeria isoladas no Brasil, sendo empregada para a prevenção da coccidiose em reprodutoras leves e pesadas (Quadro 4). Além destas vacinas, também está disponível a Bio-Coccivet que é uma vacina atenuada de oocistos vivos constituída de uma suspensão concentrada de oocistos esporulados de 5 espécies de Eimeria: E. acervulina, E. praecox, E. maxima (3 cepas), E. tenella e E. mitis, isoladas de campo no Brasil, indicada prevenção da coccidiose em frangos de corte. (Quadro 4). Recentemente também foi lançada no Brasil a FORTEGRA que é uma vacina viva indicada para frangos de corte que contém 5 espécies de Eimeria, incluindo as mais importantes para o campo como E. acervulina, E. maxima (2 cepas) e E. tenella (Quadro 4).

Vacinação A vacinação baseia-se na indução de uma imunidade protetora após a primeira infecção com oocistos esporulados de espécies de eimérias. Durante muitos anos, principalmente nos Estados Unidos, as vacinas vivas foram mais utilizadas em matrizes e em menor escala em frangos de corte. No Brasil, este mesmo perfil de utilização também foi observado, perdurando até os dias atuais.

3. Boas práticas veterinárias aplicadas ao uso de anticoccidianos e vacinas Atualmente o que se sabe é que não há meios de se eliminar totalmente os oocistos de Eimeria do meio ambiente, de tal forma que a Coccidiose deve ser controlada por meio de diversas medidas, entre elas destaca-se o manejo dentro do aviário, o controle sanitário de outras doenças que afetam as aves, principalmente o seu sistema imunológico, como é o caso da Doença de Gumboro e finalmente, o uso de anticoccidianos na ração de forma preventiva. E-book Revista do AviSite

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E-book Coccidiose Quadro 5. Fatores a serem considerados para a escolha de um anticoccidiano para controlar a Coccidiose Aviária

Droga

Produto Comercial

Forma química ativa.

Forma e granulometria do premix.

Eficácia e espectro de atividade.

Estabilidade física.

Padrão de resistência. Estabilidade genética da resistência produzida.

Qualidade dos lotes comerciais deve ser consistente

Metabolismo, efeitos colaterais e margem de segurança.

Todas as partidas devem ser de uma mesma origem.

Resíduos na carcaça.

Método analítico para verificação de resíduos no tecido e sua variabilidade.

Outros efeitos sobre a microbiota.

Suporte técnico pelo fornecedor.

Em associação ou não a este programa, pode-se também imunizar as aves, empregando-se vacinas contra as sete espécies de Eimeria ou especificamente contra as espécies mais importantes para uma dada região. Desta forma, o que se busca é uma redução da carga parasitária no ambiente, no caso, na cama do aviário, propiciando um equilíbrio na relação hospedeiro/parasita e um ambiente mais favorável para as aves.

Eficácia dos Programas Anticoccidianos A eficácia de programas anticoccidianos depende da sensibilidade das cepas locais às drogas em uso. Os testes de sensibilidade poderão fornecer informações que ajudarão na escolha das drogas e ou produtos mais apropriados para uso em situações específicas. Além disso, o conhecimento prévio dos pontos fortes de cada produto poderá também ajudar na escolha do produto ou programa para a obtenção de melhores resultados de eficácia. O quadro 5 ressalta alguns pontos importantes que devem ser levados em conta antes da escolha de um determinado produto para controlar a Coccidiose Aviária. Além de pontos relacionados aos compostos, outras questões como eficácia no controle da Coccidiose, relação custo-benefício, efeitos colaterais e histórico de uso deste produto na região, propriedade ou operação avícola, devem também ser levados em conta. Importante ressaltar que, apesar de ainda serem eficazes e largamente utilizados, num futuro talvez não muito longínquo o perfil de utilização destas drogas pode mudar, e isto pode estar relacionado à vários fatores, tais como: • diminuição ou perda de eficácia, com o aparecimento de cepas tolerantes ou resistentes, em razão da pressão de seleção ocasionadas pelas drogas sobre as populações de eimérias e, com isso, uma forte alteração na dinâmica populacional das mesmas; • ausência de novos compostos, tanto pelo alto custo de desenvolvimento, como também pela demora na obtenção do registro dos produtos nos órgãos governamentais; • risco de banimento dos produtos por conta das normas cada vez mais rígidas de segurança alimentar impostas pela maioria dos países (resíduos); • pressão cada vez maior dos organismos internacionais (defesa do consumidor, autoridades regulatórias e outros) para o banimento do uso de drogas nas rações de frangos de corte, por conta do risco de aparecimento de resíduos na carne; • incremento gradativo na produção de frango de corte do tipo “orgânico” (criado sem o uso de aditivos na ração). Outro ponto a ser levado em consideração pelo produtor é que para a implantação de vacina em associação ou em substituição ao uso de drogas anticoccidianas, vários fatores devem ser considerados (Quadro 6).

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COCCIDICIDA PARA AVES DE PRODUÇÃO

Frangos de corte, frangas de reposição e perus Tratamento via água de bebida – 2 dias consecutivos.1 Pode ser utilizado sozinho ou associado à coccidiostáticos na ração.2 Ação rápida, eficaz e duradoura.3 Eficaz contra Eimeria acervulina, E. brunetti, E. máxima, E. mivati, E. necatrix e E. tenella (Frangos) – E. adenoides e E. meleagrimitis (Perus). Referências: 1. Mathis, G.F. et al. Coccidiosis control by administering toltrazuril in the drinking water for a 2-day period. Veterinary Parasitology, 121:1–9, 2004 2. Mathis, G.F.; Froyman, R.; Irion, T.; Kennedy, T. Coccidiosis Control with Toltrazuril in Conjunction with Anticoccidial Medicated or Nonmedicated Feed. Avian Diseases 2003 47:2, 463-469 3. Greif, Gisela. Immunity to coccidiosis after treatment with toltrazurila. Parasitology Research, 86:797-790, 2000.

PARA MAIORES INFORMAÇÕES CONSULTE O RÓTULO-BULA DO PRODUTO Consulte sempre um Médico Veterinário E-book Revista do AviSite

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E-book Coccidiose Quadro 6. Análise comparativa das principais características observadas em vacinas e produtos anticoccidianos

Vacinas

Drogas

Requer mais cuidados no uso

Uso simplificado

Depende de uma resposta imunitária (manejo x dosagem correta x resposta)

Uso preventivo (requer menos manejo)

Requer mais cuidados no armazenamento, conservação

Menos cuidados na armazenagem

Custo maior

Custo menor

Ausência de resistência

Risco de resistência sempre presente

Ausência de resíduos

Risco de resíduos

Segurança para o animal, consumidor e meio ambiente.

Toxicidade das drogas (depressão de consumo de ração e água)

Nichos de mercados (frango orgânico, países que baniram ou irão banir os aditivos)

Banimento dos aditivos em geral, incluindo os anticoccidianos

Alternativa para os programas de drogas - após um período de uso, a sensibilidade às drogas pode ser restabelecida.

Uso de drogas requer uma maior atenção na formulação/especificação da dieta/regulagem do misturador

Por fim, fatores ligados ao manejo na criação são fundamentais para se obter sucesso num programa de controle da Coccidiose. Dentre estes, destaca-se os seguintes procedimentos: 1. limitar a exposição das aves aos agentes infecciosos através de boas práticas de biossegurança; 2. manter condições adequadas de ventilação e calor visando o conforto das aves; 3. manter a cama do aviário em condições adequadas para sua utilização; 4. controlar a umidade de cama; 5. ajustar adequadamente os sistemas de bebedouros e comedouros; 6. monitorar a qualidade e consistência do alimento; 7. revisar e calibrar os equipamentos (misturador e demais acessórios da fábrica de ração); 8. realizar testes de homogeneidade rotineiros para garantir a qualidade da mistura e a certeza da correta incorporação do anticoccidiano na ração das aves; 9. avaliar se os fornecedores dos anticoccidianos utilizam métodos analíticos validados para determinação do nível de droga na ração

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Considerações finais e perspectivas Apesar das drogas anticoccidianas e vacinas contra Eimeria de galinhas serem utilizadas comercialmente há décadas, controlar a Coccidiose aviária ainda é um grande desafio para a indústria avícola. O aparecimento de cepas de Eimeria resistentes aos anticoccidianos é uma das principais causas relacionada a este fato. Para retardar e/ou diminuir esta resistência recomenda-se não somente a utilização de drogas de classes químicas diferentes de forma alternada, como também o uso alternado entre drogas e vacinas (Chapman & Jeffers, 2014). Para que estas medidas sejam empregadas com sucesso é também importante se ter o conhecimento da população de Eimeria presente na granja ou região, sendo indicado o monitoramento constante do status da Coccidiose no campo, associando-se a isto, testes de sensibilidade às drogas anticoccidianas. Como já comentado, drogas anticoccidianas e vacinas de oocistos vivos são produtos eficientes para o controle da Coccidiose aviária, mas tem suas limitações, havendo a necessidade de novos produtos que possam incrementar o controle desta parasitose. Produtos derivados de plantas, probióticos, entre outros, tem sido utilizados e testados como alternativa para o controle da Coccidiose (Bozkurt et al., 2013; Shivaramaiah et al., 2014; Almeida et al., 2014). No entanto, ainda pouco se sabe sobre seus efeitos sobre a nutrição das aves, integridade e microbiota intestinais e/ou cecais e resposta imunológica. Além disto, os mecanismos relacionados à prevenção e/ou proteção destes produtos contra a Coccidiose Aviária não são totalmente conhecidos e precisam ser estudados e melhor entendidos (Bozkurt et al., 2013). Por exemplo, há produtos que não atuam diretamente contra o parasita, mas sim melhoram a saúde intestinal ou atuam como estimulante da resposta imunológica (Chapman et al., 2013). Em relação às vacinas, o uso de vacinas recombinantes é uma boa perspectiva para o controle da Coccidiose aviária (Shivaramaiah et al., 2014). Estes produtos não utilizam parasitas vivos de qualquer estágio do ciclo, e por consequência, não há necessidade de imunizar as aves simultaneamente com as sete ou três mais importantes espécies de Eimeria que acometem a galinha doméstica, sendo desta forma, bastante seguras. As vacinas recombinantes são produzidas a partir de fragmentos antigênicos de um patógeno, no caso Eimeria, que são inseridos em outros organismos, que ao expressarem estes antígenos em sua superfície celular, induzem no hospedeiro uma resposta imunológica contra a Eimeria. Estas vacinas são bastante seguras, pois utilizam como carreadores dos antígenos, organismos não patogênicos para as aves (Shivaramaiah et al., 2014). Interessante salientar que o uso de plantas como veiculador destes antígenos também parece ser um sistema promissor para o desenvolvimento de vacinas recombinantes contra a Coccidiose (Sathish et al., 2012). Um dos fatores limitantes para o desenvolvimento de vacinas recombinantes está relacionado ao encontro dos candidatos vacinais (Shivaramaiah et al., 2014). Apesar dos genomas das sete espécies de Eimeria que acometem as galinhas estarem disponíveis (Ling et al., 2007; Reid et al., 2014) bem como várias sequencias de DNA transcritas (Rangel et al., 2013) e sequencias proteicas de Eimeria (Chapman et al., 2014), a análise destes dados não é trivial. Há necessidade de se procurar por antígenos que não somente sejam imunogênicos, mas que tem a capacidade de induzir uma resposta imunológica protetora que também deve ser robusta, efetiva e mensurável (Shivaramaiah et al., 2014). Outro ponto a ser enfatizado, é a produção e utilização comercial das vacinas recombinantes. Escala de produção, preço das vacinas, relação custo-benefício, dose a ser utilizada, via de administração, formulação e métodos para avaliação da eficácia da vacina devem ser analisados, verificados e mensurados (Chapman et al., 2013; Shivaramaiah et al., 2014). Por fim, a despeito do desenvolvimento de novos produtos, devido à biologia do parasita, a epidemiologia e características da doença, é importante que o controle da Coccidiose baseie-se na redução do grau do desafio, na manipulação da infecção subclínica, permitindo que as aves expostas ao parasita desenvolvam resposta imunológica protetora sem prejuízo dos índices zootécnicos (Chapman et al., 2013 Shivaramaiah et al., 2014).Ou seja que as aves desenvolvam um quadro de coccidíase e não de Coccidiose. Com isto, o foco é o cuidado econômico da saúde da ave (Van der Stroom, 1992). Assim, aliado ao programa de controle da Coccidiose, o conforto das aves também deve ser levado em conta, pois aves menos estressadas apresentarão uma melhor e mais eficaz resposta imunológica. Desta forma, o técnico não deve se restringir somente ao controle da Coccidiose, mas também na manutenção de um melhor ambiente de criação, mantendo a umidade e a temperatura controladas, adequado manejo das camas, adequadas medidas de biossegurança não só no galpão, mas também na granja como um todo.

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