Teologia biblica do velho testamentocrabtree

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R. H. Pfeiffer, depois de um estudo profundo da crítica literária, discute o interesse histórico, literário e religioso do Velho Testamento, pondo ênfase nele como a Escritura inspirada, a última fonte da doutrina básica da Igreja e da Sinagoga, e a única história do progresso religioso. H. H. Rowley, numa série de livros, discute o novo interesse na religião de Israel e a relevância do Velho Testamento para os homens modernos. Dá ênfase ao fato de que os escritores bíblicos eram homens falíveis, com suas imperfeições humanas, que Deus podia se revelar perfeitamente somente na personalidade perfeita, e que a encarnação era necessária para a plena revelação do Senhor. Rowley discute elaboradamente passagens no Antigo Testamento que interpretam incorretamente o propósito de Deus. Para ele qualquer interpretação das atividades de Deus, pelos escritores, que não concorda com o seu caráter revelado na Pessoa e nas atividades e ensinos de Cristo é devido ao entendimento errado de homens sinceros, mas limitados por fraquezas humanas e pelas circunstâncias da época. Todavia, o Velho Testamento representa não somente o esforço da parte do homem de encontrar-se com Deus, mas mostra também como Deus se revela ao povo de Israel nas atividades divinas em seu favor. Portanto, o Antigo Testamento é a história das experiências de comunhão do povo de Israel com Deus, e a resposta progressiva de Deus à fome espiritual dos homens. Na sua preleção, The Authority of the Bible, 1946, Rowley apresenta argumentos que considera “válidos perante o tribunal da razão” para estabelecer a autoridade da Bíblia, reconhecendo fatos e fenômenos irrelevantes para os Cientistas físicos. Segundo o seu argumento, o Antigo Testamento é relevante à medida em que concorde com a revelação de Deus em Cristo. Contudo, os dois Testamentos são complementos um do outro e o cristianismo não pode abandonar a primeira parte da sua Bíblia sem grande prejuízo da fé cristã. “A experiência cristã assegura-se adequadamente em Cristo Jesus somente quando se instrui pelos profetas e sal mistas na inter-relação de eventos históricos e a intuição religiosa. Desligada do ambiente hebraico, a experiência cristã tem sido freqüentemente pouco mais de um vago misticismo, que não é histórico e que encontra afinidades igualmente com Yogi e Bhakti e o Cristo da fé cristã”. 22 Ora, a Teologia do Velho Testamento, propriamente entendida e interpretada, não ignora, mas transcende os problemas da crítica literária, com as suas doutrinas imperecíveis. O desenvolvimento da religião de Israel através de um longo período de tempo e a luta contra influências de religiões contemporâneas complicam o problema. O famoso discurso de J. P. Gabler em 1787, sobre a distinção entre a teologia bíblica e a teologia dogmática, marcou o princípio de uma nova época nos métodos de estudar o Velho Testamento. Na sua obra The Theology of lhe Old Testament, publicada em 1904, A. B. Davidson fez uma distinção clara entre a Teologia Sistemática e a Teologia Bíblica. Na Teologia do Velho Testamento estudam-se as operações de Deus na introdução do seu reino entre o povo escolhido, como se apresentam nas Escrituras deste povo. Em 1922 Eduard König, na sua obra Theologie des Alten Testaments, despertou novo interesse na Teologia do Antigo Testamento. Ele introduziu a interpretação realística do Velho Testamento baseada nos métodos gramaticais e históricos. Depois de fazer um exame da história da religião de Israel, ele oferece o seu sistema de fatores e idéias que determinaram a história, mas o seu método não é muito satisfatório. A obra de Otto Eissfeldt, 1926, trata do problema da tensão entre a história e a revelação. Podese tratar da religião de Israel do ponto de vista puramente histórico ou pode-se discuti-la como a revelação de Deus. Os dois métodos, diz ele, são legítimos, mas deve-se guardar claramente a distinção nítida entre os dois sistemas de tratar a matéria. Segundo Eissfeldt, é impossível provar a revelação divina dentro da esfera dos eventos históricos. Otto Procksch apresenta argumento de que há mistérios e paradoxos, nas Escrituras, que escapam à interpretação histórica, e que o mundo espiritual apresenta-se à fé, mas fica escondido às faculdades vulgares de cognição. Hermann Schultz concorda, pelo menos em parte, com a tese de Procksch. Diz ele que nenhum documento histórico divulga a sua significação, senão à pessoa de 22

. Victor Murray, Personal Experience and the Historic Faith, p. 97

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