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mantinha três cacimbas e um chafariz. As sujidades enterravam-se ou ficavam expostas à ação saneadora do sol, salvo pequenina parcela levada ao mar, em quimoas, na cabeça de escravos. [...] Nas noites sem lua ficava escura como breu, salvo no trecho central, onde tremulavam os clarões amarelados de 46 lampiões alimentados a azeite de peixe. Depois das 20 horas a cidade estava dormindo. As ruas desertas, tão desertas, que na praça principal [a do Ferreira], anos depois, se podia tomar banho completamente despido, junto ao cacimbão revestido de aduelas e margelas de pedras de Lisboa. [...] Por entre o casario levantavam-se quatro igrejas, humildes nos aspectos e alfaias. Poucos edifícios públicos. Destacava-se o casarão do Palácio do Governo. (BRAGA, Renato. História da Comissão Científica de Exploração, 2004)

Em 24 de julho daquele ano, a barca francesa “Splendide” traria da Argélia, a serviço da Comissão Exploradora, jocosamente denominada de “Comissão Defloradora” ou “das Borboletas”, 14 dromedários e alguns tratadores (em turbantes) argelinos. Tantos os animais quanto os “mouros” causaram grande assombro na cidade. A vinda dos “camelos” foi ideia de Capanema, um dos membros da Comissão, amigo de Gonçalves Dias, figura que seria muito criticada em Fortaleza por seu comportamento boêmio e pelos trajes pouco “usuais” – andava com chapéu de

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