Revista Conexão Bahia 214 - Sebrae

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80% da área de frutas plantadas no local. Foram nesses pomares que Pedro Bernardino depositou esperança de uma vida melhor para toda a sua família. Há 40 anos, o produtor rural investiu na plantação de manga, banana, acerola e limão, em quase dez hectares no Projeto Mandacaru, zona rural de Juazeiro, no Norte da Bahia. “Minha vida é lidar com a terra. Produzir alimento foi o que eu aprendi a fazer. Quando se une a vontade de trabalhar com as condições climáticas favoráveis, água na medida certa o ano inteiro, graças às águas do Rio São Francisco, só tenho a prosperar”, conta. A produção de Pedro Bernardino é destinada ao mercado interno, onde as frutas do Submédio Vale do São Francisco têm uma representação significativa no cenário nacional. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), o mercado brasileiro de uva fresca está estimado em 1.450.000 toneladas, sendo que a produção do Vale do São Francisco detém 20% do mercado interno, concorrendo com uma grande produção, principalmente de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Já com a produção de mangas, o Vale ganha ainda mais destaque, com a participação de consideráveis 54% do volume do mercado brasileiro. A região também ocupa um lugar representativo no cenário internacional. Há cerca de dez anos, 90% das frutas exportadas pelo país, principalmente para a Europa e Estados Unidos, saem do Submédio Vale do São Francisco. Segundo dados da Associação dos Produtores e

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Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), em 2015 foram exportadas 190 toneladas de manga e uva para Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul, o que movimentou US$ 256 milhões.

190 toneladas de frutas exportadas movimentaram US$ 256 milhões em 2015

Instituto da Fruta Para manter o ritmo de crescimento, ter maior representatividade e conquistar novos mercados nacionalmente e no exterior, os produtores rurais e instituições afins buscam a formalização do Instituto da Fruta, entidade de apoio ao desenvolvimento do agronegócio da fruticultura e agricultura irrigada no Vale do São Francisco, na Bahia, que será instalado em Juazeiro. O instituto será constituído e conduzido por representações de produtores rurais, empresários e por instituições do setor, que já estão mobilizados, se reunindo mensalmente desde agosto de 2015 para estruturar o órgão. A expectativa é que o instituto comece a atuar como ferramenta de apoio ao fruticultor e produtor rural até o final deste ano, com o objetivo de unificar os interesses econômicos, sociais e ambientais e promover representatividade da categoria. Além disso, a instituição vai oferecer aos integrantes serviços contínuos nas áreas de assistência técnica, mercado, gestão empre-

endedora, inovação, tecnologia, associativismo, acesso ao crédito e a serviços financeiros e de autogestão com sustentabilidade. O Sebrae Juazeiro é um dos incentivadores do processo e está auxiliando na formalização da entidade. Para o técnico Carlos Robério Araújo, com a constituição do Instituto da Fruta, a classe produtora vai ter maior participação e poder nas decisões do setor, além de abrir perspectivas de parcerias para interesse direto do produtor rural. “A formação legal do instituto vai organizar e viabilizar a cadeia produtiva da fruticultura e agricultura irrigada e fortalecer todos os grupos do negócio – produtores rurais, empresários, empresas de insumos e de beneficiamento da produção, associações e cooperativas agrícolas. O Sebrae e o instituto serão grandes parceiros, podendo ter ações conjuntas de orientação técnica, certificação de produtos e execução de atividades que elevem a produção local”, ressalta. O gerente comercial da Cooperativa Agrícola de Juazeiro (CAJ), Júnior Silveira, avalia a criação do Instituto de forma positiva. Mesmo diante da expansão do Vale do São Francisco, segundo ele, o setor precisa de mais articulação. “Temos boas condições climáticas, mão de obra e tecnologias no campo, mas falta unidade. O produtor é quem precisa gerenciar todas as etapas da cadeia produtiva e comercial, assumindo sozinho os riscos e prejuízos, que são inerentes ao negócio.” Para ele, o Instituto da Fruta será um veículo de aproximação e organização dos mais diferentes agentes do agronegócio local, e vai garantir


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