Jornal da SBDOF número 5

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JORNAL da Volume I | NĂşmero V Outubro | Novembro | Dezembro de 2016

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O Jornal da SBDOF é um informativo da Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SBDOF). Os textos assinados e aqui publicados representam a opinião dos respectivos autores e não a posição oficial da Sociedade.

Diretoria da SBDOF – Biênio 2015 – 2017 Presidente: João Henrique Padula Vice-presidente: Paulo Afonso Cunali Secretária: Liete Figueiredo Zwir Tesoureiro: Rodrigo Estevão Teixeira Comissão de Ensino e Pesquisa: Paulo César Rodrigues Conti Comissão de Saúde Pública: Roberto Pedras Comitê de Projetos: Simone Carrara Comissão de Comunicação: Juliana Stuginski Barbosa e Rodrigo Wendel Comitê de Divulgação ao Leigo: Adriana Lira Ortega Editor do Jornal da SBDOF: Reynaldo Leite Martins Júnior Diagramação: Time Comunicação Foto capa: Sormani Pimenta Saccheto

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FALA PRESIDENTE

Prezados sócios, Recentemente, estive reunido com a nova coordenadora de Saúde Bucal, Dra. Patrícia Lima Ferraz - MS/SAS/DAB/CGSB, com a proposta de capacitação em DTM e Dor Orofacial da SBDOF destinada à atenção básica de saúde. Prontamente a Secretaria da SBDOF encaminhou o documento para análise do Ministério da Saúde, conforme recomendação da coordenadora, para seguir os trâmites necessários. Esta proposta já havia recebido o apoio do excoordenador de Saúde Bucal, Dr. Ademir Fratric Bacic, a quem sou muito grato, pois foi através de seu apoio, em sua rápida passagem pelo cargo, que conseguimos, além da possibilidade de realizar essa capacitação, também enquadrar no livro “Saúde Bucal no SUS” parte dos documentos elaborados pela nossa Comissão de Saúde Pública coordenada pelo Dr. Roberto Pedras.

Sinceramente não sei até onde poderemos chegar, mas, atualmente, temos elaborado todos os documentos necessários para corrigir as discrepâncias em ensino e as de saúde pública que são retoricamente conhecidas por todos. Faremos o nosso III Congresso nos dias 2 e 3 de junho do próximo ano e, desde já, convido a todos para que se mobilizem e divulguem, pois para este evento, temos a coordenação de três prestigiadas profissionais, Juliana Stuginski Barbosa, Liete Zwir e Adriana Lira Ortega. Vamos com muita energia e ação para 2017! Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo a todos.

Nesta edição disponibilizamos aos nossos sócios o documento elaborado pela Comissão de Ensino e Pesquisa, coordenada pelo Dr. Paulo Conti, e que foi apresentado na 51° reunião da ABENO em Curitiba. Desta forma, cada sócio poderá replicar e divulgar seu conteúdo. Todas as ações realizadas pelas Comissões de Saúde Pública e de Ensino nos deixam confortáveis e satisfeitos, pois, no que depender da SBDOF, a história de nossa especialidade no país será modificada e terá a valorização que merece.

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João Henrique Padula é especialista em DTM e Dor Orofacial, membro fundador e atual Presidente SBDOF


FALA SÓCIO - OPINIÃO MEDICINA REGENERATIVA E ATM

Especialista em Ortodontia ACDC - Campinas Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço Hosphel - São Paulo Doutorando em Medicina/Neurologia UFRJ - Rio de Janeiro Coordenador de Pós-graduação em Odontologia FMP – Membro Fundador SBDOF Por Ricardo Tesch

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pesar dos avanços conquistados no último século na área da saúde, existem ainda doenças resistentes aos tratamentos conservadores, que não respondem às modalidades terapêuticas convencionais e, consequentemente, prolongam a dor e incapacidade funcional dos pacientes, reduzindo sua qualidade de vida. A medicina regenerativa é considerada uma alternativa promissora que pode beneficiar os pacientes com doenças de difícil cura. Conceitualmente é um processo de substituir ou regenerar tecidos humanos para restaurar as funções normais, procurando ampliar a capacidade natural da regeneração tecidual. A principal estratégia é a combinação de três componentes: terapia celular, biomateriais e moléculas bioativas, que interagem de forma contínua. Nas últimas décadas, diversos tipos de células foram avaliados em ensaios pré-clínicos e clínicos. Dentre elas, as células-tronco adultas (multipotentes), assim como células maduras (em estágios avançados de diferenciação celular), não oferecem risco de tumores, e podem ser utilizadas com maior segurança para os pacientes. No reparo de cartilagem humana, como da ATM, o transplante autólogo de condrócitos tornou-se a aplicação mais difundida da medicina regenerativa. Os condrócitos são células autorrenováveis e podem ser facilmente isolados a partir de pequenas amostras de cartilagem. O septo nasal, por exemplo, possui a mes-

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ma origem embrionária da ATM, crista neural. Quando injetados na articulação lesionada, os condrócitos auxiliam na reconstrução do tecido cartilaginoso, secretam proteínas da matriz extracelular e fornecem os suprimentos necessários para induzir a cicatrização. No primeiro estudo clínico em humanos que se tem notícia com esta modalidade terapêutica, o nosso grupo de Pesquisa Translacional da Faculdade de Medicina de Petrópolis selecionou pacientes com reabsorção condilar pós-cirurgia ortognática, refratários a terapias conservadoras ou minimamente invasivas, baseadas na administração de suplementos e materiais biológicos, como as glicosaminas e o ácido hialurônico. Os resultados de curto prazo (3 meses de acompanhamento) são bastante promissores, com resolução da dor e incapacidade funcional. Porém, aguardamos o controle de médio prazo (6 meses), para que novas imagens possam ser feitas e comprovem o possível potencial regenerativo dessa nova terapia. O prazo de transição dos resultados de pesquisas pré-clínicas e clínicas, até sua liberação para uso profissional e benefício dos pacientes ainda é muito longo. O processo translacional de pesquisa, responsável pela aceleração da transformação de descobertas científicas básicas em aplicações clínicas para reduzir a incidência, morbidade e mortalidade de diferentes condições patológicas, visa preencher essa lacuna.


O QUE ESTOU ESTUDANDO Por Vitor Hugo Panhóca Especialista em DTM e DOF pelo CFO Pesquisador em Odontologia do Laboratório de Biofotônica – IFSC – USP Pós-Doutorando no Departamento de Física e Ciências dos Materiais IFSC - USP

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lá sócios da SBDOF e demais estudiosos em Dor Orofacial (DOF) e Disfunção Temporomandibular (DTM)! Terminei minha graduação na Faculdade de Odontologia da UFRJ em 1989 e naquela época já tinha interesse por estudar Disfunção Temporomandibular, que ainda não era uma especialidade da Odontologia. Em 1988, fiz meu primeiro curso de curta duração nessa especialidade, realizado na APCD Regional de São Carlos com o Prof. Milton Edson Miranda, que naquele momento tinha terminado recentemente seu mestrado em Prótese e Oclusão pela Ohio State University (Columbus, OH USA). Após finalizar minha graduação, em 1990, iniciei meu curso de especialização em Ortodontia na ACDC de Campinas com o Prof. Jurandir Barbosa, que em seu curso dava grande enfoque para oclusão e tratamento de pacientes com dor e disfunção dos músculos da mastigação. Nessa mesma época conheci o Prof. Antônio Sergio Guimarães com quem em 2001 fiz meu curso de especialização em DTM e Dor Orofacial na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP. No ano de 2007 fiz um curso de habilitação em Laser na Odontologia no Instituto de Física de São Carlos (USP) e obtive o reconhecimento pelo CFO nessa área de estudo na Odontologia. Foi nessa época que me interessei pela aplicação da luz como terapia antiálgica na DTM e DOF. Em 2009, iniciei meus estudos de maneira mais aprofundada na aplicação da luz com fontes de Laser e LED nas áreas da saúde durante meu Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia na UFSCAR com orientação do Prof. Dr. Vanderlei S. Bagnato (IFSC-USP). A terapia com Laser de baixa potência de pacientes portadores de DTM é questionada no meio científico. Vários estudos mostram a ação analgésica em dor aguda com uso do Laser de baixa potência aplicando irradiação vermelha ou infravermelha, sendo essa última mais recomendada para aplicação em DTM devido a sua maior penetração nos músculos da mastigação e articulações temporomandibulares. Os mecanismos de ação explicando o efeito analgésico do Laser de baixa potência ainda não estão muito bem definidos. Acre-

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dita-se que realizando aplicação de Laser de baixa potência sobre os músculos da mastigação e articulações temporomandibulares ocorra liberação de endorfina entre outros mediadores químicos e ação sobre a produção de prostaglandinas nestes tecidos exercendo efeito analgésico e anti-inflamatório nas DTMs. Fiz recentemente uma pesquisa na base de dados científica PUBMED procurando nos últimos dez anos artigos publicados utilizando os descritores “laser temporomandibular disorders” e encontrei aproximadamente 85 artigos publicados, o que mostra grande interesse da comunidade científica em investigar esse assunto na Odontologia. No ano de 2016, tivemos a publicação de um estudo do tipo revisão sistemática e meta-análise no Reino Unido do pesquisador Abel Getachew ((Ply-

mouth University Peninsula Schools of Medicine and Dentistry) comparando a eficácia da terapia com Laser de baixa potência e acupuntura para tratamento de dor causada por DTM. Os resultados mostram que a Laserterapia é uma intervenção não invasiva e mais eficaz para DTM que a acupuntura. Os estudos encontrados na literatura de meta-análise relacionados ao efeito do Laser na terapia de sintomas dolorosos na DTM têm mostrado alto grau de heterogeneidade entre os trabalhos e ausência da definição da densidade da dose de energia do Laser nos estudos avaliados. Porém, esses mesmos estudos de meta-análise têm mostrado que a terapia com Laser de baixa potência pode melhorar significativamente os resultados funcionais de pacientes com DTM.

Realizei paralelamente ao meu Mestrado e Doutorado pesquisa clínica com 30 voluntários divididos em três grupos e comparamos a aplicação das fontes de luz: LED vermelho, infravermelho e Laser infravermelho. Dessa maneira, pudemos avaliar o efeito antiálgico destas fontes de luz no tratamento de pacientes com sintomas dolorosos nas articulações temporomandibulares e músculos da mastigação (DTM). Os pacientes selecionados para tratamento seguiram os critérios de diagnóstico para pesquisa das desordens temporomandibulares RDC. Além do efeito antiálgico, avaliamos o efeito das terapias a Laser e LED sobre o aumento da abertura bucal nos pacientes tratados nesse experimento. Esse estudo realizado pelo nosso grupo de pesquisa teve seus resultados publicado em 2015 na revista Laser in Medical Sciense. A conclusão que obti-

vemos foi que a terapia com Laser infravermelho, LED vermelho e infravermelho pode ser útil na melhoria dos resultados relacionados ao alívio da dor e aumento da abertura bucal em pacientes com DTM. Concluindo, são necessárias novas pesquisas clínicas em tratamento de DTM com Laser de baixa potência mostrando a dosimetria, tempo de tratamento e quantidade de sessões clínicas com parâmetros definidos em voluntários tratados com eficácia comprovada, o que diminuiria a heterogeneidade entre os estudos. Além disso, novos estudos controlados, randomizados e longitudinais são necessários para avaliar a ação da terapia Laser de baixa potência e poder definir de maneira robusta o efeito analgésico e terapêutico funcional nas DTMs.


AÇÕES DA COMISSÃO DE ENSINO E PESQUISA / COMISSÃO DE SAÚDE PÚBLICA

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m julho de 2016 realizou-se a Reunião de Professores de Oclusão e Disfunção Temporomandibular (DTM) e Coordenadores de Cursos, na 51ª Reunião da ABENO em Curitiba, com o objetivo de discutir a situação atual do ensino de oclusão e DTM nas IES do Brasil. Nesse encontro, o Roberto Pedras ressaltou a importância e a necessidade de haver um conteúdo mínimo de DTM e DOF na graduação em odontologia, e apresentou o conteúdo programático da SBDOF como sugestão. Destacou também a importância de se separar as disciplinas de oclusão e DTM e DOF na graduação, e de se estabelecer os limites de atuação do cirurgião-dentista clínico, com base nas dificuldades atuais do ensino de DTM e DOF na graduação e na realidade atual da saúde da população. A criação do conteúdo programático de DTM e DOF da SBDOF, para a graduação, foi conduzido pelo

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Paulo Conti, Coordenador da Comissão de Ensino e Pesquisa, e pelo Roberto Pedras, Coordenador da Comissão de Saúde Pública e contou com a colaboração dos sócios Anne Buss Becker, Fábio Renato Pereira Robles, Gustavo Augusto Seabra Barbosa, José Stechman Neto, Madalena Caporali Pena Rabelo, Márcio José Martins Rabelo, Reynaldo Leite Martins Júnior e Wagner Simm.

Paulo Conti Coordenador da Comissão de Ensino e Pesquisa da SBDOF Roberto Pedras Coordenador da Comissão de Saúde Pública da SBDOF


Conteúdo Programático em DTM e DOF para a Graduação • Anatomia do sistema mastigatório • Neuroanatomia das vias sensitivas e as motoras da face (V, VII, IX e V) • Mecanismos neurais da dor orofacial • Conceitos básicos da dor • Nocicepção, dor, sofrimento, comportamento doloroso; • Fatores que influenciam a experiência da dor; • Dimensões da dor; • Dor aguda x crônica. • Semiologia aplicada à dor orofacial • Anamnese e exame físico; • Exames complementares (Imagenologia aplicada). • Diagnóstico diferencial das dores orofaciais • Cefaleias primárias e outras comorbidades (cervicalgia, fibromialgia, transtornos mentais) • Bruxismo do sono e em vigília • Disfunções temporomandibulares • Epidemiologia e Etiologia; • Patologias musculares; • Patologias articulares; • Tratamento não invasivo e baseado em evidências das DTMs. (Dispositivos interoclusais, farmacologia dos AINES e

relaxantes musculares, terapia física e estratégias comportamentais)

Comissão de Ensino e Pesquisa e Comissão de Saúde Pública Coordenação: Paulo César Rodrigues Conti Roberto Brígido de Nazareth Pedras Participantes: Anne Buss Becker Fábio Renato Pereira Robles Gustavo Augusto Seabra Barbosa José Stechman Neto Madalena Caporali Pena Rabelo Márcio José Martins Rabelo Reynaldo Leite Martins Júnior Wagner Simm

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SBDOF ENTREVISTA

Dra. Daniela Godoi Gonçalves é professora na Faculdade de Odontologia Araraquara - UNESP onde ministra aulas sobre Dor Orofacial, DTM e Oclusão Dentária. A Dra. Daniela tem como principal linha de pesquisa o estudo da relação entre DTM, cefaleias e outras comorbidades. Nessa trajetória, tem também voltado seu olhar para uma questão que tem sido muito falada na literatura sobre dor de forma geral, que é a sensibilização central.

SBDOF: Inicialmente, você poderia explicar o que é sensibilização central? Profª Daniela Gonçalves: A sensibilização central é definida como um estado de amplificação dos sinais no Sistema Nervoso Central (SNC), que se expressa como uma hipersensibilidade dolorosa. Há um aumento de atividade nas vias de facilitação da dor e uma hipofunção das vias inibitórias descendentes da dor, resultando em uma disfunção do controle analgésico endógeno. Vários processos e mecanismos participam no desenvolvimento da sensibilização central, mas de forma resumida podemos dizer que ocorre uma disfunção do SNC. Essa disfunção inclui alterações no processamento sensorial no cérebro (não apenas sinais nociceptivos, mas também de outras sensibilidades), mau funcionamento dos mecanismos descendentes de controle da dor e um aumento na atividade das vias que facilitam a dor. Então, podemos dizer que é um estado que predispõe a ter mais dor e mais sensibilidade, onde a capacidade inerente dos indivíduos de lidar com estímulos dolorosos e com a dor em si está prejudicada. SBDOF: Porque o interesse nesse tema? Como o assunto entrou na sua trajetória profissional? Profª DG: É difícil apontar um momento específico em que comecei a me interessar pelos mecanismos neurológicos envolvidos na dor. Desde muito cedo, talvez na adolescência, o cérebro e a mente me encantam. Até mesmo a opção pela especialidade de

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Dor Orofacial e DTM sofreu grande influência desse interesse. Desenvolvi meu mestrado em Neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, orientada pelo Professor Doutor José Geraldo Speciali, que é um grande mestre e tem muita experiência na área de dor em geral. A vivência no ambulatório de cefaleias da FMRP/USP foi uma grande oportunidade de aprendizado em temas relacionados à neurologia, cefaleias e dor. Os casos complexos atendidos no ambulatório me abriram a perspectiva e o olhar sobre os pacientes com dor. Comecei a observar que com grande frequência, os pacientes com dores no segmento cefálico, apresentavam dor em outras áreas do corpo, doenças associadas e comprometimento psicossocial. Depois disso, me inseri na Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP, primeiro como aluna de doutorado sob a orientação da Profa. Dra. Cinara Camparis, e em seguida como docente. A minha rotina diária envolve o atendimento de pacientes apresentando DTM (na maioria das vezes crônica), com o envolvimento de diferentes comorbidades. Hoje eu acho impossível avaliar e tratar pacientes com DTM sem considerar a presença das comorbidades e da sensibilização central. Isso também vale para a pesquisa. Então, eu acho que posso dizer que foi a observação clínica e a oportunidade de vivenciar o atendimento de casos complexos de dor que trouxeram essa perspectiva para minha vida profissional. Embora esse seja um tema de forte viés “teórico” acho fundamental


procurarmos integrá-lo de forma concreta na prática clínica. Eu procuro alimentar o interesse e aumentar o conhecimento sobre os mecanismos relacionados à dor, com ênfase na sensibilização central, por julgar ser um tema de alta relevância para o sucesso do tratamento e melhora da qualidade de vida dos pacientes. SBDOF: Porque os especialistas em DTM e Dor Orofacial devem se preocupar com isso? Profª DG: A sensibilização central pode estar junto com diversas condições dolorosas, mas é muito comum na presença de dor crônica e em especial as que acometem o sistema musculoesquelético, como a DTM. A dor crônica nem sempre está associada a um trauma ou lesão presente, e muitas vezes se mantém devido às várias possíveis alterações no sistema nervoso. Além disso, é frequentemente acompanhada por vários outros problemas de ordem psicossocial (como depressão, ansiedade), distúrbios cognitivos (como de concentração e de memória), maior sensibilidade à dor, presença de outras condições de dor associadas (comorbidades), distúrbios do sono, entre outros. Muitas dessas características da dor crônica são atribuídas na verdade à sensibilização central, e podem ser identificadas por meio de exames clínicos e principalmente por uma anamnese ampla e bem direcionada. Todos os profissionais de saúde que cuidam de pacientes apresentando condições dolorosas deveriam estar informados e capacitados para identificar a presença de sensibilização central em seus pacientes, já que esta aumenta muito a complexidade dos casos por vários motivos, como: 1. Há grandes chances de que a dor não esteja associada a nenhuma lesão ou trauma tecidual, e portanto, que ela seja incompatível com os achados físicos daquele indivíduo dificultando o diagnóstico; 2. Muitos pacientes com sensibilização central apresentam comorbidades como outras condições dolorosas, distúrbios do sono, alterações cognitivas e psicossociais; 3. A sensibilização central é associada a uma maior sensibilidade à dor e também a outros estímulos como luz (fotofobia), som (fonofobia), intolerâncias alimentares e alergias; 4. O diagnóstico é desafiador, há muita sobreposição de sintomas, além de um aumento na refratariedade ao tratamento nesses indivíduos.

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SBDOF: Como podemos identificar a sensibilização central nos pacientes? Profª DG: Ainda não há meios de mensurarmos a sensibilização central de forma direta. Mas, é possível identificar características clínicas que evidenciam sua existência. Por exemplo, a alodínia (dor mediante a um estímulo não nocivo) e a hiperalgesia (dor exacerbada mediante a um estímulo nocivo) têm sido consideradas marcadores clínicos da sensibilização central. Outra característica é a intensidade e grau de incapacidade desproporcionais à natureza e extensão das alterações teciduais. Na verdade, muitas vezes nem é possível identificar traumas ou lesões teciduais que expliquem a presença da dor. Isso é comum entre indivíduos com DTM. O relato do paciente é incompatível com achados em exames clínicos e de imagem. Mas por meio de uma cuidadosa anamnese podemos observar que o paciente está em sofrimento, muitas vezes com sérias limitações, inclusive do aspecto psicossocial. Na presença de sensibilização central, a dor também tende a ter uma distribuição difusa, atingindo áreas maiores que a relacionada com a fonte da dor. Um exemplo disso são os pacientes diagnosticados com DTM relatando que a dor atinge a região cervical, ombros, podendo incluir coluna e membros. Ou seja, há uma distribuição da dor incompatível com as estruturas anatômicas primariamente envolvidas. Ainda, é comum os pacientes com sensibilização cen-


tral relatarem hipersensibilidade a outros estímulos como visuais, olfatórios, táteis, e de temperatura. SBDOF: Quais os mecanismos que levam ao desenvolvimento e manutenção da sensibilização central? Profª DG: O desenvolvimento da sensibilização central está fortemente relacionado com alterações funcionais e morfológicas de estruturas do SNC. A neuroplasticidade, que pode ser definida como a capacidade inerente do SNC de adaptação frente a diferentes demandas, favorece nosso aprendizado, memória e permite, por exemplo, a superação de sequelas provocadas por lesões no SNC. Entretanto, diante de condições e fatores predisponentes, a neuroplasticidade também está envolvida no desenvolvimento e manutenção da sensibilização central. Os fatores ou condições que favorecem o desenvolvimento da sensibilização central são muitos e incluem uma predisposição genética, lesões estruturais, estresse, distúrbios do sono, alterações emocionais como depressão e ansiedade, permanência aumentada de um estímulo doloroso, entre outros. SBDOF: E sobre o manejo terapêutico? Qual a relevância de se identificar a sensibilização central e como conduzir o tratamento desses pacientes? Profª DG: A existência da sensibilização central é de grande importância já que vários estudos têm demonstrado que essa condição é capaz de influenciar negativamente o efeito dos tratamentos. Muitos profissionais de saúde se sentem frustrados ao tratar pacientes com dor crônica e sensibilização central. Isso se deve principalmente ao fato de que esses indivíduos são mesmo mais refratários ao tratamento, e nós somos muito guiados por um paradigma de cura. Fomos treinados assim. Esperamos solucionar os problemas e livrar nossos pacientes de 100% de suas queixas. Entretanto, quando falamos em dor crônica ou centralizada, precisamos rever nossas metas de tratamento. Os objetivos devem ser mais guiados pela redução (não eliminação completa) da dor e melhora da função, assim como ajudar nossos pacientes a lidarem melhor com o quadro. É fundamental que nossas abordagens terapêuticas levem em consideração os mecanismos neurais relacionados às dores crônicas. Por exemplo, na presença de sensibilização central e/ou dor crônica em um paciente, é altamente improvável que tenhamos sucesso no tratamento se oferecermos abordagens de ação apenas ou principalmente periféricas. Isso não quer dizer que a dor periférica não seja relevante. Quando o paciente apresenta uma

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fonte de dor periférica, ou seja, dor nociceptiva, a literatura tem mostrado que o ideal é a combinação de abordagens bottom-up (periferia para o centro, ou de baixo para cima) e top-down (centro para periferia, ou de cima para baixo). As opções bottom-up incluem abordagens direcionadas para alterações musculares e articulares, bloqueios anestésicos, agulhamento seco, placas oclusais, enfim todo o arsenal de tratamentos para DTM que nossa especialidade tem utilizado de maneira ampla e adequada. E as abordagens topdown têm um foco mais específico na sensibilização central e incluem medicamentos com ação central, terapia cognitivo-comportamental, educação em neurociências direcionadas ao paciente, exercícios físicos e práticas para controle do estresse. Mesmo pensando nos mecanismos neurológicos que participam da dor central, devemos ainda ir além das estruturas neurais e das mudanças neuroplásticas envolvidas na sensibilização central. É necessário considerarmos também os aspectos mais filosóficos da mente. De maneira superficial, a mente pode ser conceituada como o “produto” do funcionamento do cérebro. O grande problema é que a formação e a atuação dos profissionais de saúde ainda têm sido fortemente baseadas no dualismo cartesiano que separa corpo e mente, o que faz com que tenhamos uma abordagem mecanicista em nossa prática. É o que os autores Hacker e Bennett falam sobre “tomar a parte como o todo”. Em nossa prática isso seria o equivalente a focarmos nas estruturas musculares e articulares do sistema mastigatório de um paciente com dor crônica ou centralizada. Essas estruturas podem ser, na melhor das hipóteses, partes do problema. Uma visão mais ampla deve contemplar também os mecanismos neurais que promoveram o surgimento e manutenção da dor, os aspectos psicossociais, limitações funcionais e perda da qualidade de vida. A mente é um sistema bastante complexo, regido por regras próprias, difíceis de serem aplicadas de forma rígida para todas as pessoas. Cada indivíduo pensa, ama, sofre e se relaciona com a vida de forma muito particular. A dor é parte dessa complexidade. Por isso não podemos concluir que a dor está nos tecidos ou no cérebro. A dor é o resultado desse complexo sistema. É só nós lembrarmos que as pessoas sentem dor mesmo na ausência de lesão estrutural. Resumindo, não existe tratamento perfeito, o que podemos fazer de melhor é um tratamento direcionado para cada indivíduo, considerando todos os aspectos que regulam sua dor.


RESENHAS CIENTÍFICAS Murakami, K. Rationale of arthroscopic surgery of the temporomandibular joint. J Oral Biol Craniofac Res 2013, 3(3):126-34. doi: 10.1016/j.jobcr.2013.07.002. Resenha enviada por: Prof. MSc. Walter Cristiano Gealh (Cirurgião Bucomaxilofacial; mestre em CTBMF; especialista em DOF/DTM; Maringá-PR)

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primeira artroscopia das ATMs foi realizada em 1974 por Ohnishi, sendo publicada um ano depois, em 1975. A partir desse momento muitos outros trabalhos referentes às artroscopias foram realizados e publicados, evoluindo técnica e cientificamente. Assim, o sucesso da artroscopia tem mudado drasticamente a necessidade de tratamentos cirúrgicos das articulações temporomandibulares. A técnica consiste, basicamente, da eliminação das aderências localizadas no compartimento superior através de dissecção romba e lavagem da articulação, podendo se utilizar um, e normalmente dois, pontos de entrada. Importante ressaltar que estudos que analisaram o pósoperatório de artroscopias, demonstraram excelentes resultados clínicos, independente do posicionamento do disco articular, contrapondo o conceito das cirurgias abertas para recaptura e ancoragem de disco. Ou seja, a simples lavagem e lise das aderências é suficiente para conferir melhora na mobilidade mandibular e diminuição do quadro álgico. Tais resultados obtidos com a artroscopia é muito semelhante aos obtidos pela artrocentese, que é um procedimento mais barato. Em uma revisão sistemática somente dois trabalhos com razoável metodologia foram selecionados, sendo que apenas um destes demonstrou alguma vantagem da artroscopia sobre a artrocentese. O maior benefício da artroscopia é a possibilidade na visualização por vídeo do compartimento superior da articulação. Quando se considera o reposicionamento do disco por artroscopia, os resultados são controversos. A técnica é extremamente difícil e estudos com grupos de controle têm demonstrado não haver diferenças quando comparados às artrocenteses. Especificamente em relação ao reposicionamento do disco, houve um grande avanço na técnica de cirurgia aberta, ou seja, nos dias atuais a cirurgia aberta para discopexia tem resultados mais confiáveis que a artroscopia. Importante ressaltar que intervenções minimamente invasivas como a artrocentese e artroscopia têm

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melhores resultados quando indicadas precocemente, diminuindo o tempo de tratamento e necessidade de tratamentos cirúrgicos mais invasivos. Dessa forma, é possível concluir que, mesmo com poucos estudos metodologicamente confiáveis, a artroscopia se trata de uma excelente opção de tratamento. Por se tratar de procedimento minimamente invasivo, o encaminhamento para sua realização deve ser feito o mais precocemente possível, logo quando se verificar que o tratamento conservador não possibilitou resultados satisfatórios. A insistência em manter um tratamento conservador quando este não possibilita bons resultados, e demora em encaminhar para o tratamento cirúrgico, leva ao prolongamento do sofrimento do paciente e diminui as chances de um resultado satisfatório.


RESENHAS CIENTÍFICAS Shehryar N. Khawaja, BDS, MS, Heidi Crow, DDS, MS, Ruba F. G. Mahmoud, BDS, MS, Krishnan Kartha, MD and Yoly Gonzalez, DDS, MS, MPH. From: School of Dental Medicine, University at Buffalo, Buffalo, NY J Oral Maxillofac Surg -:1-8, 2016 - Accepted August 19 2016 Is There an Association Between Temporomandibular Joint Effusion and Arthralgia? Resenha enviada por: Profa. Dra. Vera Lúcia Mestre Rosa (Radiologista, especialista, mestre e doutora em DTM)

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ste artigo investiga a associação entre efusão e avaliação de dor articular na articulação temporomandibular (ATM) utilizando avaliações clínicas padronizadas e de imagem, por meio de um estudo retrospectivo de coorte, em indivíduos apresentando disfunção temporomandibular (DTM). Foram avaliadas 312 articulações em 158 indivíduos utilizando como critério clínico o Critério Diagnóstico para Disfunção Temporomandibular - DC/TMD e a imagem por Ressonância Nuclear Magnética (RNM), que é considerada o padrão ouro para avaliação de alterações intracapsulares, como os deslocamentos de disco e efusão. Fizeram parte da amostra 59,4% mulheres e 40,6% homens, em uma faixa etária de 31 +/- 11,1 e 29,8 +/9,7, respectivamente. Os resultados desse estudo mostraram que existe associação entre a posição do disco em norma sagital (deslocamento do disco com redução) e a efusão articular, mas não foi encontrada associação entre a presença de efusão, a artralgia e as características clínicas associadas à dor articular em pacientes com DTM sem presença de doença articular degenerativa. Esse trabalho reforça a ideia de que efusão articular na ATM ainda é um tema que merece estudos mais completos, pois existe falha nos parâmentros (quantificação e caracterização) para a determinação da imagem hiperintensa em T2, no exame de RNM, que seria classificada como efusão intra-articular. Este artigo também ressalta a importância de estabelecermos parâmetros e métodos confiáveis e reproduzíveis tanto clínicos quanto de imagem para a avaliação da ATM. Nos estudos que tratam deste assunto, muitas vezes não se tem informação sobre a confiabilidade e a validade da avaliação do radiologista para determinar a quantificação ou a intensidade da efusão. Além disso, os resultados entre os estudos que tratam sobre a quantificação de efusão não foram consistentes, o que poderia ser uma indicação da pobre validade e confiabilidade desta medida. Alguns autores afirmam que a presença de um alto grau de efusão estaria relacionada à dor arti-

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cular. Da mesma forma, algumas investigações que relatam uma associação entre efusão articular e dor na ATM apresentam várias limitações metodológicas, como a ausência de um grupo de controle, falta de um exame clínico padronizado para avaliação da dor na ATM, falta de quantificação da efusão articular ou falha em relatar a confiabilidade dos examinadores clínicos e radiologistas. Um mecanismo fisiopatológico proposto para a associação entre efusão articular e deslocamento de disco é que um disco deslocado poderia levar a tensões mecânicas anormais e à indução de mediadores inflamatórios dentro da ATM, o que poderia resultar em presença de efusão. Portanto, presume-se que a presença destes mediadores inflamatórios deveria estar associada com dor durante o movimento da articulação ou com dor à palpação. Nesse estudo, as associações entre efusão e artralgia, tal como definidas pelas características associadas à dor do DC/TMD, não foram estatisticamente relevantes. Sugere-se que a efusão articular poderia ser um acúmulo de líquido sinovial, sem relação direta com a inflamação. Tem sido proposto que, devido a uma forma anormal do disco em casos de deslocamento, poderia haver interferência na circulação do fluído sinovial fisiológico, o que resultaria em um acúmulo localizado desse fluído e portanto não estaria associado à presença de processo inflamatório, o que explicaria a ausência de artralgia e sinais clínicos de dor articular. Também neste artigo os autores encontraram uma maior prevalência de efusão nos deslocamentos laterais do que nos deslocamentos mediais do disco articular, o que poderia levar a uma maior sintomatologia dolorosa nos indivíduos com essa patologia. Sendo o processo inflamatório um fator relevante na tomada de decisão na conduta terapêutica, esta discussão se faz muito necessária. É muito importante a criação de métodos e paramêtros de avaliação e quantificação da efusão articular. Precisamos aprofundar nossas pesquisas na correta avaliação do significado clínico da efusão intra-articular nas imagens por RNM.


RESENHAS CIENTÍFICAS Directional characteristics of incipient temporomandibular joint disc displacements: A magnetic resonance imaging study. Ikeda R., Ikeda K. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2016;149:39-45. Resenha enviada por:Sormani Pimenta Sacchetto (Cirurgião-Dentista especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela EEO ABO-GO, Especialista em DTM e DOF pelo CFO e Mestre em Morfologia pela UNIFESP)

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disco articular desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e função da articulação temporomandibular (ATM). A posição alterada do disco pode ter um efeito deletério principalmente sobre o crescimento e desenvolvimento. A ressonância magnética tem sido indicada como o método de imagem de eleição para sua avaliação por sua capacidade de retratar com precisão a posição do disco articular no plano sagital e coronal. Os estudos sobre prevalência indicam que não se trata de uma condição congênita (Paesani D et al, 1999), mas sim adquirida e que pode ser encontrada em até 30% da população assintomática. É frequente em adolescentes, mas não muito se sabe sobre a sua causa. Com esse estudo, os autores tiveram o propósito de se determinar uma possível tendência na direção do deslocamento de disco na fase inicial do problema. A amostra usada consistiu em imagens de ressonância magnética de 143 articulações temporomandibulares com deslocamento de disco (DD) incipientes de 89 pacientes pré-ortodônticos (idade média de 10,8 anos). A gravidade de DD foi avaliada por classificação do grau de deslocamento retratado nas imagens nos planos sagital e coronal, e cada DD incipiente foi categorizada com base na direção do deslocamento. Dentre os 143 DD incipientes, os autores encontraram o DD com rotação ântero-lateral (43,36%) e o anterior parcial na parte lateral (27,27%) como os mais comuns. O DD rotacional ântero-medial (9,09%) e o DD anterior parcial na parte medial (1,40%) representaram apenas 10,49%. O DD anterior foi observado em apenas 12,59%. Os deslocamentos látero-laterais foram raros. O deslocamento lateral foi observado em 2,80%, e o medial em 3,50%. Assim, a parte lateral da articulação foi envolvido na maioria dos deslocamentos de disco incipientes em relação à parte medial. Nenhum deslocamento para posterior foi observado nessa amostra. Não foi observada diferença entre gêneros nessa tendência, mas a diferença entre os lados direito e esquerdo foi estatisticamente significativa (maior prevalência para o lado esquerdo). Alguns estudos prévios consideravam o deslocamen-

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to ântero-medial o mais prevalente atribuindo a isso a direção das fibras do músculos pterigoideo lateral superior (Oguteen-Toller M et al; 2002 e White AM et al; 2006). Contudo, vários estudos recentes têm indicado que o deslocamento ântero-lateral é o mais frequente (Katzberg RM et al,1996; Tasaki MM et al,1996; Foucart JM et al,1998; Larheim TA, 2001) . As diferenças podem ser explicadas pelos métodos utilizados (criosecçao, radiografias planas, artrografias, tomografias computadorizadas) em relação à ressonância magnética. Os achados desse estudo suportam os achados recentes da literatura, encontrando o DD rotacional ântero-lateral como o mais frequente (43,36%) seguido pelo DD anterior parcial na porção lateral (27,27%). Nesse estudo o deslocamento anterior puro (12,59%) foi menos frequente que o encontado em outros estudos (Katzberg RM et al,1996; Tasaki MM et al,1996; Oguteen-Toller M et al, 2002). Os deslocamentos anteriores envolvendo a parte lateral da articulação perfazem cerca de 70% dos deslocamentos de disco incipientes. Por outro lado, os deslocamentos envolvendo a região medial da articulação são menos frequentes nos deslocamentos incipientes e são mais relacionados aos deslocamentos com progressão para o deslocamento sem redução (Westesson et al, 1998 e Foucart et al, 1998). Foucart et al (1998) sugerem que o deslocamento anterior de disco associados com a parte lateral do côndilo pode ser a primeira fase do problema, enquanto que o envolvimento da parte medial se torna mais prevalente nos deslocamentos de disco em estágio mais avançado. Esses resultados indicam uma predileção pela parte lateral da articulação em deslocamentos de disco incipientes podendo ter implicações nos aspectos etiológicos das disfunções temporomandibulares. O envolvimento mais frequente do lado esquerdo pode ser um indicativo de que os fatores locais, mais que os fatores gerais, podem ter um papel decisivo na direção do deslocamento de disco. Uma possível explicação seria a predileção pelo lado de função ou parafunção, porém mais estudos precisam ser realizados nesse sentido.


Prezados Colegas, O nosso III Congresso Brasileiro de Dor Orofacial vem aí. É com muita satisfação que convidamos todos os sócios da SBDOF, assim como os demais dentistas, fisioterapeutas, médicos, fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais de saúde para participarem deste importante evento. Os temas das palestras foram cuidadosamente escolhidos com prioridade no enfoque clínico baseado no melhor nível de evidência científica. Questões controversas e presentes na prática diária também serão debatidas. Será o cenário ideal para aprofundar os temas propostos e compartilhar conhecimento. Vamos vivenciar juntos esta experiência!

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Contamos com sua participação! Diretoria da SBDOF João Henrique Padula – Presidente Paulo Afonso Cunali – Vice Presidente Liete Zwir – Secretaria Rodrigo Teixeira – Tesoureiro III Congresso Brasileiro de Dor Orofacial Juliana Stuginski Barbosa – Coordenadora Geral Liete Zwir – Coordenadora Científica Adriana Lira Ortega – Comissão de Trabalhos Científicos


III Congresso Brasileiro de Dor Orofacial 2 e 3 de junho de 2017 Hotel Maksoud Plaza, São Paulo Inscrições: interevent.com.br/evento/sbdof2017 Até 15/12 as inscrições podem ser realizadas com valor promocional e parceladas em 3 vezes Os 150 primeiros inscritos receberão um exemplar do livro “Disfunções Temporomandibulares: esclarecendo a confusão”, de autoria de Reynaldo Leite Martins Jr durante o evento.

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PALESTRAS JÁ CONFIRMADAS Convidado Internacional: Profa. Ambra Michelotti - Universidade de Nápoles 1. DC/TMD - moving from research to clinic 2. TMD and Orthodontics 3. The management of TMD: evidence based treatment Sessão Ponto e Contra Ponto: Toxina botulínica na DTM: Moderação e apresentação do tema - Stephanie Teixeira; Ponto e contraponto: João Batista Macedo e Reynaldo Leite Martins Junior Disfunções Articulares: até que ponto o tratamento é conservador? Ponto e Contra ponto: Paulo Conti e Fábio Sato Palestras e temas: 1. André Porporatti: Dor neuropática pós tratamento odontológico: um problema comum? 2. Antônio Sérgio Guimarães: DTM muscular: novos insights 3. Bruno Furquim: Fatores genéticos e DTM: qual a importância clínica? 4. Cibele Dal Fabbro: A importância do sono no tratamento da Dor Orofacial 5. Cesar Waisberg: O movimento: além da anatomia e biomecânica. 6. Daniel Bonotto: Dispositivos interoclusais em DTM articular: por que funcionam? 7. Daniel Ciampi: Dores crônicas terapias atuais 8. Daniela Franzen: Abordagem psicossocial na clínica de dor 9. Daniela Godoi Gonçalves: Sensibilização central - como se explicam as dores crônicas? 10. Debora Bevilaqua Grossi: Mecanismos de dor cervical e sua relação com DTM 11. Eduardo Januzzi: Viscossuplementação: quais os resultados clínicos? 12. Giovana Fernandes: Bruxismo em Vigília: um novo capítulo na relação com DTM? 13. Jorge von Zuben: Comportamento e Neurociência 14. José Tadeu Tesseroli de Siqueira: Neuralgia do Trigêmeo: nova classificação, velho problema? 15. Leonardo Bonjardim: Testes quantitativos sensoriais - já é possível utilizar na clínica de DTM ? 16. Paulo Conti: Cefaleias atribuídas à DTM, contração muscular e dor: uma análise crítica 17. Rafael Santos Silva: Farmacologia e DTM 18. Ricardo Tanus Valle: Deslocamentos de discos: qual a melhor opção de controle? 19. Ricardo Tesch: Reabsorções Condilares - Estratégias Terapêuticas Inovadoras 20. Thais Villa: Cefaleias primárias: como reconhecer na clínica? 21. Vera Lucia Mestre Rosa: Exames de imagem em DTM: quais os avanços no últimos anos? 22. Vitor Panhóca: Laserterapia em DTM: existe um protocolo?

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O SÓCIO PERGUNTA, O SÓCIO RESPONDE LIETE ZWIR Formada em Odontologia pela Universidade de São Paulo (USP). Odontopediatra e especialista em disfunção temporomandibular e dor orofacial.

Como os biomarcadores poderiam ser utilizados no diagnóstico das DTMs articulares?

LETÍCIA PANTOJA Mestranda em Ciências da Saúde, UnB. Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, ABO-DF. Pós Graduação em Anomalias do Desenvolvimento Dentário, UnB. Aperfeiçoamento em Oclusão, Disfunções Temporomandibulares e Dores Orofaciais, FINATEC, Brasília. Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial (SBDOF). Membro do Comitê Técnico de Disfunção Temporomandibular do CRO-DF. Membro da International Association for Study of Pain (IASP).

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iomarcador é um parâmetro biológico mensurável que permite conhecer o estado de uma doença. O melhor conhecimento da fisiopatologia tem permitido a identificação de marcadores genéticos, bioquímicos e imunológicos que contribuem não só com o diagnóstico das doenças, mas também com o acompanhamento da atividade e remissão dos processos patológicos (Schriefer, - 2008). A maior parte dos processos patológicos sob o termo DTM articular envolvem dor e um processo inflamatório. As principais estruturas envolvidas são o disco articular, o líquido sinovial, as superfícies ósseas do côndilo e fossa temporal e os músculos da mastigação, podendo a dor, ser atribuída a fatores como sinovites, capsulites, osteoartrite e desarranjos internos da articulação, incluindo deslocamentos do disco. Estas entidades não são mutuamente excludentes e podem coexistir (Almeida, 2014). Dentre os processos inflamatórios, os biomarcadores poderiam ser bastante úteis no diagnóstico precoce de processos degenerativos na Articulação Temporomandibular (ATM). Geralmente o diagnóstico das osteoartites é clínico, baseado em sinais e sintomas, apresentando sensibilidade de 55% e especificidade de 61%. O padrão ouro de referência para o diagnóstico, entretanto, é o exame de imagem por tomografia computadorizada tipo Cone Beam (Schiffman et al., 2014).

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A etiopatogênese da osteoartrite envolve um processo inflamatório degenerativo contínuo em que fatores mecânicos e metabólicos contribuem para o dano inicial da cartilagem. O curso natural da doença na ATM pode ser dividido em três fases de progressão lenta. A fase inicial é a mais lenta e, embora já ocorra dano na cartilagem articular, apresenta sintomas brandos que são comuns a outras alterações internas da ATM como deslocamentos de disco (Kalladka et al., 2014). Nas fases intermediária e tardia ocorrem as alterações ósseas significantes e o agravamento dos sintomas. Como o diagnóstico padrão depende da observação de sintomas expressivos ou de alterações ósseas tais que possam ser observadas por meio de imagem, geralmente só é confirmado na fase intermediária, onde já ocorreram alterações estruturais maiores que podem comprometer a função articular. Outra característica do diagnóstico padrão encontra-se no fato da tomografia computadorizada da ATM ser um exame de imagem de custo e acesso moderados, podendo não ser encontrada com tanta facilidade em algumas localidades. Soma-se a isso a particularidade do exame clínico em DTM, que possui protocolo bem definido e padronizado, mas que exige treinamento especializado para atingir altos índices de confiabilidade (Schiffman et al., 2014). A detecção precoce de doenças é fundamental para prevenir complicações que podem impactar na


qualidade de vida dos pacientes (Javaid et al., 2016). O avanço tecnológico tem demonstrado que os biomarcadores sistêmicos representam um método alternativo de diagnóstico que pode ser mais preciso, além de permitirem o prognóstico e o acompanhamento terapêutico de doenças crônicas (Kraus et al., 2010). Para o diagnóstico da osteoatrite em ATM alguns biomarcadores têm sido pesquisados e podem ser encontrados em fluído sinovial (Vos et al., 2013; Cevidanes et al., 2014; Camejo et al., 2014), séricos (Albilia et al., 2013; Kraus et al, 2010; Cevidanes et al., 2014), salivares (Sotillo et al., 2011; Wang et al., 2015) e presentes na urina (Kraus et al., 2010). Dentre os biomarcadores, aqueles encontrados na saliva têm sido estudados como uma ferramenta de grande potencial para diagnóstico devido sua facilidade de acesso e a grande quantidade de marcadores que podem apresentar (Javaid et al., 2016). Vamos continuar acompanhando os estudos e torcer para que em breve tenhamos novas ferramentas de diagnóstico disponíveis na clínica, que nos permitam identificar mais cedo (tratar e prevenir sequelas, quem sabe) alguns processos degenerativos inflamatórios nas DTMs articulares! Referências utilizadas: - Schriefer, A.; Carvalho, E. M. Biomarcadores em Medicina. Gazeta Médica da Bahia, vol 78: 47-51, 2008. - Almeida, Caludyane de. Alterações no estado oxidativo salivar em indivíduos com DTM e dor. Curitiba, 2014. - Schiffman E, Ohrbach R, Truelove E, Look J, Anderson G, Goulet JP, et al. Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD) for Clinical and Research Applications: recommendations of the International RDC/TMD Consortium Network* and Orofacial Pain Special Interest Groupdagger. J Oral Facial Pain Headache. 28(1):6-27, 2014 - Kalladka, M; Quek, S; Heir, G; Eliav, E.; Mupparapu, M.; Viswanath, A.; Temporomandibular Joint Osteoarthritis: Diagnosis and Long-Term Conservative Management: A Topic Review J Indian Prosthodont Soc (Jan-Mar 2014) 14(1):6–15 - Javaid, M. A.; Ahmed, A.S.; Durand, R.; Tran, S.D. Saliva as a diagnostic tool for oral and systemic diseases. J Oral Biology Craniofacial Res, 6 (66-75), 2016 - Kraus VB, Kepler TB, Stabler T, Renner J, Jordan J. First Qualification Study of Serum Biomarkers as Indicators of Total Body Burden of Osteoarthritis. PLoS ONE 5(3), 2010

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- Cevidanes, L.H.S. et al. 3D Osteoarthritic Changes in TMJ Condylar Morphology Correlates with Specific Systemic and Local Biomarkers of Disease. Osteoarthritis Cartilage. 2014 October ; 22(10) - Camejo, F.A. et al. FasL expression in articular discs of human temporomandibular joint and association with osteoarthrosis. J Oral Pathol Med (2014) 43: 69– 75 - Sotillo, D.R.; Velly, A.M.; Hadley, M.; Fricton, J.R. Evidence of Oxidative Stress in Temporomandibular Disorders: A Pilot Study. J Oral Rehabil . 2011 October ; 38(10): 722–728 - Albilia, J.B.; et al. Serum Levels of BMP-2, 4, 7 and AHSG in Patients With Degenerative Joint Disease Requiring Total Arthroplasty of the Hip and Temporomandibular Joints. J Orthopaedic Res, Jan, 2013 - Wang, J.; Schipper, H.M.; Velly, A.M.; Mohit,S.; Gornitsky, M. Salivary biomarkers of Oxidative Stress: a critical review. Free Radical Biology and Medicine 85 (2015)


O SÓCIO PERGUNTA, O SÓCIO RESPONDE ADRIANA ORTEGA Mestre em DTM e DOF pela Unifesp, Doutora e pós Doutora pela Fousp. Professora nos cursos de Graduação e Pós Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), professora no curso de especialização em Odontopediatria da Fundecto/Fousp. coordena o curso de Ortodontia e Ortopedia em Odontopediatria do centro de Pós Graduação São Leopoldo Mandic.

Como deve ser realizado o atendimento de pacientes com dor orofacial no câncer?

ROBERTO PEDRAS Coordenador do serviço de Dor orofacial do HC/ UFMG. Professor da faculdade de odontologia do Centro Universitário Newton Paiva. Coordenador da Comissão de Saúde Pública da SBDOF.

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dor é um problema comum nos pacientes com câncer. Altos níveis de angústia psicológica, de depressão, ansiedade, medo, e humor negativo estão frequentemente relacionados à experiência de dor no câncer. Sua presença é um constante desafio devido ao impacto emocional e sofrimento que acarretam ao paciente e a sua família. A dor orofacial pode ser em decorrência da invasão local de um tumor, devido aos efeitos do tumor à distância ou em consequência do seu tratamento. No câncer de cabeça e pescoço, o tipo histológico mais comum é o carcinoma de células escamosas, e a cavidade oral é o local mais frequente de ocorrência, seguido da orofaringe, hipofaringe e laringe. A prevalência de dor orofacial no câncer de cabeça e pescoço é alta e pode ocorrer antes, durante, no final e após o tratamento do câncer. A etiologia pode ser devido à infiltração do tumor nas estruturas anatômicas, devido à toxicidade do tratamento e/ou relacionada às comorbidades do paciente. As dores orofaciais em um paciente com câncer são devido à mucosite, osteorradionecrose, infecção oral, dor crônica em mucosa, dor odontogênica, dor músculoesquelética e dor neuropática e assim, com relação ao seu mecanismo, a dor pode ser classificada como nociceptiva, neuropática e mista.

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A avaliação do paciente deve contemplar os aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais. É necessário que a dor orofacial seja investigada com acurácia, através de uma anamnese e um exame físico detalhados e exames complementares necessários. A avaliação da intensidade da dor é realizada com uma escala unidimensional ou questionários mais complexos. E o seu tratamento deve ser voltado para o diagnóstico específico, seguir a escada analgésica da Organização Mundial de Saúde e ser realizado por uma equipe multidisciplinar. O profissional que atua em dor orofacial no câncer deve levar em consideração as consequências devastadoras para o paciente e exercer um papel significativo no atendimento e alívio do sofrimento, tanto na prevenção das afecções relacionadas às dores orofaciais como no controle analgésico durante ou após o tratamento oncológico.


Muito além da DOR: Sormani Pimenta Sacchetto

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“EU QUERO É ROCK”

ou formado em odontologia pela Universidade Federal de Goiás e me especializei em ortodontia e ortopedia facial pela ABO Goiás. Ainda na graduação surgiu meu interesse pela área de dor orofacial e a necessidade de estudar mais sobre o assunto se fez mais intensa durante minha formação em ortodontia. Tive a grata oportunidade de cursar o mestrado em morfologia na UNIFESP com concentração em Disfunções Temporomandibulares (a especialidade ainda não havia sido criada pelo CFO). Posteriormente obtive o título de especialista em DTM e DOF pelo CFO. Meu interesse por música surgiu na infância, mas só na adolescência eu vim a estudar violão e canto. Sempre fui muito aberto a diferentes vertentes musicais apreciando desde a chamada MPB passando pelo samba e bossa-nova e música clássica. Me encantava com a poesia de Chico Buarque, com a voz de Milton Nascimento, com as harmonias da bossa-nova e me impressiono até hoje com as composições de Bach (Johann Sebastian Bach) me permitindo destacar e indicar os Concertos de Brandenburgo (o meu favorito é o Nº 5 https://www.youtube.com/watch?v=_V7oujd9djk ). Minha adolescência foi contemporânea à explosão do rock nacional oitentista pós Rock in Rio. Escutando

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o rock protesto vindo das bandas de Brasília tomei a decisão de formar minha primeira banda. O “Quarta Dinastia” (até hoje não sei o porquê desse nome rsss) desenvolveu trabalhos autorais com a pretensão adolescente de ser como nossos vizinhos candangos (Capital Inicial, Plebe Rude, Legião Urbana, Finis Africae, etc...) mas acabou por se identificar mais com a sonoridade do Ira e Barão Vermelho.


Nesse período passei por uma fase de valorizar o virtuosismo (que graças a Deus passou), obras musicais que se alicerçavam em elementos técnicos sofisticados e difíceis. E no meio do caminho conheci o que viria a ser meu estilo musical favorito, o Heavy Metal. Acostumado com o estilo do rock nacional, o metal inglês, pujante naquela época, soava agressivo a meus ouvidos, mas me chamou a atenção o equilíbrio entre energia e virtuosismo. Músicas bem estruturadas com introdução e evolução com estribilhos que se alternavam com estrofes e pontes. Tudo bem diferente da fórmula de quatro acordes repetidos com um refrão no meio que impregnava o pop da época (e por ser Pop continua assim até hoje). A música que me “converteu” foi phanton of the opera do Iron Maiden: youtube.com/watch?v=h8IuFl3sMhk (para quem ousar experimentar). Eu me afastei da música para estudar para o vestibular. Seguido à faculdade entrei para a especialização em ortodontia para a qual tive que me preparar intensamente. Na minha época o curso da ABO-Goiás era o único do Centro-Oeste e era muito concorrido. A carga horária era semanal exigindo muito comprometimento. Concluí minha pós-graduação em 2001 e em 2002 iniciei o mestrado na Unifesp. Seguido meu casamento em 2003, senti a necessidade de voltar a estudar música.

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Em 2008 vim a conhecer o colega Paulo Henrique Pereira que possuía uma banda “Os Magnaldo” (o nome é assim mesmo). Por meio deles vim a conhecer os que viriam a ser meus irmãos de banda. Surgiu então os “OzBurnes” (versão Ozzy de Usberne). Nomes de banda são sempre um problema (Biquini Cavadão e Kid Abelha que o digam), mas nos acostumamos e o mantivemos até então. Formado por mim nos vocais, Luciano na guitarra (oftomologista), Fabrício (publicitário), Max no baixo (cirurgião de mão) e Erlan na bateria (oftomologista), o OzBurnes se tornou um projeto de heavy metal e hard rock clássico. A banda integra o projeto “Eu quero é rock”, que organiza festas e apresentações no estilo “rock em família”. Todas as bandas (OzBurnes, Magnaldos, Old Boys e Amplo Espectro) são formadas por profissionais de diferentes áreas e com família. Eu me divirto muito com a banda. Fiz grandes amigos e temos em comum um hobby despretensioso, mas levado a sério. Ensaiamos assiduamente às quartas-feiras e sempre organizamos apresentações para nos mantermos motivados. https://myspace.com/ozburnes (página da banda). Frequentemente escuto que não tenho cara de roqueiro. Os estereótipos da década de 70 ainda povoam o imaginário das pessoas. No encontro regional da SBDOF de Curitiba agora em maio de 2016 o nosso Presidente João Padula por brincadeira me fotografou com o colega e amigo Anderson Israel. O título da foto ficou “o pastor e o roqueiro”. Goiânia não vive só de sertanejo. Temos uma forte cena roqueira com vários festivais que prestigiam o underground como o Bananada, o Noise e o Vaca Amarela. Mas por via das dúvidas vou tentando educar bem meus filhotes (que são lindos e orgulho do pai coruja).

“Up The OzBurnes” and “Rock on”!


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