378
– Nem sequer sei por onde começar. – E que tal começar pela parte em que é uma espécie de ser sobrenatural
feita de luz.
A minha respiração se prende no meu peito. – Pensa que sou feita de luz? – Foi o que vi. Vejo que ele está outra vez com medo, pela forma como ele desvia o olhar e
se mexe ligeiramente para colocar uma maior distância entre nós.
– Não acho que seja feita de luz. O que viu se chama glória. É um pouco
difícil de explicar, mas é uma forma de comunicar, de nos ligarmos aos outros. – Comunicar. Estava tentando se comunicar comigo?
– Intencionalmente, não – digo, corando. – Não quis que acontecesse. Na
verdade, nunca o tinha feito antes. A Mamãe disse que por vezes pode ser provocado por emoções fortes. – Estou balbuciando. – Desculpa. Não queria te assustar. A glória tem esse efeito nos humanos.
– E você não é humana – ele afirma, confiante. – Sou na maior parte humana. Tucker se encosta-se à porta do carro e suspira de frustração.