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Começo a voltar para casa, Tucker não se mexe. Olho de relance para ele
com ansiedade. Ele espera algo.
– O que é, quer uma gorjeta? – pergunto. – Claro. – Não tenho dinheiro. Quer entrar? – Estava achando que não ia me convidar. Indico por gestos para que me siga. – Espera aqui. Coloco a caixa de sapatos no balcão da cozinha e corro para o andar de
cima para vestir umas calças jeans e uma camisa de flanela amarela e azul. Vejo a
minha imagem ao espelho e paraliso. O meu cabelo cor de laranja parece um ninho de ratos. Entro no banheiro e tento pentear os nós e depois o tranço numa longa
trança que me cai pelas costas. Ponho um pouco de rouge. Uma camada de gloss e estou novamente apresentável.
Quando volto para o andar de baixo, encontro Tucker na sala de estar,
sentado no sofá, com as botas em cima da mesa de café. Está olhando pela janela,
onde o vento agita a grande telha que está lá fora, a árvore num turbilhão de
movimento, cada folha tremendo de vida. Adoro aquela árvore. O vendo ali, a admirando, me irrita. Quero pôr Tucker dentro de uma caixinha segura onde posso prever o que ele quer, mas ele se recusa a ficar lá dentro. – Bela árvore – comenta ele.