
Ministério da Cultura e Banco do Brasil apresentam CCBB Educativo Lugares de culturas Caderno de Mediação




Mediação
Abdias Nascimento 1973
Acrílica sobre tela 46 x 46 cm
Coleção Cesar Nascimento

Ministério da Cultura e Banco do Brasil apresentam CCBB Educativo Lugares de culturas Caderno de Mediação
Mediação
Abdias Nascimento 1973
Acrílica sobre tela 46 x 46 cm
Coleção Cesar Nascimento
Uma pintura, uma fotografia, uma escultura, a capa de um livro podem nos contar muitas histórias. Assim como lemos um livro, podemos “ler” uma obra. São muitas camadas: a técnica, o momento histórico em que a obra foi produzida e as questões daquele período, o olhar do artista, a forma (pinceladas, composição, proporções), o suporte, a escolha do título e tantas outras questões que podemos trazer em uma conversa de galeria.
Então, que tal caminharmos juntos neste passeio pela exposição? Não existe um único trajeto, é possível ler as páginas deste caderno fora de ordem, antes, durante e depois da visita à mostra. A escolha da curadoria na organização das salas também é um diálogo que os profissionais que pensaram a mostra propõem. Durante o percurso, que tal refletir a este respeito e pensar como você, leitor e visitante, teria arrumado este acervo e que trabalhos incluiria no tema proposto.
Este caderno reserva espaços para você, visitante e leitor, escrever suas impressões e conexões. Bom trajeto!
“Alguma coisa está fora da ordem”
A canção “Fora da ordem” (1991), de Caetano Veloso, expressava o seu descontentamento com a “nova ordem mundial” anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que colocava no centro da geopolítica do mundo países ditos desenvolvidos. “Se a maioria da humanidade está em condições de miséria, não é uma minoria de países que estão em condições boas que podem tomar um tom arrogante e estabelecer uma ordem mundial como se a gente não tivesse nada a dizer”, protestava o artista. Caetano Veloso criticava a desvalorização do Brasil e de outros países da América Latina e Caribenha que, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ficaram conhecidos como “subdesenvolvidos”.
Entre o final de 1940 e o início de 1950, o conceito de “desenvolvimento” se consolidou enquanto uma promessa em direção ao progresso econômico. Já o termo “subdesenvolvimento”, adotado pela Organização das Nações
Unidas (ONU), foi deixado para os países ainda em processo de crescimento industrial, dependentes econômica e tecnologicamente das nações mais ricas e com grandes diferenças na distribuição de recursos, oportunidades e condições de vida.
Um dos primeiros economistas a constatar esse cenário foi Celso Furtado, que apontava que a riqueza das potências “centrais”, como os Estados Unidos, a Inglaterra e outros países da Europa Ocidental, dependia de uma relação de submissão econômica permanente com a América Latina e a Caribenha. Como colocou Ailton Krenak: “Se o progresso não é partilhado por todos, que progresso é esse?”.
Arte Subdesenvolvida ecoa as respostas daqueles que fizeram da arte uma busca por retomar o controle de nossa identidade e de nosso próprio destino. Há tanto uma dor quanto uma alegria em estar fora da ordem. E nós estamos aqui para desorganizar.
Óleo sobre tela 81 x 100 cm
Trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome tem gente com fome
[...]
Só nas estações quando vai parando lentamente começa a dizer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer
[...]
Mas o freio de ar todo autoritário manda o trem calar
Psiuuuuuuu
Coleção Jones Bergamin
Poema de Solano Trindade “tem gente com fome”
Ao longo de sua trajetória, Candido Portinari representou o tema do enterro muitas vezes. São homens que seguram nas alças do caixão, homens que carregam o morto dentro da rede, mulheres carpideiras que choram “rios de lágrimas” e o menino morto em uma cena que evoca a Pietá (Virgem Maria com o corpo morto de Jesus nos braços).
Nesta versão, de 1940, o cenário é mais sóbrio, poucos elementos constituem a pintura. Três faixas coloridas delimitam o horizonte. O tema da obra está representado por quatro figuras masculinas que sustentam o pequeno caixão em cor azul. Se observarmos atentamente, apenas um dos homens tem o rosto à mostra. Vamos reparar na maneira como Portinari estrutura as roupas, entre manchas e linhas pretas, sugerindo a ideia de movimento.
Buscar na Internet a escultura “Formas únicas de continuidade no espaço”, de Umberto Boccioni, de 1913, e observar a maneira como o artista cria o movimento de caminhada no bronze.
Na cidade de Brodowski, no estado de São Paulo, nasceu Candido Portinari (1903-1962). Seu olhar foi moldado por cenas de infância, que o acompanharam por toda sua obra: pés descalços na terra quente, gangorras improvisadas nos quintais, a dureza e a doçura de um país que mais tarde ele transmutaria em cor e forma. Foi um artista profundamente influenciado por correntes modernistas, como o cubismo, o surrealismo e o muralismo mexicano de Diego Rivera. Sua obra reflete tanto a brasilidade quanto o engajamento social, retratando as crianças, a vida dos trabalhadores nos cafezais e as paisagens do Brasil.
Menina Ajoelhada
Candido Portinari
1945
Óleo sobre tela 55 x 46 cm
Paulo Darzé Galeria
Portinari, assim como vários artistas, foi influenciado por Pablo Picasso. Observe a maneira como ele dá forma às roupas da menina. É interessante pesquisar na Internet imagens das pinturas cubistas de Pablo Picasso e voltar à obra de Portinari.
A fome e o brado
Abelardo da Hora
1947
Bronze
95 x 60 x 45 cm
REC Cultural, Recife - PE
“A fome e o brado”. A palavra “brado” tem mais de um significado. No título desta obra, o termo está sendo usado no mesmo sentido do que encontramos na primeira estrofe do nosso hino nacional.
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante.
No hino, o “brado retumbante” significa o grito estrondoso, que ecoa. Brado é sinônimo de grito, clamor ou protesto. Que tal voltar a olhar a obra pensando nisso?
Na galeria, vamos estar frente a pinturas, gravuras e fotografias que são obras bidimensionais, o que quer dizer que têm altura e largura. “A fome e o brado” é uma escultura, uma obra que tem, além da altura e largura, profundidade. As esculturas nos convidam a serem vistas de vários ângulos. Sempre que for possível recomendamos que as obras tridimensionais sejam apreciadas com esse pensamento. Se possível, caminhe ao redor da obra, investigue.
Vamos voltar ao tema da obra: a fome. O que as expressões desse conjunto de pessoas nos dizem? Qual é o elemento da composição que representa esse grito, esse brado?
Essa escultura recria a composição triangular renascentista, muito presente nas obras religiosas. Uma boa experiência é desenhar um triângulo com as mãos e voltar a observar a obra. Essa composição leva nosso foco para o vértice do triângulo, onde está a mão que clama em direção ao céu. No centro, a mãe está com a criança no colo, como nas pinturas da Madona com o menino Jesus.
Em Vidas secas, publicado em 1938, Graciliano Ramos nos apresenta a vida de uma família de retirantes sertanejos movida por um instinto de sobrevivência e o desejo de dias melhores. Através dos personagens Fabiano, Sinhá Vitória, seus filhos e a cadela Baleia, o autor explora os desafios da seca, da injustiça e da luta diária pela subsistência.
Graciliano Ramos
José Olympio Editora, 1938 [Edição facsimilar Eletropaulo / José Olympio, 1988] Coleção particular
Capitães da areia, de Jorge Amado, acompanha um grupo de meninos de rua em Salvador, explorando temas como pobreza, marginalização e solidariedade. A obra denuncia a exclusão social e o abandono infantil, questionando desigualdades da sociedade brasileira que permanecem até hoje.
Capitães da Areia
José Olympio Editora, 1937 Coleção particular
Ao partir de sua cidade, em um interior do Nordeste brasileiro, Cícero entrega uma carta a Raimundo, com quem viveu um romance intenso. Raimundo guarda a carta por muitos anos sem saber o que ela diz, pois é analfabeto. Aos 71 anos, ele decide aprender a ler para, enfim, se encontrar com as palavras deixadas pelo grande amor de sua vida. Lançado no Brasil, em 2021, e nos EUA, em 2023, o livro recebeu o National Book Award, um dos prêmios literários de maior prestígio no mundo.
Bibiana e Belonísia são gêmeas, conhecidas como ibejis. Nascidas no sertão baiano, têm a infância marcada por um incidente que as conecta para sempre, a ponto de uma ser a voz da outra. Ao longo do livro, acompanhamos suas trajetórias através de histórias de família e contra-histórias de um Brasil marcado por escravidão, encantaria e resistência. Torto Arado ganhou prêmios importantes em Portugal (LeYa, em 2018) e no Brasil (Oceanos e Jabuti em 2020).
Em busca do pai e da avó que nunca conheceu, Samuel sai de Juazeiro do Norte a pé, caminhando até a cidade fantasma de Candeia. Lá, o jovem se vê dentro da cabeça de uma estátua de Santo Antônio e percebe que tem o dom de escutar preces de mulheres ao santo falando de amor. A partir desta descoberta, a vida em Candeia muda, assim como a de Samuel. Escrito por Socorro Acioli, o romance foi desenvolvido na oficina “Como contar um conto”, promovida por Gabriel García Márquez, em Cuba.
Em sua estreia na literatura infantil, Itamar Vieira Junior apresenta a realidade do campo pelos olhos de Julim, um menino que trabalha com o pai nas plantações de arroz. Já Chupim é um passarinho, “uma praga” que Julim precisava espantar das roças, mas de quem se torna amigo. Dividindo o dia a dia, eles descobrem juntos como sobreviver em um mundo desigual.
Dora, uma menina nordestina, de Gabriel Ben
Dora nasceu numa cidade do Nordeste brasileiro e viajou com sua família de caminhão até chegar ao morro da Casa Branca, no Rio de Janeiro. As lembranças da vida que ela deixou não a abandonaram, mas se transformaram em sonhos. Neles, ela pode reviver a caça aos caranguejos no mangue, os movimentos da dança de Tia Teté e os gostos da macaxeira e do açaí com que estava acostumada. Através de suas memórias, conhecemos a vida de outros meninos e meninas migrantes que reconstruíram as tradições de sua terra natal.
braços dessa mulher. Veja como o pintor acentua a força que ela faz através do deslocamento dos ombros e da manga que não aparece no braço de trás.
A mesa possui o tampo inclinado e reforça a tensão entre o barro e as mãos dela. A desproporção entre o corpo e a cabeça reforça a ideia de um corpo programado para o trabalho braçal.
Mulher fazendo telha José Cláudio
Óleo sobre tela
82 x 62 cm
REC Cultural, Recife-PE
Wellington Virgolino
Óleo sobre tela
80 x 62 cm
REC Cultural, Recife-PE
O sapateiro
Ailema Bianchetti
1952
Gravura
32 x 37 cm c/ moldura
Acervo Ailema Bianchetti
Sem título
Carlos Scliar
1951
Gravura
39x29 c/ moldura
Acervo Ailema Bianchetti
A gravura implica um processo que envolve uma matriz e o papel. A matriz pode ser de madeira (xilogravura), metal (calcogravura), pedra (litografia) ou linóleo (linoleogravura). Nas matrizes de madeira, linóleo e metal, o artista gravador cria uma composição utilizando instrumentos que causam incisões na superfície da matriz. Em seguida, o impressor entinta (passa tinta) a matriz e a tinta se retém em sua superfície ou no sulco criado pelas incisões, dependendo da técnica utilizada. Na última etapa, o impressor (que pode ou não ser o próprio artista) imprime a obra numa prensa, pressionando um papel especial contra a matriz. Assim, as formas idealizadas pelo artista são transferidas da matriz para o papel. Tradicionalmente as gravuras têm uma tiragem limitada (quantidade de gravuras realizadas a partir de uma mesma matriz), de algumas dezenas e, como são consideradas obras de arte, são numeradas e assinadas pelo artista.
Carlos Scliar (1920-2001), um dos grandes nomes da arte brasileira do século XX, trabalhou muito com a linoleogravura, especialmente durante os anos 1940 e 1950. Ailema Bianchetti (1926-2024) também foi uma referência artística importante que mostrou como a linoleogravura pode ser um meio expressivo tanto para questões sociais quanto para dimensões mais subjetivas.
Dispositivo didático do programa de alfabetização de adultos do Movimento de Cultura Popular. Autoria desconhecida s.d. - Fotografia
Acervo Fundação Joaquim Nabuco
PedagogiadoOprimido
No Recife, em 1960, um grupo de pessoas se juntou com o objetivo de combater o analfabetismo da cidade, dando início ao Movimento de Cultura Popular (MCP). Esse foi um dos maiores projetos de educação popular e cultura do Brasil, comprometido com a participação ativa da população na vida política do país, já que, na época, as pessoas analfabetas eram proibidas de votar. Em pouco tempo, o MCP foi responsável por inaugurar uma rede municipal de escolas populares e um programa de alfabetização de adultos que serviu de inspiração para o livro Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire.
O MCP trabalhava com linguagens como o teatro e o cinema, com capacitação para artistas e artesãos, além de promover festas, seminários e congressos sobre temas ligados à cultura. Sua existência foi breve, mas significativa. Entre 1960 e 1964, foi responsável por criar o Teatro de Cultura Popular (TCP), um centro de artes plásticas e artesanatos, emissoras de alfabetização pelo rádio, dentre outras iniciativas interrompidas pelo golpe militar.
Em 1960, é publicado o primeiro livro da multi-artista Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo: diário de uma favelada, feito a partir dos diários em que ela descrevia seu cotidiano e o de seus filhos na favela do Canindé, às margens do rio Tietê, em São Paulo. Escritora, cantora, musicista, poetisa e dramaturga, Carolina Maria de Jesus foi uma mulher negra que reivindicou a literatura para si como forma de resistência e de expressão de subjetividade negra. Em Quarto de despejo, narra a realidade daqueles postos à margem da sociedade, onde a fome aparece como uma das protagonistas. Porém, como colocou a escritora Conceição Evaristo, a fome de Carolina vai muito além da saciedade física: trata-se da fome existencial de uma mulher que nunca aceitou a pequenez da vida.
Quarto de Despejo
Diário de uma Favelada
3ª edição
Carolina Maria de Jesus Editora Francisco Alves 1960
Coleção particular
Nascida em 1914, na cidade de Sacramento, em Minas Gerais, 26 anos após a abolição da escravidão, a autora começou a vida no contexto rural do interior mineiro. Passou parte da infância junto do avô, Benedicto José da Silva, conhecido como o “Sócrates africano”, escutando suas histórias ao redor da fogueira.
Em 1937, Carolina viveu o êxodo rural em direção à cidade de São Paulo e se deparou com o processo de favelização da capital paulista, um acontecimento histórico e geográfico recente na cidade. Na época, Carolina sustentava os filhos catando papel nas ruas, mas jamais deixou de escrever. Sua filha, Vera Eunice, se recorda de como a mãe só usava roupas com bolso para guardar lápis e papel, sem risco de deixar alguma ideia ou pensamento escaparem. Quando conheceu o repórter Audálio Dantas, que chegou em Canindé para fazer uma matéria sobre a realidade da favela, Carolina o levou ao seu barraco e, dentre muitos manuscritos, mostrou também seus diários que descreviam um lado ignorado pela sociedade.
O Quinze
Rachel de Queiroz
Estabelecimento
Graphico Urânia, 1930 [terceira edição, José Olympio Editora, 1948]
Coleção particular
Rachel de Queiroz foi uma escritora conhecida por dar voz ao sertão nordestino e seus personagens, como vaqueiros, migrantes e camponeses. O Ceará, sua terra natal, aparece não só como cenário, mas como principal personagem de seu primeiro romance O Quinze (1930), que é tido como um clássico da literatura modernista.
Através de Conceição, Vicente, Chico Bento e sua família, o livro nos apresenta o universo dos retirantes, sua relação com sua terra e o papel da educação na transformação de vidas, especialmente as das mulheres.
Dividido em duas histórias paralelas, mas que se entrelaçam para criar um retrato amplo sobre as migrações e seus desafios, O Quinze explora tanto conflitos emocionais quanto sociais, falando sobre fome, esperança, amor e sonhos.
Na sua forma de descrever a cultura e o modo de vida local, em 1977, tornou-se a primeira mulher na Academia Brasileira de Letras e até hoje permanece uma voz marcante na literatura, na representação do sertão e das mulheres.
Geografia da Fome
Josué de Castro
Editora O Cruzeiro 1946
Coleçao particular
Em Homens e caranguejos, o pernambucano Josué de Castro narra a história de um menino cuja vida e destino se confundem com a dos caranguejos com quem divide os manguezais. Nas margens do rio Capibaribe, no Recife, onde reina a pobreza e a miséria, homens e caranguejos tornam-se um só: nascem da lama, se alimentam do mangue e dele vivem até o fim. Entre a terra e as águas alagadas, refletem o drama de inúmeras outras áreas do mundo assoladas pela fome. Através do personagem João Paulo, o livro fala da miséria como fenômeno social, um tema ao qual Josué de Castro dedicou vida a investigar em Geografia da fome (1946) e Geopolítica da fome (1951).
Suas ideias inspiraram o compositor Chico Science, que esteve à frente do movimento artístico e cultural pernambucano Manguebeat com sua banda Nação Zumbi. Surgido em Recife nos anos 1990, o movimento buscava resgatar e reinventar as raízes culturais do Nordeste, mesclando ritmos como maracatu, coco e ciranda com influências urbanas e globais, como o rock, o hip-hop e a música eletrônica. Suas letras reverberam das críticas de Josué às contradições sociais, como na canção “Da lama aos caos” (1994), em que o mangue, os caranguejos e a lama assumem o protagonismo como símbolos de uma população marginalizada que se adapta e se transforma pelo caos.
Os manguezais de Homens e caranguejos foram transformados por Chico Science e Nação Zumbi no símbolo de resistência cultural e marginal de Recife, celebrando a criatividade e a força da periferia nordestina.
Desenvolvimento e subdesenvolvimento
Celso Furtado
Editora Fundo de Cultura, 1961
Coleção particular
O mito do desenvolvimento econômico
Nascido em 1920 na cidade de Pombal, na Paraíba, Celso Furtado trouxe uma das mais importantes críticas às concepções de desenvolvimento e de subdesenvolvimento do pensamento econômico nos anos 1950 e 1960. O economista demonstrou como a riqueza comercial das potências “centrais”, como Estados Unidos e países da Europa Ocidental, dependia da subordinação econômica das nações “periféricas”, que seguiam como principais fornecedoras de mão de obra e de matéria-prima desde a colonização. No livro Desenvolvimento e subdesenvolvimento (1961), apontou como essa situação fazia parte de uma estratégia de perpetuação da condição primário-exportadora da América Latina, apoiada pelas elites nacionais. Já em O mito do desenvolvimento econômico (1974), Celso Furtado chamou de mito, e não meta, a ideia de que a extração predatória dos recursos naturais levaria ao progresso socioeconômico. Assim, o autor questionava os limites ecológicos dos crescimentos industrial e econômico, adiantando questões sobre economia e sustentabilidade que estão sendo amplamente debatidas hoje.
As esculturas de Abelardo da Hora são repletas de gestos e expressões que comunicam emoções, luta e resistência. Nascido na cidade de São Lourenço da Mata, em Pernambuco (1914), mudou-se ainda jovem para Recife, onde sua atuação transformou a cena cultural da cidade. Esteve à frente do Movimento de Cultura Popular (MCP) e se dedicou a transformar as difíceis condições de vida de camponeses e operários. Para ele, arte e sociedade eram inseparáveis. Costumava dizer que a grandeza da criatividade popular estava no amor e na solidariedade, os motores de seu trabalho.
Meninos de Recife
Abelardo da Hora
1962
Impressão offset
Editora Massao Ohno
46 x 32,3 cm
Coleção Armando Garrido
Em Meninos de Recife, série de imagens feitas por Abelardo da Hora, são abordados os desafios da infância em Pernambuco. O artista expõe o cenário de vulnerabilidade vivido por crianças e adolescentes das periferias de Recife, contrastando a expectativa da lucidez e da brincadeira com a realidade do trabalho e do abandono. Esta crítica não se limitava ao contexto pernambucano, mas a uma condição enfrentada por jovens de todo o país, que não foram poupados da desigualdade socioeconômica que crescia junto dos centros urbanos.
Com a industrialização, crianças e adolescentes foram incorporados como mão de obra nas fábricas e muitas vezes eram expostos às mesmas circunstâncias de exploração que os adultos. Somente em 1990, foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um instrumento jurídico que transformou em lei a proteção de seus direitos à educação, à saúde, à convivência familiar, à proteção contra a exploração e ao trabalho infantil.
Cartaz do filme “Terra em transe”.
Direção: Glauber Rocha.
Rogério Duarte
1967
71 x 98 cm
Duplicado pela
Cinemateca Brasileira
Em um país inventado, Eldorado, a escolha de um novo líder se torna uma tarefa difícil. As disputas pelo poder desmascaram políticos, invertem expectativas e desmancham as crenças em uma revolução popular. Essa história, contada no filme Terra em transe (1967), de Glauber Rocha, , representa o clima de agonia e de desesperança que a América Latina vivia com a ascensão de regimes totalitários. O rosto de Eldorado se embaralha entre a miséria e os palácios, o caos e o transe, mas ainda é movido pela vontade de transformações.
Tropicália
O filme é considerado um clássico do Cinema Novo e inspirou a música Tropicália (1968), de Caetano, que incorpora muitas das contradições exploradas pela obra.
“Estética da Fome” começou como manifesto e terminou como conceito principal do Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro que teve início nos anos 1960.
O movimento ficou conhecido pelo seu engajamento político com a realidade do país pré e pós-golpe de 1964 e buscava, através de seus filmes, a retomada de uma identidade latino-americana.
O cinema indigesto de Glauber Rocha, Cacá Diegues, Leon Hirszman, Ruy Guerra e outros cinemanovistas ia da fome em direção à estética, fazendo dela a constatação de violências e desigualdades, mas também de força criativa, revolucionária e emancipadora. “Aí reside a trágica originalidade do Cinema Novo diante do cinema mundial: nossa originalidade é nossa fome e nossa maior miséria é que esta fome, sendo sentida, não é compreendida”, escreveu Glauber Rocha.
“É, no mínimo, muito especial quando a própria realização de um filme acaba se transformando em um novo roteiro”, disse Eduardo Coutinho sobre Cabra marcado para morrer (1984), que precisou de dezessete anos para ficar pronto. O filme abordaria a trajetória de João Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponesas da Paraíba, assassinado em 1962, com atores reencenando sua história e a de sua família. Porém, as filmagens começaram em 1964, mesmo ano do golpe militar no Brasil, fazendo com que membros da equipe de produção fossem presos e Elizabeth Teixeira, viúva de João Pedro, precisasse ficar escondida sob identidade falsa até o final do regime militar, quando pôde se reencontrar com Coutinho.
O que seria uma obra de ficção acabou se tornando um documentário sobre sua própria relação com o destino de Elizabeth e com as marcas deixadas pela repressão da ditadura na vida de todos os envolvidos.
Registro da produção do filme Maioria Absoluta, de Leon Hirszman; ao fundo, cartaz do programa de alfabetização de adultos do Movimento de Cultura Popular. Autoria desconhecida 1963
25 x 37 cm
Acervo Maria Hirszman e João Pedro Hirszman
Jornalista e cineasta, Eduardo Coutinho marcou a história do documentário no Brasil. Conhecido por sua escuta atenta às falas dos entrevistados, o diretor se colocava em cena como forma de participar da realidade que queria retratar. Coutinho iniciou sua carreira no cinema de ficção, integrando projetos próximos ao Cinema Novo, mas consolidou-se no documentário com filmes como Cabra Marcado para Morrer (1984) e Edifício Master (2002), que apresenta a vida dos moradores de um prédio de apartamentos em Copacabana, no Rio de Janeiro.
“Anos de chumbo” é como ficou conhecido o período de maior repressão, censura e violência da ditadura militar no Brasil. Em 1968, com a publicação do Ato Institucional n°5 (AI-5), houve o fechamento do Congresso Nacional, a cassação de mandatos políticos e a intensificação da perseguição a opositores do regime.
“[...] já raiou a liberdade no horizonte do Brasil.”
Na primeira estrofe do Hino da Independência, Evaristo da Veiga nos diz que a liberdade nasceu no horizonte. Na segunda estrofe, ele clama: “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Por qual optar?
Na pintura, Gerchman nos apresenta uma paisagem com um sol patriótico e um homem, com mãos na boca e ar pensativo. Podemos ver refletidas em seu rosto as cores desse sol, e estampado em sua testa o número 68. A referência é 1968, ano em que foi decretado o AI-5
Por qual optar? Permanecer na Pátria livre ou morrer pelo Brasil?
O sol pode ser lido das duas formas: nascente talvez represente a pátria livre; e poente pode estar anunciando o prenúncio de um período de escuridão.
Por qual optar
Rubens Gerchman
Acrílica sobre tela colada em madeira 1968/2000
101 x 101 cm
Instituto Rubens Gerchman
Rubens Gerchman foi um artista interessado pelas questões do mundo. Nasceu em 1942, no Rio de Janeiro, já dentro de um ateliê de artes gráficas. Seu pai tinha um estúdio de publicidade, e, desde cedo, influenciou o filho a desenhar. Com o tempo, a pintura tornou-se uma extensão de sua linguagem e de seus traços. O artista dizia ser um “garimpeiro da cidade”, pois suas obras, que passaram também pela gravura, pela escultura e pelo cinema, retratavam diferentes elementos da vida na metrópole.
O movimento Art Concret surge em Paris (1930) com o objetivo de buscar uma abstração pura que não partisse de nenhum ser, objeto ou paisagem do mundo cotidiano. Segundo seu manifesto: “O quadro deve ser inteiramente construído com elementos puramente plásticos, isto é, planos e cores”. Além disso, deveria “abandonar qualquer aspecto nacional ou regional e se afastar inteiramente da representação da natureza”. O Concretismo no Brasil (1950) valorizou a abstração, que quase não teve lugar no Modernismo brasileiro.
Hélio Oiticica parece perguntar: “Afinal, o que é a pintura? A pintura pode existir além da tela? Qual é o espaço da pintura?”. Oiticica rompe com a ideia do Renascimento, de "quadro como janela para o mundo", que leva a pintura para a vida. A janela, o portal, não precisava existir, a pintura estaria na vida. E, assim, ele amplia o espaço tradicional reservado à pintura – a tela, o quadro – para o espaço “de fora” – da galeria, da cidade.
P15 Capa 11, “Incorporo a revolta” Hélio Oiticica 1967
Projeto Hélio Oiticica
O Neoconcretismo segue algumas das propostas do Concretismo, como a valorização da abstração, mas se expande para a relação entre a obra e o público. O visitante, antes visto como mero espectador, passa a ser entendido como participante, interagindo com a obra no espaço. Hélio Oiticica é um dos artistas mais destacados desse movimento.
Como um dos principais representantes do movimento do Neoconcretismo, ele desenvolveu uma série de trabalhos que faziam do espectador e da obra de arte um só corpo. Em sua instalação “Tropicália”, um enorme labirinto de madeira, cujo percurso era permeado por elementos culturais e ambientais do Brasil fazia dos cheiros e das texturas uma forma de integrar público e espaço. Já os seus “Parangolés”, capas de tecido com frases e cores vibrantes, só ganhavam vida quando vestidos e assistidos em movimento.
Os Parangolés são fruto do encontro do artista com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, da qual viria a se tornar passista. Em 1964, conheceu o carnaval da favela da Mangueira que o inspirou a pensar o movimento das cores a partir do corpo que samba. A dança seria uma maneira de libertar a cor e esta era, por si só, uma forma de libertação.
Sua série Seja marginal, seja herói também fazia do corpo, um instrumento crítico e político ao autoritarismo e à violência policial da época, questionando como as fronteiras entre o herói e o marginal refletem narrativas de poder.
Serigrafia
190 x 97,5 cm
Projeto Hélio Oiticica
Baba antropofágica
PerformanceDocumentação em fotografias e vídeo
Lygia Clark
Coleção
Associação
Cultural Lygia
Clark
“Sou enorme boca que engole o mundo, as pessoas, os objetos. Sou um ser antropofágico”
“Minha boca se abre, mandíbula ao chão: sai de dentro uma baba que escorre num delírio obsessivo, fluindo obstinadamente para fora. Envolve tudo que me cerca, passando a borracha na identidade do meu eu, nos contornos do meu corpo, invertendo o sentido do espaço real vivido por mim como o ‘dentro’ na nostalgia do retorno. No interior que é o exterior: eu e uma janela. Quero passar através dessa janela para o “fora” que para mim era o ‘dentro’.”
Lygia Clark
Através de fios de lã umedecidos com saliva, esticados e colocados sobre os participantes, “Baba antropofágica”, proposta por Lygia Clark, em 1973, criava um corpo comum e compartilhado. A performance dependia dos outros para se completar, porque, para a artista, “sós, não existimos”. Inspirada por Oswald de Andrade e seu “Manifesto Antropofágico”, Lygia Clark adotou a ideia de que comer um pouco de cada identidade seria o que nos une. Assim como a antropofagia era uma devoração mútua que dissolvia o indivíduo no coletivo, a baba é a ligação entre os sujeitos,
Lygia Clark, assim como Hélio Oiticica, foi um ícone do movimento neoconcretista, que buscava resgatar o lugar da experiência e das sensações, fazendo o público se tornar parte da obra de arte. O uso do corpo, como em “Baba antropofágica”, foi muito explorado pela artista como forma de dissolução do eu e, assim, compreender, criar e intervir na cultura.
Exu Trifacético.
Abdias Nascimento
1968
Acrílica sobre duratex
48 x 69 cm
Museu de Arte Negra Ipeafro (RJ)
Exu, ou Èsù, é o nome iorubá do orixá mensageiro e senhor dos caminhos que se cruzam, as encruzilhadas. Ele transita pelas diversas dimensões do encontro e do desencontro, e está tanto na origem do universo quanto nas forças do mundo iorubá. Certo dia, Exu foi desafiado a escolher entre duas cabaças: uma continha igbá, o remédio, enquanto a outra trazia ibi, o veneno. Exu, contudo, encontrou um terceiro caminho: pegou uma outra cabaça vazia, despejou os dois elementos, criando uma mistura que soprou no Universo. Foi assim que passou a ser chamado de Senhor das Três Cabaças. Ao tornar as substâncias uma só, ensinou que a cura pode ser veneno e o veneno pode curar. O que está mesmo em jogo é a escolha da medida das coisas.
Artista, intelectual, senador, deputado, professor e escritor negro, Abdias Nascimento (1914-2011) trouxe um novo olhar sobre política, arte e sociologia no Brasil. Suas produções foram marcadas pelo afrocentramento, a valorização dos referenciais africanos na forma de pensar e intervir na sociedade. Além de ter sido o primeiro a propor uma lei de ações afirmativas para negros, esteve à frente de movimentos e instituições voltados à disseminação da cultura afrodiaspórica e ao combate ao racismo no Brasil, sendo responsável pela criação do Teatro Experimental do Negro (TEN), do Museu de Arte Negra (MAN), da Frente Negra Brasileira, do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO).
Sua profunda relação com o Candomblé e com o orixá Exu esteve presente de diferentes formas em sua vida. Exu foi historicamente demonizado no contexto colonial por conta de sua relação com a ancestralidade africana. Assim, colocar-se com Exu era afirmar a sua identidade negra e aludir ao seu poder de agir no mundo das encruzilhadas. Nas palavras de Sueli Carneiro, “o que devemos a Abdias Nascimento, sobretudo, é a conquista de um pensar negro”.
Nesta obra, é possível ver três diferentes representações de Exu. À frente de um fundo azul, há uma figura centralizada com uma linha vertical que divide a pintura, e seu rosto em duas cores: vermelho e preto; cores regentes do Orixá. Essa divisão gera mais duas faces, dois novos Exus que trabalham com simetria e oposição, assim como em sua história.
A partir da observação das imagens e dos símbolos que permeiam a obra de Abdias Nascimento, como seria a história da arte
curvo está ligado ao feminino
Arearea
Paul Gauguin
Óleo sobre tela 1892
75 x 94 cm
Acervo Musée d’Orsay (a obra não faz parte da exposição)
Após sua primeira visita ao Taiti, Paul Gauguin, pinta a obra “Arearea”. A tela traz cenas que o artista vivenciou na Polinésia, mesclando realidade e imaginação. Quando o quadro foi exposto, em Paris, em 1893, sua obra foi depreciada por pintores e críticos, e o cachorro vermelho que surge no primeiro plano virou uma piada. O que naquele momento não foi percebido é que aquilo não era um cachorro, era uma pintura.
No início do século seguinte (em 1929), o surrealista René Magritte usou de ironia para discutir a verossimilhança. Na obra “A traição das imagens”, Magritte pinta um cachimbo e escreve abaixo da imagem "ceci n'est pas une pipe" ("isso não é um cachimbo"). O surrealista cria, assim, uma tensão entre a realidade que a gente vê, e a forma de expressá-la na escrita e nas artes visuais. No final dos anos 1960, Hélio Oiticica defenderia que a imagem em uma pintura é uma superfície pigmentada, antes de ser uma figura.
As fronteiras da escultura também foram abaladas no início do século XX. A principal ruptura foi a invenção do ready-made, por Marcel Duchamp. A junção dessas duas palavras em inglês significa “já pronto”. Duchamp selecionava objetos e peças industrializadas, modificando sua função original ao transformá-los em obras de arte. Fica a dica da busca na Internet da obra “A fonte” (1917), um urinol de louça que causou grande polêmica sobre o que é ou não uma obra de arte.
Herdeiro dessa tradição na arte, Cildo Meireles se apropria de objetos do dia a dia em suas criações. A materialidade de “Um sanduiche muito branco” é um pão francês que tem como recheio algodão. Isso é um sanduiche? O que você, leitor, acha? Por que diríamos que não é ou que é um sanduiche? Quais são os elementos e argumentos que nos ajudam a responder essa pergunta? Visitar a galeria pode ser gostoso como um jogo. Será que Cildo Meireles quis passar uma mensagem com essa obra ao associar esses elementos? E que mensagem seria essa?
Um sanduíche muito branco
Cildo Meireles
Pãozinho, algodão branco
1966
Dimensões variáveis
Coleção do artista
Essa obra tem uma história: com sabor. Este é o primeiro objeto da trajetória de Cildo Meireles. A obra foi inspirada em um sonho. Cer to dia, Cildo acordou pela manhã sentindo um gosto estranho na boca: ele havia sonhado que comia um sanduíche de pão com algodão. É curioso como uma obra exposta na galeria pode mexer com nossos sentidos. Quando observamos essa peça e imaginamos como seria dar uma mordida nesse lanche, a textura do algodão mastigado pode gerar um desconfor to sensorial. Uma pintura e um objeto ar tístico podem produzir em nós, visitantes do museu, experiências que vão além da visão Vamos imaginar que estamos abocanhando esse pão. Qual seria a sensação térmica: quente ou frio? E o recheio: duro, vaporoso, fofo? Quando a ar te nos impacta, ela cumpriu sua missão Ar te não é a natureza (o real que nos rodeia), mas pode criar uma outra realidade.
Randolpho Lamonier é um artista visual brasileiro, nascido em 1988 em Contagem, Minas Gerais. Suas obras transitam entre arte têxtil, vídeo e instalação. Em suas criações, há um diálogo constante entre palavra e imagem, abordando interseções entre aspirações individuais e coletivas. Em “Sonhos de refrigerador (aleluia século 2000)”, o artista convida o público a se conectar com suas ambições e expectativas, especialmente as pessoas da classe trabalhadora. Aproximando impossibilidade e realidade, a obra propõe um exercício imaginativo que revela questões tanto de nosso tempo quanto de nós mesmos.
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CCBB Rio de Janeiro, rotunda Exposição Arte Subdesenvolvida, 2025
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tuia arte produção
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