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cobertura completa da 3ª convenção internacional de tatuagem de joinville

1 tatuagens | entrevistaS | produtos | tendências


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editorial

bela e Santa Catarina para o Brasil

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hegamos! A 4ª edição da revista de tatuagem de Joinville está de cara nova, com cada vez mais conteúdo exclusivo, novidades, arte e cultura. Estamos expandindo nossos horizontes e, para isso, mudamos. Agora somos Santa Ink! Continuamos a revista de tatuagem, mas ganhamos nosso estado. Deixamos nossa casa para viajar o mundo atrás de coisas novas para contar, buscando experiências diferentes e mais carimbos em nosso passaporte. A capa desta edição, fica por conta da Jessica Vicente Ferreira Soares, que emplacou o primeiro lugar no concurso Miss Tattoo na 3ª Convenção Internacional de Tatuagem de Joinville. Jessica veio até Joinville para uma sessão de fotos e contar um pouco para nós de como foi essa experiência. Não reparem a idade, estamos ficando experientes! Grande abraço.

capa Jessica Vicente Ferreira Soares Foto: Arlei Schmitz Make: Jennyfer Kaiser

COORDENAÇÃO Sandro Chaves / Maga Tattoo magatattoo@hotmail.com.br

Reportagem e revisão Redação Santa Ink

fotos Arlei Schmitz Nei Hanke

projeto gráfico André Silva / AS3D DESIGNER andre@as3d.com.br

tiragem 5.000 exemplares / Gráfica Mayer anuncie na SANTA ink Aline oliveira | 47 3433-4542 contato@oliveb.com.br Sandro Chavez | 47 3433-4542 magatattoo@hotmail.com.br comercial@santaink.com.br

santa ink é uma publicação com distribuição dirigida e gratuíta. todos os direitos são reservados. reprodução total ou parcial estão proibidas. não nos responsabilizamos por conteúdo publicitário dos anúncios veículados nesta edição assim como opniões assinadas pelos colunistas.

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índice

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nossa capa

Jessica Vicente Ferreira Soares

especial

3ª Convenção Internacional de Tatuagem de Joinville

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entrevista

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Especial

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entrevista especial

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mÚsica

Salvador Vegan Café

Chico Morbene

Irmãos Feitosa

Surf Music

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Começamos o ano com uma entrevista especial: nossa primeira Miss Tattoo Joinville! A paranaense Jessica Vicente Ferreira Soares, natural de Rolândia, é modelo alternativa na agência Ink Models in Art’s de Curitiba e, pela primeira vez, participou de um concurso de Miss. Ela foi selecionada para o concurso eentre 10 candidatas. Você confere agora, um pouco mais da primeira Miss Tattoo de Joinville. 8


fotos: arlei schmitz

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nossa capa

Com quantos anos você fez sua primeira tattoo? Fiz minha primeira tattoo aos 14 anos, que foi uma borboletinha nas costas. Eu sempre gostei da arte na pele, desde muito nova. Então, minha mãe fez uma tattoo, e essa foi a brecha para eu fazer a minha. No início, ela não queria deixar, mais acabei fazendo. Você tem quantas tatuagens? Qual é a preferida? Tenho 16 tattoos, eu acho (risos). A que eu mais gosto é a minha Elvira, a rainha das trevas, que tenho no braço esquerdo. Como você define seu estilo? Meu estilo sou eu, e eu sou meu estilo! (risos) Alternativo mesmo, uso o que gosto: camisão, tênis, shorts, não gosto muito de saltos, só se for muito necessário.

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Prefere tattoos ou piercings? Entre tattoos e piercings, eu prefiro os dois. Sempre quero mais tattoos e mais piercings. Você foi a primeira Miss Tattoo da Convenção de Joinville. Esperava ganhar? Eu não sabia que era o primeiro Miss Tattoo do evento, porque era o meu primeiro também. Sinceramente não achei que eu levaria esse Miss por ter outras meninas mais experientes do que eu no concurso. Eu não ensaiei nada, eu só ficava imaginando o que eu iria fazer lá em cima, e deu certo. Entrei com meu estilo, curtindo um rap, na hora até dancei! (risos) Amei a experiência! Nesta edição, você é a nossa capa! Uau! Bom galera, espero que goste das fotos, fiz com todo o carinho e, do meu perfil, sou bem comum. Quero dizer o seguinte: se libertem do que prendem vocês. Mulheres que querem fazer um corte radical nos cabelos, façam; homens e mulheres que querem tatuar o rosto, façam também. Quem tem que se adequar ao nosso estilo é a sociedade! Liberte-se! E muito obrigada a todos vocês.

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EspeciaL

3ª Convenção Internacional de Tatuagem de Joinville a maior do sul do país no segmento Por Redação Santa Ink Tatuagens, arte e cultura agitaram a vida dos tatuadores, piercers, curiosos e amantes da arte na pele que passaram pelo Centro de Convenções e Exposições Expoville, entre os dias 6, 7 e 8 de novembro de 2015. Pelo terceiro ano consecutivo, Joinville sediou uma convenção de tatuagem com mais de 30 horas de programação entre workshops, palestras, cursos, seminários, campeonatos e concursos. Uma das atrações que mais chamou atenção foi a presença do uruguaio Victor Hugo Peralta e da argentina Gabriela Peralta, que são reconhecidos pelo Guinness Book 2014 como o “casal mais modificado do mundo”. Victor Hugo tem 90% do corpo coberto por tatuagens, incluindo os olhos, alargadores na orelha, implantes no crânio, piercings no rosto e mamilos e língua bifurcada. Além das inúmeras tatuagens na pele e globo ocular, Gabriela possui vários piercigns pelo corpo, língua bifurcada, alargadores e implantes na testa e crânio. O casal bateu mais um recorde no evento: centenas de pessoas tiraram fotos e selfies que bombaram nas redes sociais. Para o organizador do evento, Sandro Chaves (mais conhecido como Maga Tattoo), a

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convenção internacional foi uma oportunidade de conhecer mais o segmento, fazer negócios e se especializar na área. “Mais de 800 profissionais de vários estados brasileiros e também de outros países como Portugal, Holanda, Alemanha, Irlanda, Chile, Estados Unidos, Bolívia, Colômbia, Uruguai e Argentina prestigiaram a convenção”, contou Maga que acrescentou: “além disso, outras atrações como concurso de tatuagens em 18 categorias, o tradicional concurso de miss pin up, miss tattoo Joinville, campeonato de skate, food trucks, apresentação de bandas, exposição de carros e motos customizados, exposição de arte e espaço kids conquistaram o público visitante”.

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ESPECIAL

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4,5 8 16 185 800

mil

1200

200 16

toneladas de alimentos arrecadadas entidades beneficiadas total de visitantes nos 3 dias de convenção total de estandes

total de tatuadores de 13 paĂ­ses total aproximado de tatuagens feitas no evento participantes no Campeonato Pro Amador de Skate

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2 1. Johnny, Cruella, Maga, Gabi e Victor 2. Monique Perez 3 Artista em ação 4. Pablo Palominos e Maciej 5. Alwin Perez esposa e amigo 6. As crianças também vieram prestegiar 7- Abel Vargas e amigo

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ESPECIAL

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Concurso Miss Pin-up Johnny e Cruella Artista em ação Performance corporal 3º Cielo Publico feminino presente


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6. Campeonato de Skate 7. Entrega de alimentos arrecadados às entidades 8. Food Truck 9. Roca tattoo 10. Cosplay - Starwars 11. Mark Chavez (EUA) 12. Espaço kids

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especial convenção

Nas alturas com

Lowrider

Brasil

Os líderes de um dos mais importantes car clubs do movimento no Brasil marcaram presença na convenção com apresentações especiais. Os apresentadores Alemão e Japonês do reality Lowrider Brasil, exibido pelo canal Discovery, invadiram a convenção com seus carros customizados ao estilo lowrider. Criado pelos imigrantes mexicanos nos EUA, nos anos 50, a cultura lowrider transforma carros e bicicletas. Com suspensão hidráulica, pintura e rodas específicas, os veículos são preparados para “pular” nas ruas e pularam muito na convenção. Dois integrantes do programa exibido no Brasil estiveram em Joinville entre os dias 6, 7 e 8 de novembro: Alemão e Japonês. Nascido em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, Sergio Hideo Yoshinaga, o Japonês, 47 anos, sempre gostou de carros rebaixados. Depois de 15 anos no Japão, onde teve o primeiro contato com a cultura lowrider, Japonês montou o primeiro carro lowrider do país, um Ford Galáxia 1968. Primeiro, conheceu Alemão e, em seguida, Tatá, quem o convidou a integrar o “Vida Real Car Club” e a oficina, 20


que é conhecida pelos telespectadores da primeira temporada do canal fechado. “Lowrider é um estilo de vida e os projetos são grandes, demandam meses e passam por diversas etapas. Os carros ganham reforço do chassis, instalação de bombas hidráulicas potentes, pintura, rodas raiadas e motorização diferenciada”, explica. Na lista dos carros customizados por Japonês, está uma S10 americana, do joinvilense Ricardo Pereira de Novais, 43 anos, que participou de um dos episódios do Lowrider Brasil. “Sempre me identifiquei com a cultura Lowrider. Foi muito bom ter participado do programa. Fiz amigos e ajudo a disseminar o estilo de vida”, conta Ricardo que já investiu cerca de 50 mil reais na S10.

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especial convenção

Lowrider em duas rodas:

Otra Vida

com as bikes De quatro para duas rodas! Antônio Carlos Batista Filho, o Alemão, de 49 anos, dedicou mais de 20 de sua vida ao primeiro clube de bikes lowrider do país: o Otra Vida Bike Clube. “Sempre gostei da cultura e resolvi trazer para o Brasil e me dedicar às bicicletas”, conta Alemão que trouxe parte de sua coleção para a 3ª Convenção Internacional de Tatuagem. Alemão revela que as bicicletas lowrider possuem características próprias. A pintura normalmente tem cores vivas e brilhantes, resultado da mistura de tinta “candy” com metal flakes. O cromo é outro item fundamental nas bikes, além das rodas, que possuem mais raios do que em uma bicicleta comum. Os pneus, por sua vez, têm a banda branca como os carros clássicos. “As bicicletas são bem 22

mais baixas que as convencionais e normalmente os pedais ficam bem próximos do chão. O projeto, sem a bike, varia de mil reais até onde sua imaginação mandar”, brinca. Em média, para se ter uma bike lowrider customizada pelo Alemão e seu parceiro Samir, o trabalho de customização pode levar de 3 a 9 meses, dependendo da complexidade do projeto. Há quatro anos, o filho de Alemão foi preso. Para ajudá-lo e incentivá-lo, ele batizou seu Bike Clube de “Otra Vida”. Por meio do clube, pessoas que saem da prisão e do crime têm a oportunidade de começar de novo. Referência da cultura chicana em São Paulo, Alemão explica que há apenas três coisas importantes em sua vida, nesta ordem: “família, trabalho e Lowrider. É tudo que preciso!”


especial convenção

de Los Angeles para Joinville Que a paixão une as pessoas, todo mundo sabe! Mark Chavez, que já foi campeão profissional de skate, sofreu um acidente que o tirou das pistas. Há 3 anos, incentivado pelo amigo tatuador Carlos Macias, Mark se dedica somente ao seu estúdio de tatuagem nos Estados Unidos. Já Carlos é tatuador há 25 anos e ambos estiveram pela primeira vez no Brasil. “Gostei muito e já estou pensando em voltar em 2016. Não parei um segundo!”, disse Chavez. “Participo de várias convenções em todo mundo, gostei muito da organização e do público”, contou Macias. O estande dos americanos foi dos mais movimentados da 3ª Convenção Internacional de Tatuagem. A estudante joinvilense Luana Beatriz Pereira, 17 anos, decidiu fazer mais uma tattoo. “Tenho 6 tatuagens, mas sabendo da fama deles, não aguentei”.

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especial convenção

O jeito “Kim” de tatuar

holandesa veio especialmente para participar da convenção Ela é tatuadora há apenas 5 anos, mas o talento já é algo perceptível em seus trabalhos. As mãos apaixonadas por Delfts Blauw – porcelanas muito populares na Europa entre 1600 e 1800, colecionada por famílias ricas de todo o mundo - são precisas e criativas. A paixão pelos desenhos das porcelanas levou Kim Overweg, 37 anos, ao mundo das tatuagens; que a tem levado por diversos países. “Amei o Brasil e a convenção de Joinville! As pessoas são diferentes, legais e receptivas. Quero voltar com mais calma para conhecer outros lugares”, disse. Kim tem uma filha de 9 anos que também ama tattoos. Ao perguntar sobre sua filha fazer tatuagens, disse: “sem problemas, mas quem vai fazer as tattoos sou eu”, brincou Kim, que eleva a tatuagem à categoria de arte em seus desenhos.

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especial convenção

O “mágico” das tatuagens

Se você quer fugir das tatuagens convencionais, daquelas que você sai na rua e se depara com mais três iguais é só procurar o Magic. Pela segunda vez no Brasil, o polonês Maciej Chesiak, 33 anos, veio a convite de Sandro Chaves para a 3ª Convenção Inter-

nacional de Tatuagem de Joinville. Conhecido como Magic, nome dado também ao seu estúdio – o Magic´s Tattoo Studio –, ele está na Irlanda há 12 anos. Ao perguntar sobre o seu estilo, Magic não quis definir apenas um, mas se diz diferente: “uma mistura de

New School, Comics e Realismo”. E quando arte, talento e paixão se encontram, o resultado não pode ser outro, a não ser mágico! “A convenção foi bem organizada. Gostei do “time do Maga”. O Brasil é um dos lugares que quero voltar para fazer o que mais gosto”.

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especial convenção

Ao som de Sabrina

Sabrina Boing Boing, 30 anos, está em uma nova fase! Depois da carreira como cover e repórter de TV, a modelo segue firme como DJ. Sabrina, que é famosa por ter dois litros de silicone em cada seio, chamou a atenção em Joinville! Muitos fãs queriam fotos e autógrafos da Miss Bumbum Rio Grande do Sul, outros, foram conferir ela arrasar nas pickups da convenção e também como jurada do concurso Miss Tattoo.

DJ e modelo agitou o palco da Convenção Internacional de Joinville

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Por causa do visual, composto por muitos piercings e tatuagens, Sabrina tem como lema de vida ser feliz consigo mesma e lutar para ser aceita: “O que a gente tem de diferente é o que a gente tem de mais bonito”. Apesar de trabalhar com a imagem, a modelo revelou um pouco mais sobre o que pensa. “É o caráter e as nossas ações que dizem o que somos e não nossa aparência física”, completou.

Da convenção, a modelo leva mais uma tatuagem, feita por um catarinense, em homenagem ao namorado, noivo e assessor: o modelo Jonathan Martinez, 23 anos, que acompanhou Sabrina nos 3 dias de evento. “A convenção de Joinville me surpreendeu em todos os sentidos: tamanho, estrutura, organização, nível, atrações e público. Os joinvilenses são muito receptivos, pretendo voltar”, declarou.

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entrevista | salvador vegan café

SALVADOR VEGAN CAFÉ O Salvador Vegan Café nasceu da parceria entre o tatuador Luiz Felipe Ribas, que respondeu nossas perguntas, e o jornalista Bruno Isidoro Pereira. Joinvilenses e veganos, eles pensaram em um espaço no qual não seja necessário perguntar os ingredientes que são utilizados na cozinha. Funcionando anexo a livraria Barba Ruiva, de Fernando Koenig, o espaço surgiu da combinação perfeita entre café, livro e discos; tornando o Salvador Vegan Café um espaço único. 28

Livraria Barba Ruiva, de Fernando Koenig


entrevista | salvador vegan café Como surgiu a ideia de abrir um café vegano em Joinville? A ideia nasceu da visita de alguns estabelecimentos veganos, cafeterias e restaurantes em uma viagem que fiz para a Europa. Voltando ao Brasil, conversei com o Bruno (sócio), começamos a desenvolver a ideia a partir dessa diretriz. Como está a aceitação do público em geral? Quando a gente pensou em abrir a cafeteria, imaginamos que íamos pegar mais uma fatia da galera vegetariana e vegana, mas temos percebido é que nosso público é 50% vegetariano/vegano e 50% onívoro – pessoas que comem carne e derivados de origem animal. Elas vêm aqui porque acham o espaço legal, têm curiosidade, gostam da comida vegetariana, vêm para ex-

perimentar e conhecer, e acabam voltando. Está tendo uma aceitação bem legal e bem diferente do que imaginávamos, um público maior do que o esperado.

Tem muita gente que frequenta aqui e é ligado à tatuagem

Quais as dificuldades em ter um café com características tão específicas (vegan)? Uma das dificuldades mais básicas é encontrar fornecedores que façam alimentos que vendemos aqui. Não cozinhamos tudo que vendemos e essa é uma das maiores dificuldades. O mercado de Joinville é voltado para cafeteria ao estilo tradicional, mas estamos em busca de fornecedores com produtos diferentes. Outra dificuldade é chamar e fidelizar o público que não é vegetariano e vegano. Queremos que as pessoas venham porque gostam do espaço e da comida, independente-

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mente se é vegetariano ou não. O espaço de vocês é inspirador! De onde veio a inspiração? A nossa proposta vem da vivência do vegetarianismo/veganismo, do meio punk, hard core, “faça você mesmo”. Essa ideia do “faça você mesmo” e da contra-cultura são alguns dos fatores motivacionais do nosso negócio. É um espaço que traz diversas formas de representação cultural, com livros e discos. Queremos trazer para cá os debates, já temos o sarau do movimento negro e, mais tarde, queremos colocar um projetor com mostra de filmes. Enfim, um espaço para todos! Nossa preocupação é a libertação animal e ética, isso junto com os direitos humanos. Como funciona a criação dos pratos e montagem do cardápio? Trabalhamos com a própria vivência dentro do veganismo. Juntos, temos quase 20 anos de veganismo. Já visitamos vários restaurantes e lanchonetes diferentes. Sendo vegetariano, parte do rolê é ir atrás de comida vegetariana. Nas grandes cidades, como São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, têm muita opção diferente. Então, trabalhamos em cima dos nossos gostos, de coisas que vimos em outros lugares, criamos receitas e aceitamos sugestões de amigos. Qual o envolvimento de vocês com a tatuagem? Sou tatuador há 9 anos e esse é meu envolvimento com a tatuagem. Tenho estúdio em Joinville há 7 anos. Basicamente a tatuagem é meu ponto principal, apesar de termos o café. A tatuagem é o que me motiva diariamente a tentar melhorar 30

e buscar referências novas. Aqui todos têm tatuagem, é uma coisa que liga todos nós, é um lance cultural. Como é a mistura do café, tatuagem, livros, música e arte? É uma mistura natural, todos nós vivíamos de uma forma ou de outra. O Fernando (Barba Ruiva Livros) não tinha uma ligação tão forte com o vegetarianismo, mas ele já vinha com a música, com os livros, com a tatuagem. Nós, aqui do café também. Cada um é envolvi-

do em seu meio de convivência, mas a gente já tinha uma ligação com fatores em comum. Todas elas são expressões do que somos, demonstrações do pensamento. O público do café não vê problema com a tatuagem, justamente porque já é uma galera mais aberta e com a cabeça um pouco diferente. Por vir na cafeteria e provar comida vegetariana, a pessoa já tem que se despir de alguns preconceitos. Queremos um espaço para todo mundo e cada vez mais fazer eventos aqui.


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CHICO MORBENE

CHICO MORBENE

REALISMO

PRETO E CINZA Tatuador desde 2010 e dedicado a tatuagens preto e cinza com muito realismo, Chico Morbene começou a ter interesse por tatuagens quando foi trabalhar com computadores, e no mesmo local havia um estúdio de tattoo. Morbene vem se revelando muito nos últimos anos, ganhando muitos prêmios em convenções. Segundo ele, isso é resultado de muitas horas dentro da sala de tattoo, trabalhando e estudando para poder evoluir. “Os prêmios são só consequência de muito estudo”, explica Morbene. Além de um grande artista, o tatuador ministra workshops, passando para seus alunos todo conhecimento e experiência que tem adquirido nos últimos 6 anos. Sempre em busca da evolução e crescimento de sua arte. Está abrindo uma loja - “Morbene Tattoo Shop” - em Porto Alegre e que prezara pela qualidade contando ainda com outros profissionais da área. “pra mim a loja é uma realização profissional e de vida. Queremos um novo conceito de estúdio de tatuagem e será um local de entretenimento para os clientes e amigos,” afirma Morbene.

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mais um premio pra coleção de morbene na tattoo week rio 2016


TATTOO QUE RENDEU A MORBENE O PRêMIO DE MELHOR TATTOO NA CATEGORIA PRETO E CINZA

MORBENE EXIBE SEUS DOIS TROFéus CONQUISTADOS NA 3ª CONVENÇÃO INTERNACIONAL DE TATUAGEM DE JOINVILLE

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entrevista | irmãos feitosa

IRMÃOS

FEITOSA Apaixonados por desenhos, história em quadrinhos e animação, Eduardo e Alexandre Bezerra Feitosa são paulistas que encontraram em Joinville um novo lar. Conheça um pouco da história dos Irmãos Feitosa.

entrevista | irmãos feitosa Como vieram parar em Joinville? Alexandre: Faz 13 anos que estamos em Joinville. Viemos (meu pai, meu irmão mais velho e eu) por causa de uma empresa em que trabalhávamos. Foi muito difícil me adaptar no início. Diferentemente de São Paulo, que tem várias possibilidades, Joinville não tinha muita coisa. Vim com 21 anos para Joinville, não conhecia o mercado, não tinha faculdade, não estava estudando, estava apenas fazendo alguns estágios na área de desenho e ilustração. Como nasceu a ideia de transformar o lazer de desenhar e pintar em profissão? Alexandre: Primeiro me formei na faculdade. Depois, saí da empresa que nos trouxe para Joinville e fui trabalhar na área de moda em uma confecção. Foi aí que deu o “boom” de trabalhar com arte junto com o meu irmão, pois a empresa faliu e saí de lá com uma mão na frente outra atrás. (risos)

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Como é viver do grafite? Ganhar a vida fazendo o que ama. Alexandre e Eduardo: O grafite nos deu a oportunidade de mostrar nosso trabalho. Quando se está na rua, você está atingindo muitas pessoas. As pessoas passam e tem curiosidade, assim atingimos todos os tipos de pessoas, de classes sociais, de cor, de escolaridade. E isso é o legal do grafite! Além do grafite, quais são os outros estilos de arte que vocês fazem? Alexandre e Eduardo: Trabalhamos com ilustração e caricatura. Caricatura é mais uma brincadeira, porque não gostávamos muito; mas as pessoas adoram. Na verdade, a caricatura surgiu de uma necessidade. Estávamos pagando um stand, divulgando grafite para quarto de bebê, mas não estava dando certo. Para pagar o stand, começamos a fazer caricaturas. Deu certo e pegamos gosto! Como é ver o cenário do grafite passando de vandalismo para arte de rua e ganhando espaço nas escolas?

Alexandre e Eduardo: Não pegamos o começo do grafite, quando era visto como vandalismo. Mas vários artistas brasileiros, a maioria de São Paulo, mudaram esse cenário no mundo. O grafite saiu das ruas, foi para as galerias e, agora, é considerado arte. Estamos nessa onda! Queremos ganhar espaço e aprender mais. Já participamos de vários eventos e convenções e estamos nos atualizando sempre. Na 23 de maio, em São Paulo, foi inaugurado o maior grafite a céu aberto do mundo, uma avenida gigante, com vários artistas pintando. No dia da inauguração, conhecemos todos os artistas. O grafite evoluiu tanto que estão surgindo produtos diferenciados. Já visitamos fábrica de spray para entender o processo de fabricação. O spray para grafite é diferenciado do spray de uso geral. Ele tem menos solvente, cores mais vivas e seca mais rápido. Outros profissionais como artistas plásticos e decoradores também usam estes sprays. Vocês fazem bastante trabalhos com crianças e jovens nas esco-

Fazer quadrinho é muito difícil, é como fazer cinema ou curta-metragem las. Qual a sensação de poder contribuir para o futuro de tantas crianças? Eduardo: Posso dar o exemplo de quando eu era criança? É legal quando o professor ensina, ver a parte técnica e a prática. Porém, ter um profissional mostrando como funciona o trabalho é um diferencial. Quando fui em um estúdio de quadrinhos, voltei pilhado! É outra vivência, uma experiência diferente de ver pela internet ou televisão. É isso que tentamos passar para as crianças! É importante porque elas estão aprendendo. A educação tinha que inserir muito mais arte, música, dança, para desenvolver mais a coordenação motora e a criativa. Parece-me que as crianças estão mais presas, não têm mais espaço para brincar. Quais as maiores referências para o trabalho de vocês? Alexandre: Não fomos nós que descobrimos o grafite, foi o grafite que 37


entrevista | irmãos feitosa

nos descobriu. Desde criança, eu queria ser quadrinista. Meu sonho era trabalhar com quadrinhos e animação. Não tínhamos noção do porquê de uma obra de arte valer tanto, hoje sabemos: é a história, é o momento, é aquela data; não se repete, uma arte única. Os gêmeos são uma das referências no grafite, Eduardo Cobra, Titi Freak – que trabalhou junto com Maurício de Sousa. Em HQ, com certeza é Maurício de Sousa. Ano passado, tivemos o privilégio de conhecê-lo. Foi uma emoção que nunca tivemos na vida, foi muito especial. Temos três pessoas que são de referência de vida longa: Maurício de Sousa, Ziraldo e Juarez Machado. Eles vivem a arte plenamente.

Não foi a gente que descobriu o grafite, foi o grafite que nos descobriu ca trabalhamos juntos. Adotamos o perfil (os Irmãos Feitosa), andamos sempre juntos, usamos roupas iguais e isso tem marcado nosso trabalho. Só usávamos roupas iguais quando nossa mãe colocava, aí pensamos: “vai dar certo, vamos usar a roupa igual”!

Qual o envolvimento de vocês Sendo gêmeos idênticos, a maio- com a tatuagem? ria das pessoas veêm vocês como Eduardo: Eu adoro tatuagem, uma unidade. Como é lidar com acho lindo quem tem, mas não tive vontade de fazer nenhuma ainda. isso no dia a dia e no trabalho? Alexandre e Eduardo: Só nestes Se eu começar, acho que viro um 2 anos que estamos trabalhando e gibi. A primeira vez que eu fiquei vivendo juntos. Porque sempre es- desempregado, queria virar tatuatudamos em salas separadas, nun- dor. Mas não surgiu oportunidade! 38

Como foi participar da 3a Convenção de Tatuagem de Joinville? Alexandre e Eduardo: Foi animal! O Maga deixa a gente à vontade, confia no nosso trabalho, dá oportunidade, deixa a gente livre para criar e desenvolver nosso trabalho. Participamos da 2ª e da 3ª convenção. O Maga adora nosso trabalho. O legal é que ele dá opinião, dicas e aceita nossas ideias. Ele tinha uma tela jogada num canto, que cedeu para gente pintar e sortear para galera do evento. Gostamos de trabalhar com essa liberdade! Hoje, amamos Joinville! Levamos o nome para todos os lugares. Somos paulistas, mas temos Joinville grafitada no coração. Tem tudo a ver! O grafite tem sido bem visto pelas pessoas da cidade, aqui foi bem aceito e o pessoal gosta. Gostamos de carros antigos, gostamos de chuva e de andar de bicicleta! Somos muito novos como artistas, se a pessoa faz o que gosta, com amor, vontade e dedicação, vai dar certo porque para nós está acontecendo!


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POR DJ MARCIOS

música

sURF MUSIC

MUSICA PARA OUVIR DENTRO D’ÁGUA Olá! Nesta edição, vou falar um pouco sobre o SURF MUSIC, estilo de musica que influenciou e ainda influencia muita gente. O surf music ou surf rock era também conhecido como Surf Guitar Rock. Nascido na Califórnia, foi particularmente popular entre 1961 e 1965, influenciando muitas bandas daquela época. Existem dois formatos de surf music: o surf rock instrumental, que teve o mestre Dick Dale & his Del-Tones como um dos principais precursores e o surf pop vocal, encabeçada pela lendária The Beach Boys.

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facebook.com/djmarciosrock

Esta coluna tem o apoio de:

E muitas das principais bandas de surf music são conhecidas por transitar entre os dois formatos e, sendo assim, o gênero é considerado um só, apesar de sua variedade de estilos. Na década de 60, no sul da Califórnia, surgiram muitas bandas de diversas vertentes musicais. Rock and Roll foi música popular e, a partir de 58, com o fortalecimento do rock instrumental de gente como Duane Eddy, Link Wray, e Santo & Johnny provaram que capacidade vocal não era necessária para alcançar o estrelato. O Surf Music foi criado por Dick Dale segundo ele mesmo. Bandas novas de surf foram formadas na zona sul da Califórnia, com grupos como os Beach Boys, The Surfaris, Dick Dale & his Del-Tones, The Mermen, The Challengers, Eddie & The Showmen. E, em outros lugares, começaram a surgir bandas de surf music como Astronauts (Boulder, Colorado),The Trashmen (Minneapolis, Minnesota) e The Rivieras (South Bend, Indiana).


Em 1963, a Checker Records (subsidiária da Chess Records) lançou o álbum Surfin ‘Com Bo Diddley e a faixa “Surfer’s Love Call”, como o lado A de um single com o pioneiro do rock and roll Bo Diddley. The Atlantics, de Sydney, na Austrália, não foram músicos exclusivos de surf, mas fizeram importantes contribuições para o gênero, como o mais famoso exemplo, com a sua batida em “Bombora” (1963). Outra banda de surf australiano que era conhecida fora do seu próprio país foi o Joy Boys, cujo hit “Murphy the Surfie” (1963) foi mais tarde regravado pelo Surfaris. Bandas europeias também contribuíram, geralmente mais centradas no estilo tocado pelo The Shadows. Um exemplo notável da contribuição europeia no surf instrumental é a banda espanhola Los Relampagos’ que gravaram “Misirlou”. The Dakotas, que foram a banda de apoio o cantor britânico Billy J. Kramer ganharam alguma atenção como músicos de surf com “Cruel Sea” (1963), que mais tarde foi gravado pelo The Ventures e eventualmente outras bandas de surf instrumental, incluindo The Challengers e The Revelairs. Durante décadas, “Vibrations” (The Ventures) foi utilizado em programa na TV daUnião Soviética chamado “Panorama Internacional”. O surf music foi criado nos anos 60, mas nos anos 90 bandas como Inexs, Australian Crawl, Hoodoo Gurus, Midnight Oil,The Church, Spy vs. py, GANGgajang,The Police, Men At Work, Oingo Boingo, Pixies representaram muito bem o estilo. O Brasil teve como principais divulgadores do gênero, as bandas The Jet Blacks e The Clevers na época da Jovem Guarda, e atualmente as bandas Dead Rocks e Autoramas. Erasmo Carlos também lançou discos com influências do Surf Rock, mais precisamente no seu primeiro disco A Pescaria. Nos discos O Tremendão e Você Me Acende (embora não tão expressivos), também apresentaram influências do gênero. O parceiro, Roberto Carlos, também apresenta influências da Surf Music em discos como É Proibido Fumar, Broto do Jacaré e Canta Para a Juventude. Mais tarde, Ultraje a Rigor, em Nós Vamos Invadir Sua Praia, também apresentariam influências do Surf Rock. Em Santa Catarina, temos bandas que ainda hoje levantam a bandeira do surf music como Strato Feelings (Joinville), Urano (Blumenau) e Os Ambervisions (Florianópolis). 45


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