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Fórmula E: velozes e modernos carros elétricos invadem São Paulo

Categoria chancelada pela FIA tem muitas diferenças com relação a Fórmula 1

Por Pedro Sbravatti Especial

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As corridas de carros são marcadas por muita velocidade e barulho. O ronco dos motores é uma caraterística que enlouquece os fãs. Mas está é uma realidade que não se aplica a Fórmula E. O campeonato mundial de carros elétricos fez sua estreia no Brasil mostrando ao público modernas máquinas com visuais futuristas, inúmeras disputas dentro da pista, novidades tecnológicas e muitas diferenças com relação a Fórmula 1, a principal categoria do automobilismo mundial, entre elas, a falta do habitual barulho dos carros rasgando as retas.

A prova brasileira da Fórmula E foi disputada em um circuito de rua no Distrito do Anhembi, em São Paulo, no último sábado (25). O desafiador trajeto com pouco mais de 2,9 quilômetros teve como ponto alto a grande reta dos boxes que utilizou o traçado do Sambódromo. Os carros da categoria chegaram na casa dos 300 quilômetros neste trecho da pista. Velocidade pura!

Apaixonado por carros e corridas, o público paulista fez sua parte e marcou presença no E-Prix de São Paulo. Cerca de 23 mil pessoas acompanharam as emoções da prova. É verdade também que o número é bem menor que as 236 mil pessoas que assistiram a Fórmula 1 em 2022, no tradicional circuito de Interlagos, também em Sampa. A parte financeira também ajuda a entender o abismo entre as duas categorias. De acordo com dados da Prefeitura de

São Paulo, a movimentação financeira em torno da vinda dos carros elétricos foi de R$ 300 milhões, enquanto a F1 girou em pouco mais de R$1,3 bilhão no ano passado.

Para se diferenciar da F1, cada vez mais evitar essas comparações e ainda reforçar o seu status de ‘sustentável e tecnológica’, a Fórmula E aposta em inovações dentro e fora das pistas. O ano de 2023 marca a utilização da nova geração de carros, os Gen3, mais velozes e com maior autonomia de bateria. A ideia dos promotores é oferecer uma experiência atrativa e emocionante para o público que vai aos circuitos e também os fãs que acompanham as provas pela televisão e smartphones.

Para atingir estes objetivos, as corridas contam com detalhes que lembram uma mistura muito louca do jogo de vídeo game ‘Mario Kart’ com os carrinhos e pistas da marca ‘Hot Wheels’, ambos sucessos entre crianças, jovens e até adultos. Nesta 9ª temporada da Fórmula E, umas das principais novidades é o ‘Modo Ataque’. Acredite se quiser, os carros elétricos têm a opção de recarregarem suas baterias e ganharem cavalos a mais de potência passando pela zona de ativação criada em um ponto da pista. Algo inimaginável na F1, mas que torna a prova mais divertida e menos previsível.

O E-Prix São Paulo foi praticamente todo em apenas um dia. Sexta-feira (24) ocorreram os treinos livres. Ficaram reservadas para o sábado as fortes emoções com a definição do grid de largada e a corrida. O treino de classificação foi disputado no formato batalha, um carro contra o outro em uma volta lançada. A novidade agradou o público, que vibrou com as disputas por posições sendo definidas por décimos de segundo. A falta de uma volta de apresentação, poucas paradas nos boxes e ainda um aumento no número de voltas determinado pela direção de prova fizeram parte do pacote de novidades que chamaram a atenção dos fãs. Essas iniciativas são bem distantes da programação tradicional de um final de semana de um grande prêmio de Fórmula 1.

O fato é que por todas essas novidades e iniciativas a Fórmula E vem ganhando espaço e se consolidando com o público, patrocinadores e montadoras. Nesta temporada de 2023, são 16 E-Prix e 11 equipes, entre elas marcas de relevância como Jaguar, Porsche, Maserati, Nissan, além de times importantes do automobilismo como Mclaren, Andretti e Penske, que investem na categoria. O interessante é que muitas soluções encontradas para os carros de corrida elétricos são colocadas em prática nos veículos de rua. Ou seja, a disputa funciona também como um laboratório para o nosso dia a dia de olho nesse tipo de motorização sustentável e que vem ganhando cada vez mais adeptos.

Dos 22 pilotos na Fórmula E desta temporada, cinco já tiveram a experiência de guiar um F1 em um grande prêmio oficial. O brasileiro Lucas Di Grassi faz parte desse grupo. Além dele, estão Pascal Werlein, Sébastian Buemi, Steffel Vandoorne e Jean-Éric Vergne.

“A Fórmula E avançou bastante. Essa nova geração de carros, a Gen3, é mais rápida, tem menos peso e solucionou questões relacionadas a autônima. Isso tem atraído mais fãs. É um carro que já faz 320 em uma reta muito longa. Agora, é preciso que a categoria corra também em circuitos da Fórmula 1 para avaliarmos melhor esta evolução“, comentou o jornalista especializado em automobilismo, Toni Vasconcelos.

Diversão - Para cativar e agradar ainda mais os fãs, atividades no entorno da pista de ativação de marca dos patrocinadores também fizeram parte da programação em São Paulo. Uma festa para ninguém botar defeito, inclusive, com apresentações musicais. Um estande imenso com jogos de corrida que utilizavam cadeiras gamers específicas para dirigir com volantes foram a sensação e atraíram a maior parte do público.

E-Prix São Paulo – Dentro da pista a Fórmula E cumpriu o que se esperava dela. Ultrapassagens, brigas por posições e manobras ousadas demonstraram a qualidade técnica dos competidores e arrancaram aplausos e gritos dos torcedores paulistas. O piloto neozelandês da Jaguar, Mitch Evans, levou a melhor sobre seu compatriota da equipe Envision, Nick Cassidy, e venceu o E-Prix de São Paulo. Os dois fizeram um grande duelo nas voltas finais e ficaram separados por menos de um segundo no final. A terceira colocação ficou com a outra Jaguar, do piloto inglês, Sam Bird.

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