Livro desenvolvimento humano

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CAPÍTULO 7

a aprendizagem tem uma dimensão subjetiva envolvida com a ação singular do sujeito que aprende, na qual participam, em forma de sentidos subjetivos, ‘recortes de vida’ que representam as formas em que essa vida se configurou na dimensão subjetiva de cada pessoa.

E complementa o autor: O trabalho pedagógico tem muito a ver com a organização da sala de aula como espaço de diálogo, reflexão e construção, mesmo que essa concepção do espaço social da sala de aula tenha sido, até o presente, algo pouco trabalhado na educação e nas próprias ciências do homem (p. 30).

Esse autor compreende que as dificuldades decorrentes da dessubjetivação do aluno e do professor e o fato de não fazerem uso de suas capacidades de produção de conhecimentos, impedem o rompimento da lógica descritiva e reprodutiva dominante na representação sobre aprendizagem. Sinaliza González Rey (2003) para uma mudança na concepção do sujeito que aprende, passando da forma padronizada e homogeneizadora para a compreensão do sujeito ator de sua aprendizagem. De acordo com essa perspectiva, a escola deve ampliar sua função no intuito de possibilitar os processos de subjetivação vinculados ao conhecimento, processos esses que possuem sentido e significação para os “sujeitos individuais concretos” (2003, p. 110). A consideração da aprendizagem escolar como um processo singular e complexo é fundamental. A utilização de mediadores alternativos para a apropriação das ferramentas culturais possibilita a acessibilidade de sujeitos com deficiências aos sistemas simbólicos elaborados socialmente; e mediados pelo outro ser cultural, que utiliza, semioticamente, meios técnicos e instrumentos psicológicos associados às atividades de significação humana. Compreender as peculiaridades psicológicas e biológicas dos sujeitos com deficiência visual favorece a organização dos apoios às suas necessidades de aprendizagem.

3 Como enxergamos? Visão e deficiência visual Muitos estudos mostram que mais da metade das informações disponíveis no meio são percebidas pela visão. De fato, esse sentido nos proporciona um amplo conhecimento dos objetos e dos contextos que nos envolvem. O complexo visual é integrado pelo globo ocular, com suas partes, as vias óticas e o cérebro. Esse conjunto íntegro funciona em rede, desde a captação dos estímulos luminosos pelo olho, até a interpretação da imagem no córtex cerebral. Os estímulos luminosos são refratados pela córnea, humor aquoso, pupila, cristalino e humor vítreo que devem estar transparentes e permitir a chegada da luz na retina. Durante os primeiros anos de vida, uma diminuição da transparência das estruturas a serem atravessadas pela luz ou a formação de imagens fora da retina podem ocasionar deficiência visual irreversível (BRASIL, 2000). A retina é a parte mais interna do olho e possui um grupo de células nervosas (cones e bastonetes) responsáveis pela acuidade visual e pela percepção do campo visual. A acuidade visual é a capacidade visual de cada olho (visão mono158


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