Livro desenvolvimento humano

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A pessoa com deficiência visual na escola

As pessoas cegas geralmente utilizam o Sistema Braille para escrever e ler. Esse Sistema foi inventado por Louis Braille, francês que se tornou cego aos três anos de idade. Com base no protótipo de Louis Braille, a reglete e o punção ainda são os recursos mais utilizados para escrever. A reglete consiste em uma tábua de madeira, plástico ou metal, em uma régua de metal com celas que comportam um símbolo braille. O punção é utilizado para pressionar os pontos no papel e a escrita se faz da direita para a esquerda. No verso do papel, os pontos em relevo combinados em quantidade e posição formam letras, palavras, frases, números, outros símbolos matemáticos, químicos, fonéticos, informáticos e musicais. Existem, também, máquinas manuais e elétricas, impressoras braille, que produzem material em média e grande quantidade e utilizam programas de conversão tinta/ braille como o Braille Fácil. Esse programa está diponível em: <http://intervox.nce. ufrj.br/brfacil>. O recurso mais utilizado para operações matemáticas é o soroban. Esse ábaco, muito utilizado pelos orientais, foi adaptado no Brasil em 1948, o que permite seu uso por pessoas cegas. Por meio das técnicas específicas, pode-se realizar operações com números inteiros, decimais, fracionários. Calcular potências e raízes, transformar medidas, dentre outras. Atualmente, temos disponíveis vários modelos de calculadoras sonoras, além de computadores e aparelhos de telefone celular com calculadoras e programas de voz integrados. O direito de ir e vir também deve ser garantido às pessoas cegas. A bengala longa permite a mobilidade com independência e deve ser usada de acordo com as técnicas específicas. O cão-guia está se difundindo no Brasil como uma alternativa promissora. Para tal, são necessárias políticas governamentais de subsídios para manutenção desse projeto, além das mudanças culturais que visam à apropriação do cão-guia como auxiliar, participando de todos os espaços com o seu dono. A tiflotecnologia6 disponibiliza meios técnicos e tecnológicos que favorecem a acessibilidade de pessoas com deficiência visual. Integra o conjunto de tecnologias assistivas que, cada vez mais, desenvolve ferramentas computacionais e softwares que permitem às pessoas cegas o acesso à informação e à comunicação. Os programas leitores de tela do computador e sistemas de voz integrados aos telefones celulares, às calculadoras e aos equipamentos diversos, como I-POD, aparelho medidor de pressão e utensílios domésticos, são cada vez mais comuns. Há, ainda, livros falados, e-books, livros digitais e em áudio. Caparrós (2003) enfatiza o uso de ferramentas da tiflotecnologia e salienta a repercussão inquestionável do seu uso no processo de inclusão. Informações mais detalhadas sobre o DOSVOX, um programa leitor de tela, brasileiro e gratuito podem ser encontradas em: <http://www.intervox.nce.ufrj.br/dosvox/>. Outros existentes, a exemplo do Jaws para Windows e Virtual Vision, são disponíveis para as pessoas cegas. A locomoção com independência e autonomia e a participação efetiva em todos os espaços exige adaptações que minimizam as barreiras arquitetônicas, urbanísticas e de mobiliário. A acessibilidade física deve ser prevista no projeto 6

Tiflotecnologia: entende-se por Tiflotecnologia o conjunto de técnicas, conhecimentos e recursos voltados a proporcionar aos cegos e deficientes visuais os meios adequados para a correta utilização da tecnologia, com a finalidade de favorecer a autonomia pessoal e a plena integração social, educacional e do trabalho. (CAPARRÓS, 2003, p. 307).

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