ELEMENTOS DA PSICOLOGIA
AMBIENTAL APLICADOS ÀS
ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO FUNDAMENTAL EM
SOBRADINHO - DF
ELEMENTS OF ENVIRONMENTAL PSYCHOLOGY APPLIED TO PUBLIC ELEMENTARY EDUCATION SCHOOLS IN SOBRADINHO-DF
Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Out/Fev de 2022
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Out/Fev de 2022
ROCHA, Rafaela S.
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo - Universidade de Brasília (UnB)
rafaellarocha987@gmail.com
Orientador(a): BARRETO, F.F.P
Doutor em Arquitetura e Urbanismo, Professor Magistério Superior - Universidade de Brasília (UnB)
flosculo@gmail.com
RESUMO
O Ensino Fundamental é um dos períodos mais importantes da vida educacional de um indivíduo, pois é responsável pelo desenvolvimento acadêmico, pessoal e social dos estudantes. A maioria dos alunos deste período estão passando por intensas mudanças emocionais, sendo assim, o espaço deve ser acolhedor e também oferecer suporte emocional. Todavia, o ambiente escolar tradicional pouco dialoga com os estudantes e é necessário refletir sobre a possibilidade de mudanças positivas nesse cenário. Foi utilizado para o estudo o suporte de fundamentações teóricas da Psicologia Ambiental, Arquitetura e Educação, buscando identificar a interferência do espaço físico de escolas no processo de desenvolvimento dos estudantes. Para isso, foram realizados estudos de campo em três escolas públicas de Sobradinho, Distrito Federal, por meio de visitas exploratórias e entrevistas. Por fim, o estudo possibilitou identificar a importancia e a influencia que o ambiente escolar possui no processo de ensino-aprendizagem de um individuo, assim como no seu desenvolvimento, tanto nos aspectos intelectuais quanto socioemocionais.
PALAVRAS-CHAVE: psicologia ambiental. ensino fundamental. arquitetura escolar. pedagogia.
ABSTRACT
Elementary School is one of the most important periods of an individual's educational life, as it is responsible for the academic, personal and social development of students. Most students in this period are going through intense emotional changes, so the space must be welcoming and also offer emotional support. However, the traditional school environment has little dialogue with students and it is necessary to reflect on the possibility of positive changes in this scenario. The support of theoretical foundations of Environmental Psychology, Architecture and Education was used for the study, seeking to identify the interference of the physical space of schools in the students' development process. For this, field studies were carried out in three public schools in Sobradinho, Federal District, through exploratory visits and interviews. The study made it possible to identify the importance and influence that the school environment has on an individual's teaching-learning process, as well as on their development, both in intellectual and socio-emotional aspects.
KEYWORDS: environmental psychology. elementary education. school architecture. pedagogy.
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INTRODUÇÃO
Imagina-se que o leitor desta obra tenha frequentado ambientes educacionais por alguns anos de sua vida, quer se lembre deles como sendo mais felizes ou mais tristes. As relações que se desenvolvem no ambiente escolar têm o potencial de gerar rejeições ou apegos, influenciando a forma de ser e agir no mundo. Isso demonstra a necessidade de atenção ao espaço físico da escola, considerando os diversos cenários que esse fator pode influenciar.
O objetivo principal deste estudo é compreender como o ambiente físico escolar, que é um componente da educação nas escolas, afeta os processos educacionais. Para isso, tomou-se como base teórica estudos da Psicologia Ambiental, Pedagogia e Arquitetura, bem como a realização de pesquisas de campo em três escolas públicas de Sobradinho, Distrito Federal.
Um importante espaço para ser desenvolvido a partir da psicologia ambiental são os ambientes de Ensino Fundamental. De acordo com o Ministério da Educação (BRASIL, 2018), o Ensino Fundamental tem por objetivo a formação básica do cidadão, priorizando disciplinas que assegurem aptidão para a leitura, redação e matemática, bem como estudos que garantam a compreensão do ambiente natural e social, o sistema político e os valores que sustentam a sociedade. Dados do i-Educar 2022 do Distrito Federal indicam que no mesmo ano foram registradas 430.000 matrículas no nível básico. O Ensino Fundamental é a maior etapa da educação básica, com 512 escolas e 274.270 alunos matriculados. A rede pública é a principal responsável pela oferta do Ensino Fundamental, com 73,4% dos estudantes matriculados, de acordo com dados do Censo Escolar 2021.
Para que esse ensino ocorra de forma eficaz, os ambientes precisam ser planejados para favorecerem a aprendizagem. A decisão pela psicologia ambiental é evidente porque este campo de estudo oferece uma resposta teórica e científica às questões sobre como os humanos se relacionam com os espaços que ocupam, enquanto a escolha do tema é justificada por estudos que mostram que o ambiente da criança afeta diretamente seu desenvolvimento.
Nesse sentido, os temas aqui levantados ajudarão a entender a importância do ambiente físico escolar, de forma a buscar melhorias para o trabalho dos frequentadores desse ambiente e soluções para problemáticas do dia-a-dia.
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A PSICOLOGIA AMBIENTAL
A Psicologia Ambiental examina a relação entre as pessoas e seu ambiente, seja ele artificial ou natural. O termo "pessoa-ambiente" refere-se ao campo da psicologia que combina preocupações com o bem-estar humano, que se desenvolve nos ambientes em que está presente, com uma preocupação geral sobre as ações humanas que interferem na natureza (STEG; BERG; GROOT, 2013, p. 4-3). A Psicologia Ambiental é interdisciplinar e envolve áreas como psicologia, arquitetura, biologia, geografia e pedagogia.
A composição dos ambientes construídos e a forma como o espaço é organizado, podem fazer com que um ambiente seja agradável e facilitador das relações sociais; de maneira contrária, esse espaço pode apresentar-se como um ambiente hostil, opressor e angustiante. A exposição de alguns conceitos da psicologia ambiental e entendimento dessa relação pessoa-ambiente no espaço escolar, pode ajudar educadores e administradores a entender esse aspecto frequentemente negligenciado. Se esses fatores forem levados em consideração, eles poderão ser mais bem explorados em sala de aula, desde a disposição dos móveis até a utilização de outros espaços fora da sala de aula, com efeitos positivos no processo de ensino-aprendizagem.
O AMBIENTE FÍSICO COMO PARTE DO PROCESSO EDUCATIVO
Mayume Lima (1989), referência em Arquitetura Escolar, percebeu em seus estudos que o arranjo espacial pode demonstrar poder, vigilância e impedimento para certas ações. Esse arranjo forma uma relação de hierarquia entre os estudante e educadores, impressa em um espaço físico “desinteressante, frio, padronizado na forma e na organização das salas, fechando as crianças do mundo, policiando-as, disciplinando-as” (LIMA, 1989, p.38). No processo de significação desse espaço, a autora defende uma escola verdadeiramente da criança, em que a criança possa interagir e deixar sua marca naquele ambiente (LIMA, 1989, p.63).
Tratar o espaço físico escolar como elemento pedagógico é estreitar a relação do(a) estudante com esse ambiente, transformando-o em um ambiente que ele(a) se identifique, passando de um mero espaço (uma área geométrica, neutra e sem significado) para lugar (espaço com o qual se estabelece relação, ganha valor pela vivência e pelos sentimentos).
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PARÂMETROS PARA PROJETOS EDUCACIONAIS
Com o objetivo de tornar os fundamentos teóricos mostrados até o momento espacialmente mais explicados, alguns professores de arquitetura buscaram definir parâmetros que possam assegurar qualidade a arquitetura escolar. A exemplo disso, a professora Dóris Kowaltowski apresenta em seu livro Arquitetura Escolar (2011) alguns parâmetros, que estão descritos abaixo:
1. Salas de aula: Deve-se considerar um espaço que comporte atividades diversificadas e possibilidades de aprendizado baseado na experiência. É necessário a possibilidade de ensino em equipe, já que de acordo com o cientista russo Vygotsky, o ser humano cresce em um ambiente social e essa interação com outras pessoas é essencial para seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 1997).
2. Entrada convidativa: O aluno necessita se sentir convidado e “bem-vindo” ao entrar na escola, em um espaço coberto, que respeite as necessidades de segurança e separe os locais de acesso público e os restritos aos alunos.
3. Espaços de exposição dos trabalhos dos alunos: O parâmetro sugere a previsão de espaços em projeto para a exposição de trabalhos dos alunos, no intuito de valorizar o trabalho dos alunos e promover a sensação de pertencimento.
4. Espaço individual para armazenamento de materiais: Trata-se de um espaço onde o aluno possa guardar seu material na escola e que seja, preferencialmente, próximo a sua sala. A existência desses lugares facilitam a ligação com o lugar, o desenvolvimento de apego, segurança e pertencimento (OLIVEIRA, 2008).
5. Laboratórios de ciências e artes: Sugere-se um layout flexível, com áreas para trabalhos “sujos” (que envolvam água, tinta, etc.), debates e armazenamento.
6. Arte, música e atuação: Recomenda-se que a escola possua um equipamento que possa comportar diversas atividades culturais. São nas atividades recreativas que a criança age de acordo com sua visão do mundo, na qual o aluno é convidado a experimentar ativamente, para reconstruir por si mesmo aquilo que tem que aprender.
7. Área de educação física: Tais áreas devem servir de incentivo para o aluno possuir hábitos saudáveis durante toda a vida. Deve-se considerar a locação de modo a não causar interferências negativas nos outros ambientes escolares. É recomendável
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equipamentos externos acessíveis para a comunidade, de forma a incentivar essas atividades mesmo fora do período letivo.
8. Áreas causais de alimentação: É importante que esses espaços sejam confortáveis, permitam reuniões entre os alunos e espaços de estar. Além disso, espaços de produção de alimentos acessíveis às crianças, que permitem não apenas o desenvolvimento de importantes habilidades, mas também aproximação das crianças com a instituição.
9. Transparência: A transparência é importante dentro da arquitetura escolar, pois evita a sensação de confinamento e monotonia, além de possibilitar o monitoramento de entrada e saída das pessoas. É recomendável um campo de visão para que os alunos possam descansar a visão durante atividades de leitura e uso de computadores.
10. Conexão entre espaços internos e externos: As áreas externas possibilitam o contato com a natureza. Portanto, deve-se considerar para o ambiente escolar livre acesso aos espaços externos, com hortas, caminhadas e equipamentos adequados.
11. Espaço coletivo que permita a socialização: Este espaço serve de aproximação social entre os alunos e incentiva a possibilidade de aprendizado colaborativo entre diferentes faixas etárias. É importante um mobiliário ergonomicamente adequado para o descanso, estimulando a permanência, dedicação e concentração de seus usuários.
12. Iluminação e ventilação natural: A iluminação natural aumenta o bem estar dos alunos, diminui a sensação de confinamento no ambiente e deve formar uma composição harmônica com a iluminação artificial. Os ambientes escolares devem considerar a ventilação natural como solução para o conforto térmico dos espaços, permitindo a ventilação cruzada e controle de aberturas das janelas pelos usuários, para que estes possam regular o próprio conforto. Situações de desconforto provocam apatia e desinteresse dos alunos.
13. Conexão com a comunidade: O parâmetro indica a importância do projeto incorporar os desejos e valores da comunidade, servindo como um espaço de integração por meio da proximidade com o centro, relação com o comércio local, com a infraestrutura existente e que o espaço possa ser usado para eventos da comunidade. Sugere-se que a arquitetura sirva de referência e se destaque do entorno, levando em conta características da comunidade em que se insere.
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14. Fechamento da área: O fechamento da área é uma questão de segurança, porém deve ser pensado esteticamente de modo que não se assemelhe a uma prisão, com soluções inteligentes no projeto, com elementos vazados, vegetação, grades planejadas que componham esteticamente o projeto, sendo também um elemento de destaque e inserção no entorno próximo.
15. Dimensionamento de aspectos funcionais: O parâmetro discute o dimensionamento dos ambientes de modo a comportar as atividades nele realizadas. A área mínima recomendada por aluno é de 1,5m² e deveria ser respeitada, de modo a garantir que as atividades aconteçam de maneira confortável dentro dos espaços.
16. Conforto acústico: O conforto acústico dos espaços deve ser tratado de forma integrada com os outros elementos de conforto ambiental, de maneira a evitar ruídos e interferências nos ambientes de ensino. Janelas voltadas para corredores e aberturas para pátios e áreas externas com muito fluxo de pessoas devem ser feitas com cuidado de modo a não interferir negativamente nas atividades de aprendizado.
17. Acessibilidade: O projeto deve atender às normas de acessibilidade, possuir sinalização nos ambientes, através de recursos como letreiros, placas, pisos táteis, informações em Braille e uso de diferentes texturas em corrimãos. Também deve-se considerar a diversidade antropométrica no mobiliário utilizado.
METODOLOGIA
Buscando analisar comparativamente os espaços educacionais com a abordagem da pedagogia, arquitetura e psicologia ambiental, observou-se suas diferentes características com algumas técnicas de pesquisa. Em um primeiro momento, foi realizada a pesquisa bibliográfica com estudos já publicados sobre a temática. Após isso, foram realizadas visitas exploratórias em três escolas públicas de ensino fundamental em Sobradinho- DF, com o intuito de obter informações detalhadas do local. Mesmo sem a presença dos usuários por conta do período de férias escolares, foi possível coletar vestígios de atividades anteriores, adaptações realizadas para o uso, como as pessoas o utilizam e outras informações sobre os usuários. Nos mapas abaixo é possível visualizar a localização das três escolas selecionadas para o estudo.
Na próxima etapa, foi realizada a aplicação de um questionário online para coletar a percepção dos usuários, visto que não seria possível aplicá-lo presencialmente. As perguntas do
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questionário eram abertas e tinham como objetivo compreender a instituição, sua organização e coletar as percepções de seus usuários sobre esta escola. O acesso completo ao resultado dos questionários pode ser solicitado pelo email rafaellarocha987@gmail.com. As perguntas das entrevistas estão disponíveis no apêndice A, página 28.
PESQUISA DE CAMPO 1: CENTRO DE ENSINO FUNDAMENTAL 03 (CEF 03)
A pesquisa de campo 1 foi realizada no Centro de Ensino Fundamental 03, que está localizado na Q.06, área especial n° 02 de Sobradinho - DF. Inaugurada em 1972, a escola pública atualmente atende cerca de 1000 alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, bem como o Atendimento Educacional Especializado (AEE). De acordo com o plano pedagógico da instituição, constata-se no corpo discente, um grupo de alunos que tem sua auto estima comprometida, falta de interesse pelas questões escolares e problemas emocionais provocados por fatores diversos, entre eles, problemas familiares.
O passeio pela instituição foi guiado por um dos colaboradores, que compartilhou ser desafiador a falta de contribuições financeiras para melhorar o ambiente físico da escola. Foi possível conhecer melhor o espaço projetado e notar uma estrutura e modelo de ensino tradicionais. A escola mantém o projeto original mas está passando por algumas adaptações a fim de melhorar a qualidade do espaço, como por exemplo, reforma da fachada e instalação de lavatórios nos corredores para prevenir o COVID-19 (Figuras 01 e 02).
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Com a visita exploratória, foi possível coletar dados que permitiram comparar as informações com os parâmetros de recomendações da psicologia ambiental para ambientes escolares. A seguir estão as observações realizadas durante a visita:
A volumetria da escola é formada por blocos horizontais dispostos de forma a concentrar odem ser 04).
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Figura 01: Fachada Frontal. Fonte: A autora (2023). Figura 02: Lavatório externo. Fonte: A autora (2023).
EEDF).
Os ambientes seguem um padrão que proporcionam poucos estímulos, mas as diferentes texturas, cores, luz e ventilação dos espaços podem proporcionar uma experiência positiva. A segurança da escola é proporcionada por um sistema de câmeras, bem como grades que separam os blocos de sala de aula dos extensos muros externos (Figura 05). Com o intuito de proporcionar segurança, a escola pode causar sensação de enclausuramento e pouca relação com o exterior.
As salas de aula re ão amplas, com gran os períodos do ano, há desconforto térmico e por isso a necessidade de ar condicionado nos ambientes (Figura 06). A escola possui um padrão de mesas e cadeiras para todas as séries, os
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armários e pias são altos para as crianças e algumas janelas da sala de aula podem ser facilmente abertas enquanto outras não.
A vegetação está presente em quase todos os ambientes da instituição e este é um ponto positivo, pois promove bem-estar aos usuários. A Figura 07 ilustra um jardim entre um bloco de sala de aula e outro. Os espaços de convivência são poucos, e os estudantes costumam passar o intervalo no “cantinho do lanche”, que é descoberto e exposto ao sol e chuva (Figura 08)
A escola possui um amplo espaço para horta, mas necessita de maior organização no armazenamento de materiais para esta atividade (Figuras 09 e 10).
Figura 06: Sala de aula. Fonte: A autora (2023).
spaço de convivência. Fonte: A autora (2023).
As cores predominantes da escola são o branco e azul, que transmitem sensação de limpeza, sensação de descontração
Questão 1: N organização,
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Figura 09: Horta Pedagógica. Fonte: A autora
está cercado por um módulo esportivo, que conta com 5 quadras poliesportivas e um ponto de encontro comunitário (PEC).
Questão 2: Na segunda questão, foram comuns respostas relacionadas à melhoria da aparência da escola nos últimos anos, que ela conta com espaços limpos mas necessita de uma reforma na quadra poliesportiva.
Questão 3: Os entrevistados compartilharam que o barulho das atividades interclasse e o desconforto térmico podem atrapalhar o aprendizado dos alunos.
Questão 4: Foi relatado nesta questão que o CEF 03 transmite tranquilidade, segurança e apego, por conta da escola ser bem cuidada e uma parcela deles terem vivido momentos bons em seus espaços.
Questão 5: Na quinta questão, as respostas se concentram nos espaços verdes e biblioteca da escola, que foi recentemente reformada. O espaço menos preferido era a quadra poliesportiva.
Questão 6: Os entrevistados responderam que sentem falta de espaços para o descanso dos alunos e um auditório maior.
Questão 7: Na última pergunta, as respostas se concentram no desejo de cobertura da quadra poliesportiva, mais espaços para o descanso no intervalo e melhoria do tratamento acústico da quadra poliesportiva, pois o barulho atrapalha a concentração dos alunos durante as atividades extra classe.
Com a análise de dados, nota-se que a comunidade conhece as atuais deficiências da escola e que os colaboradores buscam melhorias para a instituição, porém, é necessário investimentos e projetos para solucionar alguns problemas que atrapalham o desenvolvimento dos alunos, como por exemplo: solucionar os problemas acústicos, pois atrapalham a concentração dos alunos, cobrir a quadra, para possibilitar diferentes atividades neste espaço independente da condição climática, proporcionar espaços de convivência mais confortáveis, entre outros. Essas mudanças serão muito positivas se forem bem planejadas e implementadas de forma adequada, trazendo conforto, estímulos e autonomia para os alunos dessa instituição.
PESQUISA DE CAMPO 2: CENTRO DE ENSINO FUNDAMENTAL 04 (CEF 04)
O estudo de campo 2 foi realizado no Centro Ensino Fundamental 04, que foi fundado em 1973, localiza-se na Quadra 15, Área Especial nº 02 de Sobradinho-DF e atende do 4º ao 9º ano e Educação de Jovens e Adultos (EJA), totalizando 1.443 alunos. O plano pedagógico da escola
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ressalta que há a necessidade de atenção especial às demandas socioemocionais, que têm se apresentado como um desafio no cotidiano da Unidade Escolar. O perfil dos estudantes do CEF 04 é bastante heterogêneo, com composições familiares diversas: lares estruturados, pais empregados, famílias que enfrentam vulnerabilidade social, casos de violência, uso de drogas, alunos que residem em orfanato, assentamentos e, ainda, alunos oriundos de abrigos de recuperação para menores infratores.
Outra característica comum a muitos estudantes atendidos nesta UE é o fato de apresentarem defasagem de idade em relação ao ano que estão cursando. Por diversos motivos, eles representam grande preocupação para toda a equipe de profissionais que atua na escola, pois além das dificuldades de aprendizagem, apresentam desinteresse, apatia ou rebeldia. Durante o segundo semestre de 2022, um dos alunos desta instituição foi apreendido pela polícia do Distrito Federal por planejar um atentado na comunidade do CEF 04. Em relação ao espaço físico da esc instituição. Uma obra a vido à forte chuva no fim
A visita exploratória foi realizada de forma autônoma, onde nenhum dos colaboradores pôde conduzir a visita à instituição. Muitos espaços estavam fechados, mas foi possível a coleta de dados suficientes para a análise. A seguir estão as observações realizadas durante a visita:
A volumetria da escola segue o padrão de instituições públicas do Distrito Federal, com 5 blocos horizontais paralelos e perpendiculares, de forma a proporcionar corredores entre os ambientes da escola. O percurso para a quadra poliesportiva não possui cobertura para o
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acesso em dias de chuva. O projeto continua como o original, porém, alguns ambientes como a sala de artes e sala de ciências, mudaram de função e tornaram-se salas de aula (Figura 15).
O espaço da escola proporciona poucos estímulos, são padronizados, monótonos e não há evidências de apropriação espacial. Há sistema de câmeras nos principais pontos da instituição e grades que separam os blocos de sala de aula dos muros externos. A Figura 16 ilustra como é a segurança da escola para com o meio externo, em que os alunos não possuem proximidade com os muros. A figura 17 mostra que a solução de fechamento e segurança da instituição faz parecer uma penitenciária e pouco lembra um local onde crianças e adolescentes frequentam.
Figura 15: Planta Baixa. Fonte: Diretoria de Arquitetura (DIARQ) - Secretaria de Estado de Educação (SEEDF).
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A escola possui um padrão de mesas e cadeiras para todas as séries, os itens do banheiro, mesas e cadeiras do refeitório seguem medidas universais e não foi possível visualizar a presença de armários na instituição. O banheiro não é ergonômico, sendo difícil para alguns alunos acessar o dispenser e até mesmo o lavatório. Há janelas inacessíveis até mesmo para um adulto dentro da sala de aula. As salas de aula dispõem de boa ventilação e iluminação natural. Quando o ar condicionado está sendo utilizado, as janelas ficam fechadas e não há visibilidade para o exterior, causando a sensação de enclausuramento e cansaço (Figura 18).
Há um espaço amplo para o cultivo de horta, ma
Figura 19: Espaço de convivência. Fonte: A autora (2023).
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A Figura 21 exibe o espaço de convivência externo à escola, que conta com três quadras poliesportivas recé contro comunitário (PEC). É grande a co final da tarde.
A Figura 22 mostra as cores predominantes utilizadas na escola, que são o verde escuro e o branco. Trazem a sensação de limpeza, harmonia e seriedade. Embora seja uma escola que atende crianças e adolescentes, a escola carece de espaços coloridos e lúdicos.
Abaixo está disponível a síntese de respostas para cada questão da entrevista online:
Questão 1. Nesta questão, grande parte dos entrevistados relataram que gostam desta escola, por ser um espaço organizado e um bom ambiente de trabalho. Houve uma parcela de respostas negativas, por conta de problemas como infiltração de água nos períodos de chuva, falta de mais salas de aulas e um auditório.
Figura 21: Área externa. Fonte: A autora (2023).
Questão 2. Na segunda questão, foram comuns respostas relacionadas à padronização da aparência do CEF 03 com as outras escolas públicas do Distrito Federal, em que a fachada lembra a de uma penitenciária. Alguns entrevistados relataram que a escola aparenta ser ultrapassada, mesmo recebendo revestimentos novos e que há a falta de mais espaços verdes, com áreas de convivência alegres e adequadas. Um entrevistado escreveu que gosta da aparência da escola, pois é confortável e funcional.
Questão 3: Nesta questão, os entrevistados compartilharam que as salas de aula são desconfortáveis termicamente e que a falta de espaços externos para atividades fora de sala de aula atrapalham o aprendizado. Um entrevistado relatou que os ambientes são adequados ao aprendizado.
Questão 4: Alguns funcionários relataram que a escola transmite satisfação, tranquilidade e esperança, pois há o sentimento de que estão trabalhando para fazer a diferença. Quanto às respostas negativas, um(a) funcionário(a) relatou sentir tristeza e incapacidade enquanto outro compartilhou que sente injustiça, pois as construções para a educação pública são desprovidas de uma boa arquitetura e paisagismo em relação a outros edifícios públicos.
Questão 5: Na quinta questão, as respostas se concentram no espaço da sala de aula como o preferido e os espaços externos como os menos preferidos. Um dos entrevistados relatou gostar do pátio e área para a prática de ping-pong e o menos preferido foi a sala de informática, por ser muito desconfortável termicamente.
Questão 6: Os entrevistados responderam que sentem falta de um auditório para a apresentação de alunos, sala multiuso para atividades livres, espaço para teatro, refeitório para os funcionários, espaço adequado para o tênis de mesa, que localiza-se em meio ao sol e à chuva, lugares para lanchar e brincar.
Questão 7: Na última pergunta, as respostas se concentram no desejo de melhoria dos espaços externos, bem como sua manutenção e limpeza, construção de espaços que a escola não oferece no momento, solução do desconforto térmico nas salas de aula e maiores projetos pedagógicos fora do ambiente escolar, pois é muito raro saídas para o aprendizado fora de suas dependências. Um dos entrevistados relatou que não deseja mudanças.
De acordo com as informações coletadas, percebe-se que os ambientes da instituição refletem seu método de ensino tradicional, expressa em seu aspecto de disciplina, autoridade e obediência. Nota-se que a instituição necessita de melhorias para tornar-se um espaço capaz de construir relações afetivas e proporcionar bem-estar aos indivíduos.
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PESQUISA DE CAMPO 3: CENTRO DE ENSINO FUNDAMENTAL 05 (CEF 05)
O Centro de Ensino Fundamental 05 foi inaugurado em 1976, localiza-se na Quadra 10 - Área Especial 04/05 - Sobradinho-DF e atende cerca de 1150 alunos das seguintes modalidades de ensino: Anos finais do Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos, Educação Integral e Atendimento Educacional Especializado (AEE).
De acordo com dados levantados na secretaria escolar, 69% dos estudantes moram em Sobradinho 1 e 31% moram em seu entorno. Cerca de 68% dos alunos possuem família desestruturada, o que dificulta a participação dos mesmos no acompanhamento escolar de seus filhos. O fim da pandemia trouxe outro desafio para a escola, como o déficit pedagógico e social dos alunos, grande índice de evasão escolar e o crescente aumento do número de adolescentes e jovens psicologicamente doentes. Há ainda a preocupação com a violência e o tráfico de drogas fora da escola, que acabam atingindo os estudantes. A seguir estão as observações realizadas durante a visita:
A volumetria da escola continua original e é composta por 5 blocos de salas de aula paralelos e 1 bloco administrativo perpendicular. Todos os blocos se interligam por uma passagem coberta, de forma a proporcionar um pátio descoberto ao centro da instituição (Figura 23).
Figura 23: Planta Baixa. Fonte: Diretoria de Arquitetura (DIARQ) - Secretaria de Estado de Educação (SEEDF).
Todos os ambientes possuem a mesma cor, apenas os espaços do pátio que possuem alguma pintura em seus mobiliários e chão. Nota-se uma carência de variabilidade de cores para os diferentes espaços e atividades, pois as cores predominantes em cada ambiente são o branco e o verde, que transmitem a sensação de limpeza, pureza, saúde e frescor. O pátio pode proporcionar uma experiência mais positiva (Figura 24), pois proporciona mais estímulos visuais e sensoriais em relação aos outros espaços da escola. A Figura 25 exibe o padrão em que os espaços de circulação e próximo às salas de aula se encontram.
As mesas e cadeiras das salas de aula e da cantina seguem o padrão das escolas públicas do Distrito Federal, em que todas são do mesmo tamanho para todas as séries. Assim como na análise das escolas anteriores, as janelas basculantes das salas de aula são inacessíveis para os alunos. Há a possibilidade de um estudante sentir dificuldades para pegar um livro na parte superior de uma estante da biblioteca, promovendo a sua falta de autonomia sobre o espaço.
Nos fundos da instituição localiza-se a horta do CEF 05, que é uma atividade fora das salas de aula que possibilita contato com a natureza. O espaço de convivência no entorno da instituição não é convidativo, pois aparenta abandono e necessidade de revitalização. Localiza-se entre o fundo da escola e um extenso terreno abandonado. A área em que os alunos mais gostam de ficar durante o intervalo é no pátio, que conta com mobiliários coloridos de concreto entre a sombra das árvores (Figura 26).
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Figura 24: Pátio Interno. Fonte: instagram.com/cef05sobradinho.
Figura 25: Área de Circulação. Fonte: A autora (2023).
Percebe-se que a escola está em constante crescimento na sua infraestrutura, mas ainda não há um sistema de câmeras. A Figura 27 exibe como é a fachada frontal da instituição, seus muros são altos, com grades e impermeáveis visualmente como solução para a segurança. Nota-se que nesta escola não há grades que impedem o acesso aos muros externos, como nas instituições analisadas anteriormente (Figura 28).
As salas de aula são amplas, com janelas permeáveis visualmente, adequada iluminação e ventilação (Figura 29). Em períodos do ano onde há maior incidência solar, há desconforto térmico dentro das salas de aula. Nota-se que as janelas não protegem da incidência solar.
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Figura 26: Área livre do CEF 05. Fonte: A autora (2023).
Figura 27: Fachada frontal. Fonte: A autora (2023). Figura 28: Área de Circulação Fonte: A autora (2023).
O questionário online foi aplicado e divulgado entre os professores, e a síntese das respostas pode ser visualizada abaixo:
Questão 1. Nesta questão, todos os funcionários compartilharam que gostam do CEF 05, os motivos relatados foram os seguintes: é um ótimo ambiente de trabalho, é uma escola limpa, organizada e bem cuidada, a equipe gestora é competente e gentil há uma relação harmoniosa entre a equipe e apego emocional, pois alguns funcionários trabalham nesta escola há muito anos ou até mesmo estudaram nela.
Questão 2. Na segunda questão, foram comuns respostas relacionadas à satisfação com a aparência da escola. Os comentários positivos foram os seguintes: A escola transmite organização e seriedade; é um espaço reformado, com boa iluminação e ventilação; os jardins e a horta são agradáveis; durante o período de aulas a escola se torna mais alegre com os murais decorados por alunos e professores; não há vandalismo e sujeira e é uma escola bonita por possuir corredores largos, cores claras e arborização. As respostas negativas foram as seguintes: A fachada é desagradável por conta dos altos muros com grades, que remetem à uma prisão e as quadras poliesportivas deixam a desejar, pois são descobertas.
Questão 3: Nesta questão, foram relatados que os seguintes fatores podem dificultar o aprendizado na instituição: salas de aula desconfortáveis termicamente, pois alguns ar condicionados não funcionam corretamente; falta de espaços específicos para certas atividades, como laboratórios de ciências e informática; superlotação de alunos para a
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Figura 29: Sala de aula. Fonte: A autora (2023).
capacidade da sala de aula; quadra descoberta, sem manutenção e inacessibilidade para os estudantes PCDs; os professores perdem muito tempo com tomadas em locais inadequadas para a conexão dos equipamentos pedagógicos; as sala de recursos e do turno integral não deveriam ficar ao lado das salas de limpeza e coordenação, pois a acústica é ruim e os alunos conseguem escutar as conversas, dificultando a concentração. Os fatores relatados que facilitam a aprendizagem nesta escola foram os seguintes: acesso a materiais pedagógicos, boa estrutura e limpeza, ambientes amplos e bem iluminados, um extenso quadro branco, merenda de boa qualidade, salas ambiente que proporcionam um tempo livre de 5 minutos para os estudantes se movimentarem entre uma aula e outra e áreas abertas com arborização para aulas fora da sala de aula.
Questão 4: Todas as respostas foram relacionadas a sentimentos positivos, dentre eles: paz, alegria, satisfação, gratidão, tranquilidade e acolhimento.
Questão 5: Nesta questão, os usuários relataram que seus espaços preferidos são: as salas de aula, pátio e auditório, biblioteca, praça, sala de coordenação, pracinha e corredores. Os espaços menos preferidos foram: Área da horta, quadra poliesportiva, a biblioteca, por ser pequena e pouco silenciosa, refeitório, a sala dos professores, devido a falta de tratamento térmico e acústico e por fim, a sala de informática.
Questão 6: Os entrevistados responderam que sentem falta de cobertura no pátio e quadra poliesportiva, laboratório de ciências e informática e mais espaços adequados para atividades ao ar livre.
Questão 7: Na última pergunta, foram relatados o desejo de uma quadra poliesportiva coberta, que a escola fosse maior, com mais salas de aulas, pavimentação para acessar a horta e quadra poliesportiva, planejamento e manutenção dos jardins, os mastros das bandeiras devem ser refeitos, pois podem cair a qualquer momento e há a necessidade de melhoria do sistema de som, pois o sinal não é audível em todas os blocos da escola.
Com a análise de dados, nota-se que muitas reformas têm sido feitas nos últimos anos da instituição, mas é muito importante que se tenha a inclusão de arquitetos e paisagistas na participação de tais processos na escola, pois mesmo que os espaços sejam limpos e organizados, há a necessidade de maior aproveitamento de seu potencial para o aprendizado e conforto da comunidade acadêmica.
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CONCLUSÃO
O presente estudo possibilitou identificar a importância e a influência que o ambiente escolar possui no processo de ensino-aprendizagem de um indivíduo, assim como no seu desenvolvimento, tanto nos aspectos intelectuais quanto socioemocionais. Além da revisão bibliográfica, a análise foi aplicada em três escolas públicas, fundamentada e baseada em dois métodos: visita exploratória e entrevista.
É notável que o CEF 03, embora possua problemas semelhantes ao CEF 04 e CEF 05, dispõe de espaços internos mais acolhedores, com vegetação, cor e espaços de convivência mais convidativos. Verificou-se que as instituições possuem muitos pontos em comum, em que as potencialidades dos ambientes não foram exploradas devidamente, tornando a arquitetura monótona, desinteressante e padronizada, oferecendo aos usuários poucas oportunidades para interagir com a comunidade externa, pouca apropriação espacial e, consequentemente, influência no desenvolvimento dos alunos.
O esforço dos colaboradores é notável, pois buscam tornar os espaços mais agradáveis para os alunos com a organização, limpeza e reformas, mas é necessário o apoio de profissionais da área na participação de tais processos, pois há a necessidade de um planejamento para adequar as escolas às necessidades atuais, com áreas de relaxamento, esportes e espaços mais arborizados. Isso fica claro quando observados que os ambientes em que os usuários mais gostam de ficar são os que despertam maiores interações, provocam sensação de bem estar, despertam maior concentração e instigam a criatividade.
Vale salientar que todas as escolas públicas analisadas foram inauguradas no auge da ditadura militar e seguem projetos modulares semelhantes. Observa-se que os indivíduos, com o passar das décadas, mudaram sua forma de ser e se apresentar no mundo, enquanto isso as escolas (mais especificamente, as salas de aula) mudaram pouco comparado às mudanças dos indivíduos. Dessa forma, afirma-se que o ambiente da sala de aula pouco sofreu influência do modo de ser do indivíduo contemporâneo.O indivíduo ainda sofre as influências desse ambiente antiquado, desencadeando comportamentos que envolvem obediência, submissão, não necessidade (ou até impossibilidade) de questionar ou de criticar.
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REFERÊNCIAS
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THOMAS, C. Greene; JEFFREY, D. Fisher; ANDREW, Baum. O projeto físico dos ambientes Residenciais e Institucionais. Environmental Psychology. Psychology Press, 5ª edição, 2001.
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KOWALTOWSKI, Doris C. C. K. Arquitetura Escolar: o projeto do ambiente de ensino. São Paulo, Oficina de Textos, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413294X2013000300009&script=sci abstract&tlng=pt.
MIGLIANI, Audrey. Como estimular a autonomia das crianças através da arquitetura e o método Montessori. 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/928963/como-estimular-a-autonomia-das-criancasatraves-da -arquitetura-e-o-metodo- montessori? ad source=search&ad medium=search result all.
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APÊNDICE
Abaixo é possível visualizar as perguntas realizadas nos questionários das entrevistas:
Questão 1) Você gosta desta escola? Por quê?
Questão 2) O que você acha da aparência desta escola? Por quê?
Questão 3) Há algo no ambiente desta instituição que você acredita facilitar ou dificultar o aprendizado?
Questão 4) Qual emoção esta escola te transmite? Por quê?
Questão 5) Qual espaço desta instituição você mais gosta? E qual você menos gosta?
Questão 5) Você sente falta de algum espaço nesta escola para uma determinada atividade?
Questão 6) Há algo em relação à escola que você desejaria que mudasse?
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